Antropologia Brasileira Livro:: O Que Faz o Brasil, Brasil? Autor: Roberto Damatta
Antropologia Brasileira Livro:: O Que Faz o Brasil, Brasil? Autor: Roberto Damatta
Antropologia Brasileira Livro:: O Que Faz o Brasil, Brasil? Autor: Roberto Damatta
Disciplina: Sociologia I
Profa Tuany Moura
Objetivo do livro
• Descobrir um “modo de ser”/ um estilo cuja chave de
entendimento está no “dilema brasileiro”.
• Qual é esse dilema?
CASA-TRABALHO;
CASA – RUA – TRABALHO;
A casa
“Não se trata de um lugar físico, mas de um lugar
moral: esfera onde nos realizamos basicamente
como seres humanos que tem um corpo físico, e
também uma dimensão moral e social.” (p.25)
É formada por um grupo fechado com fronteiras e
limites bem definidos; tem mesma substância, a
qual se projeta em propriedades e demais coisas
comuns;
TRADIÇÃO: ideia de um destino em conjunto de
objetos, relações e valores que devem ser
preservadas. Tais valores podem ser chamados de
“honra” e “vergonha”;
PESSOA MORAL: atua unitariamente, defende
seus membros mais frágeis;
SERVIÇAIS: tem um sentido de pertencer àqueles
para quem presta os seus serviços;
A casa nos classifica: por sexo, idade ... E também
“honra”, “vergonha” e “respeito”;
Amor filial estendido aos amigos e compadres;
Espaço inclusivo e exclusivo – figura do
agregado;
SUPERVALORIZAÇÃO DO É NOSSO;
Plantas e animais – função simbólica;
IDEALIZAÇÃO DA FAMÍLIA:
“A casa demarca um espaço definitivamente
amoroso onde a harmonia deve reinar sobre a
confusão. A competição e desordem.” (p.27)
DELIMITAÇÃO DOS ESPAÇOS DA CASA:
CENTRO: quartos, salas e mesas;
PERIFERIA: varandas e quintais;
Discurso conservador: os valores são produzidos
pelos HOMENS e mais velhos;
CASA – espaço de reconhecimento e democracia;
TEMPO: medido por acontecimentos;
CASA E RUA: mais do que espaços geográficos,
“são modos de ler, explicar e falar o mundo”
(p.29).
A RUA
A casa e a rua interagem e se complementam –
faces da mesma moeda;
RUA: espaço típico do lazer, movimento, a
surpresa, a tentação;
“Como um rio, a rua se move sempre num fluxo de
pessoas indiferenciadas e desconhecidas que nos
chamamos de “povo” ou “massa” (p.29).
Há uma e concepção de trabalho e cidadania
negativos;
É o lugar de batalha, crueldade, expressa no
confronto direto com as nossas vontades;
TEMPO: medido pelo relógio. “o tempo, corre,
voa e passa” (p. 29).
“ O reino é sinônimo de luta e sangue” (p.29).
É local perigoso, aflitivo e conflitivo. É o reino da
confusão, do engano do logro. “Local onde
ninguém nos respeita como gente ou pessoa, como
entidade moral dotada de rosto e vontade” (p.30).
Aquilo que é negado em casa, tem-se na rua;
IDEIA DE VIDA E RUA;
Assim, a rua é oposta e complementar a casa.
COMANDO?
“A autoridade que governa com a lei, a qual torna
todo mundo igual no propósito de desautrorizar e
até mesmo explorar de forma impiedosa”(p.31).
O ser ninguém.
A rua é o espaço que permite a mediação com o
trabalho.
O trabalho
O BATENTE!
O trabalho como algo bíblico;
Na casa não deve haver trabalho- trabalho doméstico?
Prazer, favor e serviços.
IDEAL DE TRABALHADOR? O malandro, o
renunciador ou o santo e o caxias;
Base na escravidão: a relação vai do econômico ao
moral;
“até hoje misturamos uma relação puramente
econômica com laços pessoais de simpatia e amizade,
o que confunde o empregado e permite ao patrão
exercer duplo controle da situação” (p.33).
O patrão controla o trabalho, pois é ele quem tem
o emprego e controla as reivindicações pelo apelo
a moralidade das relações interpessoais numa
busca por ofuscar a relação de emprego;
“O fato é que não temos a glorificação do
trabalhador, nem a ideia de que a rua e o trabalho
são locais onde se pode enriquecer e ganhar
honestidade. Para nós essa mediação ente casa e
rua pelo trabalho é algo muito complexo” (p.32).
A ilusão das relações sociais
O MITO DA IGUALDADE RACIAL:
“uma forma sutil de esconder uma sociedade que
ainda não se sabe hierarquizada é dividi-la entre
múltiplas possibilidades de classificação. Assim,
o racismo à brasileira, paradoxalmente, torna a
injustiça algo tolerável, e a diferença, uma
questão de tempo e amor. Eis, numa cápsula, o
segredo da fábula das três raças” (p.48).
Teorias racistas europeia e americana: são contra a
miscigenação. Entende, o banco como superior,
porém dota as demais raças como possuidoras de
qualidades que podem se perder com a “mistura”;
Antonil: “O Brasil é um inferno para o negro, um
purgatório para os brancos e um paraíso para os
mulatos” (apud DA MATA, p. 37).
Gobineu: três critérios para as caracterizações em
relação às diferenciações humanas: a) o intelecto,
b) as propensões animais e c) as manifestações
morais.
