PV 21
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PV 21
No começo, só havia o Céu e a Terra. Ambos eram deuses. O Céu se chamava Urano, e a Terra se
chamava Gaia. Durante séculos, ficaram se admirando, e um dia, completamente apaixonados, os dois
uniram-se. Dessa união, Gaia ficou grávida de muitos filhos, mas Urano não permitia que nascessem.
Ele não queria que houvesse outros entes entre ele e a amada e, além disso, temia que um dos filhos
fosse mais forte do que ele. Então Gaia tramou um plano com um dos filhos, Cronos, que estava no
seu ventre; deu a ele uma foice para que castrasse o pai. E assim foi feito. Impotente, Urano foi
lançado para os confins do mundo, e Cronos ocupou o seu lugar.
cronos não impedia que seus filhos nascessem. Mas, com medo de ser superado em poder, devorava-
os tão logo chegavam ao mundo. Cansadas dessa tirania, sua esposa Reia e sua mãe Gaia tramaram
outro plano. Quando nasceu outro filho, as duas entregaram a Cronos uma pedra embrulhada em um
cobertor. Crente de que se tratava do filho, Cronos a engoliu imediatamente. Isso lhe causou uma dor
horrível e, enquanto ele se contorcia, Gaia pegou a criança e a criou escondida do pai.
A criança era Zeus. Quando ele se tornou adulto, retornou para a casa paterna e castrou o pai,
que também foi lançado aos confins do mundo. Assim Zeus se tornou o mais forte dos deuses.
Mas, disposto a preservar o seu poder, inventou uma estratégia nova para lidar com tantos
deuses poderosos que viviam lutando entre si o tempo todo. Foi assim que ele criou a política, a
arte de equilibrar diferentes poderes, através da negociação. Para cada deus, ele deu alguma
coisa sobre a qual governar, estabelecendo que ninguém pudesse interferir nos domínios dos
outros. Assim é que Poseidon, por exemplo, se tornou o deus dos mares, enquanto Hades passou
a reinar sobre o vale dos mortos – um reino que nunca para de crescer.
A partir dessa distribuição, Zeus cuida da sua arte o tempo todo, zelando pela política
intensamente. Pois sabe que, ao menor descuido, os poderes podem entrar em conflito
novamente, comprometendo a organização do mundo.
Características de um bom mediador
Ser bom ouvinte
“[…] É importante que o mediador escute e entenda o que o outro diz. Não é
buscar a verdade, mas tentar compreender, no discurso dos envolvidos, a
leitura que cada um faz do que aconteceu", explica Catarina Lavelberg,
assessora psicoeducacional e colunista de Gestão Escolar. Para isso, ele deve
saber devolver para o outro o que compreendeu e confirmar se isso está
certo. Ser capaz de estabelecer um diálogo.
[…] ser capaz de conseguir criar um contexto de comunicação que facilite a
expressão das pessoas envolvidas no conflito. Ele deve deixar as pessoas
confortáveis para falar, sem que se sintam julgadas ou previamente
apontadas como culpados.
Ser sociável
Em geral, um mediador de conflitos em uma escola tem
facilidade de se aproximar dos membros da comunidade escolar,
conquistando sua confiança.
Ser imparcial
Ainda que conhecer os envolvidos seja um bom aspecto, isso
não pode interferir na imparcialidade do mediador. Por exemplo,
quando ele é chamado para interceder num caso de um estudante
que constantemente tem uma atitude inadequada, ele deve
avaliar se está tomando partido de um dos lados previamente.
"Se o mediador não souber separar, ele já vai pressupor que esse
estudante é o culpado", diz Celia Bernardes.
Ter cuidado
com as palavras As palavras que o profissional usa para mediar um
conflito também são importantes. Segundo a pedagoga Adriana Ramos,
coordenadora do Grupo de Pesquisa em Educação Moral da
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a linguagem
descritiva, expondo todos os fatos sem juízo de valor, favorece que os
envolvidos percebam o que está acontecendo e não julguem a
personalidade do outro.
Ter uma postura educativa
Um mediador não deve adotar a postura de que resolverá o conflito. O
papel dele é ajudar os estudantes a compreenderem como eles podem
resolver a situação por conta própria. “A escola tem de investir em um
projeto educacional que preveja que os estudantes, ao longo da
escolaridade, sejam capazes de socializar e mediar os próprios
Trabalhar com o paradigma da responsabilização
[…] o mediador deve mudar seu paradigma de punição dos envolvidos
para o de responsabilização. Isso significa que, em vez de aplicar uma
sanção (como uma advertência, suspensão, etc.), ele deve fazer com que
os envolvidos assumam a responsabilidade por seus atos, corrigindo-os
sempre que possível (pedido de desculpas, reforma de equipamento
depredado, etc.).
1. Ódio, rancor, tristeza, frustração, mágoas... Todos nós estamos sujeitos
a esses e outros inúmeros sentimentos. Mas agir em função deles na hora
de resolver eventuais divergências, geralmente, é algo desastroso. Ao
invés de focar o problema, damos mais importância aos nossos
sentimentos e aos “defeitos” dos outros, o que só piora a situação. O
melhor a fazer quando sentirmos que não estamos em condições de lidar
com os conflitos sozinhos, é convidar uma terceira pessoa que nos ajude a
entrar em acordo com a parte conflitante.
Acompanhe atentamente a leitura desse fragmento de Fernando Pessoa e,
em seguida, reflita sobre o texto a partir das questões sugeridas.
As perguntas seguintes podem inspirá-lo nos comentários:
a) Se, segundo o narrador, ambos os amigos diziam a verdade e,
consequentemente, tanto um como o outro tinha razão, por que os dois
continuavam divergindo?
b) Qual a diferença entre as posições dos dois amigos em conflito e a
posição do narrador?
c) Em sua opinião, o narrador é uma pessoa adequada para mediar o
conflito que ele nos conta? Por quê? Como ele poderia agir em relação
a isso?
2. Agora que você já sabe um pouco mais sobre mediação de conflitos,
reflita um pouco sobre você mesmo nessa situação e responda às
perguntas a seguir:
a) Você sente em si mesmo qualidades que podem contribuir para a
mediação de divergências entre pessoas da sua convivência?
Quais seriam essas qualidades?
b) E quando uma das partes em conflito é você, como procura
resolvê-lo em um primeiro momento? Caso falhe essa primeira
tentativa, o que você faz?
c) Na ocorrência de um conflito entre você e um colega na escola,
a quem você recorreria, se fosse o caso, para fazer a mediação
entre vocês? Por quê?