03 Representação

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Representação

Representação

Formalidades comuns/Art.º 46.º, n.º 1, e)

• Deve constar do ato a menção das procurações e dos documentos relativos ao


instrumento que justifiquem a qualidade de procurador e de representante,
devendo mencionar-se, nos casos de representação legal e orgânica, terem sido
verificados os poderes necessários para o ato.
Representação

Representação/Noção/Art.º 258.º do CCivil

• Normalmente os negócios jurídicos são realizados pelas pessoas em cuja esfera


jurídica eles produzem efeito;

• Pode acontecer, no entanto, ser uma pessoa a concluir o negócio no interesse de


outra pessoa

Representação:
• Quando um negócio é realizado pelo representante em nome do representado,
produzindo os efeitos na esfera jurídica do representado (art.º 258.º CCivil).
Representação

Representação/Espécies

• Legal ou necessária – é a representação própria de certos incapazes;

• Voluntária – deriva da procuração

• Orgânica – consiste na representação de pessoas colectivas.


Representação legal
Representação legal

Representação legal

• Dá-se a representação legal nos casos expressamente previstos na lei, para


suprir as incapacidades:
a) Dos menores (art.º 124.º CCivil);
b) Dos interditos (art.º 139.º do CCivil); e
c) Dos inabilitados (art.º 153.º e sgs do CCivil).

• Este tipo de representação, porque resulta da lei e não da autonomia da


vontade é irrenunciável por parte do representante.
Representação legal

Incapacidades dos menores/Art.ºs 123.º; 1901.º e 1906.º CCivil.

• A incapacidade dos menores para o exercício de direitos (art.º 123.º CC) é suprida
pelos os pais, mesmo que separados (art.ºs 124.º, 1901.º e 1906.º CC).

• Os pais não precisam de justificar a qualidade de representantes dos filhos (art.º


46.º, n.º 5 CN)
Representação legal

Incapacidades dos menores/Art.ºs 123.º; 1901.º e 1906.º CCivil.

O ato a praticar pelos pais pode estar dependente de autorização:

• Ministério Público – Autorização para a prática de atos pelo representante legal do


incapaz, quando legalmente exigida.

• Exemplo:
Os pais não podem, como representantes do filho, alienar ou onerar bens, sem
autorização do tribunal (art.º 1889.º CCivil e art.º 2.º do Decreto-Lei n.º 272/2001,
de 13 de Outubro)
Representação legal

Incapacidades dos menores/Art.ºs 123.º; 1901.º e 1906.º CCivil.

Autorização judicial:
Só é necessária quando esteja em causa partilha extrajudicial e o representante
legal concorra à sucessão com o seu representado.
Representação voluntária
Representação voluntária

Procuração/Art.º 262.º CCivil e 116.º CNotariado.

• Na representação voluntária os poderes do representante procedem da vontade


do representado, mediante negócio jurídico – a procuração /Art.º 262.º.

• A procuração é o ato (negócio jurídico unilateral) pelo qual alguém atribui a


outrem voluntariamente poderes representativos (art.º 262.º, n.º 1 CC);

• Mandato – Contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um ou mais acos
jurídicos por conta de outrem (art.º 1157.º CC)
Representação voluntária
Para certos atos não podem ser aceites procurações genéricas:

• Procuração entre cônjuges – deve ser especial no sentido de que só vale para a prática
de determinados negócios (art.ºs 1682.º, 1682.º-A e 1684.º do CC);

• Procuração para partilhas – deve conter a individualização do ato ou contrato de que se


trata;

• Procuração para fazer doações – deve ter, pelo menos, a designação do donatário e
determinar o objeto da doação (art.º 949.º, n.º 1 CC);

• Procuração para pedir atos de registo – deve conter poderes especiais (art.º 39.º, n.º 1
CRPredial)
Representação voluntária
Para certos atos não podem ser aceites procurações genéricas:

• Negócio celebrado pelo representante consigo mesmo – O art.º 261.º do CCivil


exige o consentimento expresso do representado para que o representante
possa celebrar negócio consigo mesmo, em nome próprio ou em
representação de terceiro, sob pena de anulabilidade do negócio.

