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segunda-feira, 26 de março de 2012

O Braga e a praga

Acho que a vitória do Braga, hoje, é boa para o Benfica.

A minha lógica é relativamente simples: para o Benfica, ficar em segundo depende sempre de ganhar ao Braga em casa, e não ganhar ao Braga em casa implica ficar em terceiro no campeonato, independentemente de como o Braga chegasse ao jogo da Luz. Não acredito que o Braga ganhe ao Porto e ao Sporting, o que significa dois maus resultados, pelo menos, até ao fim do campeonato. Em caso de vitória frente ao Braga, o Benfica até pode perder em Alvalade, que as hipóteses de não ficar em segundo são mínimas.



Para o Benfica (e isto sempre na perspectiva do Benfica ganhar no próximo fim-de-semana, caso contrário toda esta conversa é fútil) uma vitória do Braga implica que, mesmo perdendo na Luz, o Braga chega ao jogo em casa, com o Porto, a um ponto do Porto. Isso quer dizer que, se ganhar ao Porto, o Braga não só fica à frente do Porto como, provavelmente, fica em vantagem no confronto directo, uma vez que marcou dois golos nas Antas – e isto quando o Porto ainda tem de ir à Madeira, jogar com o Marítimo, e receber o Sporting (um jogo sempre imprevisível) nas quatro jornadas que faltam.

Ou seja, com os resultados deste fim-de-semana o Braga ganhou combustível para lutar pelo título, pelo menos, até ao jogo com o Porto – e só o perderá se perder os dois jogos que se seguem. E esse jogo com o Porto passou a ter uma importância decisiva para a classificação final do Braga neste campeonato.



Resta dizer que, para o Benfica, seria quase desastroso acabar esta época em terceiro lugar. Penso que quando chegarmos ao fim da época identificaremos três factores especialmente importantes para a perda de um campeonato que, até Dezembro, estava setenta por cento ganho:

- ter começado a época um mês antes dos outros, o que, se por um lado lhe permitiu começar melhor a época e ir, por exemplo (creio eu), empatar às Antas, também lhe roubou, claramente, fôlego no inverno;

- ter avançado na Champions acima das expectativas, ao contrário dos seus dois principais rivais (que vão, por isso, chegar a Abril com menos seis ou sete jogos a sério nas pernas e na cabeça;

- não ter conseguido, em Janeiro, acrescentar um ou dois lugares de profundidade real ao seu plantel, nomeadamente com um defesa central que ermitisse não ter de jogar com o Jardel e um bom extremo, com gás suficiente para abrir, por si só, pelo menos um jogo daqueles que o Benfica empatou a zero, nomeadamente em Coimbra ou em Olhão.



Se acabar em segundo, o primeiro destes problemas fica resolvido. Se acabar em terceiro, as hipóteses de fazer uma época em crescendo, a chegar relativamente bem aos últimos jogos, ficam praticamente eliminadas logo de início.



Também resta dizer que os gajos do Braga estão todos cagados por terem chegado a primeiro. Bastou olhar para as caras deles.

Sempre quero ver como é que se vão comportar na Luz. Mas até adivinho que vaiser o Benfica-Braga mais fácil, para o Benfica, dos últimos anos. Wait and see

*

Num assunto relacionado, assisti a uma boa parte do jogo do Granada com o Sevilha. Para ver o Franco Jara, só por curiosidade.

Como é que um jogador que é apenas igual aos outros numa equipa de fundo da tabela de Espanha, que não mostra nenhuma característica distintiva, que não se destaca, pode fazer parte das soluções de um clube como o Benfica?

De que é que estamos a falar?

Que espécie de lógica é que nos leva a considerar, sequer, a hipótese de ter um jogador assim no Benfica?

Só pergunto isto porque a lógica do Jara é a mesma lógica do Emerson, do Jardel, do Capdevilla, do César Peixoto, do Bruno César e de tantos, tantos outros ao longo dos anos.

Só há uma hipótese racional de um jogador assim servir para o Benfica: estar completamente subvalorizado por uma questão conjectural, como uma lesão ou uma zanga séria com o clube em que esteja. O que é raríssimo.

Vamos colocar as coisas dentro da perspectiva certa: para se jogar no Benfica, não serve, por exemplo, um suplente do Braga, nem serve sequer um titular do Braga – serve um jogador CLARAMENTE MELHOR QUE OS OUTROS no Braga, ou em qualquer outro clube à excepção dos que joguem nas 15 ou 20 melhores equipas do mundo. E isto tendo 18, 23 28 ou 33 anos. Que tipo de mais-valia real é que pode trazer para o Benfica, de facto, um suplente do Corinthians, um suplente do Villarreal ou um tipo que não consegue sequer acabar um jogo no Granada sem se distinguir dos outros?

Isto não é ser simplista – isto é senso-comum.

