A Psicose Tereza
A Psicose Tereza
A Psicose Tereza
COORDENAÇÃO
Tereza Dubeux
“Se não somos capazes de perceber que há um certo
grau, não arcaico devendo ser posto em algum lugar
no nível do nascimento, mas estrutural, no nível do
qual os desejos são, propriamente falando, loucos, se
para nós o sujeito não inclui em sua definição, em
sua articulação primeira, a possibilidade da estrutura
psicótica, então não passaremos nunca de
alienistas.”
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§ Segundo Freud, a esquizofrenia é uma entidade
clínica que se distingue, no interior do grupo das
psicoses, por uma fixação numa fase muito precoce
do desenvolvimento da libido; por caracterizar-se
por uma desarticulação das diversas funções
psíquicas e por um mecanismo particular de
formação dos sintomas:
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Alguns de Psicose - Esquizofrenia
2. Unidade e Fixidez
A intrusão do semelhante funda a unidade do
eu em seu narcisismo de objeto unificado.
Há confusão entre identificação e amor de
si.
Confusão que deve ser mantida para a
estabilidade da personalidade. O
conhecimento humano está sob o signo da
estagnação das formas corporais: estrutura
que constitui o ego e os objetos sob os
atributos de permanência, de identidade e de
substancialidade.
3. O esquecimento de si
4. O objeto do desejo
Esses cinco traços definem o que Lacan vai chamar de relação imaginária,
nem simbólica, nem real. No entanto, acontece que o último traço é
deficiente: há inclusão com captura da imagem do outro, mas a exclusão
recíproca está ausente. Psicose sem delírio ou pré-psicose?
Paranoia - Perspectiva Lacaniana
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Psicose Maníaco-Depressiva
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● É, com frequência, questionado se a melancolia seria
uma psicose autônoma ou uma fi ação na fase
depressiva de uma PMD.
● • Na mania, o sujeito lida com a e igência paterna no
Real. O encontro com esta e igência vale para produzir
significação para o sujeito tanto mais quanto mais a
e igência se manifesta como implacável. Este encontro
pode ser pensado como a busca de um referencial que
lhe dê sustentação.
● Na melancolia, o sujeito se identifica ao objeto da
demanda do Outro, mas sua entrega ao gozo do Outro
é identificatória e não alucinatória.
● A mania foi abordada pela psicanálise em suas relações com a
melancolia: uma e outra dependeriam de “ um mesmo processo ao
qual o eu sucumbiu às pressões do superego na melancolia, ao passo
que, na mania, o dominou ou o afastou.” (Freud, “Luto e
Melancolia”).
● Ele considerava a mania como uma defesa contra a melancolia, em
que confluíram o eu e o ideal do eu, ocasionando uma imagem de
triunfo do ego sobre o superego.
● Freud descreve o estado de humor maníaco, no plano do afeto, como
uma alegria e um júbilo aparentemente não motivados e, no plano
da conduta, como uma suspensão de qualquer inibição.
● A tese freudiana faz da mania o simétrico da
melancolia: o luto, referindo-se à tristeza
melancólica e a festa, à euforia maníaca. Assim,
o júbilo da transgressão torna-se a chave da
mania, tal como a dor da perda, a da melancolia.
● A festividade maníaca é concebida pela a
e clusão da censura, em prol da afirmação
narcísica e triunfante das e igências pulsionais.
● O toque jubilatório da alegria maníaca não pode
ser e plicado apenas pela satisfação pulsional.
Por e emplo, a transgressão metódica de Sade
não é alegre, é sombria,
● Para Freud, o júbilo maníaco seria efeito da
eliminação do gasto psíquico e igido pelo
recalque, convertendo-se em afeto a
energia liberada.
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Histórico
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● A linguagem humana implica um movimento de retroação para o
encontro da significação. A linguagem maníaca baseia-se na
antecipação sem voltar para uma formulação do sentido.
● Há uma diferença entre esse tipo de retorno no real e o que
se passa no modelo usado na alucinação.
● Na mania, não é possível dizer que, o nome do seu ser de gozo
lhe retorna no real do ingamento ouvido, nem tampouco, por outro
lado, que ele dispersa no delírio. Esse nome se dispersa no infinito da
linguagem que o perpassa, no automatismo dos signos do qual ele é
marionete. Falta-lhe o significante mestre, como referência, e a
metonímia, como lugar da deriva do mais-de-gozar.
● O ataque no nível do discurso também é um ataque da regulação do
gozo. A e citação maníaca é um e emplo disso, pois ela não é apenas
um desenfrear da fala e uma desordem da historicidade, mas
também o abalo da homeostase do ser vivo, que reduz as
necessidades vitais do corpo, que o torna infatigável, insone, movido
por uma vida parado al que o leva à morte, com tanta certeza
quanto o suicídio melancólico.
● A linguagem certamente perturba o corpo vivo, afetando o seu
gozo, negativizando-o, mas o discurso também o regula, sobretudo
quando o Nome-do-Pai está no seu lugar.
● A e citação maníaca é o gozo que não é regulado pela função fálica
e, no qual, o um do corpo é obsedado pelos múltiplos uns da
linguagem no real, até que, depois da morte do sujeito, siga-se a
morte do ser vivo.
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Histórico
125
▪A psicose de Schreber desencadeou-se em 1893
quando ele foi nomeado presidente da Corte de
Apelação, apesar de sua doença ter começado nove
anos antes, quando foi hospitalizado pela
primeira vez. Esta crise foi diagnosticada como
hipocondria grave. Recuperado, demonstrou
imensa gratidão pelo Doutor Flechsig, que o havia
tratado.
