Aula 2 - Movimentos Sociais

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Crise da Moradia e Política

Habitacional no Brasil
Política Nacional de
Habitação
Pós-BNH (1964-1986) e na década de 1990: a habitação esteve em segundo
plano entre as prioridades do governos federal (agenda neoliberal)

BRASIL URBANO – anos 2000

50% da população das 20% da população das


grandes metrópoles grandes metrópoles
brasileiras vive na brasileiras vive em
informalidade urbana favelas

“INDUSTRIALIZAÇÃO COM BAIXOS


SALÁRIOS”
(Celso Furtado)
“URBANIZAÇÃO COM BAIXOS SALÁRIOS”
(Ermínia Maricato)
Princípios da Política Nacional de Habitação
 Direito à moradia, enquanto um direito humano, individual e coletivo, previsto na Declaração Universal
dos Direitos Humanos e na Constituição Brasileira de 1988.
 Moradia digna como direito e vetor de inclusão social garantindo padrão mínimo de habitabilidade, infra-
estrutura, saneamento ambiental, mobilidade, transporte coletivo, equipamentos, serviços urbanos e sociais.
 Função social da propriedade urbana, maior controle do uso do solo, de forma a combater a retenção
especulativa e garantir acesso à terra urbanizada;
 Habitação como uma política de Estado uma vez que o poder público é agente indispensável na
regulação urbana e do mercado imobiliário, na provisão da moradia e na regularização de
assentamentos precários.
 Gestão democrática com participação dos diferentes segmentos da sociedade, pos­sibilitando controle
social e transparência nas decisões e procedimentos; e
 Articulação das ações de habitação à política urbana de modo integrado com as demais políticas sociais e
ambientais.
Período 2003 a 2016
Intensa disputa na política urbana:
De um lado: movimentos sociais por moradia, organizações não governamentais (ongs) e
universidades, propostas em discussão Conselho das Cidades e Conferências nacionais.
De outro: interesses da construção civil e do mercado financeiro e imobiliário na disputa da
cidade e dos recursos públicos voltados a habitação, aprofundando os cenários de segregação
socioespacial.
Crise imobiliária americana de 2007 reflete-se no Brasil, em particular, na queda do preço das ações
das empresas da construção civil, afetando o mercado financeiro.
Resposta do governo brasileiro a esse cenário:
 Mudança de rumo na política de habitação, privilegiando as propostas construtivas do mercado,
como as grandes obras e a concessão de crédito para o acesso à casa própria.
 É nesse contexto, que o programa MCMV, ganha centralidade desde 2009, limitando a política
habitacional a um programa de crédito imobiliário.
 Período de 2003 e 2016:
 A política urbana e a política habitacional passam a ser priorizadas na agenda
governamental, destacando-se: a criação do MINISTÉRIO DAS CIDADES (2003) e
implementação dos programas: PAC - Urbano [Programa de Aceleração do
Crescimento]-Urbanização de Assentamentos Precários e Minha Casa Minha Vida
(2009);
 Período de maior investimento público em Habitação de Interesse Social na história;
 Os programas se destacam pelo volume expressivo de recursos e também por adotar
subsídios diretos para viabilizar o acesso das classes populares à moradia;
 Embora, com problemas e críticas a estes dois principais programas (PAC-Urbano
e MCMV), precisa-se reconhecer que ambos se constituem marco na história da
política habitacional no Brasil, para além da política do antigo BNH;

Cardoso, 2019
MCMV – ALGUNS AVANÇOS (Rede Cidade Moradia)

 dimensão e desenho em escala nacional;


 aporte significativo de recursos federais;
 subsídios para faixas de menor renda da população;
 aumento do volume de crédito para aquisição e produção
de habitações;
 redução das taxas de juros.
MCMV – AVALIAÇÕES CRÍTICAS (Rede Cidade Moradia)

1) Interferiu nas cidades => na dinâmica territorial e na vida das famílias.


 Localização em zonas periféricas, fronteiras de cidades ou frentes pioneiras de
urbanização, terras desprovidas de serviços essenciais e de acessos a estes serviços
que determinantes na qualidade da moradia;
 Não alavancou processos de planejamento urbano e de investimentos em outras
áreas das políticas sociais, infraestrutura e de serviços urbanos;
 Nas regiões metropolitanas, aprofundou a precarização e segregação socioespacial
dos mais pobres na cidade: a) pela baixa inserção urbana dos projetos; b) pela
distância dos centros urbanos; c) por maiores custos de deslocamentos para os
moradores.
CONTINUANDO...
2) A lógica financeira e de mercado supervalorizou agentes executores e financeiros, no caso
empreiteiras e a CEF, em detrimento dos órgãos públicos responsáveis pela regulação das
políticas urbanas e habitacionais e dos movimentos de moradia.
3) Uniformização dos empreendimentos: não atende as necessidades e diversidades
familiares.
4) Conjuntos habitacionais muito grandes, opção pelo modelo condominial e a privatização
do espaço público, dificultando a sociabilidade dos moradores, repetindo erros dos grandes
conjuntos do BNH da década de 1960;
• A sociabilidade, o convívio e a organização social dos moradores são impactadas pelas
regras do condomínio, que no geral, importam modelos de condomínios da classe média
de maneira impositiva e desrespeitando a cultura e os modos de vida; e a presença do
tráfico e de milícias que impõe regras de convivência e gestão desses condomínios.
CONTINUANDO...
5) Pouco espaço para áreas públicas coletivas:
 para convívio e lazer, excessiva valorização do automóvel, priorização do uso
residencial, sem espaço para comércio e serviços, que geram precariedade na vida
cotidiana dos moradores.

