Estação Ferroviária da Trofa (antiga)
Trofa
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edifício da antiga estação de Trofa, em 2020 | |||
Identificação: | (Trofa)[1] | ||
Linha(s): |
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Altitude: | 40 m (a.n.m) | ||
Coordenadas: | 41°20′22.25″N × 8°33′15.11″W (=+41.33951;−8.5542) | ||
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Município: | Trofa | ||
Inauguração: | 1875 (há 148 anos) | ||
Encerramento: | 14 de agosto de 2010 (há 14 anos) |
A Estação Ferroviária de Trofa é uma antiga interface da Linha do Minho, que servia a localidade de Trofa, no distrito do Porto, em Portugal. Também serviu como ponto de entroncamento com a Linha de Guimarães. Foi encerrada em 2010, tendo sido substituída por uma nova gare ferroviária.[2]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Vias e plataformas
[editar | editar código-fonte]O edifício de passageiros situa-se do lado nascente da via (lado direito do sentido ascendente, a Valença).[3] Segundo dados oficiais de 2010, a estação da Trofa apresentava três vias de circulação, com 286, 274 e 95 m de comprimento; as duas plataformas tinham 140 e 100 m de extensão, e 25 cm de altura.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Inauguração e união à Linha de Guimarães
[editar | editar código-fonte]Esta estação inseria-se no lanço, em via ibérica, do que viria a ser parte da Linha do Minho e o Ramal de Braga, entre Porto e Braga, que foi inaugurado em 21 de Maio de 1875,[5] tendo sido uma das estações que entraram a uso logo à data de criação da linha.[6] Em 31 de Dezembro de 1883, entrou ao serviço o primeiro tramo da Linha de Guimarães, da Trofa a Vizela, em bitola métrica.[7][5][8]
Originalmente, a Linha de Guimarães partilhava o leito do canal ferroviário com a Linha do Minho, no sistema de via algaliada, no lanço entre a Trofa e Lousado, com cerca de dois quilómetros de extensão.[8][9] No entanto, esta solução, que visava evitar a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Ave para a via estreita, criou graves problemas em ambas as linhas, ao criar um ponto de estrangulamento de tráfego.[10]
Ligação à Linha da Póvoa
[editar | editar código-fonte]Desde os princípios do século XX, que se procurou ligar a Linha de Guimarães com a da Póvoa de Varzim, criando assim uma extensa rede em via estreita que facilitaria as comunicações entre a cidade do Porto com a província do Minho.[11] Um despacho ministerial de 22 de Junho de 1909 autorizou a fusão da Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão com a Companhia do Caminho de Ferro de Guimarães, com a construção de um ramal entre Lousado e Mindelo, de forma a ligar as duas linhas, e o encerramento do lanço entre Lousado e a Trofa.[11] Porém, este processo foi interrompido pela Primeira Guerra Mundial, que tornou impossível reunir os recursos financeiros necessários.[11] Na década de 1920, a Companhia da Póvoa retomou as suas tentativas, mas mudou os planos para o ramal que ligaria as duas linhas, que desta vez deveria começar na Trofa, continuando desta forma a Linha de Guimarães, e terminar na Senhora da Hora.[12] Este traçado permitia conservar a passagem pela Trofa, aproveitando desta forma as instalações já existentes, possibilitava um acesso mais directo ao Porto de Leixões, e fazia a linha atravessar regiões mais povoadas.[12] Em 5 de Julho de 1926, a Companhia da Póvoa, em combinação com a Companhia de Guimarães, pediu que lhes fosse autorizada a construção e exploração do troço a partir da Trofa,[8] requerimento que foi aceite pelo Decreto 12:568, de 26 de Outubro de 1926, com várias condições, incluindo a mudança para via própria do lanço da linha de Guimarães entre Lousado e Trofa.[13]
Em Fevereiro de 1932, já tinham sido concluídas as obras no troço da Senhora da Hora à Trofa,[14] que entrou ao serviço em 14 de Março desse ano.[15][5] Para a inauguração deste troço, foi organizado um comboio especial de Porto - Boavista a Guimarães, que foi recebido pela multidão quando chegou à Trofa.[16] Para a inauguração, a estação foi decorada com colchas de damasco.[16]
Em 2 de Maio de 1937, os antigos combatentes dos Sapadores de Caminhos de Ferro organizaram um comboio especial da Trofa a Guimarães, para o banquete de confraternização anual.[17]
Declínio e encerramento
[editar | editar código-fonte]Em 24 de Fevereiro de 2002 foi encerrado o troço da Linha de Guimarães entre a Senhora da Hora e Trofa, para ser convertido numa linha do Metro do Porto.[18] Com efeito, o canal por onde seguia a linha foi transferido da REFER para a Metro do Porto,[18] mas as obras acabaram por só avançar entre a Senhora da Hora e o ISMAI, troço que ficou concluído em 2006, integrado na Linha C do Metro do Porto. Com efeito, desde 2002 que o troço da Linha de Guimarães entre o ISMAI e a Trofa se mantém sem qualquer tráfego ferroviário, pesado ou ligeiro, o que tem gerado descontentamento na região, principalmente depois de em 2010 a empresa Metro do Porto ter retirado do seu plano de atividades o prolongamento da Linha C desde o ISMAI até à Trofa.[18]
Em 2006, os serviços foram reduzidos nesta estação, o que levantou críticas à operadora Comboios de Portugal,[19] e em 2008 e 2009 os utentes reprovaram a falta de condições da estação em termos de segurança e de higiene, e os horários das bilheteiras.[20][21]
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Foi encerrada em 14 de Agosto de 2010, passando todos os serviços a serem realizados na nova estação da Trofa, que foi inaugurada no dia seguinte; para assinalar o término dos serviços, a autarquia da Trofa organizou nesse dia um serviço especial, que partiu desta estação com destino a São Romão do Coronado, passando pelo Apeadeiro de Senhora das Dores — a última circulação neste troço antes do seu desmantelamento.[2]
Uso pós-ferroviário
