AINEs
AINEs
AINEs
FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS
NÃO ESTEROIDAIS (AINES)
Referências
Fuchs FD, Wannmacher L. Farmacologia clínica – Fundamentos da terapêutica racional. 4
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Brunton, Chabner, Knollman - Goodman & Gilman's Pharmacological Basis of
Therapeutics. 12 ed. Mc Graw-Hill, 2010.
Introdução
Os fármacos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são a classe de fármacos mais
utilizada na história da medicina. Porém, seu uso irracional e excessivo é prejudicial e traz
diversos efeitos adversos.
Resposta inflamatória
A inflamação é caracterizada como uma reação de defesa do organismos, que é benéfica em
sua raiz, mas traz problemas em excesso. Ela é um conjunto de eventos celulares destinados a
neutralizar o agente lesivo e reparar o tecido lesado.
A resposta inflamatória pode ser evocada por diversos estímulos, sendo que isso define a
conduta terapêutica em muitos casos.
Independentemente do estímulo inicial, a resposta inflamatória tipíca inclui: calor, dor, rubor
e tumor, podendo evoluir para uma perda da função original. Essa resposta inflamatória,
então, é caracterizada por uma vasodilatação local transiente e aumento da permeabilidade
capilar, infiltração de leucócitos e fagócitos, com degeneração tissular e fibrose.
A artrite reumatóide é caracterizada pela perda da cartilagem, da capsula sinovial e da 'junção óssea'. Existe
um grande número de células, como macrófagos, osteoclastos, mastócitos, neutrófilos e celulas T
presentes, uma angiogenese extensiva e uma "linha" de células recobrindo a articulação.
Bactérias gram negativas possuem LPS na membrana, que no nosso corpo se tornam um PAMP. O LPS se
liga ao macrófago pela ativação do TLR4. Ao se ligar ao TLR4, o macrófago ativa o fator nuclear kappaB (NF-
kB) que aumenta os níveis de inflamação. Além disso, o TLR4 também é responsável pela liberação de
enzimas e mediadores proteícos (citocinas e quimiocinas) e lipídicos (prostaglandinas), que também
aumentam a ainflamação.
Febre
Prostaglandinas
Tromoxano A2
Leucotrienos
menor agregação
plaquetária
febre
diurese
citoproteção gástrica
contração uterina
inflamação
febre
dor
Biossíntese de prostanoides
As prostaglandinas, prostaciclinas e tromboxanos são produzidos sob a ação das enzimas
ciclo-oxigenases (COX-1 e COX-2).
As COX são formadas a partir do Ácido Araquidônico, sendo que a COX-1 é considerada
constitutiva e a COX-2 induzida por estímulos inflamatórios.
Isso significa que a COX-1 atua principalmente na agregação plaquetária e citoproteção
gástrica, enquanto a COX-2 atua em mecanismos de inflamação, dor e febre.
A inibição de COX-1 pode trazer dano gástroco ou disfunção renal em pacientes sob ricos,
além de diminuição da função de agregação plaquetária.
Já a inibição de COX-2 é mais desejada, por diminuir a inflamação, febre e,
principalmente, a dor.
Existem diversas classes de AINEs, sendo que apresentam eficácia similar e seu uso deve se
basear na adesão do paciente, custo do medicamento, toxicidade relativa... Em pacientes não
responsivos a um dado AINE, pode-se substitui-lo por outro, preferencialmente de subgrupo
diferente.
O canal de COX-2 tem um bolso lateral e canal mais largo em relação à COX-1, o que faz com
que alguns fármacos que tem maior seletividade para COX-2 sejam maiores, de forma que
não conseguem entrar no canal de COX-1. O ácido acetilsalicílico é o único fármaco do grupo
que acetila covalentemente COX-1, inativando-a de forma irrevesível, já que impede a ligação
do ácido araquidônico ao sítio ativo da enzima, e por isso é utilizado como um antiagregante
plaquetário. Já os demais, inibem as enzimas de forma competitiva e reversível.
Como descrito na imagem acima, quando as ciclooxigenases são inibidas, ocorre excesso de
ácido araquidônico, que então é desviado para a via das lipo-oxigenases.
*Mecanismos adicionais: nem só as COX são inibidas pelos AINEs, mas também outras
quimiocinas e citocinas inflamatórias.
Efeitos adversos
→ AINEs tópicos: são uma opção de substituição da dose oral com ocorrência de menos
efeitos adversos
Usos clínicos
As indicações de AINEs em monoterapia compreendem o tratamento de processos
inflamatórios sintomáticos de curta duração e o manejo de dores em que a causalidade de
prostaglandinas seja predominante.
Não devem ser utilizados em situações em que a inflamação não deve ser inibida, como
traumas e infecções, onde a inflamação é componente indispensável para a reparação
tecidual e defesa do organismo.
