Actos Notáriais

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PROGRAMA

I- INTRODUÇÃO
1. Agentes notariais e registais.
1.1- Cartório e Notário
1.1.1- O Cartório Privativo
2- Conservatória e Conservador
2.1- Carácter Público dos registos.
II -ACTOS NOTARIAIS
1 -Actos notariais autenticados
1.1- A situação especial dos reconhecimentos
1.1.1- Classificação dos reconhecimentos;
1.1.1.1- Reconhecimento presencial;
1.1.1. 2- Reconhecimento na qualidade;
1.1.1.3- Reconhecimento da assinatura e letra;
1.1.1.4- Reconhecimento a rogo:
1.1.1.5- Reconhecimento por semelhança;
1.1.15.1- Regime de substituição de reconhecimento do artigo 28 da Lei
1/97;
1.2- Autenticação: os termos de autenticação da procuração;
1.3- Fotocopias:
1.4- Procurações:
1.5- O Carácter autêntico e autenticado da procuração.
2- Actos notarias autênticos
2.1- Os livros:
2.2- Regra da sua execução;
2.3- Faculdade de apresentar minuta;
2.4- Formalismo geral e especial das escrituras;
3- O testamento;
3.1- O instrumento de aprovação.
4- A habilitação de herdeiros;
5 – A compra e venda;
6- O direito de superfície;
7- O arrendamento;
8- A doação;
9- A promessa;
10- As sociedades comerciais;
III- ACTOS AVULSOS
1- Certificados, certidões e públicas- formas
IV- NULIDADES
1- Recusas;
2- Nulidade de actos notariais;
3- Revalidação dos actos;
V- Recurso;
1- Reclamação;
2- Recurso.
INTRODUÇAO
Com elevado apreço acolhi o convite da Delegação Provincial da Ordem dos Advogados
do Uige, para fazer parte deste projecto de capacitação dos ilustres Advogados em
matéria notarial.
Certo que o vosso dever de oficio exige de vós a cognição transversal nos vários
domínios do saber jurídico.
A pratica de actos notarias, ou seja, a actividade notarial, em geral, exige uma busca
incessante de conhecimentos, tanto legais, quanto doutrinais e jurisprudenciais, para o
cabal desempenho das funções que são acometidas aos notários.
Para o presente ciclo formativo, foram elencados temas previamente seleccionados pela
Delegação Provincial da Ordem dos Advogados, e que entendemos serem pertinentes
para o vosso conhecimento.
Não se trata um desenvolvimento acabado dos conteúdos, mais sim, as bases cujo
aprofundamento exigira de vós uma busca constante do saber no ramo do direito dos
registos e notariado.
Auguramos que cada um de vós tenha bom êxito neste primeiro ciclo formativo.
1- AGENTES NOTARIAS E REGISTAIS
Os agentes notariais e registais são profissionais de direito, dotados de fé pública, a
quem é delegado o exercício da actividade notarial e de registos ( São os Notários e os
Conservadores).
O Notário é nos termos do artigo 2.º do C N (Código Notarial) o órgão próprio ou
normal da função notarial, sem embargo de tal função poder ser exercida, a título
excepcional por outros órgãos especiais, previstos no nº 1 do artigo 3.º do Código
Notarial.
1.1- Cartório: refere-se a uma repartição pública ou privada que tem a custódia de
documentos e que lhes da dá fé publica. A palavra “cartório” deriva do latim charta,
mais o sufixo derivado de orius, e significa em sua origem, aquele que lida com
papeis.
Portanto, as instituições públicas onde o Notário exerce as suas funções notariais são
designadas Cartórios Notariais.
1.1.1- O CARTORIO PRIVATIVO
A luz do nosso ordenamento jurídico, o cartório notarial privativo, é regulado pelo
Decreto Executivo nº 338/17, de 12 de Julho, que aprova o regime jurídico dos
cartórios notariais de competência especializada e cartórios notariais privativos.
No seu capitulo III, o artigo 17.° define a natureza dos Cartórios Notariais Privativos,
como sendo serviços externos da Direcção Nacional dos Registos e do Notariado.
Os pressupostos da sua criação, funcionamento, competências e outras regras
inerentes o seu funcionamento, estão previstos nos artigos subsequentes .
2- CONSERVATORIA E CONSERVADOR
Conforme aludimos supra, relativamente ao cartório notarial e Notário, aplica-se a
conservatória e conservador, sendo este o profissional de direito, dotado de fé pública,
a quem é delegado o exercício da actividade de registos ( Conservador), e aquela
instituições públicas onde o Conservador exerce as suas funções de registo,
(Conservatória).
2.1- CARACTER PÚBLICO DOS REGISTOS
O carácter público dos registos está subjacente ao principio da publicidade registal,
segundo o qual, qualquer pessoa pode pedir certidão dos actos de registo e dos
documentos arquivados, bem como obter informações verbais ou escritas sobre o
conteúdo de uns e de outros.
Os registos destinam-se, portanto, a tornar públicas as situações jurídicas.
Os factos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois de registado.
“Principio da oponibilidade a terceiros”.
II- ACTOS NOTARIAS
Antes de abordarmos sobres os actos notarias, interessa previamente aludirmos
sobre a função notarial e suas competências.
A actividade notarial no nosso ordenamento jurídico e regulada pelo Código
Notarial , pela Lei nº1/97, de 17 de Janeiro( Lei da Simplificação e Modernização dos
Registos Predial, Comercial e Serviço Notarial), e demais legislações aplicável.
Nos termos do artigo 1.º do C.N, a função notarial destina-se a dar forma legal e
conferir autenticidade (fé pública) aos actos jurídicos extrajudiciais.