• Procuração para casamento - Apenas um dos nubentes pode fazer-se


representar por procurador na celebração do casamento, devendo esta conter
poderes especiais para o ato, a designação expressa do outro nubente e a
indicação da modalidade do casamento (art.º 1620.º do CCivil e art.º 44.º do
CRCivil).
Representação voluntária

• O art.º 263.º do CCivil não exclui a atribuição de poderes representativos a pessoas


colectivas – neste caso a determinação da pessoa física que, de facto, exercerá
esses poderes, dependerá dos respectivos estatutos ou de deliberação dos órgãos
competentes.
Representação voluntária

Forma da procuração/Art.ºs 262.º, n.º 2 CCivil e 116.º CNotariado

• Salvo disposição legal em contrário, a procuração revestirá a forma exigida do


negócio que o procurador deva realizar (art.º 262.º, n.º 2 CCivil).

• Nos termos do artigo 116.º, n.º 1 do CN as procurações que exijam intervenção


notarial podem ser lavradas:
• Por instrumento público (instrumento avulso ou em escritura, juntamente com
outro ato);
• Por documento escrito e assinado pelo representado com reconhecimento
presencial da letra e assinatura;
• Por documento autenticado.
Representação voluntária

Procurações “irrevogáveis”/Art.º 116.º, n.º 2

• As procurações conferidas também no interesse de procurador ou de terceiro


devem ser lavradas por instrumento público cujo original é arquivado no
cartório notarial
Representação voluntária

Substabelecimentos/Art.º 264.º CCivil.

• O procurador pode fazer-se substituir por outrem, substabelecendo os poderes


que lhe foram conferidos, desde que a faculdade de substituição resulte do
conteúdo da procuração ou seja autorizada, de forma expressa ou tácita pelo
representado.
Procuração - Extinção

Extinção da procuração/Art.º 265.º CCivil

• Renúncia – ato unilateral do procurador que não carece de consentimento do


representado;

• Quando cessa a relação jurídica que lhe serve de base;

• Revogação – ato unilateral do representado.


Procurações “irrevogáveis”

Procurações “irrevogáveis”/Art.º 265.º, n.º 3

• Se a procuração tiver sido passada também no interesse do procurador ou de


terceiro, é exigido, para a sua revogação, o acordo do interessado, salvo se ocorrer
justa causa.
Proteção de terceiros

Extinção da procuração/Proteção de terceiros/Art.º 266.º CCivil

• A renúncia e revogação da procuração devem ser levadas ao conhecimento de


terceiros por meios idóneos, sob pena de lhe não serem oponíveis.

• A renúncia é averbada ao instrumento a que respeita (art.º 131.º, n.º 1 b) CN);

• A revogação, além de ser averbada ao instrumento a que respeita, para que


produza efeitos perante terceiros deve ser anunciada num jornal da localidade
onde reside o procurador ou, se aí não houver jornal, num dos jornais mais lidos
na localidade.
Representação orgânica
Representação orgânica

• As pessoas colectivas agem através das pessoas singulares que integram os


respectivos órgãos de administração, que tem o dever de praticar, em seu nome e
no seu interesse e ainda no âmbito dos poderes que lhe são atribuídos, todos os
atos necessários e convenientes à prossecução do objecto.
Representação orgânica

• Pessoas coletivas de direito comum:


• Sem atribuição da declaração de utilidade pública;
• Pessoas coletivas de utilidade pública.

• Pessoas coletivas religiosas:


• Pessoas coletivas de direito canónico;
• Confissões e associações religiosas não católicas.

