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o princípio basilar
Liberalismo económico
O Estado como garante da ordem liberal
O liberalismo O respeito pela liberdade
A herança cultural e filosófica do iluminismo transmitiu- A liberdade é o direito de qualquer Homem
se aos movimentos revolucionários dos séculos XVIII e XIX, estar apenas submetido à lei, o direito de não ser
contribuindo para consolidar a transformação social, em preso, julgado, morto, ou de qualquer modo
curso na Europa desde o século XVI. A partir de então, molestado por capricho de um ou de vários
a desagregação do mundo medieval, onde dominara indivíduos. É o direito de cada um exprimir
o religioso, é uma realidade, com a autonomização do a sua própria opinião, dedicar-se ao seu próprio
político e do económico. O Homem tornou-se o centro das ofício, deslocar-se, associar-se a outros.
preocupações e as novas conceções do poder e da ordem É, finalmente, o direito que todos temos de
são determinadas pela ciência, pelo progresso e pela influenciar a administração do Estado, quer pela
riqueza. Esse amplo movimento social de transformação nomeação de todos ou de alguns dos seus
é acompanhado e definido pela emergência de uma nova representantes, quer pelos conselhos, exigências
ideologia – o liberalismo. O liberalismo define-se como e petições que as autoridades terão
a expressão ideológica da génese e afirmação da obrigatoriamente de levar em conta, em maior
sociedade que surge em consequência da desagregação ou menor grau.
da sociedade medieval e que determina na consciência
política europeia Benjamim Constant, escritor e político
a passagem do movimento das luzes ao movimento dos francês dos séculos XVIII e XIX,
Liberdade Antiga e Moderna, 1819.
povos.
Isabel Nobre Vargues e Maria Manuela Tavares Ribeiro,
«Ideologia e práticas políticas» in José Mattoso,
História de Portugal, Vol. V, Editorial Estampa, 1998.
O liberalismo e a burguesia
Sufrágio censitário: direito de voto restrito a uma minoria da população, com base na condição económica
O liberalismo político
O interesse da Pátria
O efeito da representação é depurar e alargar o
espírito público, fazendo-o passar para um meio
formado por um corpo escolhido de cidadãos, cuja
sensatez saberá distinguir o verdadeiro interesse da
sua pátria e que, pelo seu patriotismo e pelo seu amor
da justiça, estarão menos dispostos a sacrificar esse
interesse
a considerações momentâneas ou parciais. Com tal
governo, será possível que a voz do povo, expressa
A Câmara dos Comuns
pelos representantes dele, esteja mais de acordo com
(Grã-Bretanha, séc. o bem público do que se fosse expressa pelo próprio
XIX). povo reunido com esse objetivo.
James Madison, político americano dos séculos XVIII-XIX, Federalist
Papers, 1787 (adaptado).
Separação de poderes
Equilíbrio de poderes assegurado por
assembleias de representantes da Nação
A mudança na Igreja
O processo de transformação do Reino territorializado num estado
verdadeiramente autónomo e soberano pressupôs a realização de
reformas profundas no interior da Igreja Católica. Porém, seria a
rutura com o absolutismo a criar as condições necessárias à
desestruturação da instituição eclesiástica de Antigo Regime e a
permitir a inauguração de uma política religiosa centralizadora. A
reorganização da Igreja levada a efeito pela elite liberal (…) visava
adequar o seu aparelho à ordem institucional e inseria-se no
movimento mais vasto de secularização da sociedade, da cultura e
das consciências. (…) Na sociedade de Antigo Regime, a instituição
religiosa dispunha de um vasto poder económico que lhe possibilitava
o exercício de uma verdadeira hegemonia ideológica no conjunto da
população e de um papel importante na moldagem das mentalidades
e na orientação dos comportamentos e atitudes. Assim, não nos
surpreende que, nas vésperas da Revolução de 1820, o aparelho
eclesiástico funcionasse como um instrumento de bloqueio ideológico
na «sociedade de ordens». (…) Esta estratégia imobilista visava
reduzir a influência das ideias e dos valores liberais agitados por uma
elite política e intelectualmente esclarecida. Exemplo de certidão de batismo
do Registo Civil (Barcelos, 1896).
Vítor Neto, «O Estado e a Igreja», in José Mattoso, História de
Portugal, vol. V, Editorial Estampa, 1998.
François Quesnay
• Procurou encontrar os meios para aumentar a riqueza de uma comunidade, acreditando no papel
da agricultura como criadora de abundância;
• Privilegiava um sistema de livre apropriação da terra para que esta fosse cultivada de forma livre.
O liberalismo económico
As ideias económicas de Adam Smith
A. Individualismo económico
Cada indivíduo em particular põe toda a sua energia para empregar, com a maior vantagem, o capital de
que dispõe. O que, desde logo, se propõe é o seu próprio interesse, não o da sociedade; porém, estes mesmos esforços
para com o interesse coincidem com a utilidade social (…). Todo o sistema baseado nas preferências ou nas restrições
deve ser prescrito pelo Estado, para que dê lugar a um sistema resultante na liberdade agrícola, mercantil e
manufatureira. Conquanto que não viole as lei da justiça, todo o homem deve ser perfeitamente livre para escolher o seu
modo de vida e os seus interesses. E as suas produções devem competir com as de qualquer outro indivíduo.
