Notas de Topologia, Mujica

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Notas de Topologia Geral Jorge Mujica

Disciplina ministrada no IMECC-UNICAMP durante o primeiro semestre de 2005

Sumrio a

1. Teoria de conjuntos................................................................1 2. Espaos mtricos....................................................................4 c e 3. Espaos topolgicos................................................................7 c o 4. Aderncia e interior de um conjunto......................................9 e 5. Sistemas de vizinhanas........................................................12 c 6. Bases para os abertos............................................................16 7. Subespaos............................................................................18 c 8. Funes cont co nuas.................................................................20 9. Produtos innitos e o axioma da escolha.............................23 10. O espao produto...............................................................25 c 11. O espao quociente.............................................................29 c 12. Convergncia de seqncias................................................32 e ue 13. Convergncia de redes........................................................34 e 14. O lema de Zorn e o teorema de Zermelo............................38 15. Convergncia de ltros.......................................................42 e 16. Espaos de Hausdor..........................................................47 c 17. Espaos regulares................................................................50 c 18. Espaos normais.................................................................52 c 19. Espaos completamente regulares.......................................58 c 20. Primeiro e segundo axioma de enumerabilidade.................63 21. Espaos compactos.............................................................69 c 22. Espaos localmente compactos...........................................76 c 23. A compacticao de Alexandro......................................79 ca 24. A compacticao de Stone-Cech.......................................81 ca 25. Espaos metrizveis............................................................84 c a 26. Espaos conexos..................................................................87 c 27. Componentes conexas.........................................................91 28. Espaos conexos por caminhos............................................93 c 29. Homotopia...........................................................................96 30. O grupo fundamental..........................................................99 31. O grupo fundamental do c rculo unitrio..........................103 a Bibliograa..............................................................................108

1. Teoria de conjuntos Dados dois conjuntos A e B, diremos que A subconjunto de B, e escrevere emos A B, se cada elemento de A pertence a B, ou seja se x A implica x B. Diremos que A igual a B, e escreveremos A = B, se A e B tem os mesmos e elementos, ou seja se A B e B A. A unio, a interseo, e a diferena de dois conjuntos A e B denida por a ca c e A B = {x : x A ou x B}, A B = {x : x A e x B}, A \ B = {x : x A e x B}. / Se estamos considerando subconjuntos de um conjunto xo X, ento o conjunto a X \ A chamado de complementar de A em X, e denotado por Ac . e e A unio e a interseo de uma fam de conjuntos Ai (i I) denida por a ca lia e Ai = {x : x Ai para algum i I},
iI

Ai = {x : x Ai para todo i I}.


iI

Dado um conjunto X, P(X) denota o conjunto formado pelos subconjuntos de X, ou seja P(X) = {A : A X}. denota o conjunto vazio. N denota o conjunto dos nmeros naturais, ou u seja o conjunto dos inteiros positivos. Z denota o conjunto dos inteiros. Q denota o conjunto dos nmeros racionais. R denota o conjunto dos nmeros u u reais. C denota o conjunto dos nmeros complexos. u O produto cartesiano X Y de dois conjuntos X e Y o conjunto dos pares e ordenados (x, y) tais que x X e y Y . O produto cartesiano X1 ... Xn de n conjuntos X1 ,...,Xn o conjunto das n-tuplas (x1 , ..., xn ) tais que xi Xi e para i = 1, ..., n. Escreveremos X n em lugar de X ... X (n vezes). Uma funo ou aplicao f de X em Y , denotada por f : X Y , ca ca e uma regra que associa a cada elemento x X um unico elemento f (x) Y . O conjunto X chamado de dom e nio de f . O conjunto Y chamado de e contradom nio de f . f dita injetiva se f (x1 ) = f (x2 ) implica x1 = x2 . f dita sobrejetiva se e e para cada y Y existe x X tal que f (x) = y. f dita bijetiva se injetiva e e e sobrejetiva. Se f : X Y bijetiva, a funo inversa f 1 : Y X denida e ca e por f 1 (y) = x se f (x) = y. O grco de f o conjunto a e Gf = {(x, y) X Y : y = f (x)}.

