Aula 4 - Síndrome Do Intestino Curto e SII

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SÍNDROME DO

INTESTINO CURTO E
SÍNDROME DO CÓLON
IRRITÁVEL

Profª Dra. Marilyn Ferreira


Me. Paula Ruffoni Moreira
Disciplina: Dietoterapia II
Introdução
É um estado clínico de má-absorção intestinal secundário à perda da superfície mucosa
funcionante, em consequência de ressecção cirúrgica (ex. doença de Crohn), derivações
do trânsito intestinal, como no caso de fístulas e cirurgia bariátrica, ou por perda das
células mucosas (enterócitos) devido a infecção, isquemia, quimio e/ou radioterapia.

Pode ser caracterizada por causa anatômica ou funcional.

Envolve o comprimento do intestino ou a sua fisiologia primária,


levando à dificuldade de absorção, que pode ser compensada
pela hiperfagia e por adaptações estruturais e metabólicas do intestino.

Intestinal failure: a review. F1000Res. 2018 Jan 18;7:85


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Principais causas
a) obstrutivas, sem estenose; cujo tratamento é clínico - pseudo-obstrução intestinal; com
estenose (s) de tratamento cirúrgico – tumor, enterite actínica;

b) má-absorção – fístulas: cirúrgica – pós-operatórias específicas; intestino curto: causas


alternativas – isquemia, doença de Crohn;

c) outras: clínica – atrofia de vilosidades, síndrome de imunodeficiência adquirida

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Falência intestinal
A falência intestinal se estabelece consequente às deficiências absortivas dos
macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) e dos micronutrientes (água,
eletrólitos, vitaminas e minerais), cujas necessidades diárias não poderão ser atingidas pela
alimentação oral ou pela nutrição enteral. Esse estado clínico torna inevitável a
dependência da terapia nutricional parenteral (TNP) para a manutenção do equilíbrio
nutricional, da composição e da função corporal, e da saúde

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Complicações
• Déficit de crescimento (criança não ganha peso)
• Desidratação (perdas fecais hidroeletrolíticas)
• Deficiências vitamínicas resultantes de má-absorção intestinal
• Úlceras causadas por excesso de ácido no estômago
• Proliferação excessiva de bactérias em regiões dilatadas do intestino
• Cálculos biliar ou renal, devido a pouca absorção de cálcio ou bile
• Caracterizada por quadro de má-absorção intestinal

Pacientes podem ter complicações causadas pela má-absorção de vitaminas (A, B9,
B12, D, E, K) e minerais (cálcio, ferro, magnésio e zinco)

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Complicações
• Intensidade da má-absorção com reflexo sobre o estado nutricional,
dependerá do comprimento e do local da ressecção intestinal ou da área
intestinal acometida

• A perda de peso é resultado da deficiência em atingir as necessidades


energéticas plenas secundárias à má-absorção

• Dependerá diretamente do processo de adaptação intestinal e do balanço


entre ingestão e absorção efetiva

• Este aspecto irá definir o estado nutricional do paciente e caracterizar a


insuficiência ou falência intestinal

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Complicações
A intensidade da má-absorção, na presença de intestino curto, inflamado ou hipo ou
aperistáltico caracterizará a falência intestinal propriamente dita.

O prognóstico do paciente com SIC depende:

• Ingestão alimentar
• Grau de má-absorção
• Capacidade funcional
• Adaptação do intestino remanescente

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Comprimento crítico de intestino
remanescente capaz de evitar a
dependência permanente da TNP:

• > 35 cm nos pacientes com


anastomose jejunoileal;
• > 60 cm nos pacientes com
anastomose jejunocólica;
• > 115 cm nos pacientes com
jejunostomia terminal

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Tratamento
• A dieta (otimizar a absorção intestinal)
• Cirurgia (incluindo alongamento intestinal e transplante de intestino delgado)
• Terapia medicamentosa (anti-diarréicos)
• Terapia Nutricional

Na fase aguda, devido perdas hidroeletrolíticas e distúrbios metabólicos, a maioria dos


pacientes necessita da TNP

Após a fase aguda, a terapia nutricional enteral deve ser iniciada assim que possível, pois a
presença de alimentos no lúmen intestinal favorece a adaptação intestinal

Suporte nutricional por via oral ou sonda nasoenteral deve ser iniciado assim que as perdas
fecais estiverem controladas

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Terapia nutricional
• TN indicada assim que atinge a estabilidade hemodinâmica após a
operação de ressecção intestinal.