O essencial da função notarial é, assim, face a lei vigente, constituído pela
formalização dos actos jurídicos extrajudiciais, aliada a autenticidade que o notário
lhes imprime por via da fé púbica de que goza e que lhe é conferida pelo Estado, da
qual resulta a força probatória material e formal dos títulos e documentos por ele
exarados.
A função notarial não se esgota nessa actividade autenticadora, cabendo-lhe também
prestar assistência aos particulares, orientando-os com o seu saber a melhor forma
de ajustar a vontade declarada as exigências legais, condicionantes da sua eficácia
jurídica e, consequentemente, da efectiva realização dos objectivos desejados ou
acordados.
1-COMPETÊNCIA DOS NOTÁRIOS
Compete em geral, ao notário redigir o instrumento público conforme a vontade das
partes, a qual deve indagar, interpretar e adequar ao ordenamento jurídico,
esclarecendo-os do seu valor e alcance.
O nº 1 do artigo 5.º, elenca os actos que, em especial, compete ao notário, entre os
quais se destacam: os testamentos públicos, as escrituras, os instrumentos públicos,
os termos de autenticação ou de reconhecimento da autoria da letra e ou da
assinatura, as certidões, públicas-formas e documentos análogos, as fotocópias, etc.
2- DOCUMENTOS NOTARIAIS
Os documentos lavrados pelo notário, ou em que ele intervém, podem ser
autênticos ou autenticados, ou ter apenas reconhecimento notarial.
•São autênticos: os documentos exarados pelo notário nos respectivos livros, ou
em instrumentos avulsos, e os certificados, certidões e outros documentos
análogos por ele expedidos;
•São autenticados: os documentos particulares confirmados pelas partes perante
o notário;
•Tem reconhecimento notarial: os documentos particulares cuja letra e
assinatura, ou cuja assinatura, se mostrem reconhecidas por notário; vide nºs
1,2,3 e 4 do artigo 51.º do Código Notarial.
Os actos ou documentos particulares adquirem a natureza de documentos
autenticados, desde que as partes confirmem o seu conteúdo perante o notário,
vide nº 1, do artigo 162.º do Código do Notariado.
3- RECONHECIMENTOS
Para efeitos notarias, podemos definir o reconhecimento de assinatura, como sendo o
acto pelo qual a repartição notarial declara, mediante um termo de reconhecimento,
que a letra e assinatura ou somente assinatura, pertence a pessoa que se titula no
documento ou representa a entidade que se titula no respectivo documento.
O actual Código Notarial, distingue dois tipos de reconhecimentos: reconhecimento
simples ou por semelhança e o reconhecimento presencial.
O Reconhecimento simples ou por semelhança: é aquele em que o Cartório, declara
que a letra e assinatura ou somente assinatura é semelhante ao respectivo autógrafo
do seu titular, constante no seu bilhete de identidade ou outro documento
equivalente, como se pode ler na alínea b), nº 1 do artigo 64.°, b nº 2 do artigo 165.°
do Código Notarial e nº 2 e 3 do artigo 28 de Lei nº 1/97 de 17 de Janeiro.
Diz-se Presencial, o reconhecimento da letra e assinatura ou somente da assinatura ,
em documentos escrito e assinado ou apenas assinados, na presença do técnico da
repartição notarial ou o reconhecimento simplesmente realizado na presença do seu
titular e confirmado por este, vide nº 3 do artigo 165.°.
3.1- RECONHECIMENTO NA QUALIDADE
Antes de fazermos abordagem sobre o reconhecimento na qualidade, torna-se
imperioso aludirmos sobre a representação nos actos notarias.
.- REPRESENTAÇÃO NOS ACTOS NOTARIAS
a) Representação voluntária:
b) Representação legal;
c) Representação orgânica.
A representação e voluntária: quando o representado atribui ao representante
voluntariamente, determinados poderes representativos exteriorizados numa
declaração negocial que se designa procuração, alínea e) nº 1 do artigo 62.º do CN,
conjugados com artigo 261.º do Código Civil;
A representação e legal, quando visa suprir a incapacidade de exercício de certos
indivíduos; Ex: menores (Poder paternal), interditos, inabilitados (Tutor ou curados);
A representação é orgânica: as pessoas colectivas estão impossibilitadas de exercerem por si os seus direitos, tendo
estes que ser realizados por intermédio de pessoas singulares, que praticam em seu nome e no seu interesse
determinados actos que se vão reflectir na sua esfera jurídica.
Assim, para efeitos notariais, o reconhecimento na qualidade é aquele em que assinatura aposta no documento é
feita atendendo as formas de representação supramencionadas. RECONHECIMENTO DE ASSINATURA A ROGO
Assinatura a rogo: consiste na assinatura do documento por outra pessoa, a seu pedido, diante da situação de não
saber ou puder assinar. O termo “rogo” vem do verbo “rogar” que significa pedir ou suplicar.
A pessoa que assina “a rogo” não e parte no acto e, consequentemente por ele em nada se obriga.
A assinatura feita a rogo só pode ser reconhecida como tal por via do reconhecimento presencial e desde que o
rogante não saiba ou não possa assinar.
O rogo deve ser dado ou confirmado perante o notário, no próprio acto do reconhecimento da assinatura e depois de
lido o documento ao rogante, vide nºs 1 e 2 do artigo 166.°, do Código do Notariado.
ASSINATURAS QUE NÃO PODEM SER RECONHECIDAS
E insusceptível de reconhecimento a assinatura aposta em documento cuja letra não seja facultada ao notário, ou em papel sem
nenhuns dizeres, em documento escrito em língua estrangeira que o notário não domine, ou em documento escrito ou assinado a
lápis.
FORMALISMO DOS INSTRUMENTOS
Denominação do acto
Facultativo
Prático e conveniente para a identificação do negócio jurídico em causa.
