Aritmetizacao
Aritmetizacao
Aritmetizacao
Objetivos do Seminrio
Pretendemos nesse trabalho levantar questes para a discusso acerca de:
Como se deu o desenvolvimento da aritmetizao atravs da histria; Quais as contribuies da aritmetizao para o desenvolvimento da matemtica.
Perspectiva Histrica e Aritmetizao A matemtica apresentada como um conjunto de trabalhos completos e teorias terminadas que revela seus segredos para alguns talentosos, mas que no poderia ser ensinada ou aprendida.
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Perspectiva Histrica e Aritmetizao A relao entre nmeros e objetos geomtricos na revoluo cientfica
Os rabes iniciam a prtica de fazer termos de uma igualdade mudarem de sinal quando so transferidos para o lado oposto. Uma das caractersticas fundamentais do conhecimento criado com a revoluo cientfica foi a tentativa de romper com a separao entre a aritmtica e a geometria.
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Fermat introduziu a linguagem algbrica, Descartes as coordenadas e o plano para localizar os pontos e curvas, e Cavallieri (e tambm Torriceli) redescobriram os mtodos infinitesimais dando-lhes no apenas uma conotao heurstica como Arquimedes, mas tambm uma formalizao do mtodo.
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Descartes aplicou a crtica filosfica aos fundamentos da matemtica, mas acreditou muito cedo ter encontrado os fundamentos, e deixou o que considerou operaes braais para outros.
Quanto mais Descartes se aproximava dos fatos, mais se enrolava em complicados princpios metafsicos
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uma a mais comum, que ele chama de construtiva; a outra a menos familiar, que avana pela anlise, para a abstrao e a simplicidade lgica sempre maiores.
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O ideal de Bolzano em fornecer matemtica provas puramente analticas, mostra em que grau ele compreendeu as necessidades de sua poca.
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Aritmtica
Parte da matemtica que estuda os nmeros, as suas propriedades e as operaes numricas soma, subtrao, multiplicao e diviso (Infopdia Enciclopdia e Dicionrios Porto Editora). [...] a aritmtica no compreende mais que quatro ou cinco operaes, que so: a adio, a subtrao, a multiplicao, a diviso e a extrao de razes (Descartes, 2001).
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O que so nmeros?
Quantidades de objetos concretos; Distncias de um ponto a outro sobre uma linha reta; Tudo que obedece aos axiomas de Peano; Cantor - nmeros so conjuntos ou grandezas; John Conway - nmeros so jogos; Gauss e Grassmann - nmeros so vetores; Hamilton - nmeros so transformaes ou matrizes no plano.
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Aritmetizao da Geometria
Como os clculos de aritmtica se relacionam com operaes de geometria. [] no h outra coisa a fazer em geometria, com respeito s linhas que se desejam conhecer, que juntar ou subtrair outras, ou ainda, conhecendo uma, que designarei por unidade para relacion-la o melhor possvel com os nmeros, [...]. [...] E no temerei introduzir estes termos de aritmtica em geometria, a fim de tornar-me mais inteligvel. (Descartes, 2001).
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Aritmetizao da Geometria
Multiplicao Seja, por exemplo, AB a unidade, e que deve multiplicar-se BD por BC; no tenho mais do que unir os pontos A e C, traar DE paralela a CA, e BE o produto desta multiplicao.
A multiplicao de segmentos foi aqui feita por aplicao do teorema de Thales: um feixe de retas paralelas determina em duas transversais segmentos correspondentes proporcionais.
AB BD e AB 1 BC BE BE BD BC
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Aritmetizao da Geometria
Como podem empregar-se letras em geometria? No h, com frequncia, necessidade de traar essas linhas sobre o papel, e basta design-las por certas letras, uma s para cada linha. Assim, para somar as linhas BD e GH, designo uma por a, outra por b e escrevo a+b; e a-b para subtrair b de a, e ab para multiplicar uma pela outra, [] (Descartes, 2001).
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Metfora
Metforas atuam no sentido de permitir uma interao entre domnios conceituais distintos, tais como a geometria e a aritmtica, e nesse sentido podem ter sido fundamentais para o prprio avano da matemtica ao longo dos tempos. [...] Alm disso, tambm um recurso semitico que promove uma transferncia ou desvio de significados prprios e costumeiros de termos em proposies (Leite & Otte, 2010).