• Nesta fase aguda, devido às perdas hidroeletrolíticas e distúrbios metabólicos, a maioria


dos pacientes necessita da TNP.

• Após a fase aguda, a TNE deve ser iniciada assim que possível, pois a presença de
alimentos no lúmen intestinal favorece a adaptação intestinal.

• Com a progressão da adaptação intestinal e, quando a ingestão oral não for suficiente
para atingir as necessidades nutricionais, a TNE pode ser mantida com o intuito de
otimizar o fornecimento nutricional por via digestiva.
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Terapia nutricional

• A maioria dos pacientes com ressecções intestinais


amplas, e conseqüente SIC, necessitará da TNP

• TNP - sete a dez dias, podendo durar até um ou mais


meses
Período da transição nutricional
Dieta oral deverá ser oferecida em pequenas
porções
Evoluir de líquidos a sólidos

• TNP será reduzida gradativamente com a diminuição


da diarréia e o incremento da TNE/VO

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Terapia nutricional - Objetivos
• Manter o estado nutricional adequado com a administração de substratos energéticos,
protéicos, eletrólitos (cloreto, fósforo, magnésio, potássio, sódio), elementos
traços/micronutrientes e água

• Favorecer a adaptação intestinal nas situações de ressecção intestinal

• Minimizar as perdas fecais


• Reduzir as complicações advindas da SIC
• Melhorar a qualidade de vida dos pacientes

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Terapia nutricional - Objetivos

• TN por via digestiva, por ser potente estímulo para a adaptação


intestinal, seja por VIA ORAL ou por meio de SONDA
NASOENTERAL, deve ser iniciada assim que as perdas fecais
estiverem controladas.

• A TNE, além de ser a fonte preferencial de substratos, é,


provavelmente, o estímulo primário para a resposta proliferativa
do epitélio da mucosa que recobre o tubo digestivo.

• A ausência de nutrientes intraluminais diminui a adaptação


intestinal pós-ressecção, pela liberação ou intensificação da
apoptose enterocítica na mucosa

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Fase de adaptação intestinal
Estímulos e duração

• Início 24 a 48 horas após a operação de ressecção intestinal


• Caracterizada por hiperplasia celular, hipertrofia dos vilosidades e alteração da
motilidade digestiva, com o intuito de favorecer a absorção dos nutrientes.
• Esta fase pode durar de um até três anos
• TN por via digestiva deve ser iniciada precocemente nesta fase, podendo ter
como parâmetro perdas fecais inferiores a 2,5 litros/dia
• TNE apresenta melhor tolerância com o MÉTODO DE INFUSÃO CONTÍNUO, ao
invés de intermitente ou em bolus TNE CONTÍNUA melhora a adaptação intestinal,
com manutenção ou melhora do estado nutricional e da qualidade de vida

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Fase de adaptação intestinal
Estímulos e duração

• Tipo de dieta enteral mais adequado na SIC (não existe consenso)

• Maioria dos casos, FÓRMULAS POLIMÉRICAS são bem aceitas devido à sua
baixa osmolaridade

• FORMULAS OLIGOMÉRICAS – indicadas em algumas situações de trânsito


intestinal muito acelerado

• Em pacientes com JEJUNOSTOMIA terminal, as formulações oligoméricas


não oferecem maior benefício em relação às dietas poliméricas

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Fase de adaptação intestinal
Estímulos e duração
• Valor energético total
Compensar as perdas oriundas da má-absorção intestinal
Regra de Bolso (VET): 60 kcal/kg de peso atual/dia (hipercalórica)

Pacientes com SIC podem apresentar o GER igual ao de indivíduos sadios,


porém a necessidade energética encontra-se aumentada devido às perdas que
ocorrem com a presença da má-absorção intestinal.

