Oficina de Redação Séries Iniciais

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Professoras Janice e Jaqueline

Qual a proposta?

Padronizar as atividades de produo textual em todos os
nveis de ensino

Oficina de Produo textual: dar suporte para o trabalho


durante o ano letivo encontros mensais
Trabalhar em todos os nveis os 3 tipos textuais: descrio,
narrao e dissertao

aulas semanais de produo textual (previstas no horrio)

caderno de redao (apostila xerox)

Produo textual a cada 2 semanas

Produo textual= REDAO

Determinar nmero de linhas para cada ano


Aula de produo textual: trabalhar somente redao
(estrutura, desenvolvimento dos pargrafos, articulao,
estilo...)

Uma semana trabalhar os aspectos necessrios ao texto


na outra os alunos produzem um texto

A cada trimestre trabalhar um tipo de texto em todos os


nveis (mudando a exigncia e os critrios)

1 trimestre: Narrao

2 trimestre: Dissertao

3 trimestre: Descrio
Sero elaborados critrios de correo para cada nvel de
ensino,

Em outras aulas (Portugus, Histria, Cincias...) podero


ser trabalhados diversos gneros textuais, como tirinhas,
poesias, notcias, msicas, receitas...

Nas aulas de produo textual, dever ser trabalhada


apenas a redao.

Estima-se que, ao longo do ano letivo de 2016, os alunos


produziro 18 redaes.
Todos os meses, para a Oficina, a Coordenao ir escolher
3 cadernos por turma, aleatoriamente, para que os textos
sejam analisados e possamos ir aprimorando o trabalho.

Importante que as produes textuais componham a nota


trimestral

Determinar no mnimo 2 perodos para a aula



Tipologia textual:
Principais diferenas
DESCRIO
Fotografia/Recorte da Realidade

TEMPO nico e imutvel
TEMPO:

SER nico e particularizado


SER:

DADOS simultnea
APRESENTAO DOS DADOS:

LEITOR Construo mental da


PAPEL DO LEITOR:
cena
DESCRIO
Fotografia/Recorte da Realidade

EXEMPLO: A aparncia de Seu Antnio no era das
melhores. Fedia ao cheiro de um dia sob o sol e uma boa meia
noite num bar de atmosfera pestilenta, e seu suor tinha cheiro
de destilaria. Tinha visveis, no mximo, trs dentes na boca,
amarelos e querendo desistir, assim como seus companheiros,
antes deles. Estava sujo e maltratado, ainda que no estivesse
maltrapilho. De fato, se algo havia nele de bonito essa
dignidade humilde da gente trabalhadora.
(Donnie Csar Moinho labirinto)
NARRAO
Exemplificao da realidade

TEMPO em progresso
TEMPO:
SER em transformao e particularizando
SER:
DADOS no-
APRESENTAO DOS DADOS:
simultnea
PAPEL DO LEITOR: Identificao - Sensao
de aproximao ou afastamento
NARRAO
Exemplificao da realidade

EXEMPLO: Seu Antnio parou, pediu licena para se
sentar e se sentou. Pediu um trago do meu cigarro, e eu o dei
todo. Parecia precisar mais que eu. E comeou, aos trancos e
barrancos, a contar sua histria. De como amou, se mudou para
essa cidade muitos anos atrs, trabalhou numa grande fbrica
de pneus em So Paulo e ergueu aqui, nessa cidadezinha, sua
casa. Foi vulcanizador de ltex, violeiro, viajou o Brasil e
descreveu como pde umas dez cidades como sendo lindas.
Envelheceu, perdeu o trabalho e hoje vive do aluguel de uma
outra casa.
(Donnie Csar Moinho labirinto)
DISSERTAO
Discusso sobre a Realidade

TEMPO presente
TEMPO:
SER generalizado
SER:
DADOS em
APRESENTAO DOS DADOS:
progresso lgica
LEITOR Convencimento
PAPEL DO LEITOR:
sobre um ponto de vista
DISSERTAO
Discusso sobre a Realidade

EXEMPLO: Nos pases em desenvolvimento, a
populao idosa aumenta significativamente e o contraponto
disso aponta que o suporte para essa nova condio no
evolui com a mesma velocidade. Logo, a preocupao com
esse novo perfil populacional vem gerando, nos ltimos anos,
inmeras discusses e estudos com o objetivo de fornecerem
dados que subsidiem o desenvolvimento de programas
adequados para essa parcela da populao. Isto porque a
referida populao requer cuidados especficos e direcionados
s peculiaridades do processo do envelhecimento, sem
segreg-los da sociedade.
(Estudo coletivo A situao do idoso no Brasil atual)

Exemplos de avaliao
dos textos
muito bom que o aluno possa avaliar a sua produo de texto,
descobrindo por si mesmo o que pode ser melhorado. Por isso segue
abaixo uma sugesto de ficha de avaliao de texto que pode ser
ampliada e modificada de acordo com o texto produzido e a turma em
questo.