Dados A X e B Y , a imagem de A e a imagem inversa de B so os a conjuntos f (A) = {y Y : y = f (x) para algum x A}, f 1 (B) = {x X : f (x) B}. Dadas duas aplicaes f : X Y e g : Y Z, a aplicao composta co ca g f : X Z denida por g f (x) = g(f (x)) para todo x X. e Uma relao R num conjunto X um subconjunto R de X X. Com ca e freqncia escreveremos xRy se (x, y) R. ue Uma relao R em X dita reexiva se xRx para todo x X. R dita ca e e simtrica se xRy implica yRx. R dita transitiva se xRy e yRz implicam e e xRz. Diremos que R uma relao de equivalncia se R reexiva, simtrica e ca e e e e transitiva. Exerc cios 1.A. Se Ai X para cada i I, prove las leis de De Morgan: (a) X\
iI

Ai =
iI

(X \ Ai ). (X \ Ai ).
iI

(b)

X\
iI

Ai =

1.B. Seja f : X Y uma aplicao. Dados B Y e Bi Y para cada ca i I, prove que: (a) f 1 ( Bi ) = f 1 (Bi ).
iI iI

(b) (c)

(
iI

Bi ) =
iI

f 1 (Bi ).

f 1 (Y \ B) = X \ f 1 (B).

1.C. Seja f : X Y uma aplicao. Dados A X e Ai X para cada ca i I, prove que: (a) f ( Ai ) = f (Ai ).
iI iI

(b)

f(
iI

Ai )
iI

f (Ai ), com igualdade se f for injetiva.

(c) (c )

f (X \ A) Y \ f (A) se f for injetiva. f (X \ A) Y \ f (A) se f for sobrejetiva.

1.D. (a) D exemplo de uma aplicao f : X Y e conjuntos A1 , A2 X e ca tais que f (A1 A2 ) = f (A1 ) f (A2 ). (b) D exemplo de uma aplicao f : X Y e um conjunto A X tal que e ca f (X \ A) = Y \ f (A). 1.E. Seja f : X Y uma aplicao. Dados A X e B Y , prove que: ca (a) (b) A f 1 (f (A)), com igualdade se f for injetiva. f (f 1 (B)) B, com igualdade se f for sobrejetiva.

1.F. (a) D exemplo de uma aplicao f : X Y e um conjunto A X tal e ca que A = f 1 (f (A)). (b) D exemplo de uma aplicao f : X Y e um conjunto B Y tal que e ca f (f 1 (B)) = B. 1.G. Sejam f : X Y e g : Y X aplicaes tais que g f (x) = x para co todo x X. Prove que f injetiva e g sobrejetiva. e e

2. Espaos mtricos c e 2.1. Denio. Seja X um conjunto. Uma funo d : X X R ca ca e chamada de mtrica se verica as seguintes propriedades para x, y, z X: e (a) d(x, y) 0; (b) d(x, y) = 0 se e s se x = y; o (c) d(x, y) = d(y, x); (d) d(x, z) d(x, y) + d(y, z); A desigualdade (d) chamada de desigualdade triangular. O par (X, d) e e chamado de espao mtrico. Com freqncia falaremos do espao mtrico X em c e ue c e lugar do espao mtrico (X, d). c e 2.2. Exemplos. (a) X = R, d(x, y) = |x y|. (b) X = Rn , d(x, y) = (c) X = Rn , d(x, y) =
n n j=1 (xj n j=1

yj )2 . Esta a mtrica euclideana. e e

|xj yj |.

(d) X = R , d(x, y) = max{|x1 y1 |, ..., |xn yn |}. Em (b),(c) e (d), x = (x1 , ..., xn ), y = (y1 , ..., yn ). (e) Se X um conjunto qualquer, ento a mtrica d : X X R denida e a e por d(x, y) = 1 se x = y e d(x, y) = 0 se x = y, chamada de mtrica discreta. e e (f) Seja (X, d) um espao mtrico, e seja S X. Ento S um espao c e a e c mtrico com a mtrica induzida dS , ou seja dS (x, y) = d(x, y) para todo x, y S. e e 2.3. Denio. Seja X um espao mtrico. Dados a X e r > 0, ca c e consideremos os conjuntos B(a; r) = {x X : d(x, a) < r}, B[a; r] = {x X : d(x, a r}. O conjunto B(a; r) chamado de bola aberta de centro a e raio r. O conjunto e B[a; r] chamado de bola fechada de centro a e raio r. e 2.4. Denio. Seja X um espao mtrico. Um conjunto U X dito ca c e e aberto em X se para cada a U existe r > 0 tal que B(a; r) U . Um conjunto F X dito fechado em X se X \ F aberto. e e 2.5. Exemplos. (a) Cada bola aberta um subconjunto aberto. e (b) Cada bola fechada um subconjunto fechado. e Demonstrao. (a) Seja x B(a; r). Usando a desigualdade triangular ca e fcil vericar que a B(x; r d(x, a)) B(a; r), e portanto B(a; r) aberto. e 4