• Necessidade proteica
Regra de Bolso (Ptn): 1,5 a 3,0 g/kg de peso atual/dia (hiperproteica)

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Terapia nutricional enteral
Evolutiva e Progressiva

• Em longo prazo e quando o fornecimento energético por via oral não for adequado, a TNE pode
ser utilizada em esquema contínuo cíclico noturno com bomba de infusão para otimizar o aporte
energético por via digestiva.

• Quando o peso adequado não pode ser mantido somente com a TN por via digestiva (TNE), fato
que reflete a capacidade absortiva intestinal e a energia realmente retida pelo organismo, a TNP
deve ser mantida.

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Fibras soluvéis
• Retardam o esvaziamento gástrico, aumentam o tempo total do trânsito
intestinal e têm leve efeito antidiarreico em indivíduos adultos (não aumentam o bolo fecal)

• Pectina e carboidratos complexos (fibras fermentáveis) são coadjuvantes na adaptação intestinal

• Indicação de uso em pacientes com SIC, principalmente naqueles com o cólon intacto.

• O seu metabolismo pelas bactérias anaeróbias resulta em produção de AGCC e outros


subprodutos no cólon, auxiliando ainda na absorção do nitrogênio

• Os AGCC são rapidamente absorvidos pela mucosa colônica e utilizados como energia, que pode
constituir quantidade considerável em torno de 500 kcal

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Lipídeos

• Tolerância aos lipídios deverá ser avaliada individualmente

• TCM (hidrossolúveis e não necessitam da lípase pancreática) são usados com frequência visando

reduzir a esteatorreia

• Dietas hipolipídicas e ricas em carboidratos são indicadas quando a ressecção distal (íleo) for

maior que 100 cm e na presença de cólon.

• Neste caso, a restrição da gordura poderá reduzir a diarréia induzida pelos ácidos graxos

• Em pacientes com jejunostomia terminal, a restrição de lipídios não tem impacto no volume fecal

e nem nas perdas fecais de minerais e de eletrólitos

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Dieta via oral

A alimentação oral deve ser iniciada assim que haja estabilização das perdas hidroeletrolíticas e o

controle das perdas fecais.

• Recomenda-se a introdução gradativa dos alimentos, em qualidade e quantidade, dando-se

preferência inicial aos carboidratos.

• A dieta oral deve ser fracionada ao longo do dia e aumentada gradativamente conforme a

tolerância do paciente

• Fracionamento da dieta (VO) - 7 a 8 refeições/dia

• Intervalos regulares

• Pequeno volume por refeição

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Características da dieta

• VET: 35 kcal/kg/dia
• Proteína: 1,5 g de proteína/kg/dia (hiperproteica)
• Hipolipídicas
• Ricas em carboidratos complexos e fibras solúveis
• Restrição: Oxalato
Carboidratos simples e fibras insolúveis

ACIDO OXÁLICO
• Produto final do metabolismo de aminoácidos e do ácido ascórbico, que não pode ser
metabolizado no organismo humano, sendo excretado pela urina. O aumento na concentração
urinária de oxalato pode levar à sua saturação, com conseqüente formação de cristais e cálculos
renais.
• Fontes: Acelga, agrião, aveia, beterraba, café instantâneo, cacau em pó, chá preto, chocolate,
espinafre, frutas cítricas, manteiga de amendoim, salsa e soja
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Lípidos
Ácido Oléico (ω9 )

• A utilização clínica do ácido oleico (ômega-9 VO) mostrou


redução do trânsito intestinal, diminuição da frequência e do
volume de evacuações em pacientes com diarréia de diversas
etiologias, incluindo a SIC

• O consumo do ω9 antes das refeições diminui o trânsito


gastrointestinal e a eliminação fecal

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SÍNDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL OU
SÍNDROME DO COLÓN IRRITÁVEL
Introdução

A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio gastrointestinal funcional crônico, caracterizado por
dor abdominal, inchaço, constipação e alterações no hábito intestinal (diarreia e/ou constipação).

