26 de setembro de 2019

“O MILAGRE DAS APARIÇÕES"

As cenas de teatro oferecidas pelos governantes já não me deveriam surpreender, mas não é o caso, continuam a ultrapassar todos os limites:

- Ver um insuspeito Capitão de Abril considerar o roubo das armas como um possível de erro de inventário !?

- Assistir ao regozijo da Policia Judiciária Militar bem como do Chefe do Estado Maior do Exercito perante o “milagre da aparição” das mesmas!? Seguido das demissões do Chefe do Estado Maior do Exercito, do Ministro da Defesa logo seguido da prisão do Diretor da Policia Judiciária Militar !?

- Ver a Procuradora Geral da República confiar à Policia Judiciária a responsabilidade da condução deste processo, afastando do mesmo a Policia Judiciária Militar mais suspeita de encobrir do que descobrir !?

- Constatar que pela atuação da Policia Judiciária Militar  dificilmente se viria saber a verdade !?

- A constituição de mais de duas dezenas de arguidos incluindo o Ministro da Defesa !?

- A indignação do 1º. Ministro, com a medida aplicada ao seu ex-Ministro da Defesa, acusado de vários crimes, mais graves do que as falsas declarações de que «nada sabia» e de não ter informado de nada o 1º. Ministro, o que este nunca esclareceu !?

- As suspeições politicas nunca esclarecidas, justificadas com inflamadas declarações de confiança do 1º. Ministro no seu Ministro da Defesa e do empenho deste em ilibar o seu 1º. Ministro !?

- As declarações de repúdio do 1º. Ministro e o aproveitamento da situação para considerar inqualificável lançar suspeições desta natureza sobre o 1º. Ministro e sobre o Presidente da República !?

- A colagem do 1º. Ministro - que nada explica - ao Presidente da República - que tudo explicou com clareza - !?

-  Finalmente, a arrogância do Partido Socialista ao anunciar a agenda politica da campanha eleitoral, fixando o que os candidatos podem e não podem dizer  !?

 António Costa pode ter «aparições politicas», disfarçado, com asas de anjo, eu direi sempre: Tu és o Costa.

19 de setembro de 2019

VIVEMOS A FINGIR DE MORTOS

Os debates têm sido cordeais e contribuído para um melhor conhecimento dos candidatos e das suas propostas.


Catarina Martins e Assunção Cristas: Boa preparação e a necessária agressividade. Gerónimo de Sousa: Equilíbrio nas propostas e tomadas de posição, atraente, simpático e tolerante. António Costa sempre otimista, demagogo, bom manipulador de números e de estatísticas. O responsável pelo PAN não me despertou interesse.

Senti a falta de Rui Tavares, fundador do Livre, um jovem bem preparado, acrescentaria valor ao painel.

No debate com Assunção Cristas (só assisti a uma parte) António Costa criticou a sua proposta que defende: Alunos com médias de 18,6 deviam ser admitidos nas nossas universidades, pagando os seus cursos, tal como os estrangeiros.

Resposta: - O nosso ensino, tendencialmente gratuito, não é para ricos com maus resultados mas para os bons alunos.

Com falsos argumentos obriga alunos brilhantes (18,6) a emigrar e a pagarem os cursos no estrangeiro em favor de estrangeiros com médias inferiores.
Pura demagogia.

«António Costa sacrifica tudo para se manter no poder», foi como Assunção Cristas encerrou o debate.

Com Rui Rio, perante a discordância de Rio relativamente aos aumentos concedidos aos juízes, responde:

- O Sr. Não gosta dos juízes.

De novo, a arbitrariedade, a demagogia, a displicência seguida da banalização das propostas de Rio relativas a mudanças a operar no Ministério Público e na Justiça.

António Costa não precisa dizer como gosta dos juízes, basta olhar para a sua generosidade nos aumentos que lhes concedeu. Também é amigo dos bancos, dos patrões, das petrolíferas…. uma grande lista onde só figuram os mais fortes para os quais também é generoso, sempre em prejuízo dos mais fracos.

A ligeireza das suas respostas é a mesma com que sacode as responsabilidades dos sucessivos escândalos que abalam grande número dos seus Ministérios.

