Actos Notáriais
Actos Notáriais
Actos Notáriais
I- INTRODUÇÃO
1. Agentes notariais e registais.
1.1- Cartório e Notário
1.1.1- O Cartório Privativo
2- Conservatória e Conservador
2.1- Carácter Público dos registos.
II -ACTOS NOTARIAIS
1 -Actos notariais autenticados
1.1- A situação especial dos reconhecimentos
1.1.1- Classificação dos reconhecimentos;
1.1.1.1- Reconhecimento presencial;
1.1.1. 2- Reconhecimento na qualidade;
1.1.1.3- Reconhecimento da assinatura e letra;
1.1.1.4- Reconhecimento a rogo:
1.1.1.5- Reconhecimento por semelhança;
1.1.15.1- Regime de substituição de reconhecimento do artigo 28 da Lei
1/97;
1.2- Autenticação: os termos de autenticação da procuração;
1.3- Fotocopias:
1.4- Procurações:
1.5- O Carácter autêntico e autenticado da procuração.
2- Actos notarias autênticos
2.1- Os livros:
2.2- Regra da sua execução;
2.3- Faculdade de apresentar minuta;
2.4- Formalismo geral e especial das escrituras;
3- O testamento;
3.1- O instrumento de aprovação.
4- A habilitação de herdeiros;
5 – A compra e venda;
6- O direito de superfície;
7- O arrendamento;
8- A doação;
9- A promessa;
10- As sociedades comerciais;
III- ACTOS AVULSOS
1- Certificados, certidões e públicas- formas
IV- NULIDADES
1- Recusas;
2- Nulidade de actos notariais;
3- Revalidação dos actos;
V- Recurso;
1- Reclamação;
2- Recurso.
INTRODUÇAO
Com elevado apreço acolhi o convite da Delegação Provincial da Ordem dos Advogados
do Uige, para fazer parte deste projecto de capacitação dos ilustres Advogados em
matéria notarial.
Certo que o vosso dever de oficio exige de vós a cognição transversal nos vários
domínios do saber jurídico.
A pratica de actos notarias, ou seja, a actividade notarial, em geral, exige uma busca
incessante de conhecimentos, tanto legais, quanto doutrinais e jurisprudenciais, para o
cabal desempenho das funções que são acometidas aos notários.
Para o presente ciclo formativo, foram elencados temas previamente seleccionados pela
Delegação Provincial da Ordem dos Advogados, e que entendemos serem pertinentes
para o vosso conhecimento.
Não se trata um desenvolvimento acabado dos conteúdos, mais sim, as bases cujo
aprofundamento exigira de vós uma busca constante do saber no ramo do direito dos
registos e notariado.
Auguramos que cada um de vós tenha bom êxito neste primeiro ciclo formativo.
1- AGENTES NOTARIAS E REGISTAIS
Os agentes notariais e registais são profissionais de direito, dotados de fé pública, a
quem é delegado o exercício da actividade notarial e de registos ( São os Notários e os
Conservadores).
O Notário é nos termos do artigo 2.º do C N (Código Notarial) o órgão próprio ou
normal da função notarial, sem embargo de tal função poder ser exercida, a título
excepcional por outros órgãos especiais, previstos no nº 1 do artigo 3.º do Código
Notarial.
1.1- Cartório: refere-se a uma repartição pública ou privada que tem a custódia de
documentos e que lhes da dá fé publica. A palavra “cartório” deriva do latim charta,
mais o sufixo derivado de orius, e significa em sua origem, aquele que lida com
papeis.
Portanto, as instituições públicas onde o Notário exerce as suas funções notariais são
designadas Cartórios Notariais.
1.1.1- O CARTORIO PRIVATIVO
A luz do nosso ordenamento jurídico, o cartório notarial privativo, é regulado pelo
Decreto Executivo nº 338/17, de 12 de Julho, que aprova o regime jurídico dos
cartórios notariais de competência especializada e cartórios notariais privativos.
No seu capitulo III, o artigo 17.° define a natureza dos Cartórios Notariais Privativos,
como sendo serviços externos da Direcção Nacional dos Registos e do Notariado.