(b) Para provar que B[a; r] fechado, basta provar que X \ B[a; r] aberto. e e Seja x X \ B[a; r]. Usando a desigualdade triangular no dif provar, por a e icil absurdo, que B(x; d(x, a) r) X \ B[a; r], e portanto X \ B[a; r] aberto. e 2.6. Proposio. Seja X um espao mtrico. Ento: ca c e a (a) e X so abertos. a (b) A unio de uma fam arbitrria de abertos um aberto. a lia a e (c) A interseo de uma fam nita de abertos um aberto. ca lia e Demonstrao. (a) claro. ca e (b) Seja Ui aberto em X para cada i I, e seja a iI Ui . Ento a Ui0 a para algum i0 I. Como Ui0 aberto, existe r > 0 tal que B(a; r) Ui0 . Logo e B(a; r) iI Ui e iI Ui aberto. e (c) Seja Ui aberto em X para cada i I, sendo I nito. Seja a iI Ui , ou seja a Ui para cada i I. Para cada i I existe ri > 0 tal que B(a; ri ) Ui . Seja r = miniI ri . Segue que B(a; r) iI Ui e iI Ui aberto. e 2.7. Corolrio. Seja X um espao mtrico. Ento: a c e a (a) X e so fechados. a (b) A interseo de uma fam arbitrria de fechados um fechado. ca lia a e (c) A unio de uma fam nita de fechados um fechado. a lia e Demonstrao. Basta aplicar a Proposio 2.6 e as leis de De Morgan. ca ca 2.8. Denio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos mtrico. Diremos ca c e que f cont e nua num ponto a X se dado > 0, podemos achar > 0 tal que dX (x, a) < implica dY (f (x), f (a)) < , ou seja f (BX (a; )) BY (f (a); ). Diremos que f cont e nua se for cont nua em cada ponto de X. Denotaremos por C(X; Y ) o conjunto de todas as funes cont co nuas f : X Y . Se Y = R, escreveremos C(X) em lugar de C(X; R). 2.9. Proposio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos mtricos. Ento ca c e a f cont e nua num ponto a X se e s se, para cada aberto V de Y contendo o f (a), existe um aberto U de X contendo a tal que f (U ) V . Demonstrao. (): Seja V um aberto de Y contendo f (a). Seja > 0 ca tal que BY (f (a); ) V . Por hiptese existe > 0 tal que f (BX (a; )) o BY (f (a); ). Logo basta tomar U = BX (a; ). (): Dado > 0, seja V = BY (f (a); ). Por hiptese existe um aberto U o de X contendo a tal que f (U ) V . Seja > 0 tal que BX (a; ) U . Segue que f (BX (a; )) BY (f (a); ).

2.10. Proposio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos mtricos. Ento ca c e a as seguintes condies so equivalentes: co a (a) f cont e nua. (b) f 1 (V ) aberto em X para cada aberto V de Y . e (c) f 1 (B) fechado em X para cada fechado B de Y . e Demonstrao. (a) (b): Seja V um aberto de Y . Pela Proposio 2.9, ca ca para cada a f 1 (V ), existe um aberto Ua de X contendo a tal que f (Ua ) V , ou seja Ua f 1 (V ). Segue que f 1 (V ) = {Ua : a f 1 (V )}

aberto em X. e (b) (a): Basta provar que f cont e nua em cada a X. Seja a X, e seja V um aberto de Y contendo f (a). Por hiptese f 1 (V ) um aberto de o e cio 1.G. Pela Proposio 2.9 f ca e X contendo a, e f (f 1 (V )) V pelo Exerc cont nua em a. A equivalncia (b) (c) conseqncia direta do Exerc 1.B(c). e e ue cio Exerc cios 2.A. Prove que as seguintes funes so mtricas em C[a, b]: co a e (a) d(f, g) = sup{|f (x) g(x)| : a x b}. b (b) d(f, g) = a |f (x) g(x)|dx. 2.B. Seja X um espao mtrico. c e (a) Prove a desigualdade |d(x, a) d(y, a)| d(x, y) para todo x, y, a X. (b) Prove que, para cada a X a funo x X d(x, a) R cont ca e nua. (c) Prove que a esfera S(a; r) = {x X : d(x, a) = r} um subconjunto fechado. e 2.C. Seja X um espao mtrico, e seja S X, com a mtrica induzida. c e e (a) Dados a S e r > 0, prove que BS (a; r) = S BX (a; r). (b) Prove que um conjunto U S aberto em S se e s se existe um aberto e o V de X tal que U = S V . 2.D. Seja X = R, e seja S = Z, com a mtrica induzida. Prove que cada e subconjunto de S aberto em S. e 2.E. (a) D exemplo de uma seqncia de abertos de R cuja interseo no e ue ca a seja um aberto. (b) D exemplo de uma seqncia de fechados de R cuja unio no seja um e ue a a fechado.