Exemplo: compra e venda; doação, partilha, etc.
Data, lugar e hora de realização do acto
Alínea a) do nº 1 do art.º 62.º CN
A falta da menção da data e lugar é causa de nulidade, nos termo da alínea a) do artigo 84.º CN.
Identificação dos outorgantes e representantes
Pessoas singulares:
Nome completo
Estado Civil (solteiro, casado)
Naturalidade
Residência habitual
Nacionalidade (se o outorgante não for Angolano)
Pessoa Colectiva:
Denominação da pessoa colectiva
Sede
Sociedades:
Nome da firma
Tipo societário
Sede social
Matricula
Capital social
Numero da pessoa colectiva.
Verificação da Identidade dos outorgantes
Verificação da Identidade dos outorgantes
Artigo 64.° do CN (Pessoas singulares)
Por conhecimento pessoal;
Pela exibição de documento de identificação;
Cidadãos Angolanos:
Bilhete de Identidade;
Documento equivalente (Ex. Carta de condução ou passaporte).
Cidadãos Estrangeiros:
Passaporte;
Pela declaração de dois abonadores
Verificação da identidade dos outorgantes
Artigo 64.° CN (Pessoas colectivas ou sociedades)
A verificação da identidade dos outorgantes faz-se por prova documental
Exemplo: Apresentação da Certidão do Registo Comercial.
Representação Legal
Nos casos em que os representados sejam menores (tutela e/ ou curatela)
Exibição de documentos que atestam a qualidade de tutor ou curador.
Representação voluntária
Alínea e) do nº 1 do art.º 62.º CN.
Exemplo: Procurações.
Representação Orgânica das Pessoas colectivas
Pessoas colectivas (A representação compete a respectiva administração/direcção)
Estatutos da pessoa colectiva
Acta de reunião do órgão de direcção.
Representação orgânica das sociedades comerciais
Sociedades comerciais (a representação compete a respectiva
Gerência/Administração):
Certidão do Registo comercial emitida há menos de 1 ano
Actas de reunião dos órgãos sociais que confiram autorização para a outorga do
negócio jurídico.
3.2- REGIME DE SUBSTITUIÇÃO DE RECONHECIMENTO DO ARTIGO 28 DA LEI 1/97;
Como aludimos atrás, o reconhecimento simples ou por semelhança é aquele em
que o Cartório declara que a letra e assinatura ou somente assinatura é
semelhante ao respectivo autógrafo do seu titular, constante no seu bilhete de
identidade ou outro documento equivalente.
No reconhecimento por semelhança, o técnico da repartição notarial nada mais
faz, se não afirmar e atestar a semelhança. É no fundo, o reconhecimento por
comparação da letra e assinatura ou só da assinatura. Por isso é que o nosso
legislador entende dar faculdade ao seu titular de poder substituir o
reconhecimento por semelhança, pela exibição, no acto da apresentação, do seu
bilhete de identidade ou outro documento de igual valor do seu signatário, nos
termos do nº 1, do artigo 28 da Lei nº 1/97 de 17 de Janeiro.
4-AUTENTICAÇÃO
É o acto de estabelecer ou confirmar algo como autêntico, isto é, que reivindica a autoria ou a veracidade de alguma coisa.
O que é termo de autenticação?
É uma declaração de fidedignidade feita por meio de selos ou carimbos, os quais atestam a veracidade de copias ou assinaturas em declarações ou contratos
É o termo lavrado por cima de um documento particular que o torna um documento particular autenticado e que passa a ter a força probatória de um
documento autêntico.
Como aludimos em aulas anteriores, numa visão comum, os documentos escritos podem assumir a natureza de documentos autênticos ou
particulares: São autênticos os exarados com formalidades legais, pelas autoridades públicas, nos limites da sua competência ou, dentro do
círculo da actividade que lhe é atribuída, pelo notário ou outro oficial público provido de fé pública, e os restantes são particulares, vide artigo
263.º do Código Civil.
5- As procurações em geral
Já dissemos anteriormente que o mandante exprime o seu mandato por meio da
procuração, que pode ser particular, quando feita e assinada pelo mandante com
reconhecimento presencial da sua assinatura ou autêntica quando feita por um
Cartório Notarial e assinada presencialmente pelo mandante.
O procurador age em nome e no interesse do representado, ingressando na esfera
jurídica deste os efeitos jurídicos de todos actos praticados por aquele.
O que não acontece quando o mandatário praticar actos que estiver fora dos
limites dos poderes que lhe forem conferidos.
Nas procurações, o normal é que os poderes representativos sejam conferidos no
interesse exclusivo do mandante - o representado.
Mas pode efectivamente acontecer que os poderes conferidos sejam também no
interesse do mandatário, que pode ser o representante ou um terceiro, nestes casos, o
instrumento público deverá ser lavrado em duplicado, cujo original ficará arquivado no
cartório Notarial onde foi lavrado, e não pode ser revogado sem acordo do interessado,
salvo quando haver justa causa, nos termos do nº 3 do artigo 265.º do Código Civil e nº 3
do 127.º do Código do Notariado.
5.1-Espécies de Procurações.
Da analise que se faz no espírito do artigo 127.º, podemos concluir que, quanto as
formalidades e efeitos, e sem prejuízo do mandato meramente particular, que até pode
ser verbal, há quatro espécies de procurações.
-As procurações feitas por instrumentos públicos;
-As procurações feitas por documento escrito e assinado pelo representado, com
reconhecimento presencial;
-As procurações feitas por documentos autênticos;
-A procuração feita por documento assinado, com reconhecimento da assinatura, que na
maior parte das vezes o seu reconhecimento não e presencial, por se tratar de exercício de
poderes de mera administração ou de procurações forenses para constituição de
advogados.