Os pressupostos da sua criação, funcionamento, competências e outras regras
inerentes o seu funcionamento, estão previstos nos artigos subsequentes .
2- CONSERVATORIA E CONSERVADOR
Conforme aludimos supra, relativamente ao cartório notarial e Notário, aplica-se a
conservatória e conservador, sendo este o profissional de direito, dotado de fé pública,
a quem é delegado o exercício da actividade de registos ( Conservador), e aquela
instituições públicas onde o Conservador exerce as suas funções de registo,
(Conservatória).
2.1- CARACTER PÚBLICO DOS REGISTOS
O carácter público dos registos está subjacente ao principio da publicidade registal,
segundo o qual, qualquer pessoa pode pedir certidão dos actos de registo e dos
documentos arquivados, bem como obter informações verbais ou escritas sobre o
conteúdo de uns e de outros.
Os registos destinam-se, portanto, a tornar públicas as situações jurídicas.
Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois de registado.
“Principio da oponibilidade a terceiros”.
II- ACTOS NOTARIAS
Antes de abordarmos sobres os actos notarias, interessa previamente aludirmos
sobre a função notarial e suas competências.
A actividade notarial no nosso ordenamento jurídico e regulada pelo Código
Notarial , pela Lei nº1/97, de 17 de Janeiro( Lei da Simplificação e Modernização dos
Registos Predial, Comercial e Serviço Notarial), e demais legislações aplicável.
Nos termos do artigo 1.º do C.N, a função notarial destina-se a dar forma legal e
conferir autenticidade (fé pública) aos actos jurídicos extrajudiciais.
O essencial da função notarial é, assim, face a lei vigente, constituído pela
formalização dos actos jurídicos extrajudiciais, aliada a autenticidade que o notário
lhes imprime por via da fé púbica de que goza e que lhe é conferida pelo Estado, da
qual resulta a força probatória material e formal dos títulos e documentos por ele
exarados.
A função notarial não se esgota nessa actividade autenticadora, cabendo-lhe também
prestar assistência aos particulares, orientando-os com o seu saber a melhor forma
de ajustar a vontade declarada as exigências legais, condicionantes da sua eficácia
jurídica e, consequentemente, da efectiva realização dos objectivos desejados ou
acordados.
1-COMPETÊNCIA DOS NOTÁRIOS
Compete em geral, ao notário redigir o instrumento público conforme a vontade das
partes, a qual deve indagar, interpretar e adequar ao ordenamento jurídico,
esclarecendo-os do seu valor e alcance.
O nº 1 do artigo 5.º, elenca os actos que, em especial, compete ao notário, entre os
quais se destacam: os testamentos públicos, as escrituras, os instrumentos públicos,
os termos de autenticação ou de reconhecimento da autoria da letra e ou da
assinatura, as certidões, públicas-formas e documentos análogos, as fotocópias, etc.
2- DOCUMENTOS NOTARIAIS
Os documentos lavrados pelo notário, ou em que ele intervém, podem ser
autênticos ou autenticados, ou ter apenas reconhecimento notarial.
•São autênticos: os documentos exarados pelo notário nos respectivos livros, ou
em instrumentos avulsos, e os certificados, certidões e outros documentos
análogos por ele expedidos;
•São autenticados: os documentos particulares confirmados pelas partes perante
o notário;
•Tem reconhecimento notarial: os documentos particulares cuja letra e
assinatura, ou cuja assinatura, se mostrem reconhecidas por notário; vide nºs
1,2,3 e 4 do artigo 51.º do Código Notarial.
Os actos ou documentos particulares adquirem a natureza de documentos
autenticados, desde que as partes confirmem o seu conteúdo perante o notário,
vide nº 1, do artigo 162.º do Código do Notariado.
3- RECONHECIMENTOS
Para efeitos notarias, podemos definir o reconhecimento de assinatura, como sendo o
acto pelo qual a repartição notarial declara, mediante um termo de reconhecimento,
que a letra e assinatura ou somente assinatura, pertence a pessoa que se titula no
documento ou representa a entidade que se titula no respectivo documento.