3. Espaos topolgicos c o 3.1. Denio. Seja X um conjunto. Chamaremos de topologia em X ca uma fam de subconjuntos de X com as seguintes propriedades: lia (a) e X pertencem a . (b) A unio de uma fam arbitrria de membros de pertence a . a lia a (c) A interseo de uma fam nita de membros de pertence a . ca lia Os membros de so chamados de abertos. O par (X, ) chamado de a e espao topolgico. Com freqncia diremos que X um espao topolgico. c o ue e c o 3.2. Exemplos. (a) Se (X, d) um espao mtrico, ento segue da Proposio 2.6 que os e c e a ca abertos de (X, d) formam uma topologia d em X. (b) Se X = Rn , ento a topologia d dada pela mtrica euclideana a e
n

d(x, y) =
j=1

(xj yj )2

chamada de topologia usual. e (c) Seja X um conjunto qualquer, e seja a fam de todos os subconjuntos lia de X. Claramente uma topologia em X, chamada de topologia discreta. e (d) Seja X um conjunto qualquer, e seja = {, X}. Claramente uma e topologia em X, chamada de topologia trivial. 3.3. Denio. Diremos que um espao topolgico (X, ) metrizvel se ca c o e a existir uma mtrica d em X tal que = d . e Notemos que a topologia discreta sempre metrizvel, e vem dada pela e a mtrica discreta. e 3.4. Denio. Dadas duas topologias 1 e 2 num conjunto X, diremos ca que 1 mais fraca que 2 , ou que 2 mais forte que 1 , ou que 2 mais na e e e que 1 se 1 2 . A topologia trivial em X mais fraca que qualquer outra topologia em X. e A topologia discreta em X mais na que qualquer outra topologia em X. e 3.5. Denio. Seja X um espao topolgico. Diremos que um conjunto ca c o F X fechado se X \ F aberto. e e 3.6. Proposio. Seja X um espao topolgico. Ento: ca c o a (a) X e so fechados. a (b) A interseo de uma fam arbitrria de fechados um fechado. ca lia a e (c) A unio de uma fam nita de fechados um fechado. a lia e Demonstrao. Basta aplicar as leis de de Morgan. ca

Reciprocamente temos: 3.7. Proposio. Seja X um conjunto, e seja F uma fam de subconca lia juntos de X com as seguintes propriedades: (a) X e pertencem a F. (b) A interseo de uma fam arbitrria de membros de F pertence a F. ca lia a (c) A unio de uma fam nita de membros de F pertence a F. a lia Seja = {X \ F : F F}. Ento uma topologia em X, e F coincide a e com a fam dos fechados de (X, ). lia Demonstrao. Basta aplicar as leis de De Morgan. ca Exerc cios 3.A. Prove que as mtricas dos Exemplos 2.2(b), 2.2(c) e 2.2(d) denem a e mesma topologia em Rn . 3.B. Seja X = {a, b}, com a = b, e seja = {, {a}, X}. Prove que uma topologia em X. O espao (X, ) chamado de espao de e c e c Sierpinski. 3.C. Seja X um conjunto, e seja F = {X} {F X : F nito}. e Prove que F a fam de fechados de uma topologia em X, conhecida como e lia topologia conita. Voc reconhece esta topologia quando X nito? e e 3.D. Seja X um conjunto, e seja F = {X} {F X : F enumervel}. e a Prove que F a fam de fechados de uma topologia em X, conhecida como e lia topologia coenumervel. Voc reconhece esta topologia quando X enumea e e rvel? a 3.E. Seja X um conjunto, seja A X, e seja A = {} {U : A U X}. (a) Prove que A uma topologia em X. e (b) Descreva os fechados de (X, A ). (c) Voc reconhece A quando A = e quando A = X? e