Quanto ao Ministério da Administração Interna escrevi o mês passado. Estão a aparecer novos desenvolvimentos com maior gravidade do que então era conhecidos.

No Ministério da Defesa continua na sombra o mistério das armas roubadas e descobertas. Originou demissões, o próprio Ministro demitiu-se e foi constituido arguido.

No caso do Ministério da Justiça, não se conhece à Srª. Ministra uma só medida digna de registo. O que fica são discursos despropositados e do seu empenho na substituição da Procuradora Geral República.

De notar que Joana Marques Vidal restaurou a confiança numa Instituição desacreditada, o seu mérito mereceu o consenso de todas as forças politicas incluindo do Sr. Presidente da República, com exceção do Partido Socialista.

O país, ainda tem presente os períodos negros dos seus antecessores e ficou perplexo com a sua destituição, ainda mais, com o apoio do Sr. Presidente da República.

O argumento usado foi o de não concordarem com segundos mandatos.

Aguardemos pela decisão do Sr. Presidente quanto á sua candidatura a um segundo mandato.

Não se trata de gostar ou não gostar dos titulares de cargos públicos, não escondo o respeito que me merece o Prof. Marcelo de Sousa.

O que está em causa é o Interesse Nacional, é a defesa do Estado de Direito, um pilar da Democracia abalado por decisões tomadas por um juiz que alegadamente vendeu sentenças e que lamentavelmente continua a exercer as suas funções antes de ser julgado.

Como é possível?!
 
Acrescem as contradições também incompreensíveis de altos responsáveis do poder judicial.

O Supremo Tribunal de Justiça determina que o juiz Rangel continua suspenso das suas funções. O presidente do Tribunal da Relação de Lisboa readmite-o nas mesmas funções, em cumprimento de ofício do Conselho Superior da Magistratura.

Como é que cidadãos e empresas se podem sentir seguros?!

Todos nós, julgo mesmo que os juízes cujas sentenças continuam a merecer a aceitação geral, temos o dever de reclamar da Assembleia da República e do Governo medidas que reponham a confiança e a legitimidade conferidas pela Constituição. Está em causa um pilar do Estado de Direito Democrático.

É também o momento de termos a coragem de mudar, de nos libertarmos dos políticos experientes na arte de retirar do centro do debate politico o Interesse Nacional; dos indecisos, que nunca assumem responsabilidades; dos amigos do seu amigo e do politicamente correto, com modelos de governação esgotados que não criam valor e sem futuro; dos envoltos numa promiscuidade indesejável com o futebol, dos que alimentam esperanças com promessas disparatadas como: A irradicação da pobreza sem dizerem como, habitação para todos a baixo custo………  à partida sabem que não vão cumprir, mas geram expectativas.

Precisamos de políticos que não tenham medo de dizer o que pensam, descomprometidos, genuínos, sérios, que inspirem confiança na implementação de novos modelos sustentáveis de governação que crie riqueza e tenham a coragem de nos libertar de interesses mesquinhos, imorais e que esmagam as famílias.

É o tempo de assumirmos o desígnio nacional de humanizar a politica, poupar as famílias da angustia, da humilhação e da mentira contida em anúncios+anúncios,  promessas+promessas  nunca cumpridas ou chegam apenas aqueles mais próximos dos centros decisores.

As famílias têm de dispor dos meios materiais que lhes assegure o pagamento das despesas normais da sua casa, os cuidados de saúde, o aluguer ou a prestação da compra da casa; beneficiar de condições normais de acesso ao crédito bancário; proporcionar aos filhos condições para o desenvolvimento de todas as suas capacidades.

É preciso derrubar todos os muros que perpetuam reformas e ordenados mínimos humilhantes, comprovadamente insuficientes para famílias viverem com um mínimo de dignidade, sujeitando-as a um endividamento junto de agiotas com juros escandalosos de que nunca se conseguem libertar (os bancos recusam-lhes qualquer empréstimos), condenadas a vidas inteiras de sofrimento, com a mão estendida à caridade de uma ajuda, de um subsídio, da prometida casa que nunca chega.