Acomete cerca de 15% da população brasileira

Outros sintomas comuns:


Frequência urinária,
Fadiga crônica,
Distúrbios do sono e de humor, podendo levar o paciente a ser encaminhado
erroneamente para outras especialidades clínicas

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Fisiopatologia da SII

• Etiologia desconhecida
• Contrações podem ser mais fortes e podem durar mais tempo que o normal, fazendo surgir alguns
sintomas característicos da doença, como gases, flatulência e diarreia.
• Também é possível que aconteça justamente o oposto, com contrações intestinais mais fracas que o
normal, o que retarda a passagem de alimentos e leva a fezes mais endurecidas.
• Acredita-se que a fisiopatologia da SII esteja relacionada a alterações do eixo cérebro-intestino, que
tem como participantes o sistema nervoso cen-tral (SNC), o sistema nervoso autonômico, o sistema
nervoso entérico e os sistemas neuroendócrino e neuroimunológico.

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Fisiopatologia da SII
• O intestino humano abriga cerca de 100 trilhões de bactérias, número dez vezes maior do que
a quantidade de células que forma o corpo humano;
• Microbioma intestinal é composto por uma massa estimada de 1 kg de bactérias, que pode
chegar a compor cerca de 50% da massa fecal;
• Complexa população de mais de 1.000 espécies de organismos com estrutura genômica
bastante sofisticada;

Fatores genéticos, hipersensibilidade visceral, alterações da motilidade gastrintestinal, fatores


inflamatórios e imunológicos, dietéticos, alterações da microbiota intestinal e fatores psicológicos

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Diagnóstico
• Realização de anamnese, exame físico, exclusão de sintomas de alarme e consideração de fatores
psicológicos.

É frequente a coexistência da SII


com comorbidades
gastrintestinais, como a doença
do refluxo gastroesofágico
(DRGE) e a dispepsia funcional
(DF), e comorbidades
extraintestinais, como a
fibromialgia e a cefaleia

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Diagnóstico

Investigar:

• Presença de anemia
• Sangramento retal
• Perda de peso não intencional
• Histórico de câncer colorretal na família
• Doença inflamatória do intestino
• Doença celíaca

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Subtipos
A SII pode ser classificada de acordo com as características das fezes como definido pela
Escala de Bristol.

SII com diarreia predominante (SII-D):


• fezes moles > 25% das vezes e fezes duras < 25% das vezes;
• prevalência de até um terço dos casos;
• mais frequente entre homens.
Ocorre frequentemente a
SII com constipação predominante (SII-C): alternância de um
• fezes duras > 25% das vezes e fezes moles < 25% das vezes; subgrupo para outro
• prevalência de até um terço dos casos;
• mais frequente entre mulheres.
SII com sintomas mistos (SII-M):
• fezes duras e moles > 25% das vezes;
• prevalência de um terço na metade dos casos.
SII sem classificação (SII-U):
• anomalia insuficiente na consistência das fezes para os critérios de SII-C ou SII-M.
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Tratamento e dietoterapia
• Em razão da heterogeneidade dos sintomas, as medidas devem ser
individualizadas

Terapêutica farmacológica + mudança de hábitos

• Cabe ao nutricionista investigar a relação existente entre os sintomas e


os alimentos consumidos, buscando estabelecer associações entre as
causas alimentares e as consequências sintomatológicas.

• Alimentos, como café, álcool, vegetais formadores de gás e lactose


(leite e laticínios), devem ser avaliados com atenção, sendo orientado
suas restrições apenas se necessário, conforme os achados obtidos na
consulta.

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Tratamento e dietoterapia

• Diário alimentar para avaliar a presença de sintomas;

• Redução de ingestão de FODMAPs, sendo esses um conjunto de alimentos


fermentáveis que são mal absorvidos pelo organismo e que podem causar
desconforto intestinal.

• FODMAPs são classificados, como oligossacarídeos, dissacarídeos,


monossacarídeos e poliois.

• A alta osmolaridade e a formação de gases pela microbiota intestinal


durante o processo digestivo desses alimentos acabam por desencadear e
progredir os sintomas da SII.

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Tratamento e dietoterapia

• Muitos estudos sugerem que 75% dos pacientes com SII apresentam
resposta sintomatológica satisfatória, após a limitação no consumo dessa
classe de ali-mentos, os quais se encontram amplamente distribuídos no
cardápio brasileiro.