6) Impactos sociais e econômicos na vida das famílias relativos ao custo de


morar

• especialmente para os moradores de menor renda, o que inviabiliza a


permanência no imóvel próprio, como os gastos com as taxas de água, luz, gás,
condomínio, etc., o aumento do custo de transporte e alimentação.
APÓS 2016
Após o ano de 2016 observa-se o esvaziamento da política habitacional e
do Programa Minha Casa Minha Vida:
1) contenção de recursos e paralisação de obras;
2) reestruturação do mercado formal de terras com a Lei 13.465, de 2017 –
também chamada de “Lei da Grilagem” por facilitar os critérios de titulação
inclusive legalizando a grilagem, ao alterar o regime jurídico da
regularização fundiária urbana e rural;
3) O Brasil bateu o recorde de déficit habitacional => cresceu 7%, entre
2007 e 2017, chegando a 7,78 milhões de moradias (FGV).
SUPERMINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Criação em 2019 do SUPERMINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL:

O ministério reúne as políticas públicas para infraestrutura e para promoção do desenvolvimento regional.
A pasta é uma fusão dos antigos:

Ministério das Cidades;

Ministério da Integração Nacional

Cabe a esse ministério administrar projetos relacionados à infraestrutura – à exemplo do projeto de


integração do Rio São Francisco; e projetos para o desenvolvimento regional – como o programa Minha
Casa, Minha Vida. O saneamento ambiental, a administração das redes de esgoto e do tratamento de
recursos hídricos também são de responsabilidade desse ministério.
Extinção do Ministério das Cidades => o Ministério das Cidades (desde 2003)
não apenas era o órgão responsável pela articulação institucional com estados e
municípios e pela implementação da política urbana em nível nacional, mas também
era o principal responsável pela capacitação técnica de agentes públicos e sociais
para as políticas públicas urbanas integradas, através de programas como o
“Programa Nacional de Capacitação das Cidades” (PNCC) e de elaboração de
material didático informativo e formativo.
Pelo Decreto nº 9.759 de 11 de abril de 2019 foram extintos órgãos colegiados,
comitês, conselhos e outras instâncias de participação democrática. Dentre eles,
foi extinto o Conselho das Cidades (ConCidades), que tinha por finalidade estudar e
propor diretrizes para a formulação e implementação da Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano, bem como acompanhar e avaliar sua execução.
MUDANÇAS RECENTES DE RUMOS…

 Minha Casa Minha Vida => substituição do financiamento habitacional de faixa 1,5 s.m
(com renda familiar de 1.800 até 2.600 reais) por locação imobiliária (“aluguel social”).

Hipoteca reversa => coloca em risco o direito à moradia plena. Modalidade de hipoteca: o
imóvel é dado em garantia para instituições financeiras que pagam um valor mensal ao
proprietário e com sua morte ficam com o imóvel. Medida que aparece com a narrativa de
crédito para idoso ou “complementação extra de renda”.

Liberação dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) => visa o
aumento do consumo com implicações na redução de investimentos em habitação,
saneamento e infraestrutura, que são setores necessários ao desenvolvimento urbano e cujo
fundo é a fonte mais importante destes investimentos.
MUDANÇAS RECENTES DE RUMOS…

Governo corta R$ 1,9 bilhão do "Minha Casa, Minha Vida" no Orçamento de 2020:
• O Programa Minha Casa Minha Vida teve o menor orçamento da história => de 4,6 bilhões em
2019 para 2,7 bilhões em 2020. Embora não seja o único programa social a sofrer redução
orçamentária, o Minha Casa Minha Vida desponta como o que sofrerá maior corte.
• De 2009 a 2018, a média destinada ao programa habitacional era de 11,3 bilhões por ano. Em
2019, o valor investido já foi bem menor do que ocorreu em anos anteriores. Até julho de
2019, o orçamento destinado foi da ordem de 2,6 bilhões.
• Em 1 de janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recriou o Ministério das
Cidades.
Referências
CARDOSO, Adauto Lúcio. Propostas para uma política habitacional democrática e
sustentável. GT Direito à Cidade e Habitação Observatório das Metrópoles,
IPPUR/UFRJ. BR CIDADES. 2019.
ROLNIK, Raquel. A captura da política habitacional pela lógica financeira é
perversa. Disponível em:
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/28/raquel-rolnik-a-captura-da-politica-
habitacional-pela-logica-financeira-e-perversa/

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