O actual Código Notarial, distingue dois tipos de reconhecimentos: reconhecimento
simples ou por semelhança e o reconhecimento presencial.
O Reconhecimento simples ou por semelhança: é aquele em que o Cartório, declara
que a letra e assinatura ou somente assinatura é semelhante ao respectivo autógrafo
do seu titular, constante no seu bilhete de identidade ou outro documento
equivalente, como se pode ler na alínea b), nº 1 do artigo 64.°, b nº 2 do artigo 165.°
do Código Notarial e nº 2 e 3 do artigo 28 de Lei nº 1/97 de 17 de Janeiro.
Diz-se Presencial, o reconhecimento da letra e assinatura ou somente da assinatura ,
em documentos escrito e assinado ou apenas assinados, na presença do técnico da
repartição notarial ou o reconhecimento simplesmente realizado na presença do seu
titular e confirmado por este, vide nº 3 do artigo 165.°.
3.1- RECONHECIMENTO NA QUALIDADE
Antes de fazermos abordagem sobre o reconhecimento na qualidade, torna-se
imperioso aludirmos sobre a representação nos actos notarias.
.- REPRESENTAÇÃO NOS ACTOS NOTARIAS
a) Representação voluntária:
b) Representação legal;
c) Representação orgânica.
A representação e voluntária: quando o representado atribui ao representante
voluntariamente, determinados poderes representativos exteriorizados numa
declaração negocial que se designa procuração, alínea e) nº 1 do artigo 62.º do CN,
conjugados com artigo 261.º do Código Civil;
A representação e legal, quando visa suprir a incapacidade de exercício de certos
indivíduos; Ex: menores (Poder paternal), interditos, inabilitados (Tutor ou curados);
A representação é orgânica: as pessoas colectivas estão impossibilitadas de exercerem por si os seus direitos, tendo
estes que ser realizados por intermédio de pessoas singulares, que praticam em seu nome e no seu interesse
determinados actos que se vão reflectir na sua esfera jurídica.
Assim, para efeitos notariais, o reconhecimento na qualidade é aquele em que assinatura aposta no documento é
feita atendendo as formas de representação supramencionadas. RECONHECIMENTO DE ASSINATURA A ROGO
Assinatura a rogo: consiste na assinatura do documento por outra pessoa, a seu pedido, diante da situação de não
saber ou puder assinar. O termo “rogo” vem do verbo “rogar” que significa pedir ou suplicar.
A pessoa que assina “a rogo” não e parte no acto e, consequentemente por ele em nada se obriga.
A assinatura feita a rogo só pode ser reconhecida como tal por via do reconhecimento presencial e desde que o
rogante não saiba ou não possa assinar.
O rogo deve ser dado ou confirmado perante o notário, no próprio acto do reconhecimento da assinatura e depois de
lido o documento ao rogante, vide nºs 1 e 2 do artigo 166.°, do Código do Notariado.
ASSINATURAS QUE NÃO PODEM SER RECONHECIDAS
E insusceptível de reconhecimento a assinatura aposta em documento cuja letra não seja facultada ao notário, ou em papel sem
nenhuns dizeres, em documento escrito em língua estrangeira que o notário não domine, ou em documento escrito ou assinado a
lápis.
FORMALISMO DOS INSTRUMENTOS
Denominação do acto
Facultativo
Prático e conveniente para a identificação do negócio jurídico em causa.
Exemplo: compra e venda; doação, partilha, etc.
Data, lugar e hora de realização do acto
Alínea a) do nº 1 do art.º 62.º CN
A falta da menção da data e lugar é causa de nulidade, nos termo da alínea a) do artigo 84.º CN.
Identificação dos outorgantes e representantes
Pessoas singulares:
Nome completo
Estado Civil (solteiro, casado)
Naturalidade
Residência habitual
Nacionalidade (se o outorgante não for Angolano)
Pessoa Colectiva:
Denominação da pessoa colectiva
Sede
Sociedades:
Nome da firma
Tipo societário
Sede social
Matricula
Capital social
Numero da pessoa colectiva.
