Doenças Sexualmente Transmissíveis
Doenças Sexualmente Transmissíveis
Doenças Sexualmente Transmissíveis
• As DSTs representam importante problema de saúde pública. Têm sua magnitude reconhecida em todo mundo, embora os
registros de seus números nem sempre seja preciso. Apesar das inconsistências em relação ao número de casos de DST, a
incidência têm aumentado tanto na população geral como em adolescentes. Causam cerca de 17% das perdas econômicas
por doenças nos países em desenvolvimento. Fatores como vergonha, medo e dificuldade de acesso aos serviços de saúde
ampliam o risco de complicações e dificultam sua prevenção.
• A relação entre DSTs e doença inflamatória pélvica, gravidez ectópica, cânceres e infecções congênitas é bem documentada.
Sua transmissão vertical, principalmente em se tratando da sífilis, além de abortamento e morte intrauterina, pode levar a
cegueira, surdez, deficiência mental e malformações do feto.
• No Brasil, a prevalência de sífilis em gestantes é de 1,6%(2004), o que representa, segundo estimativa da OMS, 49mil
gestantes e 12mil nascidos vivos com sífilis. Em pesquisa publicada pelo MS, com homens e mulheres que procuraram
atendimento com suspeita de DST, houve 14,4% de prevalência de DSTs bacterianas e 41,9% de virais.
• A abordagem médica para DSTs deve ser colocada em prática quando pessoas que têm relações sexuais sem uso de
preservativo se apresentam nos serviços de saúde com alguns dos seguintes sinais e sintomas: lesões genitais, corrimento
vaginal e/ou uretral, vesículas e /ou verrugas genitais, edema e/ou dor escrotal.
• A principal abordagem é sindrômica. Nela o tratamento será realizado de acordo com os agentes etiológicos mais frequentes
de uma síndrome diagnóstica. Baseia-se em fluxogramas específicos de conduta. É bem adequada para a prática em APS,
uma vez que possibilita maior resolubilidade no atendimento às pessoas com quadro clínico que caracteriza uma DST.
DST AGENTE ETIOLÓGICO TRATAMENTO
SÍNDROME: ÚLCERA GENITAL
Sífilis (período de incubação:20-30 dias) Treponema pallidum -1ª opção: penicilina benzatina,2400000 ui IM dose única,
1200000 em cada nádega
-2ªopção:doxiciclina 100mg VO 12/12hs por 14 dias ou
até cura clínica (CI em gestantes e nutrizes)
-Em pessoas com alergia à penicilina uma opção é o
estearato de eritromicina 500mg VO de 6/6hs por 15 dias
(em gestantes o bebê não é considerado tratado com
esse esquema)
Herpes genital (período de incubação:2-20 dias) Herpes simplex vírus -Aciclovir 200mg VO de 4/4hs (5x/dia-pular a dose da
madrugada) por 7 dias, ou 400mg VO; ou
-Valaciclovir 1g VO de 12/12hs por 7 dias
-Fanciclovir 250mg VO de 8/8hs por 7 dias
Linfogranuloma venéreo (período de incubação: 3-30 Chlamydia trachomatis -doxiciclina 100mg VO de 12/12hs por 14 a 21 dias
dias) Estearato de eritromicina 500mg VO de 6/6hs por 3
semanas
Cancro Mole(geralmente o período de incubação é de 3- Haemophilus ducreyi -1ª opção: azitromicina 1g VO dose única; ou
5 dias, mas pode chegar a 2 semanas) ciprofloxacino 500mg de 12/12hs por 3 dias (CI em
gestantes, nutrizes e <18 anos), ou estearato de
eritromicina 500mg VO de 6/6hs por 7 dias
-2ª opção: ceftriaxona 250mg IM dose única
Donovanose (período de incubação: 30 dias a 6 meses) Klebsiella granulomatis -Doxiciclina 100mg VO por 3 semanas ou até cura clínica
-estearato de eritromicina 500mg VO de 6/6hs por 3
semanas ou até cura clínica
-Bactrim 800/160mg VO de 12/12hs por 3 semanas ou
até cura clínica
-Tetraciclina 500mg VO de 6/6hs por 3 semanas ou até
cura clínica
-Azitromicina 1g dose única por 3 semanas ou até cura
clínica
CORRIMENTO VAGINAL
NÃO SIM
Diplococos Gram-negativos intracelulares presentes?