5.1.2- Formas de Extinção das Procurações
1ºAs procurações podem ser extintas de três formas, nomeadamente:
Por revogação:
2ºPor renúncia e;
3ºPor cessação da relação jurídica que lhe serviu de base.
5.3- Substabelecimentos
Como sabemos, o representado pode dar faculdade ao procurados de poder substituir-se por uma
outra pessoa no exercício de parte ou de todos os poderes conferidos no mandato. Esta faculdade de
substabelecer deve constar na própria procuração.
O substabelecimento consiste na substituição da pessoa do mandatário por acto deste e é, usualmente,

designado por substabelecimento de poderes.


Ex: Macuntima Kiala, pelo presente instrumento constitui como seu bastante
procurador o senhor Mpelende Ambrosio, “a quem confere poderes para o
representar (…….) com a faculdade de substabelecer……”
Nota:
Inicialmente, a substituição do mandato é proibido, exactamente porque quando
alguém escolhe certa pessoa para o representar na prática de certo acto, é porque
reconhece nela as qualidade necessárias para realização cabal do mandato, como se
fosse o mandante.
Entretanto, o nosso Código Civil só admite o substabelecimento de poderes nos casos
previstos no artigo 264.º nº 1:
1º Se o representado permitir;
2º Se a faculdade do substabelecimento resultar do conteúdo da procuração;
3º Se resultar da relação jurídica que a determina.
A luz do nº 4 do artigo 127.º, o substabelecimento observa a mesma formalidade
exigida para a procuração.
5.4- O Carácter Autêntico e Autenticado da Procuração
Como já aludimos, são autênticos os documentos exarados pelo notário nos respectivos livros, ou em
instrumentos avulsos, os certificados, certidões e outros documentos análogos por ele expedidos; e
autenticados: os documentos particulares confirmados pelas partes perante o notário.
Do exposto, pode-se depreender que, a procuração reveste o carácter autêntico, quando
exarado pelo notário por instrumento público; e autenticada, quando confirmado o seu
conteúdo perante o notário e por sua vez reconhece a assinatura nela posta.
Dispõe o nº 1 do artigo 162.° do código do Notariado, os documentos particulares adquirem a
natureza de documentos autenticados, desde que as partes confirmem o seu conteúdo perante
o notário.
6- Os livros
Dispõe o nº 1 do artigo 10.° do Código especialmente destinados a actos
notariais, haverá, em cada cartório, os livros seguintes:
a) Livro de notas para testamentos públicos e para escrituras de revogação de
testamentos;
b)Livro de notas para escrituras diversas;
c) Livro de sinais;
d)Livro de protestos de títulos de créditos ;
e) Livro de registos do actos lavrados no livro indicado na alínea a) e dos
instrumentos de aprovação ou deposito de testamentos cerrados;
f) Livro de registo de escrituras diversas;
g) Livro de registo de outros instrumentos avulsos e de documentos que os
interessados pretendam arquivar;
h) Livro de registo de contas de emolumentos e selos.
Nos termos do nº 1. do artigo 12.° do Código do Notariado, Alem dos livros dos actos notariais,
haverá em cada cartório os livros seguintes:
a) Livro de inventario do cartório;
b) livro de autos de posse do pessoal auxiliar;
c) Livro de ponto
6.1- Regra da sua Execução
Numeração e identificação dos livros artigo 31.° do C.N
1- todos os livros tem um numero de ordem, sendo a numeração privativa de cada
espécie de livros.
2- Quando se trata de livros desdobrados, a cada livro corresponde uma letra por ordem
alfabética, devendo a numeração ser privativa dos livros identificados com a mesma letra.
Encadernação dos livros, artigo 32.° do C.N.
1- Os livros devem ser encadernados antes de serem utilizados.
2- Os livros de notas para escrituras diversas e bem assim o livro a que se refere a alínea f)
do nº 1 do artigo 1.° podem ser formados por fascículos ou folhas soltas, os
quais devem ser encadernados depois de utilizados, em volume com máximo de 100 folhas.
Dispõe o nº 4 do artigo supra, compete a Direcção Nacional dos Registos e Notariado determinar os requisitos a
que deve obedecer a encadernação dos livros.
Legalização de livros, artigo 33.° do C.N.
1- Nenhum livro pode entrar ao serviço sem ser previamente legalizado.
2- A legalização consiste no preenchimento dos termos de abertura e enceramento, que serão
lançados na primeira e na última folha, na rubrica das folhas restantes e na numeração de todas elas.
3- Se o livro for formado por folhas soltas, o termo de abertura e encerramento e executado quando
o livro se completar, fazendo-se a rubrica e a numeração das folhas à medida que for necessário
utiliza-las.
4- A numeração das folhas deve ser precedida, em cada uma delas, da letra e do número de ordem
do livro a que respeitam.
Competência para legalização, artigo 36.° do C.N.
1- a legalização dos livros compete ao Notário.
2- A assinatura dos termos e a rubrica das folhas são também feitas pelo Notário.
7- Formalismo geral e especial das escrituras.
Quantos ao formalismo geral e especial das escritura, obedecem os requisitos
previstos na Subsecção I da Secção II, nos seus artigos nos artigos 62.° e 63.° e
seguintes do Código do Notariado.