4. Aderncia e interior de um conjunto e 4.1. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja A X. Chamaremos ca c o de aderncia de A o conjunto e A= {F X : F fechado e F A}. e

Claramente A o menor subconjunto fechado de X que contm A. e e 4.2. Proposio. Seja X um espao topolgico. Ento a aplicao A A ca c o a ca tem as seguintes propriedades: (a) A A. (b) A = A. (c) = . (d) A B = A B. (e) A fechado se e s se A = A. e o Demonstrao. (a) bvio. ca eo e (b) Por (a) A A. E como A um fechado contendo A, segue que A A. (c) Como um fechado contendo , segue que . e (d) Antes de provar (d) notemos que A B implica A B. Como A A B e B A B, segue que A A B e B A B. Logo A B A B. Por outro lado A B um fechado contendo A B. Logo e A B A B. (e) bvio. eo Reciprocamente temos: 4.3. Proposio. Seja X um conjunto, e seja A P(X) A P(X) ca uma aplicao com as seguintes propriedades: ca (a) A A. (b) A = A. (c) = . (d) A B = A B. Seja F = {A X : A = A}. Ento F a fam de fechados de uma a e lia topologia em X. A a aderncia de A para cada A X. e e Demonstrao. Utilizaremos a Proposio 3.7. E claro que X F. E ca ca segue de (c) que F. Segue de (d) que a unio de dois membros de F pertence a F. a

Antes de provar que qualquer interseo de membros de F pertence a F, ca provemos que () A B implica A B. De fato usando (d) vemos que: A B B = A (B \ A) B = A (B \ A) B A. Seja Ai F para cada i I. Ento a Ai = Ai para cada i I. Logo iI Ai
iI

Ai Ai , e portanto iI Ai iI Ai , e segue que iI Ai F.

Assim F a fam de fechados para uma topologia em X. Para provar e lia que A a aderncia de A com relao a , xemos A X. Segue de (*) que e e ca A F = F para cada F F tal que F A, e portanto A {F F : F A}.

Por outro lado segue de (a) e (b) que A F e A A. Logo {F F : F A} A. Isto prova que A a aderncia de A. e e 4.4. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja A X. Chamaremos ca c o de interior de A o conjunto A =

{U X : U aberto e U A}. e

Claramente A o maior subconjunto aberto de X que est contido em A. As e a vezes escreveremos A em lugar de A . 4.5. Proposio. Seja X um espao topolgico, e seja A X. Ento: ca c o a X \ A = (X \ A) e X \ A = (X \ A).

Demonstrao. Basta aplicar as leis de De Morgan. ca

Deixamos como exerc as demonstraes das duas proposies seguintes. cio co co Elas podem ser demonstradas diretamente, ou podem ser deduzidas das Proposies co 4.2 e 4.3 utilizando a Proposio 4.5 e as leis de De Morgan. ca 4.6. Proposio. Seja X um espao topolgico. Ento a aplicao A A ca c o a ca tem as seguintes propriedades: (a) A A. (b) A = A . (c) X = X. (d) (A B) = A B . 10

(e) A aberto se e s se A = A . e o 4.7. Proposio. Seja X um conjunto, e seja A P(X) A P(X) ca uma aplicao com as seguintes propriedades: ca (a) A A. (b) A = A . (c) X = X. (d) (A B) = A B . Seja = {A X : A = A }. Ento uma topologia em X. A o a e e interior de A para cada A X. Exerc cios 4.A. Seja X um espao topolgico, com a topologia conita do Exerc c o cio 3.C. (a) Descreva A para cada A X. (b) Descreva A para cada A X. 4.B. Seja X um conjunto, seja A X, e seja A a topologia do Exerc cio 3.E. (a) Descreva B para cada B X. (b) Descreva B para cada B X. 4.C. Seja X um espao topolgico. c o (a) Prove que (A B) A B para todo A, B X. (b) D exemplo de conjuntos A, B R tais que (A B) = A B. e 4.D. Seja X um espao topolgico. c o (a) Prove que (A B) A B para todo A, B X. (b) D exemplo de conjuntos A, B R tais que (A B) = A B . e 4.E. Dado A X, chamaremos de fronteira de A o conjunto A = A (X \ A). (a) Prove que A = A A. (b) Prove que A = A \ A. 4.F. Para cada A N seja A = {kn : n A, k N}. (a) Prove que a aplicao A A tem as propriedades da Proposio 4.3, e ca ca dene portanto uma topologia em N. (b) Descreva os fechados de (N, ). (c) Descreva os abertos de (N, ).