Verificação da Identidade dos outorgantes
Verificação da Identidade dos outorgantes
Artigo 64.° do CN (Pessoas singulares)
Por conhecimento pessoal;
Pela exibição de documento de identificação;
Cidadãos Angolanos:
Bilhete de Identidade;
Documento equivalente (Ex. Carta de condução ou passaporte).
Cidadãos Estrangeiros:
Passaporte;
Pela declaração de dois abonadores
Verificação da identidade dos outorgantes
Artigo 64.° CN (Pessoas colectivas ou sociedades)
A verificação da identidade dos outorgantes faz-se por prova documental
Exemplo: Apresentação da Certidão do Registo Comercial.
Representação Legal
Nos casos em que os representados sejam menores (tutela e/ ou curatela)
Exibição de documentos que atestam a qualidade de tutor ou curador.
Representação voluntária
Alínea e) do nº 1 do art.º 62.º CN.
Exemplo: Procurações.
Representação Orgânica das Pessoas colectivas
Pessoas colectivas (A representação compete a respectiva administração/direcção)
Estatutos da pessoa colectiva
Acta de reunião do órgão de direcção.
Representação orgânica das sociedades comerciais
Sociedades comerciais (a representação compete a respectiva
Gerência/Administração):
Certidão do Registo comercial emitida há menos de 1 ano
Actas de reunião dos órgãos sociais que confiram autorização para a outorga do
negócio jurídico.
3.2- REGIME DE SUBSTITUIÇÃO DE RECONHECIMENTO DO ARTIGO 28 DA LEI 1/97;
Como aludimos atrás, o reconhecimento simples ou por semelhança é aquele em
que o Cartório declara que a letra e assinatura ou somente assinatura é
semelhante ao respectivo autógrafo do seu titular, constante no seu bilhete de
identidade ou outro documento equivalente.
No reconhecimento por semelhança, o técnico da repartição notarial nada mais
faz, se não afirmar e atestar a semelhança. É no fundo, o reconhecimento por
comparação da letra e assinatura ou só da assinatura. Por isso é que o nosso
legislador entende dar faculdade ao seu titular de poder substituir o
reconhecimento por semelhança, pela exibição, no acto da apresentação, do seu
bilhete de identidade ou outro documento de igual valor do seu signatário, nos
termos do nº 1, do artigo 28 da Lei nº 1/97 de 17 de Janeiro.
4-AUTENTICAÇÃO
É o acto de estabelecer ou confirmar algo como autêntico, isto é, que reivindica a autoria ou a veracidade de alguma coisa.
O que é termo de autenticação?
É uma declaração de fidedignidade feita por meio de selos ou carimbos, os quais atestam a veracidade de copias ou assinaturas em declarações ou contratos
É o termo lavrado por cima de um documento particular que o torna um documento particular autenticado e que passa a ter a força probatória de um
documento autêntico.
Como aludimos em aulas anteriores, numa visão comum, os documentos escritos podem assumir a natureza de documentos autênticos ou
particulares: São autênticos os exarados com formalidades legais, pelas autoridades públicas, nos limites da sua competência ou, dentro do
círculo da actividade que lhe é atribuída, pelo notário ou outro oficial público provido de fé pública, e os restantes são particulares, vide artigo
263.º do Código Civil.
5- As procurações em geral
Já dissemos anteriormente que o mandante exprime o seu mandato por meio da
procuração, que pode ser particular, quando feita e assinada pelo mandante com
reconhecimento presencial da sua assinatura ou autêntica quando feita por um
Cartório Notarial e assinada presencialmente pelo mandante.
O procurador age em nome e no interesse do representado, ingressando na esfera
jurídica deste os efeitos jurídicos de todos actos praticados por aquele.
O que não acontece quando o mandatário praticar actos que estiver fora dos
limites dos poderes que lhe forem conferidos.
Nas procurações, o normal é que os poderes representativos sejam conferidos no
interesse exclusivo do mandante - o representado.