Depõe o nº 1 do artigo 62. ° do Código do Notariado, os instrumentos notariais devem
conter:
a) A designação do mês, dia, ano e lugar em que for lavrado e assinado;
b) O nome completo do funcionário que o lavrou, a menção da respectiva qualidade, e
a designação da repartição a que pertence;
c) O nome completo, estado, naturalidade e residência habitual dos outorgantes, bem
como das pessoas singulares por estes representadas, as denominações das pessoas
colectivas e as denominações ou firmas das sociedades que os outros outorgantes
representam com a indicação das suas sedes;
d) Referência a forma como foi verificada a identidade dos outorgantes;
e) A menção das procurações e dos documentos relativos ao instrumento, que
justifiquem a qualidade de procuradores e de representantes, com expressa alusão a
verificação dos poderes necessários para o acto; a menção de todos os documentos
que ficam arquivados, mediante a referencia a esta circunstancia, acompanhada da
indicação da natureza do documento, e, ainda, tratando-se de conhecimento de sisa,
dos respectivos números, data e repartição emitente; a menção dos documentos
apenas exibidos pele indicação na natureza, repartição emitente e data da expedição;
f) O nome completo, estado e residência habitual das pessoas que devam intervir
como abonadores, intérpretes, peritos -médicos, testemunhas e leitores;
g) A referencia ao juramento ou compromisso de honra dos interpretes, peritos ou
leitores, quando os houver, com a indicação dos motivos que determinaram a sua
intervenção;
h) As declarações correspondentes ao cumprimento das demais formalidades exigidas
pela verificação dos casos previstos no artigo 79.º e 80.º;
i) A menção de haver sido feita aos outorgantes, em voz alta e na presença simultânea de
todos os intervenientes, a leitura do instrumento lavrado e a explicação do seu conteúdo;
j) A indicação dos outorgantes que não assinam e a declaração, que cada um deles faça,
de que não assina por não saber ou por não poder faze-lo;
l) As assinaturas, em seguida ao contexto dos outorgantes que possam e saibam assinar,
bem como de todos os outros intervenientes, e a assinatura do funcionário, que será a
última do instrumento.
2- Se no acto intervir um substituto legal, no impedimento ou falta do notário, indicar-se-
á o motivo da substituição.
3- nas escrituras de repudio deve ser mencionado, em especial, se o repudiante tem
ascendente.
4- Se algum dos outorgantes não for angolano, far-se-á constar da sua identificação a
nacionalidade, salvo se ele intervier na qualidade de representante legal ou voluntario, ou
na declaração em escritura de habilitação ou justificação notarial.
Menções especiais, artigo 63.° do C.N
1- O instrumento destinado a titular actos sujeitos a registo deve conter em especial:
a) Se algum outorgante for casado, a menção do nome completo do outro cônjuge e
do respectivo regime matrimonial de bens;
b) Se respeitar a actos sujeito a registo predial ou comercial obrigatório, a advertência
de que o registo deve ser requerido no prazo de três meses;
2- O disposto na alínea a) do número anterior não e aplicável aos declarantes nas
escrituras de habilitação de herdeiros ou de justificação, nem, de um modo geral, ao
outorgante que intervêm na qualidade de representante legal ou voluntário.
3- O instrumento de procuração com poderes para a outorga de actos sujeitos a
registo deve conter as menções exigidas na alínea a) do nº 1, e a escritura de
habilitação deve conter as mesmas menções , relativamente ao autor da herança e aos
habilitados.
4- No instrumento de constituição de sociedade comercial, de mudança de firma ou
denominação e de mudança de sede de sociedade com firma para conselho diferente
deve ser mencionada a apresentação do documento, passado com antecedência não
superior a três meses, comprovativo de que a firma ou denominação adoptada não é
susceptível de confusão com outra já registada.
5- O testamento publico, o instrumento de aprovação de testamento cerrado e a
escritura de revogação de testamento devem conter, como menção especial, os nomes
completos dos pais do testador.
7.1-Intervenientes acidentais
Actos com intervenção de outorgantes que não compreendam a língua portuguesa
artigo 79.° do C.N
Intervenientes Acidentais.
Abonadores;
Interpretes e leitores;
Peritos médicos;
Testemunhas (testamentos)
Há indivíduos que, tendo a plenitude da sua capacidade jurídica, todavia lhes e vedada
a possibilidade de, livremente, exprimirem a sua vontade, que por não conhecerem a
língua portuguesa ou outra incapacidade que a lei reconhece. Como e o caso dos
estrangeiros que não falam, nem consigam ler em português, os surdos, os mudos, os
surdos-mudos e cegos. Pelo facto de os outorgantes não conhecerem a língua
portuguesa não podem estar inibidos de contratar e intervir em actos formais ou
solenes.
Da mesma forma, os impossibilitados, organicamente, de exprimir a sua vontade,
desde que fosse possível, como e, constata-la.
A lei permite que eles contratem, outorguem dentro de certos moldes e preceitos. Os
actos e contratos em que tais indivíduos intervêm têm, portanto, de obedecer as
formalidades especiais previstas nos termos dos artigos 79.º e 80.º, sob pena de tais
actos serem considerados nulos.
Assim, estabelece o nº 1 do artigo 79.º do CN, quando algum outorgante não
compreenda a língua portuguesa, intervirá como ele um intérprete a sua escolha, o
qual transmitirá, verbalmente, a tradução do instrumento ao outorgante e a
declaração de vontade ao notário.
Se houver mais de um outorgante, e não for possível encontrar uma língua que todos
compreendam, intervirão os intérpretes que forem necessários; nº 2 do artigo 79.º.
A intervenção do intérpretes não e necessário se o notário dominar a língua dos
outorgantes a ponto de lhes fazer a tradução verbal do instrumento; nº 3 do artigo
79.º.
7.2- Actos notarias em especial.