Um Emerson, um Capdevilla, um Jardel, um Bruno César (Não me lixem com o Bruno César, ok? Só não é um jogador vulgar porque está no Benfica. Se vocês o vissem a jogar no campeonato brasileiro era igual a mais 100 gajos) só estão, no Benfica, a fazer duas coisas: a ocupar um lugar que não lhes pertence, impedindo que outros melhores lá estejam, e a consumir recursos.

Como um clube resiste a uma política de contratações tão displicente e tão estúpida (é a única palavra que me ocorre para a repetição dos mesmos erros nas mesmas condições, sofrendo as mesmas consequências, ano após ano), isso sim, é um verdadeiro milagre.

domingo, 11 de março de 2012

Mata surreal

O que teria uma equipa madura e completa feito hoje na Mata Real?

Teria aproveitado o momento do jogo em que o adversário lhe permitiu ganhá-lo, ou seja, os primeiros 25 minutos, em que, graças à capacidade de Saviola e Bruno César jogarem entre linhas, teve tempo e espaço para marcar não um mas vários golos. Porquê uma equipa madura? Porque só uma equipa madura consegue ver o jogo tal como ele está a decorrer, e não como ele deveria decorrer, e porque só uma equipa madura, vendo as condições em que este jogo estava a ser jogado, perceberia que, mais do que atacar em velocidade, teria sido eficiente jogar com um pouco mais de calma e resolver as coisas tecnicamente, acertando bem os passes, chegando ao remate em boas condições. Uma equipa madura, com cabecinha, teria tido não cinco ou seis oportunidades nesses 25 minutos mas uma ou duas, e numa delas teria feito o golo. É uma questão simples de cérebro ou falta dele.

Teria, no caso de isso não ter resultado, percebido que, após os primeiros 5 minutos da segunda parte, teria de gastar outros 5 minutos a recolocar o jogo nas condições que lhe permitissem a vitória. Fez exactamente o contrário. Entrou numa corrida a pé com o Paços de Ferreira, perdendo a vantagem técnica que teria SE soubesse adoptar uma estratégia que lhe permitisse colocar a contenda nesses termos.

Após o 2-1, com o jogo completamente aberto, teria procurado situações de futebol apoiado – pelo menos 3 jogadores num quadrado imaginário com 5 metros de lado, com bola no pé, de maneira a poder pressionar imediatamente a bola se a perdesse – e procurando o contacto para provocar a falta. A precisar de marcar, o mais importante para uma equipa é como tratar da bola. A precisar de defender, o mais importante é como tratar o espaço. Passa a ser um jogo territorial. Porque nem se marca golos sem bola nem se sofre golos de baliza a baliza. O Benfica continuou a jogar como se estivesse empatado, na correria.

Após a expulsão, acabou o jogo. Permitir o empate nessa situação, frente a uma equipa inevitavelmente cansada e desmoralizada, teria sido o cúmulo da estupidez. Caraças, quanto mais não fosse permitir um remate teria sido idiota. E o que é que o Benfica faz?
Faltas. Abriu ao Paços a única porta que poderia ter para marcar um golo, dando-lhe a vantagem territorial. Pobre.

Fintas em vez de passes, maus controlos de bola, más opções, jogadores que não aparecem para receber a bola quando são precisos, jogadores a ocupar os espaços de outros, incapacidade de manter uma linha de jogo coerente, sobretudo na primeira parte. Alguma coisa de novo em relação ao que se passava em Outubro? Só o resultado. Mas o resultado não é causa, é consequência. E analisar o jogo considerando o resultado é o erro que faz com que, mais tarde, o resultado também não venha.

A coisa acabou bem? Acabou perfeitamente. Há algum benfiquista que não esteja contente? Não. Podia ter acabado de maneira muito diferente? Sem dúvida. Pode sempre, claro, mesmo quando se faz tudo bem feito. Mas hoje podia MESMO. Bastava ter entrado aquela do Melgarejo, aquela do Michel, etc, etc, etc.

Se perguntarem ao Jesus, ou a qualquer benfiquista mais aliviado, como é o Benfica ganhou, hoje, um jogo que aos 60 minutos estava perdido, todos terão uma resposta para dar. Mas é mentira. Ninguém sabe. Hoje, houve pequeno milagre, não só pela forma como aconteceu como pelo momento em que aconteceu.


Notas finais:

- vendo Capdevilla a jogar, é pura fantasia ter Emerson a titular do Benfica. O que Capdevilla poderá, eventualmente, não ter em resistência física, compensa largamente na abordagem ao jogo. Não há aflição quando tem a bola nos pés, não compromete a equipa com opções idiotas, sabe o que fazer, sabe quando o pode fazer, e não parece ter a ilusão de Emerson em ser Roberto Carlos, algo que teria evitado muitos dissabores ao Benfica ao longo da época. Jesus vai voltar a pôr Emerson na próxima jornada. E voltará a fazer mal. Capdevilla, um defesa-esquerdo mediano, é, ainda assim, o melhor defesa-esquerdo do Benfica.