Gobineau: em 200 anos o Brasil se acabaria como povo,
devido a mistura insana das raças;
Era a negação da relação social íntima e afetiva entre as
raças, não se colocava contra a hierarquia que
governava;
A figura do mulato: aquele que não pode se reproduzir;
ambíguo e híbrido;
Agassiz: “Que qualquer que duvida dos males dessa
mistura de raças, e se inclina, por mal entendida
filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as
separam, venha ao Brasil. Não pode negar a deterioração
decorrente do amalgama de raças, mas geral aqui do que
em qualquer outo país do mundo, e que vai apagando
rapidamente as melhores qualidades do branco, do negro
e do índio, deixando um tipo indefinido, híbrido,
deficiente sem energia física e mental” (p.40).
O Brasil não havia descoberto o valor positivo do
mulatismo; da positividade entre cada uma das
raças;
Logo, o Brasil não é uma país dual, “nós temos
um conjunto indefinido e variado de categorias
intermediárias em que o mulato representada uma
cristalização perfeita” (p.41).
Para Da Matta, Antonil parte da cosmologia
católica e coloca o mulato com a positividade
empregada pelo brasileiro ao intermediário, em
sua oposição aos extremos;
Aqui não ficamos com uma formulação racial dual
como a americana. “O nosso preconceito seria
muito muito mais contextualizado e sofisticado do
que o norte-americano, que é direto e formal”
(p.43). A consequência disso é a dificuldade de
combater o nosso preconceito pelo fato de ser
variável, enorme e vantajosamente invisível.
“Desenvolvemos o preconceito de ter preconceito”
(p. 4).
Nas sociedades igualitária e protestantes o
intermediário representa tudo o que deve ser
negados. O mulato é a negação da lei positiva.
Ainda que teoricamente iguais, as raças não podem
se misturar. Assim como as sociedades igualitárias e
liberais não admitem o jeitinho e o mais ou menos
As sociedades igualitárias formularam sistemas de
preconceitos muito claras, negando o
intermediário, ainda que teoricamente iguais. No
Brasil: 1)não há igualdade entre as pessoas, logo,
o preconceito velado é a formas mais eficiente de
discriminar. Mostram qual o lugar do outro para
que eles fiquem lá.
Caso Smartfhone.
2) O triangulo racial impede que a visão histórica
e social da nossa sociedade. Impede que vejamos:
“somos um país feito por portugueses brancos e
aristocráticos, uma sociedade hierarquizada e que
foi formado por um quadro rígido de valores
discriminatórios” (p.47).
O mito da democracia racial tem por objetivo
esconder a profunda desigualdade e injustiça
social conta os negros, índios e mulatos, situando
no biológico uma questão profundamente social,
econômica e política. Com isso deixa-se de lado a
questão básica: somos uma sociedade
hierarquizada, que pode admitir, entre bancos e
superior e o negro pobre e inferior, uma série de
critérios de classificação.
Como construir uma democracia racial?
Por meio, primeiramente, da igualdade jurídica, na
qual todos sejam iguais perante a lei.
Sobre comida e mulheres
Sobre comidas e mulheres
• “ O apressado come cru”, pois quem tem calma, possui
um elemento da civilização e a civilização se funda
justamente na espera ( do cozido).
• O universo da comida sintetiza a união entre o campo
intelectual e o sensível.
• “Encher a barriga”, “Encher a pança”. Estão associados a
um estado de satisfação plena (simbolicamente).
• O Cru seria tudo aquilo que esta fora da casa.
Sobre comidas e mulheres
• “E como não poderia deixar de ser , o mundo das comidas nos
leva para casa, para os nossos companheiros de teto e mesa.
Essas pessoas que compartilham intensamente de nossa
intimidade. Intimidade que se faz na cama e na mesa, onde
somos sempre tratados como alguém e temos direitos perpétuos
de cidadania” (pág. 53)
• “È que há no Brasil, certos alimentos ou pratos que abrem
uma brecha definitiva no mundo diário, engendrando ocasiões
em que as relações sociais devem ser saboreadas e
prazerosamente celebradas como as comidas que elas estão
celebrando.” ( pág. 54)
Sobre comidas e mulheres
• A partir disso, Roberto DaMatta, citava a
diferença entre alimento e comida.
• Alimento ( vital) x Comida ( prazer)
• Alimento ( universal) x Comida (particularidade)
• Comer e suas derivações: “ comer gato por lebre,
ser pego “ com a boca na botija”, Pão duro,
“estar com água na boca”, estar com a faca e o
queijo na mão”, falar da “boca pra fora”, “comer
do bom e do melhor”....
Sobre comidas e mulheres
• A comida como uma metáfora das relações sexuais no
Brasil.
• Exemplo da mulher brasileira ( casa e rua).
• “O fato é que as comidas se associam a sexualidade, de tal
modo que o ato sexual pode ser traduzido como um ato de
“comer, abarcar, englobar, ingerir, ou circunscrever
totalmente aquilo que é, ou foi comido. A comida como a
mulher, ( ou o homem, em certas situações) desaparece dentro
do comedor..” (Pág. 60)
• Portanto, o sexo como encontro não de opostos ou
iguais, mas sim como processo de absorção do outro(a)
Sobre comidas e mulheres
• Hierarquização ( comido e comedor).
• Personificação na casa( virgem, esposa), e
individualização na rua.
• O espaço simbólico da cozinha. Ex: Xica
da Silva, Gabriela Cravo e Canela, Dona
Flor.
Sobre comidas e mulheres
• O brasileiro e a sua mesa farta.
• Companheiros, deriva do latim, e define
aqueles que partilham do mesmo pão.
• Essa mesa, tem preferencia pelos cozidos
que transformam a comida numa mistura,
mistura essa tão reveladora de nossa
diversidade cultural.