Hume
Hume
Hume
Para Hume o conteúdo das nossas mentes (Perceções), deriva da experiência e pode ser dividido
em duas categorias: Impressões e Ideias
Impressões dados na nossa experiência imediata, como ter uma experiência da cor azul, sentir
calor…
Ideias Cópias enfraquecidas das impressões, como recordar que se teve uma experiência da cor
azul, que se sentiu calor….
11ºAno 2ª Q.A Filosofia Dezembro 2024
O Princípio da Cópia Hume pensa que à nascença a nossa mente é como uma tábua rasa,
uma vez que as ideias são cópias enfraquecidas das impressões, não pode existir na nossa mente
nenhuma ideia que não tenha uma impressão associada.
Formulação:
Formulação:
1 Se as ideias simples não são cópias das impressões simples, então é possível um cego de
nascença ter a ideia da cor azul, apesar de não ter qualquer impressão que lhe corresponda.
Considerando a distinção entre ideias e impressões, Hume reduz todo o conhecimento humano
a dois tipos: Relações de Ideias e Questões de Facto
Bifurcação de Hume
Relações de Ideias: Correspondem ao tipo de conhecimento que pode ser obtido apenas com base na
análise do significado dos conceitos envolvidos numa proposição.
Ex: “Nenhum solteiro é casado”- Para sabermos se esta proposição é verdadeira é só analisarmos os
conceitos de “solteiro” e “casado”
Trata-se de uma verdade necessária pois a sua negação implica uma negação dos termos.
Ex: “A neve é branca”- para se saber que a neve é branca é preciso ter experiência da neve e da sua
cor.
Hume rejeita a conclusão do argumento cético da regressão infinita pois, embora reconheça que
as nossas cadeias de justificações podem acabar por regredir infinitamente (deixando as crenças
injustificadas), também acha que estas podem acabar por chegar a algo autoevidente, presente à
nossa memória e aos nossos sentidos, que possa servir de fundamento para a justificação de
algumas crenças.
Ex: É natural que a contemplação de um retrato nos faça pensar na pessoa retratada.
Contiguidade Quando duas ideias representam coisas que são de algum modo próximas, no
espaço ou no tempo, o aparecimento de uma dessas ideias é frequentemente acompanhado pelo
aparecimento da outra.
Ex: Se é costume jantar depois do pôr do sol, é natural que pense em comida quando vejo o sol a
pôr-se.
Causalidade Quando duas ideias representam dois acontecimentos que nos parecem estar
ligados por uma conexão necessária, ou relação causa-efeito, o aparecimento na nossa mente de
uma dessas ideias é frequentemente acompanhado do aparecimento da outra.
Ex: Se pensarmos numa ferida, é comum pensarmos na dor que lhe está associada.
Esta ideia coloca um enorme desafio ao empirismo de Hume, pois, visto que a negação de uma
qualquer relação causal não resulta em qualquer contradição, esta ideia não corresponde a uma
relação de ideias.
Assim sendo, a única alternativa possível é ser uma questão de facto. Contudo, uma vez que não
parece haver nenhuma impressão sensível que corresponda a uma ligação causal ou conexão
necessária entre dois acontecimentos, será que se pode dizer que esta provém da
experiência?
Problema da Causalidade- “Como pode a ideia de causalidade ter origem empírica se,
aparentemente, não existe nenhuma impressão sensível que lhe corresponda?”
Se imaginarmos que essa pessoa adquire experiência das regularidades do mundo, isso era
suficiente para que ela fosse capaz de fazer tal inferência.
A solução de Hume para o problema da causalidade consiste em assumir que a ideia de relação
causal ou conexão necessária entre dois acontecimentos mais não é do que a expectativa de um
deles (o efeito) irá ocorrer sempre que outro (a causa) ocorra.
Esta expectativa resulta do hábito, isto é, da experiência que temos de uma conjunção
constante desses dois acontecimentos.
Assim, Hume acaba por mostrar que a ideia de causalidade não se funda na razão, mas sim na
experiência, mais precisamente numa impressão interna que consiste na expectativa, devido ao
hábito de os vermos constantemente conjugados.
Formulação:
1) Se não tivermos experiência da conjunção constante entre dois acontecimentos, não temos a
ideia de uma relação causal, ou conexão necessária, entre eles.
3) Logo, temos ideia de uma relação causal, ou conexão necessária, entre dois acontecimentos se, e
só se, temos a experiência de uma conjunção constante entre eles.
Problema da Indução:
A solução de Hume para o problema da causalidade mostra-nos que a nossa expectativa de que
causas semelhantes terão efeitos semelhantes se baseia no hábito (experiência de certas
regularidades ou repetições), pelo que não temos legitimidade para postular a existência de uma
força ou poder secreto da natureza que estabelece uma relação causal entre diferentes objectos e
acontecimentos.
Chama-se “indutiva” a uma inferência que se baseia num determinado número de casos
observados para chegar a uma conclusão que inclui casos dos quais ainda não tivemos experiência.
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Sendo assim, será que podemos justificadamente confiar nas nossas inferências indutivas?
“Problema da indução”
A resposta de Hume é que, de facto, não temos forma de justificar racionalmente a nossa
confiança na indução.
