Cancioneiros e Trovadores-1
Cancioneiros e Trovadores-1
Cancioneiros e Trovadores-1
CANCIONEIRO
PRIMITIVO
A INVASÃO COMEÇOU EM 711 E TRÊS ANOS DEPOIS JÁ
DOMINAVA A MAIOR PARTE DO TERRITÓRIO DA PENÍNSULA
IBÉRICA, PARA TERMINAR DEFINITIVAMENTE APENAS EM 1492.
O CURIOSO É QUE ESSA
QUASE TODAS AS LITERATURAS SE INICIAM POR OBRAS EM VERSO. EXCETO AS NOVAS
NACIONALIDADES RESULTANTES DA EMIGRAÇÃO DE EUROPEU A PARTIR DO SÉCULO XVI, A POESIA
SURGE MAIS CEDO DO QUE A PROSA LITERÁRIA
NÃO É DIFÍCIL EXPLICAR O FATO: NAS CIVILIZAÇÕES DO PASSADO, A MAIS CORRENTE FORMA DE COMUNICAÇÃO E DE
TRANSMISSÃO DA OBRA LITERÁRIA NÃO ERA ESCRITA, MAS ORAL.
O VERSO É, INICIALMENTE, ENTRE OUTRAS COISAS, UMA FORMA DE RITMAR A FALA QUE FACILITA A
MEMÓRIAS, QUE ESSE RÍTMO SE BASEIA EM ESQUEMAS DE CONTRASTE QUANDO A DURAÇÃO DA SILABAS
(CASO DE VERSO GREGO –LATINO)
Com o declínio do Império Romano, a partir dos séculos IV e V, o latim
vulgar, língua oficial de Roma, passou a sofrer modificações entre os povos
dominados. Foi nesse longo período da Idade Média que começaram a
surgir as línguas neolatinas, como o português, o espanhol, o francês, o
italiano, o romeno e o catalão. No entanto, foi apenas no século XIV que o
português surgiu como língua oficial; as cantigas dos trovadores foram,
portanto, escritas em um outro dialeto: o provençal.
As literaturas românicas medievais nasceram da literatura oral, cujos principais agentes
eram jograis, também chamado Segréis na Península, embora, por via clerical, desde
logo assimile certos temas e lugares –comuns retóricos de tradição greco-romana.
O mais antigo dos trovadores conhecidos dos cancioneiros é João Soares de Paiva,
nascido cerca de 1140, dois anos após a batalha de Ouriques, pertencente, portanto, a
geração de Sancho I, que figura como presumível autor de uma das mais antigas
cantigas.
O início da literatura escrita portuguesa conhecida a cerca do começo do século XIII. É
possível relegar para depois, dos dois trovadores mencionados a discutidíssima cantiga
Grava (manto escarlate) de Paio Soares de Taveiros, que há pouco se datava entre 1189 e
1198.
HAVIA AINDA O JOGRAL, CANTOR DE ORIGEM POPULAR QUE INTERPRETAVA CANTIGAS DE OUTREM
E COMPUNHA AS SUAS PRÓPRIAS. AS BALADEIRAS OU SOLDADEIRAS ERAM AS DANÇARINAS E
CANTORAS QUE TAMBÉM OS ACOMPANHAVAM NAS APRESENTAÇÕES E DRAMATIZAÇÕES DAS
CANTIGAS.
O AMOR É UM DOS TEMAS CENTRAIS DO TROVADORISMO. É O EIXO CONDUTOR DAS CANTIGAS
DE AMOR E DAS CANTIGAS DE AMIGO. É COMUM O TEMA DA COITA (COYTA), PALAVRA QUE
DESIGNA A DOR DO AMOR, DO TROVADOR APAIXONADO QUE SENTE NO CORPO A NÃO
REALIZAÇÃO AMOROSA. DAÍ A ORIGEM DA PALAVRA “COITADO”: AQUELE QUE FOI
DESGRAÇADO, VÍTIMA DE DOR OU MAZELA.
OS TROVADORES ESCREVERAM AINDA OUTROS DOIS TIPOS DE CANTIGA: AS DE ESCÁRNIO E
AS DE MALDIZER, DEDICADAS A SATIRIZAR E RIDICULARIZAR.
É importante salientar que a literatura portuguesa do século XII não possuía ainda uma noção de identidade
nacional plenamente instituída. O território fazia parte do Condado Portucalense e do Condado da Galícia, terras
dadas como presente de casamento a soldados cruzados que desposaram duas moças nobres.
D. AFONSO I HENRIQUES TRANSFORMOU OS DOIS CONDADOS EM UM REINADO, MAS ELE
MESMO SÓ FOI RECONHECIDO COMO MONARCA AO RECONQUISTAR ESSAS TERRAS
RESGUARDADO PELO PODER E FORÇA DA CRISTANDADE. A IDENTIDADE DOS
TROVADORES, PORTANTO, NÃO ERA PORTUGUESA, MAS IBÉRICA E HISPÂNICA. A ORIGEM
DESSES COMPOSITORES ERA LEÃO, GALÍCIA, O REINO PORTUGUÊS, CASTELA ETC.
CANTIGAS LÍRICAS
CANTIGAS DE AMOR
Gênese da poesia amorosa que surgiria nos séculos seguintes, a cantiga de amor é cantada em 1ª pessoa. Nela, o
trovador declara seu amor por uma dama, geralmente acometido pela coita, a dor amorosa diante da indiferença da
amada.
A confissão amorosa é direta, e o trovador comumente dirige-se à dama como “mia senhor” ou “mia senhor fremosa”
(“minha senhora” ou “minha formosa senhora”), em analogia às relações de senhorio e vassalagem medievais. O
apaixonado é, portanto, servo e vassalo da amada e enuncia seu amor com insistência e intensidade.
CANTIGAS DE AMIGO
CANTIGAS DE ESCÁRNIO
CANTIGAS DE LOUVOR
CANCIONEIRO DA VATICANA: TAMBÉM COPIADO POR ANGELO COLOCCI, NA ITÁLIA, RECEBE ESSE
NOME POR TER SIDO ENCONTRADO NA BIBLIOTECA DO VATICANO. É COMPOSTO DE 1205
CANTIGAS, DAS QUAIS 138 SÃO DE AUTORIA DE D. DINIS.
SÍNTESE
Foi um movimento poético-musical;
Desenvolveu-se na Idade Média, entre os séculos XI e XIV;
As composições chamavam-se cantigas e eram geralmente acompanhadas de
música e dança;
Cantigas de amor (cavaleiro declara amor e coita à dama);
Cantigas de amigo (sempre na voz feminina);
Cantigas de escárnio (ironia e crítica indireta);
Cantigas de maldizer (ofensivas e diretas, citando nomes);
As cantigas chegaram aos nossos dias graças ao Cancioneiros;
Os trovadores oficiais tinham linhagem nobre, incluindo reis, mas havia
também os jograis, nascidos nas camadas populares;
Apreciada pela corte, a obra trovadoresca foi importante instrumento de
consolidação da cultura e do idioma português.