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FRAGMENTOS DE

TEXTOS REALISTAS
MACHADO DE ASSIS
MACHADO DE ASSIS

• "É um dos mais importantes escritores brasileiros.


Ele nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de
Janeiro. Mais tarde, trabalhou como aprendiz de
tipógrafo e revisor, além de ser funcionário da
Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura,
Comércio e Obras Públicas."
• "romancista, contista, dramaturgo, poeta e cronista,
que faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de
Janeiro, foi o principal representante do realismo
brasileiro. Assim, em romances como Memórias
póstumas de Brás Cubas, ele trabalhou com a
temática do adultério e fez críticas à elite burguesa
do século XIX."
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS
CUBAS (MACHADO DE ASSIS)
• "Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo
fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte.
Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações
me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou
propriamente um autor defunto mas um defunto autor, para quem a campa
foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais
novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas
no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.“ ( Dedicatória)
CAPÍTULO IV

• Todavia, importa dizer que este livro é escrito com pachorra, com a
pachorra de um homem já desafrontado da brevidade do século, obra
supinamente filosófica, de uma filosofia desigual, agora austera, logo
brincalhona, coisa que não edifica nem destrói, não inflama nem
regala, e é todavia mais do que passatempo e menos do que
apostolado."
• "Aí vinham a cobiça que devora, a cólera que inflama, a inveja que baba, e a enxada e a
pena, úmidas de suor, e a ambição, a fome, a vaidade, a melancolia, a riqueza, o amor, e
todos agitavam o homem, como um chocalho, até destruí-lo, como um farrapo. Eram as
formas várias de um mal, que ora mordia a víscera, ora mordia o pensamento, e passeava
eternamente as suas vestes de arlequim, em derredor da espécie humana. A dor cedia
alguma vez, mas cedia à indiferença, que era um sono sem sonhos, ou ao prazer, que era
uma dor bastarda. Então o homem, flagelada e rebelde, corria diante da fatalidade das
coisas, atrás de uma figura nebulosa e esquiva, feita de retalhos, um retalho de
impalpável, outro de improvável, outro de invisível, cosidos todos a ponto precário, com a
agulha da imaginação; e essa figura, - nada menos que a quimera da felicidade, - ou lhe
fugia perpetuamente, ou deixava-se apanhar pela fralda, e o homem a cingia ao peito, e
então ela ria, como um escárnio, e sumia-se, como uma ilusão.“
• capítulo VII
CAPÍTULO XXIV

• Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que


será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de
graça aos vermes."
CAPÍTULO XCIV

• "Leitor ignaro, se não guardas as cartas da juventude, não


conhecerás um dia a filosofia das folhas velhas, não gostarás o
prazer de ver-te, ao longe, na penumbra, com um chapéu de três
bicos, botas de sete léguas e longas barbas assírias, a bailar ao som
de uma gaita anacreôntica. Guarda as tuas cartas da juventude!"
CAPÍTULO CLI
• O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais eternamente hipocondríacos. Este
último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não
fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas
faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto.
Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas
Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve
míngua nem sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E imaginará mal;
porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo,
que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não
transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
ALUISIO AZEVEDO
ALUISIO AZEVEDO

• "principal autor da vertente naturalista no Brasil e o primeiro


escritor a viver de literatura no país. Exímio retratista de
tipos sociais, escreveu inúmeras obras, entre romances,
contos, crônicas e peças teatrais, além de ter sido
desenhista e caricaturista."
• "Sua produção literária concentra-se entre os anos de 1882 e
1895, aproximadamente, com destaque para o célebre
romance O cortiço, leitura obrigatória para ingresso em
diversas universidades brasileiras, bem como para a
compreensão das estruturas sociais cariocas, no final do
século XIX, pautadas na exploração"
O CORTIÇO
DE ALUÍSIO DE AZEVEDO

• não podia deixar de pensar no demônio da negra, porque a maldita


ali estava perto, a rondá-lo, ameaçadora e sombria. Ali estava como
documento vivo de suas misérias, já passadas mas ainda palpitantes.
Bertoleza devia ser esmagada, devia ser suprimida, porque era tudo
de mal que havia na vida dele. Seria um crime conservá-la ao seu
lado! Ela era o torpe do balcão da primitiva bodega.
• “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os
olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
• Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete
horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de
neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente,
dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de
saudade perdido em terra alheia.
• “E naquela terra encharcada e fumegante,
naquela umidade quente e lodosa, começou a
minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo,
uma coisa viva, uma geração, que parecia
brotar espontânea, ali mesmo, daquele
lameiro, e multiplicar-se como larvas no
esterco.”
• “Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as
ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a
direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado
luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já
recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse
afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma
pé e nunca se encontra fundo. Rita […] tinha o mágico segredo
daqueles movimentos de cobra amaldiçoada; aqueles requebros que
não podiam ser sem o cheiro que a mulata soltava de si e sem aquela
voz doce, quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante.”
RAUL
POMPEIA
RAUL POMPEIA