Impõe-se extinguir as diferenças abismais entre os vencimentos milionários, a que somam ainda prémios também milionários, comparativamente com o que recebem os seus trabalhadores.
Reduzir reformas milionárias e mordomias, principalmente daqueles que lesaram o próximo, bancos e Estado.

É também insustentável o aumento crescente do peso do Estado, transformado num albergue mediante o recrutamento descontrolado de clientelas: assessores, secretários, secretárias, familiares, amigos, amigas …. Um Estado incapaz de conter desperdícios, incapaz de reduzir para metade o número de deputados, medida há muito esperada e nunca concretiza por depender dos próprios; incapaz de conter mordomias desproporcionadas, a todos os níveis, que esgotam recursos e muito contribuem para perpetuar a pobreza, por muito que digam o contrário.

É um universo obsceno que não é compatível com a passividade, a submissão, o conformismo e principalmente com uma aceitação que nos devia cobrir de vergonha.

Coloquemos as energias essenciais do espirito e do coração no combate a toda esta imoralidade onde residem os meios materiais necessários para que todos, sem exceção, possamos vivermos com dignidade, amor humano e espirito de fraternidade.

«Todo o homem que possui mais do que é necessário para a sua vida, para a vida dos seus e para o desenvolvimento normal da sua inteligência é um ladrão. O que ele tem de sobra outros têm a menos».
Romain Rolland, considerado «A consciência moral da Europa»

Eu voto Rui Rio




14 de setembro de 2019

O Fogueteiro e o Apanhador das Canas.



Devo confessar que não passo de um espectador do teatro eleitoral que as televisões, jornais e rádios nos oferecem a toda a hora.
Assisti, casualmente, ao debate dos lideres do PS e do PCP. Não esperava por debate tão anémico.
A firmeza como o primeiro fixou de frente o seu adversário, ao longo de todo o debate, refletia - a acreditar nas sondagens recentes - uma forte expectativa numa maioria absoluta.
Já o seu opositor evitou a todo o custo o mesmo olhar. Vergado com o peso de sondagens desfavoráveis e as incertezas quanto aos resultados eleitorais, mal disfarçava um ar de vencido em contraste com a campanha vitoriosa do politico experiente que o enfrentava.
No espirito de ambos, embora não verbalizado, esteve presente como tudo começou, vai para 4 anos, o que suavizou o debate.
O vencedor antecipado que hoje lança o fogo de artificio foi o grande derrotado em eleições passadas.
Mão providencial lançou-lhe uma tábua se salvação em forma de desafio:
- «António Costa só não é 1º. Ministro se não quiser».
Claro que quis, agarrou a oferta com ambas as mãos.
O salvador apanha agora as canas.

17 de agosto de 2019

«O BOM POLITICO» E A GREVE DOS MOTORISTAS DE MATÉRIAS PERIGOSAS



O «Bom Politico» é identificado com o politico experiente, hábil, cria cenários à volta do que reputa o Interesse Nacional, desvia as atenções do cento dos problemas e desvirtua o que verdadeiramente está em causa.

É o caso das negociatas de bijuterias que o Ministro da Administração Interna classificou de equipamentos de prevenção e que não passam de propaganda eleitoral do partido socialista.

Com tudo a denunciar o estado lastimável dos serviços públicos, a começar pelo SNS, Lojas do Cidadão, isto com maior carga fiscal de que há memória; numa politica de «chapa ganha, chapa gasta», de esbanjamento de recursos, sem investimento, sem reformas, sem futuro, incapaz de resistir à primeira crise.

A forma de disfarçar a realidade surge no debate:

«O ESTADO DA NAÇÃO»

Com o 1º. Ministro a exaltar o «Estado Vitorioso da Nação»:

Baixou os impostos, registou um crescimento acima da média, melhorou o emprego, garantiu arrendamentos, em Lisboa, de habitação condigna a baixo preço, recuperou a dignidade perdida do Pais…… Verdadeiramente empolgado, confessou nunca ter imaginado ser possível fazer tanto…. e eu fiquei sem saber de que Pais estava a falar.