128
▪Schreber ficou internado numa casa de saúde até
1902, quando entrou na justiça para não ser
interditado a escrever seu livro. O julgamento que
lhe deu liberdade contém o resumo de seu sistema
delirante: “Ele se considerava como chamado a
salvar o mundo, devolvendo-lhe a felicidade
perdida,
mas só poderia fazê-lo, depois de se transformar em
mulher.”
129
▪ Observando que o perseguidor apontado, o
doutor Flechsig, tinha sido antes objeto de amor
de Schreber e de sua esposa, Freud situa, na
origem da doença, a hipótese de uma crise de
homosse ualidade. Apóia-se no fato de que o doutor
Flechsig fôra, para o paciente, um substituto de
seus objetos de amor infantis: o pai e o irmão,
ambos falecidos.
▪Na e plosão do delírio, o fantasma dos desejos por
esses objetos infantis, transformaram-se em
conteúdo de perseguição.
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▪ Os desenvolvimentos teóricos de Freud definem
o ponto fraco dos paranóicos na fixação na fase
do auto-erotismo, do narcisismo e da
homosse ualidade.
131
▪Para Freud, os psicóticos possuem uma libido
voltada essencialmente para o próprio corpo. De
modo geral, a libido é sublimada nas relações
sociais, mas é algo perigoso para o psicótico que,
sempre fora de si, não tem de lidar senão com uma
duplicação de si mesmo, que ele desconhece.
132
▪ A análise lingüística que Freud fez sobre o caso,
mostra três formas de contradizer a proposição: a
contradição do sujeito, do verbo, e do objeto.
▪ Por e emplo, o delírio de perseguição opera uma
inversão do erbo: “eu não o amo, ele me odeia, eu o
odeio porque ele me persegue”;
▪ Na erotomania, o objeto é recusado :” não é ele que
eu amo , eu amo ela”, que se transforma em “ é ela
que eu amo porque ela me ama”;
▪ No ciúme delirante, o sujeito não é reconhecido,
transformando a proposta em “não sou eu que amo o
homem, é ela que o ama”.
133
▪ Freud acrescenta ainda que a proposição pode ser
rejeitada em bloco: “eu não amo ninguém, eu amo
apenas a mim”, tratando-se, então, de um delírio de
grandeza, típicos tanto da paranóia quanto da mania.
134
▪A perda da realidade, observada em ambos os
quadros, seria um dado de partida da psicose, sendo
melhor dizer que um substituto da realidade ocupou o
lugar de alguma coisa foracluída, ao passo que na
neurose, a realidade é reorganizada em um registro
simbólico.
▪É possível pensar um fio condutor que impulsionava
Schreber e que define a função da doença:
tratava-se, para ele, de atingir 3 objetivos correlatos:
1. dar sentido a uma experiência de
desmoronamento que, a princípio, deixou-o
aniquilado;
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2. descobrir um vínculo possível com o outro, alí
onde este parecia ter desaparecido; e
136
▪ O problema teórico a ser resolvido por Freud é
esclarecer os vínculos entre os mecanismos de
projeção e recalcamento, pois, para Freud, na
economia da paranóia, é recalcada uma percepção
interna, chegando em seu lugar uma percepção
vinda do e terior.
▪ A questão do mecanismo específico da psicose fica
ainda em aberto.
▪ Apoiando-se na convicção delirante de Schreber da
iminência do fim do mundo, convicção freqüente na
paranóia, Freud julga que o recalque consistiria numa
retirada dos investimentos libidinais feitos sobre
objetos antes amados e que a produção mórbida
delirante seria uma tentativa de reconstrução desses
mesmos investimentos, espécie de tentativa de cura.
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▪Esses foram os principais mecanismos identificados por
Freud na paranóia: a projeção, em que uma percepção
interna vem de fora como percepção externa, mas
também deturpada, o recalcamenǦo e o narcisismo.
▪Embora, num primeiro momento, Freud considerasse a
projeção como o mecanismo formador da paranóia, este
mecanismo não tem como ser suficiente para especificar
o campo das psicoses.
▪Na verdade, os mecanismos projetivos encontram-se
em todas as configurações, patológicas ou não, ainda
que seja possível perceber na paranóia um caráter
particularmente cego na imputação ao outro do que é
próprio.
138
▪Freud pôs à prova o mecanismo central das neuroses, o
recalcamento. No entanto, sua teoria do recalcamento
não se aplicava do mesmo modo à paranóia. Ele
construiu uma teoria que misturava recalcamento e
narcisismo.
▪Na paranóia, o recalcamento consistiria num
desligamento da libido e no retorno dessa libido para o
eu. Freud insistiu na fixação narcísica, que
desempenharia o papel de um movimento que atrairia a
libido que ficou livre para o eu. É esta fixação narcisista,
aliada ao seu retorno da libido para o eu, que daria lugar à
ampliação ilimitada do eu. O delírio megalomaníaco seria
uma se suas e pressões clínicas.
▪Trata-se, nesse caso, de um eu que não leva em conta a
realidade, o outro, de uma espécie de eu auto-gerado.
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▪A catástrofe que rompe o vínculo com o outro, que
obriga a responder, a encontrar um sentido, é a
retirada da libido. Freud esclarece que essa retirada
não elimina o mundo externo, mas o despoja de
interesse libidinal. Schreber continua a ver os outros,
mas eles já não passam de sombras de homens
“feitos às pressas”.
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O tratamento das Psicoses
O TRATAMENTO DAS PSICOSES
▪A questão que convém fazer no que diz respeito ao tratamento das
psicoses é: qual o lugar possível ao analista no fora do discurso da
psicose?