Mas pode efectivamente acontecer que os poderes conferidos sejam também no
interesse do mandatário, que pode ser o representante ou um terceiro, nestes casos, o
instrumento público deverá ser lavrado em duplicado, cujo original ficará arquivado no
cartório Notarial onde foi lavrado, e não pode ser revogado sem acordo do interessado,
salvo quando haver justa causa, nos termos do nº 3 do artigo 265.º do Código Civil e nº 3
do 127.º do Código do Notariado.
5.1-Espécies de Procurações.
Da analise que se faz no espírito do artigo 127.º, podemos concluir que, quanto as
formalidades e efeitos, e sem prejuízo do mandato meramente particular, que até pode
ser verbal, há quatro espécies de procurações.
-As procurações feitas por instrumentos públicos;
-As procurações feitas por documento escrito e assinado pelo representado, com
reconhecimento presencial;
-As procurações feitas por documentos autênticos;
-A procuração feita por documento assinado, com reconhecimento da assinatura, que na
maior parte das vezes o seu reconhecimento não e presencial, por se tratar de exercício de
poderes de mera administração ou de procurações forenses para constituição de
advogados.
5.1.2- Formas de Extinção das Procurações
1ºAs procurações podem ser extintas de três formas, nomeadamente:
Por revogação:
2ºPor renúncia e;
3ºPor cessação da relação jurídica que lhe serviu de base.
5.3- Substabelecimentos
Como sabemos, o representado pode dar faculdade ao procurados de poder substituir-se por uma
outra pessoa no exercício de parte ou de todos os poderes conferidos no mandato. Esta faculdade de
substabelecer deve constar na própria procuração.
O substabelecimento consiste na substituição da pessoa do mandatário por acto deste e é, usualmente,
Vale lembrar que não pode ser lavrado instrumento de depósito de um testamento, sem que
o mesmo seja previamente cosido e lacrado.
9-Compra e Venda
como sabemos, o contrato de Compra e Venda representa a base de todos contratos de
natureza onerosa que vem previsto no artigo 874.° a 939.° do Código Civil. Não obstante ser
regulado no Código Civil, ele também vem regulado no artigo 463.° a 476.° do Código
Comercial.
O artigo 875.° do nosso Código Civil define a compra e venda como contrato pelo qual se
transmite a propriedade de uma coisa, ou outro direito, mediante um preço. Nesta definição,
encontramos a transmissão correspectiva de duas prestações: a primeira é a transmissão do
direito de propriedade ou de outro direito, e a segunda , o preço.
Em função da sua importância económica, a compra e venda e o tipo de contrato que no
mundo dos negócios jurídicos se tem realizado ou confirmado com a competente atribuição de
fé pública (mediante uma escritura publica ou reconhecimento presencial) nos cartórios
notariais.
É importante realçar que o contrato de compra e venda quando realizado por documento
particular, isto é, mediante o valor do bem ou a natureza da coisa alienada, o seu
reconhecimento só pode ser mediante o reconhecimento presencial das assinaturas.
9-1 Características do Contrato de Compra e Venda
1- É um contrato nominado e típico: porque a lei não só reconhece como categoria jurídica, mas
também estabelece para a compra e venda um regime especifico, quer no âmbito do direito civil ou
no direito comercial;
2-É primordialmente não formal: em regra, o contrato de compra e venda não obedece qualquer
formalismo legal, como se lê no artigo 219.° do Código Civil, não descartando os casos em que a lei
exige que para a conclusão do negócio, a observância de um formalismo especial, como sucede com a
compra e venda de bens imóveis, que a sua celebração tem de ser feita mediante escritura pública;
3- É um contrato consensual: o que significa que o acordo das partes é que determina a formação do
contrato, não dependendo esta nem da entrega da coisa e nem do pagamento do preço;
4- É obrigacional: existe sempre a obrigação para ambas as partes, sendo a obrigação de entregar a
coisa por parte do vendedor e a obrigação de pagar o preço da coisa por parte do comprador;
5- É oneroso: pela existência da contrapartida pecuniária em relação a transmissão dos bens
alienados, importando assim sacrifício económico para ambas as partes.