7.2.1- Escrituras Publicas em geral
O Código Notariado, no seu artigo 89.º do C. N, especifica os actos que devem ser
celebrados por escritura pública, não obstante a existência de outros, especialmente
previstos na lei, que abaixo passamos a mencionar:
1º Os actos que importam reconhecimento, constituição, aquisição, modificação,
divisão ou extinção dos direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação, enfiteuse,
superfície ou de servidão sobre coisas imóveis;
2º Os actos que importem revogação, rectificação, ou alteração de negócio que, por
força da lei ou por vontade das partes, tenham optado em celebrar o acto por via de
uma escritura pública, sem prejuízo do disposto nos artigos 221.º e 222.º do Código
Civil;
3º Os actos de constituição, modificação e distrate de hipoteca voluntária ou de
consignação de rendimentos, e de fixação ou alteração de prestações mensais de
alimentos, quando onerem coisas imóveis;
4º Os actos de alienação ou repúdio de herança, ou de legado, de que façam parte
coisas imóveis;
5º Os actos de transformação de sociedade entre tipos diferentes;
6º Os actos de constituição, modificação, dissolução ou liquidação das sociedades
civis, em que entrem coisas imóveis;
7º As fundações, os actos de constituição de sociedades em que haja participação de
entradas em imóveis, ou embora não haja participação de entrada em imóveis mas, os
interessados entendam celebrar por via de escritura pública, factos aplicáveis nas
alterações do pacto social;
8º A cessão de hipoteca ou do grau de prioridade de seu registo, a extinção da
garantia hipotecária e a cessão ou penhor de créditos hipotecários;
9º A divisão, a cessão e o penhor de quotas de sociedades por quotas se os sócios
assim entenderem ou contra a vontade dos sócios, desde que entrem participações de
coisas imóveis;
10º O arrendamento para comércio, indústria ou profissão liberal e os arrendamentos
sujeitos a registo;
11º Os negócios de transmissão de propriedade de estabelecimentos comerciais ou
industriais, os que tenham por objecto o gozo destes e os de sublocação ou cessão do
direito ao arrendamento dos prédios destinados a esses estabelecimentos ou ao
exercício de profissão liberal;
12º O contrato de promessa de alienação ou oneração de coisas imóveis ou móveis
sujeitos a registo, e o pacto de preferência respeitante a bens das mesmas espécies,
quando as partes lhes queiram atribuir eficácia real;
13º O contrato de renda perpétua, e o de renda vitalícia se a coisa ou direito alienado
for imóvel ou de valor superior a vinte mil Kwanzas;
14º O contrato de mútuo de valor superior a três mil (3.000) UCF;
15º A habilitação e justificação notarial;
16º A partilha de coisas imóveis ou de quotas de sociedades de que façam parte coisas
imóveis.
1.2.2- Escrituras especiais
1.2.2.1- Habilitação notarial
Habilitação Notarial.
Nos termos do nº 1 do artigo 91.º do Código Notariado, a habilitação de herdeiros
pode ser feita por via notarial quando:
a) Quando não houver lugar a inventário obrigatório;
b) Quando, embora haja herdeiros menores ou equiparados, não façam parte da
herança bens em território angolano.
Habilitação notarial consiste na declaração, feita em escritura pública por três pessoas
que o notário considere dignas de crédito, de que os habilitados são herdeiros do
falecido e não há quem lhes prefira na sucessão ou quem concorra com eles.
Idoneidade dos declarantes, artigo 93.° do C.N
Não são admitidos como declarantes aqueles que não podem ser testemunhas
instrumentais, nem os parentes sucessíveis dos habilitados, nem o cônjuge de
qualquer deles.
Documentos necessários, artigo 95.° do C.N
A escritura de habilitação de herdeiros deve ser instruída com os seguintes
documentos:
a) Certidão de óbito, de narrativa completa, do autor da herança;
b) Certidão de teor do testamento ou da escritura de doação por morte, quando a
sucessão, no todo ou em parte, se funde em algum destes actos;
c) Documentos justificativos de sucessão legitima, quando nesta se fundamente a
qualidade de herdeiros de algum dos habilitados.
Efeitos da habilitação, artigo 96.° do C.N
A habilitação notarial tem os mesmos efeitos da habilitação judicial e é titulo bastante para
que se possam fazer em comum, a requerimento e a favor de todos os habilitados e do
cônjuge meeiro, os seguintes actos:
a) Registos nas conservatórias do registo predial;
b) Registos nas conservatórias do registo comercial e da propriedade automóvel;
c) Averbamentos de títulos de credito e levantamento de dinheiro e de outros valores;
d)Averbamentos da transmissão de direitos de propriedade literária, científica, artística ou
industrial.
Impugnação da habilitação, artigo 98.° do C.N
1- O herdeiro preterido que pretenda impugnar a habilitação notarial, além de
propor a acção nos termos da lei do processo civil, deve solicitar ao tribunal a
imediata comunicação da pendência do processo a repartição notarial.
2- Havendo impugnação, as certidões da escritura de habilitação só podem ser
passadas depois de averbada a decisão definitiva da acção.
8- Testamento
Como é do nosso conhecimento, a sucessão testamentaria é uma das mais importantes
formas de vocação sucessória.
A sucessão testamentaria consiste no chamamento à sucessão dos herdeiros
testamentários.
Segundo o artigo 2179.° do Código Civil, diz-se testamento o acto unilateral e
revogável, pelo que uma pessoa dispõe para depois da morte, de todos os seus bens ou
parte deles.
8.1- Carácter real da vontade do testador
É considerado nulo, todo testamento em que o testador não tenha exprimido e
cumprido claramente a sua vontade, mais apenas por sinais ou monossílabos, em
resposta a pergunta que lhe fossem feitas. O que quer dizer que a vontade do testador
não pode ser presumida e nem dissimulada. É pois um acto pessoal por determinação
da lei.
O testamento é livremente revogável, é uma das suas principais características é pois, a revogabilidade. Não
pode o testador renunciar à faculdade de revogar, no todo ou em parte o seu testamento. Pelo que considera-
se não escritas toda e qualquer cláusula que contrarie a faculdade do testador revogar o testamento.
