AINES

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AINES

MSc. Wilson Anilba.


Introdução
 Os anti-inflamatórios não esteróides (AINEs)
encontram-se entre os medicamentos mais
prescritos em todo o mundo. São utilizados
principalmente no tratamento da inflamação, dor e
edema, como também nas osteoartrites, artrite
reumatoide e distúrbios músculo-esqueléticos.
 Essa classe heterogênea de fármacos inclui a
aspirina e vários outros agentes inibidores da
ciclo-oxigenase (COX), selectivos ou não. A
aspirina é o AINE mais antigo e amplamente
estudado, porém é considerado separadamente
dos demais, por seu uso predominante no
tratamento das doenças cardiovasculares e
cérebro-vasculares, em doses baixas
 Os AINEs não selectivos são os mais antigos,
designados tradicionais ou convencionais. Os AINEs
selectivos para a COX-2 são designados COXIBEs2.
 Nos últimos anos, tem sido questionada a
segurança do uso dos AINEs na prática clínica,
particularmente dos inibidores selectivos da COX-2
em presença de determinadas condições e
doenças, o que levou à retirada de alguns desses
fármacos do mercado.
 Os AINEs tradicionais podem apresentar padrão de
selectividade COX-2 similar ao dos COXIBEs, como
é o caso do diclofenaco comparado com o
celecoxibe, ou serem inibidores mais activos da
COX-1, como naproxeno e ibuprofeno.
Fisiopatologia
A activação da enzima fosfolipase A2, em resposta
a vários estímulos, hidrolisa os fosfolípides da
membrana, liberando ácido araquidônico no
citoplasma.
 Este, por sua vez, serve de substrato para duas
vias enzímicas: ciclo-oxigenase e lipo-oxigenase.
 Pela via da COX é gerada a prostaglandina (PG)
H2, que estimula a formação de vários
prostanoides, incluindo diversas prostaglandinas -
PGI2, PGD2, PGE2 PGF2 α -, e tromboxano A2. Pela
via da lipo-oxigenase formam-se leucotrienos,
lipoxinas e outros produtos.
Cascata do Acido Araquidonico
 As enzimas COX desempenham um importante papel
na homeostasia cardiovascular. As plaquetas contêm
apenas a COX-1.
 O tromboxano A2 (TXA2), sintetizado primariamente
nas plaquetas pela actividade da COX-1, causa
agregação plaquetária, vasoconstrição e proliferação de
células musculares lisas.
 De outra parte, a síntese de prostaciclina, amplamente
mediada pela actividade da COX-2 nas células
endoteliais macrovasculares, contrapõe-se a esses
efeitos.
 A prostaciclina é o principal prostanoide secretado
pelas células endoteliais. Provoca relaxamento das
células musculares lisas vasculares e é um potente
vasodilatador. Além disso, por agir nos receptores IP
das plaquetas, exerce importante atividade
antiplaquetária
FARMACOLOGIA
 As diferenças nos efeitos biológicos dos inibidores da
COX resultam do grau de selectividade para as duas
isoenzimas, das variações teciduais específicas em sua
distribuição e das enzimas que convertem a PGH2 em
prostanoides específicos.
 Os AINEs não selectivos da COX inibem a produção de
prostaglandinas na mucosa gastrointestinal, podendo
causar gastroduadinite, úlcera gástrica e sangramento
digestivo. Esses AINEs, como a aspirina, reduzem a
produção plaquetária de TXA2, devido ao bloqueio da
COX-1, e previnem a trombose arterial. Recentemente,
tem sido postulado que os inibidores selectivos da COX-
2 aumentam o risco cardiovascular. Esses agentes não
bloqueiam a formação de TXA2, nem exercem acção
antiplaquetária, devido à inibição mínima da COX-1,
porém reduzem a produção de prostaciclina
Tipos de enzimas que inibem
O aumento do risco cardiovascular poderia
resultar da não oposição às acções do TXA2 e da
propensão à trombose.
 Além disso, vários modelos experimentais têm
mostrado o efeito cardioprotetor da COX-2, que
poderia ser bloqueado pelos inibidores dessa
isoforma.
 A COX-2 se expressa em níveis baixos pelas
células endoteliais em condições estáticas, porém
é induzida pelo estresse de cisalhamento.
 Esses achados sugerem que a redução da
produção de prostaciclina, secundária ao
decréscimo da COX-2, pode aumentar o risco de
aterogênese focal em locais de bifurcação
vascular.
Conti...
Efeitos cardiovasculares