Pouco tempo decorrido tornei a ouvir o 1º. Ministro na

CONVENÇÃO NACIONAL DO PS

Foi delirante ao anunciar que «libertou o pais do garrote da divida» - segundo a Pordata, de 2016 a 2018 a divida externa líquida aumentou de 175.228 para 179.457 euro – milhões.

Uma propaganda de promessas e de anúncios + anúncios, como: A construção, em Lisboa, de habitação para todos a preços reduzidos; cinco novos hospitais (já prometidos para esta legislatura e tornados a anunciar para a próxima); a feira montada para a baixa de impostos, depois de anunciada pela oposição; o SNS - agora eleito com todo o carinho a Joia da Coroa…!?

Acontece que o politico que procure mudar este paradigma e dizer a verdade, «não é um bom politico», tem no próprio partido quem lhe ponha o rotulo de «fraco» - O tal «Bom Politico» à espreita do lugar.

Em toda esta «geringonça» surge a

GREVE DOS MOTORISTAS DE MATÉRIAS PERIGOSAS

 Oportunidade única para o «Bom Politico» mostrar o que vale.

Trata-se aproveitar a situação para lançar uma cortina de fumo sobre «embaraços eleitorais», criar cenários à volta do Interesse Nacional, desviar as atenções do cento do problema e desvirtuar por completo o que verdadeiramente está em causa, bem simples de saber:

Os motoristas de matérias perigosas há vinte anos reclamam a atualização do ordenado base (630€) e o pagamento das horas extraordinárias.

Como nunca conseguiram ser ouvidos pelos patrões viram-se obrigados a fazer greve, fora do sindicato tradicional que nunca os defendeu. Continuam a não ser ouvidos porque o patrão não negoceia com os trabalhadores em greve.

O governo chamado a mediar os diferendos, habituado a estar sempre do lado do mais forte, seja patrão, banco, telecomunicações, petrolífera etc., colocou desde logo os seus Ministros do lado dos patrões. 

Tratou-se de um evidente mau começo e tudo descambou.

Como estão em jogo eleições, impõe-se dar provas de vigor no exercício do poder, para o efeito o governo mobiliza:

PSP, GNR, Exercito, Marinha, Força Aérea com helicópteros a sobrevoar as operações terrestres e Decreta a Requisição Civil.  Simulacro de estado de guerra contra os grevistas.

Reação patriótica dos patrões:

«Esta greve é contra os portugueses. É importante que todo o povo português compreenda que esta greve é contra os portugueses».

Os patrões que durante vinte anos não negociaram a subida de um miserável ordenado mínimo em tempo de paz sindical, obtiveram do poder instituído a montagem de um «teatro» de guerra para «vergar» os trabalhadores e obriga-los a renunciar à greve, como condição para, então, negociar.
Todo este «circo» é desanimador e desmotivador. A abstenção vai ganhar as eleições uma vez mais.

2 de agosto de 2019

MÁRIO CENTENO PARA O FMI

Todos apoiamos a sua nomeação quer pela comprovada competência quer pelo prestigio resultante para Portugal.


A confirmar-se será Chefe de Victor Gaspar, o tal que aplicou o «aumento brutal dos impostos» e que lhe valeu toda a série de insultos. Sucedeu-lhe no cargo Centeno a quem o «aumento brutal» muito o ajudou no fogacho das «contas certas».

É bom não esquecer que a incapacidade do Governo de José Sócrates de travar o défice das contas públicas obrigaram a pedir Ajuda Financeira Externa o que motivou o referido «aumento brutal de impostos».

A situação humilhante, de reconhecida emergência Nacional, deixada pelo governo do partido socialista, colocou o país na dependência de decisões externas de grande contenção de despesas, impopulares, impostas pela Troika.

Haverá quem diga serem «águas passadas». É certo, a verdade é que os atuais governantes fingem nunca ter existido um governo socialista que esbanjou recursos no favorecimento de grupos económicos ruinosos; aumentou vencimentos para ganhar eleições, tomou decisões despesistas irresponsáveis, como fabrico de milhares de computadores «Magalhães» que acabaram no lixo sem qualquer utilidade para os alunos.
Ao pegar numa mochila que uma neta (14 anos) carregava as costas disse-lhe: - Estão a fazer de ti uma burra de carga e a aleijar-te para o resto da vida.