AVALIANDO MINHA PRODUO
1.Coloquei ttulo?
2.O ttulo est adequado ao texto?
3.Os pargrafos esto alinhados?
4.Minha produo est com um bom aspecto?
5.A letra est legvel?
6.O tipo de texto que usei est de acordo com a proposta?
7.Usei a estrutura correta para esse tipo de texto?
8.Usei os sinais de pontuao adequados?
9.Fiz a correo da ortografia?
10.As frases esto claras?
11.O texto apresenta sequncia lgica (incio, meio e fim)?
Modelo de ficha de correo:

Aspectos Critrios Peso


Apresentao Alinhamento dos pargrafos, margens, 3,0
letra, capricho, ttulo, rasuras
Estrutura e Organizao lgica das ideias, formao 4,0
contedo de frases e pargrafos, clareza,
mensagem do texto, progresso
temtica, desenvolvimento dos
pargrafos
Gramatical Ortografia, acentuao, pontuao, 3,0
concordncia , uso dos verbos
Proposta de atividade para hoje:
Dividir-se por nvel de ensino/ano
Fazer um planejamento para as aulas de redao deste ano
Quais tipos textuais sero trabalhados em quais trimestres?
Quais metodologias vamos usar?
Quais os critrios de correo que vamos adotar?
Entregar hoje
Artifcios mais recorrentes
1. Pretrito Imperfeito do Indicativo
Marcador de aes habituais, repetidas ou durativas


Mas chovia ainda, meus olhos ardiam de frio, o nariz
comeava a escorrer, eu limpava com as costas das mos e o
lquido do nariz endurecia logo sobre os plos, eu enfiava as
mos avermelhadas no fundo dos bolsos e ia indo, eu ia indo
e pulando as poas d'gua com as pernas geladas. To
geladas as pernas e os braos e a cara que pensei em abrir a
garrafa para beber um gole, mas no queria chegar na casa
dele meio bbado...
Caio Fernando Abreu (Alm do Ponto)
2. Verbos de ligao: Introdutores de
caractersticas do ser

Usava mangas curtas em todos os vestidos de casa, (...);
dali em diante ficavam-lhe os braos mostra. Na
verdade, eram belos e cheios, em harmonia com a dona,
que era antes grossa que fina, (...); mas justo explicar que
ela os no trazia assim por faceira, seno porque j gastara
todos os vestidos de mangas compridas. De p, era muito
vistosa; andando, tinha meneios engraados; (...). No se
pode dizer que era bonita; mas tambm no era feia.
Nenhum adorno...
Machado de Assis (Uns Braos)
3. Adjetivos e formas adjetivas
Caracterizadores do ser

Alcanou o ptio, enxergou a casa baixa e escura, de
telhas pretas, deixou atrs os juazeiros, as pedras onde
se jogavam cobras mortas, o carro de bois. As
alpercatas dos pequenos batiam no cho branco e liso.
A cachorra Baleia trotava arquejando, a boca aberta.

Graciliano Ramos (Vidas Secas)


4. Presente do indicativo
Descritor da realidade momentnea

A sala est deserta ao subir do pano. Chegam,
abafados, os sons dum terceto que toca no
salo. Ouvem-se durante uma parte do
dilogo, at que se indique silncio.
Columbina entra a correr pela esquerda, logo
seguida de Pierr. Mefistfeles sai-lhe ao
encontro pela direita. Columbina corre at
boca de cena, volta-se de repente para eles.

Jos Rgio (As trs mscaras)


1. Pretrito Perfeito do Indicativo
Marcador de transformaes do ser

Amou daquela vez como se fosse a ltima
Beijou sua mulher como se fosse a ltima (...)
E atravessou a rua com seu passo tmido
Subiu a construo como se fosse mquina
Ergueu no patamar quatro paredes slidas (...)
Sentou pra descansar como se fosse sbado
Comeu feijo com arroz como se fosse um prncipe
Bebeu e soluou como se fosse um nufrago
Danou e gargalhou como se ouvisse msica
E tropeou no cu como se fosse um bbado
E flutuou no ar como se fosse um pssaro
E se acabou no cho feito um pacote flcido
Agonizou no meio do passeio pblico
Morreu na contramo atrapalhando o trfego
Chico Buarque (Construo)
2. Discurso Direto
Reproduo da voz do ser

Os seus braos oh! que braos, Justino, que braos!
estavam quase nus. Quando Clotilde erguia-os, parecia uma
ninfa que fosse se metamorfoseando em anjo. No canto da
varanda, entre as roseiras, ela disse-me: "Rodolfo, que
olhar o seu. Est zangado?" No foi possvel reter o desejo
que me punha a tremer, rangendo os dentes. "Oh! no!
fiz. Estou apenas com vontade de espetar este alfinete no
seu brao".
Joo do Rio (Dentro da noite)
3. Descries
Construo do ambiente da ao

Dois pobres invlidos, bem velhinhos, esquecidos
numa cela de asilo. Ao lado da janela, retorcendo os
aleijes e esticando a cabea, apenas um podia olhar l
fora. Junto porta, no fundo da cama, o outro espiava
a parede mida, o crucifixo negro, as moscas no fio
de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia.
Deslumbrado, anunciava o primeiro:
Um cachorro ergue a perninha no poste.

Dalton Trevisan (Dois velhinhos)


4. Presente Histrico
Atualizao/Aproximao do fato passado


Manobram ambos o momento com cuidado qualquer
movimento errado pode desvirtuar a etrea magia que os
envolve, como que numa bolha de sabo. Olham-se, falam
devagar, respiram com cuidado.
- No me convida para entrar?
- Entra...
Passos calculados at a entrada do prdio. Gestos medidos.
Cuidados. Ele abre a porta de madeira, gentil, deixando que
ela entre primeiro. Ela para diante da escada, esperando que
ele a acompanhe.

Fbio Pegrucci (Bolha de Sabo)


5. Monlogo Interior
Fluxo de ideias reproduo do pensamento


O som de uma vitrola coava-se nos meus ouvidos, (...) e eu
diminua, embalado nos lenis que se transformavam
numa rede. Minha me me embalava cantando aquela
cantiga sem palavras. A cantiga morria e se avivava. Uma
criancinha dormindo um sono curto, cheio de
estremecimentos. Em alguns minutos a criancinha crescia,
ganhava cabelos brancos e rugas. No era minha me a
cantar: era uma vitrola distante, to distante que eu tinha a
iluso de que sobre o disco passeavam pernas de aranha.
Graciliano Ramos (Angstia)
1. Objetividade/Exposio
O Foco o prprio fato

Depois de ter sido aprovado em (...) 2009 por uma
comisso especial do Senado e de ter passado (...) pela
Comisso de Constituio e Justia, o projeto de reforma
do Cdigo de Processo Penal s depende de votao em
plenrio (...) para se converter em lei. Com 702 artigos, ele
consagra medidas importantes (como o monitoramento
eletrnico de presos e o uso da internet para remessa de
informaes) e dispositivos polmicos, que mudam
radicalmente a estrutura da legislao processual em
vigor.
Editorial (O Estado de So Paulo)
2. Subjetividade/Ponto de vista
O Foco a opinio do redator

Contar o tempo uma grande iluso, como todos sabemos,
mas e se no contssemos? Estaramos como num deserto,
todo plano, s areia, e sem estrelas no cu. No que, numa
situao dessas, no se acha o caminho; que no h
caminho (...). O tempo, esse ente assustadoramente
impalpvel e elusivo, no calendrio aparece singelamente
traduzido em papel, como se tivesse sido (...) dominado.
Dominado bem a palavra. a palavra que se usa contra os
inimigos, e o tempo um inimigo.
Roberto Pompeu de Toledo (Revista Veja)
3. Raciocnio Indutivo
Do caso Particular para o caso Geral


Na semana passada, ouvi uma senhora
suspirar: Tudo anda to confuso!. E,
de fato, o homem moderno um pobre
ser dilacerado de perplexidades. Nunca
se duvidou tanto.

Nelson Rodrigues (Crnicas)


4. Raciocnio Dedutivo
Do caso Geral para o caso Particular


A possibilidade de recuperar a memria e a dignidade de
brasileiros desterrados apenas por lutar por suas ideias
das mais nobres tarefas da redemocratizao. O poeta
Vincius de Moraes, por exemplo, foi brutalmente apeado
do seu posto de diplomata pelo AI-5, acusado de
poetinha vagabundo e comunista. De l para c,
Vincius, que j era grande, tornou-se cada vez maior.
Esquina do Ricardo (Revista Carioquices)

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