Formulação:
(1) A crença de que “ a indução é fiável “ só pode ser justificada a priori ou a posteriori
(4) Logo, a crença de que “ a indução é fiável “ não pode ser justificada
Daqui segue-se validamente que a nossa confiança na indução não pode ser racionalmente
justificada.
Todos nós Estamos dispostos a assumir a existência de um mundo exterior às nossas mentes,
que não depende da nossa perceção e que é a verdadeira causa das nossas impressões.
Segundo Hume,” nada pode estar presente à mente a não ser uma imagem ou perceção, e os
sentidos são apenas as entradas por onde as imagens são transportadas sem conseguirem suscitar
uma comunicação imediata entre a mente e o objeto..”
É um erro confundir os objetos exteriores e o mundo exterior à nossa mente com as nossas
percepções dos mesmos.
Formulação:
(1) Se a mesa que está presente na nossa mente fosse a mesa real, então o seu tamanho não se
alterava conforme a nossa perspetiva.
(2) Mas a mesa que está presente na nossa mente parece diminuir à medida que nos afastamos
dela, ou seja, o seu tamanho altera-se conforme a nossa perspetiva.
(3) Logo, aquilo que está presente na nossa mente não é a mesa real, mas sim uma imagem ou
representação mental da mesma.
Uma vez que este argumento pode ser generalizado para todo e qualquer objeto do mundo
exterior, concluímos que não temos acesso direto aos objetos do mundo exterior, mas a imagens e
representações mentais dos mesmos.
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Vivemos confinados no interior das nossas mentes sem nunca podermos sair para confirmar se
realmente existem objetos no mundo exterior, que estão na origem das nossas representações
mentais e aos quais estas correspondem.
Hume considera que, uma vez que se trata de uma questão que diz respeito à existência, uma
investigação desta natureza deve ser resolvida com recurso à experiência. Mas a nossa experiência
não pode alguma vez estender-se para além das nossas impressões, e estas não devem ser
confundidas com os objetos externos.
Uma vez que nunca poderemos sair do interior da nossa mente, nunca seremos capazes de
verificar se existem objetos exteriores que são a causa das nossas perceções.
Não podemos deixar de nos apoiar em certas regularidades para prever acontecimentos futuros,
nem poderemos deixar de assumir que existe um mundo real para lá das nossas mentes.
Assim, Hume acaba por defender que se adote um Ceticismo Moderado como forma de nos
protegermos contra o dogmatismo, as decisões precipitadas e as investigações demasiado
especulativas, distantes da experiência e sem suporte empírico.
Este contraexemplo consiste em imaginar uma situação em que alguém é colocado perante
uma vasta gama de tons de azul, tendo um dos tons sido propositadamente escondido.
Alguém que nunca tenha tido experiência desse particular tom de azul pode, ainda assim,
formar uma ideia a seu respeito, mesmo na ausência de uma impressão que lhe
corresponda.
Isto não seria possível se, de facto, todas as nossas ideias fossem cópias de impressões
Embora Hume desvalorize este contraexemplo, a verdade é que ele pode minar a nossa
confiança no princípio da cópia.
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Objeção à Conceção Humeana de Causalidade:
Reid procura mostrar que existem contraexemplos que demonstram que haver uma
conjunção constante entre dois acontecimentos não é nem uma condição suficiente, nem
uma condição necessária para que exista uma relação de causalidade entre ambos.
Não é suficiente Existem acontecimentos que se sucedem constantemente sem que sejam a
causa um do outro.
Não é Necessária Existem acontecimentos que se encontram numa relação causal, embora
não surjam constantemente associados.
Ex: A origem do Universo (ocorrência única e singular) não podemos dizer que há uma
conjunção constante entre a sua causa e o seu efeito.
A teoria Humeana da causalidade tem a estranha implicação de que o Universo não teve uma
causa.
Bertrand Russel rejeita as conclusões céticas de Hume, pois considera que a sua ideia de
“fundamento racional” é demasiado restrita.
Hume parece admitir que nenhuma crença está racionalmente justificada, a menos que
exista uma prova definitiva da sua verdade.
Para Russel, pode simplesmente acontecer que, de entre as alternativas disponíveis para
explicar a nossa experiência, exista uma hipótese mais plausível do que todas as outras
“abdução” ou Argumentação a favor da melhor explicação.
Russel acredita que, a existência de um mundo exterior às nossas mentes é uma explicação da
nossa experiência muito mais simples e apelativa do que qualquer cenário cético que possamos
imaginar e, por isso, considera que estamos racionalmente justificados a acreditar nisso.
Quando vemos um gato aparecer numa parte da sala e posteriormente nos apercebermos que
este está noutro espaço da casa, parece bastante mais aceitável a hipótese de que ele se deslocou de
um local para o outro enquanto nós não o estávamos a observar, do que aceitar a possibilidade do
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gato ter simplesmente desaparecido da sala quando deixamos de o observar para voltar a aparecer
de novo noutro espaço.
Hume sugere que a nossa crença de que existe uma relação causal entre diferentes objetos
ou acontecimentos não tem qualquer fundamento racional e corresponde apenas à
expectativa de que um deles ocorra sempre que outro ocorrer, devido á experiência que
temos da conjunção constante desses dois acontecimentos.
Parece mais razoável aceitar que as relações causais, de facto, existem do que supor que essas
conjunções constantes simplesmente ocorrem no mundo de um modo casual.