Desigualdades Raciais em Saúde No Brasil

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Desigualdades raciais em saúde

no Brasil
Marianna Assis
Direito à saúde

 O direito à saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos,


de 1948, no artigo XXV. “O direito à saúde é indissociável do direito à
vida, que tem por inspiração o valor de igualdade entre as pessoas”.

 No contexto brasileiro, o direito à saúde foi uma conquista do


movimento da Reforma Sanitária, que resultou na criação do Sistema
Único de Saúde (SUS) pela Constituição Federal de 1988.
Constituição Federal (Artigos 196 a 200)
dispõe sobre a saúde

 Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

 Por ser um direito fundamental, deve possuir a máxima eficácia e


efetividade possível, configurando-se ainda como requisito essencial
para a dignidade humana que é fundamento da República segundo o
artigo 1º, inciso III, da atual Constituição.
“Carta dos direitos dos usuários da saúde”

 O presente documento foi elaborado de acordo com seis princípios basilares que, juntos, asseguram
ao cidadão o direito básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde, sejam eles públicos ou privados.
 1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde.
 2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema.
 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer
discriminação.
 4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos.
 5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada.
 6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios
anteriores sejam cumpridos
Sistema Único de Saúde (SUS)

 A maior política pública de acesso à saúde. A saúde pública universal e igualitária para
todos os brasileiros se tornou realidade com a instituição do (SUS).
 Ciclos da política pública:
- Construção de agenda;
- Formulação da política;
- Processo decisório;
- Implementação;
- Avaliação.
Discriminação no atendimento

Percepção de discriminação racial nos serviços de


Percepção de discriminação racial nos
saúde
serviços de saúde

0.6
0.6

0.5
0.5

0.4
0.4
56.70%
0.3 60%
43.30% 44.40% 40.80%
0.3
0.2

0.2 0.1

0
0.1 1

SIM NÃO Preta Branca Parda


Tempo médio de atendimento

Tempo médio de atendimento (em minutos)

0 1 2 3 4 5 6 7

Preta Parda Branca


Acesso ao pré-natal
Pré-natal Branca Parda Preta
Número de consultas de pré-natal      

1a3 13,4 14,7 21,3


3a5 19,0 26,4 29,9
≥6 67,6 58,8 48,8
Início precoce do pré-natal      
Sim 46,2 42,8 31,8
Não 53,8 57,2 68,2
Serviço de realização do pré-natal      
Público 90,0 95,1 97,6
Privado 10,0 4,9 2,4
Acesso ao pré-natal
Exames Branca Parda Preta
Glicemia      
Sim 84,3 80,4 75,3
Não 15,7 19,6 24,7
   
EAS (urina)      
Sim 85,4 82,3 78,5
     
Não 14,6 17,7 21,5
21,5      
USG (ultrassonografia)      
Sim 86,6 81,0 79,7
       
Não 13,4 19,0 20,3
20,3      
VDRL (sífilis)      
Sim 87,6 85,2 80,1
       
Não 12,4 14,8 19,9
       
HIV      
Sim 81,6 72,4 70,3
       
Não 18,4 27,6 29,7
       
Acesso ao pré-natal
Informações/Orientações Branca Parda Preta
Início do trabalho de parto      
Sim 48,4 42,4 41,3
       
Não 51,6 57,6 58,7
       
Sinais de risco      
Sim 58,4 53,8 52,3
52,3      
Não 41,6 46,2 47,7
       
Atividade para facilitar parto      
Sim 37,9 41,1 40,5
       
Não 62,1 58,9 59,5
       
Amamentação na 1ª hora      
Sim 58,6 61,1 59,4
       
Não 41,4 38,9 40,6
 
Orientação sobre maternidade referência      
Sim 55,7 51,0 50,3
       
Não 44,3 49,0 49,7
     
Violência obstétrica
Violência Física Branca Parda Preta

Episiotomia      
Sim, com anestesia 37,4 38,5 35,2

Sim, sem anestesia 14,0 13,2 12,5

Toques vaginais constantes 24,2 27,3 26,5

Violência Psicológica      
Debocharam do seu comportamento 8,3 8,8 8,6
Mandaram parar de gritar 8,2 9,2 8,6
Criticaram seus sentimentos ou emoções 8,4 8,3 7,6
Negligências praticadas pelos serviços de saúde      

O serviço não permitiu acompanhante 54,0 57,2 54,9

Demorou a ser atendida 16,9 18,7 17,9

Não teve leito para internação 5,5 6,5 6,1


Não receberam atenção quando solicitadas 13,9 15,0 14,8

Não sofreram violência 14,4 11,5 12,4


Mortalidade Materna
Razão de mortalidade por causas obstétricas por raça/cor no Brasil

55.3

68.1
1

0 10 20 30 40 50 60 70

Muheres brancas Mulheres negras


Mortalidade Materna

Razão de chances de mortes maternas entre hospitalizadas por Covid-19

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8

Preta Parda Branca


Mortalidade durante a Covid-19
 NEGROS: 27,8% (153 mil óbitos)
 BRANCOS: 17,6% (117 mil óbitos)
Internações
NEGROS: 49,1%
BRANCOS:49%
Mortes
NEGROS: 57%
BRANCOS:41%
Chance de recuperação
NEGROS:45%
BRANCOS: 62% e entre negros de 45%.
A chance de um negro morrer por coronavírus é 38% maior do que a de um branco
Referência:
 ALMEIDA, André Henrique do Vale de et al. Desigualdades econômicas e raciais na assistência pré-natal de grávidas adolescentes,
Brasil, 2011-2012. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 19, p. 43-52, 2019.
 ASSIS, Jussara Francisca de. Interseccionalidade, racismo institucional e direitos humanos: compreensões à violência obstétrica. Serviço
Social & Sociedade, p. 547-565, 2018.
 DE CERQUEIRA LUZ, Monica Abud Perez. Pandemia reforçando as desigualdades raciais existentes no Brasil.
 Jornal Nexo.
https://pp.nexojornal.com.br/opiniao/2020/A-desigualdade-racial-em-sa%C3%BAde-a-import%C3%A2ncia-do-quesito-ra%C3%A7acor-no
s-sistemas-de-informa%C3%A7%C3%A3o
Acesso em: 07/11/2022
 KALCKMANN, Suzana et al. Racismo institucional: um desafio para a eqüidade no SUS?. Saúde e sociedade, v. 16, p. 146-155, 2007.
 LIMA, Kelly Diogo de et al. Raça e violência obstétrica no Brasil. 2016.
 LOPES, F. Para além da barreira dos números: desigualdades raciais e saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, p. 1596-1601, set./
out. 2005

 LOUREIRO, M. M.; ROZENFELD, S. Epidemiologia de internações por doença falciforme no Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 6, p. 943-
949, dez. 2005.

 MARINHO, Fátima et al. Disparidades raciais no excesso de mortalidade em tempos de Covid-19 em São Paulo. Informativos
Desigualdades Raciais e Covid19, AFRO-CEBRAP, n. 8, 2021.

 ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Salud y ausencia de discriminación. Ginebra, 2001. Documento de la OMS para la Conferencia Mundial Contra
el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia. (Serie de publicaciones sobre salud y derechos humanos, 2001

 SAMPAIO, E. O. Racismo institucional: desenvolvimento social e políticas públicas de caráter afirmativo no Brasil. Interações - Revista Internacional de
Desenvolvimento Local, Campo Grande, v. 4, n. 6, p. 77-83, mar. 2003

 SILVA, Renata Pimentel da et al. A influência da cor da pele no tempo de atendimento de pacientes negros em um contexto clínico. 2018.

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