- Jardel, com bola, é um risco permanente. Como Emerson. O melhor defesa que já conheci foi o Zidane. Porquê? Porque dali ela só saía com bom destino.

- não comecem já a ter orgasmos como Melgarejo. Melgarejo tem jogado com frequência, está com a pedalada toda, tem uma equipa a jogar para ele, em contra-ataque, com espaço, e não tem absolutamente pressão nenhuma em cima. Este não é o Melgarejo do Benfica. O Melgarejo do Benfica teria uma oportunidade de três em três semanas para jogar, durante 20 ou 30 minutos. Não teria ritmo de jogo, pelo que tudo o que dependesse da sua velocidade (que é a base do seu jogo) ficaria muito afectado, e teria de ser pelos fundamentos que ele ganharia um lugar na equipa. Jogaria sempre com pouco espaço. E teria uma tonelada de pressão em cima, porque no Benfica ninguém lhe iria pagar para atirar bolas ao poste mas para marcar golos e ganhar jogos.

- o Nélson Oliveira continua a pensar que a forma de marcar golos é atirar-se para o chão. Ridículo. Multinha por cada mergulho, que aprende logo, porque ou ninguém lhe explica ou, se alguém explica, ele não entende.

- ver o Cardozo a pedir centros para a área, a jogar contra nove, a dois minutos do fim e a ganhar por 2-1, define a inteligência e a concentração de um jogador no objectivo colectivo. Qual é a palavra, mesmo? Ah, sim. Ridículo.


Última palavra: será… a estrelinha?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Capeldevilladas


Um contra-ataque rápido, em meia-dúzia de passes, daqueles para chegar à baliza e decidir, porque hoje está muito complicado em termos de tempo:

1 – A verdadeira Cadeira de Sonho é a do seleccionador do Brasil. Quando o Bruno César e o Kléber têm lugar na selecção do Brasil, mesmo na B, é porque o critério não pode ser a qualidade. Talvez seja nos cinco ou seis melhores que jogam sempre, mas nos outros a coisa deve ser na base da comissão. E o Benfica e o Porto, pela quantidade de zebras que têm sacado, devem conhecer bem o sistema. E na selecção argentina a mesma coisa. Anda ali esquema do grosso. O que não tem graça nenhuma é o Luisão andar outra vez nestas andanças.

2 – A história dos 10 mil bilhetes é o Sporting a fazer peito. É bem jogado. E não sei se também não era bem jogado o Benfica dar-lhes os 10 mil bilhetes – com garantias de reciprocidade, evidentemente (10 mil por 10 mil. É que 10 mil em 63 mil é uma coisa, em 43 mil é outra...) Politicamente, é um momento importante de aproximação. Vou falar disto melhor amanhã ou depois. Não devemos menosprezar a importância deste momento específico na realidade do futebol português da era-Pinto da Costa.

3 – Luís Duque tem o projecto de, através do futebol, se tornar presidente e, depois, presidente vitalício do Sporting, à Pinto da Costa. A forma tranquila como dividiu as águas em relação às eleições da FPF e como colocou a «estrutura do futebol», num instante, do lado do candidato que não é o que a «nomenclatura» apoia, comprova isso. Mas também comprova que, sem resultados desportivos, o Sporting continua a ser o ninho de cobras que sempre foi. Os slides de felicidade que se passam para o exterior são uma verdadeira campanha de marketing. A forma como Godinho é mostrado, nos meios de comunicação social, como um elemento estranho ao organismo do futebol, é reveladora. Apontem aí: ainda antes do fim desta época vamos assistir a uma clivagem interna entre futebol e Direcção no Sporting. O Duque quer ser rei. O Godinho é carne para canhão.

4 – Nas últimas seis semanas o Record já vendeu o Capdevilla pelo menos seis vezes. Chama-se a isto, literalmente, fazer render o peixe. Claro que o Capdevilla vai sair do Benfica em Janeiro. Neste momento, ninguém quer que ele fique: o jogador quer jogar, o Benfica quer poupar o salário (e não deve ser pouco) e o Jesus nem vale a pena falar – aliás, acho que o Jesus nem quer o Capdevilla nem quer o Emerson, mas em Janeiro falamos melhor.

5 – Antes de chegarmos aos 150 mil visitantes diários, e de depois virem dizer «Ó palhacinho, sabes muito, sabes muito, mas com o Capel nem a viste passar», eu admito: enganei-me com o Capel. Em meu favor, o Capel (e o Sporting) teve a sorte do seu lado: praticamente ao mesmo tempo o Jéffren lesionou-se e o Djaló foi vendido. O Capel, que o Domingos ia deixar no banco à espera da «adaptação», acabou por entrar porque não havia mais ninguém. Teve dois ou três jogos seguidos e engatou. As carreiras fazem-se e desfazem-se, também, assim.

Golo.