Doses: 85-150 mg/dia de AAS como anti-agregante; 325 mg 4/4h; 2g/dia divididos; dose única
de 500 mg
Interações Medicamentosas
É importante ressaltar que a asociação de dois AINEs diferentes não traz benefícios
adicionais, e a administração de AAS com outros AINEs e coxibes aumenta significativamente
os efeitos gastrointestinais causados pela classe.
A administração conjunta com aminoglicosídeos pode causar nefrotoxicidade, uma vez que
eles por si só são nefrotóxicos, e os AINEs agravam a situação.
O uso concomitante com álcool pode levar a efeitos ulcerogênicos, uma vez que agrava a
irritação estomacal. Além disso, o álcool é um indutor enzimático, podendo diminuir os
efeitos dos AINEs.
Os coxibes apresentam uma diminuição dos casos de úlcera, mas com o uso em longo prazo,
aumento da pressão arterial e da incidência de distúrbios cardiovasculares.
Isso ocorre porque ao inibir COX-2 seletivamente, diminui-se PGE2 (↓vasodilatação, controle
fluxo sanguíneo renal, diurese) e PGI2 (↓vasodilatação, controle fluxo sanguíneo renal, menor
agregação plaquetária), porém COX-1 não é inibida, então continua-se produzindo TXA2
(↑vasoconstrição, maior agregação plaquetária), o que leva a uma vasoconstrição excessiva.
Orientações ao paciente
Úlcera péptica, gastrite e distúrbios gastrointestinais
Distúrbios hemorrágicos
Suspeita de dengue
Etilista crônico
Reações de hipersensibilidade
Crianças com infecções virais
Asma
Gravidez
Doenças cardiovasculares
A escolha dos dois pelo uso ao invés dos AINEs clássicos se dá pela ausência de irritação
gástrica e agregação plaquetária
A dipirona tem seu efeito causado pelos seus metabólitos ativos, mas seu mecanismo de
ação é incerto.
Dor
A dor é definida como "uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma
lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal lesão." Por ser uma experiência
subjetiva que inclui componente emocional, a ocorrência da dor só pode ser determinada
quando relatada.
fibras A mielínicas tem resposta rápida, precisa e aguda, enquanto fibras C amielínicas
são lentas, difusas e em queimação.
opióides agem na medula e SNC: locais onde os sinais de detecção da dor são enviados.
a transmissão dolorosa é mais comum na dor nociceptiva.
Imagem: Transmissão dolorosa
A neuropatia induzida por Paclitaxel causa muita dor. Seu mecanismo inclui:
degeneração axonal
desmielinização segmentar
indução de estresse oxidativo
danos mitocondriais
mecanismos inflamatórios e apoptose de células endoteliais
Diagnóstico da dor: avaliar histórico clínico da dor durante a anamnese e também sua
intensidade, por meio de:
formulários e questionários
escala visual analógica para pacientes que tem dificuldade/não conseguem verbalizar
escalas para situações específicas como neonatos
Analgésicos opioides
Os analgésicos opioides são fármacos relacionados estruturalmente com produtos do ópio
que causam tolerância e dependência e, por isso, devem ser utilizados com cautela.
A codeína e a morfina são ambos opioides, sendo que uma é transformada na outra.
Mecanismo de ação
Os fármacos agonistas opióides atuam de duas maneiras nos receptores opióides mu, kappa
e delta, sendo o mu de principal ação (efeitos analgésicos e adversos, é acoplado a proteína G
inibidora - PGi, inibindo a adenilato ciclase)
Imagem: Via descendente inibitória da dor: núcleos encefálicos liberam noradrenalina e adrenalina, controlando
a dor
O tratamento farmacológico deve ser muito bem avaliado, com a seleção da droga ideal para
o tratamento (após estabelecimento do tipo de dor, nível, etc), além de estabelecimento de
dose e intervalo adequados e via apropriada. Além disso, deve-se passar por uma reavliação
contínua, a fim de evitar a dependênciia.
Efeitos adversos
naúsea, vômito
hipotensão
miose
sedação
euforia
constipação intestinal
retenção urinária
depressão respiratória
tolerância e dependência
A síndrome de abstiência dos opioides pode ser tratada com os seguintes fármacos:
1. naloxona/naltrexona
2. metadona
3. buprenorfina
codeína 30mg
morfina 30 e 60mg, 1 e 10mg/ml
fentanila 78,5 microg/ml
naloxona 0,4mg/ml
Casos clínicos
Caso Observações
Uma criança chega ao pronto-socorro, onde os Realizar lavagem gástrica com carvão ativado para
pais relatam que ela acabou de ingerir meio frasco diminuir a absorção do paracetamol.
de paracetamol.
Administrar N-acetilcisteína, que é precursora da
O que deve ser utilizado para o tratamento de glutationa, o que levará a uma maior disponibilidade
emergência e de acompanhamento da desse composto. Além disso, também pode atuar
superdosagem de paracetamol? Justifique como próprio substituto para a glutationa, ligando-se
ao metabólito tóxico a medida em que ele é
produzido. Ademais, também deve ser admnistrado
metionina em conjunto, também com o ojetivo de
aumentar os níveis de glutationa.