Nos termos do artigo 2312.° do Código Civil, a revogação é feita por intermédio de um outro testamento ou
em escritura pública.
Interessa sublinhar, o que os notários devem ter o máximo cuidado na sua actuação, dado o facto de que as
pessoas que não sabem ler ou não poderem ler, não podem dispor em testamento cerrado, como se pode
depreender do artigo 2.208.° do Código Civil e alínea b), nº 2 do artigo 116.° do Código do Notariado;
exactamente, para se ter a certeza de que as disposições contidas no testamento cerrado correspondem à
vontade do testador.
A ser assim, pessoas que não sabem ler ou não podem ler, poderão fazer o testamento público, onde o
testador poderá exprimir a sua vontade verbalmente e o notário vai exarar a escritura pública no seu livro de
notas ou no aplicativo informático, nos termo do artigo 2.205.° do Código Civil.
8.2-Forma do testamento
À luz do código civil, o testamento pode revestir duas formas: Formas comuns, previstas no
artigo 2204.° e Formas especiais, nos termos do artigo 2210.° do mesmo diploma legal.
Obedecem à forma comum os testamentos públicos e os cerrados; seguem a forma especiais, os
testamentos militares (que tanto podem ser testamentos militares públicos e testamento militar
cerrado) e de pessoas equiparadas, os feitos a bordo de navio e de aeronaves e os lavrados em
casos de calamidades públicas por quem estiver inibido de se socorrer das formas comuns de
testamento, feito por cidadão angolano em pais estrangeiro.
O que caracteriza o testamento público é o facto de ser exarado pelo notário nos livros de notas
ou no sistema informático; já o testamento cerrado e um acto executado pessoalmente pelo
testador ou por outra pessoa a seu pedido, intervindo o notário em momentos posteriores para
sua aprovação , ou melhor, para lhe dar autenticidade e para que possa produzir os seus efeitos
com a máxima plenitude.
Diante do exposto, o testamento cerrado deve ser manuscrito “ não é possível aprova-lo se ele se
encontrar em outro sistema gráfico” pelo que, as ressalvas de emendas, rasuras, traços, entrelinhas,
borrões ou notas marginais é feita exclusivamente pelo testador ou por quem tiver escrito o
testamento, isto é faz-se antes de se rubricar as folhas e assinar o respectivo testamento, como prevê
nº 3 do artigo 2206.° do código civil, alínea d), nº 2 do artigo 116.° e 118.° do Código do Notariado.
Por outro lado, só a pedido do testador e que o testamento cerrado pode ser lido pelo notário que
lavrou o instrumento de aprovação, e na presença de algum dos intervenientes além do próprio
testador se este o autorizar.
8.3-Forma de Revogação do Testamento :
Já referimos anteriormente, que uma das principais características do testamento é a revogabilidade.
O testador tem a faculdade de revogar a todo tempo o testamento, quer seja de forma expressa,
quando é feita por outro testamento ou por escritura pública; e tácita, quando um testamento
posterior que não revogue expressamente o anterior, o venha revogar quando for incompatível com
ele.
8.4- O instrumento de aprovação
Nos termo do artigo 116.°, na aprovação dos testamentos cerrados apresentado
pelo testador para fins de aprovação, o notário deverá lavrar o respectivo
instrumento, que principiará logo em seguida à aposta no testamento, que deve
obedecer, em especial o seguinte formalismo:
a) Que o escrito apresentado contém as suas disposições de última vontade;
b) que está escrito e assinado por ele, ou escrito por outrem, a seu rogo, e somente
assinado por si, ou que está escrito e assinado por outrem, a seu rogo, visto ele não
poder ou não saber assinar;
c)Que o testamento não contém palavras emendadas, truncadas, escritas sobre
rasuras ou entrelinhas, borrões ou notas marginais, ou no caso de as ter, que estão
devidamente ressalvadas;
d) Que todas as folhas, com excepção da assinada, estão devidamente rubricada por
quem assinou o testamento;
Não obstante as declarações, o instrumento deve conter outras menções feitas pelo notário,
nomeadamente o número de páginas completas, e de linhas de alguma página incompleta,
ocupada pelo testamento, e bem assim, no caso de o testamento não ter sido escrito pelo
testador, que este aprovou, perante si, saber e poder ler.
As folhas do testamento serão rubricadas pelo notário e se o testador o solicitar, o testamento
será ainda, com o instrumento de aprovação, cosido e lacrado pelo notário, que porá sobre o
lacre o seu sinete. E na face exterior da folha que serve de invólucro, será lançada uma nota
com indicação da pessoa a quem o testamento pertence.
Se o testador quiser depositar na respectiva repartição notarial o seu testamento cerrado,
deverá proceder a entrega pessoalmente ao notário e este poderá emitir um instrumento de
aprovação, com a data e referência do registo, a qual pode vir a ser de maior utilidade para
identificar o testamento no acto do seu levantamento e abertura.

Vale lembrar que não pode ser lavrado instrumento de depósito de um testamento, sem que
o mesmo seja previamente cosido e lacrado.
9-Compra e Venda
como sabemos, o contrato de Compra e Venda representa a base de todos contratos de
natureza onerosa que vem previsto no artigo 874.° a 939.° do Código Civil. Não obstante ser
regulado no Código Civil, ele também vem regulado no artigo 463.° a 476.° do Código
Comercial.
O artigo 875.° do nosso Código Civil define a compra e venda como contrato pelo qual se
transmite a propriedade de uma coisa, ou outro direito, mediante um preço. Nesta definição,
encontramos a transmissão correspectiva de duas prestações: a primeira é a transmissão do
direito de propriedade ou de outro direito, e a segunda , o preço.
