12e-Manuel Alegre-DiogoO

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Manuel Alegre de Melo Duarte

Trabalho realizado por:

Edi Ferreira;

Diogo Oliveira;
Norberto Ferreira; 16 de Março de 2018, Albufeira
Biografia

Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu em Águeda, em


1936. Formou-se em Direito na Universidade de
Coimbra, onde se envolveu ativamente no movimento
estudantil. E foi justamente como membro da Comissão
da Academia que deu apoio á candidatura de Humberto
Delgado à Presidência da República, em 1958.
Foi chamado para o regime militar, em 1961. No ano
seguinte, é enviado para Angola, onde foi o líder de uma
tentativa de revolta militar. Ficou preso por seis meses e
foi na cadeia que conheceu escritores angolanos como
Luandino Vieira, Antonio Jacinto e Antonio Cardoso.

Em 1964, foi para o exílio em Argel, onde foi dirigente da


Frente Patriótica de Libertação Nacional. Nessa época,
publicou dois livros, “Praça da Canção”, em 1965 e “O
Canto e as Armas”, em 1967, ambos foram apreendidos pela censura. Mas os livros
foram repassados por cópias clandestinas, manuscritas ou datilografadas.

Muitos de seus poemas foram interpretados por cantores como Zeca Afonso e Adriano
Correia de Oliveira e foram considerados bandeiras da luta pela liberdade. Voltou para
Portugal em 1974, quando se filiou ao Partido Socialista.

Foi responsável por mobilizações populares que permitiram a consolidação da


democracia e a aprovação da Constituição de 1976, sendo o redator de seu preâmbulo.
Apesar da vida política, Manuel não abandou a literatura. O seu trabalho como escritor
foi já, por diversas vezes, contemplado: o Prémio de Literatura Infantil António Botto,
em 1998, por As Naus de Verde Pinho ; o Prémio da Crítica Literária e o Grande
Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, em 1998, por Senhora das
Tempestades ; o Prémio Pessoa, patrocinado pelo Expresso, pela Obra Poética , editada
em 1999; e o Prémio Fernando Namora, em 1999, por A Terceira Rosa . Foi ainda
também eleito sócio correspondente da Classe de Letras da Academia das Ciências, em
2005.

Apesar do seu destaque na literatura, desde o seu retorno a Portugal, dias após o 25 de
Abril, participou ativamente na vida política Portuguesa exercendo vários cargos
iimportantes ao longo dos anos.
Representações do contemporâneo
(Luta pela Liberdade)

 Como qualquer outro Poeta, Manuel Alegre centra a sua poesia em torno de
alguns conteúdos. Neste caso o poeta aborda dois temas ao longo da sua obra: A
luta pela liberdade e a denúncia dos horrores da Guerra Colonial antes e depois
do 25 de abril. Desta forma, escolhemos o poema do autor "Nós voltaremos
sempre em Maio" para abordarmos a luta pela liberdade.

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 Antes de iniciar a interpretação do poema é necessário referir que Manuel Alegre
tem como objetivo propagar a sua mensagem pela sociedade, de forma a que o
movimento que este apoia ( tal como a maioria da população) ganhe força e que
tenha mais impacto a nivel nacional.

1. Nos primeiros versos o poeta faz alusão ao facto da vida ser algo efémero e por
isso os rostos da luta pela liberdade um dia já não estarão cá e as músicas já não
serão cantadas por eles.

2. Na segunda estrofe Manuel Alegre transmite a ideia que apesar dos rostos atuais
(daquela época) um dia desaparecerem, alguém virá continuar o seu trabalho.

3. Na terceira estrofe é reforçada a ideia que os rostos irão desaparecer mas que
não devemos esquecer todos os feitos alcançados pelos mesmos, na luta pela
liberdade. Neste caso o facto da cidade ser a favor do amor e já a considerarem
livre.

4. Na quarta estrofe , o poeta diz que ainda que não seja de forma física, todos os
representantes deste movimento estarão juntos em Maio ( 1º de Maio- data
representativa da liberdade e dos direitos humanos).

5. A quinta estrofe vem completar a sua ideia, dizendo que em Maio, todos estarão
juntos (os que morrem e lutam por este movimento) numa espécie de
comemeração por tudo alcançado até ao momento.

6. Recursos expressivos:
V1 , V2 , V5 , V9 – Amanhã – Anáfora
V19 , V20 – No mês de maio que é – Anáfora
V12 – cidade livre – Ironia
V9 – Amanhã a cidade terá outro rosto - Metáfora
(Denuncia dos horrores da Guerra Colonial)

Romance de Pedro soldado


 Neste poema o autor descreve não só a sua experiencia na longa guerra colonial,
mas também a de milhões de portugueses que se sacrificaram pela pátria,
causando um impacto social tremendo. Manuel Alegre, como forma de
fundamentar a sua posição em relação à guerra, faz algumas analogias como, por
exemplo,
‘’ Branda rola não faz ninho
nas agulhas do pinheiro’’ (V.6, 7)
OU
‘’Nem anda a branca gaivota
pescando peixes em terra
nem é de Pedro essa rota
dos barcos que vão à guerra.’’ (V.10, 11, 12, 13)

Afirmando assim que não é natural ao ser humano a sua ida à guerra, sendo o
seu espaço a terra e sua família. Este poema encontra-se dividido em 3 partes,
sendo a primeira a vida de Pedro e a sua viagem para a guerra, a segunda
representa a sua morte ( 2 ) e por fim a terceira, o seu legado( 3 ).