6- É um contrato sinalagmático: a comprava e venda, por ser oneroso, é também um contrato
sinalagmático: ora vejamos: as obrigações das partes (do vendedor e comprador) constituem-se, tendo
cada uma a sua causa na outra, correspondendo ao sinalagma genético, o que determina que
permaneçam ligados durante a fase da execução do contrato, não podendo uma ser realizada sem outra
o que vai corresponder ao sinalagma funcional;
7- É um contrato, em regra, comutativo, podendo ser nalgumas vezes aleatórias: comutativas, porque
ambas as atribuições patrimoniais se apresentam como certas, não se verificando nem quanto a sua
existência, nem quanto ao seu conteúdo. Porém, em certos casos, a lei admite que a compra e venda
possa funcionar como contrato aleatório, por exemplo na venda de bens futuros, das partes
componentes e integrantes, na venda de bens incertos, nº 2 do artigo 880.° do Código Civil;
8- É um contrato de execução instantânea: pelo facto da obrigação de entrega da coisa vendida, como a
obrigação do pagamento do preço, o seu conteúdo e extensão não ser delimitado em função do tempo.
9.2- Efeitos do Contrato de compra e venda
nos termos do artigo 879.° do Código Civil, a compra e venda apresenta os seguintes
efeitos essenciais:
a) A transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito;
b) A obrigação de entregar a coisa;
b) A obrigação de pagar o preço;
A transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito corresponde ao facto
real, enquanto a obrigação de entregar a coisa e a de pagamento do preço, corresponde
os dois efeitos obrigacionais.
10-Contrato-Promessa
A promessa da realização futura de um contrato-promessa, consiste na convenção pela qual
alguém se obriga a celebrar certo contrato. E, o contrato definitivo ou prometido é aquele cuja
realização se pretende efectivar no futuro, como por exemplo, a compra e venda, sociedade
comercial, locação, permuta, mandato, entre outros contratos.
Os direitos e as obrigações que resultam do contrato-promessa, em regra, são transmissíveis,
através de actos entre vivos, ou por mortis causas.
A regulamentação do contrato-promessa esta previsto em vários artigos do Código Civil,
designadamente: nos artigos 410.° a 413.°, 441.°, 442.°, 755.°, nº. 1, alínea f) e 830.°, ambos do
Código Civil.
10.1- Forma do Contrato-Promessa
Nos termos do nº 1 do artigo 410.° do Código Civil, aplica-se ao contrato-promessa, o
regime aplicável ao contrato prometido. Excepcionalmente, os preceitos que pela sua
razão de ser não devam considera-se-lhes extensivos.
Determina o nº 2, porem, a promessa respeitante à celebração de contrato para o qual a
lei exija documento, quer autêntico, quer particular, só vale se constar de documento
assinado pelos promitentes.
Determina o nº 2, porem, a promessa respeitante à celebração de contrato para o qual a
lei exija documento, quer autêntico, quer particular, só vale se constar de documento
assinado pelos promitentes.
10.2- Eficácia Real do Contrato-Promessa.
O contrato promessa, pela sua natureza, produz efeitos obrigacionais.
Mais, as partes podem atribuir eficácia real a este tipo contratual de transmissão ou
constituição de direitos reais sobre imóveis ou móveis sujeitos a registo, nos termos do
artigo 413.° do Código Civil.
10.2.1- Requisitos
Para atribuição da eficácia real aos contratos-promessa de bens sujeitos a registo, a lei
exige a verificação de alguns requisitos, que passamos a descrever:
a) O contrato-promessa deverá ser feito por meio de uma escritura pública, a não ser
que a lei exija outra formalidade para a realização do contrato definitivo;
b) A promessa será feita por meio de documento particular , com reconhecimento
presencial da assinatura de uma das partes ou de ambas caso seja promessa unilateral
ou bilateral;
c) O documento particular deve conter a declaração expressa das partes, no