Respondeu-me: - Pois é…. os professores deviam usar «tablets».

O que pensão os sábios do ensino?

Estão prisioneiros das editoras e dos manuais?

Não deveria tudo começar pela formação tecnológica dos professores? Ou vão ser os alunos a ensinar os professores!?

Onde vai parar o centro de decisão de ensino que deveria centrar-se no aluno?!
Vencidas as exigências fundamentais do Pedido de Assistência Financeira, o Pais recuperou credibilidade, os juros baixaram, o governo terminou o seu mandato, libertou-se da troika e ganhou as eleições que se seguiram.

O PS naufragou nas mesmas. Perdeu no campo mas ganhou na secretaria, onde se fazem todos os arranjos.

São factos!

Primeiras medidas: Aumentar impostos dos combustíveis, baixar IVA aos restaurantes.

A primeira, contra tudo o que seria de esperar, não registou as reações insultuosas que varreram o anterior governo.  
A segunda, puramente eleitoralista, só favoreceu os proprietários - não refletiram a baixa nos preços dos serviços - e resultou em prejuízos para as receitas do fisco.
 O IVA de 23% mantem-se, mesmo para os que sobrevivem com reformas e ordenados de miséria.  

Resumindo: A vitoriosa geringonça começou por beneficiar do contributo deixado pelo governo anterior – é o próprio Presidente da Republica a referi-lo por diversas vezes - seguindo-se uma explosão de turismo e a correspondente entrada de divisas; a evolução favorável da economia europeia, o crescimento económico e, principalmente a maior carga fiscal da história do Pais.

Não é assim honesto diabolizar o governo anterior pelas medidas que foi obrigado a tomar e, ao mesmo tempo, embandeirar em arco o «ESTADO VITORIOSO DA NAÇÃO».

É tema que fica para a próxima.

Para já, os votos de ver um nosso conterrâneo no palco do FMI.
Se assim for, não lhe ficaria mal agradecer ao seu futuro colaborador, Victor Gaspar, a ajudinha do «aumento brutal de impostos» para as «contas certas».

18 de julho de 2019

Queridos Pais


Maria de Lurdes Puga Assis Cordeiro - 16.03.1914-17.07.2019
Belarmino Augusto Cordeiro - 24.10.1904 - 24.11.1995
A minha Mãe partiu para o Reino de Deus ao encontro do meu Pai. 
«Rogai por nós Santa Mãe de Deus para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo»

13 de julho de 2019

A SEIVA TRUPE ESTÁ DE VOLTA

Newsletter | Julho

Se alguém imaginou que a Seiva deixara de correr nas artérias do Porto, enganou-se!
Após um período conturbado pela inexistência de financiamento da DGArtes e após a ‘salvação’ que a Ministra da Cultura Graça Fonseca permitiu através de um apoio do Fundo de Fomento Cultural, a Seiva Trupe-Teatro Vivo lança-se de mangas arregaçadas para iniciar a temporada 19/20 em pleno. E começa, no próprio dia em que faz 46 anos O FUNERAL DE NERUDA (25 de Setembro), com o mesmo título na ante-estreia do texto de Luis Sepúlveda e Renzo Sicco, com encenação deste último.
Trata-se de uma coprodução com a companhia italiana Assemblea Teatro e os ensaios já tiveram lugar na sua primeira fase. E de Itália chegam os primeiros ecos.
Júlio Cardoso – que convidou Castro Guedes para dar continuidade ao projecto, assumindo, desde Abril, a Direcção Artística – regressa a palco interpretando a figura histórica e mítica do grande poeta chileno. Acompanham-no Clara Nogueira, Filomena Gigante, Joana Teixeira, Rui Spranger; e o barítono italiano Maurizio Leone.


E aí está de novo a Seiva: agora e sempre!



4 de julho de 2019

J`ACCUSE!... - Emílio Zola

Recordo a atitude de Zola, em contraste com a passividade dos nossos  pensadores e da própria sociedade civil, em presença do amontoado de mentiras que incendeiam e asfixiam a nossa existência.  
J´ACCUSE!...
É bem conhecida a carta que Emílio Zola escreveu ao Presidente da Republica de França, publicada no Aurore a 13 de Janeiro de 1898 e que este jornal titulou: (J´ACUSE!...)

