Miguel Torga

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“Dies Irae”

Poema - “Dies Irae” de Miguel Torga


Apetece cantar, mas ninguém canta. Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece chorar, mas ninguém chora. Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma levanta Um fantasma percorre
A mão do medo sobre a nossa hora. Os motins onde a alma se arrebata.

Apetece gritar, mas ninguém grita. Oh! maldição do tempo em que


Apetece fugir, mas ninguém foge. vivemos,
Um fantasma limita Sepultura de grades cinzeladas,
Todo o futuro a este dia de hoje. Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
Índice
1. Dados biobibliográficos do autor;
2. Análise externa/formal do poema;
3. Explicitação do tema e forma como se desenvolve;
4. Explicitação do sentido das oposições expressas nos dois versos iniciais das
três primeiras estrofes e do sentido dos dois versos finais das mesmas
estrofes;
5. Comentário à última estrofe, relacionando o seu sentido com o título do
poema ;
6. Recursos expressivos;
7. Características do real contemporâneo do sujeito poético ;
8. Conclusão.
1. Dados biobibliográficos do autor

• Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha. Foi um


escritor português, um dos poetas mais importantes do séc. XX.

• As suas obras baseiam-se em 4 grandes linhas de rumo, sendo elas:


⭢ Sentimento Telúrico
⭢ Desespero Humanista
⭢ Drama da Criação Poética
⭢ Problemática Religiosa
2. Análise externa/formal do poema
• Este poema é constituído por 4 quadras, sendo, no total, 16 versos.

• Cada quadra exibe três versos decassilábicos (1º, 2º e 4º/último versos)


e um hexassílabo (3º verso).

• Quanto à rima, este poema apresenta rima cruzada em toda a sua


extensão.

• O esquema rimático presente é: abab/cdcd/efef/ghgh.


Análise externa/formal do poema

a A1/pe 2/te 3/ce 4 / can 5/tar, 6 / mas 7 / nin 8/guém 9 / can 10/ta.
b A1/pe 2/te 3/ce 4 / cho5/rar, 6 / mas 7 / nin 8/guém 9 / cho 10/ra.
a Um1/fan2/tas3/ma4 / le5/van 6 / ta
b A1/mão 2/do 3/me 4 / do5/so 6 / bre a7 / no8/ssa9 / ho10/ra.
Continuação do esquema rimático
c Apetece gritar, mas ninguém grita. g Oh! maldição do tempo em que vivemos,
d Apetece fugir, mas ninguém foge. h Sepultura de grades cinzeladas,
g Que deixam ver a vida que não temos
c Um fantasma limita
h E as angústias paradas!
d Todo o futuro a este dia de hoje.

e Apetece morrer, mas ninguém morre.


f Apetece matar, mas ninguém mata.
e Um fantasma percorre
f Os motins onde a alma se arrebata.
3. Explicitação do tema e forma como se
desenvolve
• Representações do quotidiano - Esta temática está relacionada
com a captação da vida e do real atuais, assim como com a
representação poética do "instante do quotidiano".

• Este poema reflete o clima vivido durante o Estado Novo: “Um


fantasma levanta/A mão do medo sobre a nossa hora.”, vv. 3-4;
“Oh! maldição do tempo em que vivemos, /Sepultura de grades
cinzeladas”, vv. 13-14.
3. Explicitação do tema e forma como se
desenvolve
• Uso da anáfora "Apetece..." nos primeiros versos das estrofes.

• Uma oração coordenada adversativa opõe-se à ação e desejo


enunciados: “Apetece cantar, mas ninguém canta. / Apetece
chorar, mas ninguém chora”.

• O poema termina com uma estrofe que expressa o


descontentamento do sujeito poético: "Que deixam ver a vida que
não temos / E as angústias paradas!".
4. Explicitação do sentido das oposições expressas
nos dois versos iniciais das três primeiras estrofes...
“Apetece cantar, mas ninguém canta. / Apetece chorar, mas ninguém chora.”
“Apetece gritar, mas ninguém grita. / Apetece fugir, mas ninguém foge.”
“Apetece morrer, mas ninguém morre. / Apetece matar, mas ninguém mata.”

• Conjunção coordenativa adversativa "mas"

• Pronome indefinido "ninguém"


4. ... e do sentido dos dois versos finais das
mesmas estrofes

• Na primeira estrofe: “Um fantasma levanta / A mão do medo sobre a


nossa hora.”

• Na segunda estrofe: “Um fantasma limita / Todo o futuro a este dia de


hoje.”

• Na terceira estrofe: “Um fantasma percorre / Os motins onde a alma


se arrebata.
⭢ Paralelismo anafórico e sintático
Apetece cantar, mas ninguém canta. Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece chorar, mas ninguém chora. Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Um fantasma levanta
Os motins onde a alma se arrebata.
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.


Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
5. Comentário à última estrofe, relacionando
o seu sentido com o título do poema
• Verso 14: "Sepultura de grades cinzeladas"

• Verso 15: “a vida que não temos”

• Verso 16: “as angústias paradas”

• “Dies Irae”, latim para "Dia de Ira" ⭢ hino latim do século XIII
utilizado na tradicional missa católica para os mortos, implorando por
paz e descanso para os mesmos.
6. Recursos expressivos
Apetece cantar, mas ninguém canta. Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece chorar, mas ninguém chora. Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma levanta Um fantasma percorre
A mão do medo sobre a nossa hora. Os motins onde a alma se arrebata.

Apetece gritar, mas ninguém grita. Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Apetece fugir, mas ninguém foge. Sepultura de grades cinzeladas,
Um fantasma limita Que deixam ver a vida que não temos
Todo o futuro a este dia de hoje. E as angústias paradas!

⭢ Anáfora Nos versos 14 e 15 está presente uma metáfora.


⭢ Metáfora
⭢ Interjeição É notória também uma hipérbole nestes versos.
7. Características do real contemporâneo do
sujeito poético
• Desiludido e inconformado com o mundo que o rodeia, olha
criticamente a realidade;

• Inconformismo perante a morte, que tenta combater através da escrita;

• Revolta contra a opressão e as injustiças;

• Reflexão sobre implicações sociais, morais e metafísicas do


individualismo e da liberdade.
7. Características do real contemporâneo do
sujeito poético
• Ato criativo como um processo doloroso que implica labor,
esforço, por vezes desgastante; tensão entre inspiração e
laboração;
• Poesia associada ao canto;
• Escrita como um exercício de liberdade;

• O desalento do sujeito poético face a uma pátria estagnada;


• Uso da metáfora expressiva.
8. Conclusão

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