Hume
Hume
Hume
HUME AO PROBLEMA DO
CONHECIMENTO
O empirismo e ceticismo humiano
O projeto de Hume: a análise das
capacidades do entendimento humano
Hume pensa que faltou a Descartes uma investigação sobre as capacidades
do entendimento humano. Sem esta investigação não saberemos do que o
nosso entendimento é capaz e quais os seus limites.
impressões e ideias
Hume justifica a sua aceitação deste princípio com base na ideia de que um
cego de nascença seria incapaz de imaginar a cor azul, justamente porque
não possui qualquer impressão que corresponde a esta cor.
A origem das ideias: o Princípio da Cópia
A origem das nossas ideias é a experiência.
As ideias são cópias das nossas impressões. Se as ideias são cópias das
impressões, então não há ideias inatas. Não há ideias que não tenham sido
formadas a partir da experiência.
Será que Hume tem razão? Não haverá ideias que não correspondem a
nenhuma impressão?
Semelhança
Contiguidade
Causalidade
Associação de ideias
• a semelhança: quando duas ideias são semelhantes, a consideração de uma delas
conduz à consideração da outra. Por exemplo, é natural que a contemplação de
uma fotografia nos faça pensar na pessoa fotografada;
• a contiguidade: quando duas ideias são contíguas no espaço ou no tempo, a
consideração de uma delas evoca a consideração da outra. Por exemplo, se sei que
a sala de estar se situa no alinhamento da entrada da minha casa, é natural que
me venha à mente a representação de um desses espaços sempre que penso no
outro. O mesmo acontece quanto ao tempo: se é costume jantar depois do pôr do
sol, é natural que pense em comida de cada vez que o sol se põe.
• a causalidade: quando representamos duas ideias como correspondendo a uma
relação causa-efeito, o que é natural é que a consideração da causa nos transporte
para a consideração do efeito. Por exemplo, se pensarmos numa ferida é comum
pensarmos na dor que naturalmente lhe está associada.
Nota: o princípio da causalidade coloca sérios problemas à abordagem
empirista de David Hume. Mais tarde iremos ocupar-nos desta análise.
Os objetos do conhecimento humano
(Bifurcação de Hume)
As proposições que se referem a factos visam dar-nos conhecimentos sobre o que no mundo existe e acontece.
Hume…
• sustenta que apenas o conhecimento sobre questões de facto nos pode fornecer
informações sobre o mundo, pois as relações de ideias, embora expressem
verdades necessárias, referem-se apenas às relações entre o significado das
ideias envolvidas, mas nada dizem acerca do que existe (é verdade que nenhum
solteiro pode ser casado, mas isso não nos diz se existem solteiros ou não).
Quando afirmamos que toda a água entra em ebulição a 100 oC, criamos a
expectativa de que todas as vezes que a água for submetida a essa
temperatura entrará em ebulição.
Assim, na base das explicações mediante relação de causa e efeito e das nossas
previsões e generalizações (raciocínios indutivos) está a crença no princípio da
uniformidade da natureza.
Não se trata de uma relação de ideias, pois da sua negação não resulta qualquer
contradição. Por exemplo, ao ver uma bola de bilhar mover-se em direção a outra
posso perfeitamente conceber uma série de conhecimentos alternativos: posso
imaginar que ambas as bolas ficam paradas, que a segunda fica parada e a
primeira volta para trás, ou que a primeira para e a segunda se desloca numa ou
noutra direção, etc.
Hume não fica sem resposta para os problemas suscitados pelo princípio da
causalidade e recorre a uma experiência mental para nos mostrar que, apesar
de não haver uma impressão que corresponde diretamente, a ideia de
causalidade tem origem na experiência.
Deste modo, Hume conclui que na ideia de relação causal o que é necessário
entre dois acontecimentos mais não é do que a expectativa de que um deles, a que
chamamos efeito, irá ocorrer sempre que o outro, a que chamamos causa, ocorra.
Resulta do hábito
Que crença está na base das inferências indutivas? A crença de que a natureza se
comporta sempre da mesma maneira, de que o futuro repete o passado.
A esta crença dá Hume o nome de princípio da uniformidade da natureza (PUN).
Justificar esta crença é condição necessária da justificação da indução.
Mas Hume afirma que “nada pode estar presente à mente a não ser uma
imagem ou perceção, e (…) os sentidos são apenas as entradas por onde as
imagens são transportadas, sem conseguirem suscitar uma comunicação
imediata entre a mente
É ume oerro
objeto”.
confundir os objetos exteriores e o mundo
exterior à nossa mente com as nossas perceções deles.
O Problema do mundo exterior
Hume usa o seguinte argumento para justificar esta ideia:
“A mesa que vemos parece diminuir à medida que dela mais nos afastamos,
mas a mesa real, que existe independentemente de nós, não sofre qualquer
alteração; não era, pois, nada a não ser a sua imagem o que estava presente
ao espírito. Estes são os óbvios ditames da razão; e ninguém capaz de refletir
jamais duvidou de que as existências que consideramos quando dizemos esta
casa e aquela árvore não passam de perceções na mente, cópias ou
representações transitórias de outras existências que permanecem
uniformes e independentes.”
David Hume (1748), Investigação sobre o Entendimento Humano. Trad. João Paulo Monteiro.
O Problema do mundo exterior
Se aquilo que está presente na nossa mente não são os objetos reais, mas
sim uma imagem ou representação mental dos mesmos, então não estamos
em contacto direto com o mundo exterior.
Nesse caso, poderemos alguma vez estar certos de que os objetos exteriores
realmente existem e são a causa das nossas perceções?
Uma vez que se trata de uma questão que diz respeito à existência, uma
investigação desta natureza deve ser resolvida com recurso à experiência.
Não pode estender-se para além das nossas impressões e estas não
devem ser confundidas com os objetos exteriores em si mesmos.
Para Hume, o nosso conhecimento do mundo não é constituído nem por verdades
indubitáveis nem por verdades prováveis.
O ceticismo de Hume não parece ser radical. Diz-se que é um ceticismo moderado
ou mitigado.
Embora Hume acreditasse que a maioria de nós estaria tentada a afirmar que,
nestas circunstâncias, a pessoa seria capaz de imaginar o matiz de azul em falta,
mesmo na ausência da impressão correspondente, desvaloriza o contraexemplo
por considerá-lo uma situação demasiado invulgar para que realmente possa por
em causa o Princípio da Cópia.
Será que Hume tem razão quando afirma que o contraexemplo do matiz de azul
desconhecido é tão invulgar que não afeta o Princípio da Cópia? Porquê?
Objeções ao fundacionalismo empirista de
Hume
Objeção à imagem da mente como tábua rasa
Assim, uma vez que à nascença somos capazes de aprender uma Língua e
qualquer processo de aprendizagem de uma Língua pressupõe algum
conhecimento linguístico, Fodor acredita ter demonstrado a existência de
conhecimento linguístico inato.
Para Russell, pode ser racional acreditar numa crença, mesmo na ausência deste
tipo de prova, desde que, de entre as alternativas disponíveis para explicar a nossa
experiência, exista uma hipótese mais plausível do que todas as outras; é mais
racional acreditar na sua verdade do que em qualquer uma das alternativas.
Mas se Hume estiver certo, como se explica essa conjunção constante? Parece
mais racional aceitar que as relações causais, de facto, existem do que supor que
essas conjunções constantes simplesmente ocorrem no mundo de um modo
casual.