• Sociedades comerciais
Representação orgânica

Pessoas coletivas de direito comum


Sem atribuição de utilidade pública:

Associações :

• Personalidade jurídica - Adquirem personalidade jurídica se constituídas por


escritura pública (art.º 158.º, n.º 1 CCivil);

• Representação – Cabe a quem os estatutos determinaram (art.º 163.º CCivil);


Representação orgânica

Pessoas coletivas de direito comum


Sem atribuição de utilidade pública:

Fundações:

• Personalidade jurídica - Adquirem personalidade jurídica pelo


reconhecimento, o qual é individual e da competência da autoridade
administrativa (art.º 158.º, n.º 2 CCivil);

• Representação – Cabe a quem os estatutos determinaram (art.º 163.º CCivil);


Representação orgânica

Pessoas coletivas de direito comum


Sem atribuição de utilidade pública:

Documentos para instruir o ato notarial:


• Os Estatutos;
• Fotocópia da ata da eleição da administração e da sua tomada de posse;
• Fotocópia da ata da deliberação da designação, se a administração tiver designado
alguém para representar a pessoa coletiva.
Representação orgânica

Pessoas coletivas de direito comum


Com atribuição de utilidade pública:

• Representação – Estão sujeitas a registo pelo que para a prova da sua


representação é suficiente a apresentação da certidão do registo comercial.
Representação orgânica

Pessoas coletivas religiosas


Pessoas colectivas de direito canónico:

• Personalidade jurídica – A personalidade jurídica é atribuída pela Concordata


entre a Santa Sé e a República Portuguesa;

• Representação – A qualidade e poderes do representante faz-se,


normalmente, por credencial ou documento equivalente emitido pela
respectiva diocese, devendo ficar arquivada.
Representação orgânica

Pessoas coletivas religiosas


Pessoas colectivas de direito canónico:

A Concordata reconhece personalidade jurídica:

• À Igreja Católica (art.º 1.º, n.º 2);

• À Conferência Episcopal Portuguesa (art.º 8.º);

• Às dioceses, paróquias e outras jurisdições eclesiásticas (art.º 9.º, n.º 2);


Representação orgânica

Pessoas coletivas religiosas


Confissões e associações religiosas não católicas.

• Personalidade jurídica – Adquirem personalidade jurídica mediante registo no


Registo Nacional de Pessoas Colectivas (Lei n.º 16/2001, de 22 de Junho);

• O decreto-lei n.º 134/2003, de 28 de Junho criou o registo das pessoas colectivas


religiosas no âmbito da competência funcional do Registo Nacional de Pessoas
Colectivas, adquirindo personalidade jurídica pela respectiva inscrição (art.º 1.º).

• Assim, a prova da existência de personalidade jurídica é feita através de certidão


passada pelo Registo Nacional de Pessoas Colectivas .
Representação orgânica

Sociedades comerciais:

• Sociedades em nome coletivo e por quotas – à gerência (art.ºs 192.º e 252.º do


CSComerciais);

• Sociedades anónimas – ao conselho de administração ou ao administrador


único (art.ºs 390.º 405.º do CSComerciais).

• Prova documental da qualidade de representante faz-se por certidão do registo


comercial.
Representação orgânica

Sociedades comerciais:

• As pessoas coletivas também podem ser representadas por procuradores,


sendo as procurações passadas pelos diretores, administradores ou gerentes,
nos termos previstos nos estatutos ou tipo de sociedade.
Bases de dados
de
procurações
Bases de dados de procurações

Legislação:

• Lei n.º 19/2008, de 21 de Abril (art.º 1.º);

• Decreto-Regulamentar n.º 3/2009, de 3 de Fevereiro;

• Portaria n.º 307/2009, de 25 de Março;

• Portaria n.º 696/2009, de 30 de Junho.


Bases de dados de procurações

Objetivos:

• Combate à criminalidade organizada, à corrupção e à criminalidade económico-


financeira em geral.