Zola acusa cinco generais, as repartições de guerra e o 1º. Conselho de guerra de apoiarem e serem cúmplices de monstruosas maquinações, urdidas por militares que culminaram na condenação a prisão perpétua de um inocente, o capitão Dreyfus.

Só um espírito livre, dependendo unicamente da sua consciência, prestaria semelhante serviço à verdade, à justiça e à Pátria. 
Zola sabia que do ataque desferido às mais altas patentes militares, repartições de guerra e conselho de guerra resultaria uma acusação, julgamento e condenação.

Assim foi. Limitou-se a pedir: -«Que o processo se realize à luz do dia».

Desde logo foi desencadeada uma campanha de ódio contra Zola. Era urgente acusar, julgar, condenar e prender Zola. No mês seguinte à publicação da carta já decorria o seu julgamento. Tinha de ser rápido e impedir Zola de se defender no que o próprio governo de França colaborou.

As arbitrariedades de todo este processo revelaram, desde logo, a supremacia das forças armadas em questões de ordem politica o que conduziu à criação da Liga dos Direitos do Homem, mais tarde integrada na Federação Internacional de Direitos Humanos.

Zola foi condenado no 1º. Julgamento. No exílio, em Londres, viu confirmada e agravada a sua condenação num 2º. Julgamento.

Entretanto, foi descoberto o falsificador que levou à condenação de Dreyfus. Confessou o crime.

Contra tudo o que seria de esperar,  «O 2º. Julgamento de Dreyfus foi ainda mais monstruoso que o 1º……….. os militares que novamente o condenaram não poderiam ter nenhuma desculpa».

Entre 1906 e 1909, por ação de um novo Governo e de um novo Presidente da Republica, Dreyfus foi, finalmente, reabilitado e reintegrado no exército.
  
Zola faleceu em 1902, não chegou a saborear o resultado final da sua luta.

Em 1908 a Camara decidiu: «Em merecido preito aos méritos do escritor, mas também como reparação póstuma ao que fora condenado como difamador, quando na realidade se batia pela justiça, foi resolvido transladar as cinzas de Zola para o Panteão».

Zola não conhecia Dreyfus, posto ao corrente da sua inocência isso lhe bastou para enfrentar tudo e todos, com sacrifício e grande sofrimento, em defesa da solidariedade, da verdade, da justiça e da própria França.

Numa carta escrita à esposa de Dreyfus Zola refere: «O inocente condenado duas vezes, fez mais pela fraternidade dos povos, pela ideia de solidariedade de justiça, que cem anos de discussões filosóficas, de teorias humanitárias» e acrescenta: «Somos nós, os poetas que pregamos os culpados ao eterno pelourinho».

Decorreu mais de um século. Bem gostaria ver assim confirmado o ideal de Zola e que o seu grito de revolta atingisse as gerações seguintes de escritores e cada um de nós.

Entretanto, os gritos de revolta que me chegam é dos pais que perderam os filhos, na flor da vida, em praxes académicas e em exercícios militares, com julgamentos que nada esclareceram, ficando sempre tudo na mesma.

É das mulheres vitimas de criminosos "absolvidos" em tribunal com penas suspensas.

É das famílias que perderam os seus empregos, as suas casas e foram jogadas para a miséria, vitimas daqueles, bem pagos para administrar e governar, o que melhor fizeram  foi saquear as empresas, destruir famílias e afundar o pais.

E não se vislumbra o fim do calvário de uma população injustiçada.

O exemplo de Zola que desce à praça pública em defesa de um inocente, da Verdade, da Justiça e da Dignidade das Instituições é atual, não pode ser esquecido, constitui uma referência.

Decorreu mais de um século, muito embora as situações do presente  não configurem o caso Dreyfus, representam uma falta de referências e de valores a todos os níveis, uma ausência do sentido do humano, de solidariedade, de fraternidade e de uma passividade inqualificáveis.