• Probióticos: Bifidobacterium infantis, S. cerevisiae, Lactobacillus


plantarum

• Enzimas digestivas: Alfa-Amilase, Betaína, Bromelina, Lipase,


Pancreatina, Papaína, Pepsina, Protease

• Fibras: 20g a 30g

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FODMAPs
1.Oligosacarídeos

• Frutanos: Alho, cebola, trigo, centeio, e alimentos à base de trigo (pães, massas, cereais).
• Gossipol: Leguminosas como lentilhas, grão-de-bico e feijões.

2. Dissacarídeos

• Lactose: Leite e produtos lácteos como queijo fresco, iogurte e sorvete.

3. Monossacarídeos

• Frutose: Maçãs, peras, mel, xarope de milho com alto teor de frutose, e alguns sucos de frutas

4. Polióis

• Sorbitol e manitol: Encontrados em adoçantes artificiais, balas e gomas sem açúcar, e alguns
vegetais como cogumelos e abacate.
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Tratamento e dietoterapia
Exemplos detalhados de alimentos incluídos no baixo FOODMAPs e o tamanho e as porções que devem ser consumidos

Categoria de alimentos Baixos em FOODMAPs Porções/dia

Cereais (pão e massas) Grãos sem trigo, aveia, arroz, milho, quinoa Até 6 porções/dia

Cenoura, tomate, abobrinha, pepino, batata, pimentão, brócolis, berinjela, feijão


Vegetais 3-5 porções/dia
verde, espinafre, abóbora, alface

Frutas Frutas vermelhas, uva, limão, laranja, mamão, framboesa, morango, melão, melão 2-3 porções/dia

Proteínas Amêndoa, avelãs, amendoim, sementes de abóbora 2 porções/dia

Leite e iogurte sem lactose, leite de arroz, leite de amêndoa, queijos duros (minas
Leite e latícinios 2-3 porções/dia
curado), manteiga

Diet, fibers, and probiotics for irritable bowel syndrome. J Med Life. 2022 Feb;15(2):174-179.
Tratamento e dietoterapia

1 2 3 4 5 6 7 8
Pão e Gordura,
Converse com macarrão Leite e doces, O tempo é
um especialista Ingira laticínios temperos, café, importante!
Boa hidratação que pode Não tenha Cuide da sua proteínas álcool: use-os
ajudá-lo com medo do dieta, evite (animais ou Em dieta baixa com sabedoria, Benefícios: em
Atividade física uma dieta glúten, mas na vegetais e vegetais) em seja moderado. 2-4 semanas
adequada e dieta baixa em frutas com alto FOODMAPs,
Refeições mantenha um FOODMAPs teor de Carne, peixe, usar produtos Se houver A dieta
regulares diário sobre pode ser FOODMAPs ovos, soja, sem lactose e sintomas restritiva não
alimentos e necessário nozes leite vegetal desencadeador deve exceder
sintomas evitar grãos de es, é melhor alguns meses
trigo evitá-los

Diet, fibers, and probiotics for irritable bowel syndrome. J Med Life. 2022 Feb;15(2):174-179.
Referências

• Galica AN, Galica R, Dumitrașcu DL. Diet, fibers, and probiotics for irritable bowel syndrome. J Med Life. 2022

Feb;15(2):174-179. doi: 10.25122/jml-2022-0028. PMID: 35419092; PMCID: PMC8999090.


• Lima VCO, Neto PGL, Beck BD, et al. Nutrição Clínica. Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-book. ISBN 9788595023277.

• Lopes SS, et al. Evaluation of carbohydrate and fiber consumption in patients with irritable bowel syndrome in

outpatient treatment. Arq Gastroenterol. 2019;56(1):03-09.


• Allan P, Lal S. Intestinal failure: a review. F1000Res. 2018 Jan 18;7:85. doi: 10.12688/f1000research.12493.1. PMID:

29399329; PMCID: PMC5773925.


• MCG, Rocha RO, et al. Terapia Nutricional na Síndrome do Intestino Curto-Insuficiência/Falência Intestinal.

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