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Aritmetizao da Geometria
Havia uma complicao com processos geomtricos gregos: a multiplicao de linhas produziam superfcies, a multiplicao de linhas de superfcies produziam volumes, e a multiplicao de superfcies era sem sentido, o quadrado de uma linha era, literalmente, um quadrado e seu cubo, literalmente, um cubo (Fig. abaixo). Isto incapacitava os gregos de lidar com polinmios de graus maiores que trs.
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Metfora
[...] um elemento fundamental para as abstraes, que so espaos de fuga da realidade concreta, mas que esto intimamente relacionadas a esta em suas origens (Leite & Otte, 2010).
1. recurso expressivo que consiste em usar um termo ou uma ideia com o sentido de outro com o qual mantm uma relao de semelhana (ex.: o fogo da paixo) 2. representao simblica de algo
(Infopdia Enciclopdia e Dicionrios Porto Editora)
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Aritmetizao da Geometria
de assinalar aqui, de passagem, que o escrpulo que os antigos em empregar os termos aritmtica na geometria, no podia provir seno de eles no verem claramente a sua relao, o que produzia bastante obscuridade e confuso na forma como se expressavam.
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Aritmetizao da Geometria
Descartes com sua afirmao de que a
'multiplicao' de dois segmentos de reta resultava num segmento de reta (e no numa rea, como se acreditava antes) j significou uma revoluo suficiente para que os matemticos posteriores pudessem prosseguir no caminho da aritmetizao (Clmaco1,2011).
1Professor
do Instituto de Matemtica e Estatstica, e aluno de doutorado da Faculdade de Educao da Universidade Federal de Gois
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Aritmetizao da Anlise
No sculo XVIII questes referentes a mtodos como fluxes, relaes, limites de diferenciais ou de funes derivadas estavam em grande medida no resolvidas, devido a que os matemticos de ento tentavam respond-los em termos de concepes de espao e de tempo (Clmaco, 2007).
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Aritmetizao da Anlise
[...] Parecia bvio para a grande maioria dos matemticos desta poca que a infinidade e a continuidade tinham em comum algo relacionado nossa noo de movimento e aproximao, enquanto que os limites diriam respeito a algo discreto e numrico, que nos remete a algo esttico. [...] Mas o mtodo dos limites foi justamente o que permitiu captar o contnuo e o infinito de uma forma que nosso conhecimento a respeito desses conceitos pudesse ser expressvel e comunicvel, pois foi o que lhes forneceu sua base Lgica (Clmaco, 2007).
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Aritmetizao da Anlise
Bolzano deu uma definio da continuidade que, pela primeira vez, indicou claramente que a ideia bsica da continuidade deveria ser encontrada no conceito de limite, articulando por fim o mtodo discreto (numrico) como explicador do contnuo. [...] No trabalho de Bolzano, como no de Cauchy, o conceito de limite se tornou claramente e definitivamente aritmtico, e no geomtrico (Clmaco, 2007).
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Dentro dessa nova concepo, os nmeros passaram a ser vistos, conforme Peter Damerow, primeiro, no nvel de deduo, cujas afirmaes e provas foram formuladas em linguagem natural, tal como foi feito, por exemplo, nos Elementos de Euclides. Depois, no nvel de deduo formal, que substituiu essa linguagem natural pela linguagem formal, como uma forma de objetivar o pensamento cientfico matemtico.
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[...] lgebra e geometria quando correlacionados possibilitaram o surgimento de novos objetos e a expanso da prpria matemtica (Leite & Otte, 2010). A exemplo de novos conceitos temos a lgebra linear.
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Bibliogrfia
CLMACO, Humberto de Assis. Geometria e Aritmetizao da Grcia Antiga Matemtica Moderna: contribuies desta histria para a Educao Matemtica atual. Anais do IX Seminrio Nacional de Histria da Matemtica, 2011. _________ Prova e Explicao em Bernard Bolzano. Dissertao apresentada ao Programa de Ps- Graduao em Educao do Instituto de Educao da Universidade Federal do Mato Grosso, 2007. DESCARTES, Ren. A Geometria. Trad. Emdio Csar de Queiroz Lopes. Lisboa: Editorial Prometeu, 2001.
LEITE, Kcio Gonalves. OTTE, Michael Friedrich. Metfora e Matemtica. Jornal internacional de Estudos em Educao Matemtica, 2010.
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