CIEPOL Questão2
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Benjamin Constant compara duas formas de liberdade, sendo elas: a liberdade cujo o
exercício era tão caro aos povos antigos; a outra, aquela cujo uso é particularmente útil as
nações modernas. Entre os antigos, o indivíduo, quase sempre soberano nas questões
públicas, é escravo em todos os assuntos privados, ou seja, deliberava em praça pública sobre
assuntos políticos, mas não tinha independência individual, nem mesmo no que se refere à
religião. Já entre os modernos, ao contrário, o indivíduo independente na vida privada, mesmo
nos Estados mais livres, só é soberano em aparência, sua soberania é restrita, quase sempre
interrompida e chegando até mesmo a exercê-la apenas para abdica-la. Para ele a liberdade
dos antigos é associada a democracia e a dos modernos ao liberalismo.
Havia diferenças essenciais entre os antigos e os modernos, todas as repúblicas antigas eram
fechadas em limites estreitos. Como consequência inevitável de sua pouca extensão o espirito
dessas repúblicas era belicoso, cada povo incomodava continuamente seus vizinhos ou era
incomodado por eles. Todos compravam a segurança, a independência, a existência inteira ao
preço da guerra. E como resultado necessário dessa forma de ser todos os Estados tinham
escravos. Já nos Estados modernos havia uma grande extensão territorial, como resultado uma
massa de homens existe agora sob diferentes nomes, sob diversos modos de organização
social, mas essencialmente homogênea. Ela é suficientemente forte para não temer invasões
bárbaras e suficientemente esclarecida para não querer fazer guerra, sua tendência é a paz. Os
modernos substituíram a guerra pelo comércio, uma vez que eles nada mais são do que dois
meios diferentes de atingir o mesmo fim: o de possuir o que se deseja. Não quer dizer que não
haviam povos comerciantes entre os antigos, no entanto, eram exceção à regra geral, já que
havia muitos obstáculos que se opunham ao progresso do comércio. Enfim, graças ao
comércio, à religião, aos progressos intelectuais e morais da espécie humana, não há mais
escravos nas nações europeias. Homens livres devem exercer todas as profissões, atender a
todas as necessidades da sociedade.
Conclui-se que o indivíduo moderno não desfruta da liberdade dos antigos, a qual se
compunha da participação ativa e constante do poder coletivo diferindo da liberdade moderna
que é composta do exercício pacífico da independência privada. A participação que, na
antiguidade, cada um tinha soberania nacional, não é como para os modernos, uma suposição
abstrata. A vontade de cada individuo tinha uma influência real, o exercício dessa vontade era
um prazer forte e repetido. Em consequência, os antigos estavam dispostos a fazer muitos
sacrifícios pela conservação dos seus direitos políticos e de sua parte na administração do
Estado. Sendo assim os modernos são mais apegados a independência individual, pois os
antigos, quando sacrificavam essa independência aos direitos políticos, sacrificavam menos
para obter mais; enquanto, que, fazendo o mesmo sacrifício, os modernos dariam mais para
obter menos.
O objetivo dos antigos era a partilha do poder social entre todos os cidadãos de uma mesma
pátria, era isso eles que eles denominavam liberdade. Já o dos modernos é a segurança dos
privilégios privados e eles chamam de liberdade as garantias concedidas pelas instituições a
esses privilégios.
A obra de Stuart Mill, conduz a teoria liberal da perspectiva descendente para a ascendente,
onde a ótica descendente, é a do príncipe, de quem vê a sociedade “de cima” e a ascendente,
é a popular, de quem é alvo de poder. Por esse motivo, ele é por muitos considerados o
grande representando do pensamento liberal do século XIX, com ele o liberalismo, despede-se
de seu ranço conservador, defensor do voto censitário e da cidadania restrita, para incorporar
em sua agenda todo um elenco de reformas que vão desde o voto universal até a emancipação
da mulher. De certa forma a obra de Mill pode ser tomada como um compromisso entre o
pensamento liberal e os ideais democráticos.
Para ele, a participação política não é e não pode ser encarada como um privilégio de
poucos. E está também na aceitação de que, nas condições modernas, o trato da coisa pública
diz respeito a todos, por isso havia a preocupação em dotar o estado liberal de mecanismos
capazes de institucionalizar esta participação ampliada. A incorporação dos segmentos
populares é para ele a única maneira possível para salvar a liberdade de ser presa dos
interesses egoístas da próspera classe média. O voto não é um direito natural, antes, é uma
forma de poder, que deve ser estendido aos trabalhadores para que estes possam defender
seus direitos e interesses.
Apesar disso, para ele a tirania da maioria (democracia radical) é tão odiosa quanto a da
minoria. Isto porque ambas levariam à elaboração de leis baseadas em interesses classistas,
um bom sistema representativo é aquele que não permite “que qualquer interesse seccional
se torne forte o suficiente para prevalecer contra a verdade, justiça e todos os outros
interesses seccionais juntos”. O governo democrático é melhor porque nele encontramos as
condições que favorecem o desenvolvimento das capacidades de cada cidadão.
Mill aponta para o fato de uma sociedade livre, na medida mesmo em que propicia o choque
de opiniões e o confronto das ideias propostas, cria condições ímpares para que “a justiça e a
verdade” subsistam. Desta forma, garante- se, através do conflito, o progresso e a auto-
reforma da sociedade. Para ele, a liberdade não é um direito natural. Como utilitarista, ele
recusa a teoria dos direitos naturais, mas a liberdade também não é um luxo que interesse
apenas a uma minoria esclarecida. É antes de mais nada o substrato necessário para o
manifestação da diversidade, a qual, por sua vez, é o ingrediente necessário para se alcançar a
verdade
QUESTAO 1