 Devido à relativa escassez da expressão da COX-2 no trato


gastrointestinal e sua grande expressão nos tecidos
inflamatórios e/ou doloridos, foram desenvolvidos e
introduzidos na terapêutica, a partir de 1999, os inibidores
selectivos da COX-2, designados COXIBEs, com o objectivo de
minimizar a toxicidade gastrointestinal dos AINEs não
selectivos.
 Os COXIBEs são tão ou mais eficazes que os AINEs não
selectivos para o tratamento da inflamação e sintomas
associados.
 Entretanto, como as plaquetas expressam primariamente a
COX-1, esses fármacos não têm propriedades antitrombóticas.
 Com base em experimentos animais, observação de registros
e ensaios clínicos, propôs-se que as mais importantes
consequências da inibição selectiva da COX-2 em relação ao
coração são a propensão à trombose, pelo desvio do balanço
pró-trombótico/antitrombótico na superfície endotelial, além
da perda do efeito protector da regulação superior da COX-2
na isquemia miocárdica e no infarto do miocárdio
Efeitos renais
 Prostaglandinas homeostáticas - prostaciclina,
GE2 e PGD2 -, geradas por acção da COX-1 em
distintas regiões dos rins, dilatam a vasculatura,
diminuem a resistência vascular renal e
aumentam a perfusão do órgão. Isso leva à
redistribuição do fluxo sanguíneo da córtex renal
para os néfrons na região intramedular. A inibição
desses mecanismos tende a diminuir a perfusão
renal total e redistribuir o fluxo sanguíneo para o
córtex, processo que culmina em vasoconstrição
renal aguda, isquemia medular e, em certas
condições, insuficiência renal aguda.
 Além disso, PGE2 e PGF2 α medeiam efeitos diuréticos e
natriuréticos, enquanto PGE2 e PGI2 antagonizam a acção da
vasopressina. Ambas, geradas nos glomérulos, contribuem
para manter a taxa de filtração glomerular. Essas
prostaglandinas constituem um mecanismo autorregulador em
presença da diminuição da perfusão renal, como na
insuficiência cardíaca e em condições de hipovolemia.
Principais efeitos colaterais:
 As evidências sobre o aumento do risco
cardiovascular com o uso de AINEs, particularmente
dos inibidores selectivos da COX-2, são ainda
incompletas. Principalmente pela ausência de
ensaios randomizados e controlados com poder para
avaliar desfechos cardiovasculares relevantes. Como
as diferenças entre os diversos AINEs são
provavelmente pequenas, grandes ensaios clínicos
comparativos são necessários para identificar qual
esquema anti-inflamatório minimiza a carga total
dos desfechos cardiovasculares e gastrointestinais
adversos. Entretanto, os resultados de estudos
clínicos e de meta-análises indicam que os inibidores
seletivos da COX-2 exercem importantes efeitos
cardiovasculares adversos, que incluem aumento do
risco de infarto do miocárdio, acidente vascular
cerebral, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e
hipertensão arterial
 O risco desses efeitos adversos é maior em pacientes
com história prévia de doença cardiovascular ou com
alto risco para desenvolvê-la. Nesses pacientes, o
uso de inibidores da COX-2 deve ser limitado àqueles
para os quais não há alternativa apropriada e,
mesmo assim, somente em doses baixas e pelo
menor tempo necessário. Além disso, mais dados são
necessários sobre a segurança cardiovascular dos
AINEs tradicionais. Embora os efeitos adversos mais
frequentes tenham sido relacionados à inibição
selectiva da COX-2, a ausência de selectividade para
essa isoenzima não elimina completamente o risco
de eventos cardiovasculares, de modo que todos os
fármacos do largo espectro dos AINEs somente
devem ser prescritos após consideração do balanço
risco/benefício.

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