Anáfora - Estrofe 3 e 4 - ''Nem'' - reforça a ideia de este nao ser


o rumo natural de Pedro

Aliteração - ''Vindimando verde vinha vindimada'' - repetição


do som ''v''
Oxímoro - ''Saco cheio de nada'
TRADIÇÃO LITERÁRIA
(cantigas de amigo)

COMO OUVI LINDA CANTAR POR SEU AMIGO JOSÉ

 No poema “Como Ouvi Linda Cantar por seu Amigo José” podemos observar
que Maneul Alegre utiliza alguns temas característicos da lírica
trovadoresca,mas principalmente situações abordadas nas cantigas de amigo.
Essas cantigas são a expressão do sentimento feminino. Nesse contexto, a
mulher sofre por se ver separada do amigo (que também pode ser o amante ou o
namorado) e vive angustiada por não saber se o amigo voltará ou não. Esse
sofrimento é, em geral, denunciado a um amigo que serve de confidente, sendo
as demais personagens que compartilham o sofrimento da mulher a mãe, o
amigo ou mesmo um elemento da natureza que aparece personificado.

 Em “Como Ouvi Linda Cantar por seu Amigo José” é nos explicitado o motivo
da ausência e as razões de não ser possível estabelecer contacto com o amigo.
Este foi levado pelo da PIDE “num carro negro de madrugada”, encontra-se “em
sua torre tecendo os dias”, uma “torre negra” . A donzela desespera por não
saber se os recados que manda são entregues e por a única resposta ser o
silêncio. Daí o seu pedido insistente ao vento de que leve uma corda, que ela
teceu com “ternura” e “lágrimas”, para que o amigo possa fugir ou, pelo menos,
consolá-la e enviar-lhe a esperança que ela perdeu.

 Deste modo, Manuel Alegre, pelo menos neste poema, utiliza a cantiga amigo
para adaptá-la à realidade que ele próprio conheceu de perto, intervindo para
denunciar e expor as atrocidades perpetradas por uma ditadura desumana.
 Recursos expressivos:

V18 - Já da ternura fiz uma corda - metáfora

V19 - ó vento prende-a na torre negra - personificação

V21 - Por essa corda feita de lágrimas - metáfora

(Camões)

E Alegre se Fez Triste

 E alegre se fez triste é um dos poemas mais ricos (a nível de conteúdo) e


apresenta uma grande diversidade de temáticas, visto que encontramos neste
poema a sua tradição literária,a sua linguagem,estilo e estrutura como também
encontramos as figurações poéticas.

 No início do poema é abordada uma despedida que abala bastante o sujeito


poético. Concluimos assim que existe bastante proximidade entre o sujeito
poético e a personagem que abandona o país.É através da primeira estrofe que
encontramos a primeira temática: a tradição literária.
Este poema mostra-nos que Manuel Alegre se inspirava em Camões. Analisando
este poema e "aquela triste e leda madrugada" de camões as parecenças são
muitas. Os textos são tão próximos que acreditamos que o poema de Manuel
Alegre se trata de um diálogo com o poema de Camões. Tal como em " e alegre
se fez triste" o poema de Camões retrata uma despedida, numa madrugada e
num tom triste e melancólico.
Nos versos seguintes de " E alegre se fez triste" a proximidade entre as
personagens torna-se mais evidente (2ª estrofe).
Na última estrofe, com o verso " e viu que a pátria estava toda em ti", o poeta
considera que a decisão de abandonar o país é não só um desejo de muitos
outros mas como também um reflexo da más condições do país, visto que era
necessário emigrar.Deste modo encontramos outra temática: Figurações do
poeta.
É através do verso acima mencionado que interpretamos que o poeta apesar de
abordar uma despedida não deixa de tentar alertar a sociedade para as
dificuldades que Portugal vivia e tenta sensibilizar a população através da
despedida bastante emotiva e pelo facto de ser necessário abandonar o país para
sobreviver.

Recursos Expressivos:

V12 , V13 – E – Anáfora


V3 – E alegre se fez triste – Antítese
V4 – Como se chovesse de repente em pleno agosto - Antítese
Musicalidade

Trova do Vento que Passa

...

 Encontrámos, nos poemas de Manuel Alegre, um aspeto muito característico, a


musicalidade, isto é, a fácil adaptação de seus poemas para a música. Esta
musicalidade é propositada e evidente, justificada pela sua oposição e atitude de
resistência ao Estado Novo e a censura e opressão nele compreendido, com a
intenção de fazer os seus poemas serem ouvidos pelo povo.
O seu livro de poesia mais reconhecido ‘’Praça da canção’’ foi apreendido pela
PIDE mas recebeu diversas edições, algumas feitas ilegalmente e usadas por
cantores como Manuel Freire e a fadista Amália Rodrigues pelas emocionantes
trovas do autor, como a ‘’Trova do vento que passa’’.
Webgrafia

Manuel Alegre-https://www.pensador.com/autor/manuel_alegre/biografia/, (2015-2018)

Como ouvi linda cantar por seu amigo José-https://www.escritas.org/pt/t/2478/como-


ouvi-linda-cantar-por-seu-amigo-jose, (sem data)

Trova do vento que passa-http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v008.txt, (sem data)

manuel alegre / e alegre se fez triste-https://canaldepoesia.blogspot.pt/2014/04/manuel-


alegre-e-alegre-se-fez-triste.html, (07 abril 2014)

Poesia contra a guerra-http://poesiacontraaguerra.blogspot.pt/2007/02/romance-de-


pedro-soldado.html, (03 FEVEREIRO 2007)

Manuel Alegre (Nós voltaremos sempre)-


http://ruadaspretas.blogspot.pt/2010/04/manuel-alegre-nos-voltaremos-sempre.html,
(1.4.10)
Bibliografia

Livro “Praça da canção”

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