Tratar só Clamídia
A conduta proposta será a adoção do fluxograma específico para cada síndrome identificada (úlcera genital,
corrimento uretral e dor pélvica), assim como as terapias medicamentosas indicadas para o tratamento de cada
síndrome.
• Parceiros sexuais devem ser tratados preferencialmente com esquemas em dose única.
• Citologia oncótica deve ser colhida se houver indicação
• A vaginose bacteriana e a candidíase são infecções endógenas; apenas os parceiros de pessoas com
tricomoníase devem ser tratados, pois esta é considerada uma DST.
• Durante o tratamento da tricomoníase, evitar a ingestão de álcool. Manter o tratamento se houver
menstruação.
Sífilis
• A sífilis é uma doença causada pelo Treponema pallidum, que pode ser adquirida (na maioria das vezes por
contato sexual ou transfusão de sangue) ou congênita (transmissão de mãe para filho)
• A sífilis congênita pode ser prevenida durante o pré-natal, quando se deve solicitar o VDRL em todas as
gestantes. Caso seja necessário, realizar tratamento da gestante e convocar seu(s) parceiro(s) para avaliação
e tratamento.
SÍFILIS
Quanto ao VDRL, positiva entre 5 e 6 semanas após a infecção e entre 2 a 3 após o cancro. Assim, pode ser
negativo na sífilis primária, o que não ocorre na secundária. Pode ser falso-positivo de forma transitória, como
na malária, gravidez, mononucleose infecciosa, viroses, tuberculose e outras, quando negativa em seis meses,
enquanto pode persistir por mais de seis meses nos casos de hanseníase virchowiana e doenças auto-imunes,
como lúpus.
ATENÇÃO: durante o primeiro ano de tratamento, as pessoas devem ser orientadas a retornarem à unidade de
saúde para realizarem o VDRL a cada 3 meses. Se houver reatividade em titulações decrescentes, o exame deve
ser feito de 6 em 6 meses. O aumento do título do VDRL 2 diluições acima da última sorologia, mesmo na
ausência de sintomas, justifica o tratamento, em especial quando a titulação é baixa, como 1:8. Ou seja,
titulações abaixo de 1:16 não descartam sífilis.
SÍFILIS
• O condiloma acuminado é uma infecção causada pelo papilomavírus humano (HPV), que é um DNA-vírus do
grupo papovavírus, com mais de 100 tipos reconhecidos atualmente,20 dos quais podem infectar o trato
genital. Também é conhecido como verruga genital ou “crista de galo”. De acordo com seu potencial de
oncogenicidade, divide-se em 3 grupos. Os tipos de alto risco oncogênico, quando associado a outros
cofatores, têm relação com o desenvolvimento de neoplasias intraepiteliais e do câncer invasor de colo
uterino, da vulva, da vagina, e da região anal. As mulheres com infecção por HPV têm risco aumentado para
câncer de colo uterino em 19 vezes.
• A infecção pelo HPV é a DST viral mais frequente.
• A maioria das mulheres infectadas pelo HPV é assintomática e, com frequência, a infecção regride
espontaneamente sem nenhum tipo de tratamento específico.
• O diagnóstico do condiloma é basicamente clínico: caracteriza-se pela presença de lesão vegetante
característica ou subclínica na região anogenital, única ou múltipla, localizada ou difusa, e de tamanho e
visibilidade variáveis, além do encontro de alterações citopatológicas compatíveis com a infecção pelo HPV.
• O exame colpocitológico não detecta o vírus do HPV, mas pode identificar alterações que ele pode causar nas
células.
CONDILOMA ACUMINADO (PAPILOMAVÍRUS HUMANO-HPV)
• Não há evidências indicando que os tratamentos disponíveis erradicam ou afetam a história da infecção
natural do HPV. Se deixados sem tratamento, os condilomas podem desaparecer, permanecer inalterados ou
aumentar de tamanho ou número. O principal objetivo do tratamento do condiloma é a remoção das lesões,
que muitas vezes leva à cura.