[editar | editar código-fonte]Em Fevereiro de 2010, foi anunciado que o edifício da Câmara Municipal da Trofa iria ser construído na zona da antiga estação ferroviária,[22] o que não se chegou a verificar.[carece de fontes]
Planeada desde 2014,[6] a criação da Alameda da Estação — arruamento ajardinado e área circundante de 4,2 hm², visto pela autarquia como «motor do desenvolvimento urbano» e «um equipamento municipal de natureza polivalente», «devolvido»« à comunidade» após a eliminação da «barreira arquitetónica herdada do caminho-de-ferro, restituindo a vitalidade que esta zona nobre e central teve no século XX» (sic!)[6] — arrancou em Janeiro de 2017 com financiamento de 2,5 milhões de euros, comparticipados a 85% pelo Programa Portugal 2020 no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano.[23] A área abrangida, também designada como Corredor Central da Trofa, liga a Igreja Matriz de São Martinho de Bougado aos parques das Dores e Lima Carneiro.[23] O logradouro intervencionado foi inaugurado em Julho de 2017;[6] entulho proveniente desta obra havia sido despejado em aterros ilegais na região, tendo a G.N.R. de Santo Tirso instaurado «competente auto de contraordenações», visando a sua remoção para local licenciado.[23]
Em Agosto de 2018 também a estação foi aberta ao público em estado requalificado, tendo sido investidos na sua recuperação e dos edifícios e equipamento anexos (armazém, grua, casa do chefe da estação, casas de banho, e plataformas — mas não carris e travessas) a soma de 620 mil euros, parcela da verba total de 2,5 milhões.[6] No âmbito da inauguração esteve patente no edifício uma exposição intitulada Memória e Identidade da Estação da Trofa, instalada no próprio edifício.[24]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ a b COSTA, Ana Correia (14 de Agosto de 2010). «Ansiosos por estrear a linha». Jornal de Noticias. Consultado em 18 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 10 de Julho de 2012
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2011. Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 67-89
- ↑ a b c «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 5 de Agosto de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c d e “Antiga Estação da Trofa inaugurada hoje após investimento de 620 mil euros” O Noticias da Trofa (2018.08.18)
- ↑ REIS et al, 2006:12
- ↑ a b c «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (933). 1 de Novembro de 1926. p. 326. Consultado em 3 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Abril de 1935). «Interêsse Regional e Nacional: A Transversal de Trás-os-Montes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1135). p. 150-151. Consultado em 3 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Fevereiro de 1937). «Um caso lamentável: A Ponte do Ave na Linha do Minho» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1180). p. 99-100. Consultado em 3 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (934). 16 de Novembro de 1926. p. 343-344. Consultado em 3 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (935). 1 de Dezembro de 1926. p. 358-359. Consultado em 3 de Novembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 12:568, de 26 de Outubro de 1926. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos, Paços do Governo da República. Publicado no Diário do Governo n.º 242, de 29 de Outubro de 1926
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1238). 16 de Julho de 1939. p. 345. Consultado em 22 de Outubro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «A Direcção-Geral dos Caminhos de Ferro e o Ano Findo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1081). 1 de Janeiro de 1933. p. 15-16. Consultado em 28 de Outubro de 2011 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b «A Visita do Chefe de Estado ao Norte e a Inauguração do Túnel da Trindade e Linha da Senhora da Hora à Trofa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 45 (1062). 16 de Março de 1932. p. 135-143. Consultado em 8 de Fevereiro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Sapadores de Caminhos de Ferro: Os Antigos Combatentes na Flandres» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1186). 16 de Maio de 1937. p. 255-259. Consultado em 22 de Outubro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c Silva, Samuel (14 de novembro de 2010). «O comboio foi-se há muito. O metro talvez nunca venha a chegar». Público. Consultado em 31 de maio de 2018
- ↑ MARTINS, Hermano (27 de Abril de 2006). «CP diminuiu serviços na Trofa». Notícias da Trofa. Consultado em 18 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 10 de Setembro de 2012
- ↑ COSTA, Ana Correia (14 de Janeiro de 2009). «Virtudes e defeitos na estação». Jornal de Noticias. Consultado em 18 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 17 de Janeiro de 2009
- ↑ MARTINS, Hermano (17 de Abril de 2008). «Estação da CP envergonha a Trofa!». Notícias da Trofa. Consultado em 18 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 5 de Setembro de 2012
- ↑ COSTA, Ana Correia; SOARES, Lisa (5 de Fevereiro de 2010). «Estação acolhe Câmara até agora retalhada». Jornal de Noticias. Consultado em 18 de Agosto de 2010 [ligação inativa]
- ↑ a b c “Resíduos e inertes da obra da Alameda da Estação depositados em aterros ilegais” O Noticias da Trofa (2017.02.14)
- ↑ “Está “inaugurada” a nova vida da antiga Estação da Trofa” O Noticias da Trofa (2018.08.18)
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Leitura recomendada
[editar | editar código-fonte]- Variante da Trofa. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional E. P. 2010. 106 páginas. ISBN 978-972-98557-7-1
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- “Sinalização da Estação da Trofa” (diagrama anexo à I.T. n.º 28)
- «Página com fotografias da estação de Trofa, no sítio electrónico RailPictures» (em inglês)
- «Página sobre a antiga estação da Trofa, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Trofa na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural