Produtos Perigosos

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Coletnea de Manuais Tcnicos de Bombeiros

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ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS

COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

MAEPP

MANUAL DE ATENDIMENTO S EMERGNCIAS COM PRODUTOS PERIGOSOS

1 Edio 2006

Volume 21

Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte.

PMESP
CCB

COMISSO Comandante do Corpo de Bombeiros Cel PM Antonio dos Santos Antonio Subcomandante do Corpo de Bombeiros Cel PM Manoel Antnio da Silva Arajo Chefe do Departamento de Operaes Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias Comisso coordenadora dos Manuais Tcnicos de Bombeiros Ten Cel Res PM Silvio Bento da Silva Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias Maj PM Omar Lima Leal Cap PM Jos Luiz Ferreira Borges 1 Ten PM Marco Antonio Basso Comisso de elaborao do Manual Cap PM Carlos Andr Medeiros Lamin Cap PM Paulo Csar Berto Cap PM Moiss Fontes Barbosa da Silva 1 Ten PM Rodrigo Moreira Leal 1 Ten PM Cleotheos Sabino de Souza Filho 1 Ten PM Jos Luiz Ferrari Ferreira Comisso de Reviso de Portugus 1 Ten PM Fauzi Salim Katibe 1 Sgt PM Nelson Nascimento Filho 2 Sgt PM Davi Cndido Borja e Silva Cb PM Fbio Roberto Bueno Cb PM Carlos Alberto Oliveira Sd PM Vitanei Jesus dos Santos

COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

PREFCIO - MTB

No incio do sculo XXI, adentrando por um novo milnio, o Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo vem confirmar sua vocao de bem servir, por meio da busca incessante do conhecimento e das tcnicas mais modernas e atualizadas empregadas nos servios de bombeiros nos vrios pases do mundo. As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma diversificada gama de variveis, tanto no que diz respeito natureza singular de cada uma das ocorrncias que desafiam diariamente a habilidade e competncia dos nossos profissionais, como relativamente aos avanos dos equipamentos e materiais especializados empregados nos atendimentos. Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a preocupao com um dos elementos bsicos e fundamentais para a existncia dos servios, qual seja: o homem preparado, instrudo e treinado. Objetivando consolidar os conhecimentos tcnicos de bombeiros, reunindo, dessa forma, um espectro bastante amplo de informaes que se encontravam esparsas, o Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operaes, a tarefa de gerenciar o desenvolvimento e a elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros. Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praas do Corpo de Bombeiros, distribudos e organizados em comisses, trabalharam na elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuio dentro das respectivas especialidades, o que resultou em 48 ttulos, todos ricos em informaes e com excelente qualidade de sistematizao das matrias abordadas. Na verdade, os Manuais Tcnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na continuao de outro exaustivo mister que foi a elaborao e compilao das Normas do Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforo no sentido de evitar a perpetuao da transmisso da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e consolidando esse conhecimento em compndios atualizados, de fcil acesso e consulta, de forma a permitir e facilitar a padronizao e aperfeioamento dos procedimentos.

O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua histria. Desta feita fica consignado mais uma vez o esprito de profissionalismo e dedicao causa pblica, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e contriburam para a concretizao de mais essa realizao de nossa Organizao. Os novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB so ferramentas importantssimas que vm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que servem no Corpo de Bombeiros. Estudados e aplicados aos treinamentos, podero proporcionar inestimvel

ganho de qualidade nos servios prestados populao, permitindo o emprego das melhores tcnicas, com menor risco para vtimas e para os prprios Bombeiros, alcanando a excelncia em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa misso de proteo vida, ao meio ambiente e ao patrimnio. Parabns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos Manuais Tcnicos e, porque no dizer, populao de So Paulo, que poder continuar contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados.

So Paulo, 02 de Julho de 2006.

Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO Comandante do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

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SUMRIO

1 2

INTRODUO ............................................................................................ 7 FONTES DE RISCO DE ACIDENTES ENVOLVENDO PRODUTOS

PERIGOSOS...................................................................................................... 11
2.1 Modal Rodovirio..........................................................................................11 2.2 Modal Dutovirio...........................................................................................12 2.3 Modal Ferrovirio..........................................................................................15 2.4 Modal Areo, Martimo e Fluvial ...................................................................16

LEGISLAO, NORMAS E MANUAIS PARA CONSULTA ............ 18


3.1 MERCOSUL: ................................................................................................19 3.2 Federal: ........................................................................................................19 3.3 Do Municpio de So Paulo: .........................................................................20 3.4 Legislaes Especiais: .................................................................................21 3.5 Normas Tcnicas da ABNT: .........................................................................21 3.6 Manual de Emergncias da ABIQUIM: .........................................................23 3.6.1 Procedimentos para Utilizao do Manual .................................................25 3.6.1.1 3.6.1.2 3.6.1.3 Painel de Segurana ............................................................................26 Nome do Produto .................................................................................26 Rtulo de Risco ....................................................................................26

REQUISITOS DE SEGURANA E SADE.......................................... 28


4.1 Programa Mdico .........................................................................................28 4.1.1 Cuidados de rotina com a sade ................................................................28 4.1.2 Tratamentos de emergncia.......................................................................29 4.1.3 Manuteno de histrico.............................................................................30 4.1.4 Indicadores de exposio txica.................................................................31 4.2 Treinamento de Segurana e Sade ............................................................32 4.3 Qualificao Pessoal em Segurana ............................................................32 4.4 Operaes ....................................................................................................33 4.5 Plano de Segurana .....................................................................................34

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PRIMEIRO PASSO - GERENCIAMENTO E CONTROLE DO

CENRIO DA EMERGNCIA ...................................................................... 35


5.1 Nveis de Capacitao Profissional ..............................................................35 5.2 Aproximao e Posicionamento ...................................................................37 5.2.1 Estacionamento da viatura no cenrio da emergncia...............................38 5.3 Estabelecer o SICOE....................................................................................40 5.3.1 reas de Apoio ...........................................................................................41 5.4 Estabelecer um permetro de isolamento .....................................................43 5.4.1 Segurana e Cumprimento da Lei ..............................................................45 5.5 Zonas de Riscos ...........................................................................................46 5.5.1 Identificao das Zonas de Riscos .............................................................47 5.6 Incio das Aes de Proteo Pblica ..........................................................48 5.6.1 Aes de Proteo Pblica.........................................................................52

SEGUNDO PASSO IDENTIFICAO DO PRODUTO ................... 54


6.1 Sinalizao em Caso de Emergncia em Transporte Terrestre ...................54 6.1.1 Classificao dos Produtos Perigosos .......................................................54 6.1.2 Definio de Classes ..................................................................................56 6.1.3 CLASSIFICAO DE RESDUOS .............................................................64 6.1.4 Nmero de Risco........................................................................................65 6.1.5 Rtulo de Risco ..........................................................................................67 6.2 Painel de Segurana ....................................................................................69 6.3 Sinalizao dos Veculos de Transporte de Produtos Perigosos .................70 6.3.1 Transporte a granel ....................................................................................70 6.3.1.1 6.3.1.2 De um nico produto na mesma unidade de transporte:......................70 De produtos diferentes na mesma unidade de transporte:...................70

6.3.2 Transporte de carga embalada...................................................................71 6.3.2.1 6.3.2.2 De um nico produto na mesma unidade de transporte:......................71 De produtos perigosos diferentes na mesma unidade de transporte: ..71

6.4 Documentos para o Transporte ....................................................................73 6.5 Identificao de Embalagens de Produtos Armazenados em Instalaes Fixas .............................................................................................................75 6.6 Identificao de Dutos ..................................................................................78

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TERCEIRO

PASSO

AVALIAO

DE

RISCOS

MONITORAMENTO....................................................................................... 81
7.1 Avaliao de Riscos e Perigos .....................................................................81 7.1.1 Riscos Sade ..........................................................................................83 7.1.2 Riscos Relativos a Incndios......................................................................86 7.1.3 Riscos Relativos Reatividade ..................................................................86 7.1.4 Riscos Relativos Corrosividade ...............................................................88 7.1.5 Riscos Relativos Radioatividade .............................................................89 7.2 Monitoramento Ambiental.............................................................................89 7.2.1 Aparelhos colorimtricos ............................................................................90 7.2.1.1 Limitaes e consideraes: ................................................................91

7.2.2 Indicador de Oxignio (Oxmetro)...............................................................94 7.2.2.1 Limitaes e consideraes: ................................................................94

7.2.3 Indicador de Gs combustvel (Explosmetro) ............................................95 7.2.3.1 7.2.3.2 Limitaes e consideraes .................................................................96 Consideraes gerais:..........................................................................97

7.2.4 Fotoionizador..............................................................................................98 7.2.4.1 Limitaes e consideraes: ................................................................98

7.2.5 Monitores qumicos especficos................................................................100 7.2.5.1 Limitaes e consideraes: ..............................................................100

7.2.6 Medidores de pH (pH-metros) ..................................................................101 7.2.6.1 Limitaes e consideraes: ..............................................................101

7.2.7 Cromatografia a gs .................................................................................102 7.2.7.1 Limitaes e Consideraes ..............................................................103

7.2.8 Medidor de interface.................................................................................104 7.2.8.1 Limitaes e consideraes: ..............................................................104

7.3 Consideraes finais ..................................................................................105

QUARTO PASSO AES ESTRATGICAS, TTICAS E

TCNICAS ...................................................................................................... 107


8.1 Planejamento Estratgico...........................................................................111 8.2 Objetivos Tticos ........................................................................................113 8.3 Aes de Salvamento e Resgate................................................................115

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8.4 Aes de Proteo Pblica (APP) ..............................................................117 8.5 Confinamento .............................................................................................118 8.5.1 Aes de Confinamento ...........................................................................119 Absoro...........................................................................................................119 Adsoro...........................................................................................................120 Cobertura ..........................................................................................................120 Represamento ..................................................................................................121 Dique ...........................................................................................................121

Diluio ...........................................................................................................122 Desvio ...........................................................................................................125

Disperso..........................................................................................................125 Reteno...........................................................................................................126 Disperso de vapor ...........................................................................................126 Supresso de vapor ..........................................................................................127 8.6 Conteno de Vazamento e Derramamento ..............................................127 8.6.1 Tcnicas de Conteno ............................................................................130 Neutralizao ....................................................................................................130 Revestimento ....................................................................................................134 Vedao-Estancamento....................................................................................134 Estancamento ...................................................................................................134 8.6.1.1 Vedao .............................................................................................135

Reduo ou alvio da presso...........................................................................136 Solidificao......................................................................................................139 Aspirao ..........................................................................................................140 8.7 Operaes de Controle de Incndio ...........................................................140 8.8 Emergncias com Lquidos inflamveis......................................................141 8.8.1 Avaliao de Riscos e Perigos .................................................................142 8.8.2 Aes Tticas ...........................................................................................143

QUINTO PASSO - DESCONTAMINAO ........................................ 145


9.1 Mtodos de Descontaminao ...................................................................145 9.2 Solues para Descontaminao ...............................................................146 9.3 Corredor de Descontaminao ...................................................................148 9.3.1 Seleo do local de descontaminao .....................................................149

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9.3.2 Montagem do Corredor ............................................................................149 9.3.3 Materiais Necessrios para a Montagem das Estaes do Corredor de Descontaminao ............................................................................................153 9.3.4 Equipamento de Proteo Individual para a Equipe de Descontaminao 158 9.3.5 Acondicionamento dos Equipamentos .....................................................158

10 SEXTO PASSO ATIVIDADES DE ENCERRAMENTO DA EMERGNCIA ............................................................................................... 166


10.1 Encerramento da Ocorrncia......................................................................166 10.2 Atividades de Encerramento.......................................................................167 10.2.1 Anlise crtica e instruo.........................................................................168 10.2.2 Percia ou Pesquisa de Sinistro................................................................170 10.2.3 Avaliao ..................................................................................................171 10.3 Sntese .......................................................................................................173

11 ROUPAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL - EPI 175


11.1 Roupas de Proteo a Substncias Qumicas ...........................................176 11.1.1 Estilo.........................................................................................................176 Roupa de Encapsulamento Completo ..............................................................176 Roupa no encapsulada: ..................................................................................177 11.1.2 Uso ...........................................................................................................177 11.1.3 Material de confeco ..............................................................................177 Elastmeros: .....................................................................................................178 No Elastmeros ..............................................................................................182 11.1.4 Nveis de proteo....................................................................................183 Nvel A de proteo: .........................................................................................183 Nvel C de proteo ..........................................................................................184 Nvel D de proteo ..........................................................................................185 11.2 Requisitos de Desempenho para Roupas de Proteo Qumica................186 11.3 Seleo e Uso da Roupa de Proteo........................................................191 11.3.1 Escolha do Nvel A de Proteo ...............................................................192 11.3.2 Escolha do Nvel B de Proteo ...............................................................192

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11.3.3 Escolha do Nvel C de Proteo...............................................................193 11.3.4 Escolha do Nvel D de Proteo...............................................................193 11.4 Precaues Anteriores ao Uso da Roupa de Proteo ..............................196 11.5 Luvas de Proteo s Substncias Qumicas ............................................199 11.6 Botas de Proteo s Substncias Qumicas.............................................201 11.7 Equipamentos de Proteo Respiratria para Atendimento a Emergncias Qumicas ....................................................................................................202 11.7.1 Riscos respiratrios ..................................................................................203 Consumo de ar .................................................................................................204 Contaminantes:.................................................................................................209 11.7.2 Tipos de Equipamentos de Proteo respiratria.....................................211 Equipamentos de Proteo Respiratria com Sistema de Suprimento de Ar Independentes ou Autnomos......................................................................211 11.8 Consideraes finais ..................................................................................213

12 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS PARA AEPP ............................... 215


12.1 Materiais de Identificao, Isolamento e Monitoramento............................215 12.2 Materiais de Conteno e Estancamento ...................................................216 12.3 Materiais Utilizados para a Descontaminao............................................220 12.4 Kits Bsicos de Equipamentos para Viaturas de Primeiro Socorro ............221 12.4.1 Adequao do kit para conteno de vazamentos ...................................223 12.4.2 Tipos e capacidades dos kits para conteno ..........................................224 12.4.3 Composio dos kits para conteno de vazamentos..............................225 Kit tipo 1 ...........................................................................................................225 Kit tipo 2 ...........................................................................................................226 Kit tipo 3 ...........................................................................................................227 12.4.4 Materiais de Proteo...............................................................................227 Roupas de proteo..........................................................................................227 Luvas e botas de proteo................................................................................228 Relao de materiais de neutralizao e limpeza.............................................229 Outros materiais................................................................................................229 12.4.5 MAEPP ..........................................................Erro! Indicador no definido.

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Captulo

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INTRODUO

1.1 Finalidade e objetivos do Manual


Este manual tem a finalidade de fornecer conhecimentos e informaes aos componentes do Corpo de Bombeiros, em todos os nveis de capacitao profissional, para o atendimento s emergncias com produtos perigosos. Tais subsdios tm como objetivo propiciar elementos para a tomada de decises nas fases de planejamento estratgico, definies tticas e aes de execuo no cenrio da emergncia. Ele proporciona condies de atendimento, desde um pequeno evento at aqueles que atinjam dimenses catastrficas, e, inclusive, capacita o primeiro no local a executar as aes iniciais, bem como as equipes de nveis mais especializados a adotar as aes de maior complexidade . As informaes constantes neste manual devem ser utilizadas em cursos de formao, especializao e reciclagem do profissional de bombeiros, devendo ainda ser fonte de consulta no cenrio de emergncia. Terminologias e conceitos bsicos de qumica e ainda o Sistema de Comando e Operaes em Emergncias (SICOE) devem ser consultados os Manuais de Trabalhos de Bombeiros (MTB 42) e Normas Operacionais de Bombeiros (NOB 2 e 3).

1.2 Cenrio dos Produtos Perigosos


Os Produtos Qumicos constituem um elemento importante na estrutura econmica de qualquer pas industrializado, pois se trata de uma atividade necessria viabilidade de produo de diversos setores, pois no h atividade ou

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setor produtivo que no utilize, em seus processos ou produtos finais, algum insumo de origem qumica. Portanto, o conhecimento sobre tais produtos de fundamental importncia a todos os que esto envolvidos com a segurana de vidas, meio ambiente e bens, pois eles esto dentro das residncias atravs de produtos de limpeza, inseticidas, gases de cozinha. Nos estabelecimentos comerciais, esto presentes nas lojas de tintas e solventes, fertilizantes e pesticidas, casa de fogos de artifcios, farmcias e supermercados, revendas de gs de cozinha e postos de combustveis. Encontramse tambm nas pequenas e grandes indstrias dos mais variados setores sob as formas de matria prima e produto acabado, nos laboratrios de produtos qumicos, indstrias farmacuticas. Estima-se que existam cerca de 20 milhes de formulaes qumicas no mundo, sendo que, destas, aproximadamente 1 milho representam substncias ou produtos perigosos, dos quais somente 800 possuem estudos sobre seus efeitos na sade ocupacional do homem, segundo dados da ONU de 1998. Este nmero expressivo de produtos qumicos vem potencializar o risco de ocorrncia de acidentes que causem danos sade, ao meio ambiente e ao patrimnio, podendo at atingir dimenses catastrficas. Um acidente envolvendo Produtos Perigosos (PP) no pode ser encarado como um acidente comum, como por exemplo, um simples acidente de trnsito, pois enquanto este atinge um nmero restrito de pessoas, aquele pode atingir uma quantidade maior que, com o transcorrer do tempo na emergncia, poder aumentar ainda mais sua proporo, podendo atingir comunidades inteiras. Deve-se levar em considerao ainda que, alm das conseqncias naturais do acidente envolvendo PP, tais como incndio, exploso ou vazamento, associa-se o efeito da combinao ou reao do produto com o ar, gua e resduos slidos, que podem resultar em danos para a sade humana (mortos e feridos) e para o meio ambiente (contaminao do ar, solo e gua).

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Para prevenir e minimizar esta situao, o Governo Federal instituiu um arcabouo legal, regulando a matria sobre fiscalizao e policiamento, segurana dos veculos, atendimento as emergncias e crimes referentes s infraes. Porm, os acidentes envolvendo PP ocorrem mesmo com a existncia de legislao com tendncia prevencionista. O Brasil um grande produtor e importador de produtos qumicos, sendo que o setor qumico ocupa a segunda posio do PIB da indstria de transformao, atrs apenas do setor de alimentos e bebidas, segundo dados da Associao Brasileira da Indstria Qumica de 2004. As indstrias de produtos perigosos, a exemplo de outros setores, esto concentradas na regio sudeste com 70,80%, seguida pela regio sul com 16,15%, a regio nordeste com 10,70% e, por fim, a norte e centro-oeste com apenas 1,25%. O Estado de So Paulo participa com de cerca de 53% das indstrias do total da regio sudeste e se localizam basicamente: 1. Na faixa litornea: Ubatuba, Cubato e Santos; 2. Prximas s rodovias Anchieta e Imigrantes, interligando a capital ao litoral; 3. Nas rodovias que unem o municpio de So Paulo s outras regies do pas, como a Rodovia Presidente Dutra; 4. No corredor de ligao entre a Regio Metropolitana e o interior do Estado, tais como o Sistema AnhangueraBandeirantes e a Rodovia Castello Branco 5. Na regio central do Estado, tais como Barra Bonita, Lenis Paulista, Macatuba e Piracicaba, onde se concentra o parque de usinas de lcool de cana-de-acar.

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Figura 01 - Distribuio das indstrias no Estado de So Paulo

Fonte: ABIQUIM

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Captulo

2 FONTES DE RISCO DE ACIDENTES ENVOLVENDO PRODUTOS PERIGOSOS

Os acidentes envolvendo PP ocorrem quando esto sendo movimentados, atravs dos vrios tipos de modais ou ainda quando esto armazenados ou manipulados em processos industriais. Os tipos de modais de transporte de PP so: rodovirio, ferrovirio, dutovirio, martimo, fluvial e areo. Pode-se encontrar um PP armazenado em locais como: postos e distribuidoras de combustveis, usinas de produo de lcool, indstria qumica, etc. Quadro 1 - Quadro Estatstico das ocorrncias de acidentes por tipo

Perodo: 1978 - 2004


Armazenamento Transporte rodovirio Transporte por duto Transporte martimo Transporte ferrovirio Rede de esgoto/guas pluviais Postos e sistema retalhistas de combustveis Descarte Descarte em rede pblica Indstria Mancha rf Nada constatado No identificada Outras Fonte: CADAC

% 2,5 37,4 2,9 5,5 1,0 2,9 9,3 4,8 1,9 7,4 1,7 10,4 4,6 7,8

Total de acidentes: 5884

2.1 Modal Rodovirio


As necessidades de produo e consumo geradas pelo atual nvel de desenvolvimento do Brasil, fazem com que a movimentao de produtos perigosos

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seja cada vez mais intensa, principalmente pelo modal de transporte adotado no pas, o rodovirio. O Brasil, a exemplo dos Estados Unidos e da maioria dos pases europeus, possui uma tendncia histrica de priorizar investimentos pblicos no modal rodovirio. Dados oficiais mostram que o pas possui quase 1,8 milho de quilmetros de estradas, sendo que destes somente 10% so pavimentados. Apesar da precariedade, a malha rodoviria brasileira considerada a segunda maior do mundo, s perdendo para a dos Estados Unidos. Por conseguinte, o maior nmero de acidentes envolvendo PP est neste modal, como se pode verificar no quadro acima.

2.2 Modal Dutovirio


Dutos so tubulaes especialmente desenvolvidas e construdas de acordo com normas internacionais de segurana, para transportar petrleo e seus derivados, lcool, gs e produtos qumicos diversos por distncias especialmente longas, sendo ento denominados como oleodutos, gasodutos ou polidutos. So construdos com chapas que recebem vrios tratamentos contra corroso e passam por inspees freqentes, atravs de modernos equipamentos e monitoramento distncia. Entre os dispositivos de segurana esto vlvulas de bloqueio, instaladas em vrios intervalos das tubulaes para impedir a passagem de produtos, em caso de anormalidades. Desta forma um duto permite que grandes quantidades de produtos sejam deslocados de maneira segura, diminuindo o trfego de cargas perigosas por caminhes, trens ou por navios e, conseqentemente, diminuindo os riscos de acidentes ambientais.

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Figura 02 - Linha de oleoduto em reparo

Fonte: Cetesb

H dutos internos, ou seja, situados no interior de uma instalao como h tambm os intermunicipais, interestaduais ou internacionais. Estas tubulaes de ao interligam peres, terminais martimos e fluviais, campos de produo de petrleo e gs, refinarias, companhias distribuidoras e consumidores. Na maioria so subterrneos, mas h tambm os areos e os submarinos, situados nas imediaes das plataformas de petrleo e dos terminais. Assim sendo, o traado dessas linhas de dutos podem ser encontrados em reas urbanas, rurais, passando sob ruas, avenidas e rodovias; condomnios; fazendas, serras e montanhas, rios, mares e manguezais e uma grande variedade de localidades. Figura 03 Linha de dutos enterrados ao lado da Rodovia dos Imigrantes - S P

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Fonte: Cetesb

Mesmo construdos e operados dentro dos padres mximos de segurana internacional, os dutos esto sujeitos eroso, deslizamentos de terra, corroso, queda de rochas, atos de vandalismo, ao de terceiros, os quais podem ocasionar os vazamentos e, em funo da alta presso com que os produtos so bombeados e da periculosidade das substncias transportadas, os danos ambientais e scioeconmicos raramente so pequenos. Figura 04 - Localizao dos dutos da PETROBRAS

Fonte: PETROBRAS

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2.3 Modal Ferrovirio


A malha ferroviria paulista apresenta atualmente 5,1 mil quilmetros, sendo 4.236 km em extenso e 900 km de linhas em ptios. formada por um conjunto de linhas e ramais ligando o interior do Estado de So Paulo e as regies do tringulo mineiro e do sudoeste de Minas Gerais regio metropolitana de So Paulo e ao porto de Santos. Ao longo desse trajeto, h ligao com outras ferrovias, a Sul Atlntica, a Centro Atlntica e a Novoeste. O modal ferrovirio constitui um importante meio de escoamento de cargas em geral transportando 5,2% do total de cargas movimentadas no pas. Entre essas cargas incluem-se produtos perigosos como lcool, coque, diesel, gasolina, leos combustveis. O transporte ferrovirio caracterizado pelos grandes volumes de cargas simultaneamente transportados, haja vista a grande capacidade dos vages, bem como o grande nmero dos mesmos em uma dada composio. Alm disso, a malha ferroviria atravessa diferentes reas de relevante importncia como reas de preservao ambiental, de alta densidade populacional, etc. Nesse contexto, verifica-se que o transporte ferrovirio de produtos perigosos oferece um grande potencial de risco sade, ao meio ambiente e ao patrimnio pblico e privado, tendendo a ser o acidente neste tipo de transporte, geralmente mais complexo em relao aos acidentes ocorridos no modal rodovirio, sendo motivo de maior ateno por parte das equipes de emergncia.

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Figura 05 - Mapa da malha ferroviria do Brasil

Fonte: Associao Nacional dos Transportes Ferrovirios

2.4 Modal Areo, Martimo e Fluvial


Estes modais apresentam uma estatstica baixa de acidentes, apesar de representar um risco em potencial. O modal areo muito pouco utilizado para o transporte de cargas perigosas, j que h uma limitao muito grande por parte da legislao em relao ao

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transporte de passageiros e cargas, alm da limitao da aeronave em transportar grandes quantidades de produtos; esse modal mais utilizado para transporte de produtos embalados e geralmente esto armazenados em pequenas quantidades. O modal fluvial tambm representa um percentual muito baixo no setor de transporte de cargas em geral, porm est crescendo cada vez mais no contexto nacional, j que as condies dos rios favorecem esse tipo de transporte. Num futuro prximo a situao poder se alterar e as equipes de emergncias precisam se preparar para o atendimento de ocorrncia deste tipo de modal. J o modal martimo um dos principais meio de entrada de produtos perigosos importados no pas e oferece um potencial de grande risco para as equipes de emergncia e para o meio ambiente, devido grande quantidade e a diversidade de produtos transportados na mesma embarcao. Este tipo de emergncia peculiar da regio porturia e as instituies locais com suas equipes de emergncias devero ter treinamento e planos de interveno especficos para esse tipo de acidente, que se diferenciam e muito dos demais modais, quer seja pelo acesso externo embarcao, quer seja pelo layout interno dos compartimentos que conduzem aos depsitos, que se tornam verdadeiros labirintos e grandes armadilhas para as pessoas que no esto familiarizadas com aquele ambiente. No obstante, mesmo havendo as peculiaridades dos acidentes em cada tipo de modal, o atendimento emergencial geral o mesmo, sendo que todas os passos de aes tticas descritas nos captulos seguintes devem ser aplicados.

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Captulo

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LEGISLAO, NORMAS E MANUAIS PARA CONSULTA

A partir dos diversos acidentes de grande porte ocorridos no perodo psguerra, a ONU, em 1957, criou uma comisso que elaborou uma relao de 2.130 produtos qumicos considerados como perigosos e definiu um nmero de identificao para cada um deles, sendo adotado pela comunidade internacional. O Brasil, como um dos signatrios daquele organismo internacional, trouxe para o seu arcabouo legislativo as recomendaes e classificaes editadas pelo organismo, porm, isso no ocorreu de forma imediata. Apenas em 1983, a exemplo do que ocorreu com a ONU, aps a ocorrncia de dois acidentes marcantes, o do P da China no Rio de Janeiro e do incndio na composio ferroviria, em Pojuca, Bahia, o Ministrio dos Transportes editou o Decreto n 88.821/83, disciplinando o transporte de produtos perigosos, individualizando a responsabilidade de cada envolvido e definindo suas atribuies. Em 1988 a legislao foi substituda pelo Decreto n96.044, que estabeleceu o Regulamento para o Transporte Rodovirio de produtos perigosos, sendo regulamentado pela Portaria n291, de 31/05/88, tambm daquele Ministrio. Em 05/06/2001 foi publicada a Lei Federal N 10.233/01, passando Agncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a atribuio de estabelecer padres e normas tcnicas complementares relativas s operaes de transporte terrestre de produtos perigosos. Conseqentemente, em 12/02/2004 o rgo publicou a Resoluo N 420/04, estabelecendo a nova relao dos produtos perigosos e os seus nmeros de identificao ONU, quantidades isentas, classes de risco, grupos de embalagens e provises especiais, substituindo ainda algumas Portarias do Ministrio do Transporte. Ao lado desses dispositivos legais dos Poderes Legislativo e Executivo nacional, so encontradas as normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), registradas no Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade

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Industrial (INMETRO), que so aplicadas para a fiscalizao do transporte dos produtos qumicos. Ainda no mbito federal, em 1996, foi publicado o Decreto n1797, que colocou em execuo o Acordo de Alcance Parcial para Facilitao do Transporte de produtos perigosos entre os Pases Integrantes do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), firmados pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Segue abaixo a relao das legislaes, nas suas vrias esferas territoriais, que regulamentam o transporte rodovirio de produtos perigosos so:

3.1 MERCOSUL:
Decreto N 1797, de 25/01/96 Dispes sobre a execuo do Acordo de Alcance Parcial para facilitao do Transporte de produtos perigosos, entre o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Decreto N 2866, de 08/02/98 Aprova o regime de infraes e sanes aplicveis ao transporte terrestre de produtos perigosos. Portaria MT N 22/01, de 19/01/01 Aprova as instrues para a Fiscalizao MERCOSUL. do Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos no

3.2 Federal:
Decreto-Lei N2063, de 06 de outubro de 1983 Dispe sobre multas a serem aplicadas por infraes regulamentao para a execuo do servio de transporte rodovirio de cargas ou produtos perigosos e d outras providncias. Decreto N 96.044, de 18/05/1988 Aprovou o Regulamento para o Transporte Rodovirio de produtos perigosos (RTPP) e d outras providncias.

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Resoluo N 91, de 04/05/98 Dispes sobre os Cursos de Treinamento Especfico e Complementar para Condutores de Veculos Rodovirios Transportadores de Produtos Perigosos. Lei N 9611, de 19/02/1998 Dispe sobre o Transporte Multimodal de Cargas e d outras providncias. Lei N 9605, de fevereiro de 1998 Dispes sobre as sanes penais e administrativas derivadas de conduta e atividades lesivas ao meio ambiente e d outras providncias. Decreto N 4097, de 23 de janeiro de 2002 Alterou a redao dos art. 7 e 19 dos Regulamentos para os Transportes Rodovirio e Ferrovirio de Produtos Perigosos, aprovados pelos Dec 96044/88 e 98973/90. Portaria MT N 349, de 04 de junho de 2002 Aprovou as Instrues para a Fiscalizao do Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos no mbito Nacional. Resoluo ANTT N 420/2004 Aprovou as instrues complementares ao RTPP.

3.3 Do Municpio de So Paulo:


Lei N 11368, de 17 de maio de 1993 Dispe sobre o transporte de produtos perigosos de qualquer natureza por veculos de carga no municpio de So Paulo e d outras providncias. Decreto N 36957, de 10 de julho de 1997 Regulamenta a Lei N 11368, de 17 de maio de 1993, que dispe sobre o transporte de produtos perigosos de qualquer natureza por veculos de carga no municpio de So Paulo. Decreto N 37391, de 08/04/1998 Altera dispositivos do Dec n 36957/97 substitui SEUS Anexos 1 e 4 e d outras providncias.

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Portaria n 77, Gabinete do Prefeito, 05/06/98 Estabelece os critrios tcnico-administrativos da Lei n 11368/93 e respectivos decretos. Portaria DSV G.N. n 15/98 Define os produtos perigosos com alta freqncia de circulao para fins de licenciamento do transportador e estabelece as condies e restries ao trnsito de veculos que transportam produtos perigosos nas vias do municpio de So Paulo.

3.4 Legislaes Especiais:


Resoluo CNEN NE-5.0113/88 estabelece padres de segurana que proporciona nvel aceitvel de controle dos riscos de radiao, criticalidade e trmico para pessoas, propriedades e meio ambiente associados ao transporte de material radioativo que se baseiam nos Regulations for the Safe Transport of Radioactive Material (TS-R-1 (ST-1 Revisado)), da IAEA , Viena (2000). R-105 Regulamenta o transporte de produtos explosivos. Regulamentos Tcnicos do INMETRO normas expedidas pelo rgo que especifica procedimentos e critrios para o Certificado de Capacitao de Tanques conforme a sua destinao de utilizao, pra-choques traseiros, etc.

3.5 Normas Tcnicas da ABNT:


A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) o rgo responsvel pela normalizao tcnica no pas, fornecendo a base necessria ao

desenvolvimento tecnolgico brasileiro. As Normas Brasileiras (NBR) so o conjunto de especificaes que normalizam procedimentos, terminologia, etc. e tem como objetivo padronizar as exigncias para o transporte de produtos perigosos, tais como identificao do produto, equipamentos de proteo individual para avaliao e fuga (EPI), conjunto de equipamentos para situaes de emergncia, envelope para o transporte, ficha de emergncia, smbolos de risco e manuseio, entre outros.

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As normas no so obrigatrias, exceto quando h uma previso legal. No que tange a produtos perigosos, o Decreto N 96.044 e a Resoluo N 420/2004 adotam vrias Normas Brasileiras, tornando-as dessa forma obrigatrias. Dentre elas, pode-se citar: NBR-7500/2004 Smbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de Materiais. NBR-7501/2003 Transporte Terrestre de Produtos Perigosos Terminologia. NBR-7503/2003 Ficha de Emergncia para o Transporte de Produtos Perigosos. NBR-7504/2004 Envelope para Transporte de Produtos Perigosos Caractersticas e Dimenses. NBR-8285/2000 Preenchimento da Ficha de Emergncia para o Transporte de Produtos Perigosos. NBR-9734/2003 Conjunto de Equipamentos de Proteo Individual para Avaliao de Emergncia e Fuga no Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos. NBR-9735/2003 Conjunto de Equipamentos para Emergncia no Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos. NBR-10271/2003 Conjunto de Equipamentos para Emergncia no Transporte Rodovirio de cido Fluordrico. NBR-12710/2000 Proteo contra Incndio por Extintores, no Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos.

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NBR-12982/2004

Desgaseificao

de

Tanque

Rodovirio

para

Transporte de Produto Perigoso Classe de Risco 3 Lquidos Inflamveis. NBR-13095/1998 Instalao e Fixao de Extintores de Incndio para Carga no Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos. NBR-14064/2003 Atendimento a Emergncia no Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. NBR-14095/2003 rea de Estacionamento para Veculos Rodovirios de Transporte de Produtos Perigosos.

3.6 Manual de Emergncias da ABIQUIM:


Este manual a traduo adaptada do Guia Norte-americano de Atendimento a Emergncias com Produtos Perigosos desenvolvido pelo Ministrio do Transporte do Canad, pelo Departamento de Transportes dos Estados Unidos (DOT) e pela Secretaria de Comunicaes e Transportes do Mxico (SCT), cuja traduo foi efetuada pela Associao Brasileira de Indstrias Qumicas (ABIQUIM) e adaptada para a realidade brasileira. Ele foi desenvolvido para ser utilizado pelo Corpo de Bombeiros, Polcia Rodoviria e outras pessoas de servios de emergncias, que possam ser os primeiros a chegar no local de um acidente com produtos perigosos, adotando as recomendaes da ONU para o transporte de produtos perigosos. principalmente um guia para auxiliar as equipes de emergncia na identificao especfica ou genrica dos materiais perigosos envolvidos em acidentes rodovirios ou ferrovirios, nas definies das aes de proteo da equipe e da populao em geral durante a fase de resposta inicial do acidente. Originalmente foi concebido para o uso em acidentes com produtos perigosos durante o transporte terrestre (rodovirio e ferrovirio), mas poder, dentro de certos limites, ser instrumento valioso no contingenciamento de acidentes com produtos qumicos em locais como terminais de carga, indstrias e depsitos.

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O Manual dividido em 5 sees coloridas, conforme descrio abaixo: Seo BRANCA (inicial) traz informaes sobre como proceder na emergncia, como identificar o produto, as classes de risco, a tabela dos Rtulos de Risco e Nmero de Risco e a relao dos Cdigos de Risco. Seo AMARELA traz a relao numrica dos produtos perigosos elencados na Resoluo 420/04 da ANT. A lista contm, alm de alguns sinnimos, produtos que podem utilizar as designaes no especificadas (n. e.). A tabela da relao numrica traz quatro colunas: a primeira contendo o nmero ONU ou de identificao do produto, o segundo contendo a Classe de Risco principal, a terceira contendo o nmero do Guia de Procedimentos de Emergncia e a quarta contendo nome do produto. Seo AZUL relao alfabtica dos produtos, contendo quatro colunas com os mesmos dados da seo amarela, porm com a ordem das colunas alteradas da seguinte forma: a primeira com o nome dos produtos, a segunda com o nmero ONU, a terceira com a Classe de Risco e a quarta com o Nmero do Guia de Emergncia. Seo LARANJA traz os Guias de atendimento inicial em casos de emergncia, que do suporte para os primeiros 30 minutos de atendimento. Cada um dos Guias numerados fornece, de forma simples e objetiva, as informaes mais relevantes, indicam os riscos potenciais mais significativos e descreve os procedimentos a serem inicialmente adotados, contemplando os produtos perigosos isoladamente. Nos casos em que diversos produtos apresentam riscos similares, sugerindo procedimentos emergenciais

semelhantes; um nico Guia abrange todos esses produtos. Cada Guia est dividido em itens e subitens com os seguintes ttulos: Riscos Potenciais, subdivididos em fogo ou exploses e riscos sade;

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Segurana Pblica, subdivididos em vestimentas de proteo e evacuao; Aes de Emergncia, subdividido em fogo, vazamento ou derramamento e primeiros socorros. Seo VERDE traz a Tabela de Isolamento e Proteo Inicial, com as explicaes de como proceder para utilizar corretamente essa seo. A tabela referenciada corresponde aos produtos constantes na relao de produtos perigosos das sees amarela e azul, cujos nmeros e/ou nomes esto sombreados em verde. Seo BRANCA (final) traz as explicaes sobre o uso do Painel de Segurana e da correta sinalizao dos veculos transportadores de produtos perigosos. Esclarece ainda os itens e subitens abordados na seo laranja, aborda sobre a PRQUMICA e seu servio de planto emergencial e ainda contm um glossrio de termos constantes no Manual. IMPORTANTE: O Manual de Emergncia da ABIQUIM somente uma fonte de informao inicial para os primeiros 30 minutos de acidente.

3.6.1 Procedimentos para Utilizao do Manual

A consulta ao manual simples e rpida. Seu objetivo encontrar as informaes emergenciais contidas nas Guias, que depender de como o primeiro no local conseguir obter a identificao do produto. Pode-se ento chegar a Guia atravs das seguintes informaes: Painel de Segurana Nmero de Identificao do Produto(n da ONU); Nome do Produto, e

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Rtulo de Risco

3.6.1.1 Painel de Segurana A numerao na parte inferior do Painel de Segurana (ver cap. 8) o nmero de identificao do produto (N da ONU). Uma vez que foi possvel visualizar este nmero ou obt-lo atravs da Ficha de Emergncia. O primeiro no local deve consultar o manual da seguinte forma: 123Abrir a seo amarela e localizar o nmero da ONU; Identificar o nmero da Guia, e Abrir a seo laranja e localizar o nmero correspondente.

3.6.1.2 Nome do Produto O Nome do Produto pode ser obtido atravs da Ficha de Emergncia (ver cap. 8), escritos nos tanques de carretas e vages, ou atravs de informaes fornecidas pelo motorista ou funcionrios da empresa. O primeiro no local deve consultar o manual da seguinte forma: 1- Abrir a seo azul e localizar o nome do produto; 2- Identificar o nmero da Guia, e 3- Abrir a seo laranja e localizar o nmero correspondente. 3.6.1.3 Rtulo de Risco O primeiro no local pode ainda chegar ao nmero da Guia quando se tem a possibilidade de visualizar um ou mais Rtulos de Risco (ver cap. 8) do produto e dever proceder da seguinte forma: 1- Localizar a Tabela de Rtulos de Risco e Guias que est nas pginas que antecedem a seo amarela;

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2- Localizar o smbolo do Rtulo de Risco correspondente, verificando o nmero da Guia que se encontra logo abaixo, e 3- Abrir a seo laranja e localizar a Guia correspondente. Observao: Neste caso de se obter a Guia atravs do Rtulo de Risco, devese observar que se trata das aes emergenciais para a classe de risco que pertence o produto e no especificamente do produto.

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Captulo

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REQUISITOS DE SEGURANA E SADE

A equipe de servio envolvida em um acidente com produtos perigosos poder enfrentar uma larga gama de problemas de sade e segurana. Alm do risco associado s propriedades fsico-qumicas ou toxicolgicas do produto envolvido, outros aspectos, como riscos causados pela eletricidade esttica, fadiga por calor, exposio ao frio, defeito de equipamentos etc, tambm podem contribuir para causar efeitos adversos ao pessoal.

4.1 Programa Mdico


Para proteo da sade da equipe de servio, um programa mdico deve ser desenvolvido, viabilizado e mantido. Esse programa conter dois componentes essenciais: cuidados de rotina com a sade e tratamentos de emergncia.

4.1.1 Cuidados de rotina com a sade

A rotina de acompanhamento da sade dever no mnimo, consistir de: Exame mdio preliminar para estabelecimento do estado individual de sade, dados fisiolgicos bsicos e capacidade para vestir os equipamentos de proteo individual; Exames com freqncia (anual ou semestral) determinada por mdico, dependendo da durao e tipo de trabalho a que normalmente a equipe est sujeita, a freqncia a exposies e a condio fsica individual; Exames mais freqentes , determinados pelo mdico, devido a atividades especficas;

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Exames mdicos especiais, cuidados e consultas em caso de conhecimento ou suspeita de exposio a substncias txicas. Qualquer teste especial depender do tipo de substncia qumica a qual o indivduo foi exposto.

Os exames mdicos devem ser conduzidos durante e aps o tempo em que permanecer na equipe de atendimento a produtos perigosos.

4.1.2 Tratamentos de emergncia

O tratamento de emergncia deve conter cuidados e providncias de emergncia para a equipe de servio, incluindo possveis exposies a substncias txicas e ferimentos resultantes de acidentes ou danos fsicos. Os itens a seguir devem ser includos na previso de tratamento de emergncia: Nome, endereo e nmero de telefones dos consultrios, centros de atendimento toxicolgicos, etc. Isso dever estar destacado em um mapa com a localizao, itinerrio e demais informaes, alm do tempo total para o transporte; Relao dos hospitais com a capacidade de resposta para as equipes e/ou vtimas expostas ou suspeita de estarem expostas a produtos perigosos; Providncias para a obteno de meios de transporte adequados, como ambulncias e as formas mais rpidas e seguras desse contato; Chuveiros de emergncia, lavadores de olhos, alm de materiais de primeiros socorros disponveis na rea; Providncias para a rpida identificao da substncia a qual o membro da equipe foi exposto (caso isso no tenha sido feito previamente). Essa informao deve ser transmitida a equipe mdica;

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Procedimentos de descontaminao de feridos e de preveno de contaminao dos membros da equipe mdica (ou socorrista)

equipamentos e instalaes; Procedimentos pr-definidos para fadiga por calor, exposio ao frio e trabalhos em condies adversas.

4.1.3 Manuteno de histrico

Devido natureza do trabalho com acidentes envolvendo produtos perigosos, o potencial de exposio a essas substncias pode ter um efeito adverso a um membro da equipe, tornando-se essencial que seja mantido o registro atualizado em ficha ou livro prprio para essa finalidade, estando tal documento sempre a mo. Esse tipo de registro deve conter as seguintes informaes: Qualquer exposio a que esteve sujeito: nome do produto, data, tempo de exposio e cuidados dispensados; Uso de proteo respiratria e roupas de proteo individual; Qualquer acidente de trabalho; Atestados mdicos e tratamentos; Registros de todos os exames mdicos.

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4.1.4 Indicadores de exposio txica

Como parte do programa mdico, a equipe de servio deve ser instruda sobre sinais e sintomas que podem indicar o potencial de exposio a produtos perigosos. Alguns deles so: Observados por outras pessoas: mudana na cor natural da pele ou descolorao; mudana no comportamento; salivao excessiva; reao da pupila; mudana no padro verbal; dificuldades na respirao; dificuldades ou falta de coordenao motora; tosse.

Observados pela prpria pessoa: dor de cabea; tontura; viso embaraada; cimbras;

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irritao dos olhos, pele ou aparelho respiratrio; mudanas de comportamento.

4.2 Treinamento de Segurana e Sade


O treinamento de segurana e sade deve ser parte integrante de todo programa de produtos perigosos. Deve ser contnuo e freqente de forma a manter nos membros da equipe a competncia e o preparo no uso de equipamentos e no conhecimento das normas de segurana. O treinamento de segurana deve, no mnimo, conter: Uso de equipamento de proteo individual, por exemplo, aparelhos de proteo respiratria, roupas especficas de proteo, etc; Tcnicas seguras de trabalho, controle de local de ocorrncia e procedimentos operacionais padro de segurana; Reconhecimento e avaliao dos perigos; Plano de segurana na rea; e Uso de equipamento de monitorao ambiental.

O treinamento deve ser to prtico quanto possvel e incluir o manuseio de equipamentos e exerccios para demonstrar a prtica das instrues dadas em sala de aula.

4.3 Qualificao Pessoal em Segurana


A equipe e os comandantes que atendem esse tipo de acidente qumico tm que tomar decises complexas a respeito da segurana. Adotar essas decises corretamente, requer mais do que conhecimentos elementares. Por exemplo,

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selecionar o equipamento de proteo individual mais adequado exige no apenas percia nas reas tcnicas de equipamentos de proteo respiratria, roupas de proteo, monitoramento ambiental, stress fsico etc, mas tambm experincia e julgamento profissional. Apenas uma pessoa competente e qualificada tem esse atributo para avaliar um acidente em particular e determinar as necessidades de segurana apropriadas. atravs da combinao de educao profissional, experincia de trabalho, treinamento especializado e um estudo contnuo que um profissional de segurana adquire essa habilidade para tomada dessas decises. Todos os envolvidos no atendimento desses acidentes devem respeitar e seguir rigorosamente os Procedimentos Operacionais Padro (POP) relacionados segurana pessoal e local.

4.4 Operaes
Toda equipe de emergncia deve estar adequadamente treinada e completamente informada do perigo e equipamentos a serem utilizados, as prticas de segurana a serem seguidas, procedimentos em emergncias e comunicaes. Qualquer necessidade de proteo respiratria e roupas de proteo qumica deve ser utilizada por todos da equipe que adentraro a rea. Devero ser determinadas reas especiais para colocao dos equipamentos de proteo individual e esse procedimento dever ser executado por todos ao mesmo tempo. No mnimo duas outras pessoas, adequadamente equipadas, so necessrias como apoio da equipe de entrada durante as operaes no local. O contato visual dever ser mantido entre as duplas na rea de atendimento e a equipe de apoio. Os membros da equipe de entrada devem permanecer juntos e auxiliar um ao outro durante o atendimento da ocorrncia. Os componentes da equipe de apoio que esto fora da rea crtica devem tomar providncias preventivas para o caso de emergncias.

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As entradas e sadas devem ser todas demarcadas. Devero ser colocados sinais e avisos a todos, delimitando as reas de trabalho e outros. As comunicaes por rdio sinais com as mos, sinais convencionais ou outros meios devem ser mantidas entre os membros da equipe de entrada o tempo todo. Comunicaes de emergncias devem ser pr-estabelecidas no caso de falha dos rdios. Devero ser instalados indicadores de intensidade e direo dos ventos em locais que possam ser observados pelo comandante das operaes e pelo pessoal da equipe de produtos perigosos. Devero tambm ser estabelecidas reas de trabalho para as vrias atividades operacionais. Os procedimentos para a sada da rea contaminada devero ser planejados previamente. As reas de trabalho e os procedimentos de descontaminao devem ser estabelecidos com base nas condies que o local oferecer.

4.5 Plano de Segurana


O plano de segurana deve ser desenvolvido e implementado para todas as fases operacionais. O plano deve conter os riscos segurana e sade em cada fase das operaes, bem como especificar as exigncias e procedimentos para a proteo da equipe. Todos da equipe devem estar familiarizados com os POPs ou qualquer instruo adicional, alm das informaes contidas no plano de segurana na rea.

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Captulo

5 PRIMEIRO PASSO - GERENCIAMENTO E CONTROLE DO CENRIO DA EMERGNCIA


A partir deste captulo, sero detalhadas todas as aes tticas operacionais a

serem aplicadas de forma imprescindvel nas circunstncias que envolvam produtos perigosos. Estas aes foram divididas em 6(seis) passos que devem ser rigorosamente seguidos pelas guarnies e de fundamental importncia a sua aplicao, uma vez que a sua finalidade constitui-se na minimizao dos riscos potenciais decorrentes do cenrio qumico catastrfico, podendo comprometer a vida de pessoas, desagregar o meio ambiente e danificar propriedades. Assim, o bombeiro dever agir sempre com os recursos materiais adequados de modo a estar protegido, atuando sempre com a mxima ateno.

5.1 Nveis de Capacitao Profissional


Antes de partirmos para os procedimentos operacionais a serem adotados, importante destacarmos os diferentes nveis de conhecimento tcnico existentes dentro da Instituio, sendo que tais diferenciaes determinaro os limites de atuao de cada profissional dentro da emergncia, garantindo assim a segurana e a qualidade do atendimento: Nvel bsico, quando do trmino do Curso de Formao de Soldados, na qual as praas do Corpo de Bombeiros faro o papel do primeiro no local no AEPP, tendo sua atuao restrita s atividades de identificao de produtos, acionamento de rgos e isolamento do local, seguindo os Guias de Emergncia Qumica; Nvel tcnico, para Sargentos com o Curso de Bombeiros para Sargentos (CBS) e Oficiais com o Curso de Bombeiros para Oficiais (CBO), que possuam a funo de liderana dentro da ocorrncia, possuindo o conhecimento tcnico necessrio para definir as reas de trabalho e tomar as providncias iniciais at que uma equipe mais especializada chegue ao local;

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Nvel especialista, para Oficiais e praas que conclurem o Curso AEPP, habilitados tambm para atividades de salvamentos complexos com uso de Equipamentos de Proteo Respiratria compatveis com a necessidade exigida, alm de monitoramento ambiental, conteno, transbordo e descontaminao de recursos. Os conhecimentos devem ser atualizados em EAP especfico a cada trs anos. Nvel gerencial, para oficiais que alm de conhecerem o contedo do nvel especialista, por meio de Curso AEPP, possuiro conhecimentos suficientes para desenvolver aes de Comando das Operaes em harmonia com a filosofia SICOE (Sistema de Comando e Operaes em Emergncias). Os conhecimentos devem ser atualizados em EAP especfico a cada trs anos. A manuteno e o aperfeioamento do conhecimento adquirido deve ser constante, lembrando ainda que o Corpo de Bombeiros sempre deve recorrer empresa responsvel pelo produto perigoso ou outras instituies especializadas que possam complementar as informaes tcnicas operacionais, visando minimizar os danos causados pela emergncia.

5.2 Gerenciamento do local


Este o primeiro dos seis passos do processo de gerenciamento da emergncia. Seu foco principal estabelecer o controle do local da emergncia e isolar as pessoas dos riscos e perigos. O Comandante da Ocorrncia no pode simplesmente iniciar as operaes at que a rea de perigo tenha sido identificada e o permetro de isolamento assegurado. Pessoas prximas ao local so vtimas em potencial at que o isolamento tenha sido estabelecido e o local evacuado. De uma perspectiva ttica, o Gerenciamento do local pode ser dividido em at seis tarefas principais. So elas:

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1. Assumir o comando e estabelecer o Sistema de Comando de Operaes em Emergncias (SICOE). 2. Assegurar o posicionamento e a aproximao segura dos recursos de socorro emergenciais. 3. Estabelecer uma rea de Apoio. 4. Estabelecer um permetro de segurana em volta do local da emergncia. 5. Estabelecer Zonas de Riscos para garantir um local seguro para aqueles que atendem emergncia. 6. Avaliar a necessidade de resgates imediatos e da implementao inicial das aes de proteo ao pblico. Garantir a vida a mais alta prioridade ttica de qualquer Comandante da Emergncia. Sempre haver situaes onde as avaliaes iniciais justificaro que as Equipes de Emergncia partam imediatamente para operaes de resgate (por exemplo, um motorista que nitidamente est vivo e preso na cabine de um caminho tanque em chamas transportando gasolina). Entretanto, mesmo sob situaes mais extremas, a implantao de tarefas iniciais de gerenciamento do local salvar vidas. No permita que uma situao ruim se torne pior deixando que as unidades de socorro envolvam-se em situaes de resgate sem seguir procedimentos de segurana na operao.

5.3 Aproximao e Posicionamento


Uma aproximao e posicionamento seguros feitos pelos primeiros no local so cruciais para que o acidente seja, como um todo, controlado. Os atendimentos de Emergncias que no observam regras de posicionamento e aproximao tendem a um resultado indesejado ou inesperado. Se as primeiras Equipes de Emergncia se tornam parte do problema, o Comandante da Emergncia tem que modificar o Plano de Ao para lidar com essas novas circunstncias. Por exemplo, se os

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bombeiros se contaminarem, o Plano de Ao deve ser alterado: muda de proteger pessoas, para resgatar e descontaminar os socorristas. Esta no uma cincia exata, apenas a aplicao do bom senso aos princpios de operao de segurana bsicos. Alguns parmetros gerais incluem: Quando possvel, aproxime-se do ponto mais alto e a favor do vento. Se estiver se aproximando contra o vento, ento se afaste o mximo possvel. Se estiver em tneis subterrneos ou no, que passe metr ou trens, considere o efeito pisto que provocar, empurrando o ar frente do trem, devendo providenciar a parada do mesmo antes de se aproximar. Procure por provas fsicas. Por exemplo, evite reas molhadas, nuvens de vapor, material derramado, etc. Novamente, use o bom senso; se os pssaros esto voando de um lado da nuvem de vapor e no esto vindo pelo outro lado, voc provavelmente tem um problema.

5.3.1 Estacionamento da viatura no cenrio da emergncia

Outro importante procedimento a ser ressaltado o conjunto de cuidados a serem tomados quanto ao estacionamento da viatura no local da emergncia com produtos perigosos. Alm dos cuidados j estabelecidos pelos POP (Procedimentos Operacionais Padro) e NOB (Normas Operacionais de Bombeiros) em vigor, vale ressaltar algumas peculiaridades especficas de ocorrncias dessa natureza: Ao perceber que o cenrio da emergncia se aproxima, deve-se posicionar a viatura o mais distante possvel do produto para que seja providenciada sua identificao (se possvel utilizar binculo para leitura do painel de segurana e rtulo de risco). Recomenda-se a distncia de 100m para os casos de produtos

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qumicos e 300m para explosivos, para o estacionamento inicial da primeira viatura que comparecer ao local do acidente at que se consiga obter a identificao do produto; posteriormente, aps a sua identificao, podemos remanejar o posicionamento e estacionamento de acordo com a distncia mnima preconizada pelo manual da ABIQUIM (Associao Brasileira das Indstrias Qumicas). Figura 06 - Posicionamento para identificao do produto

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Deve-se levar sempre em considerao a direo do vento, tendo como regra bsica o posicionamento com o vento pelas costas. importante lembrar que essa posio pode variar durante o desenrolar da ocorrncia, devendo a viatura ser mudada de posio sempre que a direo do vento mudar. As viaturas devem ser estacionadas distantes de reas mais baixas em relao ao produto. Esta regra vale tanto para lquidos quanto para gases, devendo tambm ser levada em conta a presena de bueiros, pores e tubulaes onde o material pode espalhar-se e acumular-se, comprometendo assim a segurana dos bombeiros e viaturas.

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As condies podem modificar-se rapidamente em acidentes com produtos perigosos. Um tambor sinalizado inflamvel pode tambm ser venenoso, ou uma nuvem de vapor em suspenso pode cobrir a aparelhagem. No se posicione to prximo at que uma avaliao completa tenha sido feita.

5.4 Estabelecer o SICOE


Como qualquer emergncia, um acidente com produtos perigosos requer um gerenciamento centralizado. Sem ele, o local geralmente se torna inseguro e desorganizado. Um comando central organizado ir: Fixar a responsabilidade do comando em um indivduo em particular por meio de um sistema de identificao padro. Garantir que um comando forte, direto e visvel seja estabelecido assim que possvel. Estabelecer uma estrutura de controle que claramente delineie os objetivos e funes das operaes. O sucesso ou fracasso das operaes de emergncia depender do modo que o primeiro no local estabelecer o comando. Independentemente do nvel de capacitao de quem seja o primeiro no local, deve sempre iniciar as seguintes aes: Assumir o comando corretamente - A pessoa que assumir o comando deve ser sempre da patente mais alta ou a pessoa com o maior nvel de capacitao presente no local. Confirmar o comando - Confirmar que toda a equipe no local e a caminho tenha sido notificada da estrutura de comando.

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Selecionar um local fixo para o posto de comando - Um comandante experiente somente abre mo da vantagem de um posto de comando fixo quando for absolutamente necessrio para o Comandante da Emergncia dar ordens diretamente aos socorristas operando em posies mais avanadas. Em qualquer um dos casos, o CO deve manter uma presena de comando por rdio.

Estabelecer uma rea de Apoio - Tenha certeza que a rea de apoio se encontra em um local de fcil acesso e bem sinalizada.

Solicitar apoio necessrio.

5.4.1 reas de Apoio

Esta rea um local destinado permanncia das equipes e dos equipamentos de apoio at que sejam acionados. A rea de Apoio se torna um setor dentro da rea destinada ao comando do SICOE. O chefe da rea de Apoio responde por todas as unidades de emergncia, despacha reforos para o local do acidente e requisita reforos de emergncia quando necessrio. A rea de Apoio ideal prxima o suficiente do permetro para reduzir significantemente o tempo de resposta, em caso de acionamento pela Comandante das Operaes. A rea de Apoio efetiva quando o Comandante da Emergncia prev que reforos adicionais podem ser necessrios e ordena a eles que se desloquem para a rea pr-designada, a aproximadamente trs minutos do local. Acidentes em grandes propores podem requerer muitos reforos para o local que podero ser necessrios em diferentes perodos durante toda a ocorrncia. Se os reforos no forem necessrios por um tempo, o Comandante da Emergncia deve considerar o estabelecimento de reas primrias e secundrias de rea de Apoio. Dentro

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do Sistema de Gerenciamento de Acidentes estas so consideradas como reas de rea de Apoio nvel I e nvel II. A rea de Apoio nvel 1 a posio primria para as primeiras unidades de socorro que chegarem ao local. Assim que os primeiros atendentes chegarem, eles vo diretamente para o local do acidente seguindo procedimento padro. A primeira unidade a chegar no local da emergncia assume o comando e inicia as operaes de gerenciamento do local. Todas as outras unidades que responderem a chamada preparam-se a uma distncia segura do local, at que recebam ordens do Comandante da Emergncia para agir. Normalmente, a rea de Apoio nvel I situa se do lado de fora do porto principal do prdio ou em uma rua lateral prxima ao acidente. A rea de Apoio nvel I est sempre em um local seguro e a favor do vento. Logicamente, voc no deve passar por um local inseguro para tomar uma posio em local seguro. A rea de Apoio nvel II a localizao secundria ou ponto de partida para reforos. usada para operaes grandes, complexas ou demoradas. Assim que mais unidades se aproximem da emergncia, elas so posicionadas conjuntamente em um local especfico sob o comando do Chefe da rea de Apoio. As equipes devem ser instrudas a respeito da situao pelo Chefe da rea de Apoio e esperar por suas ordens em locais adjacentes mais adequados, onde estejam protegidos das mudanas climticas. Quando reforos so necessrios no local do acidente, eles podem ser deslocados para uma rea localizada prxima ao permetro do acidente e dispostas pelo Comandante da Emergncia. As reas de Apoio devem ser claramente identificadas atravs do uso de sinais, bandeiras com cores sinalizadoras e luzes, cartazes ou qualquer meio apropriado. A localizao exata da rea de Apoio, tanto no permetro urbano quanto rural, ser baseada nas condies do vento e na natureza da emergncia.

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5.5 Estabelecer um permetro de isolamento


a linha de controle da multido especificada na rea em volta da Zona de Controle de Perigo. O Permetro de Isolamento est sempre na linha entre o pblico em geral e a Zona Fria. Isolar a rea e estabelecer um permetro pode ser to simples como esticar cordes de isolamento atravs das estradas de acesso prximas de um derramamento ou coordenar as equipes da polcia, bombeiros, ambulncias, e a equipe de emergncia em um esforo de evacuao em massa. Independentemente da complexidade, esta uma das primeiras consideraes tticas. Figura 07 - Isolamento do local

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

O primeiro objetivo do procedimento de isolamento, aps o resgate, limitar imediatamente o nmero de civis e no civis expostos ao material perigoso. Isto se inicia

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quando se identifica e se estabelece um permetro de isolamento. Quando nos deparamos com um acidente dentro da edificao, o melhor lugar para comear nos pontos de entrada, como as portas da entrada principal. Uma vez que as entradas estejam seguras e a circulao de pessoas no autorizadas (incluindo bombeiros) negada, as equipes podem comear a isolar o perigo. Obviamente, roupas e equipamentos de proteo adequados devem ser usados. Este procedimento de controle de entradas pode ser feito por bombeiros, em caso disponvel, ou policiais ou ainda por pessoal da segurana da empresa. O mesmo conceito se aplica a locais abertos, fora de edificaes. Primeiro garanta que as entradas estejam seguras e ento estabelea um permetro de isolamento em volta do perigo. Comece pelo controle das interseces, rampas de subidas e descidas, estradas subjacentes e qualquer outro acesso ao local. Neste ponto, uma equipe de reconhecimento pode iniciar a avaliao. Civis feridos ainda so prioridade, mas estradas e pontos de acesso podem se congestionar e restringir rapidamente qualquer tipo de acesso ao local. Permitir que veculos permanecessem fluindo vagarosamente prximos ao local do acidente iria promover mais operaes de resgate e, em geral, compromete toda a operao, tornado-a muito mais complicada. Se a situao se estender, as condies podem mudar e o material perigoso pode migrar para uma rea onde veculos esto parados, esperando que o trnsito volte a fluir. Os ocupantes podem se tornar vtimas sem meios imediatos de escapar. Uma vez que um grande permetro em volta do acidente desejvel, um erro muito comum interditar uma rea maior do que pode ser efetivamente controlada, exceto em operaes militares, nas quais h um grande contingente para patrulhar um certo permetro. Se as patrulhas esto muito esparsas ou no so freqentes, algum com certeza vai entrar no permetro. Dado ao nmero reduzido de homens, melhor garantir completamente uma rea menor e expandir o permetro assim que reforos adicionais se tornem disponveis.

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5.5.1 Segurana e Cumprimento da Lei

O Comandante da Emergncia deve distribuir as tarefas no permetro de isolamento assim que possvel. Isto comea, em geral, com a convocao da polcia ou do supervisor de segurana para o Posto de Comando. Este indivduo se tornar uma pea-chave que ajudar a estabelecer as comunicaes entre agncias e determinar que rea(s) ser(o) controlada(s) primeiro, e como isto ser gerido. No acidente o responsvel deve ser instrudo com toda a informao disponvel. As pessoas que esto envolvidas no estabelecimento de um permetro ou nas que iro entrar nas estruturas precisam saber exatamente quais os perigos potenciais e os possveis riscos que correm. Se existir uma chance, mesmo que remota, desses oficiais serem expostos ao perigo, enquanto a rea de isolamento se expande, eles devem receber o equipamento apropriado juntamente com orientaes especficas de onde ir se as coisas sarem errado. Aqueles responsveis pela imposio da lei so melhores utilizados quando o controle de trfego e de multides envolver grandes grupos de pessoas em propriedade pblica. Outra funo importante patrulhar o permetro por causa de civis que tentam dar uma olhada mais de perto ou por causa do fotgrafo ou do operador de cmera que tenta conseguir uma imagem mais real do acidente. Policiais so mais bem treinados para a segurana do permetro do que bombeiros. Eles vigiam o local e tm a credibilidade para convencer pessoas a se deslocarem para locais mais seguros. Se a situao ficar feia, eles tm autoridade e equipamento para deslocar pessoas contra suas vontades. Quando a operao ocorre em uma instalao privada, como um complexo industrial, as foras de segurana do local preenchem as mesmas lacunas no sistema. A grande maioria dos seguranas das fbricas so bem treinados e extremamente familiarizados com o local e seus recursos. Eles geralmente conhecem de vista os empregados da instalao e podem providenciar detalhes especficos dos planos de

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evacuao, procedimentos de emergncia e a disponibilidade de ferramentas especiais. Geralmente, eles podem assumir funes de segurana dentro da fbrica enquanto policiais controlam reas do lado de fora da cerca. Trabalhando juntos sob um Sistema de Comando Unificado, aqueles que garantem a lei e a equipe de segurana podem ser um trunfo valoroso para o Comandante da Emergncia.

5.6 Zonas de Riscos


Agora que o permetro de isolamento est seguro, o Comandante da Emergncia pode comear a trabalhar em seu segundo objetivo de isolamento atravs do estabelecimento de Zonas de Riscos. Essencialmente, o Comandante divide o territrio que j controla em trs diferentes zonas, comeando pelo material perigoso e trabalhando do lado de fora em direo ao permetro do acidente. Zonas de Riscos so designadas da mais para a menos perigosa como Zona Quente, Morna e Fria. Figura 08 - Zonas de Riscos

Fonte: Corpo de Bombeiros PMSP. 2005

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A idia principal em estabelecer trs diferentes Zonas de Riscos dentro do permetro de isolamento estipular o mais alto nvel de controle de responsabilidade pessoal para os atendentes trabalhando no local da emergncia. Zonas definidas ajudam a garantir que trabalhadores no se locomovam inadvertidamente para um local contaminado ou se coloquem em locais que possam se tornar de alto risco graas a exploses ou nuvens de vapor em suspenso. Deve-se observar os critrios previstos na NOB 42 SICOE para permanncia das pessoas nas respectivas zonas de riscos: Um local de abrigo deve tambm ser estabelecido dentro da Zona Quente, para a equipe de controle exposta a produtos perigosos. Eles devem ser mantidos dentro desta rea delimitada at que possam ser deslocados com segurana para outro local (por exemplo, quando uma rea de descontaminao foi estabelecida). A Zona Quente deve ser ampla o suficiente para disponibilizar um ou mais locais de abrigo quando necessrio.

5.6.1 Identificao das Zonas de Riscos

Zonas de Riscos devem ser demarcadas fisicamente e notificadas no Posto de Comando. A Zona Quente pode ser identificada com linhas de controle coloridas, cones de trfego e bastes de luzes. Em situaes externas, Zonas de Riscos podem ser designadas utilizando-se pontos de referncia geogrfica como a parede de uma barragem, cercados ou nome da rua. reas geogrficas devem ser comunicadas verbalmente por rdio ou no momento em que o Comandante e os oficiais do setor trocarem informaes. Quando o perigo est confinado a um prdio, estas zonas podem ser assinaladas por sua localizao dentro da estrutura. Por exemplo, um derramamento na sala 321

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pode pressupor que as salas 320 e 322 sejam a Zona Quente, o resto do prdio seja a Zona Morna e rea do lado de fora do edifcio seja designada a Zona Fria. As Zonas de Riscos devem modificar-se com o tempo expandindo-se ou retraindose dependendo do tamanho do acidente e do territrio em que os perigos e riscos ocorrerem. Na medida que o acidente for sendo controlado, as zonas devem ser reduzidas proporcionalmente. Manter uma Zona de Controle de Perigo muito grande sem boas razes tcnicas criar problemas com os donos de propriedades e agncias externas. Isto ocorre principalmente em acidentes envolvendo estradas muito movimentadas ou instalaes industriais. Em acidentes de longa durao, isolar grandes reas pode gerar problemas polticos, podendo minar a credibilidade do CO. No cometa suicdio poltico mantendo o dono da propriedade ou o pessoal responsvel pelo cumprimento da lei desinformados. Informe-os de como, quando e porque voc estabeleceu previamente Zonas de Controle neste acidente.

5.7 Incio das Aes de Proteo Pblica


Aes de Proteo Pblica (APP) so estratgias utilizadas pelo comandante do acidente para proteger uma populao geral do material perigoso atravs da proteo em um local seguro ou da evacuao. Esta estratgia geralmente implementada aps o estabelecimento de um Permetro de Isolamento e Zonas de Riscos pelo Comandante da Emergncia para os atendentes. No h referncias disponveis para este processo de se tomar decises, mas sim uma combinao de fatores como o tamanho e a natureza das liberaes de produtos perigosos, perigos dos produtos envolvidos, condies climticas, tipo de instalao e a disponibilidade de estruturas hermticas. A escolha entre a proteo em um local seguro ou evacuao no uma escolha ao acaso; em alguns acidentes, pode ser mais efetivo evacuar uma poro da instalao que oferea risco ou a comunidade enquanto se instrui a outra parcela que se proteja em um local seguro.

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Decises referentes a aes de proteo esto diretamente relacionadas ao tipo de acidente e requerem o uso da avaliao do julgamento e da experincia do Comandante das Operaes. Por exemplo, se uma liberao de produtos perigosos ocorre por um perodo prolongado de tempo, ou se h um incndio que no pode ser controlado dentro de um pequeno perodo de tempo, a evacuao tipicamente a opo preferida para as equipes no-necessrias. Entretanto, a evacuao pode nem sempre ser necessria durante acidentes envolvendo substncias espalhadas pelo ar e de extremo perigo, como cido fluordrico, cloro e amnia anidra. Produtos que so transportados pelo ar podem se mover a favor do vento to rapidamente que pode no haver tempo para evacuar um grande nmero de empregados de uma instalao industrial ou de uma comunidade prxima. Em outras situaes, evacuar pessoas pode, na verdade, exp-las a um risco maior. Para liberaes em perodos curtos, a maneira mais prudente de agir pode ser permanecer dentro de uma estrutura. A deciso do Comandante da Emergncia tanto de evacuar ou de procurar um local de proteo seguro deve se basear em uma avaliao inicial dos seguintes fatores: Produtos perigosos envolvidos, incluindo suas caractersticas e propriedades, quantidade, concentraes, estado fsico e localizao da liberao. A populao em risco, incluindo tanto pessoal da instalao industrial e pblico em geral. Alm disso, o Comandante da Emergncia deve considerar os recursos requeridos para a implementao da ao de proteo, incluindo notificao, movimentao/transporte e possvel remoo para abrigos. O fator tempo envolvido na liberao. Deve ser levado em considerao a taxa de progresso do acidente, o tamanho e a durao observada ou projetada da liberao, a taxa de movimento do material perigoso e o tempo necessrio estimado para a implementao de aes de proteo.

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Os efeitos tanto das condies meteorolgicas atuais quanto das projetadas no controle e na movimentao da liberao de produtos perigosos. Estes devem incluir estabilidade atmosfrica, temperatura, precipitao e condies do vento.

A aptido em comunicar-se com a populao em risco e com os atendentes antes, durante e aps a emergncia.

As capacidades das instituies emergenciais e de outro pessoal para implementar, controlar, monitorar e concluir as aes de proteo. Isto deve incluir uma avaliao da integridade da estrutura e taxas de infiltrao de estruturas potencialmente disponveis para a proteo em um local seguro por toda a extenso da rea.

Independentemente da ttica utilizada, atingir os objetivos da ao de proteo ao pblico traduz-se em ganhar controle da rea especificada alm do permetro de isolamento, garantindo a segurana e limpando a rea e, assim, controlando uma segunda rea adjacente ou a favor do vento. Desta maneira, mais reas ameaadas podem ser protegidas logo que mais recursos se tornarem disponveis. imperativo que o Comandante da Emergncia use uma aproximao sistemtica e apropriada de remover o pblico da rea perigosa. Sem coordenao e direo de um posto de comando, equipes de atendentes podem rapidamente transformar-se em uma turma de voluntrios desorganizados (um por todos, cada um por si). Estabelecer prioridades e comunicar o plano para as tticas das Aes de Proteo ao Pblico so importantes desde o incio e devem ser atualizadas em um mapa no posto de comando, assim que novas zonas so identificadas e controladas. Nos estgios iniciais do acidente, o Comandante muitas vezes est preocupado com avaliaes e atividades de resgate e pode facilmente descuidar-se das pessoas em uma rea. Esteja consciente de que, se a situao se deteriorar rapidamente,

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pessoas expostas no raio de 300 metros podem ser contaminadas. Em outras palavras, todos dentro do permetro de isolamento um resgate em potencial. reas que devem receber ateno imediata do Comandante incluem: Localizaes dentro de 30 metros do acidente que rapidamente sero alcanadas pelos produtos qumicos. Esta uma preocupao a mais quando um material inflamvel ou txico est flutuando a favor do vento. Localizaes prximas do acidente onde pessoas j esto razoavelmente seguras dos produtos qumicos. Pessoas prximas aos produtos qumicos devem ser alertadas para que fiquem afastadas do perigo E permaneam dentro de casa at que outras instrues sejam dadas. Localizaes chave para controle do fluxo do trfego e de pedestres dentro da rea perigosa. Por exemplo, portas de sada, rampas e cruzamentos escolares. Estruturas com grande nmero de pessoas como por exemplo escolas. Estruturas que tenham pessoas doentes, incapacitadas ou encarceradas.

O Manual de Emergncia da ABIQUIM (guia de respostas de emergncia) uma boa fonte documental para auxiliar o Comandante quando este for decidir qual estratgia implementar. O guia tambm fornece alguns parmetros a respeito do tamanho da zona de isolamento inicial baseada no tipo de material perigoso e no tamanho do continer. O Comandante deve estar bem familiarizado em como usar o Manual de Emergncia. As instrues deste manual fornecem algumas informaes de suporte muito teis na hora de decidir quais das Aes de Proteo ao Pblico utilizar. H uma linha tnue entre objetivos do isolamento e evacuao. Para nossos propsitos, o isolamento requer uma ao rpida para proteger o pblico e os primeiros atendentes de uma situao imediata que coloquem suas vidas em risco. O isolamento

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uma necessidade; proceder de modo incorreto quando as pessoas esto do lado de fora, em locais expostos, resultar em feridos. Em contraste, a evacuao implica em um afastamento prolongado e cauteloso do local afetado. Evacuao e proteo em um local seguro no so escolhidas ao acaso.

5.7.1 Aes de Proteo Pblica

A estratgia usada pelo Comandante da Emergncia para proteger pessoas no expostas do material perigoso atravs da proteo do pblico ou da evacuao. Esta estratgia geralmente implementada depois que o Comandante estabelece um permetro de isolamento e define as Zonas de Riscos para os atendentes. Evacuao A movimentao de pessoal fixo das instalaes e do pblico em geral de uma rea ameaada para um local mais seguro. tipicamente conhecida como a remoo controlada de pessoas de uma rea reconhecidamente perigosa ou de risco inaceitvel para uma rea mais segura, ou uma na qual o risco considerado aceitvel. Proteo em um local seguro A proteo em um local seguro um conceito que familiar. Por exemplo, no incomum para as pessoas fecharem as janelas para impedir a entrada de poeira ou barulho, ou para manter a casa mais fresca em um dia quente de vero. O conceito de proteo em um lugar seguro aplicado a uma liberao de materiais perigosos idntica, mas o objetivo prevenir a migrao dos vapores txicos para dentro da estrutura. Atividades de proteo em local seguro so baseadas no conceito de que vapores txicos passaro sobre estruturas sem se mover dentro delas. Os procedimentos gerais de proteo em um local seguro, que o Comandante das Operaes deve divulgar para as pessoas, incluem:

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Fechar todas as portas e fechar e trancar todas as janelas (janelas selam melhor quando trancadas). Sele qualquer brecha evidente em volta das janelas, portas, ralos, entre outros, com fita, papel contact, toalhas molhadas ou outros produtos.

Desliguar todos os sistemas de ar-condicionado. Se for apropriado, coloque as entradas de ar na posio fechado.

Fechar os reguladores de chamins Desligar e cobrir todos os exaustores. Fechar tantas portas internas quanto possvel Monitorar a estaes de rdio e TV locais para mais informaes.

Embora seguir estes parmetros aumente a eficincia da proteo em um local seguro como ao de proteo, isto no garante necessariamente que este tipo de ao ir sempre ser efetivo.

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Captulo

SEGUNDO PASSO IDENTIFICAO DO PRODUTO

6.1 Sinalizao em Caso de Emergncia em Transporte Terrestre


Com a chegada do Corpo de Bombeiros ao local, com as viaturas devidamente posicionadas em local seguro, partimos para a identificao do produto perigoso envolvido. No caso de acidente rodovirio e/ou ferrovirio, a equipe de emergncia dever observar a sinalizao dos vages e veculos de transporte, a qual segue o preconizado pelo Decreto N 96.044 e Resoluo N 420/2004, atravs de smbolos e placas numeradas indicativas dos riscos relacionados ao produto transportado. Ser abordada a seguir a classificao adotada pela legislao.

6.1.1 Classificao dos Produtos Perigosos

A classificao adotada na legislao brasileira segue a adotada pela ONU, sendo, portanto, de abrangncia mundial e so expressas atravs de nmeros de risco, sendo que para cada algarismo haver uma classe de risco correspondente, que, por sua vez, ser subdividida em subclasses conforme segue:

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Quadro 2 CLASSE

Classes e Subclasses de Risco SUBCLASSE SIGNIFICADOS EXPLOSIVOS Subclasse 1.1 Substncias e artigos com risco de exploso em massa Substncias e artigos com risco de projeo Substncias e artigos com risco de fogo Substncias e artigos que no apresentam risco significativo Substncias muito insensveis Artigos extremamente insensveis GASES Subclasse 2.1 Subclasse 2.2 Subclasse 2.3 Gases inflamveis Gases no txicos e no inflamveis Gases txicos LQUIDOS INFLAMVEIS SLIDOS INFLAMVEIS, SUBSTNCIAS SUJEITAS A COMBUSTO ESPONTNEA, SUBSTNCIAS QUE, EM CONTATO COM A GUA, EMITEM GASES INFLAMVEIS Subclasse 4.1 Subclasse 4.2 Slidos inflamveis Substncias sujeitas combusto espontnea Substncia que, em contato com a gua, emitem gases inflamveis SUBSTNCIAS OXIDANTES, PERXIDOS ORGNICOS

CLASSE 1

Susbclase 1.2

Subclasse 1.3 Subclasse 1.4

Subclasse 1.5 Subclasse 1.6 CLASSE 2

CLASSE 3

CLASSE 4

Subclasse 4.3

CLASSE 5

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Subclasse 5.1 Subclasse 5.2 CLASSE 6 Subclasse 6.1 Subclasse 6.2 CLASSE 7 CLASSE 8 CLASSE 9

Substncias oxidantes Perxidos orgnicos SUBSTNCIAS TXICAS, INFECTANTES Substncias txicas Substncias infectantes MATERIAIS RADIOATIVOS SUBSTNCIAS CORROSIVAS SUBSTNCIAS E ARTIGOS PERIGOSOS DIVERSOS

6.1.2 Definio de Classes

CLASSE 1 EXPLOSIVOS A Classe 1 compreende: a) Substncias explosivas, exceto as que forem demasiadamente perigosas para serem transportadas e aquelas cujo risco dominante indique ser mais apropriado consider-las em outra classe (uma substncia que, no sendo ela prpria um explosivo, possa gerar uma atmosfera explosiva de gs, vapor ou poeira, no est includa na Classe 1); b) Artigos explosivos, exceto os que contenham substncias explosivas em tal quantidade ou de tal tipo que uma ignio ou iniciao acidental ou involuntria, durante o transporte, no provoque qualquer manifestao externa ao dispositivo, seja projeo, fogo, fumaa, calor ou rudo forte;

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c) Substncias e artigos no-mencionados nos itens "a" e "b" e que sejam manufaturados com o fim de produzir, na prtica, um efeito explosivo ou pirotcnico. proibido o transporte de substncias explosivas excessivamente sensveis ou to reativas que estejam sujeitas a reao espontnea, exceto, a critrio das autoridades competentes, sob licena e condies especiais por elas estabelecidas. Para os fins destas Instrues, devem ser consideradas as seguintes definies: a) Substncia explosiva a substncia slida ou lquida (ou mistura de substncias) que, por si mesma, atravs de reao qumica, seja capaz de produzir gs a temperatura, presso e velocidade tais que possam causar danos a sua volta. Incluem-se nesta definio as substncias pirotcnicas mesmo que no desprendam gases; b) Substncia pirotcnica uma substncia, ou mistura de substncias, concebida para produzir um efeito de calor, luz, som, gs ou fumaa, ou a combinao destes, como resultado de reaes qumicas exotrmicas auto-sustentveis e no-detonantes; c) Artigo explosivo o que contm uma ou mais substncias explosivas. A Classe 1 est dividida em seis subclasses: Subclasse 1.1 - Substncias e artigos com risco de exploso em massa (uma exploso em massa a que afeta virtualmente toda a carga, de maneira praticamente instantnea). Subclasse 1.2 - Substncias e artigos com risco de projeo, mas sem risco de exploso em massa. Subclasse 1.3 - Substncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de exploso, de projeo, ou ambos, mas sem risco de exploso em massa. Esta Subclasse abrange substncias e artigos que:

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a) Produzem grande quantidade de calor radiante, ou b) Queimam em sucesso, produzindo pequenos efeitos de exploso, de projeo, ou ambos. Subclasse 1.4 - Substncias e artigos que no apresentam risco significativo. Esta Subclasse abrange substncias e artigos que apresentam pequeno risco na eventualidade de ignio ou iniciao durante o transporte. Os efeitos esto confinados, predominantemente, embalagem e no se espera projeo de fragmentos de dimenses apreciveis ou a grande distncia. Um fogo externo no deve provocar

exploso instantnea de, virtualmente, todo o contedo da embalagem. NOTA: esto enquadradas no Grupo de Compatibilidade S as substncias e artigos desta Subclasse, embalados ou concebidos de forma que os efeitos decorrentes de funcionamento acidental se limitem embalagem, exceto se esta tiver sido danificada pelo fogo (caso em que os efeitos de exploso ou projeo so limitados de forma a no dificultar significativamente o combate ao fogo ou outros esforos para controlar a emergncia, nas imediaes da embalagem). Subclasse 1.5 - Substncias muito insensveis, com um risco de exploso em massa, mas que so to insensveis que a probabilidade de iniciao ou de transio da queima para a detonao, em condies normais de transporte, muito pequena. Subclasse 1.6 - Artigos extremamente insensveis, sem risco de exploso em massa. Esta Subclasse abrange os artigos que contm somente substncias detonantes extremamente insensveis e que apresentam risco desprezvel de iniciao ou propagao acidental. NOTA: o risco proveniente desses artigos est limitado exploso de um nico artigo.

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A Classe 1 uma classe restritiva, ou seja, apenas as substncias e artigos constantes da Relao de Produtos Perigosos podem ser aceitos para transporte. Entretanto, o transporte, para fins especiais, de produtos no-includos naquela Relao pode ser feito sob licena especial das autoridades competentes, desde que tomadas precaues adequadas. Para permitir o transporte desses produtos, foram includas designaes genricas, do tipo "Substncias Explosivas, N.E." (N.E: no-especificado noutra parte) e "Artigos Explosivos, N.E.". Porm, tais designaes s devem ser utilizadas se nenhum outro modo de identificao for possvel. Outras designaes gerais, como "Explosivos de Demolio, Tipo A", foram adotadas para permitir a incluso de novas substncias. Para os produtos desta Classe, o tipo de embalagem tem, freqentemente, um efeito decisivo sobre o grau de risco e, portanto, sobre a incluso de um produto em uma subclasse. Em conseqncia, determinados explosivos aparecem mais de uma vez na Relao e sua alocao a uma subclasse, em funo do tipo de embalagem, deve ser objeto de cuidadosa ateno. O Anexo I inclui a descrio de certas substncias e artigos e indica as embalagens adequadas a tais produtos. Idealmente, a segurana do transporte de substncias e artigos explosivos seria mais eficiente se os vrios tipos fossem transportados em separado. Quando tal prtica no for possvel, admite-se o transporte, na mesma unidade de transporte, de explosivos de tipos diferentes, desde que haja compatibilidade entre eles. Os produtos da Classe 1 so considerados compatveis se puderem ser transportados na mesma unidade de transporte sem aumentar, de forma significativa, a probabilidade de um acidente ou a magnitude dos efeitos de tal acidente. CLASSE 2 - GASES Gs uma substncia que: a) A 50C tem uma presso de vapor superior a 300kPa; ou b) completamente gasoso temperatura de 20C, presso de 101,3kPa.

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Os gases so apresentados para transporte sob diferentes aspectos fsicos: a) Gs Comprimido: um gs que, exceto se em soluo, quando acondicionado para transporte, temperatura de 20C completamente gasoso; b) Gs Liquefeito: gs parcialmente lquido, quando embalado para transporte, temperatura de 20C; c) Gs Liquefeito Refrigerado: gs que, quando embalado para transpor-te, parcialmente lquido devido a sua baixa temperatura; d) Gs em Soluo: gs comprimido, apresentado para transporte dissolvido num solvente. Esta Classe abrange os gases comprimidos, liquefeitos, liquefeitos refrigerados ou em soluo, as misturas de gases ou de um ou mais gases com um ou mais vapores de substncias de outras classes, artigos carregados com um gs, hexafluoreto de telrio e aerossis; A Classe 2 est dividida em trs subclasses, com base no risco principal que os gases apresentam durante o transporte: Subclasse 2.1 - Gases inflamveis: gases que a 20C e presso de 101,3kPa: a) So inflamveis quando em mistura de 13% ou menos, em volume, com o ar; ou b) Apresentam uma faixa de inflamabilidade com ar de, no mnimo, doze pontos percentuais, independentemente do limite inferior de inflamabilidade. A inflamabilidade deve ser determinada por ensaios ou atravs de clculos, conforme mtodos adotados pela ISO (ver Norma ISO 10156-1990). Quando os dados disponveis forem insuficientes para a utilizao desses mtodos, podem ser adotados mtodos comparveis, reconhecidos por autoridade competente.

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NOTA: os aerosis (nmero ONU 1950) e os pequenos recipientes contendo gs (nmero ONU 2037) devem ser includos nesta Subclasse quando se enquadrarem no disposto na Proviso Especial n 63. Subclasse 2.2 - Gases no-inflamveis, no-txicos: so gases que transportados a uma presso no-inferior a 280kPa, a 20C, ou como lquidos refrigerados e que so: a) Asfixiantes: gases que diluem ou substituem o oxignio normalmente existente na atmosfera; ou b) Oxidantes: gases que, em geral, por fornecerem oxignio, podem causar ou contribuir para a combusto de outro material mais do que o ar contribui; ou c) No se enquadram em outra subclasse. Subclasse 2.3 - Gases txicos: Gases que: a) sabidamente to txico ou corrosivo para pessoas, que impem risco sade; ou b) Supe-se serem txicos ou corrosivos para pessoas, por apresentarem um valor da CL50 para toxicidade aguda por inalao igual ou inferior a 5.000m/m quando ensaiados de acordo com o disposto no item II.1.1, do Anexo II. NOTA: os gases que se enquadram nestes critrios por sua corrosividade devem ser classificados como txicos, com um risco subsidirio de corrosivo. CLASSE 3 - LQUIDOS INFLAMVEIS Lquidos inflamveis so lquidos, misturas de lquidos, ou lquidos contendo slidos em soluo ou em suspenso (como tintas, vernizes, lacas etc., excludas as substncias que tenham sido classificadas de forma diferente, em funo de suas caractersticas perigosas) que produzem vapores inflamveis a temperaturas de at

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60,5C, em teste de vaso fechado, ou at 65,6C, em teste de vaso aberto, conforme normas brasileiras ou normas internacionalmente aceitas. CLASSE 4 - SLIDOS INFLAMVEIS - SUBSTNCIAS SUJEITAS A COMBUSTO ESPONTNEA - SUBSTNCIAS QUE, EM CONTATO COM A GUA, EMITEM GASES INFLAMVEIS Esta Classe compreende: Subclasse 4.1- Slidos Inflamveis: Slidos que nas condies encontradas no transporte so facilmente combustveis, ou que, por atrito, podem causar fogo ou contribuir para ele. Esta Subclasse inclui, ainda, explosivos insensibilizados que podem explodir se no forem suficientemente diludos e substncias autoreagentes ou correlatas, que podem sofrer reao fortemente exotrmica. Subclasse 4.2 - Substncias Sujeitas a Combusto Espontnea: substncias sujeitas a aquecimento espontneo nas condies normais de transporte, ou que se aquecem em contato com o ar, sendo, ento, capazes de se inflamarem; so as substncias pirofricas e as passveis de auto-aquecimento. Subclasse 4.3 - Substncias que, em Contato com a gua, Emitem Gases Inflamveis: substncias que, por reao com a gua, podem tornar-se espontaneamente inflamveis ou liberar gases inflamveis em quantidades perigosas. Nestas Instrues, emprega-se tambm a expresso "que reage com gua" para designar as substncias desta Subclasse. Devido diversidade das propriedades apresentadas pelos produtos includos nessas subclasses, o estabelecimento de um critrio nico de classificao para tais produtos impraticvel. Os procedimentos de classificao encontram-se no Anexo Ill a estas Instrues. A reclassificao de qualquer substncia constante da Relao de Produtos Perigosos s deve ser feita, se necessrio, por motivo de segurana.

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CLASSE 5 - SUBSTNCIAS OXIDANTES PERXIDOS ORGNICOS Esta Classe compreende: Subclasse 5.1 - Substncias Oxidantes: substncias que, embora no sendo necessariamente combustveis, podem, em geral por liberao de oxignio, causar a combusto de outros materiais ou contribuir para isto. Subclasse 5.2 - Perxidos Orgnicos: substncias orgnicas que contm a estrutura bivalente OO e podem ser consideradas derivadas do perxido de hidrognio, onde um ou ambos os tomos de hidrognio foram substitudos por radicais orgnicos. Perxidos orgnicos so substncias termicamente instveis e podem sofrer uma decomposio exotrmica auto-acelervel. Alm disso, podem apresentar uma ou mais das seguintes propriedades: ser sujeitos a decomposio explosiva; queimar rapidamente; ser sensveis a choque ou a atrito; reagir perigosamente com outras substncias; causar danos aos olhos. CLASSE 6 - SUBSTNCIAS TXICAS (VENENOSAS) - SUBSTNCIAS INFECTANTES Esta Classe abrange: Subclasse 6.1 - Substncias Txicas (Venenosas): so as capazes de provocar a morte, leses graves, ou danos sade humana, se ingeridas, inaladas ou se entrarem em contato com a pele. Subclasse 6.2 Substncias Infectantes: so aquelas que contm

microorganismos viveis, incluindo uma bactria, vrus, rickettsia, parasita, fungo, ou um recombinante, hbrido ou mutante, que provocam, ou h suspeita de que possam provocar doenas em seres humanos ou animais.

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CLASSE 7 - MATERIAIS RADIOATIVOS Para efeito de classificao dos materiais radioativos, inclundo aqueles considerados como rejeito radioativo, consultar a Comisso Nacional de Energia NuclearCNEN. As normas relativas ao transporte desses materiais (CNEN-NE-5.01 e normas complementares a esta) estabelecem requisitos de radioproteo e segurana, a fim de que seja garantido um nvel adequado de controle da eventual exposio de pessoas, bens e meio ambiente radiao ionizante. Entretanto, necessrio tambm levar em conta outras propriedades que possam significar um risco adicional. CLASSE 8 CORROSIVOS So substncias que, por ao qumica, causam severos danos quando em contato com tecidos vivos ou, em caso de vazamento, danificam ou mesmo destroem outras cargas ou o veculo; elas podem, tambm, apresentar outros riscos. CLASSE 9 - SUBSTNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS Incluem-se nesta Classe as substncias e artigos que apresentam um risco no abrangido por qualquer das outras classes.

6.1.3 CLASSIFICAO DE RESDUOS

Resduos so substncias, solues, misturas ou artigos que contm, ou esto contaminados por um ou mais produtos sujeitos s disposies deste Regulamento e suas Instrues Complementares, para os quais no seja prevista utilizao direta, mas que transportados ou estocados, destinam-se para fins de despejo, incinerao ou qualquer outro processo de disposio final.

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Um resduo que contenha um nico componente considerado produto perigoso, ou dois ou mais componentes que se enquadrem numa mesma classe ou subclasse, deve ser classificado de acordo com os critrios aplicveis classe ou subclasse correspondente ao componente ou componentes perigosos. Se houver componentes pertencentes a duas ou mais classes ou subclasses, a classificao do resduo deve levar em conta a ordem de precedncia aplicvel a substncias perigosas com riscos mltiplos.

6.1.4 Nmero de Risco

O Nmero de Risco de um produto a seqncia numrica correspondente ao risco principal e ao(s) subdisirio(s) relacionado(s) ao produto transportado expressos em um painel ou placa denominados Painel de Segurana e Rtulo de Risco. Este nmero constitudo por dois ou trs algarismos e, se necessrio, a letra x. Quando for expressamente proibido o uso de gua no produto perigoso deve ser cotada a letra X, no incio, antes do nmero de identificao de risco. O nmero de identificao de risco permite determinar de imediato: O risco do produto = 1 algarismo Os riscos subsidirios = 2 e/ou 3 algarismos

Observao: Na ausncia de risco subsidirio deve ser colocado como 2 algarismo o zero; no caso de gs nem sempre o 1 algarismo significa o risco principal; a duplicao ou triplicao dos algarismos significa uma intensificao do risco.

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EXEMPLO: 30 = INFLAMVEL 33 = MUITO INFLAMVEL 333 = ALTAMENTE INFLAMVEL Quadro 3 - Significado do Primeiro Algarismo (Risco Principal do Produto)

ALGARISMO
2 3 4 5 6 7 8

SIGNIFICADO DO ALGARISMO
Gs Lquido inflamvel Slido inflamvel Substncia oxidante ou perxido orgnico Substncia txica Substncia radioativa Substncia corrosiva

Quadro 4 - Significado do Segundo e/ou Terceiro Algarismo ALGARISMO 0 1 2 3 4 5 6 SIGNIFICADO DO ALGARISMO Ausncia de risco subsidirio Explosivo Emana Gs Inflamvel Fundido Oxidante Txico

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7 8 9

Radioativo Corrosivo Perigo de reao violenta

6.1.5 Rtulo de Risco

Os rtulos de risco tm a forma de um losango de 100 mm por 100 mm, exceto os casos em que os volumes s comportem rtulos menores. So divididos em duas metades, sendo a metade superior do rtulo destinada a exibir o smbolo de identificao do risco e a metade inferior destinada ao nmero da classe ou subclasse e grupo de compatibilidade do produto. Todos os veculos de carga, veculos-tanque, vages, vages-tanque, contineres de carga, contineres-tanque, tanques portteis e automveis para a classe 7, devero ser sinalizados atravs de rtulos de risco que indicam riscos principais ou subsidirios afixados superfcie exterior das unidades de transporte e de carga para advertir que seu contedo composto de produtos perigosos e apresenta riscos. Os diferentes Rtulos de Risco correspondentes s vrias Classes de Risco principais e subsidirios dos produtos perigosos constam no Manual de Emergncia na seo branca inicial (pg. 08 e 09). Segue abaixo os vrios Rtulos de Risco constante no referido Manual.

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Figura 09 - Modelo de Rtulo de Risco:

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6.2 Painel de Segurana


Caracteriza-se como painel de segurana uma placa retangular laranja com um conjunto de nmeros na parte superior e inferior, sendo que a metade superior destinada ao nmero de identificao de risco, indicando risco principal e subsidirios e a parte inferior destinada ao Nmero de Identificao do produto ou nmero ONU formado por quatro algarismos, constante na Resoluo n 420/04 o qual identifica o produto transportado. O assunto Painel de Segurana tratado na seo branca final do Manual de Emergncia da ABIQUIM. O Nmero de Identificao do produto servir para consulta do Manual de Emergncia, que tambm traz a relao por ordem numrica e alfabtica dos produtos considerados perigosos. Figura 10 - Modelo de Painel de Segurana:

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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6.3 Sinalizao dos Veculos de Transporte de Produtos Perigosos


Durante as operaes de carga, transporte, descarga, transbordo, limpeza e descontaminao, os veculos e equipamentos utilizados no transporte de produtos perigosos devero portar Painis de Segurana e Rtulos de Risco especficos, de acordo com as normas NBR 7500 e NBR 8286 da ABNT.

6.3.1 Transporte a granel

6.3.1.1 De um nico produto na mesma unidade de transporte: Na dianteira: um painel de segurana posicionado do lado esquerdo (lado do motorista). Na traseira: o mesmo painel de segurana, tambm do lado esquerdo e o rtulo do risco principal do produto. Nas laterais: o mesmo painel de segurana juntamente com o rtulo do risco principal posicionados do centro para a traseira, em qualquer lugar visvel. 6.3.1.2 De produtos diferentes na mesma unidade de transporte: Na dianteira: um Painel de Segurana sem o Nmero de Risco e sem o nmero ONU. Na traseira: um Painel de Segurana idntico ao da dianteira e tantos Rtulos de Riscos quantos forem os riscos principais dos produtos transportados. Nas laterais de cada tanque ou compartimento distinto: um Painel de Segurana com os nmeros de identificao e o Rtulo de Risco correspondente ao produto transportado.

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6.3.2 Transporte de carga embalada

6.3.2.1 De um nico produto na mesma unidade de transporte: Proceder como no item 1 do transporte a granel. 6.3.2.2 De produtos perigosos diferentes na mesma unidade de transporte: Na dianteira e na traseira: um Painel de Segurana sem os nmeros de identificao, posicionados do lado esquerdo. Nas laterais: o mesmo Painel de Segurana posicionado do centro para a traseira, em qualquer lugar visvel.

Figura 11 - Sinalizao em caminho

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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Figura 12 - Sinalizao de vrios produtos em um s veculo

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

Figura 13 - Sinalizao de um s produto e um s risco

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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Figura 14 - Sinalizao de diversos produtos com diferentes riscos

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

Observao: Os tanques utilizados no transporte de produtos perigosos que contenham resduos devem portar Rtulos de Riscos e Painis de Segurana especficos at que sejam limpos e descontaminados, com exceo dos produtos da Classe 7radioativos.

6.4 Documentos para o Transporte


A documentao de transporte de produtos perigosos prevista na legislao qualquer documento (declarao de carga, nota fiscal, conhecimento de transporte, manifesto de carga ou outro documento) que acompanhe a expedio e deve conter as seguintes informaes: 1. O nome apropriado para embarque; 2. A classe ou subclasse do produto; 3. O nmero ONU;

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4. A quantidade total por produto perigoso. As informaes devem ser legveis e no caso de resduos de produtos perigosos (exceto resduos radioativos) serem transportados para fins de disposio, ou de processamento para disposio, o nome apropriado para embarque deve ser precedido da palavra RESDUO. Ainda, dentre os documentos exigidos, h a Ficha de Emergncia, de porte obrigatrio, para o caso de qualquer acidente e acidente, o qual dever conter instrues fornecidas pelo expedidor conforme informaes recebidas do fabricante ou importador do produto transportado que explicitem de forma concisa: A natureza do risco apresentado pelos produtos perigosos transportados, bem como as medidas de emergncias. As disposies aplicveis caso uma pessoa entre em contato com os produtos transportados ou com substncias que podem desprender-se deles. As medidas que se devem tomar no caso de ruptura ou deteriorao de embalagens ou tanques, ou em caso de vazamento ou derramamento. No caso de vazamento ou no impedimento do veculo prosseguir viagem, as medidas necessrias para a realizao do transbordo da carga ou, quando for o caso, restries de manuseio do produto. Nmeros de telefones de emergncias do Corpo de Bombeiros, polcia, Defesa Civil, rgos de meio ambiente e, quando for o caso, rgos competentes para as Classes 1 e 7, ao longo do itinerrio. A Ficha de Emergncia dever estar num Envelope para Transporte, conforme padro estabelecido em norma da ABNT, devendo ser mantida a bordo junto ao condutor, longe dos volumes contendo produtos perigosos e, nos casos de exportao ou importao, devero ser redigidas nos idiomas oficiais dos pases de origem, trnsito e destino.

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6.5 Identificao de Embalagens de Produtos Armazenados em Instalaes Fixas


Outra situao que a equipe de emergncia pode se deparar a de emergncias em locais de armazenamento em depsitos e armazns, onde as embalagens se encontram diretamente acondicionadas em caixas ou a granel, tais como em embalagens plsticas, gales, caixas dentre outros. Nesse caso, a identificao seguir a norma NFPA 704, que adota a simbologia denominada de Diamante de HOMMEL. Ela aplicada em vrios pases, no entanto sem obrigatoriedade aqui no Brasil. Diferentemente das placas de identificao, o Diamante de HOMMEL no informa qual a substncia qumica, mas indica todos os riscos envolvendo o produto qumico em questo. Figura 15 - Diamante de Hommel

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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Os riscos representados no Diamante de Hommel so os seguintes: VERMELHO - INFLAMABILIDADE, onde os riscos so os seguintes: 4 - Gases inflamveis, lquidos muito volteis, materiais pirotcnicos; 3 - Produtos que entram em ignio a temperatura ambiente; 2 - Produtos que entram em ignio quando aquecidos moderadamente; 1 - Produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignio; 0 - Produtos que no queimam. AZUL - PERIGO PARA SADE, onde os riscos so os seguintes: 4 - Produto Letal; 3 - Produto severamente perigoso; 2 - Produto moderadamente perigoso; 1 - Produto levemente perigoso; 0 - Produto no perigoso ou de risco mnimo; AMARELO - REATIVIDADE, onde os riscos so os seguintes: 4 - Capaz de detonao ou decomposio com exploso a temperatura ambiente; 3 - Capaz de detonao ou decomposio com exploso quando exposto a fonte de energia severa; 2 - Reao qumica violenta possvel quando exposto a temperaturas e/ou presses elevadas;

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1 - Normalmente estvel, porm pode se tornar instvel quando aquecido; 0 - Normalmente estvel. BRANCO - RISCOS ESPECIAIS, onde os riscos so os seguintes: OXY Oxidante forte ACID cido forte ALK Alcalino forte Figura 16 - Radioativo

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

Figura 17 - No jogar gua

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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6.6 Identificao de Dutos


Outra situao emergencial possvel de se deparar a emergncia com produtos perigosos transportados atravs de dutos, quer seja nas indstrias, quer seja nas dutovias. Neste caso, devemos identificar o produto baseado nas cores dos mesmos, que seguem normas da ABNT, DO Ministrio do trabalho ou da PETROBRS. No caso de instalaes industriais, a norma adotada a NBR 6493 da ABNT,cujo ttulo O Emprego de Cores Fundamentais para Tubulaes Industriais. H tambm a NR-26 Sinalizao de Segurana (Cor na Segurana do Trabalho). Esta NR tem por objetivo fixar as cores que devem ser usadas nos locais de trabalho para a preveno de acidentes, identificando os equipamentos de segurana, delimitando reas, identificando as canalizaes empregadas nas indstrias para a conduo de lquidos e gases e advertindo contra riscos. As cores adotadas so as seguintes: vermelho, amarelo, branco, preto, azul, verde, laranja, prpura, lils, cinza, alumnio e marrom. Vermelho: equipamentos e aparelhos de proteo e combate a incndio, inclusive tubulaes, vlvulas e hastes do sistema de asperso de gua; Amarelo: em canalizaes, deve-se utiliz-los para identificar gases no liquefeitos; Branco: reas em torno dos equipamentos de socorro de urgncia, de combate a incndio ou outros equipamentos de emergncia; Preto: empregado para indicar as canalizaes de inflamveis e combustveis de alta viscosidade ( ex: leo lubrificante, asfalto, leo combustvel, alcatro, etc.); Azul: canalizao de ar comprimido;

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Verde: canalizaes de gua; Laranja: canalizaes de cidos; Prpura: indicar perigos provenientes das radiaes eletromagnticas penetrantes de partculas nucleares; Lils: indicar canalizaes que contenham lcalis. As refinarias de petrleo podero utilizar o lils para a identificao de petrleo; Cinza Claro: canalizaes em vcuo; Cinza Escuro: identificar eletrodutos; Alumnio: utilizado em canalizaes contendo gases liquefeitos, lquidos inflamveis e combustveis de baixa viscosidade ( ex: leo diesel, gasolina, querosene, leo lubrificante, etc... ); Marrom: pode ser adotado pela empresa, para identificar qualquer fludo no identificvel pelas demais cores. Observaes: As canalizaes industriais, para a conduo de lquidos e gases, devero receber a aplicao de cores, em toda sua extenso, a fim de facilitar a identificao do produto e evitar acidentes. O sentido de transporte do fludo, quando necessrio, ser indicado por meio de seta pintada em cor de contraste sobre a cor bsica da tubulao. As empresas ligadas ao setor de petrleo e derivados seguem a legislao especfica da PETROBRS, abrangendo no s tubulaes internas, como tambm gasodutos que passam nos mais variados pontos do pas, abrangendo inclusive o gasoduto internacional Brasil-Bolvia. Dentre elas, a N-4/05 padroniza a utilizao de cores na pintura de instalaes terrestres, tais como: refinarias, fbricas de asfalto,

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usinas de processamento de xisto, unidades de processamento de gs natural (UPGNS) e terminais. As tubulaes seguem os seguintes critrios de identificao: Oxignio: Branco 0095; Sistemas de Combate a Incndio: Vermelho-Segurana 1547; Gs Inerte: Amarelo-Segurana 2586; gua: Verde-PETROBRS 3355; lcool Etlico, Hidrocarbonetos Lquidos de Baixa Viscosidade e Gs Natural: Alumnio 0170; Ar Comprimido: Azul-Segurana 4845; Produtos Qumicos Lquidos: Alaranjado-Segurana 1867; Inflamveis e Combustveis de Alta Viscosidade: Preto 0010; Notas: 1) As tubulaes de gua potvel devem ser diferenciadas das demais; 2) Os suportes da tubulao devem ser pintados na cor Preto 0010; 3) Nos casos de tubulao temperatura superior a 80C, a cor deve ser Alumnio 0170. Observaes: os cdigos e cores estabelecidos nesta norma seguem a Tabela 1 da N-1219 .

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Captulo

TERCEIRO PASSO - AVALIAO DE RISCOS E MONITORAMENTO

A avaliao de informaes de riscos um dos pontos mais crticos na hora de tomar decises em um controle bem sucedido de um acidente com produtos perigosos. A deciso de intervir, ou muitas vezes de no intervir, no fcil. Enquanto a maioria dos atendentes reconhece a necessidade inicial de isolar a rea, proibindo a entrada de pessoas e de identificar os produtos perigosos envolvidos, muitos consideram a necessidade de desenvolver habilidades de anlises reais e de resoluo de problemas. Nesta fase, supe-se que as Equipes de Emergncia implementaram com xito procedimentos de gerenciamento do local e identificaram a natureza do problema e os produtos perigosos potencialmente envolvidos. Os tpicos fundamentais neste captulo descrevero a terminologia comum sobre riscos e perigos, bem como a avaliao destes para as tomadas de decises e o monitoramento do ambiente.

7.1 Avaliao de Riscos e Perigos


Tal conceito de avaliao de riscos e perigos muito bem usado nas operaes de incndio. Em geral, as guarnies so capazes de avaliar e combater incndios estruturais devido ao grande nmero de ocorrncias atendidas no dia a dia e ao constante treinamento dos profissionais nessa rea. Por outro lado, a baixa estatstica de acidentes com produtos perigosos os levam a uma dificuldade para efetuar uma rpida, abrangente e eficiente anlise de riscos e perigos que envolvem o acidente. Tal situao deve ser compensada atravs do constante e insistente treinamento, pois uma pequena falha no atendimento poder colocar a equipe de atendimento em uma situao de risco. As informaes que a equipe deve buscar e avaliar so as ligadas ao produto propriamente dito, as probabilidades de reaes entre si e ainda quelas relacionadas ao cenrio, as condies topogrficas e climticas.

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Muitas informaes se obtm diretamente no local, outras, extrapolam o cenrio da emergncia, s sendo possvel o acesso atravs de banco de dados de instituies ligadas ao setor. Muitas propriedades qumicas e/ou fsicas, tais como a faixa de inflamabilidade, nveis de toxicidade, valores de exposio, etc, so mais complexos e possivelmente no estaro disponveis num primeiro momento equipe de

emergncia.Por isso, o rpido contato com o Centro de Comunicaes e deste com as instituies que possuem os banco dce dados de fundamental importncia para a viabilizao da anlise da situao, da identificao dos riscos e da adoo das aes tticas das equipes. O objetivo das operaes de emergncia minimizar o nvel de risco Equipe de Emergncia, comunidade e ao meio-ambiente. Os atendentes de produtos perigosos devem conceber seu papel como avaliadores de risco, no como adivinhadores de riscos. Os nveis de risco so variveis e mudam de acidente para acidente. Os fatores que influenciam o nvel de risco incluem: Natureza do(s) produto(s) envolvido(s) Por exemplo, toxicidade,

inflamabilidade e reatividade. Quantidade de produto envolvido - Os riscos tendem a aumentar quando se lida com uma grande quantidade de produtos perigosos comparados a uma quantidade limitada, contineres individuais. No entanto, a quantidade tambm deve ser ponderada em relao natureza do(s) produto(s) perigoso(s) envolvido(s) quantidades pequenas de produtos altamente txicos ou reativos podem criar riscos significantes. Resistncia estrutural do tanque ao tipo de risco a que est exposto Recipientes ou tanques podem ser, tanto pressurizados, como nopressurizados. Os riscos so maiores nos pressurizados que nos de baixa presso. Alm disso, o tipo de risco ao qual est exposto o recipiente ou

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tanque: trmico, qumico, mecnico ou misto e a sua capacidade de resistir agresso influenciam na anlise. Proximidade e grau de exposio ao produto perigoso Abrange a

distncia e a taxa de disperso de qualquer vazamento qumico em relao equipe de atendimento de emergncia, populao, propriedades e o meioambiente. Recursos disponveis - A acessibilidade de recursos e o tempo de atendimento influenciam no nvel de riscos. Inclui treinamento e conhecimento das equipes. H ainda alguns riscos que se deve avaliar em relao proteo das pessoas vitimadas, as equipes de atendimento e comunidade prxima ao cenrio; so eles: os relacionados sade, aos incndios, reatividade, corrosividade e radioatividade. Sero passados atravs de definies e conceitos, a fim de subsidiar o Comandante das Operaes ou da Equipe de Emergncia.

7.1.1 Riscos Sade

Agudo: determinado por uma dose ou exposio nica, geralmente com um ataque sbito no decorrer do tempo (ex: toxicidade sutil, exposio sutil).

Crnico: determinado por durao longa ou permanente, consistente ou contnua (ex: toxicidade crnica, geralmente permanente ou irreversvel); ocorre freqentemente em exposies repetidas ao longo de um perodo de tempo.

Perigo de exposio: os perigos esto na inalao, ingesto ou absoro do produto envolvido.

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Perigo de inalao (TLVodor): a menor concentrao de vapor de um produto no ar que perceptvel pelo odor. Se o TLVodor est abaixo do TLV/TWA, o odor pode fornecer um aviso da presena de um produto.

Valor de tolerncia exposio/Mdia ponderada de tempo (TLV/TWA Threshold Limit Value/Time Weighted Avarage): a concentrao no ar de um produto ao qual uma pessoa normal e saudvel pode ser exposta repetidamente por 8 horas ao dia, 40 horas por semana, sem sofrer efeitos colaterais. Crianas, idosos, pessoas doentes e sensveis apresentam tolerncia mais baixa e necessitam de maiores precaues. TLVs se baseiam nas informaes disponveis e se ajustam em bases anuais de organizaes como a American Conference of Governmental Industrial Hygienists - ACGIH (Associao Governamental Americana dos Higienistas de Indstrias). Como os TLVs so as mdias ponderadas de uma exposio de 8 horas, difcil relacion-los com as operaes de atendimento de emergncias. Quanto menor o valor, mais txico a substncia.

Valor mnimo de tolerncia exposio (TLV/STEL - Threshold Limit Value/Short-Term Exposure Limit): o valor limite que no pode ser ultrapassado em 15 minutos de exposio contnua ou fracionada em at quatro vezes ao dia, com pausas de 60 minutos entre cada exposio. Quanto menor o valor, mais txico a substncia.

Valor mximo de tolerncia exposio (TLC/C - Threshold Limit Value/Ceiling): valor limite de concentrao que no deve ser excedido, mesmo que momentaneamente. Quanto menor o valor, mais txica a substncia.

Limite tolervel de exposio (PEL - Permissible Exposure Limit) e Nveis recomendados de exposio (REL - Recommended Exposure Levels): a concentrao mxima de tempo na qual 95 % dos adultos saudveis expostos no sofrem efeitos colaterais durante um trabalho semanal de 40 horas e so comparveis ao TVL/TWA da ACGIH. PELs so

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usados pela OSHA e so baseados em uma mdia de tempo de oito horas. RELs so usados pela NIOSH e so baseados em uma mdia de tempo de dez horas. Dose letal com 50 % de probabilidade de morte (LD-50): a concentrao de um produto, expressa em partes por milho (ppm) por volume, que mata metade dos animais de laboratrio em uma dada extenso de tempo. Referese inalao; o LD-50 tambm pode ser expresso em mg/litro ou mg/metro cbico. importante para avaliar a toxicidade de um produto; quanto menor o valor, mais txico a substncia. Dose letal baixa (LD baixa): a menor quantidade de uma substncia introduzida por qualquer via, que no a inalao, que leva animais ou humanos morte. As concentraes relatadas podem penetrar em perodos de exposio que duram menos de 24 horas (aguda) ou mais de 24 horas (subaguda e crnica). Carcinognico: o material que pode causar cncer em um organismo. Mutao: um produto que cria uma mudana na estrutura do gene, que capaz de ser transmitida para os descendentes. Teratognico: um produto que afeta os descendentes quando o embrio ou feto exposto a esse produto. Substncia Sensibilizadora: uma substncia qumica que faz com que, grande parte das pessoas ou dos animais exposta, desenvolva uma reao alrgica na pele (aps exposies repetidas a essa substncia). A sensibilizao da pele muito comum. Resduos txicos da combusto: o produto txico derivado do processo de combusto. importante o comandante ou os membros da equipe de

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emergncia saberem dos danos sade que podem causar os resduos provenientes da combusto, adotando medidas de proteo prvias.

7.1.2 Riscos Relativos a Incndios

Ponto de fulgor: a temperatura mnima na qual um material emite vapor o suficiente para se inflamar, mas s continua a queimar com o acrscimo de mais calor. importante para avaliar na emergncia a temperatura local e o ponto de fulgor do produto envolvido a fim de evitar um incndio local.

Ponto de ignio: a temperatura mnima exigida para inflamar um gs ou vapor, sem a presena de chamas ou centelhas.

Faixa de Explosividade: a amplitude da concentrao de um gs ou vapor (porcentagem por volume no ar) que queimar ou explodir se uma fonte de combusto estiver presente. As concentraes limtrofes so, em geral, chamadas de Limite Inferior de Explosividade (LIE) e Limite Superior de Explosividade (LSE). Abaixo LIE ou acima do LSE, a mistura insuficiente ou muito rica para queimar ou explodir e dentro dessa faixa, a mistura bastante propcia para queimar. Se o gs ou vapor lanado em uma atmosfera rica em oxignio, a amplitude de inflamabilidade aumenta. Da mesma maneira, se um gs ou vapor lanado em uma atmosfera deficiente em oxignio, a amplitude diminui.

7.1.3 Riscos Relativos Reatividade

Reatividade/Instabilidade: a capacidade de um produto em suportar uma reao qumica com a liberao de energia. Poderia ser iniciada pela mistura ou reao com outros materiais, emprego de calor, choque fsico, etc.

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Capacidade de oxidao: a capacidade de um material de: ceder molculas de oxignio para estimular a oxidao de produtos orgnicos (ex: clorato, permanganato e compostos de nitrato); receber eltrons transferidos de uma substncia que sofreu oxidao (ex: cloro e flor).

Produtos reativos gua: so produtos que reagem com gua e liberam um gs inflamvel ou apresentam um perigo sade.

Produtos

pirofricos:

so

produtos

que

entram

em

combusto

espontaneamente no ar sem uma fonte de combusto. Interaes qumicas: a interao de produtos em um continer pode resultar na formao de calor e presso, que pode causar rachaduras. De modo semelhante, produtos combinados podem ser mais corrosivos que o produto cujo continer foi originalmente projetado para suportar e conter rachaduras. Polimerizao: reao durante a qual um monmero induzido a polimerizar pela adio de um catalisador ou outras influncias involuntrias, tais como calor excessivo, frico, contaminao, etc. Se a reao no controlada, possvel que haja liberao de energia. A polimerizao pode ocorrer numa velocidade muito rpida e aumentar o volume muitas vezes em relao ao original, podendo provocar o rompimento brusco do tanque, aumentando sensivelmente o potencial de danos que pode ocorrer no local do acidente. Catalisador: usado para controlar a taxa da reao qumica, aumentando ou diminuindo sua velocidade. Se usados incorretamente, os catalisadores podem acelerar a reao qumica e causar rachaduras nos tanques ou invlucros (tambores, gales, etc), devido ao aumento da presso e do calor.

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Inibidor: acrescido a um produto para controlar a reao qumica com outros produtos. Se o inibidor no adicionado ou escapa durante um acidente, o produto comea a polimerizar, o que possivelmente resultar em rachaduras nos tanques e invlucros.

Temperatura de decomposio autocalalisante: uma propriedade dos perxidos orgnicos. Quando essa temperatura atingida por alguma parte da massa de um perxido orgnico, uma decomposio irreversvel se inicia.

7.1.4 Riscos Relativos Corrosividade

PH (poder de hidrognio): a medida de concentrao de ons hidrognio em uma soluo. A escala de pH vai de 0 a 14, com os cidos fortes apresentando valor de pH baixo e bases fortes ou produtos alcalinos, valor de pH alto. Uma substncia neutra deve ter ph 7.

Fora: o grau que um agente corrosivo se ioniza na gua. Aqueles que formam o maior nmero de ons hidrognio so os cidos mais fortes (pH<2), enquanto aqueles que formam ons hidrxido so as bases mais fortes (pH>12).

Concentrao: a porcentagem de um cido ou base dissolvida na gua. Concentrao no o mesmo que fora.

Agentes neutralizantes: so aquelas substncias que podem ser usadas para neutralizar os efeitos de um produto corrosivo.

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7.1.5 Riscos Relativos Radioatividade

Radioatividade: a capacidade de um produto emitir qualquer forma de energia radioativa.

Tipo de radiao emitida: o tipo de energia radioativa emitida, como partculas alfa, partculas beta ou radiao gama.

Atividade: o nmero de tomos radioativos que se decompem e emitem radiao durante um segundo. medido em curies (1 curie = 37 bilhes de desintegraes por segundo); embora sejam expressos, em geral, por milicuries ou microcuries. A atividade indica quanto de radioatividade est presente e no quanto de produto.

ndice de transporte (TI): o nmero encontrado nos rtulos de produtos radioativos, que indica o nvel mximo de radiao (medidos em miliroentgens/hora mR/h) a um metro do pacote intacto. Por exemplo, um TI = 3 indica que a intensidade de radiao que pode ser medida no mais que 3 mR/h a um metro do pacote intacto.

7.2 Monitoramento Ambiental


Em meados do sculo XIX, nos Estados Unidos, surgiu a necessidade de se detectar a presena de gases txicos ou asfixiantes nas minas de carvo. O gs metano gerado pela decomposio da matria orgnica, bem como o enxofre, que gera o gs sulfdrico, foram causadores de srios danos sade daqueles que ali trabalhavam chegando em alguns casos morte. Os trabalhadores passaram ento a portar pequenos animais aprisionados, tais como pssaros, roedores e at mesmo ces. Estes ficavam agitados ao mnimo sinal da presena de gases, indicando assim uma provvel contaminao do local.

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Devido ao rpido desenvolvimento industrial e a utilizao e manuseio cada vez mais freqente de produtos qumicos txicos e inflamveis pela indstria de transformao, bem como a crescente preocupao com a segurana industrial e sade ocupacional, por parte dos rgos governamentais, fez surgir no mercado uma srie de instrumentos que fazem o trabalho da deteco de gases e vapores, bem como aparelhos para monitoramento em corpos hdricos, alertando-nos imediatamente quando sua concentrao ultrapassa parmetros aceitveis. Na determinao de gases ou vapores utilizam-se os analisadores fixos e os portteis de leitura direta. O uso de analisadores fixos restrito ao interior de instalaes industriais onde o monitoramento contnuo se faz necessrio. J a utilizao dos analisadores portteis de leitura direta surgiu com a necessidade de realizao de anlises rpidas obtidas no campo por ocasio de acidentes ambientais ou quando da necessidade de levantamento de valores relativos a sade ocupacional e sua segurana industrial.

7.2.1 Aparelhos colorimtricos

A concentrao de gases e vapores no ar pode ser rapidamente determinada pela leitura direta dos instrumentos. Essa leitura pode ser definida em aparelhos nos quais as amostras e anlises so tomadas diretamente pelo instrumento, e as informaes necessrias podem ser lidas diretamente em um mostrador ou indicador. Um instrumento de leitura direta ideal dever ser capaz de amostrar o ar no local de trabalho ou da ocorrncia do acidente e dever dar a concentrao da(s) substncia(s) que est(ao) sendo amostrada(s). 0s aparelhos colorimtricos de leitura direta usam propriedades qumicas de um contaminante para reao da substncia com um agente qumico que produz colorao e tem sido amplamente utilizado nas indstrias, em reas de segurana, em estudos para sade ocupacional e em atendimento a emergncias envolvendo produtos perigosos. A

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simplicidade da operao, o baixo custo inicial e a versatilidade referente deteco de inmeros contaminantes tornaram popular este instrumento. Todavia, como todos os instrumentos, este aparelho tem limitaes com referncia aplicao, especificao e preciso. Assim o usurio deve estar familiarizado com estas limitaes para evitar eventuais erros de interpretao. Basicamente o sistema de tubo detector colorimtrico composto de dois elementos: a bomba detectora de gases e os tubos colorimtricos indicadores (tubos reagentes). As bombas detectoras de fole ou de pisto so projetadas para succionar um volume fixo de ar (geralmente 100 cm3) com apenas uma bombada. O tubo detector de vidro hermeticamente selado, contendo materiais slidos granulados como slica gel, alumina ou pedra-pome, que so impregnadas com uma substncia qumica que reage quando o ar contm um contaminante especfico ou um grupo de contaminantes que passa atravs do tubo. 7.2.1.1 Limitaes e consideraes: Antes da realizao da medio de suma importncia a leitura da folha de instrues do tubo reagente que ser utilizado na medio para conhecer a colorao final obtida no tubo aps a leitura, bem como as possveis interferncias com outras substncias, temperatura e umidade. Os tubos detectores tm a desvantagem de apresentar baixa exatido e preciso. No passado, o Instituto Americano de Sade e Segurana Ocupacional (NIOSH) testou e certificou tubos detectores submetidos aos seus ensaios. Os valores relativos preciso encontrados foram de 35% a 50% do limite de exposio. A reao qumica que ocorre no interior do tubo afetada por baixas e/ou altas temperaturas, retardando e/ou acelerando a reao e, conseqentemente, o tempo de resposta, influindo assim diretamente na veracidade dos resultados. Para reduzir este problema recomenda-se que os tubos sejam mantidos em locais ventilados.

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Altas temperaturas aceleram a reao podendo causar um problema de descolorao da camada reagente sem que o contaminante esteja presente. Isto tambm pode ocorrer para os tubos ainda no utilizados. Dessa forma os tubos devem ser armazenados em temperaturas moderadas, ou at mesmo refrigerados, prolongando assim a sua vida til. Alguns tubos reagentes possuem uma camada pr-filtrante que objetiva a eliminao de umidade ou outras substncias que possam interferir na medio. Assim, nas instrues dos fabricantes so fornecidos fatores de correo que sero utilizados quando a umidade interferir nas medies realizadas. As substncias qumicas utilizadas nos tubos deterioram-se com o tempo. Portanto se faz necessrio observar o perodo de validade indicado em suas embalagens (de 1 a 3 anos). Cada tubo detector destinado para medir um gs especfico como o gs sulfdrico, cloro, vapor de mercrio, entre outros. Como nenhum tubo detector especfico para medir uma nica substncia, devese tomar cuidado para que interferncias de substncias no invalidem os resultados das amostras. Muitos vapores e gases comuns reagem com os mesmos produtos qumicos ou apresentam propriedades fsicas similares; assim, o instrumento pode dar falsas leituras, altas ou baixas, para a substncia que est sendo amostrada. Deve-se considerar que os resultados obtidos pelo sistema de tubos colorimtricos no devem, sob qualquer circunstncia, ser utilizados como nica evidncia da presena ou ausncia de um determinado contaminante. Os resultados devem ser utilizados juntamente com outros testes ou informaes que confirmem a identidade de uma substncia desconhecida na atmosfera. Alm das medies quantitativas, o detector tambm pode realizar medies de carter qualitativo.

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Existe um tubo reagente, denominado POLYTEST, que indica apenas a presena de certos gases na atmosfera, sem, no entanto, quantific-los. O POLYTEST pode indicar a presena de qualquer um dos gases abaixo relacionados: Acetileno; Acetona; Arsina; Benzeno; Dissulfeto de carbono; Gs sulfdrico; Gases nitrosos; Gasolina; Gs liquefeito de petrleo; Monoestireno; Monxido de carbono; Percloroetileno; Tolueno; Tricloroetileno; Xileno.

Nas operaes de emergncia onde o gs vazado for desconhecido, pode-se, partindo do tubo POLYTEST, programar um plano de amostragem que auxiliar na identificao do produto.

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7.2.2 Indicador de Oxignio (Oxmetro)

Os indicadores de oxignio (O2), tambm conhecidos como oxmetros, so equipamentos utilizados para medir a concentrao de oxignio na atmosfera normalmente na faixa de 0 - 25% ou de 0 100%. Estes equipamentos so utilizados para monitorar atmosferas onde existe a necessidade de proteo respiratria: normalmente o ar possui 20,8% de oxignio. Assim, se o oxignio estiver abaixo de 19,5% no ar considera-se o local com deficincia de oxignio. Dessa forma necessria a utilizao de proteo respiratria especial (por ex: conjunto autnomo de respirao). Um aumento da concentrao de oxignio pode causar risco de combusto: geralmente, concentraes acima de 25% de O2 so consideradas ricas em oxignio, aumentando assim o risco de combusto. Alguns instrumentos requerem suficincia de oxignio para sua operao. Por exemplo, os indicadores de gs combustvel no apresentam resultados quando a concentrao de oxignio estiver abaixo de 14%. Tambm, a aprovao da segurana intrnseca para os instrumentos para atmosfera normal e no em atmosferas ricas em oxignio. Um decrscimo na concentrao de oxignio pode ser devido ao seu consumo (pela reao de combusto ou oxidao) ou pelo deslocamento de ar por uma substncia qumica. 7.2.2.1 Limitaes e consideraes: Altas concentraes de dixido de carbono (CO2) diminuem a vida til do sensor de oxignio. Como regra geral, o equipamento pode ser utilizado em atmosferas maiores do que 0,5% de CO2 somente com substituio freqente do sensor. A vida til em uma atmosfera normal (0,04% de CO2) pode variar de uma semana at um ano dependendo do projeto do fabricante.

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Agentes qumicos oxidantes como oznio e cloro, podem causar aumento na leitura e indicar alta concentrao de oxignio, ou ento, concentrao normal, em situaes em que a concentrao real de oxignio seja igual ou menor. Temperaturas altas podem afetar a resposta do indicador de oxignio. A faixa normal para operao do equipamento varia entre 0C e 49C. Entre 32C e 0C a resposta do equipamento lenta. Abaixo de 32C o sensor pode ser danificado pelo congelamento da soluo. O equipamento dever ser calibrado na temperatura na qual ser utilizado. A operao com os medidores de oxignio depende da presso atmosfrica absoluta. A concentrao natural de oxignio uma funo da presso atmosfrica em uma dada altitude. Considerando que a porcentagem de oxignio no varia com a altitude, ao nvel do mar o peso da atmosfera maior e, portanto, mais molculas de oxignio e de outros componentes do ar so comprimidas dentro de um dado volume quando comparado com altitudes maiores. medida que a altitude aumenta, esta compresso diminui, resultando em um nmero menor de molculas de ar que so comprimidas em um dado volume. Dessa forma um indicador de oxignio calibrado ao nvel do mar e operado em uma altitude de alguns milhares de ps fornecer medidas incorretas indicando deficincia de oxignio na atmosfera devido a uma menor quantidade dessas molculas que so "empurradas" para o sensor. Portanto se faz necessrio a calibrao do equipamento na altitude em que esteja sendo utilizado.

7.2.3 Indicador de Gs combustvel (Explosmetro)

Os explosmetros so aparelhos especialmente fabricados para medir as concentraes de gases e vapores inflamveis. Quando certas propores de vapores combustveis so misturadas com o ar e uma fonte de ignio est presente, poder ocorrer uma exploso. Os limites de

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concentraes sobre as quais isto ocorre, chamado de limite de explosividade, o que inclui todas as concentraes nas quais ocorre um flash ou fogo, se a mistura entrar em ignio. A menor concentrao conhecida como Limite Inferior de Explosividade (L.I.E.) e a maior concentrao o Limite Superior de Explosividade (L.S.E.). As misturas abaixo do L.I.E. so muito pobres para serem ignizadas, e misturas acima do L.S.E. so muito ricas. Nos tipos mais simples de instrumentos (explosmetro), somente uma escala fornecida, geralmente com leituras de 0 - 100% em volume do L.I.E. Para gases combustveis, ou para exprimirmos grandes concentraes de gases usamos o percentual em volume, ou seja, 1% em volume corresponde a 10.000 ppm. Esses equipamentos no detectam a presena de neblinas explosivas, combustveis ou atomizadas, tais como leos lubrificantes e poeiras explosivas, pois essas misturas so retidas em um filtro de algodo. Se essas misturas entrassem no explosmetro poderiam contaminar o catalisador de Platina. Atravs do uso dos explosmetros obtm-se resultados quantitativos e no qualitativos. Isso significa que possvel detectar a presena e a concentrao de um gs ou vapor combustvel em uma composio de gases presentes. No possvel, porm, diferenciar entre as vrias substncias presentes. 7.2.3.1 Limitaes e consideraes A sensibilidade e preciso dos indicadores de gs combustvel so afetadas por vrios fatores. Estes incluem a presena de poeira, alta umidade e temperaturas extremas. Por essas razes, a sonda de amostragem de muitos modelos deve ser equipada com filtro de poeira e um agente secante. O equipamento no deve ser utilizado em ambientes extremamente frios ou quentes sem o conhecimento de que tais temperaturas interferem na resposta do instrumento.

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A presena de silicones, silicatos e outros compostos contendo silicone, pode prejudicar seriamente a resposta do instrumento. Alguns destes materiais contaminam rapidamente o filamento, fazendo com que o mesmo deixe de funcionar corretamente. O chumbo tetraetila, presente em alguns tipos de gasolina, produz um slido de combusto, que ir depositar-se sobre o filamento, causando perda de sensibilidade deste. Na suspeita de gasolina no local a ser monitorado, o instrumento dever ser aferido aps cada uso. Um mtodo adicional para prevenir a contaminao pelo chumbo o filtro inibidor que colocado na cavidade do filtro do instrumento padro. Este filtro produz uma reao qumica com os vapores de chumbo tetraetila para produzir um produto de chumbo mais voltil para combusto, prevenindo a contaminao do filamento cataltico de platina. O uso dos indicadores de gs combustvel deve estar associado a atmosferas normais de oxignio. A concentrao mnima de oxignio para o perfeito funcionamento do explosmetro da ordem de 14%. Gases cidos, como cloreto de hidrognio e fluoreto de hidrognio bem como o dixido de enxofre, podem corroer o filamento provocando baixas leituras no medidor, mesmo na presena de altas concentraes de combustveis. Os vestgios destas interferncias podem no afetar as leituras diretamente, mas podem destruir a sensibilidade dos elementos detectores. 7.2.3.2 Consideraes gerais: Cabe ressaltar que existem atualmente no mercado, diversos modelos de indicadores de gs combustvel, que apresentam muitas modificaes construtivas especialmente no que se refere forma de captao da amostra a ser analisada. Por exemplo, o modelo 2A - MSA, utiliza-se de um bulbo aspirador para succionar a amostra, diferentemente do que ocorre com outros equipamentos que operam atravs do processo de difuso para conduzir a amostra at a cmara de leitura.

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Alguns equipamentos portteis oferecem a possibilidade de reunir, em um s aparelho, gases combustveis, oxignio e gases txicos (monxido de carbono, cloro, gs sulfdrico, etc.).

7.2.4 Fotoionizador

Em funo de sua capacidade de detectar uma grande quantidade de produtos qumicos, os instrumentos de anlise de vapores totais so utilizados na caracterizao e reconhecimento das substncias presentes na rea monitorada. Embora esses instrumentos no identifiquem quais as substncias qumicas que esto presentes no local, eles indicam quais reas que apresentam concentraes mais elevadas em relao s demais, delineando dessa forma, reas de trabalho baseado nos nveis de concentrao. Se os contaminantes forem conhecidos, estes instrumentos podem ser utilizados na avaliao do nvel de exposio. Os resultados obtidos podem fornecer uma concentrao aproximada, sendo esta informao utilizada na escolha do nvel de proteo. 7.2.4.1 Limitaes e consideraes: Gases com potencial de ionizao menor ou igual do que o da lmpada utilizada sero ionizados. O potencial de ionizao dos principais componentes do ar atmosfrico (oxignio, nitrognio e gs carbnico) variam entre 12,0 eV a 15,6 eV, no sendo ionizados pelas lmpadas disponveis, pois no so de interesse durante o monitoramento de contaminantes gasosos. Sendo assim, a lmpada com maior potencial de ionizao normalmente utilizada o de 11,7 eV. As lmpadas empregadas no fotoionizador utilizam fluoreto de magnsio e fluoreto de ltio. O fluoreto de magnsio empregado nas lmpadas de energia mais baixa e o fluoreto de ltio para lmpadas de energia mais alta (11,7 eV). O fluoreto de ltio utilizado para permitir a emisso de ftons com alta energia. Entretanto o fluoreto de ltio

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sofre interferncia da umidade do ar, reduzindo assim a vida til da lmpada de 11,7 eV. Na prtica a lmpada de 11,7 eV tem em mdia um dcimo da vida til de uma lmpada de 10,6 eV. O gs metano pode agir como interferente, devido absoro de energia de ultravioleta, sem sofrer ionizao. Isso reduz a ionizao de outras substncias qumicas, que eventualmente, estejam presentes no local da medio. A umidade pode causar alguns problemas, ou seja, quando o instrumento ainda no estiver aquecido e for levado a uma atmosfera quente e mida, essa umidade pode condensar-se na lmpada, reduzindo assim a luz emitida. A umidade do ar tambm reduz a ionizao das substncias a serem monitoradas provocando uma reduo na medio. O fotoionizador no responde a determinados hidrocarbonetos de baixo peso molecular, tais como metano e etano e para certos gases e vapores txicos como tetracloreto de carbono e gs ciandrico que tambm no podem ser detectados por apresentarem alto potencial de ionizao. Alguns modelos de fotoionizador no so intrinsecamente seguros, portanto para serem utilizados em atmosferas potencialmente inflamveis ou combustveis faz-se necessrio que o seu uso esteja associado a um indicador de gs combustvel. Atualmente encontram-se disponvel no mercado modelos intrinsecamente seguros. Linhas de alta tenso, transformadores de fora, alm de eletricidade esttica, podem interferir durante as medies. A rdio freqncia de rdios de comunicao pode interferir nas leituras obtidas no fotoionizador. Com a utilizao da lmpada, a intensidade da luz diminuir. Ela ainda ter a mesma energia de ionizao, mas a resposta ser mais lenta. Isto poder ser detectado durante a calibrao e ajustes do instrumento.

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Alguns equipamentos possuem conexes para interface com um computador pessoal (PC). Apresenta tambm um registrador de dados para armazenar leituras em diversos pontos de amostragem de modo que as leituras possam ser transferidas para um computador.

7.2.5 Monitores qumicos especficos

Alm da indicao contnua e monitoramento pessoal, esta linha de instrumentos foi idealizada para controle e higiene do trabalho, bem como durante acidentes envolvendo a liberao de gases e vapores txicos. Alguns modelos possuem uma interface e um "software" apropriado que do acesso ao armazenamento de dados em longos perodos e apresentao grfica dos resultados em computador. Os monitores mais comuns so usados para detectar monxido de carbono e gs sulfdrico, mas esto tambm disponveis monitores para cianeto de hidrognio, amnia e cloro. Esses equipamentos so de alta preciso durante o monitoramento, graas a compensaes controladas por microprocessador interno. So tambm dotados de alarme sonoro e visual, sendo alimentados por baterias. Os alarmes disparam sempre que a concentrao do gs que estiver sob monitoramento na atmosfera, exceder o nvel pr-estabelecido. 7.2.5.1 Limitaes e consideraes: Assim como os sensores de oxignio, esses sensores eletroqumicos se desgastam com o tempo, principalmente, quando expostos a alta umidade e temperaturas extremas. Atualmente esses monitores especficos esto limitados apenas a alguns gases. As clulas eletroqumicas sofrem algumas interferncias. Por exemplo, os sensores de monxido de carbono tambm respondem a gs sulfdrico.

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7.2.6 Medidores de pH (pH-metros)

Para medir a acidez ou alcalinidade de uma soluo, usamos uma escala denominada escala de pH. Essa escala possui valores compreendidos entre 0 e 14. Solues cidas apresentam valores menores do que 7, enquanto que as solues alcalinas apresentam valores superiores a 7. O valor pH = 7, indica um meio neutro. O carter "cido ou bsico" conferido a uma soluo pela presena de ons H+ ou OH-. As guas naturais em geral tm pH compreendido entre 4,0 e 9,0 e, na maioria das vezes, so ligeiramente alcalinas, devido presena de carbonatos e bicarbonatos. Valores diferentes podem ser atribudos presena de despejos industriais cidos ou alcalinos. O pH pode ser determinado colorimetricamente ou eletrometricamente. O mtodo colorimtrico requer menos equipamentos, porm sujeito a muitas interferncias prestando-se por isso apenas para estimativas grosseiras. O mtodo eletromtrico considerado padro. 7.2.6.1 Limitaes e consideraes: O mtodo eletromtrico praticamente isento de interferentes, tais como cor, turbidez, materiais coloidais, cloro livre, oxidantes, redutores ou alto contedo de gs. leos e graxas podem interferir, causando resposta lenta. A influncia da temperatura da amostra no potencial do eletrodo compensada no prprio aparelho. O "erro alcalino" que o erro negativo de determinao de pH que aparece quando a concentrao de ons H+ muito pequena em relao s concentraes dos outros ctions da amostra, principalmente do ction sdio. Esses ctions se difundem atravs da membrana do eletrodo, dificultando a migrao dos nions. Resultando assim um acmulo de um potencial mais elevado, indicando pH mais baixo. O erro alcalino tambm conhecido como erro do sdio. Esse erro que ocorre em pH superiores a 10 pode ser corrigido,

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consultando tabela ou curva fornecida pelo fabricante para o dado tipo de eletrodo, ou pode ser um eletrodo chamado "de baixo erro alcalino".

7.2.7 Cromatografia a gs

Os Cromatgrafos a Gs Portteis permitem uma anlise qualitativa e quantitativa em determinadas situaes no campo. Embora os resultados obtidos em campo possam no ser to precisos como aqueles obtidos em anlises de cromatografia a gs em laboratrio, eles podem ser teis para o processo de seleo de reas contaminadas, reduzindo assim o nmero de amostras necessrias para uma anlise a ser realizado em laboratrio. Alguns cromatgrafos portteis podem ser programados para realizar amostragens peridicas e armazenar os cromatogramas e recuper-los posteriormente. Algumas unidades mais recentes podem ser programadas para desenvolver amostragens peridicas da concentrao de vapores orgnicos totais, e caso a concentrao ultrapassar determinados limites (pr-fixados), o equipamento identifica o contaminante no modo cromatgrafo. Detector de Ionizao de Chama: Constitui um dos tipos mais utilizados de detector, devido a sua alta sensibilidade, larga banda linear. Neste dispositivo, existe uma pequena chama de hidrognio em presena de um excesso de ar e rodeada por um campo eletrosttico. Os compostos orgnicos eludos da coluna so submetidos combusto, durante a qual se formam fragmentos inicos e eltres livres. Estes so recolhidos e produzem uma corrente eltrica proporcional velocidade com que os componentes da amostra penetram na chama. O FID responde muito bem aos compostos orgnicos (nveis de ppm). O FID no responde aos compostos inorgnicos, com exceo dos que sejam facilmente ionizveis. A insensibilidade gua, gases permanentes, monxido e dixido de carbono constitui uma vantagem na anlise de extratos aquosos e em estudos sobre poluio atmosfrica.

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PID Detector de Fotoionizao: Os eluentes da coluna so fotoionizados por uma luz ultavioleta emitida pela lmpada de UV (Ultravioleta) de 10,6 eV. A corrente produzida pelos ons medida pelo detector e proporcional a concentrao e resposta do material ionizado. utilizado principalmente para anlises de compostos orgnicos (Hidrocarbonetos aromticos, insaturados, etc).

ECD Detector de Captura de Eltrons: um detector seletivo, especfico para anlises de compostos eletroflicos (compostos organoclorados, pesticidas e nitrocompostos). Uma fonte de Nquel-63 ioniza as molculas do gs de arraste. As partculas Beta emitidas pelo istopo ionizam o gs de arraste e os ons e eltrons resultantes migram para o anodo coletor por influncia de uma voltagem polarizada pulsante aplicada entre a fonte e o coletor. A freqncia de pulsao controlada para manter a corrente constante e a geradora do sinal analtico. A aplicao mais importante do detector por captura de eltrons reside na determinao dos pesticidas clorados e compostos polinucleares, Em geral, o cromatograma traado pelo registrador de tira de papel, ligado ao

sinal de sada do sistema detector-amplificador. O sinal de sada do sistema detectorregistrador tem de ser linear com a concentrao. Esta condio define a banda utilizvel do detector, e associada sensibilidade, fornece os limites de concentrao. 7.2.7.1 Limitaes e Consideraes Os Cromatgrafos a Gs Portteis permitem uma anlise qualitativa e quantitativa em determinadas situaes no campo. Embora os resultados obtidos em campo possam no ser to precisos como aqueles obtidos em anlises de cromatografia a gs em laboratrio, eles podem ser teis para o processo de seleo de reas contaminadas, reduzindo assim o nmero de amostras necessrias para uma anlise a ser realizado em laboratrio. Alguns cromatgrafos portteis podem ser programados para realizar amostragens peridicas e armazenar os cromatogramas e recuper-los posteriormente. Algumas unidades mais recentes podem ser programadas para desenvolver amostragens peridicas da concentrao de vapores orgnicos totais, e caso a concentrao

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ultrapassar determinados limites (pr-fixados), o equipamento identifica o contaminante no modo cromatgrafo. Amostras de solo e gua podem ser analisadas por meio de uma amostragem utilizando a tcnica Headspace". O Headspace um equipamento apropriado para a determinao de compostos volteis em amostras lquidas ou slidas, que em geral no teria condies analticas. Uma poro da amostra colocada num frasco e em seguida recoloca-se a tampa. O frasco aquecido (normalmente 80 num perodo de 30 min), por um determinado perodo. Em seguida ocorre a partio das molculas, ou seja, parte dessas atingem a parte superior do frasco. O prprio frasco adaptado diretamente no cromatgrafo, e o gs de arraste penetra no frasco para o transporte da massa gasosa da amostra, ocorrendo normalmente a cromatografia. A sensibilidade obtida nos cromatgrafos portteis depender dos compostos a serem determinados, do mtodo de amostragem e do detector escolhido para a anlise.

7.2.8 Medidor de interface

Os medidores de interface so empregados para determinao do nvel dgua ou de lmina de produto imiscvel em fase livre, menos/mais denso do que a gua. O medidor de interface possui amplo emprego em rea ambiental, em estudos hidrogeolgicos em especial na determinao de poluentes orgnicos em poos de monitoramento, poos freticos, caixas de rebaixamento de lenol fretico de prdios multifamiliares, etc. 7.2.8.1 Limitaes e consideraes: Uma vez que as medies realizadas envolvem produtos inflamveis como gasolina, diesel e outros solventes conveniente por questes de segurana aterrar o equipamento antes de seu uso.

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A utilizao da interface dever ser feita sempre com aterramento, ou seja, a presilha ligada a um cabo espiralado dever ser fixada preferencialmente em ponto metlico ligado ao solo, para que ocorra a transferncia de eltrons, equalizando assim uma eventual diferena de potencial. O equipamento de marca HS Hidrosuprimentos, modelo HSIF-30 apresenta uma preciso de 2 milmetros de espessura. O equipamento deve ser mantido sempre limpo e protegido. O prisma ptico da sonda deve ser limpo aps cada leitura bem como a parte do cabo que for submersa. No devem ser utilizados solventes para limpeza, apenas gua limpa, sabo neutro e uma escova macia.

7.3 Consideraes finais


A concentrao de gases e vapores no ar, bem como a presena de contaminantes em corpos hdricos ou no solo, podem afetar significativamente a composio desses meios. A leitura direta atravs de instrumentos, realizados em campo, pode fornecer na maioria dos casos, resultados que estaro identificando e quantificando substncias qumicas que sero objeto para: Avaliar os riscos sade pblica e as equipes de atendimento; Escolher o equipamento de proteo pessoal adequado; Delinear reas de proteo; Determinar os efeitos potenciais ao meio ambiente; Escolher aes para combater os riscos com segurana e eficcia.

Os instrumentos de leitura direta foram inicialmente desenvolvidos para serem dispositivos de alarmes em instalaes industriais onde houvesse vazamentos ou quando

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em casos de acidentes pudessem liberar uma alta concentrao de uma substncia qumica conhecida. Atualmente esses instrumentos podem detectar baixas

concentraes de algumas classes especficas de produtos qumicos, fornecendo informaes no momento da amostragem, permitindo assim uma tomada rpida de deciso para as aes subseqentes ao acidente. Devido ao grande nmero de substncias qumicas sempre presentes nas mais diversas situaes envolvendo acidentes ambientais, comum haver a necessidade de se coletar uma substncia qumica desconhecida para analis-la em laboratrio, em funo das limitaes relativas aos equipamentos de monitoramento ou da

impossibilidade de se identificar exatamente o produto envolvido. Na escolha dos equipamentos de monitoramento alguns pontos devem ser considerados, dentre os quais: Resistncia do material; Facilidade na operao; Serem portteis; Intrinsecamente seguros; Capacidade de fornecer resultados confiveis.

importante destacar que, durante o atendimento a acidentes ambientais com produtos perigosos, faz-se necessrio o monitoramento constante, a fim de se avaliar os possveis danos ao meio ambiente como tambm fornecer a concentrao dos contaminantes presentes permitindo assim que as equipes de atendimento possam desempenhar suas atividades com segurana.

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Captulo

88

QUARTO PASSO AES ESTRATGICAS, TTICAS E DE EXECUO

O quarto passo representa a fase do atendimento a um acidente envolvendo produtos perigosos, onde o Comandante da Emergncia efetua a melhor avaliao de riscos e traa as aes estratgicas e tticas que devero produzir o resultado mais favorvel. Lembre-se de que os resultados so medidos em termos de fatalidade, ferimentos, danos a propriedades e ao meio-ambiente. No captulo sete, Avaliao de Riscos e Monitoramento, foi explicado que todo incidente com materiais perigosos segue uma seqncia lgica de eventos ao longo do tempo. Um bom comandante deve ter a habilidade de avaliar rapidamente quais eventos j ocorreram, determinar quais esto acontecendo naquele momento e prever quais surgiro no futuro imediato. Se um evento pode ser previsto, tambm pode ser prevenido. Essa a essncia do processo de avaliao de risco. A estratgia operacional para o incidente desenvolve-se a partir da avaliao do comandante da situao no momento e do prognstico das prximas situaes. A incerteza muito comum no atendimento de emergncia envolvendo produtos perigosos, porm, uma das tarefas mais decisivas do comandante minimizar a incerteza pela utilizao de um processo estruturado de tomada de deciso para avaliar o problema e selecionar a estratgia mais segura para resolver o incidente. Essa uma das prioridades do comandante antes da interveno Os termos estratgias e tticas, s vezes, so intercambiveis, mas eles, na verdade, tm significados bem diferentes. Uma estratgia um plano para gerenciar recursos. Trata-se do propsito total ou do plano do comandante para controlar o incidente. Vrios planos estratgicos podem ser realizados simultaneamente durante uma emergncia. Exemplos de planos estratgicos comuns so:

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Salvamento e Resgate; Aes de Proteo Pblica; Confinamento; Conteno de vazamento e derramamento; Controle de incndio; Recuperao. Tticas so objetivos especficos que o comandante utiliza para atingir os planos estratgicos. Se por um lado as estratgias so definidas num nvel de comando, por outro, as tticas, em geral, so determinadas nos Nveis de Superviso na estrutura das ordens. Por exemplo, os objetivos tticos que atinjam o plano estratgico de controle de derramamento (confinamento) incluem: absoro, drenagem, represamento e desvio. Se o comandante espera que se entendam e se implementem os planos estratgicos, estes devem ser agrupados e comunicados em termos simples e claros. Se os propsitos estratgicos no so claros, os objetivos tticos sero confusos tambm. Planos estratgicos e objetivos tticos para produtos perigosos podem ser

implementados a partir de trs modos operacionais distintos:

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Quadro 5 - Quadro demonstrativo das Aes Estratgicas e ObjetivosTticos PLANOS ESTRATGICOS X OBJETIVOS TTICOS Resgate Aes de proteo Confinamento PLANOS ESTRATGICOS NVEL DE COMANDO Conteno Controle de incndio Recuperao Modos ativos, defensivos ou de nointerveno. Conteno OBJETIVOS TTICOS NVEL DE SUPERVISO Neutralizao Estancamento Solidificao Aspirao AES DE EXECUO NVEL DE EXECUO Exemplo: Procedimentos especficos para aplicar o Kit Cloro em um tambor de uma tonelada.

Modo ativo ou de interveno direta: a forma de agir de maneira ativa, indo de encontro ao problema para atingir os objetivos do plano estratgico. So as aes de estancamento de um vazamento atravs de batoques, colocao de vedantes ou outra maneira de aproximao e invaso da zona quente com uma atitude de interveno direta em relao consecuo do plano estratgico. Embora a forma ativa de ao possa aumentar o risco para as equipes de emergncia, ela pode se justificar se as operaes de resgate forem executadas com rapidez, se o lquido puder ser contido, ou se o fogo puder ser extinto sem demora.

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Figura 18 - Interveno direta do bombeiro

Fonte: Corpo de bombeiros da PMESP. 2005

Modo defensivo ou preventivo: operaes defensivas so aquelas que a equipe no invade rapidamente a zona quente e adota aes para no aumentar o dano comunidade e ao meio ambiente. Um exemplo de modo defensivo das aes desvio e drenagem de produtos perigosos. O plano defensivo do comandante, muitas vezes, requer a concesso de certas reas para a emergncia, enquanto direciona esforos para limitar o tamanho total ou extenso do problema (concentrao de todos os esforos na construo antecipada de diques para prevenir a contaminao de lenis de gua). Em geral, operaes defensivas expem a equipe de emergncia a riscos menores que as operaes de interveno direta.

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Figura 19 - Modo defensivo atravs do uso de barreira

Fonte: Corpo de bombeiros da PMESP. 2005

Modo de no-interveno: a no-interveno significa no agir, somente isolar a rea. O plano bsico determina que a equipe aguarde o desencadeamento da seqncia de eventos at que o acidente tenha terminado e o risco de interveno tenha sido reduzido a um nvel aceitvel (esperar que um tanque de GLP queime). Essa estratgia geralmente produz o melhor resultado quando o comandante determina que adotar estratgias ou tticas ofensivas ou defensivas colocaria a equipe em riscos inaceitveis. Em outras palavras, os custos potenciais da ao excederiam, e muito, qualquer benefcio (exemplo: exploso de um lquido em ebulio com liberao de vapor).

8 .1

Planejamento Estratgico
Uma vez que o Comandante da Emergncia tenha formulado uma seqncia

mental para cada uma das opes a serem consideradas, o comandante deve tomar

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uma deciso para fazer ou no algo ambos constituem uma ao. Selecionar o melhor Plano Estratgico envolve a comparao entre o que se ganha e o que se perde um processo nem sempre fcil de ser realizado. Determinar o que se ganha envolve a comparao de diferentes variveis, incluindo: Perdas e fatalidades possveis: Vidas sero salvas pela realizao de operaes de resgate? Por exemplo, se um civil confinado em uma rea contaminada com gs venenoso, a vida dele deve ser salva ao se colocar a vida da equipe em risco? Da mesma maneira, o ambiente do resgate expe a risco desnecessrio os atendentes? Danos materiais provveis: se o quadro da emergncia est colocando em risco as propriedades e se a sua ao no ir causar mais danos ainda, ou se o risco oferecido s guarnies exige do comandante a concesso do aumento aos danos materiais em detrimento da segurana das equipes. Uma coisa pacfica, a prioridade sempre ser da preservao da vida em relao propriedade, aos bens materiais e meio ambiente. Danos possveis ao meio-ambiente: Qual ser o impacto ao meio ambiente resultante das aes? Por exemplo, se tticas de interveno direta de controle de incndio so executadas em um depsito de produtos agrcolas o escoamento da gua residual podero resultar em poluio e contaminao dos mananciais e cursos dgua. No entanto, permitir que o incndio continue sem uso de gua pode resultar em poluio do ar em uma rea muito grande. Isso pode exigir Aes de Proteo ao Pblico adicionais em funo do vento. Qual opo a mais recomendvel? Danos possveis populao: A populao sofrer danos em um nvel no aceitvel? Por exemplo, um caminho-tanque com gasolina tombou e grande parte da pista est pegando fogo bem na hora de maior movimento. um risco aceitvel para a populao deixar o tanque queimar por trs horas e consumir o produto, destruindo pontes e estradas, ou extinguir o incndio o mais rpido possvel? Qual das opes, na verdade, ir liberar a pista mais rpido?

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Cada deciso que o comandante adota exige um balano entre dois ou mais fatores que geralmente esto em conflitos entre si: segurana de vidas e danos propriedade ou ao meio-ambiente. A tomada de deciso em um acidente com produtos perigosos no um processo preto no branco; ao contrrio, um campo minado cheio de tons em cinza.

8 .2

Objetivos Tticos
Uma vez que o Nvel de Comando estabelece o Plano Estratgico, os

subordinados devem implementar o plano geral do comandante pelo estabelecimento de Objetivos Tticos especficos. No h jeito de resolver uma emergncia com produtos perigosos sem tticas. Uma ttica bem definida tem um objetivo determinado que pode ser implementado usando procedimentos especficos e tarefas dentro de um perodo de tempo razovel. Por exemplo, o comandante adota uma estratgia de interveno direta da Equipe de Emergncia no controle do vazamento em um tanque contendo cido ntrico. Sucessivamente, o Comandante a guarnio determinar os objetivos tticos especficos para atingir o plano estratgico. Uma variedade de procedimentos tticos podero ser executados para atingir o plano, tais como: a transferncia do produto, estancamento do vazamento, neutralizao, etc. A ttica especfica basicamente determinada pelas pessoas mais prximas ao problema, o comandante das Operaes, Comandante de Guarnio ou outro oficial ou praa que esteja na funo de comando intermedirio. O plano de ao ttico deve ser de fcil entendimento e exposto com objetivos claros. Um bom padro para avaliar um objetivo ttico aquele que pode ser comunicado por rdio sem dar muitos detalhes. Simplesmente afirmar que o objetivo acabar com um derramamento, no fornecendo muitas orientaes sobre o problema a ser solucionado. Um comandante que se prope a tomar decises tticas detalhadas, perde a perspectiva ampla do acidente e desenvolve uma viso estreita.

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A escolha da ttica deve considerar o tempo que gastar para alcanar o objetivo especfico. As condies podem mudar rapidamente no progresso do acidente. O que antes parecia ser um objetivo ttico bom para o atendimento, pode se tornar apenas uma opo com a mudana nas condies. Derramamentos podem aumentar e vazamentos podem piorar no momento enquanto a equipe se equipa e prepara para a entrada. O tempo disponvel pode ser perdido se a equipe de entrada tem de mudar do Plano A para o Plano B. O truque manter-se adiantado em relao evoluo do quadro. O tempo necessrio para implementar objetivos tticos em um nvel de tarefa deve ser comparado durao de tempo que a janela da oportunidade estar aberta. Com o passar do tempo, as opes tticas para resolver o problema se tornaro mais limitadas. Lembre-se, todo acidente com produtos perigosos segue uma linha natural de tempo. Algumas tticas podem ser empregadas para evitar eventos indesejveis ou retarda-los at que as equipes de entrada estejam prontas para implementar a soluo final. Em outras palavras, os atendentes podem ganhar tempo com tticas menos efetivas, mas de fcil execuo, at que a ttica mais efetiva possa ser implementada.Exemplos de opes tticas que podem ser utilizadas para ganhar tempo incluem: Barreiras: colocar uma barreira entre o produto perigoso, seu continer e locais de exposio. Por exemplo, construir drenos, tanques de reteno ou represas para desvio previamente em um derramamento prximo pode confinar o produto perigoso a uma rea limitada ou desacelerar o processo at que as equipes possam conter o vazamento. Evacuao: a retirada das pessoas na direo do vento. Quanto mais distante ficarem do problema, menor ser o risco. Aumentar o tamanho da zona de controle ou conter o problema em uma rea isolada pode reduzir o risco vida at que as equipes de entrada estejam prontas para resolver o problema.

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Tempo: reduzir o tempo de liberao do produto, ou substituir ou fazer um rodzio das pessoas expostas ao material perigoso minimizam os riscos. Por exemplo, se puder reduzir a presso de um vazamento em uma tubulao ou recipiente, a magnitude do problema ser reduzida substancialmente. Isto pode permitir que os atendentes ganhem tempo para trabalhar em uma soluo mais completa para o problema. Tomar decises tticas s vezes envolve assumir risco e flexibilidade de raciocnio. O que parece ser uma tima idia inicialmente, pode no ser muito prtico aps a equipe ter iniciado as operaes. Nem sempre tudo sai como o planejado. No h treinamento ou simulao suficiente que o deixe pronto para condies reais de trabalho, sempre com opes disponveis. Lembre-se que as surpresas no so bem-vindas no cenrio da emergncia. Sero abordados a seguir os Planos Estratgicos especficos e as tticas associadas a cada opo.

8 .3

Aes de Salvamento e Resgate


A segurana da vida sempre a maior prioridade do Comandante da Emergncia.

Uma das primeiras preocupaes depois de avaliar a extenso do acidente a busca e resgate de vtimas. No entanto, o comandante deve assegurar a vida de todos os envolvidos, tanto das vtimas dentro da Zona Quente, em risco imediato, quanto das pessoas que sero atingidas num futuro prximo, em risco iminente, devendo analisar a emergncia de forma sistmica, concentrando os recursos e meios em todas as frentes de trabalho. O tempo torna-se importante para o xito no salvamento das vtimas, porm cautela deve-se ter para no expor a risco as Equipes de Emergncia

desnecessariamente, devendo o comandante planejar as estratgias com equilbrio e iseno de nimo, pensando sempre na minimizao dos danos, sem a exposio de pessoas que no foram atingidas, a riscos evitveis e desnecessrios, pois se j houve

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um nmero de vtimas no acidente, que as aes de emergncia no aumente esse nmero. O salvamento de pessoas envolvidas num acidente envolvendo produtos perigosos podem ser descritos em trs categorias gerais: Salvamento e retirada de pessoas que estaro imediatamente expostas e atingidas por materiais perigosos: consiste em pessoas dentro da Zona de Perigo (Zona Quente) que no esto usando roupas e equipamentos de proteo adequados contra os riscos. O grupo pode ser formado por cidados e empregados que deixaram por conta prpria a rea inicial de perigo e acreditam que agora esto a salvo, como tambm os curiosos, os autorizados e os totalmente ignorantes. Tambm inclui pessoas que precisam ser resgatadas, mas ainda no sabem disso. Normalmente, preciso apenas de um pouco de organizao e direo para conduzi-las longe da rea de perigo. Este grupo pode tambm incluir pessoas que foram inicialmente expostas, mas ainda no mostram os sinais ou sintomas da exposio. Resgate de vtimas que foram atingidas e incapacitadas pelo material perigoso: neste grupo esto inclusos os indivduos ou grupos de pessoas que foram expostos ao material perigoso e esto sofrendo os efeitos danosos. Exemplos desse grupo incluem vtimas que foram queimadas, envenenadas, ficaram cegas, etc. Normalmente, o resgate consiste em abordar a pessoa e retir-la segundo o POP especfico. Vtimas, cujo salvamento exige tcnicas especializadas: neste grupo esto inclusas as pessoas que foram atingidas e se encontram em locais de difcil acesso, exigindo da equipe de salvamento a utilizao de tcnicas especficas alm das relacionadas com os produtos perigosos envolvidos no acidente. Essa situao extremamente perigosa e deve ser planejada adequadamente, usando indivduos altamente treinados. Como exemplos de situaes deste tipo pode-se citar: Resgates na vertical, incluindo vtimas feridas ou incapacitadas encontradas em reas elevadas (Ex: torres de resfriamento e estruturas elevadas em refinarias ou

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indstrias qumicas, no alto de tanques de armazenamento de dimetro grande, trelias, etc.); Vtimas prensadas e presas em meio a escombros e entulho (Ex. a tripulao de um trem presa na locomotiva ou um motorista de caminho tanque dentro de um veculo capotado); Situaes de resgate em rea confinada (Ex: dentro de tanques de armazenamento, valas de metr, esgotos, etc.).

8 .4

Aes de Proteo Pblica (APP)


As APP foram abordadas no primeiro passo do processo de atendimento, porm

cabe efetuar breve comentrio sobre a utilizao das mesmas no transcorrer da emergncia. Aes de Proteo Pblica (evacuao ou proteo no prprio lugar) devem ser monitoradas continuamente durante o transcorrer da emergncia. Acidentes so eventos dinmicos condies climticas podem mudar, o problema pode aumentar, recursos podem acabar, etc. Aes de proteo iniciais sero insuficientes medida que coletamos mais informaes, tomamos mais conhecimento sobre o acidente, e avaliamos inteiramente o nvel de perigo e os riscos. Alm disso, o Comandante da Emergncia estar muitas vezes sob grande presso poltica para permitir que cidados e empregados que foram evacuados retornem a suas casas e locais de trabalho. Ele deve manter controle absoluto do cenrio durante todo o atendimento. As atividades seguintes podem ajudar a manter a disciplina no local, at que o problema seja eliminado e o acidente termine com segurana: Nomear um Oficial de Segurana durante o acidente. Em operaes em ambientes abertos, trocar sua posio de observao em intervalos regulares para manter a vigilncia. Um Oficial de Segurana especialmente importante durante

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operaes perigosas como salvamento que exija tcnica especializada e conteno de vazamento. Reforar a segurana do permetro do local e o usar as Zonas de Controle de Risco. Um permetro mal demarcado, fraco, geralmente leva a uma diminuio do controle da rea, o que aumenta o potencial para um acidente. Estabelecer uma tabela de substituio das equipes, efetuando rodzio. Isto especialmente importante durante condies climticas extremas. No contribua com o problema mantendo atendentes em posio avanadas durante um perodo de tempo desnecessrio. Pessoas descansadas so mais atentas.

8 .5

Confinamento
Confinamento so aes tomadas para conter o vazamento dentro de uma rea

limitada. Estas aes geralmente ocorrem longe do lugar da rea de derramamento ou vazamento e so, portanto, de natureza defensiva. Como regra geral, tticas de confinamento expem a Equipe de Emergncia a menos risco do que as tticas de conteno. prefervel optar por aes distncia, de carter defensivo para alcanar o mesmo objetivo como, por exemplo, a construo de barreiras, que tentar algo mais arriscado, de carter ativo. Operaes de confinamento apresentam vrias vantagens sobre opes de conteno, incluindo as seguintes: Evita a exposio direta dos atendentes; Podem ser realizadas sem equipamento especial, exceto algumas ps e terra. Qualquer pessoa sem conhecimento tcnico pode construir uma barragem; Pode geralmente ser realizada por primeiros atendentes.

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A deciso pelas tticas de confinamento est baseada na disponibilidade de tempo, de pessoal e de equipamento. Tambm deve ser feita com uma reviso do potencial de risco que o material extravasado tem sobre a Equipe de Emergncia a favor do vento, em relao ao derramamento, que onde a maioria dos controles de derramamento acontece. Por exemplo, uma deciso de desviar um vazamento de diesel que ir adentrar um bueiro para um dique de conteno na sarjeta, pode ser a melhor opo, baseado no fato de que o combustvel, por estar escoando muito rpido e no haver tempo suficiente para efetuar a equipagem do pessoal para efetuar o estancamento do vazamento, alm de representar menor potencial de risco no dique do que no sistema de esgoto. Tticas de confinamento como desvio podem geralmente comear imediatamente a chegada da guarnio. A barragem pode ser iniciada com equipamentos bsicos de primeiros atendentes medida que mais pessoas chegam. Tcnicas de reteno seguiro chegada de mais equipamentos e equipes especializadas.

8.5.1

Aes de Confinamento

Sero abordadas algumas aes de confinamento para auxiliar as Equipes de Emergncia durante um atendimento de acidente em que haja um derramamento. Elas so baseadas em mtodos qumicos e fsicos, conforme segue abaixo: Absoro Este o processo fsico de reter ou recolher um material perigoso lquido para prevenir o crescimento da rea contaminada. medida que o material recolhido, o absorvente ir geralmente dilatar e expandir em tamanho. Dependendo do absorvente, pode ser usado tanto em vazamento de lquidos, na gua ou no solo. Operacionalmente, absorventes so mais efetivos quando menores que 247 litros (55 gales). Vazamentos maiores so mais difceis de serem absorvidos, e s vezes o custo e o tempo excedem os benefcios. Materiais usados como absorventes incluem

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barro ou argila, serragem, carvo vegetal, partculas absorventes, meias, vasilhas, almofadas e travesseiros. Meias e tubos absorventes tambm podem ser dispostas como uma barragem circular em volta de pequenos derramamentos. Ao usar absorventes, a compatibilidade deve ser considerada (ex: serragem usada em um oxidante pode pegar fogo). Adsoro Este o processo qumico no qual um produto perigoso lquido interage com uma superfcie slida, aderindo superfcie sem ser absorvido, como com os absorventes. Um exemplo o carvo radioativo. Diferentemente do material absorvente, o material adsorvente no aumenta o seu volume ou dilata-se. O processo de adsoro acompanhado pelo aquecimento do adsorvente, enquanto que o de absoro no. Assim, a ignio espontnea pode ser uma possibilidade com alguns produtos qumicos lquidos. Adsorventes so usados primeiramente para derramamento de lquido no solo e no deve ser reativo com o material derramado. Cobertura Este um mtodo fsico, utilizado como uma medida temporria at que as tticas de controle mais efetivas sejam implementadas. Dependendo do produto envolvido pode ser necessrio consultar primeiro um especialista do produto. A cobertura pode ser feita de vrias formas, podendo ser utilizada uma cobertura de plstico ou lona sobre um derramamento de poeira ou p, ou ainda podendo ser colocada uma cobertura ou uma barreira sobre uma fonte radioativa, normalmente alfa ou beta, para reduzir a quantidade de radiao emitida, ou finalmente pode-se cobrir um metal inflamvel ou pirofrico com o p qumico seco apropriado.

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Represamento Este um mtodo fsico de confinamento, pelo qual barragens so construdas para prevenir ou reduzir a quantidade de lquido que escoa para o meio ambiente. O represamento consiste em construir uma barragem sobre o curso de gua para parar/controlar o fluxo do produto e recolher os contaminantes slidos ou lquidos. H dois tipos de represas: transbordamento e escoamento. - Represa por transbordamento usado para prender materiais submersos mais pesados que a gua atrs da barragem (gravidade especfica > 1). Com o produto retido, a gua no contaminada passa livremente por cima da barragem. Operacionalmente, este processo mais efetivo com cursos de gua lentos e estreitos. - Represa por escoamento - Usado para prender materiais flutuantes mais leves que a gua atrs da barragem (gravidade especfica < 1). Usando tubos de PVC ou barreiras flutuantes, a barragem construda de uma maneira que permita que a gua flua livremente debaixo dela e retenha o contaminante atrs da barragem. Operacionalmente, este processo mais efetivo com cursos de gua lentos e estreitos. Dique Este um mtodo fsico de confinamento no qual barreiras so construdas no cho usadas para controlar o movimento de lquidos, sedimentos slidos e outros materiais. Diques previnem a passagem do material perigoso para uma rea onde ele causar mais danos. Diques so mais eficazes quando construdos rapidamente. Ainda que qualquer material disponvel sirva, os melhores materiais, fceis de serem encontrados so areia, galhos de rvore, tbuas, escadas, varas, tapumes e cobertores de salvamento. Materiais terra e areia grossa podem ser encontrados, em pequenas quantidades, em acostamentos e terrenos baldios, no entanto, quando o derramamento for muito grande,

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ser preciso um caminho basculante carregado, exigindo muitas vezes o acionamento de rgos e/ou empresas especficas para o fornecimento desse material. Diques geralmente so construdos pelos primeiros atendentes, utilizando qualquer tipo de equipamento disponvel no local. Ao considerar a construo de um dique, compare rapidamente seus recursos com a quantidade de material derramado. Materiais densos e de movimento lento devem ser confinados atravs de um dique circular. Produtos de movimento mais rpido requerem um dique em formato V localizado na melhor depresso disponvel no local. Sempre use o relevo do terreno ao seu favor. A construo de um dique deve comear com a escolha de materiais maiores e mais pesados para reforar, seguidos de uma camada exterior de material mais leve, como terra. Operacionalmente, diques so uma medida temporria e podem vazar depois de um tempo. O vazamento pode ser minimizado pelo uso de lona ou plstico na base e, dentro do dique, colocando uma ltima camada de terra ao longo da borda, entre o plstico e o cho. Preste ateno, pois o plstico pode ser degradado por alguns produtos qumicos. Diluio Este um mtodo qumico pelo qual uma substncia solvel em gua, diluda pela adio de grandes volumes de gua. Geralmente a substncia um corrosivo. H quatro critrios importantes que devem ser considerados antes da tentativa de diluio, que tero de ser observados com antecedncia: 1) 2) 3) 4) A substncia no reage com a gua; No ser gerado um gs txico pelo contato com a gua; No formar nenhum tipo de slido ou precipitado; totalmente solvel em gua.

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Como regra geral, a diluio s deve ser aplicada em substncias lquidas e slidas que forem corrosivas e apenas quando todos os outros mtodos de mitigao e remoo no forem convenientes. Em outras palavras, as tticas de diluio so o ltimo recurso. A diluio pode ser eficaz para pequenos vazamentos de corrosivos (1litro ou menos), especialmente para corrosivos concentrados com o pH de 0-2 (cidos) ou 12-14 (alcalinos). O maior problema apresentado por esse mtodo a dificuldade de compreenso e, conseqentemente, do bom uso da Equipe de Emergncia do mesmo. A diluio no um processo linear, de proporo um por um. importante reconhecer que a diluio , na verdade, um processo logartmico (numa escala de um a dez). Por exemplo, um derramamento de 1 litro (ou galo) de um cido com pH zero precisar de um milho de litros (ou gales) de gua para chegar ao pH seis. muita gua para diluir apenas um litro de substncia. Estas mesmas regras so aplicadas a toda a extenso de corrosivos, de um pH de 0 a 14. A tabela a seguir traz algumas informaes teis que ajudam o atendente determinar se a diluio a melhor opo ttica. Tabela 3- Diluio de cido de PH 0 em gua

DERRAMAMENTO DE CIDO - 1 LITRO (OU GALO) DE PH 0 gua a adicionar


10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000
Fonte: Managing the Incident -2 edio

traz o pH para
1 2 3 4 5 6

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Tabela 4 - Diluio de lcali de PH 14 em gua

DERRAMAMENTO DE ALCALINO - 1 LITRO (OU GALO) DE PH 14 gua a adicionar


10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000
Fonte: Managing the Incident -2 edio

13 12 11 10 9 8 7

Uma regra geral que pode ser aplicada para determinar o volume de gua requerido para trazer o pH para a escala de 6-8 : 1 etapa determinar o tamanho do derramamento para ser diludo em litros (ex: h 10 litros no cho). 2 etapa determinar o pH do material derramado usando papel medidor ou algum medidor de pH (ex: o material tem um pH 3). 3 etapa determinar o pH ao qual voc quer atingir, para se calcular a diluio do material (ex: voc quer ir a um pH de 6 para que a substncia possa ser descartada pelo sistema de esgoto de maneira segura). 4 etapa determinar o nmero de fases de diluio entre o pH inicial e o final. No o exemplo dado, comeou com um pH de 3 e se quer obter um de 6. So trs fases. 5 etapa adicionar trs zeros quantidade inicial do produto corrosivo. No mesmo exemplo, comeou com 10 litros, sendo ento adicionado trs zeros, o que resultou em 10.000. Este o nmero de litros de gua necessrios para diluir 10 litros de

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cido para trazer o pH at o nvel desejado, o pH 6. Essa regra pode ser aplicada a toda escala logartmica independente do pH inicial. Desvio Este um mtodo fsico de confinamento no qual barragens so construdas no cho ou posicionadas em um curso de gua para controlar intencionalmente o movimento do material perigoso at uma rea na qual apresentar menos risco comunidade e ao meio ambiente. Um vazamento fluente na terra, pode ser desviado rapidamente colocando-se uma barragem em frente do derramamento. Quando o caso for algo com um curso mais rpido, a barragem deve ser colocada a frente do vazamento real. Isto pode implicar em um sacrifcio de algum territrio intermedirio com o material perigoso, para estabelecer o controle direto no lugar definitivo do desvio. Uma barreira de estacas tambm pode ser colocada contra a corrente ou o curso para desviar a substncia perigosa at uma rea onde ela poder ser absorvida ou recolhida, com caminhes aspiradores, por exemplo. Ao construir uma barragem de desvio, considere o ngulo e a velocidade do vazamento. Quanto maior a velocidade do fluxo, maior a extenso e o ngulo da barragem requerida para conter e desviar o fluxo. Para vazamentos de grande velocidade, barragens construdas em um ngulo perpendicular de 45 no sero eficientes; uma barragem com um ngulo de 60 ou mais deve ser feita. Construir uma barragem de desvio requer uma equipe. Quando uma guarnio com o equipamento apropriado trabalha rpido, uma grande rea pode ser controlada rapidamente. Uma equipe tpica de 4 pessoas pode construir um muro de desvio de 18m por 20cm em mais ou menos 10 min, se os materiais apropriados estiverem disponveis. Disperso Este um mtodo qumico de confinamento no qual certos agentes qumicos e biolgicos so usados para espalhar ou dissolver o produto envolvido em derramamentos

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lquidos na gua. O uso de dispersivos pode resultar na disseminao do material sobre uma rea maior. Dispersivos so usados em vazamentos de hidrocarbonetos, resultando em emulses de leo em gua e diluindo o material perigoso a nveis aceitveis. Eles no neutralizam ou fazem com que materiais inflamveis no sejam mais inflamveis. Experincias tambm mostram que alguns dispersantes separam-se com o tempo. O uso de dispersantes pode requerer a aprovao prvia de agncias de meio ambiente. Reteno Este um mtodo fsico de confinamento no qual um lquido temporariamente retido em uma rea onde poder ser absorvido, neutralizado, ou recolhido para o tratamento apropriado. As tticas de reteno so intencionalmente mais permanentes e podem requerer recursos como tanques portteis ou bolses impermeveis construdos de materiais com resistncia qumica. Tticas de reteno s vezes podem ser implementadas de forma independente e atuar como ao complementar das tticas de desvio ou de dique. Por exemplo, sistemas de esgoto podem ser protegidos, colocando-se cobertores de proteo ou plstico sobre as valas e cobrindo-se com entulho. O mesmo procedimento pode ser usado para passagens nos esgotos. Quando o material perigoso for lquido ou pastoso, tiver uma gravidade especfica menor que 1,0 e no reagir com a gua, poder ser possvel inundar a rea de reteno a partir de um hidrante. O material perigoso flutuar na gua e qualquer vazamento subseqente no sistema de esgoto ser apenas gua. Disperso de vapor Este um mtodo fsico de confinamento no qual gotculas de gua em forma de neblina ou chuveiro, ou ventiladores so usados para dispersar ou mover vapores para longe de certas reas ou materiais. particularmente eficaz com materiais solveis em gua (ex: anidros, amnia), embora o produto resultante possa comprometer o meio

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ambiente. Ventiladores e exaustores de presso positiva tambm podem ser usados se forem apropriados para a atmosfera perigosa. Ao lidar com materiais inflamveis, como GLP, a turbulncia criada pelo spray de gua pode reduzir a concentrao do gs e trazer a nveis inferiores ao da inflamabilidade. Supresso de vapor Este um mtodo fsico de confinamento para reduzir ou eliminar os vapores que so emanados do material derramado ou liberado. Operacionalmente, esta uma tcnica de interveno usada para mitigar a evoluo de vapores inflamveis, corrosivos ou txicos e reduzir a rea da superfcie exposta atmosfera. Enquanto a supresso de vapor no muda a natureza de um material perigoso, reduz bastante o perigo imediato associado com vapores no controlados. Alm do mais, d mais tempo para tomar outras medidas para controlar o problema.

8 .6

Conteno de Vazamento e Derramamento


So aes tomadas para conter ou manter um material dentro de sua embalagem

ou continer. Consideradas operaes de interveno direta, as tticas de conteno requerem que a equipe entre na Zona Quente para controlar a liberao em sua fonte, e devem ser identificadas como operaes de alto risco. Exemplos incluem levantar cilindro com vazamento, fechar registro e vlvulas de tubulaes, tampar ou remendar a carcaa de tanques e isolar vlvulas ou desligar sistemas de bombeamento, com o intuito de despressurizar cmaras. Tticas de conteno so empregadas quando as opes defensivas no produziram resultados aceitveis, ou quando cidados e funcionrios esto em grande risco, devido a potenciais exposies qumicas. Essas tticas devem ser adotadas somente aps ter sido efetuada uma meticulosa avaliao de riscos e perigos. Nenhuma situao de emergncia justifica a exposio desnecessria da equipe a riscos. A rpida

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retirada da Zona Quente sempre opcional: aes de interveno no significam operaes rpidas e grosseiras. Antes de iniciar as operaes de conteno, o Comandante de Ocorrncia deve considerar: 1. Que materiais perigosos esto envolvidos? 2. Qual o perigo que eles oferecem? 3. Quais so os riscos, tanto para a equipe de atendimento, quanto para os civis? 4. Qual o nvel de treinamento e condicionamento fsico da equipe de entrada que vai realizar a operao? 5. Sero necessrios ferramentas e equipamentos especiais para a operao de controle de vazamento? Tais itens esto disponveis? 6. A equipe de atendimento est preparada para dar cuidados de emergncia e realizar a descontaminao, caso algum acidente ocorra? Se essas questes no puderem ser respondidas, as operaes de controle de vazamento devem ser adiadas at que haja informaes suficientes, ou que sejam obtidos recursos e o Comandante da Emergncia sinta que a operao pode ser conduzida com segurana. Embora as operaes de conteno possam ter riscos mais elevados, elas podem ser necessrias para: Minimizar dano ambiental Isto costuma ser verdade, especialmente, para lquidos perigosos que podem afetar o sistema pluvial ou o abastecimento de gua.

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Reduzir o tempo da operao Vazamentos confinados regio imediatamente prxima embalagem, geralmente, limitam a disperso do material e minimizam a necessidade de evacuao, particularmente quando se trata de produtos qumicos gasosos ou txicos.

Reduzir os gastos com limpeza e recuperao do local Produtos qumicos limitados a reas reduzidas evitam a infiltrao no solo ou o acesso a mananciais, economizando nas aes de recuperao das reas atingidas.

Situaes muito indicadas para aes de controle de vazamento incluem: 1. O produto perigoso est em forma gasosa e ameaa escapar de sua embalagem. 2. O produto perigoso est em forma slida, em p, e as condies climticas ameaam lev-lo de seu lugar original. 3. Opes defensivas foram tentadas mas no produziram o resultado desejado. 4. A situao est piorando e aumenta-se o risco conforme o tempo passa. Operaes de interveno bem sucedidas devem ser precedidas de um reconhecimento completo, que pode ser to simples quanto o relato confivel de um indivduo, ou to complexo quanto ter o local todo examinado pela equipe de reconhecimento por meio de cmaras de vdeo. A maior parte das aes de controle de vazamento so bastante simples. Segue abaixo alguns exemplos de aes bsicas que podero solucionar ou minimizar a proporo de grande parte dos vazamentos ou derramamentos. Fechar tampas, registros e vlvulas de abertura de cilindros ou tanques em que houve danos localizados em tubulaes aps a sada dos mesmos.

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Levantar um cilindro ou embalagem com vazamento de lquido. Mover o continer, de modo a fazer com que o buraco fique acima do nvel do lquido ou do slido.

Nos casos de acidentes envolvendo gases liquefeitos (por ex: cloro, anidro de amnia, GLP), vire o cilindro para forar uma liberao do produto na forma gasosa em vez de lquida. Se o lquido escapar, ir aumentar o problema e a rea de risco (ex: a razo de expanso lquido/vapor para o cloro de 460 para 1 e para a amnia de 850 para 1).

Caso essas tcnicas de no sejam eficientes, a Equipe de Emergncia poder utilizar aes mais especializadas, que exigir treinamento, mas daro uma resposta mais definitiva ao problema.

8.6.1

Tcnicas de Conteno

Muitas opes tticas esto disponveis para que o objetivo do controle de vazamento seja atingido. Entre elas, esto includos mtodos tanto fsicos quanto qumicos. Um sumrio dessas opes tticas segue abaixo: Neutralizao Este um mtodo qumico de conteno pelo qual o produto perigoso neutralizado, por meio da aplicao de um segundo produto, que vai reagir quimicamente, de modo a formar uma substncia menos perigosa. O exemplo mais comum o da aplicao de uma base num cido para formar um sal neutro. A maior vantagem da neutralizao a reduo significativa dos vapores danosos que foram liberados. Em alguns casos, o produto perigoso pode se tornar inofensivo e pode ser descartado com muito menos custo e trabalho.

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Contudo, durante as fases iniciais da combinao de um cido e uma base, uma quantidade enorme de energia pode ser gerada, bem como vapores txicos e inflamveis. Operacionalmente, muitos atendentes recomendam que as operaes da Equipe de Emergncia sejam limitadas a derramamentos de menos de 250 litros. No difcil usar neutralizador demais e acabar com um grande derramamento custico ao invs do original cido. Antes de iniciar quaisquer tcnicas de neutralizao, as seguintes condies devem ser satisfeitas: 1) 2) 3) O produto perigoso foi positivamente identificado; Suas propriedades fsicas e qumicas foram devidamente pesquisadas; O derramamento foi controlado e confinado para prevenir vazamentos aps a aplicao do agente neutralizador. Uma quantidade suficiente de agente neutralizador deve estar disponvel para completar o processo uma vez que seja dado seu incio. Para determinar a quantidade de base necessria para um derramamento cido, considere o seguinte exemplo: Uma garrafa de vidro, contendo 1 litro de cido Ntrico a 70%, cai e se quebra. Os atendentes tm um suprimento de agente neutralizador Carbonato de Sdio - disponvel. Quanto seria necessrio para tornar o pH prximo de 7 (neutro)? 1 Passo - Determine o peso de 1 litro de cido em quilogramas, utilizando a seguinte frmula para determinar as informaes: Quantidade da substncia derramada X Peso especfico ou densidade especfica do produto X Peso especfico da gua X Percentual do produto na

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substncia derramada = Peso (em Kg) de substncia em relao substncia derramada. Exemplo: 1 litro de cido Ntrico a 70 % 1 litro X 1,5 X 1 X 0,70 = 1,05 Kg 2 Passo Determine o fator de converso do agente neutralizador escolhido. Tabela 5 Neutralizao de cidos utilizando vrias substncias Agente Neutralizador Carbonato de Sdio Hidrxido de Clcio Bicarbonato de Sdio cido Sulfrico 1,082 0,755 1,673 cido Ntrico cido Clordrico cido Fosfrico 0,841 0,587 1,302 1,452 1,014 2,247 1,622 1,133 2,541

Fonte: Managing the Incident -2 edio

3 Passo - Multiplique o peso do cido derramado pelo fator de converso para o agente neutralizador apropriado a fim de determinar a quantidade necessria para neutralizar o derramamento cido. O agente neutralizador escolhido foi o Carbonato de Sdio. 1,05 Kg/l x 0,841= 0,883 Kg de Carbonato de Sdio. Os atendentes podem elaborar uma planilha com a quantidade estimada de agente neutralizador para derramamentos de quantidades especficas.

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Usando 70% de cido Ntrico como exemplo: 1 Litro = 0,883 Kg de Carbonato de Sdio 10 Litros = 8,83 Kg de Carbonato de Sdio 100 Litros = 88,3 Kg de Carbonato de Sdio 1000 Litros = 883 Kg de Carbonato de Sdio Observao: A neutralizao comea pelas bordas do derramamento. Quando uma deciso de neutralizar um derramamento tomada, deve-se considerar que tipo de agente neutralizador ser usado. Alguns materiais so mais favorveis ao meio ambiente do que outros. O conceito-chave aqui a

biodegradabilidade e os agentes neutralizadores mais favorveis so o carbonato de sdio (para o controle de cidos) e o cido actico (para o controle de bases). Hidrxidos de sdio e clcio no produzem materiais biodegradveis ao final do processo. Se o derramamento for numa rea sensvel, um especialista deve ser consultado. Derramamentos de materiais corrosivos devem ser cobertos, utilizando-se uma p, com o agente neutralizador, iniciando sempre pelas bordas, indo em direo ao centro. Desse modo, protege-se, antes de tudo, os trabalhadores. Evite andar pelo derramamento, mesmo vestindo o traje de proteo adequado. Alguns derramamentos de produtos custicos podem ser neutralizados utilizando vrios tipos de cidos diludos, mas essa tcnica no deve ser tentada sem o acompanhamento de um especialista. Agentes neutralizadores devem ser adquiridos em grandes quantidades e armazenados em locais estratgicos, ou disponibilizados atravs de Planos de Emergncias especficos, onde ser previsto previamente a instituio ou empresa que fornecer o(s) produto(s) e como ser acionado e transportado at o local do acidente.

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Revestimento Este um mtodo fsico de conteno no qual um tambor, continer ou recipiente com vazamento colocado dentro de um continer maior. Embora seja mais utilizado para lquidos, o revestimento pode ser utilizado tambm para cilindros de gs comprimido, como por exemplo, o de cloro. Revestimento para lquidos pode ser construdo tanto em ao quanto em polietileno. Os tamanhos mais comuns so de 20, 40, 50, 75, 100, 150, 200 litros. Se possvel, o vazamento deve ser temporariamente reparado antes que o continer seja revestido. Dependendo do tamanho e peso do continer, pode ser necessrio o uso de mquinas (ex: empilhadeira ou guindaste). Um tambor de 200 litros de cido sulfrico pode pesar mais de 260 quilos. Alm disso, o continer pode estar frgil devido ao vazamento. O continer de revestimento deve ter resistncia fsica e qumica para o tipo e a quantidade do produto, caso ele tenha que ser retirado do local. Vedao-Estancamento Este um mtodo fsico de conteno que utiliza cintas de vedao, batoques e cunhas quimicamente compatveis para reduzir ou parar temporariamente o fluxo de materiais de pequenas aberturas, buracos ou fendas em cilindros, embalagens e tanques. Embora seja mais freqentemente usado em recipientes e tanques para lquidos sob presso e slidos. Estancamento Envolve a aplicao de batoques e cunhas na abertura para reduzi-la e diminuir o fluxo do produto. Esse dispositivo deve ser compatvel tanto com o material quanto com o material de construo do continer. Por exemplo, um pequeno buraco num tanque de alumnio de um caminho pode, s vezes, ser tapado com um batoque de madeira, utilizando-se uma malha de borracha. No entanto, este dispositivo no resistiria a um cido forte. Batoques e cunhas podem ser fabricados no local do acidente, mas pode-se ganhar muito tempo fabricando diversos tipos e carregando-os nos veculos de atendimento. Eles podem ser de muitos materiais, incluindo madeira, borracha e metal.

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Batoques construdos com madeiras moles, como o pinheiro amarelo, so eficazes em aberturas cuja rea seja menor que 20 centmetros quadrados. Tcnicas de estancamento so normalmente utilizadas em conjunto com borrachas de vedao, malhas leves, ou massas especiais, quimicamente resistentes, para assegurar que a abertura esteja bem selada. Aberturas pequenas (com menos de 1,5 cm de dimetro) que no estejam sob presso podem ser preenchidas com massas de vedao ou resinas de epxi. A resistncia desses materiais limitada, devido compatibilidade com o produto perigoso, ao tamanho da abertura, e presso dentro do continer. Utilizar a massa de vedao dessa forma deve ser visto somente como uma tcnica temporria de primeiro atendimento. Vedao Envolve a aplicao de um material ou dispositivo sobre a abertura para manter o produto perigoso dentro do continer. Podem incluir dispositivos tanto comerciais quanto caseiros para reparar vazamentos em tambores, tubulaes e vlvulas, e precisam ser compatveis com os produtos qumicos envolvidos. Assim como os batoques, os dispositivos de vedao podem ser fabricados no local do acidente, e, da mesma forma, pode-se ganhar muito tempo com a fabricao de variados tipos de dispositivos e carreg-los no veculo de atendimento. Os atendentes esto limitados apenas por sua criatividade e destreza. Exemplos comuns incluem cintas de vedao de muitos tipos e massas de epxi. A presso no continer um fator importantssimo para determinar a cinta apropriada. Bandagens ou kits para vedao de vazamentos so ferramentas eficazes para lidar com lquidos ou gases sob baixa presso (6 a 13 atm). Alguns kits de vedao inflveis so eficazes para baixas presses (at 1,7 atm). Para efetuar uma operao de vedao de maneira adequada, proceda da seguinte forma:

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1. Selecione um dispositivo que seja uma vez e meio maior do que a da abertura. Dispositivos menores do que o indicado podem ser "engolidos" enquanto se prendem ganchos, parafusos e porcas. 2. Assegure-se de que a cinta compatvel com o produto perigoso. 3. Explique sucintamente ao pessoal sobre as ferramentas que sero utilizadas para a realizao do trabalho. No difcil se esquecer de alguma ferramenta quando se est sob presso, porm, isso poder acarretar mais uma hora de trabalho, uma vez que a descontaminao obrigatria para fazer a reentrada no local. Reduo ou alvio da presso Este um mtodo fsico ou qumico de conteno, no qual a presso interna de um continer fechado reduzida. O objetivo ttico aliviar suficientemente a presso interna para minimizar o potencial de rompimento do continer. As aes de reduo de presso so de alto risco e requerem que os atendentes trabalhem muito prximos ao continer. Cilindros, cmaras de processamento, tanques de caminho, vages de trem, e tubulaes so alguns exemplos contineres de produtos perigosos destinados para armazenar produtos sob presso. Porm, um tanque ou recipiente poder se tornar pressurizados devido a reaes qumicas ou exposio trmica. Vasos pressurizados so perigosos porque: Podem romper devido presso e seus fragmentos (ou seu corpo todo)

podem ser lanados a grandes distncias. Isso pode acontecer rapidamente e no permite nenhuma reao por parte dos atendentes. A equipe s poder determinar a presso de um continer se inspecion-lo

cuidadosamente, atravs da aproximao. A alta presso poder arremessar tampas de vlvulas, rasgar trajes de proteo, ou romper as vias areas do atendente. Presses

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muito altas (340 a 1020 atm) podem penetrar na pele e causar embolia, que seguida de morte em minutos. Substncias criognicas so armazenadas em vasos pressurizados, em

temperaturas abaixo de 65C. Essas substncias podem congelar tecidos e danificar o traje de proteo. Sero passadas a seguir, algumas aes de reduo de presso dos vasos pressurizados: Fechamento ou isolamento de vlvulas e registros - Tanques e cilindros pressurizados podem apresentar vazamentos nas vlvulas, registros ou e prximo a elas. A maior parte delas podero ser fechadas girando-as no sentido anti-horrio, a menos que estejam danificadas. Se o vazamento continuar aps o fechamento, tente apertar a porca das vlvulas ou registro de fechamento.Contudo, existem excees a esses procedimentos. Cilindros e tanques tambm podem ter vazamentos nas tubulaes do seu sistema de funcionamento. Esses vazamentos normalmente param quando, vlvulas e registros de abertura, que permitem o fluxo do produto na tubulao, so isolados e bloqueados. Dependendo da situao, haver a necessidade de faz-lo fluxo acima e abaixo. Funcionrios podero ajudar a isolar o produto em instalaes petroqumicas. Desligamento de bombas e fontes de energia/presso Algumas cmaras pressurizadas so carregadas por uma fonte independente, como um sistema de bombeamento ou um compressor. A magnitude do vazamento pode ser reduzida significantemente quando a presso da bomba diminuda ou desligada inteiramente. Antes de iniciar as operaes de desligamento, deve-se consultar um especialista que esteja familiarizado com o sistema, pois pode gerar uma presso maior em outras cmaras e criar problemas no fluxo. A falta de presso pode ocasionar reaes qumicas instveis.

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Especialistas no produto e engenheiros devem ser contatados sempre que a equipe de atendimento encontrar unidades complexas de processamento e cmaras de presso interligadas. Desligar a eletricidade dos sistemas de presso pode arruinar a aparelhagem que faz o processamento de materiais qumicos, causar o aumento perigoso na presso em outros locais, e desabilitar dispositivos imprescindveis de segurana. Em alguns casos, os sistemas de segurana podem contribuir e despejar produtos perigosos para neutralizar depuradores de gs, incineradores, ou sistemas de exausto. Escape a liberao controlada de um material para aliviar e conter a presso e diminuir a probabilidade de exploso. O mtodo de escape vai depender da natureza do produto perigoso e o processo envolvido. Por exemplo, um material no txico pode ser liberado diretamente no ar (ex: vapor), j os txicos ou corrosivos podem ser liberados para um depurador de gs ou para uma cmara de armazenamento auxiliar. Incinerao - a queima controlada de um material lquido ou gasoso para reduzir ou controlar a presso e/ou eliminar um produto. A queima normalmente utilizada em instalaes fixas, como refinarias e petroqumicas, como parte integral do processo fixo do sistema de segurana. Incineradores de vapor portteis podem tambm ser utilizados para queimas controladas em acidentes de transporte envolvendo cilindros de gs inflamvel, caminhes-tanque, e vages de trem. Incineradores de lquidos podem ser utilizados para a liberao e queima controlada de gases liquefeitos e lquidos inflamveis em conjunto, com uma bacia de conteno para conter qualquer produto lquido no queimado completamente. Instalao de torneira - Esta tcnica utilizada para se ter acesso a uma

quantidade de lquido inflamvel, ou tanque de gs, tubulao, ou continer, com o propsito de remover o produto. Envolve a instalao de um bocal no exterior de um tanque ou tubulao. Uma vlvula , ento, anexada ao bocal e um buraco feito no continer com uma mquina especialmente desenvolvida para isso. Esta mquina

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equipada de modo a prevenir a perda de produto durante a perfurao. Feito isso, so anexadas mangueiras vlvula e o contedo removido. A torneira normalmente utilizada nas indstrias de petrleo e eletroqumicas. Contudo, somente deve ser usada numa emergncia e por especialistas treinados. Escape e queima - Este um processo pelo qual cargas explosivas so

usadas para abrir um buraco (ou buracos) num vago-tanque pressurizado, permitindo que o contedo flua para uma fossa onde ser queimado. Esta uma tcnica altamente sofisticada que deve ser tentada somente por especialistas bem treinados e em situaes bem especficas. Escape e queima, geralmente, so o ltimo recurso e podem ser usados somente nas seguintes situaes: O vago-tanque esteve exposto ao fogo, resultando em presses internas elevadas e possvel avaria no tanque; As condies no permitem o transporte, escape ou queima seguros do vago-tanque; As condies locais impedem que se recoloque o vago-tanque de volta aos trilhos; Danos s vlvulas e encaixes com vazamento no podem ser reparados; O vago-tanque foi danificado a ponto de no poder ser recolocado nos trilhos com segurana e movido a um ponto de descarga. Solidificao Este um mtodo qumico de conteno no qual uma substncia lquida quimicamente tratada para que se transforme em um material slido. A vantagem primria deste processo que o derramamento pequeno pode ser confinado de modo relativamente rpido e imediatamente tratado.

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A solidificao geralmente utilizada tanto para derramamentos de lquidos corrosivos, quanto para hidrocarbonetos. Frmulas comerciais esto disponveis e podem ser aplicadas em *derramamentos* lquidos cidos ou custicos, eliminando o perigo e formando um sal neutro. Adsorventes comercialmente disponveis podem ser utilizados para solidificar material leo no solvel. O hidrocarboneto derramado adsorvido em grnulos para formar uma mistura slida, que no escoa. A mistura resultante , na verdade, mais segura que o material derramado original e pode ser facilmente transportado e descartado numa estao de tratamento de lixo. Aspirao Este um mtodo fsico no qual um produto perigoso colocado num sistema de conteno, simplesmente, por meio de uma aspirao. O mtodo de aspirao depender dos produtos perigosos envolvidos. A aspirao normalmente utilizada para conter liberaes de certos hidrocarbonetos lquidos, partculas slidas, fibras de asbestos, e mercrio lquido. A vantagem primordial da aspirao que no h aumento do volume de material. Quando selecionar esta ttica, deve-se assegurar de que o equipamento de aspirao e outros relacionados so compatveis com os produtos perigosos envolvidos e que os vapores de exausto do aspirador esto sob controle.

8 .7

Operaes de Controle de Incndio


Considerando o pblico alvo deste manual, a abordagem se concentrar

principalmente na seleo e implementao de estratgias e tticas. O foco principal ser em situaes de incndio que normalmente requerem o envolvimento da equipe de atendimento a ocorrncias com produtos perigosos para lidar com lquidos e gases inflamveis e combustes geradas por reaes qumicas. Os seguintes fatores gerais podem ser aplicados uniformemente a problemas de incndio com produtos perigosos. Eles devem ser considerados precocemente como parte do processo de avaliao de riscos e perigos do acidente.

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1. Quais produtos perigosos esto envolvidos? Especificamente, um lquido inflamvel, gs, um material reagente a gua, ou uma combinao de substncias inflamveis e no inflamveis, mas extremamente perigosas? 2. Quais so os perigos? As propriedades fsicas e qumicas do material influenciam significativamente na seleo de tticas e agentes extintores de incndio. O que funciona bem num determinado tipo de incndio no funcionar em outro. Questes cruciais incluem determinar: 1) a que famlia qumica pertence o produto (por exemplo, hidrocarboneto ou solvente polar); (2) solubilidade na gua; (3) densidade especfica; (4) reatividade gua; e (5) mtodos de controle e extino. 3. Quais os tipos de embalagens ou contineres envolvidos? Isso pode incluir tanques de armazenamento, cmaras pressurizadas, reatores e tubulaes. Os atendentes devem tambm avaliar as caractersticas do continer, como sistemas de alvio, vlvulas, sistemas fixos de espuma, etc. Muitos materiais reagentes so transportados em contineres especiais e podem ter propriedades atpicas ou incomuns. 4. A que riscos esto expostos os atendentes, funcionrios e a

comunidade? Qual a probabilidade do acidente crescer e envolver outros contineres? H impactos ambientais significativos? 5. So necessrios recursos especiais? Qual a disponibilidade deles? Isso pode incluir equipes, suprimentos, equipamentos, agentes extintores, e/ou instrumentos relacionados. 6. Quais as conseqncias caso no seja feito nada? Lembre-se de que esta a base para as decises com produtos perigosos e deve ser o elemento com o qual todas estratgias e tticas so comparadas.

8 .8

Emergncias com Lquidos inflamveis


A maior parte das emergncias com lquidos inflamveis relativamente pequena,

envolvem 250 litros do lquido ou menos, e so resolvidas com sucesso pelas unidades

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de combate a incndios. Tendo em vista esse fato, a abordagem se concentrar em problemas tticos associados ao controle de incndios com lquidos inflamveis maiores, como por exemplo, incndios em instalaes de armazenamento de grandes quantidades de lquido, contineres de transporte e tanques de armazenamento.

8.8.1

Avaliao de Riscos e Perigos

Incndios com lquidos inflamveis geram dois tipos de fenmenos: um negativo e um positivo. O negativo a grande quantidade de fogo e calor irradiado, gerando problemas de exposio e aproximao da Zona Quente. O positivo a fcil visualizao e localizao do incndio,permitindo a elaborao de um plano de ao bem elaborado. Os atendentes, normalmente, tero tempo suficiente para conseguir os recursos necessrios antes de avanar num ataque direto. Isto no significa que tticas defensivas e de proteo contra exposio no sero necessrias, mas que o fator tempo ser um pouco diferente do que usualmente se considera em incndios estruturais ou outros tipos de acidentes maiores, nos quais a segurana uma questo maior. Manter o controle do tempo e dos eventos-chave num incndio com lquidos inflamveis maior sempre difcil. O Comandante da Emergncia deve obter as seguintes informaes durante o processo de anlise e planejamento: Horrio de incio do acidente. Isto pode no ser necessariamente o mesmo horrio em que o acidente foi relatado. Horrio em que os atendentes chegaram ao local. Probabilidade de estabilizao do incndio no tamanho presente. Combustvel envolvido (lquido combustvel ou inflamvel), incluindo a quantidade, rea atingida e profundidade do derramamento.

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Perigos envolvidos, incluindo ponto de fuso, reatividade, solubilidade (por exemplo, hidrocarboneto ou solvente polar) e densidade.

Tempo estimado de pr-queima. Isto ajudar o Comandante da Emergncia a determinar fatores como a possibilidade e viabilidade de transferncia e bombeamento, a propagao de uma onda de calor que se desloca na direo de leos crus, etc.

O layout do acidente, incluindo os seguintes pontos especficos: Tipo de tanque(s) de armazenamento envolvido. Os tipos mais comuns de tanques elevados de armazenamento so os de teto cnico, com abertura flutuante, coberto e em forma de cpula. Tamanho da rea de conteno do lquido inflamvel envolvido; Sistemas de vlvulas e de tubulao avariadas ou destrudas pelo fogo; Exposies das reas e materiais adjacentes, incluindo tanques, prdios, unidades de processamento, etc. Isto deve incluir a identificao e priorizao de exposies (ex: contato com as chamas, exposio radiao de calor). A equipe da unidade de processamento pode ajudar com estas decises.

8.8.2

Aes Tticas

A avaliao de riscos e perigos a pedra fundamental da tomada de decises. Baseando-se no tipo e na natureza dos riscos envolvidos, o Comandante da Emergncia ir implementar as metas estratgicas e objetivos tticos apropriados. Opes tticas para emergncias com lquidos inflamveis incluem:

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No-interveno Esta uma situao na qual os atendentes assumem uma posio passiva. Essa opo implementada algumas vezes, quando h suprimento de gua insuficiente, muito pouco produto que possa ser salvo, ou nenhuma exposio na rea prxima. Tticas defensivas ou de preveno - Essas tticas envolvem exposies protegidas e no permitem que o fogo queime. Em muitos casos, as tticas defensivas so uma medida temporria at que se possa reunir os recursos necessrios para um ataque direto. A primeira preocupao durante uma operao defensiva com o contato direto das chamas e exposio radiao de calor. As chamas devem ser combatidas imediatamente, enquanto a exposio radiao de calor deve ser combatida o mais cedo possvel. As exposies devem ser priorizadas da seguinte maneira: - Exposies primrias Cmaras pressurizadas, contineres fechados, sistemas de tubulaes, estruturas de suporte essenciais expostos diretamente s chamas. A ruptura pela exposio ser muito provvel, a menos que se jogue gua nelas imediatamente. Caso um tanque de armazenamento esteja envolvido, o contato direto com as chamas pode causar a perda da integridade da parte superior externa do tanque, bem como dos sistemas de espuma associados.

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Captulo

9 QUINTO PASSO - DESCONTAMINAO

Descontaminao um processo que consiste na remoo fsica dos contaminantes ou na alterao de sua natureza qumica para substncias incuas. Neste processo, o mais importante a minuciosidade e no a rapidez com que realizado.

9 .1

Mtodos de Descontaminao
A descontaminao pode ser realizada por meio de diversos mtodos, sendo que

a escolha do mtodo mais apropriado a cada situao depender da natureza especfica da substncia envolvida. Assim sendo, em algumas situaes, um nico mtodo ser suficiente, enquanto que em outras ser necessria a combinao de mtodos. Diluio: consiste na reduo da concentrao do contaminante a nveis no perigosos. eficiente, principalmente, se o produto no penetrar na roupa. Esta tcnica a mais comumente aplicada. Dissoluo: consiste na adio de uma substncia intermediria durante o processo de descontaminao. Por exemplo, a utilizao de querosene como produto intermedirio para descontaminao de leo combustvel. Surfactao: aplicado para melhorar a limpeza fsica. um importante instrumento de checagem da dissoluo. Fosfato trissdico o agente surfactante mais comumente utilizado. Detergentes industriais tambm podem ser utilizados. Neutralizao: normalmente utilizado em substncias corrosivas. Por exemplo, quando um cido est envolvido, uma base pode ser utilizada para a descontaminao e vice-versa. Solidificao: tcnica baseada na aplicao de agentes gelatilizantes, os quais solidificam o contaminante, facilitando dessa forma, a sua remoo.

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Aerao: tcnica simples e eficiente, realizada por meio da aplicao de vapor dgua no material contaminado. Apresenta bons resultados em produtos volteis.

9 .2

Solues para Descontaminao


Equipamentos de proteo individual, ferramentas e outros equipamentos so

normalmente descontaminados limpando-os com gua e detergente, usando escovas de cerdas macias, seguido de lavagem com gua. Uma vez que este processo pode no ser completamente eficiente na remoo de alguns contaminantes (ou em alguns casos o contaminante pode reagir com gua), torna-se uma boa opo utilizar uma soluo qumica como descontaminante. Isso requer que o contaminante seja identificado. A soluo de descontaminao apropriada deve, obrigatoriamente, ser escolhida com a ajuda de um qumico. A gua o agente descontaminante mais utilizado, visto que o seu uso no gera fumos txicos e no apresenta qualquer efeito significativo no material de confeco da roupa. So sugeridas as seguintes formulaes: a. Soluo A (soluo alcalina): 5% de carbonato de Sdio Na2O3; 5 % de fosfato trissdico Na3O4; Preparo: 3 kg de cada um para 60 l de gua qsp; Utilizada nos seguintes grupos de risco do agente qumico: cidos inorgnicos e resduos de processamento de metais; Solventes e outros orgnicos;

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Bifenilas; Materiais etiolgicos; Produtos desconhecidos. b. Soluo B (soluo oxidante): 10 % de hipoclorito de clcio CaH (CIO)2; Preparo: 5,4 kg do sal para 60 l de gua qsp; Utilizada nos seguintes grupos de risco do agente qumico: Metais pesados; pesticidas, fenis, dioxinas; cianetos, amnia, resduos inorgnicos no cidos; materiais etiolgicos; produtos desconhecidos. c. Soluo C (soluo alcalina fraca): % de fosfato trissdico Na3PO4; Preparo: 3 kg do sal para 60 l de gua qsp; Utilizada nos seguintes grupos de risco do agente qumico: Solventes e outros orgnicos;

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bifelinas; resinas oleosas ou graxos no contaminados com pesticidas. d. Soluo D (soluo cida): 750 ml de cido clordrico HCl; Preparo: diluir em 60 l de gua qsp; Utilizada no seguinte grupo de risco do agente qumico: Bases inorgnicas e resduos custicos. e. Soluo E (soluo neutra): Preparo: soluo simples de gua com sabo neutro; Utilizada nos seguintes grupos de risco do agente qumico: Em todos, com exceo nas bases inorgnicas e resduos custicos.

9 .3

Corredor de Descontaminao
Ainda durante a conteno e o controle do produto perigoso deve ser montado o

Corredor de Descontaminao, permanecendo em operao at o final da emergncia. Os critrios para sua montagem devem ser baseados nos seguintes fatores: 1) 2) A ocorrncia for classificada como Acidente Qumico Ampliado; Existncia de vtimas no local (neste caso, dever ser observado o procedimento para descontaminao de vtimas);

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3)

Grande quantidade de equipamentos, operacionais ou de proteo individual, foi contaminado;

4)

Deciso do comandante das operaes, em razo de avaliao das condies do local e da ocorrncia.

Apresenta-se a seguir um roteiro para implementao de um Corredor de Descontaminao, tambm denominado Corredor de Reduo de Contaminao ou Pista de Descontaminao.

9.3.1

Seleo do local de descontaminao

A rea de descontaminao dever estar localizada na Zona Morna, na sada da Zona Quente; A rea de descontaminao dever estar posicionada preferencialmente em nvel elevado (verificar topografia natural) e direo favorvel do vento ou fluxo de ar (observar aclive/declive, localizao de drenos para escoamento, direo do vento, fluxo do ar, etc.). Verificar nvel da rea de descontaminao ou declive em direo entrada do Corredor de Descontaminao.

9.3.2

Montagem do Corredor

A Figura 29 apresenta a delimitao das zonas de trabalho no local de atendimento a uma ocorrncia envolvendo produtos perigosos. O Corredor de Descontaminao possui 7 estaes. Em cada estao ser executado um procedimento especfico, de acordo com os materiais correspondentes.

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Figura 20 - Zonas de trabalho no local de atendimento de ocorrncia com produtos perigosos

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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Figura 21 - Esquema de montagem do Corredor de Descontaminao

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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O efetivo est condicionado s caractersticas da Unidade Operacional do Corpo de Bombeiros que atender o evento, o que com certeza determinar alteraes no nmero da equipe de interveno. Sugere-se tambm a utilizao de efetivo que poder ser fornecido por empresas participantes de planos de auxlio mtuo ou Defesa Civil dos municpios, desde que haja treinamento suficiente. O ideal que o efetivo seja distribudo na seguinte conformidade: 1. Zona de Excluso, Estao 2, Estao 3, Estao 4,Estao 5, Estao 6, Estao 7: 02 bombeiros, que acompanharo a equipe a ser descontaminada e atuaro em todas as 7 bases de descontaminao. 2. Posto Mdico: 01 bombeiro 3. Viatura de apoio: 03 bombeiros 4. Chefe do Corredor de Descontaminao: 01 bombeiro TOTAL: 7 bombeiros IMPORTANTE: De fato, no corredor de descontaminao sero utilizados 03(trs) bombeiros, sendo 02(dois) propriamente para realizar o trabalho e 01(um) na superviso. Portanto, verifica-se que uma guarnio mnima para atendimento de AEPP dever ser de 05(cinco) bombeiros, sendo dois bombeiros para a execuo das aes tticas, dois para descontaminao e o comandante da guarnio, que desempenhar as funes de Comandante da Emergncia, supervisionando tambm as aes de descontaminao. As funes acima relacionadas podem ser alteradas de acordo com as caractersticas de cada Unidade Operacional e em funo da composio do nmero de viaturas e bombeiros enviados ao local.

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Torna-se importante que cada bombeiro conhea sua funo, e dever haver treinamentos peridicos para garantir-se um correto atendimento, proporcionado-se um nvel de segurana adequado a todos os participantes.

9.3.3

Materiais Necessrios para a Montagem das Estaes do Corredor de Descontaminao

Estao 1 (Zona Quente) Descrio: Local para dispensa e segregao de equipamentos. Materiais necessrios: Lona impermevel, preferencialmente na cor vermelha, com identificao numrica e com dimenses 4,0 x 3,0 m; Tambores ou containeres de vrios tamanhos; Sacos plsticos; Fitas adesivas para fechamento das embalagens; Rtulos de identificao.

Estao 2 (Zona Morna) Descrio: Lavagem e rinsagem de botas, luvas e roupas. Materiais necessrios:

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Lona impermevel, preferencialmente na cor amarela, com dimenses 20,0 x 3,0 m e com identificao numrica das respectivas estaes (esta lona ser utilizada nas Estaes 2, 3, 5, 6 e 7);

Piscina com dimenses 2,0 x 1,5 m e 0,3 m de profundidade; 2 bombas costais; Escovas de cerdas suaves; Soluo qumica ou detergente.

Estao 3 (Zona Morna) Descrio: Remoo de botas e luvas externas. Materiais necessrios: Tambores, baldes ou containers de vrios tamanhos; Banco com dimenses 2,0 x 0,4 m, preferencialmente articulado; Sacos plsticos.

Estao 4 (Zona Morna) Descrio: Troca de cilindros de ar da mscara autnoma. Materiais necessrios:

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Lona impermevel, preferencialmente na cor amarela (ou com identificao numrica), com dimenses 4,0 x 3,0 m;

Banco com dimenses 2,0 x 0,4 m, preferencialmente articulado; Botas e luvas limpas; Fita adesiva; Cilindros de ar.

Estao 5 (Zona Morna) Descrio: Remoo da roupa encapsulada e das luvas internas. Materiais necessrios: Tambores, baldes ou containers de vrios tamanhos; Sacos plsticos; Banco com dimenses 2,0 x 0,4 m, preferencialmente articulado.

Estao 6 (Zona Morna) Descrio: Remoo do aparelho autnomo e roupa interna. Materiais necessrios: Tambores, baldes ou containers de vrios tamanhos;

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Sacos plsticos; Banco com dimenses 2,0 x 0,4 m, preferencialmente articulado.

Estao 7 (Zona Fria) Descrio: Banho completo. Materiais necessrios: Piscina com dimenses 2,0 x 1,5 m e 0,3 m de profundidade; Bacias plsticas ou baldes; Sacos plsticos; Banco com dimenses 2,0 x 0,4 m, preferencialmente articulado; Sabo neutro; Toalhas; Reserva de gua.

Posto Mdico Descrio: Exame mdico na equipe de interveno, quando se fizer necessrio pela vultosidade do evento, contaminao de membros da equipe. Materiais necessrios:

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Lona impermevel, preferencialmente na cor amarela, com identificao numrica e com dimenses 4,0 x 3,0 m;

Bancos ou cadeiras; 1 mesa; Toldo para cobertura; Equipamentos de primeiros socorros.

A montagem do Posto Mdico opcional e obedecer a critrios que sero observados no local, tais como: bombeiro contaminado ou acidentado, disponibilidade do mdico ou equipe de primeiros socorros e avaliao da situao pelo Comandante da operao. Figura 22 Materiais para montagem do Corredor de Descontaminao

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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9.3.4

Equipamento de Proteo Individual para a Equipe de Descontaminao

Uma vez que a equipe a ser descontaminada ir se aproximar da equipe de descontaminao, necessrio que esta ltima esteja devidamente protegida de modo a evitar a sua contaminao, especialmente nos estgios iniciais do processo. O nvel de proteo a ser utilizado pela equipe de descontaminao determinado por alguns fatores: Expectativa ou visvel contaminao dos tcnicos; O tipo de contaminante e seu risco pele e ao sistema respiratrio; Concentrao de gases ou vapores no corredor de reduo de

descontaminao; Material particulado e vapores orgnicos e inorgnicos no corredor de reduo de descontaminao. Via de regra, a equipe de descontaminao utiliza um nvel de proteo abaixo daquele em uso pela equipe a ser descontaminada. Se, por exemplo, a equipe estiver utilizando o nvel A de proteo (roupa de encapsulamento e mscara autnoma), a equipe de descontaminao dever utilizar o nvel B de proteo (macaco do tipo saneamento de mscara autnoma). J se a equipe estiver utilizando o nvel de proteo B , a equipe de descontaminao dever utilizar o nvel C de proteo (macaco do tipo saneamento e mscara do tipo panorama)

9.3.5

Acondicionamento dos Equipamentos

Todos os equipamentos, quando adequadamente desmontados e agrupados, tornam-se volumes relativamente fceis de serem transportados em viaturas. Sugeremse as seguintes formas de acondicionamento e transporte:

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Em viatura especializada(tipo PP): os volumes devero ser distribudos nos compartimentos disponveis. Os volumes maiores podero ser transportados na parte superior da viatura;

Em reboque: a forma mais adequada de transporte, pois os equipamentos estaro todos agrupados e o reboque poder ser tracionado por viatura leve tipo VO, UT ou mesmo por uma viatura de maior porte.

Em viaturas maiores (tipo AB, AS, CA): a maioria dos equipamentos, neste caso, sero acondicionados na parte de cima da viatura e, quando possvel, nos compartimentos. Testou-se o acondicionamento dos equipamentos na viatura tipo ASE, mostrando-se inadequada em razo do reduzido espao disponvel nos compartimentos destinados aos demais equipamentos

operacionais. Em todos os casos, quando o transporte for na parte superior em viaturas de grande porte, os equipamentos destinados montagem do Corredor de Descontaminao devero ser envoltos em uma lona e devidamente fixados. Sugere-se, para cada caso, testar vrias alternativas para determinar-se a mais adequada. Estao 1 Procedimentos: depositar os equipamentos utilizados em campo (ferramentas, materiais coletados, instrumentos de medio, rdios, etc), preferencialmente separados por tipo ou grau de contaminao. Os equipamentos que no podem ser descontaminados no local (principalmente aparelhos eltricos ou eletrnicos) devero ser embalados em invlucros apropriados.

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Figura 23 - Estao 1 montada na Zona Quente (no fundo, as demais estaes)

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Estao 2 Procedimentos: lavar botas e luvas. Lavar completamente a roupa de proteo externa e mscara autnoma. Esfreg-las com escovas de mo ou escovas de cerdas macias e utilizar a soluo de descontaminao apropriada ou detergente e gua. Embrulhar o conjunto de vlvulas da mscara autnoma com plstico para evitar o contato com a gua. Lavar o cilindro com esponjas ou pano. Enxaguar com gua. O produto resultante da lavagem (resduos) dever ser embalado em tambores ou containeres, para posterior descarte.

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Figura 24 - Procedimentos na Estao 2

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Estao 3 Procedimentos: remover botas e luvas externas e deposit-las em invlucros plsticos. Figura 25 - Procedimentos na Estao 3

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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Estao 4 Procedimentos: fechar o fornecimento de ar e desconectar a traquia da mscara. Remover o cilindro de ar e coloc-lo em recipiente adequado. Instalar outro cilindro carregado. Complementar equipamentos de proteo. Observao: esta Estao utilizada apenas pelos bombeiros que retornaro zona principal. Figura 26 - Procedimentos na Estao 4

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Estao 5 Procedimentos: Remover a roupa de proteo com o auxlio de um integrante da equipe de descontaminao. Coloc-la em invlucro plstico.

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Figura 27 - Procedimentos na Estao 5

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Estao 6 Procedimentos: remover a mscara facial e coloc-la num invlucro plstico. Evitar contato da mo com o rosto. Remover o restante do aparelho autnomo. Remover a roupa interna e coloc-la num invlucro plstico. Esta roupa deve ser removida o quanto antes, uma vez que h a possibilidade de que uma pequena quantidade do contaminante tenha contaminado as roupas internas durante a remoo da roupa de proteo.

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Figura 28 -

Procedimentos na Estao 6

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Estao 7 Procedimentos: lavar as mos e o rosto vigorosamente e tomar banho. Observar que os contaminantes envolvidos podem ser altamente txicos, corrosivos ou capazes de serem absorvidos pela pele.

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Figura 29 -

Procedimentos na Estao 7

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Posto Mdico(facultado) Procedimentos: examinar os bombeiros que sarem do Corredor de

Descontaminao e utilizar os protocolos para o Servio de Resgate, caso necessrio. Figura 30 Procedimentos no Posto Mdico

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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Captulo

10 10

SEXTO PASSO ATIVIDADES DE ENCERRAMENTO DA EMERGNCIA

1 0 .1

Encerramento da Emergncia
Encerramento o ltimo passo do Processo de Gerenciamento de Ocorrncias em

Seis Passos. Trata-se da fase de transio entre o fim da emergncia e o incio das operaes de restaurao e recuperao. importante esclarecer que h uma distino entre as etapas de restaurao e recuperao e a fase de encerramento de uma emergncia. As atividades de restaurao e recuperao tm carter mais operacional, enquanto as atividades de encerramento so basicamente administrativas. Para os propsitos deste captulo, ser discutido apenas o que concerne ao encerramento. Embora possa soar um pouco tolo "oficialmente encerrar" uma emergncia, esta uma parte importante do atendimento. Diferentemente de incndios, nos quais, geralmente, fica bvio quando o fogo se extinguiu (por exemplo, h um enorme buraco fumegante onde antes havia um prdio), em ocorrncias com produtos perigosos nem sempre se pode ter um final claramente notvel. Considere os seguintes exemplos: Produtos perigosos lquidos podem se infiltrar no solo e continuar a ser um risco sade e ao meio ambiente, embora no parea bvio. Contineres envolvidos na ocorrncia podem no mostrar sinais de tenso e podem romper durante o transporte ou mesmo aps serem descarregados. Vapores inflamveis podem reacumular em reas fechadas atingir o nvel de combusto.

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s vezes, atendentes de emergncia e equipe de suporte obtm indcios diversos para identificar se realmente h riscos presentes nesta etapa da operao. Se o derramamento tiver sido controlado e a equipe estiver esperando o incio das operaes de transporte do produto, haver uma tendncia natural de relaxamento no grau de ateno e reflexo das equipes. Logo, o controle do isolamento se torna relaxado, retiramse roupas de proteo e o lugar se torna perigoso novamente.

1 0 .2

Atividades de Encerramento
Atividades de encerramento devem se ater em concentrar informaes precisas

nas pessoas que mais necessitam delas. Inicialmente, esse grupo um pequeno nmero de atendentes de emergncia que podem receber um resumo de quais so os sinais e sintomas de uma substncia em particular ou de procedimentos especiais de recuperao. Em ocorrncias maiores, o nmero de pessoas com uma "necessidade de saber" aumenta e pode at mesmo incluir a equipe de investigao de acidentes ou os representantes das empreiteiras ou outras agncias. Divulgar informaes imprecisas ou incorretas pode ter muitos efeitos de longo alcance. Dados de risco incorretos podem resultar em doenas queles que foram expostos, tcnicas imprprias de limpeza e procedimentos de descarte inseguros. Fracasso no gerenciamento apropriado das atividades de encerramento tambm podem gerar opinies indesejveis a respeito de sua organizao por parte do pblico, de colegas, e da imprensa. O processo de encerramento dividido em trs etapas: 1. Anlise crtica e Instruo; 2. Percia ou Pesquisa de Sinistro; 3. Avaliao.

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10.2.1

Anlise crtica e instruo

No Captulo Sete, foi discuto como a diviso do trabalho em setores permite um melhor gerenciamento da ocorrncia com produtos perigosos. Contudo, esse processo tambm tende a afastar alguns integrantes das equipes de informaes que lhes podem ser importantes no futuro. Uma Equipe de Entrada pode no estar totalmente informada sobre os procedimentos de lavagem do uniforme durante as operaes de controle de vazamento, mas seus integrantes devem saber que elas existem antes de serem liberados do local. Uma Instruo eficiente deve: Informar aos responsveis exatamente a que tipo de produtos perigosos eles foram (provavelmente) expostos, seus sinais e sintomas; Identificar equipamentos danificados que requeiram manuteno, substituio ou reparo; Identificar equipamento ou suprimentos empregados que necessitaro descontaminao ou descarte especial; Identificar condies locais de insegurana que tero impacto nas etapas de limpeza e recuperao. rgos de responsveis pela continuidade do atendimento e monitoramento do local e que permanecero at a fase de recuperao do ambiente, tais como CETESB, Defesa Civil, Policiamento Preventivo, dentre outros, devem ser formalmente alertados desses problemas antes que a responsabilidade pelo local lhes seja incumbida. Designar responsveis pelo levantamento de informaes para a Pesquisa de Sinistro ou Percia; Avaliar e determinar os pontos positivos e negativos para passar s equipes que trabalharam na emergncia, procurando particularizar os pontos de cada

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equipe, a fim de que as mesmas possam corrigir e adotar os procedimentos adequados para a situao particularizadamente (ex: se necessitam de passar por exames mdicos, intensificao de treinamento, etc). A anlise crtica e instruo devem ter incio assim que a etapa de "emergncia" estiver completada. Idealmente, deve ser realizada antes que quaisquer responsveis deixem o local e deve incluir a(s) equipe(s) de interveno, comandantes de setor e outros homens-chave, como os comandantes de informaes e representantes de agncia, que so obrigados a ter conhecimento de tudo. Em ocorrncias maiores, esses representantes retornaro a suas equipes e passaro as informaes essenciais, incluindo, quando aplicvel, quem contatar para maiores esclarecimentos. As crticas e instrues devem ser conduzidas em reas onde se pode estar livre de distraes. Em condies ambientais no favorveis, como frio ou calor extremo ou, ainda, com rudos consideravelmente altos, elas devem ser realizadas em um veculo ou edifcio prximo. Deve ser conduzida por uma pessoa atuando como lder, como o Comandante da Emergncia, podendo se utilizar de assessores para a transmisso de informaes mais especializadas sobre os riscos aos quais foram expostos a(s) equipe(s). Talvez ele no possa estar disponvel para toda a reunio, devendo, ao menos, estar presente para, sucintamente, dizer quais so suas impresses sobre a ocorrncia toda e para reforar seus aspectos positivos. A reunio para as crticas e avaliao das operaes deve ser limitada a, no mximo, 15 minutos. Sua inteno revisar rapidamente a ocorrncia e dispensar os presentes e no analisar cada ao de cada homem. Se maior interao for necessria com relao a um assunto ou operao especficos, que seja continuada posteriormente, em nova reunio, em outra data. A anlise crtica e instruo devem cobrir certos assuntos, na seguinte ordem:

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1.

Informao sobre Sade: Exatamente a que cada atendente foi

(possivelmente) exposto e sinais e sintomas de doenas prximas. Algumas substncias podem no revelar sinais e sintomas de exposio num perodo de 24 a 48 horas. Quando necessrio, determinar o acompanhamento mdico em casos de exposio. 2. Reviso de equipamentos e materiais: A reviso deve assegurar que os

materiais e equipamentos avariados ou contaminados estejam claramente marcados e que separados para a limpeza especial ou descarte. comum que os trajes de combate a incndio e as vestimentas pessoais sejam lavadas ao retornar. Algum deve especificamente ser designado para assegurar que as peas de vesturio contaminadas sejam adequadamente lavadas ou descartadas. 3. Identificar problemas que requeiram ao imediata: Falhas no

equipamento, segurana, principais problemas com relao equipe, ou potenciais questes legais devem ser comentadas. Se no for crucial, deixar para a avaliao. 4. Agradecer o empenho e integrao de todas as equipes e rgos

participantes: Muitas ocorrncias com produtos perigosos requerem conhecimentos especficos, preparo fsico e psicolgico, senso de cooperao e de equipe. Ressaltar os pontos positivos, conscientizar a necessidade de correo dos problemas e pontos negativos e agradecer o empenho de todos.

10.2.2

Percia ou Pesquisa de Sinistro

O termo Percia ou Pesquisa de Sinistro utilizado nesta seo e tem relao com aprimoramento do atendimento emergncia. A Anlise Ps-ocorrncia a reconstituio da ocorrncia para fazer uma descrio exata dos eventos decorridos na emergncia. Sua funo :

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Assegurar que a ocorrncia tenha sido devidamente documentada e relatada. Descrever exatamente o atendimento da emergncia a fim de estud-lo mais profundamente.

Criar uma fundao para o desenvolvimento de investigaes formais, que, em geral, so conduzidas para estabelecer a provvel causa do acidente para ser utilizada em processos administrativos, civis ou criminais.

Existem muitas instituies e indivduos que tm uma necessidade ou interesse de informaes da. Entre eles, companhias de seguro, instituies governamentais, e, at mesmo, empresas e pessoas envolvidas no acidente. Uma percia formal um meio de coordenar a liberao das informaes reais para aqueles que necessitam delas. A Percia inicia com a designao de uma pessoa (ou departamento) para a coleta de informaes sobre o atendimento. Essa pessoa, normalmente, escolhida durante a Re-Instruo, ainda no local da ocorrncia. O coordenador da Percia deve ter autoridade para determinar quem ter acesso a informaes. Esse mtodo garante que informaes delicadas ou no verificadas venham a ser liberadas para a organizao errada ou de maneira prematura. O desenvolvimento desse procedimento deve seguir a NOB especfica no assunto.

10.2.3 Avaliao

Muitos ferimentos e mortes tm sido prevenidos como resultado de lies aprendidas por meio do processo de Avaliao. Um programa de Avaliao eficiente deve ter o apoio do gerenciamento de superiores, e o nico e mais importante meio de uma organizao se "auto-aperfeioar" ao longo do tempo.

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A avaliao deve se basear nos dados levantados pela percia e servir de subsdio para a realimentao do sistema de atendimento emergencial, alm de proporcionar o avano tecnolgico na rea de recursos. O propsito primrio de uma Avaliao desenvolver recomendaes para a melhoria no sistema de atendimento a emergncias, e no, encontrar erros na performance de indivduos. Uma boa Avaliao favorece: Operaes que dependam do sistema, em vez de organizaes que dependam de pessoas. Vontade de cooperar, por meio do trabalho em equipe. Melhorias de segurana nos procedimentos operacionais. Compartilhar emergncias. O responsvel pela Avaliao um homem crucial para fazer dela uma experincia de aprendizado positiva. O responsvel pela Avaliao no precisa ser necessariamente um membro da equipe de atendimento a emergncias. Por exemplo, uma organizao pode selecionar um ou dois indivduos de respeito e confiana para agir como partes neutras na Avaliao de ocorrncias maiores e mais sensveis. Embora cada organizao tenha uma tendncia a desenvolver seu prprio estilo de Avaliao, nunca a utilize para apontar culpados (reunies pblicas so a pior hora para disciplinar o pessoal). Utilize-a, sim, como uma valiosa experincia de aprendizagem (todos vieram para a ocorrncia com boas intenes). Um responsvel pela Avaliao deve: Controlar a Avaliao. informaes entre as organizaes de atendimento a

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Assegurar que perguntas diretas recebam respostas diretas. Assegurar que todos os participantes atuem pelas regras da Avaliao.

Assegurar que observaes individuais sejam compartilhadas com o grupo.

1 0 .3

Sntese
importante que cada ocorrncia com produtos perigosos seja formalmente

encerrada por um procedimento especfico, por escrito. Esse processo documenta procedimentos de segurana, operaes locais, riscos enfrentados, e lies aprendidas. Tambm, fornece um registro dos recursos e eventos que possam afetar a sade pblica, os recursos financeiros, e o bem estar poltico de uma comunidade. Por ltimo, fornece as informaes que podero ser requeridas para estar de acordo com as leis locais, estaduais e federais. Atividades de encerramento so divididas em trs etapas: uma Anlise crtica e instruo, uma Pesquisa de Sinistro ou Percia para entender o que ocorreu, as causas e conseqncias do acidente, e uma Avaliao formal, designada para enfatizar operaes tanto bem, quanto mal sucedidas. Muitos acidentes e fatalidades tm sido prevenidos atravs das lies aprendidas atravs do processo de avaliao dos resultados de nossos atendimentos. importante que o Comandante das Operaes promova uma reunio, logo aps a ocorrncia, com os bombeiros participantes do evento. O propsito primrio desta reunio no somente apontar falhas em procedimentos individuais ou estratgicos, mas sim desenvolver recomendaes e procedimentos para melhorar ou aperfeioar o sistema de atendimento. As crticas devem, portanto, ser usadas como experincia valiosa de aprendizado. Destacamos abaixo alguns importantes assuntos a serem abordados: Informar aos bombeiros participantes, detalhes sobre os produtos aos quais foram potencialmente expostos, bem como sinais e sintomas que possam advir de um possvel contato com tais substncias;

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tambm de fundamental importncia que tais atendimentos sejam devidamente registrados em assentamento individual, a fim de resguardar posteriores problemas de sade; Equipamentos danificados, que requerero reparos ou substituio devem ser detectados nesse momento, assim como aqueles que necessitaro de uma descontaminao especializada.

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Captulo

1311 ROUPAS E EQUIPAMENTOS DE PROTEO


INDIVIDUAL - EPI

Todo o trabalho de salvamento deve, obrigatoriamente ser realizado com o uso dos equipamentos de proteo individual e respiratrio adequados. Equipamento de Proteo Individual (EPI) todo dispositivo de uso individual, de fabricao nacional ou estrangeira, destinado a proteger a sade e a integridade fsica do responsvel pelo atendimento da emergncia qumica. Os EPIs no reduzem o "risco e ou perigo", apenas adequam o indivduo ao meio e ao grau de exposio. A finalidade desse equipamento preservar a sade dos bombeiros em ambientes hostis, proporcionando proteo cutnea e respiratria. As roupas devem ser utilizadas em conjunto com a proteo respiratria. fundamental selecionar uma roupa confeccionada em material que apresente a maior resistncia possvel ao ataque de produtos qumicos. O estilo da roupa tambm importante e varia se o produto envolvido estiver presente no ar ou se a exposio pele (contato com o produto) for direta ou atravs de respingos. Outros critrios para seleo devem ser considerados, incluindo a probabilidade da exposio, facilidade de descontaminao, mobilidade com a roupa e durabilidade da roupa. Uma variedade de materiais de confeco est disponvel para a fabricao das roupas de proteo. Cada um desses materiais fornece um grau de proteo pele contra uma gama de produtos, mas nenhum material fornece a mxima proteo contra todos os produtos qumicos. A roupa de proteo selecionada deve ser confeccionada em material que fornea a maior resistncia contra o produto conhecido ou que possa estar presente. A seleo adequada da roupa de proteo pode minimizar o risco de

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exposio a produtos qumicos, mas no protege contra riscos fsicos tais como fogo, radiao e eletricidade. O uso de outros equipamentos de proteo tambm importante para fornecer completa proteo aos bombeiros. A proteo cabea fornecida por capacetes rgidos; proteo para os olhos e face por culos resistentes a impactos; a proteo aos ps e mos fornecida pelas botas e luvas resistentes a produtos qumicos.

1 1 .1

Roupas de Proteo a Substncias Qumicas


As roupas so classificadas quanto ao estilo, uso, material de confeco e nveis

de proteo:

11.1.1 Estilo

Roupa de Encapsulamento Completo Totalmente encapsulada, essa roupa confeccionada em pea nica que envolve (encapsula) totalmente o usurio. Botas, luvas e o visor esto integrados roupa, mas podem ser removveis. Se assim forem, essas partes so conectadas roupa por dispositivos que a tornam prova de gases e vapores. O zper deve fornecer perfeita vedao contra gases e vapores. Obrigatoriamente a roupa deve ser submetida a testes de presso para assegurar sua integridade e mxima proteo contra gases. A proteo respiratria e o ar respirvel so fornecidos por um conjunto autnomo de respirao com presso positiva interno roupa, ou por uma linha de ar mandado que mantm presso positiva dentro da mesma. A roupa de encapsulamento utilizada para, principalmente, proteger o usurio contra gases, vapores e partculas txicas no ar. Alm disso, protege contra respingos de lquidos. A proteo que a roupa fornece contra uma substncia qumica depende do material utilizado para a sua confeco. Uma vez que no existe ventilao, h sempre o perigo de acmulo de calor, podendo resultar numa situao de risco para o usurio. Devido complexidade, o usurio precisa ser auxiliado na colocao da roupa. H uma grande variedade de acessrios que podem ser

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utilizados em conjunto com esta roupa, visando dar conforto e praticidade operacional, como, por exemplo, colete para refrigerao, sistema de rdio e botas com tamanho dois nmeros acima do usual. Roupa no encapsulada: A roupa de proteo a substncias qumicas no encapsulada, normalmente chamada de roupa contra respingos qumicos, no apresenta a proteo facial como parte integrante. Um conjunto autnomo de respirao ou linha de ar pode ser utilizado externamente roupa. A roupa contra respingos pode ser de dois tipos: uma pea nica, do tipo macaco, ou conjunto de cala e jaqueta. Qualquer um dos tipos acima pode incluir um capuz e outros acessrios. A roupa no encapsulada no foi projetada para fornecer a mxima proteo contra gases, vapores e partculas, mas apenas para proteo contra respingos. Na verdade, a roupa contra respingos pode ser completamente vedada com a utilizao de fitas de vedao nos pulsos, tornozelos e pescoo no permitindo a exposio de qualquer parte do corpo; no entanto, tal roupa no considerada prova de gs.

11.1.2 Uso

Uma outra classificao quanto ao uso, que pode ser permanente ou descartvel. Geralmente as roupas descartveis apresentam um custo mais baixo, e podem ser usadas uma nica vez, sendo descartadas aps o uso. No caso das roupas de uso permanente, pode-se utiliz-las quantas vezes seu estado de conservao permitir.

11.1.3 Material de confeco

As roupas de proteo contra produtos qumicos tambm so classificadas de acordo com o material utilizado para a confeco. Todos os materiais podem ser agrupados em duas categorias: elastmeros e no elastmeros.

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Elastmeros: so materiais polimricos (como plsticos), que aps serem

esticados, retornam praticamente forma original. A maioria dos materiais de proteo pertence a esta categoria, que inclui: cloreto de polivinila (PVC), Neoprene, polietileno, borracha nitrlica, lcool polivinlico (PVA), viton, teflon, borracha butlica e outros. Os elastmeros podem ser colocados ou no em camadas sobre um material semelhante a pano. No elastmeros: so materiais que no apresentam a caracterstica da

elasticidade. Esta classe inclui o tyvek e outros materiais. H uma grande variedade de materiais de proteo. A relao abaixo apresenta os materiais mais comuns utilizados em roupas de proteo divididos em elastmeros e no elastmeros. Os termos "bom para" e "fraco para" representam dados para taxa de permeao e tempo de passagem atravs da roupa. Estes so normalmente recomendados; no entanto, existem muitas excees dentro de cada classe de substncias qumicas. Elastmeros:

Borracha Butlica

Eficiente:

- Bases e muitos orgnicos - Hidrocarbonetos alifticos e aromticos

Pouco Eficiente:

- Gasolina - Hidrocarbonetos halogenados

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Polietileno Clorado (CPE)

Eficiente: Pouco Eficiente: -

Hidrocarbonetos alifticos cidos e bases lcoois e fenis Abraso e oznio Aminas, steres, Cetonas Hidrocarbonetos halogenados Baixas temperaturas

Borracha Natural

Eficiente: Pouco Eficiente: -

lcoois cidos diludos bases Compostos orgnicos

Neoprene (Cloroprene)

Eficiente: Pouco Eficiente: -

Bases e cidos diludos Perxidos Combustveis e leos Hidrocarbonetos alifticos lcoois, glicis, fenis Abraso e resistncia ao corte Hidrocarbonetos halogenados, aromticos e cetonas

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Borracha Nitrlica

Eficiente: Pouco Eficiente: -

Fenis leos e combustveis lcoois, aminas, bases e perxidos Abraso e resistncia ao corte Hidrocarbonetos halogenados e aromticos Amidas e cetonas Baixas temperaturas

Nota: Quanto maior for a concentrao de acrilonitrila melhor ser a resistncia qumica, embora haja aumento na rigidez do material. Poliuretano

Eficiente: Pouco Eficiente: -

Bases lcoois Hidrocarbonetos alifticos Abraso e baixas temperaturas Hidrocarbonetos halogenados

lcool Polivinlico (PVA)

Eficiente: Pouco Eficiente: -

Quase todos os orgnicos Oznio steres, teres cidos e bases

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Cloreto de Polivinila (PVC)

Eficiente: Pouco Eficiente: -

cidos e bases Alguns orgnicos Aminas e perxidos Maioria dos compostos orgnicos Corte e calor

Viton

Eficiente: Pouco Eficiente: -

Hidrocarbonetos aromticos, alifticos e halogenados cidos Aldedos Cetonas steres (solventes oxigenados) Aminas

Teflon Tem sido utilizado em roupas de proteo, mas h pouca informao sobre permeao. Assim como o viton acredita-se que o teflon fornea excelente resistncia qumica contra a maioria das substncias. Misturas de materiais Os fabricantes de roupas de proteo desenvolveram uma tcnica que consiste em colocar diferentes tecidos em camadas de modo a melhorar a resistncia qumica. Assim, uma roupa projetada com mltiplas camadas. Alguns exemplos de roupas de

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encapsulamento total confeccionadas em camadas so vton/borracha butlica (Trelling), viton/neoprene (Vautex MSA e Drger) e borracha butlica/neoprene (Betex MSA). No Elastmeros

Tyvek (fibras de polietileno no entrelaadas)

Eficiente: Pouco Eficiente: -

Material particulado seco e ps Baixo peso Resistncia qumica (penetrao/degradao) Durabilidade

Nota: utilizado contra material particulado txico, mas no fornece proteo qumica; utilizado sobre outra roupa de proteo para prevenir a contaminao de itens no descartveis. Deve-se ressaltar que na escolha do material de proteo: No h material de proteo que seja impermevel; No h material que fornea proteo contra todas as substncias qumicas; Para certos contaminantes e misturas de substncias no h material disponvel que fornea proteo por mais de uma hora aps o contato inicial.

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11.1.4 Nveis de proteo

Os equipamentos destinados a proteger o corpo humano do contato com produtos qumicos foram divididos, pelos americanos (NFPA 471), em quatro nveis de acordo com o grau de proteo necessrio, conforme segue. Nvel A de proteo: Deve ser utilizado quando for necessrio o maior ndice de proteo respiratria, pele e aos olhos. composto de: aparelho autnomo de respirao com presso positiva ou linha de ar mandado, roupa de encapsulamento completo, luvas internas e externas e botas resistentes a produtos qumicos, capacete interno roupa e rdio. Figura 31 - Roupa Nvel A

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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Nvel B de proteo: Deve ser utilizado quando for necessrio o maior ndice de proteo respiratria, porm a proteo para a pele encontra-se num grau inferior. composto de: aparelho autnomo de respirao com presso positiva, roupa de proteo contra respingos qumicos confeccionada em 1 ou 2 peas, luvas internas e externas e botas resistentes a produtos qumicos, capacete e rdio. Figura 32 - Roupa Nvel B

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Nvel C de proteo Deve ser utilizado quando se deseja um grau de proteo respiratria inferior ao Nvel B, porm com proteo para a pele nas mesmas condies. composto de:aparelho autnomo de respirao sem presso positiva ou mscara facial com filtro qumico; roupa de proteo contra respingos qumicos confeccionada em 1 ou 2 peas; luvas internas e externas e botas resistentes a produtos qumicos;capacete; rdio.

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Figura 33 - Roupa Nvel C

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Nvel D de proteo Deve ser utilizado somente como uniforme ou roupa de trabalho e em locais no sujeitos a riscos ao sistema respiratrio ou a pele. Este nvel no prev qualquer proteo contra riscos qumicos. composto de: macaces, uniformes ou roupas de trabalho (EPI de bombeiro); botas ou sapatos de couro ou borracha resistentes a produtos qumicos; culos ou viseiras de segurana; capacete.

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Figura 34 - Roupa Nvel D

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

1 1 .2

Requisitos de Desempenho para Roupas de Proteo Qumica


Durabilidade: a capacidade de resistir ao uso, ou seja, a capacidade de resistir a perfuraes, abraso e rasgos. a resistncia inerente ao material; Flexibilidade: a capacidade para curvar ou dobrar. extremamente importante para luvas e roupas de proteo, pois influencia diretamente na mobilidade, agilidade e restrio de movimentos do usurio; Resistncia trmica: a capacidade de um material em manter sua resistncia qumica durante temperaturas extremas (principalmente altas), e permanecer flexvel em baixas temperaturas. Uma tendncia geral para a maioria dos materiais que altas temperaturas reduzem sua resistncia qumica enquanto que as baixas reduzem sua flexibilidade.

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Vida til: a capacidade de um material em resistir ao envelhecimento e deteriorao. Os fatores como tipo de produto, temperaturas extremas, umidade, luz ultravioleta, agentes oxidantes e outros, causam a reduo da vida til do material. Estocagem e cuidados adequados contra tais fatores podem ajudar na preveno do envelhecimento. Os fabricantes devem ser consultados com relao s recomendaes sobre o armazenamento da roupa.

Facilidade para limpeza: a habilidade para descontaminar efetivamente os materiais de proteo. a medida relativa da habilidade de um material em remover a substncia impregnada. Alguns materiais so, praticamente, impossveis de descontaminar, sendo ento importante cobri-los com vestimentas descartveis para prevenir a contaminao.

Projeto: a forma como uma roupa confeccionada e inclui o tipo e outras caractersticas. Atualmente uma variedade de modelos de roupas com caractersticas diversas so fabricadas, tais como: Encapsulamento completo ou no encapsulada; Uma, duas ou trs peas de roupa; Capuz, protetor facial, luvas e botas (soldadas ou no); Localizao do zper, botes e costuras (frontal, lateral e costas); Bolsos, colarinho e alas com velcro; Vlvulas de exalao e ventilao; Compatibilidade com o uso de proteo respiratria.

Tamanho: a dimenso fsica ou proporo da roupa. O tamanho est diretamente relacionado ao conforto e influencia na ocorrncia de acidentes

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fsicos desnecessrios. Roupas apertadas limitam a mobilidade do usurio, destreza e concentrao. Cor: roupas mais brilhantes facilitam o contato visual entre as equipes. Roupas de cores escuras (preto, verde) absorvem calor radiante de fontes externas e o transfere para o usurio aumentando os problemas relacionados ao calor. Custo: o custo da roupa de proteo varia consideravelmente. O custo, freqentemente, determina a seleo e freqncia de uso da roupa. Em muitas situaes, roupas descartveis, mais baratas, mais apropriadas e to seguras quanto as mais caras devem ser utilizadas. Resistncia qumica : A eficcia dos materiais na proteo contra produtos qumicos est baseada na sua resistncia a penetrao, degradao e permeao. Cada uma destas propriedades deve ser avaliada quando da seleo do estilo da roupa de proteo e do material que feita. Penetrao: o transporte do produto atravs de aberturas na roupa. Uma substncia pode penetrar devido ao projeto ou imperfeies na roupa. Pontos de costura, orifcios de botes, zperes e o prprio tecido podem permitir a penetrao do produto.Uma roupa bem projetada e confeccionada previne a penetrao atravs da existncia de zperes selados, juntas vedadas com fita colante e no utilizao de tecidos. Rasgos, furos, fissuras ou abraso roupa tambm permitem a penetrao. Degradao: uma ao qumica envolvendo uma ruptura molecular do material devido ao contato com uma substncia. A degradao evidenciada por alteraes fsicas do material. A ao do produto pode causar ao material a sua contrao ou expanso, torn-lo quebradio ou macio ou ainda alterar completamente suas propriedades qumicas. Outras alteraes incluem uma leve descolorao, superfcie spera ou pegajosa ou rachaduras no material. Tais alteraes podem aumentar a permeao ou permitir a penetrao do

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contaminante.Informaes sobre os testes de degradao para substncias especficas em classes de produtos esto disponveis nos fabricantes e fornecedores de roupas de proteo. Tais dados fornecem ao usurio uma taxa de resistncia degradao, a qual subjetivamente expressa como excelente, boa, fraca e pobre conforme mostra a tabela 1.Os dados de degradao podem ajudar na determinao da capacidade de proteo de um material mas no devem substituir os dados do teste de permeao. A razo para tal que um material com excelente resistncia degradao pode ser classificado como fraco em permeao. Portanto, degradao e permeao no esto diretamente relacionadas e no podem ser intercambiadas. Permeao: uma ao qumica envolvendo a movimentao de uma substncia, a nvel molecular, atravs de um material. um processo que envolve a soro (adsorso e absoro) de uma substncia na superfcie externa, difuso e desabsoro da substncia da superfcie interna do material de proteo.

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Quadro 6 - Eficcia dos materiais de proteo a degradao qumica (por classe de produto) Materiais Classe lcoois Aldedos Aminas steres teres Hidrocarbonetos halogenados Hidrocarbonetos cidos inorgnicos Borracha butlica E EB E-R B-R B-R B-F R-F B-R Cloreto de Neoprene Borracha polivinila (PVC) natural E B-R B-R F B B-F R E E F B E E E-B E-B B E-B B-R B-R E-B E B-R E-B E E E-R B-R R-F B-R R-F R-F R-F E E-R B-R E

Bases inorgnicas e E sais Cetonas Gordura leos natural E e B-R E

cidos orgnicos

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

E Excelente B Bom R Regular F Fraco

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1 1 .3

Seleo e Uso da Roupa de Proteo


A seleo da roupa de proteo mais adequada uma tarefa mais fcil quando o

produto qumico conhecido. A seleo torna-se mais difcil quando no se conhece o produto envolvido ou quando se trata de uma mistura de produtos, conhecidos ou no. Outra sria dificuldade no processo de seleo da roupa de proteo o fato de no haver informao disponvel sobre a qualidade da proteo oferecida pelos materiais utilizados na confeco da roupa contra a grande variedade de produtos qumicos existentes. O processo de seleo da roupa consiste em: Avaliar o ambiente em que os bombeiros iro trabalhar; Identificar o produto envolvido e determinar suas propriedades qumicas, fsicas e toxicolgicas; Avaliar se, concentrao conhecida ou esperada, a substncia representa algum risco pele; Selecionar a roupa de proteo confeccionada em tecido que fornea as menores taxas de permeao e degradao pelo maior perodo de tempo; Determinar se necessrio a roupa de encapsulamento completo ou no. Apesar das diversas variveis existentes, em muitas situaes ser possvel selecionar a roupa de proteo mais adequada baseado no cenrio e na experincia da equipe. Como exemplo encontram-se listadas abaixo algumas condies para a seleo do nvel de proteo mais apropriado.

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11.3.1 Escolha do Nvel A de Proteo

A substncia qumica for identificada e for necessrio o mais alto nvel de proteo para o sistema respiratrio, pele e olhos; Houver suspeita da presena de substncias com alto potencial de danos pele e o contato for possvel, dependendo da atividade a ser realizada; Forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilao; Leituras diretas em equipamentos de monitoramento indicarem concentraes perigosas de gases/vapores na atmosfera; por exemplo, valores acima do IDLH (concentrao imediatamente perigosa vida e sade). Observao: Em caso de dvida, ou desconhecimento do grau de exposio e/ou contaminao a que o bombeiro estar exposto, devero sempre ser utilizados os EPI's de proteo mxima (nvel A).

11.3.2 Escolha do Nvel B de Proteo

O produto envolvido e sua concentrao forem identificados e requererem um alto grau de proteo respiratria sem, no entanto, exigir esse nvel de proteo para a pele; por exemplo, atmosferas contendo concentrao de produto ao nvel do IDLH sem oferecer riscos pele ou ainda quando no for possvel utilizar mscaras com filtro qumico para aquela concentrao e pelo tempo necessrio para a atividade a ser exercida; Concentrao de oxignio no ambiente for inferior a 19,5% em volume; For pouco provvel a formao de gases ou vapores em altas concentraes de forma que possam ser danosas pele.

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11.3.3 Escolha do Nvel C de Proteo

A concentrao de oxignio no ambiente no for inferior a 19,5% em volume; O produto for identificado e a sua concentrao puder ser reduzida a um valor inferior ao seu limite de tolerncia com o uso de mscaras filtrantes; A concentrao do produto no for superior ao IDLH; O trabalho a ser realizado no exigir o uso de mscara autnoma de respirao.

11.3.4 Escolha do Nvel D de Proteo

No houver contaminante presente na atmosfera; No houver qualquer possibilidade de respingos, imerso ou risco potencial de inalao de qualquer produto qumico. Conforme pode ser observado o nvel de proteo utilizado pode variar de acordo com o trabalho a ser realizado. No entanto, para a primeira avaliao do cenrio acidental o nvel mnimo de proteo recomendado o B. Cada nvel de proteo apresenta suas vantagens e desvantagens para utilizao. Geralmente, quanto maior o nvel de proteo maior o desconforto da roupa. A determinao do nvel de proteo deve estar fundamentada, primeiramente, na segurana do bombeiro sendo o objetivo principal fornecer-lhe a proteo mais adequada com a mxima mobilidade e conforto.

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Outros fatores devem ainda ser considerados na escolha do nvel de proteo mais adequado, entre eles: Fadiga produzida pelo peso e calor; Periodicidade do monitoramento; Deciso lgica, levando-se em conta os perigos e riscos; Condies atmosfricas; Funes diferenciadas fora da rea contaminada.

O monitoramento da concentrao de gs ou vapor presente na atmosfera tambm pode auxiliar na seleo do nvel de proteo mais adequado. A tabela 2 fornece o nvel de proteo de acordo com a concentrao de gs ou vapor desconhecido no ambiente. Quadro 7 - Nvel de proteo x concentrao de gs ou vapor desconhecido Concentraes de gs/vapor desconhecido Nvel de proteo recomendado (ppm) 0-5 5 - 500 500 - 1000 > 1000
Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

C B A Possvel perigo de exploso. No entre na rea.

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Quadro 8 - Critrios para escolha e uso de roupas de proteo TIPO Conjunto descartvel Roupa anichada MATERIAL TYVEK Nomex Amianto aluminizado PROTEO CONTRA Materiais ou locais infectados Altas temperaturas durante incndios Adentrar em reas com chamas e altas temperaturas Umidade e alguns Materiais particulados Respingos de cidos, bases e solventes RESTRIO GRAU DE PROTEO

No resistente a produtos qumicos Mdio No pode ser utilizada para fogo Mdio Pouca mobilidade desgaste do usurio Pouco resistente no deve ser utilizada com produtos qumicos Baixa resistncia qumica, dependendo do tecido sem confinamento Grande perodo de exposio a produtos cidos e alcalinos

Roupa anichada

Mximo

Capa

PVC

Baixo

Conjunto cala, jaqueta e capuz

PVC

Mdio

Macaco hermtico com capuz Macaco de encapsulamento

PVC PVC ou BUTIL Forado com poliamida e viton KEVLAN aluminizado

Respingos e Vapores cidos, bases e solventes Atmosfera altamente saturada de gases e vapores Atmosfera saturaDa com gases, Vapores e alta temperatura

Alto

Mximo

Mximo

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

Observao: Todos os trajes de proteo anteriormente apresentados, no devem "nunca" ser utilizados diretamente sobre a pele. Para situaes onde no se conhece o contaminante, porm atravs de equipamentos de monitoramento tal como um fotoionizador, pode ser estimar a concentrao de vapores na atmosfera, possvel selecionar um nvel de proteo mais apropriado.

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Quadro 9 - Vantagens e desvantagens dos nveis A, B e C de proteo Nveis de proteo A Vantagem Maior nvel de proteo. Requer pouco treinamento. Desvantagem Volumoso e desconfortvel. Acesso limitado autnoma. mscara limitado, mscara

Durao do uso especialmente com a autnoma. Custo inicial da roupa. Proteo incompleta pele

B Baixo custo e peso Longa vida til Fcil acesso autnoma a mscara -

No pode ser utilizada para substncias txicas pele e as substncias devem ser conhecidas. Necessita significativo treinamento antes do uso

Boa para atmosferas acima do IDLH desde que a substncia no seja txica pele Relativamente barata Fcil de usar Baixo peso Longa vida til

C -

Somente para atmosferas com concentrao de O2 maior que 19,5% em vol. O ambiente deve, obrigatoriamente, estar caracterizado e as substncias devem ser conhecidas e no txicas pele.

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

1 1 .4

Precaues Anteriores ao Uso da Roupa de Proteo


Antes de utilizar o Nvel A de proteo, devem ser tomadas as seguintes

precaues: Inspecionar a roupa quanto degradao qumica, abraso, fissuras, trincas e falhas nas costuras. Normalmente uma inspeo visual suficiente. Se houver dvida quanto integridade da roupa, esta dever ser submetida a testes de presso de acordo com a orientao do fabricante;

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Certificar-se que a roupa capaz de suportar a exposio s substncias envolvidas. Se no existirem dados sobre a taxa de permeao e o tempo de passagem do produto atravs da roupa, esta no dever ser utilizada;

Determinar o grau de mobilidade necessrio ao trabalho a ser realizado. Roupas de proteo Nvel A podem limitar os movimentos alm de no fornecerem boa visibilidade. Em alguns casos, uma roupa e seu material de confeco podem ser to restritivos mobilidade tornando uma atividade insegura. O problema normalmente mais severo com roupas mais pesadas, as quais so projetadas para fornecer um perodo maior de uso. Uma alternativa pode ser sacrificar parte do perodo de uso para ganhar em mobilidade selecionando uma roupa mais leve e confeccionada em material mais malevel;

Certificar-se que o usurio remova todos os objetos de uso pessoal, objetos pontiagudos, isqueiros e outros itens semelhantes antes de vestir a roupa. Qualquer objeto rgido no interior da roupa poder aumentar a probabilidade de danos. Isqueiros so preocupantes, pois pode gerar o acmulo de gases no interior da roupa, com o conseqente risco de combusto;

Considerar, no caso de uso de mscara autnoma, o tempo necessrio para vestir a roupa, aproximar e deixar o local, descontaminar e remover a roupa de proteo. Se o tempo total disponvel para o trabalho for impraticvel devido aos parmetros acima, ento dever ser utilizada uma linha de ar ao invs da mscara autnoma ou o trabalho com a roupa Nvel A dever ser dividido em diversas etapas;

Remover, o quanto antes, as substncias lquidas se houver contato direto com a roupa. A degradao e a permeao so significativamente aceleradas quando da exposio do material da roupa a lquidos;

Paralisar as atividades se o usurio sentir qualquer desconforto ou irritao. Em muitos casos esta sensao pode ser em conseqncia da transpirao ou

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meramente psicolgica. No entanto, pode ser a primeira indicao de defeito na roupa; Deixar o local quando da ocorrncia de qualquer desconforto, dificuldade respiratria, fadiga, nusea, aumento da pulsao e dor no peito; passar pela descontaminao e retirar todos os equipamentos de proteo. Muitas destas condies esto associadas ao calor e so indicadores do estresse por calor. A percepo do odor tambm um indicador de falha na vedao da roupa de proteo. Outros cuidados devem ainda ser adotados com relao roupa interna, a ser utilizada sob a roupa de encapsulamento, tais como: Proteo do usurio do contato com a roupa. O contato prolongado da roupa com a pele pode provocar incmodos que vo desde um desconforto at a sua irritao; A temperatura ambiente e a radiao solar tambm devem ser consideradas na seleo da roupa interna. Na maioria dos casos uma roupa de algodo o mais recomendado visto que este material tem a capacidade de absorver a transpirao. A temperatura no interior da roupa est, geralmente, bem acima da temperatura ambiente; Se o produto a ser manuseado apresentar riscos devido a sua baixa temperatura de ebulio, ento se deve utilizar sobre a roupa de encapsulamento uma roupa de proteo trmica. Por exemplo, a amnia ferve a -33C e qualquer contato com o lquido, mesmo que utilizando a roupa de encapsulamento, poder causar queimaduras por enregelamento (excesso de frio).

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1 1 .5

Luvas de Proteo s Substncias Qumicas


Nem sempre fcil decidir quanto luva mais adequada a ser utilizada para uma

determinada atividade. Antes da correta seleo da luva deve-se compreender algumas diferenas bsicas entre elas. Os materiais mais utilizados na confeco de luvas de proteo encontram-se listados abaixo: lcool polivinlico (PVA); Borracha natural; Borracha nitrlica (acrilonitrila e butadieno); Borracha butlica (isobutileno e isopreno); Cloreto de polivinila (PVC); Neoprene; Polietileno (PE); Poliuretano (PV); Viton.

A espessura do material de confeco da luva um fator importante a ser considerado no processo de seleo. Para uma dada espessura, o material (polmero) selecionado tem uma grande influncia no nvel de proteo fornecido pela luva. Para um polmero, uma maior espessura fornecer uma proteo melhor, se a subseqente perda de destreza (devido a espessura da luva) puder ser tolerada de forma segura, para aquela atividade. Aditivos so normalmente utilizados como matria-prima de modo a atingir as caractersticas desejadas do material. Devido a tal fato, h certa variao na resistncia qumica e no desempenho fsico de luvas confeccionadas com o mesmo polmero, mas de fabricantes distintos.

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Outros fatores de desempenho devem ser considerados quando da seleo de luvas de proteo, tais como a resistncia permeao, flexibilidade, resistncia a danos mecnicos e a temperatura. Da mesma forma que nas roupas de proteo, a seleo da luva deve levar em considerao tanto a permeao como a degradao do material.A permeao qumica pode ser compreendida de forma simples, atravs da comparao do que ocorre com um balo (bexiga) aps algumas horas. Embora no existam furos ou defeitos e o balo esteja bem selado, o ar contido no seu interior passa (permeia) atravs de suas paredes e escapa. Neste simples exemplo foi abordada a permeao de um gs, sendo que o princpio o mesmo para os lquidos, pois com estes a permeao tambm ocorre.Os testes de permeao so importantes, pois fornecem uma informao segura para o manuseio de substncias qumicas. Por muitos anos, a seleo de luvas baseou-se somente nos dados de degradao, mas algumas substncias permeiam rapidamente atravs de certos materiais os quais apresenta boa resistncia a degradao. Isto significa que os usurios podem ficar expostos mesmo quando acreditam que esto adequadamente protegidos. Os materiais de confeco da luva de proteo podem enrijecer, endurecer e tornarem-se quebradios, ou podem amolecer, enfraquecer e inchar muito alm do seu tamanho original. O comprimento de uma luva de proteo tambm outro aspecto a ser considerado no processo de seleo. O comprimento adequado depende do servio a ser realizado e do grau de proteo desejado. Inicialmente, muitos fabricantes de roupas hermticas (encapsuladas)

incorporaram as luvas como parte permanente da roupa de proteo. No entanto, esta no foi uma boa prtica visto que, a forma da luva, o tempo necessrio para o seu reparo e reposio quando da troca, e os procedimentos para a descontaminao eram afetados, reduzindo desta forma a disponibilidade da roupa.

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Atualmente, a maioria dos fabricantes fornece roupas de proteo de encapsulamento completo com luvas removveis. As luvas so conectadas roupa atravs da utilizao de anis de vedao, os quais tambm no permitem a passagem de gs e vapor para o interior da roupa.Em muitas situaes aconselhvel a utilizao de um par de luvas adicional, a ser colocado sobre a luva de proteo de modo a fornecer a segurana necessria de acordo com o servio a ser realizado. Tambm uma boa prtica de trabalho utilizar luvas descartveis (tipo cirrgicas) sob a luva de proteo visando aumentar o tato e a sensibilidade. Alguns tipos de roupas apresentam uma proteo especial contra respingos nas luvas e botas. Trata-se, na realidade, de uma segunda manga, a qual sobreposta luva ou bota de proteo.

1 1 .6

Botas de Proteo s Substncias Qumicas


At recentemente as botas de proteo comercialmente disponveis eram

confeccionadas somente em PVC ou borracha. Devido s necessidades do mercado, os fabricantes desses materiais vm desenvolvendo um elevado nmero de misturas de polmeros que so mais resistentes s substncias qumicas. Muitos problemas esto relacionados com a utilizao de novas misturas de polmeros devido ao complicado processo de moldagem por injeo para a fabricao das botas. Cuidados devem ser ainda observados quando as botas entram em contato com substncias qumicas, uma vez que estas podem agir como uma "esponja qumica" (absoro da substncia), resultando na exposio do usurio.As botas mais simples so produzidas atravs do processo de moldagem por injeo de nico estgio. O aspecto da bota semelhante s botas de borracha contra chuvas, e so fabricadas em neoprene e borracha butlica. Devido ao processo de nico estgio, o solado da bota feito com o mesmo material, sendo, no entanto, mais espesso. Isso significa que as caractersticas de trao e desgaste da sola no so as mais adequadas.De modo a fornecer um produto mais funcional e durvel, foi desenvolvido um processo de moldagem por injeo de dois estgios. Isso permite a fabricao de um

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produto de baixo peso na sua parte superior com um solado com alta resistncia ao desgaste e boa trao. Este processo tambm resulta numa bota mais apropriada e com uma maior resistncia qumica. Estas botas esto disponveis em PVC e PVC/borracha nitrlica. Botas confeccionadas mo esto disponveis em vrios tamanhos de modo a fornecer uma melhor adaptao e conforto. Estas botas so confeccionadas em estgios com um grande nmero de componentes, o que as tornam propensas a atuar como "esponja qumica". Outros estilos de botas esto disponveis, confeccionadas em neoprene e diversas formulaes de borracha. Todos os conceitos j apresentados em roupas e luvas (permeao, degradao, penetrao e outros) podem ser aplicados s botas, ressaltando-se apenas que a proteo oferecida por estas no somente devido ao material de confeco, mas tambm pela espessura do solado, o qual permite, para a maioria dos casos, um tempo de contato mais prolongado quando comparado a luvas e roupas confeccionadas com o mesmo material.

1 1 .7

Equipamentos de Proteo Respiratria para Atendimento a Emergncias Qumicas


O sistema respiratrio a principal via de contato com substncias nocivas.

Apesar de possuir defesas naturais, o grau de tolerncia do homem para exposio a gases txicos, vapores, partculas ou ainda a deficincia de oxignio, limitado. Algumas substncias podem prejudicar ou mesmo destruir partes do trato respiratrio, outras podem ser absorvidas pela corrente sangnea gerando danos aos demais rgos do corpo humano.Nos acidentes envolvendo produtos qumicos perigosos, onde a liberao de materiais txicos para a atmosfera pode gerar altas concentraes, fundamental a proteo das equipes de atendimento, pois muitas vezes os ndices de contaminantes no ar podem ser imediatamente letais.O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por um determinado produto qumico, as condies especficas do local e as limitaes do operador e dos equipamentos nortearo a seleo do sistema de proteo respiratria

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mais adequado para propiciar a segurana necessria s equipes de atendimento nas situaes emergenciais.

11.7.1 Riscos respiratrios

Risco respiratrio toda alterao das condies normais do ar atmosfrico que interfere no processo da respirao, gerando conseqentemente danos ao organismo humano.A presena de gases contaminantes, materiais particulados em suspenso no ar ou mesmo a variao da concentrao de oxignio no ar, representam riscos comumente encontrados pelas equipes empenhadas nos atendimentos aos episdios emergenciais envolvendo produtos qumicos perigosos.Os efeitos gerados pela exposio humana a tais condies vo desde a simples irritao das vias areas at o comprometimento das funes vitais ocasionando a morte.Para efeito deste trabalho sero abordados os riscos respiratrios, dividindo-os em dois grupos: a deficincia de oxignio e os contaminantes do ar atmosfrico. Antes de serem abordados os tpicos acima, uma breve explanao sobre a composio do ar e o consumo humano de oxignio, torna-se necessria. Composio do ar atmosfrico O ar atmosfrico, em condies normais, composto por gases para os quais o organismo humano est devidamente adaptado.A tabela abaixo apresenta o percentual em volume desses gases no ar, considerando-o isento de umidade.Composio do ar atmosfrico.

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Quadro 10 - Composio do ar atmosfrico Gases Nitrognio (N2) Oxignio (O2) Argnio (Ar) Volume (%) 78,10 20,93 0,9325

Dixido de Carbono (CO2) 0,03 Hidrognio (H2) Nenio (Ne) Hlio (He) Kriptnio (Kr) Xennio (Xe)
Fonte: Revista CIPA

0,01 0,0018 0,0005 0,0001 0,000009

Observao: A rigor no existe ar atmosfrico que no contenha umidade. Na presena de 1% de vapor d'gua, correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20, permanecem apenas 99% de ar seco. J, para 3% de vapor d'gua, correspondente a 100% de umidade relativa no ar a 24, tem-se uma parcela de 97% de ar seco. A temperatura do ar outro fator que o torna respirvel, pois alteraes extremas ocasionaro queimaduras ou congelamento das vias respiratrias e pulmes. Consumo de ar O consumo de ar pelo homem mensurado atravs do volume respiratrio por minuto. Esse consumo pode variar em funo da demanda de ar disponvel, do estado psicolgico e do esforo fsico desempenhado. Em qualquer uma dessas situaes so promovidas alteraes na profundidade da respirao, com aumento do volume respirado, e na freqncia respiratria com aumento dos ciclos (inspirao/expirao) por minuto, visando suprir a necessidade de oxignio do organismo.

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Deficincia de oxignio O volume parcial de oxignio em relao composio total do ar sempre constante (20,93%), porm em circunstncias especficas esse percentual pode sofrer reduo.Os efeitos dessa reduo sobre o organismo esto diretamente ligados presso exercida pelo oxignio sobre os alvolos pulmonares.Em termos gerais, pode-se dizer que o oxignio exerce uma presso sobre os alvolos, possibilitando a troca gasosa entre estes e as hemcias da corrente sangnea. Isto significa dizer que ao diminuir a quantidade de oxignio presente no ar tem-se menor presso alveolar. Com, isso o teor de oxignio nas hemcias menor, comprometendo a oxigenao dos demais tecidos e rgos, sendo que, paralelamente, h um incremento da taxa de CO2 na corrente sangnea e nas clulas dos tecidos.A presso parcial do oxignio (PPO2) tambm afetada pela presso atmosfrica total. Esta de 760 mmHg ao nvel do mar, sendo a PPO2 de 159 mmHg, condio esta considerada ideal para a respirao. H uma diminuio progressiva da presso total com o aumento da altitude. Altitudes superiores a 4240 metros so consideradas imediatamente perigosas vida e sade, j que neste nvel tem-se uma presso atmosfrica de 450 mmHg implicando numa PPO2 de 95 mmHg. Saliente-se que pessoas aclimatizadas s grandes altitudes no sofrem esses efeitos, pois o organismo realiza mudanas compensadoras nos sistemas cardiovascular, respiratrio e formador do sangue. O quadro abaixo que segue compara a reduo do volume de oxignio com a reduo da PPO2, ao nvel do mar, e seus efeitos sobre o homem.

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Quadro 11 - Concentrao de oxignio e os riscos para a sade Concentrao PPO2 (% volume) 20,9 a 16,0 16,0 a 12,0 (mmHg) 158,8 136,8 121,6 95,2 91,2 76,0 76,0 45,6 < 45,6 a Nenhum. a Perda da viso perifrica; aumento do volume respiratrio; acelerao do batimento cardaco, perda de ateno; perda de raciocnio e perda de coordenao. a Perda da capacidade de julgamento; coordenao muscular muito baixa; a ao muscular causar fadiga com danos permanentes ao corao; respirao intermitente. a Nusea e vmito; incapacidade de executar movimentos vigorosos; inconscincia seguida de morte. Respirao espasmdica; movimentos convulsivos; morte em minutos Efeitos

12, 0 a 10,0

10,0 a 6,0 < 6,0

Fonte: Revista CIPA

Por outro lado, em condies de presso atmosfrica elevada haver maior absoro sangnea dos gases que compem o ar e concomitantemente pelas clulas dos tecidos. Com a reduo da presso esses gases tendem a ser liberados, da os problemas de embolia gasosa e morte gerados pelo nitrognio quando da reduo brusca da presso. O aumento da presso atmosfrica por si s pode gerar danos como os descritos a seguir: a) b) Acima de 4 atmosferas*, o nitrognio causa efeitos narcticos; A 5 atmosferas, o oxignio, em concentrao normal, causa irritao nos pulmes; c) A 15 atmosferas, o ar pode ser tolerado por apenas 3 horas.

(*) 1 atmosfera = 1 bar = 760 mmHg (ao nvel do mar).

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Causas geradoras da deficincia de oxignio Neste item esto abordados os casos normalmente encontrados nos atendimentos emergenciais que podem ocasionar a reduo na concentrao de oxignio contida no ar. Embora cada cenrio tenha suas caractersticas particulares que devero ser observadas, podem-se adotar como causas bsicas da deficincia de oxignio, as descritas a seguir: A liberao acidental de gases, cuja densidade maior que a do ar atmosfrico, resulta em deslocamento do ar e, por conseguinte do oxignio nele contido. A tendncia para deposio desses gases ao nvel do solo expulsa o ar para os nveis mais altos, formando uma zona irrespirvel. So exemplos desses gases o GLP - gs liqefeito de petrleo e o cloro. Esse efeito potencializado quando ocorre em ambientes confinados, onde no h fontes de ventilao para promover a renovao de ar respirvel, criando-se uma atmosfera saturada e deficiente de oxignio. As caractersticas toxicolgicas do gs envolvido, embora relevantes, no so consideradas nesses casos, j que at mesmo os gases inertes podem gerar o deslocamento do ar. Gases liquefeitos sob presso, quando da mudana do estado lquido para o gasoso, tm normalmente altas taxas de expanso podendo deslocar o ar. o caso da amnia e do butadieno. Alguns gases podem concorrer para o decrscimo do volume de oxignio, especificamente por sua capacidade de reao com o mesmo, como o caso do monxido de carbono, monxido de nitrognio, dixido de nitrognio e o dixido de enxofre. Em atmosferas confinadas encontradas em galerias subterrneas de guas pluviais ou de redes de esgotos, desenvolvem-se microrganismos (bactrias e

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fungos) responsveis pela decomposio da matria orgnica presente nos despejos industriais e domsticos. No processo de decomposio o oxignio consumido, podendo gerar como subprodutos gases como o metano, sulfdrico e dixido de carbono que deslocam o oxignio. Os materiais orgnicos destes ambientes tambm esto sujeitos oxidao natural, contribuindo para a diminuio da concentrao de oxignio. Os despejos industriais podem conter gases que por si s deslocam o ar. A combusto de qualquer material provoca consumo de oxignio e emanao de gases que deslocaro o ar, sobretudo em ambientes confinados. Qualquer substncia sujeita oxidao num ambiente confinado, aps certo perodo de tempo, provoca a reduo de oxignio se no houver renovao do ar. Consideraes gerais Nos atendimentos s emergncias com produtos perigosos, utiliza-se como valor limite de segurana a concentrao, internacionalmente aceita de 19,5% em volume de oxignio, pois fica implcito que qualquer reduo na concentrao normal de oxignio, implica no aumento da concentrao de outro gs. Assim, a reduo de 1% em volume de oxignio no ar (equivalente a 10.000 ppm) representa um aumento de 1% em volume na concentrao de outra substncia, muitas vezes desconhecida, o que pode significar uma situao de alto risco. A avaliao quantitativa da concentrao de oxignio no ar fator preponderante na seleo dos mtodos eficazes de proteo respiratria. Aparelhos especficos fornecem o percentual em volume de oxignio em determinado ambiente. A anlise dos dados obtidos permite a identificao de condies prejudiciais ou mesmo letais ao homem.

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Ar respirvel em condies normais significa: 1. Conter, no mnimo, 18 % em oxignio; 2. Estar livre de substncias estranhas; 3. Estar na presso e temperatura que no causem leses ao organismo humano. Contaminantes: So todas substncias alheias composio normal do ar atmosfrico, que podem gerar irritaes ou danos ao organismo humano. Embora em muitos casos no sejam perceptveis viso e olfao, podem estar presentes nos vrios cenrios com que se deparam as equipes de emergncia. Os contaminantes so comumente divididos em dois grupos: os gasosos e os particulados, tambm conhecidos como aerodispersides. Contaminantes gasosos: So representados pelos gases propriamente ditos e pelos vapores. Os gases so substncias qumicas que se encontram no estado gasoso em presso e temperatura ambiente. Possuem grande mobilidade e misturam-se facilmente ao ar atmosfrico. Vapor o estado gasoso de substncias que em condies de presso e temperatura ambiente, so lquidas ou slidas. A emanao de vapor ocorre pelo aumento da temperatura ou pela reduo da presso. As defesas naturais das vias respiratrias oferecem certa proteo contra os riscos gerados pela inalao dessas substncias, quer seja atravs da filtragem de parte dos gases e vapores, como pela atuao do revestimento mucoso, onde sero absorvidos.

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Devido grande mobilidade das molculas gasosas, a penetrao no trato respiratrio facilitada, atingindo diretamente os alvolos onde so absorvidas pela corrente sangnea. Aerodispersides: Aerodisperside um termo usado para descrever os contaminantes na forma particulada (slida ou lquida). So pequenas partculas em suspenso no ar, muito maiores que uma molcula. Os danos que causam ao organismo quando inalados dependem de suas caractersticas, tais como: tamanho, forma, densidade e propriedades fsicas e qumicas. Apesar das defesas naturais do sistema respiratrio abordadas anteriormente, muitas partculas podem atingir as pores mais internas dos pulmes. Critrios de avaliao: A avaliao dos riscos representados pelos contaminantes feita com base nas aferies de concentrao obtidas por aparelhos de medio. Em algumas circunstncias, alm dos gases e vapores pode haver o risco associado a aerodispersides, quando devero ser adotadas medidas de segurana adicionais. Genericamente, pode-se dizer que os principais tpicos a serem observados quanto ao risco dos contaminantes, so: Tempo de exposio; Concentrao do contaminante; Toxicidade; Freqncia respiratria e capacidade pulmonar;

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Sensibilidade individual.

11.7.2 Tipos de Equipamentos de Proteo respiratria

Equipamentos de Proteo Respiratria so destinados a proteger o usurio dos riscos representados pela presena de contaminantes no ar ambiente. O mtodo pelo qual eliminam ou diminuem o risco respiratrio baseia-se fundamentalmente na utilizao de uma pea facial que isola o usurio do ar contaminado e de um sistema de purificao ou de suprimento de ar respirvel. O sistema de purificao consiste basicamente de um elemento filtrante que retm o contaminante e permite a passagem do ar purificado. J o sistema de suprimento de ar, fornece ar respirvel ou oxignio a partir de uma fonte independente da atmosfera contaminada. Para o tipo de trabalho desempenhado pelas equipes de atendimento emergencial do Corpo de Bombeiros permitido apenas o uso de equipamentos de suprimento de ar com presso positiva, ficando descartado o uso de equipamentos que utilizam o sistema de purificao (mscara filtrante), por no oferecerem o grau de segurana suficiente para tais trabalhos. Equipamentos de Proteo Respiratria com Sistema de Suprimento de Ar Independentes ou Autnomos Normalmente, so conjuntos autnomos portteis ou linhas que fornecem o ar necessrio ao usurio, independentemente das condies do ambiente de trabalho (grau de contaminao). Propiciam o isolamento do trato respiratrio do usurio da atmosfera contaminada.

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Figura 35 - Mscara com linha de ar fluxo contnuo:

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Figura 36 - Conjunto porttil autnomo

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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213

1 1 .8

Consideraes finais
Os Equipamentos de Proteo Individual, usualmente identificados pela sigla EPI,

formam um conjunto de recursos amplamente empregado para proteger a integridade fsica do bombeiro no exerccio de suas atividades. Neste sentido, de suma importncia que nas operaes de emergncia que envolva produtos qumicos, os EPIs sejam definidos a partir de critrios tcnicos, de acordo com os riscos apresentados pelos produtos envolvidos, tamanho do vazamento, locais atingidos e servios a serem realizados, aps a avaliao de campo dos especialistas. Os EPIs devem ser utilizados por bombeiros devidamente treinados e familiarizados com eles, uma vez que a escolha ou a utilizao errada pode acarretar conseqncias indesejveis. O ingresso em reas onde existam riscos de exploso, ocasionado por substncias perigosas deve ser realizado sempre por, no mnimo, duas pessoas devidamente protegidas, tendo suas atividades acompanhadas permanentemente por uma equipe de retaguarda. Em caso de dvida quanto s caractersticas dos produtos envolvidos e aos riscos que oferecem, deve-se evitar adentrar as reas consideradas perigosas. No entanto, se a gravidade da situao exigir a adoo de uma medida imediata, sempre se dever optar pela proteo mxima, ou seja proteo do crnio, roupas hermticas (incluindo luvas e botas soldadas) e conjunto autnomo de respirao com demanda por presso positiva. O uso dos EPIs poder levar a desgastes fsicos, principalmente as roupas que podero ocasionar a desidratao do usurio. Quando destas situaes, os bombeiros devem adotar aes prvias para evitar problemas fsicos que podem interferir na segurana da atividade desenvolvida.

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214

Todos os equipamentos de proteo devem ser higienizados e rotineiramente inspecionados, de forma minuciosa, para deteco de desgastes e possveis avarias. Um equipamento de proteo mal selecionado e/ou avariado, pode aumentar o risco de acidentes e no evit-los. Convm destacar, que no desenvolvimento de atividades emergenciais, alm dos riscos inerentes respectiva atividade, outros fatores devem ser considerados para a utilizao dos EPIs, tais como: O nvel de atividade fsica do usurio; As condies fsicas do usurio; O nvel de treinamento ou experincia que o usurio tem com tais equipamentos. Outro aspecto que deve ser levado em considerao diz respeito s roupas contaminadas durante o atendimento a situaes emergenciais com produtos qumicos, as quais devem ser descontaminadas ainda no local do atendimento, o que pode ser feito com o uso de mangueiras ou nebulizadores de gua antes que o usurio as retire. Este procedimento assegurar uma maior vida til e evitar que ocorra a contaminao das prprias pessoas que utilizarem estes equipamentos. Finalmente, vale lembrar que todo equipamento de proteo deve ser: Armazenado de modo que se evite seu dano por acidente; Guardado em local de fcil acesso; e

Inspecionado e reparado periodicamente, repondo-o sempre que necessrio.Todo o trabalho de salvamento deve, obrigatoriamente ser realizado com o uso dos equipamentos de proteo individual e respiratrio adequados.

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Captulo

12

12

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS PARA AEPP

Obedecendo a ordem estabelecida para as fases tticas no atendimento propriamente dito, apresentamos uma srie de materiais e equipamentos, necessrios s equipes que primeiro venham a chegar no local, bem como as equipes de interveno, para que possam desenvolver seus trabalhos de forma segura e com eficincia.

1 2 .1

Materiais de Identificao, Isolamento e Monitoramento


Binculo de Longo Alcance Aparelho Anemmetro Porttil

Figura 37 - Anemmetro e biruta

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

Caixa de Papel Tornassol Explosmetro e Oxmetro Tubos de Deteco de Gases e Vapores

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Lanterna Anti Exploso

12.2 Materiais de Conteno e Estancamento


Coletor de Amostras de Produtos Perigosos Balde em PVC Caneca de Alumnio Caixa de Reparos com Massa Vedante Caixa de Ferramentas Antifaiscantes Tampo de Neoprene e Conjunto Batoque

Figura 38 - Tampo de Neoprene e Conjunto Batoque

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP. 2005

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Caneco de Fibra de Vidro Caixa com Batoque de Madeira Caixa de Batoques de Borracha de Neoprene Caixa com Cintos Catracas

Figura 39 - Materiais de conteno e estancamento

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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Kit para Conteno de Vazamentos de Gs Cloro Figura 40 - Utilizao do kit Cloro

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Conjunto de Almofadas Inflveis em Borracha de Neoprene para Estancar Vazamentos Figura 41 - Conjunto de almofadas inflveis de borracha de neoprene

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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Cilindros Cnicos Inflveis Figura 42 - Cilindros cnicos inflveis em borracha de neoprene

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

Conjunto de Barreiras Absorventes

Figura 43 - Barreiras absorventes

Piscina Porttil para Conteno


Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2005

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12.3 Materiais Utilizados para a Descontaminao


Encerado em PVC Saco Plstico 200 litros P em PVC Vassouro P Antifaiscante Sacos de Cal Hidratada Absorvente Qumico Absorvente Natural Container ou Recipiente para P de Serra Container com Barrilha Container em PVC Bomba de Transbordo P Absorvente Aspirador de Lquido Chuveiro Porttil Luva Anti-corte Luva de Neoprene

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Luva de Borracha Nitrlica Luva de PVC Luva de Ltex Bota Vulcanizada Bota de Proteo Qumica

12.4 Kits Bsicos de Equipamentos para Viaturas de Primeiro Socorro


As emergncias envolvendo produtos perigosos, apesar de representarem apenas uma pequena parcela do total de atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros, oferecem um enorme risco vida, ao meio ambiente e, principalmente, aos que trabalham durante a ocorrncia. A viatura PP (Produtos Perigosos) ideal para esse tipo de atendimento, pois equipada com os materiais citados no item 14.1. No entanto, quase sempre esta no a primeira viatura a chegar ao local da ocorrncia. Visando garantir a segurana da primeira guarnio no local, bem como possibilitar que todos os Postos de Bombeiros do Estado estejam aptos ao AEPP, faz-se necessria a implementao de Kits Bsicos de materiais e equipamentos. Para tanto, os kits foram divididos em trs tipos, a serem empregados de acordo com a necessidade e a demanda de cada Posto de Bombeiros, que sero classificados de acordo com o grau de risco a que esto expostos. Para efeito de classificao, analisar-se- a localizao de cada Posto em relao a: Rodovias, avenidas ou ferrovias com alto ndice de acidentes envolvendo produtos perigosos;

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222

Proximidade de plos petroqumicos ou de indstrias que manipulem produtos perigosos; Possibilidade de apoio especializado rpido. Assim, prope-se a adoo de trs graus de risco para efeito de adequao e distribuio de equipamentos, conforme segue: Baixo risco; Alto risco com apoio rpido; Alto risco sem apoio rpido.

Os Postos de Bombeiros considerados de baixo risco so aqueles localizados em regies no industrializadas dos grandes centros urbanos, distantes de indstrias que manipulem produtos perigosos e distantes de avenidas, rodovias ou ferrovias com grande trfego e alto ndice de acidentes envolvendo PP. Os Postos de Bombeiros de alto risco com apoio rpido so aqueles localizados prximos de regies industrializadas de grandes centros urbanos, prximos de indstrias que manipules produtos perigosos, prximos a avenidas, rodovias ou ferrovias com grande trfego e alto ndice de acidentes envolvendo PP e prximos a outros postos que disponham de apoio especializado. Os Postos de Bombeiros de alto risco sem apoio rpido so aqueles localizados prximos a plos petroqumicos ou indstrias que manipulem produtos perigosos prximos a rodovias ou ferrovias com grande trfego e alto ndice de acidentes envolvendo PP e distantes de outros postos que disponham de apoio especializado. Considera-se como apoio especializado as viaturas do tipo PP, ASE e ABS, desde que equipadas e guarnecidas por bombeiros treinados.

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223

Como

exemplos,

sero

classificados

alguns

Postos

de

Bombeiros

pertencentes a diversas regies do estado, conforme a tabela seguinte: Quadro 12 - Classificao dos graus de risco dos Postos de Bombeiros Posto Cidade Indstria Qumica No Sim No No No Sim Apoio Rodovia, ferrovia ou avenida No Sim Sim No No Sim Sim Sim No No No Sim Classificao

Campos Elseos Vila Nomia Registro Olmpia Jales Casa Verde

So Paulo Mau Registro Olmpia Jales So Paulo

Baixo Risco Alto Risco com apoio Alto Risco sem Apoio Baixo risco Baixo Risco Alto Risco sem Apoio

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2002

12.4.1 Adequao do kit para conteno de vazamentos

Aps a anlise das diversas informaes obtidas atravs da pesquisa realizada sobre as principais formas de transporte de produtos perigosos e estabelecimento dos graus de risco, definir-se-o os tipos e as capacidades dos equipamentos de conteno de vazamentos. Ser denominado o conjunto de equipamentos e materiais de conteno como kit para conteno de vazamentos de produtos perigosos.

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224

12.4.2 Tipos e capacidades dos kits para conteno

Entende-se como ideal o dimensionamento dos kits, levando-se em considerao a capacidade de conteno de cada conjunto, em relao ao grau de risco de cada localidade. Empresas especializadas no assuntos tambm adotam tal critrio,

relacionando a capacidade de conteno dos kits, com o volume potencial do vazamento do local onde sero empregados. No h como prever o volume de vazamentos que possam ocorrer em provveis acidentes, em todos os pontos de estado de So Paulo, e, por essa razo, indicar-se- a criao de trs tipos de kits, buscando possibilitar guarnio as condies mnimas para um atendimento eficiente e seguro. As viaturas destinadas a este atendimento, baseadas nos diversos Postos de Bombeiros, devero receber equipamentos para conteno, de acordo com os riscos a que estiverem submetidas. Os kits sero classificados em trs tipos, de acordo com suas capacidades de conteno, disponibilidade no mercado e indicao, conforme a prxima tabela. Quadro 13 - Tipos de kits de conteno
TIPO DO KIT 1 2 3 CAPACIDADE INDICAO

20 LITROS 40 LITROS 80 LITROS (40 + 40)

Baixo risco Alto risco com apoio Alto risco sem apoio

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2002

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225

12.4.3 Composio dos kits para conteno de vazamentos

Os kits para conteno de vazamentos de produtos perigosos sero compostos dos seguintes materiais: Kit tipo 1 Um contentor em PVC com capacidade para 20 litros, estanque e resistente a corrosivos e hidrocarbonetos; Quatro barreiras cilndricas absorventes para lquidos em geral,

construdas em polipropileno, resistentes a corrosivos e hidrocarbonetos, nas dimenses de 3x1,2 m; Dezesseis mantas absorventes construdas em polipropileno, para absoro de lquidos em geral, resistente a corrosivos e hidrocarbonetos, retangulares, medindo 40 cm x 45 cm x 9 mm; Dois sacos de polietileno com capacidade para 40 litros, com espessura mnima de 0,7 mm; Uma p de material sinttico anti-faiscante com resistncia qumica a corrosivos e resistncia mecnica para remoo de resduos slidos; Um conjunto de ferramentas de sapa contendo p metlica, enxada, enxado e picareta; Um conjunto de cunhas e batoques de madeira e borracha, de diversos tamanhos e bitolas para estancamento de pequenos vazamentos; Um macete de borracha.

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Figura 44 - Kit tipo 1

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2002

Kit tipo 2 Um contentor em PVC com alas e tampas, com capacidade para 40 litros, estanque e resistente a corrosivos e hidrocarbonetos; Quatro barreiras cilndricas absorventes para lquidos em geral,

construdas em polipropileno, resistentes a corrosivos e hidrocarbonetos, nas dimenses de 3x1,2 m; Dezesseis mantas absorventes construdas em polipropileno, para absoro de lquidos em geral, resistente a corrosivos e hidrocarbonetos, retangulares, medindo 40 cm x 45 cm x 9 mm; Quatro sacos de polietileno com capacidade para 40 litros, com espessura mnima de 0,7 mm; Uma p de material sinttico anti-faiscante com resistncia qumica a corrosivos e resistncia mecnica para remoo de resduos slidos; Um conjunto de ferramentas de sapa contendo p metlica, enxada, enxado e picareta; Um conjunto de cunhas e batoques de madeira e borracha, de diversos tamanhos e bitolas para estancamento de pequenos vazamentos; Um macete de borracha.

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Kit tipo 3 Dois contentores em PVC com alas e tampas, com capacidade para 40 litros cada, estanques e resistentes a corrosivos e hidrocarbonetos; Oito barreiras cilndricas absorventes para lquidos em geral, construdas em polipropileno, resistentes a corrosivos e hidrocarbonetos, nas dimenses de 3x1,2 m; Trinta e duas mantas absorventes construdas em polipropileno, para absoro de lquidos em geral, resistente a corrosivos e hidrocarbonetos, retangulares, medindo 40 cm x 45 cm x 9 mm; Oito sacos de polietileno com capacidade para 40 litros, com espessura mnima de 0,7 mm; Duas ps de material sinttico anti-faiscante com resistncia qumica a corrosivos e resistncia mecnica para remoo de resduos slidos; Um conjunto de ferramentas de sapa contendo p metlica, enxada, enxado e picareta; Um conjunto de cunhas e batoques de madeira e borracha, de diversos tamanhos e bitolas para estancamento de pequenos vazamentos; Um macete de borracha.

12.4.4 Materiais de Proteo

To importante quanto os equipamentos de conteno e neutralizao, a proteo individual do bombeiro, devendo a primeira viatura no local, possuir as seguintes condies mnimas para um atendimento com segurana: Roupas de proteo Para a definio da quantidade de roupas por viatura, utilizar-se- o mesmo critrio usado para o kit de conteno, em que foram analisados os fatores de locais com elevado grau de risco de acidentes e possibilidade de acesso rpido. A tabela abaixo estabelece os tipos e quantidades de roupas de proteo, conforme o kit de conteno de vazamento e o risco de acidentes:

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Quadro 14 - Distribuio mnima de roupas de proteo TIPO DO KIT DE CONTENO 1 2 3 QUANTIDADE E TIPO DE ROUPA INDICAO NVEL A 02 NVEL B 02 02 02 Baixo risco Alto risco com apoio Alto risco sem apoio

Fonte: Corpo de Bombeiros da PMESP.2002

Luvas e botas de proteo Em complementao s roupas, devero ser disponibilizadas para o primeiro socorro, luvas e botas de proteo, indicadas para o manuseio de produtos perigosos. As quantidades relacionadas abaixo so indicadas para os vrios graus de risco previstos na adequao do kit para conteno de vazamentos: Quatro pares de luvas de proteo de PVC, tamanho grande; Dois pares de luvas de proteo PVA, tamanho grande; Quatro pares de luvas de neoprene, tamanho grande; Uma caixa de luvas de procedimentos de ltex; Cinco pares de luvas de raspa; Quatro pares de botas de PVC.

Equipamentos de proteo respiratria Os equipamentos de proteo respiratria so fundamentais para a proteo das primeiras guarnies a chegar em um local de ocorrncia envolvendo produtos perigosos. Para as guarnies baseadas em locais de alto risco e distantes de apoio operacional, a viatura dever ser equipada, no mnimo, com quatro conjuntos de mscaras autnomas.

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Relao de materiais de neutralizao e limpeza Aos trs tipos de kits para conteno de vazamentos, sero includos nas mesmas quantidades, os seguintes materiais: Dois vassoures de piaava com bitola mnima de 50 mm; Quatorze kg de composto de turfa ou p de celulose, para bioremediao de hidrocarbonetos; Cinqenta kg de barrilha ou vermiculita acondicionados em sacos reforados, para neutralizao de pequenos vazamentos.

Outros materiais Alm dos j relacionados, a viatura equipada com o kit bsico dever possuir os seguintes materiais para o atendimento a emergncias envolvendo produtos perigosos: Duas lanternas intrinsecamente seguras; Um binculo 12x50; Uma caixa de cartes reagentes para medio de ph; Um guia da ABIQUIM atualizado; Dois rolos de 50 metros de fita plstica zebrada, nas cores amarela e preta; Uma lona plstica de 3x4 m ; Cinco cones de sinalizao; Um extintor de PQS 20-B:C; Quatro bombonas de LGE tipo AFFF; Um proporcionador de espuma tipo K-400 e esguicho lanador.

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HS

Hidrosuprimentos.

Equipamentos

para

Hidrogeologia

Engenharia

Ambiental.

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O CONTEDO DESTE MANUAL TCNICO ENCONTRASE SUJEITO REVISO, DEVENDO SER DADO AMPLO CONHECIMENTO A TODOS OS INTEGRANTES DO CORPO DE BOMBEIROS, PARA APRESENTAO DE SUGESTES POR MEIO DO ENDEREO ELETRNICO [email protected]

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