• Tratamento: Ácido tricloroacético (ATA)-80-90%; crioterapia; eletrocoagulação; podofilina; imunoterapia;
exérese cirúrgica
Prevenção
O uso de preservativo é indicado para pessoas que não foram expostas ao HPV para evitar o contato com o
vírus. Portanto, sempre é importante orientar as pessoas sobre a importância do uso do preservativo para
prevenção do HPV e outras DSTs.
Vacina contra o HPV
A vacina contra o HPV foi autorizada pela Anvisa no final de 2006. Atualmente, existem 2 vacinas contra os tipos
de HPV: a quadrivalente e a específica
CONDILOMA ACUMINADO (PAPILOMAVÍRUS HUMANO-HPV)
• Alguns pontos importantes em relação à vacinação contra o HPV devem ser destacados:
-O impacto da vacinação em relação ao câncer de colo de útero só poderá ser observado após décadas
-A adoção da vacina não substituirá a realização regular do exame colpocitológico
-Pesquisas mostram que as principais beneficiadas são as meninas que ainda não tiveram relações sexuais
-A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada; até o momento só se tem convicção
de 5 anos de proteção
-O uso do preservativo continua sendo fundamental, uma vez que não há proteção contra outras DSTs e HIV.
HERPES
• É causada pelo Herpesvirus hominis, sendo a maioria das infecções subclínicas. Sua evolução é caracterizada
por surtos recorrentes com sinais e sintomas menos intensos que o da infecção primária. Além da maior
intensidade dos sintomas do primeiro episódio, ele costuma ser mais longo (2 a 6 semanas) do que as
recorrências (que podem durar poucos dias).
• Caracteriza-se por pequenas lesões ulcerativas na região anogenital, que foram precedidas por lesões
vesiculosas isoladas ou agrupadas em “cachos”, sobre base eritematosa, cujo aparecimento foi precedido
por ardor ou prurido, associado ou não à presença de células gigantes com inclusões intranucleares (de
Tzank) ao exame microscópico direto do líquido vesiculoso ou sorologia positiva para HSV 1 e 2.
• O tratamento é ineficaz em relação à cura, tendo por objetivo diminuir a intensidade e a duração dos surtos.
Além disso, tem muita relação com os aspectos emocionais da pessoa, que podem ser avaliados de maneira
adequada, seguindo os princípios da medicina centrada na pessoa.
• É fundamental manter uma boa higiene das lesões. Na infecção primária, devido ao quadro álgico, é
necessário o uso tópico de xilocaína a 5%, várias vezes ao dia.
HERPES
• As DSTs, com exceção das causadas por vírus, são curáveis, desde que seguido o tratamento adequado. As
medidas de prevenção devem ser adotadas para evitar recontaminação.
• A sífilis não tratada depois da fase de latência pode levar a lesões cutaneomucosas, cardiovasculares e
neurológicas. Nas gestantes, pode levar a abortamento, morte intrauterina e sífilis congênita.
• A infecção herpética primária no final da gestação oferece maior risco de infecção neonatal.
• Na donovanose, a destruição tecidual e a obstrução linfática podem necessitar de intervenção cirúrgica.
• As cervicites na gestação podem levar a parto prematuro, rotura prematura de membranas, e infecção fetal.
A DIP é uma importante causa de infertilidade em mulheres quando não tratada adequadamente.
• Entre homens, as DSTs podem causar também infertilidade, carcinoma de pênis e de ânus, entre outras
complicações.
ATIVIDADES PREVENTIVAS E DE EDUCAÇÃO
• Alguns dos componentes do aconselhamento pré-teste podem ser abordados em atividades lúdicas na sala
de espera ou em grupos da comunidade e na escola, principalmente a troca de informações sobre o tema.
• Demonstração do uso correto de preservativos e acesso de forma desburocratizada.
• Identificação de portadores assintomáticos (30 a 80% das mulheres com gonorréia são assintomáticas e são
diagnosticadas quando apresentam complicações , assim como as portadoras de clamídia)
RECOMENDAÇÕES PARA RASTREAMENTO DE DSTS
• GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: princípios, formação e prática.
Porto Alegre:Artmed,2012. p.1061-1071
• Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde.
Prevenção e atenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis IST. Excerto do Manual de Bolso (sífilis).