B. O papel do Estado
De acordo com o sistema da liberdade natural, o soberano tem três deveres a cumprir: primeiro, o dever
de proteger a sociedade da violência e da invasão dos outros povos; segundo, o dever de proteger qualquer membro da
sociedade da injustiça ou opressão que qualquer outro membro lhe possa causar; terceiro, o dever de promover certos
trabalhos públicos que interessam a toda a sociedade.
Adam Smith
• Trabalho era a principal fonte de riqueza, justificando que a busca individual de fortuna beneficiava
o Estado;
• Promovia a livre iniciativa em busca do progresso económico;
• Acreditava na liberdade comercial, na extinção de monopólios e na livre concorrência;
• Reduzida intervenção do Estado.
O direito da liberdade
Igualdade para todos? Torna-se necessário considerar o estado
em que todos os Homens se encontram
E, no entanto, por toda a parte, as leis favorecem naturalmente: é um estado de perfeita
os homens, em detrimento das mulheres, porque liberdade, em que regulam as suas ações
em toda a parte o poder está nas vossas mãos. e dispõem dos seus bens e pessoas como
Como? Perpetuarão homens livres e iluminados, muito bem entendem, nos limites da lei
vivendo num século de luz e filosofia, os abusos natural, sem pedir autorização nem depender
de poder de um século de ignorância? Os de nenhuma outra vontade humana. (…)
preconceitos que envolvem o nosso sexo – De cada vez que o corpo legislativo transgride
sancionados por leis injustas que apenas nos essa regra fundamental da sociedade, e os
atribuem uma existência secundária na sociedade seus membros tentam, por ambição, temor,
que com frequência nos forçam à necessária loucura ou corrupção, apoderar-se, para eles
humilhação de nos sujeitarmos ao caráter próprios ou para outros, dum poder confiado
desagradável e feroz de um homem que, por via absoluto sobre as vidas, as liberdades e os
de ganância dos que nos estão próximos, se bens do povo, perdem, ao falharem a sua
tornou nosso senhor – esses preconceitos missão, o poder confiado pelo povo com fins
modificaram o que para nós era o mais doce e diretamente opostos. O poder regressa então
santo dos deveres, sermos mulheres e mães, a este, que tem o direito de retomar
numa dolorosa e terrível escravidão. a liberdade original (…).
Etta Palm D’Aelders, Discurso sobre Injustiça das Leis Favoráveis
aos Homens e Contra as Mulheres, 30 de dezembro de 1790.
John Locke, Ensaio sobre a Verdadeira Origem, Extensão e
Fim do Poder Civil, 1690.
Os limites da universalidade dos direitos humanos
Limitações da universalidade
dos direitos humanos
França
• A Assembleia Francesa concedeu, em 1791, os direitos
civis a todos e decretou o fim da escravatura na metrópole
• A abolição da escravatura nas colónias sentiu as pressões
económicas dos proprietários das plantações
• Avanços e recuos nas medidas anti-esclavagistas
• Abolição definitiva da escravatura (1848)
Demonstre como a França lutou contra a indiferença perante a vida dos escravos.
O problema da abolição da escravatura
Escravos em plantações
de algodão, Carolina do
Sul, EUA, século XIX.
O Congresso Americano declarou a sua intenção de abolir a escravatura o que provocou um
conflito entre esclavagistas (Estados da União) que beneficiaram economicamente com a
mão-de-obra escrava e os abolicionistas (Estados da Confederação) que se dedicavam mais
a atividades industriais e comerciais.
Vitória da União
• Proclamação do fim da escravatura (1863)
• 13.ª emenda à Constituição (1865)
Promova-se o estabelecimento dos Europeus, o desenvolvimento da sua indústria, o emprego dos seus
capitais, novas colonizações, e numa curta série de anos tiraremos os grandes resultados que outrora
obtivemos das nossas colónias. Mas para isso é necessário reformar inteiramente a Legislação
Colonial. (…) Muitas reformas temos a fazer, algumas de importância vital para o desenvolvimento da
indústria, outras de menor monta. Entre as primeiras tem lugar uma organização completa do Ministério
do Ultramar (…). Propagando a instrução, a civilização e a moral, cessando para isso de ali enviar
malfeitores, que vão aumentar a depravação e a quem feitos soldados se tem dado armas que auxiliam
seus crimes (…). Mas todas estas essenciais providências serão ineficazes se elas não forem
acompanhadas por uma lei capital, base da civilização e da prosperidade dos povos africanos; esta lei
é a da abolição do comércio
da escravatura. Esta lei será a única de uma eficácia radical para pôr no caminho dos melhoramentos
sociais os povos africanos. (…) Temos meios de recuperar o perdido, é um dever fazê-lo, e nem em um
só momento duvido de que o Poder Legislativo habilitará o Governo para o conseguir.
Bernardo de Sá Nogueira,
visconde de Sá da Bandeira (1795-1876). Companheiro de armas de D.
Pedro IV, assumiu a pasta da Marinha em 1835. Acreditava que se deviam
abrir os principais portos dos domínios portugueses ao comércio legal com
as outras nações.
@ Biblioteca da Liberdade
1.1 Tendo em conta as afirmações Locke demonstre a sua visão sobre o liberalismo político.
Na sua resposta tenha em conta os seguintes pontos de análise:
• os direitos naturais do Homem, • os diplomas constitucionais;
• a separação dos poderes; • a soberania nacional.