• O art.º 2.º, n.º 3, alínea c) do CIMT, considera que há lugar a transmissão


onerosa, para efeitos de incidência de IMT, a outorga de procuração que confira
poderes de alienação de bem imóvel em que, por renúncia ao direito de
revogação, o representado deixe de poder revogar a procuração.
Bases de dados de procurações

Sujeição a registo obrigatório/Portaria n.º 3/2009

• Procurações irrevogáveis que contenham poderes de transferência da


titularidade de imóveis (art.º 2.º, n.º 1 );

• A extinção da procuração (art.ºs 2.º, n.º 2 e 13.º );


Bases de dados de procurações

Prazo do registo/Portaria n.º 3/2009

• O registo deve ser promovido no próprio dia ou no dia útil imediato, a contar da
data da outorga ou da titulação (art.º 2.º, n.º 3);

• Havendo dificuldades técnicas, deve o facto ser expressamente mencionado no


documento a registar, devendo o registo ser efetuado nas 24 horas seguintes
(art.º 2.º, n.º 4)
Bases de dados de procurações

Produção de efeitos/Portaria n.º 3/2009

• Estas procurações só produzem efeitos depois de registadas (art.º 2.º, n.º 5);
Bases de dados de procurações

Registo facultativo/Portaria n.º 3/2009

Podem também ser registadas:


• Quaisquer outras procurações celebradas por escrito (art.º 2.º, n.º 6);
Bases de dados de procurações

Registo/Portaria n.º 3/2009

O registo pode ser promovido (art.º 2.º, n.º 7):


a) Pelo mandante;
b) Pelo mandatário;
c) Pela entidade perante a qual for outorgada a procuração ou reconhecidas
as respetivas assinaturas.
Bases de dados de procurações

Registo/Portaria n.º 3/2009, art.º 3.º e Portaria n.º 307/2009, art.º 2.º

• O registo efetua-se por transmissão eletrónica de dados e de documentos no


sítio da internet www.procuracoesonline.mj.pt

• Por cada registo de procuração é disponibilizado um comprovativo com menção


do código de identificação atribuído ao documento (art.º 4.º).
Bases de dados de procurações

Incumprimento da obrigação de registo/Portaria n.º 3/2009

• Responsabilidade disciplinar (art.º 14.º);

• Ineficácia da procuração (art.º 2.º, n.º 5).


Notariado
Documento particular autenticado/CUSTOS

Art.º 4-.º-B da Portaria n.º 696/2009, de 30 de Junho:

1 – Por cada pedido de subscrição ou de renovação do acesso à certidão permanente é devido o


pagamento das seguintes taxas:
a)Por um ano …………………………………………………………………………………………………………………………........ 10,00€
b)Por três anos ……………………………………………………………………………………………………………………………… 20,00€
c)Por cinco anos ……………………………………………………………………………………………………………………………. 40,00€
Gestão
de
Negócios
Gestão de negócios

Gestão de negócios/Representação sem poderes/Art.ºs 268.º e 464.º CCivil

• Por qualquer motivo, pode uma pessoa assumir a direção de negócio alheio no interesse e
por conta do respetivo dono, sem para tal estar autorizada, é o que se chama gestão de
negócios, cuja noção consta do art.º 464.º do CCivil.

• Trata-se, pois, de uma representação sem poderes sendo o negócio ineficaz se não
ratificado pela pessoa em nome de quem foi celebrado (art.ºs 471.º e 268.º do CCivil).

• O notário não pode recusar a prática do ato com fundamento na ineficácia (art.º 174.º, n.º
1 do CN), devendo, no entanto, consignar no instrumento a advertência que tenha feito às
partes.
Gestão de negócios

Gestão de negócios/Representação sem poderes/Ratificação

• A ratificação consiste no instrumento pelo qual o dono do negócio chama a si, à sua esfera
jurídica, os efeitos do ato praticado pelo gestor.

• A ratificação é averbada ao instrumento que respeite (art.º 131.º, n.º 1, g) CN)


Consentimento conjugal

Consentimento conjugal:

• O consentimento deve ser dado antes ou no próprio ato, sendo anulável o


negócio por falta de consentimento, sendo necessário (art.º 1687.º do CCivil).

• Esta anulabilidade pode ser sanada pela confirmação do negócio feita pela
pessoa com legitimidade para propor a ação de anulabilidade.

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