É responsabilidade de todos nós denunciar os caluniadores, obriga-los a responderem pela falcidade dos seus atos. Responsabilidade maior ainda dos intelectuais e criadores em seguirem o exemplo de Zola, sair da zona de conforto e, sem temor, gritar bem alto a verdade e responsabilizar a justiça. 
Só assim contribuiremos para um Mundo Melhor.


27 de maio de 2019

O FIO DA NAVALHA


«É difícil percorrer o fio de uma navalha, tão penoso, dizem os sábios, como o caminho da Salvação» KATA UPANISHAD

Este pensamento inspirou Semerset Maugham para o titulo do seu livro «O fio da Navalha», obra também inspiradora.
As personagens principais são norte-americanas, famílias abastadas, com elevados níveis de vida, dedicam-se a multiplicar a riqueza com ostentação, cultivando o TER.
Ao contrário, o protagonista desvaloriza a riqueza, procura o conhecimento e privilegia o SER. 
Com parcos recursos dispôs-se a vadiar. Deixa para trás os amigos ricos, a namorada e parte para Paris, Grécia e finalmente para a India em busca da contemplação, da experiência mística da verdade espiritual ao encontro de Deus.
Um ser humano autêntico empenhado em dar um significado á sua vida e na construção do seu destino.
Mesmo nos casos em que o autor conviveu com os seus personagens não fugimos á tentação de saltar dos livros para a vida real.
Tive o privilégio de conviver de perto com um homem do campo, agricultor, que mal sabia ler e escrever. Cresceu com a própria natureza e assim ajudou a crescer um manancial de filhos.
Encontrava-o, por vezes, com uma navalha aberta no bolso de cima do casaco ou da camisa. Causava-me impressão a proximidade da ponta da navalha com o pescoço, mesmo na direção da carótida e manifestava-lhe toda a minha apreensão em face de uma queda… 
O risco que corria não o perturbava, não lhe roubava a serenidade nem a boa disposição.
Foi na terra onde nasceu e morreu que cultivou o SER. 
Não precisou de graus académicos para transmitir a riqueza da sua autenticidade, da sua sinceridade e da sua verdade. Encheu o seu lar com o seu coração, com amor. Numa dimensão divina, converteu a sua casa num templo. 
Aprendi com ele o que mais agrada a Deus.

E também a lançar um foguete numa das Festa da aldeia, coisa que nunca nos dias da minha vida julguei possível, quer pelos perigos que sempre me incutiram, quer pelo terror do mesmo me poder explodir nas mãos.
Ninguém como ele me inspiraria confiança para levar a cabo tal proeza.


11 de maio de 2019

BRUXAS E FEITICEIROS


Fico perplexo ao ver uma classe de profissionais com formação superior, prestigiada e dedicada aos seus alunos, capturada pelas artes mágicas dos seus sindicalistas.

O ensino deixou de estar centrado no aluno para ser contaminado por contínuos protestos: a recusa das avaliações, as carreiras, a falta de professores e de formação, a guerra dos 9 anos, as aberrações do governo do Partido Socialista como o fabrico de centenas de milhar de computadores «Magalhães» que os professores nem queriam ver nas escolas pois não lhes foi dada a competente a formação para ensinar.  Resultado, sem uso acabaram no lixo. 

Nunca imaginei ver os professores arrastados ao longo dos anos, pelos sortilégios de colegas sindicalistas, formados nos colégios “sacerdotais” dos partidos onde estão matriculados.

O Partido Comunista nunca ganhou nas urnas a confiança dos eleitores para governar. Como não é um Partido democrático procura na rua a força que não obtém no voto. 
Para o conseguir instrumentalizou a CGTP-IN com a qual, logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, conseguiu paralisar o país com greves gerais. 
Perdeu poder com a UGT e credibilidade com a subordinação ao PCP. 
Ultimamente limita-se a agitar o Sector Público, com um certo histerismo na medida em que assiste ao despontar de novos Sindicatos Independentes, tanto no público como no privado, com novas formas de luta. 
Estes movimentos não encontram soluções na acção dos sindicatos tradicionais que começam por ezacerbar os ânimos e a acabam por desacreditar as reivindicações e os associados. 
É o caso da guerra dos 9 anos, 4 meses e 2 dias!