Em função da sua importância económica, a compra e venda e o tipo de contrato que no
mundo dos negócios jurídicos se tem realizado ou confirmado com a competente atribuição de
fé pública (mediante uma escritura publica ou reconhecimento presencial) nos cartórios
notariais.
É importante realçar que o contrato de compra e venda quando realizado por documento
particular, isto é, mediante o valor do bem ou a natureza da coisa alienada, o seu
reconhecimento só pode ser mediante o reconhecimento presencial das assinaturas.
9-1 Características do Contrato de Compra e Venda
1- É um contrato nominado e típico: porque a lei não só reconhece como categoria jurídica, mas
também estabelece para a compra e venda um regime especifico, quer no âmbito do direito civil ou
no direito comercial;
2-É primordialmente não formal: em regra, o contrato de compra e venda não obedece qualquer
formalismo legal, como se lê no artigo 219.° do Código Civil, não descartando os casos em que a lei
exige que para a conclusão do negócio, a observância de um formalismo especial, como sucede com a
compra e venda de bens imóveis, que a sua celebração tem de ser feita mediante escritura pública;
3- É um contrato consensual: o que significa que o acordo das partes é que determina a formação do
contrato, não dependendo esta nem da entrega da coisa e nem do pagamento do preço;
4- É obrigacional: existe sempre a obrigação para ambas as partes, sendo a obrigação de entregar a
coisa por parte do vendedor e a obrigação de pagar o preço da coisa por parte do comprador;
5- É oneroso: pela existência da contrapartida pecuniária em relação a transmissão dos bens
alienados, importando assim sacrifício económico para ambas as partes.
6- É um contrato sinalagmático: a comprava e venda, por ser oneroso, é também um contrato
sinalagmático: ora vejamos: as obrigações das partes (do vendedor e comprador) constituem-se, tendo
cada uma a sua causa na outra, correspondendo ao sinalagma genético, o que determina que
permaneçam ligados durante a fase da execução do contrato, não podendo uma ser realizada sem outra
o que vai corresponder ao sinalagma funcional;
7- É um contrato, em regra, comutativo, podendo ser nalgumas vezes aleatórias: comutativas, porque
ambas as atribuições patrimoniais se apresentam como certas, não se verificando nem quanto a sua
existência, nem quanto ao seu conteúdo. Porém, em certos casos, a lei admite que a compra e venda
possa funcionar como contrato aleatório, por exemplo na venda de bens futuros, das partes
componentes e integrantes, na venda de bens incertos, nº 2 do artigo 880.° do Código Civil;
8- É um contrato de execução instantânea: pelo facto da obrigação de entrega da coisa vendida, como a
obrigação do pagamento do preço, o seu conteúdo e extensão não ser delimitado em função do tempo.
9.2- Efeitos do Contrato de compra e venda
nos termos do artigo 879.° do Código Civil, a compra e venda apresenta os seguintes
efeitos essenciais:
a) A transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito;
b) A obrigação de entregar a coisa;
b) A obrigação de pagar o preço;
A transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito corresponde ao facto
real, enquanto a obrigação de entregar a coisa e a de pagamento do preço, corresponde
os dois efeitos obrigacionais.
10-Contrato-Promessa
A promessa da realização futura de um contrato-promessa, consiste na convenção pela qual
alguém se obriga a celebrar certo contrato. E, o contrato definitivo ou prometido é aquele cuja
realização se pretende efectivar no futuro, como por exemplo, a compra e venda, sociedade
comercial, locação, permuta, mandato, entre outros contratos.
Os direitos e as obrigações que resultam do contrato-promessa, em regra, são transmissíveis,
através de actos entre vivos, ou por mortis causas.
A regulamentação do contrato-promessa esta previsto em vários artigos do Código Civil,
designadamente: nos artigos 410.° a 413.°, 441.°, 442.°, 755.°, nº. 1, alínea f) e 830.°, ambos do
Código Civil.
10.1- Forma do Contrato-Promessa
Nos termos do nº 1 do artigo 410.° do Código Civil, aplica-se ao contrato-promessa, o
regime aplicável ao contrato prometido. Excepcionalmente, os preceitos que pela sua
razão de ser não devam considera-se-lhes extensivos.
Determina o nº 2, porem, a promessa respeitante à celebração de contrato para o qual a
lei exija documento, quer autêntico, quer particular, só vale se constar de documento
assinado pelos promitentes.
Determina o nº 2, porem, a promessa respeitante à celebração de contrato para o qual a
lei exija documento, quer autêntico, quer particular, só vale se constar de documento
assinado pelos promitentes.
10.2- Eficácia Real do Contrato-Promessa.
O contrato promessa, pela sua natureza, produz efeitos obrigacionais.
Mais, as partes podem atribuir eficácia real a este tipo contratual de transmissão ou
constituição de direitos reais sobre imóveis ou móveis sujeitos a registo, nos termos do
artigo 413.° do Código Civil.
10.2.1- Requisitos
Para atribuição da eficácia real aos contratos-promessa de bens sujeitos a registo, a lei
exige a verificação de alguns requisitos, que passamos a descrever:
a) O contrato-promessa deverá ser feito por meio de uma escritura pública, a não ser
que a lei exija outra formalidade para a realização do contrato definitivo;
b) A promessa será feita por meio de documento particular , com reconhecimento
presencial da assinatura de uma das partes ou de ambas caso seja promessa unilateral
ou bilateral;
c) O documento particular deve conter a declaração expressa das partes, no

sente de se atribuir ao contrato-promessa eficácia real;


d) Tratando-se de promessa de imóveis ou móveis sujeitos a registo, devera
ser inscrita na Conservatória dos Registos competente, nos termos do artigo
413.° do Código Civil.
O incumprimento do Contrato-Promessa e regulado pelas disposições dos
artigos 827°. a 830°. do Código Civil.

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