Nasceu em 1863 e faleceu em 1895. Além de escritor, também


foi professor e diretor da Biblioteca Nacional. Foi um dos
principais autores do naturalismo brasileiro.
• Suas obras apresentam objetividade, além de uma visão
determinista; seu livro mais famoso é o romance
naturalista O Ateneu.
•a principal característica de obras naturalistas é o
determinismo. Assim, segundo a visão determinista,
em voga no final do século XIX, a vida e o destino
das pessoas (e, por extensão, dos personagens
literários) são determinados por sua raça, meio em
que vivem e contexto histórico em que estão
inseridas.
O ATENEU
DE RAUL POMPEIA

• "As transações eram proibidas pelo código do Ateneu. Razão demais


para interessar. Da letra da lei, incubados sob a pressão do veto,
surgiram outros jogos, mais expressamente característicos, dados que
espirravam como pipocas, naipes em leque, que se abriam orgulhosos
dos belos trunfos, entremostrando a pança do rei, o sorriso galhardo
do valete, a simbólica orelha da sota, a paisagem ridente do ás; roletas
miúdas de cavalinhos de chumbo; uma aluvião de fichas em cartão,
pululantes como os dados e coradas como os padrões do carteiro.
A principal moeda era o selo"...
• "Ilustrar o espírito é pouco; temperar o caráter é tudo"

"A educação não faz almas: exercita-as. E o exercício moral


não vem das belas palavras de virtude, mas do atrito com as
circunstâncias".

"O internato é útil; a existência agita-se como a peneira do


garimpeiro: o que vale mais e o que vale menos, separam-
se"

"Não era um ser humano: era um corpo inorgânico, rochedo inerte,


bloco metálico, escória de fundição, forma de bronze, vivendo a vida
exterior das esculturas, sem consciência, sem individualidade, morto
sobre a cadeira, oh, glória! mas feito estátua."

"O monumento prescinde do herói, não o conhece, demite-o por


substituição, sopeia-o, anula-o".
• Há reminiscências sonoras que ficam perpétuas, como um eco do passado.
Recorda-me, às vezes, o piano, ressurge-me aquela data.
Do fundo repouso saído de convalescente, serenidade extenuada em que nos
deixa a febre, infantilizados no enfraquecimento como a recomeçar a vida,
inermes contra a sensação por um requinte mórbido da sensibilidade - eu
aspirava a música como a embriaguez dulcíssima de um perfume funesto; a
música envolvia-me num contágio de vibração, como se houvesse nervos no
ar. As notas distantes cresciam-me n'alma em ressonância enorme de
cisterna; eu sofria, como das palpitações fortes do coração quando o
sentimento exacerba-se - a sensualidade dissolvente dos sons."
PARNASIANISMO

• O Parnasianismo é um movimento literário que surgiu na mesma época


do Realismo e do Naturalismo, no final do século XIX. De influência e
tradição clássica, tem origem na França.
• Em 1882, Fanfarras, de Teófilo Dias, é a obra que inaugura o
parnasianismo brasileiro, movimento que se prolonga até a Semana
de Arte Moderna, em 1922.
• De postura antirromântica, o Parnasianismo é baseado no culto da forma,
na impassibilidade e impessoalidade, na poesia universalista e no
racionalismo.
• Os autores parnasianos criticavam a simplicidade da
linguagem, a valorização da paisagem nacional e o
sentimentalismo. Para eles, essa era uma forma de subjugar
os valores da poesia.
• A proposta inovadora era de uma poesia de linguagem
rebuscada, racional e perfeita, do ponto de vista formal.
Acreditavam que, se estivessem apoiados no modelo clássico
poderiam contrapor os exageros e a fantasia típica do
movimento literário Romantismo.
• O parnasianismo no Brasil durou, oficialmente, de 1882 a
1893. Assim, para alguns críticos, o primeiro livro no país
com características parnasianas é a obra Fanfarras (1882),
de Teófilo Dias (1854-1889). Além desse autor, a poesia
parnasiana também conta com os seguintes nomes:
• Olavo Bilac (1865-1918): Poesias (1888)
• Raimundo Correia (1859-1911): Versos e versões (1887)
• Alberto de Oliveira (1857-1937): Sonetos e poemas (1885)
• Vicente de Carvalho (1866-1924): Ardentias (1885)
• Francisca Júlia (1871-1920): Mármores (1895)
OLAVO BILAC
OLAVO BILAC

• nascido em 16 de dezembro de 1865, no Rio de


Janeiro. Poesias foi seu primeiro livro, publicado em
1888. Assim, o autor foi o principal nome
do parnasianismo . Apesar disso, sua poesia
acabou caindo no gosto do público devido ao
sentimentalismo nela impresso, em contradição com
o movimento parnasiano.
•O poeta também trabalhou como inspetor
escolar e jornalista, e suas críticas ao governo de
Floriano Peixoto (1839-1895) levaram-no à prisão.
Além disso, Bilac, no início do século XX, aproveitou
sua influência e fama para defender atitudes
nacionalistas. Após falecer em 28 de dezembro de
1918, no Rio de Janeiro, deixou uma poesia marcada
pelo rigor formal e perfeccionismo na escrita.
VIA LÁCTEA
( DE OLAVO BILAC )

• Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-Ias, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto …

• E conversamos toda a noite, enquanto


A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
• Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

• E eu vos direi: “Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

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