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5. Sistemas de vizinhanas c 5.1. Denio. Seja X um espao topolgico no vazio, e seja x X. ca c o a Diremos que um conjunto U X uma vizinhana de x se x U . Ux denota e c o conjunto de todas as vizinhanas de x. c 5.2. Proposio. Seja X um espao topolgico no vazio. Ento os conca c o a a juntos Ux tem as seguintes propriedades: (a) x U para cada U Ux . (b) Se U, V Ux , ento U V Ux . a (c) Dado U Ux , existe V Ux , V U , tal que U Uy para cada y V . (d) Se U Ux e U V X, ento V Ux . a (e) Um conjunto U X aberto se e s se U Ux para cada x U . e o Demonstrao. (a) Se U Ux , ento x U U . ca a (b) Se U, V Ux , ento x U V = (U V ) . Logo U V Ux . a (c) Dado U Ux , seja V = U . Se y V = U , ento U Uy . a (d) Se U Ux e U V X, ento x U V . Logo V Ux . a (e) Se U aberto, ento U = U . Segue que U Ux para cada x U . e a Reciprocamente suponhamos que U Ux para cada x U . Segue que U = U . Logo U aberto. e Reciprocamente temos: 5.3. Proposio. Seja X um conjunto no vazio. Para cada x X seja ca a Ux uma fam no vazia de subconjuntos de X com as seguintes propriedades: lia a (a) x U para cada U Ux . (b) Se U, V Ux , ento U V Ux . a (c) Dado U Ux , existe V Ux , V U , tal que U Uy para cada y V . (d) Se U Ux e U V X, ento V Ux . a Seja = {U X : U Ux para cada x U }. Ento uma topologia em X, e Ux o sistema de vizinhanas de x em (X, ) a e e c para cada x X. Demonstrao. Primeiro provaremos que uma topologia em X. ca e E claro que . Para provar que X , seja x X, e seja U Ux . Como U X, segue de (d) que X Ux . Logo X . Seja Ui para cada i I, e seja x iI Ui . Ento x Ui para algum a i I. Como Ui , temos que Ui Ux . Como Ui iI Ui , segue de (d) que iI Ui Ux . Logo iI Ui . Sejam U, V , e seja x U V . Ento U, V Ux , e segue de (b) que a U V Ux . Logo U V .

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A seguir provaremos que cada vizinhana de x pertence a Ux . Seja U uma c vizinhana de x. Ento x U . Como U , segue que U Ux . Como c a U U , segue de (d) que U Ux . Finalmente provaremos que cada U Ux uma vizinhana de x. Seja e c U Ux , e seja V = {y U : U Uy }. Segue de (a) que x U , e como U Ux , vemos que x V . A seguir veremos que V . Dado y V , temos que U Uy . Por (c) existe W Uy , W U , tal que U Uz para todo z W . Segue ento de (a) que a W V . Segue de (d) que V Uy . Logo V . Como x V e V , segue que x U . Logo U uma vizinhana de x. e c 5.4. Denio. Seja X um espao topolgico no vazio, e seja x X. ca c o a Diremos que uma fam Bx Ux uma base de vizinhanas de x se cada lia e c U Ux contm algum V Bx . e 5.5. Exemplos. (a) Seja X um espao topolgico, seja x X, e seja c o Bx = {U Ux : U aberto}. e Ento Bx uma base de vizinhanas de x. a e c (b) Seja X um espao mtrico, seja x X, e seja c e Bx = {B(x; r) : r > 0}. Ent ao Bx uma base de vizinhanas de x. e c (c) Seja X um espao mtrico, seja x X, e seja c e Bx = {B[x; r] : r > 0}. Ento Bx uma base de vizinhanas de x. a e c 5.6. Proposio. Seja X um espao topolgico no vazio, e seja Bx uma ca c o a base de vizinhanas de x, para cada x X. Ento: c a (a) x U para cada U Bx . (b) Dados U, V Bx , existe W Bx tal que W U V . (c) Dado U Bx , existe V Bx , V U , tal que para cada y V existe W By tal que W U . (d) Um conjunto U X aberto se e s se para cada x U existe V Bx e o tal que V U . Demonstrao. As arma oes (a), (b), (c) e (d) seguem diretamente das ca c armaes (a), (b), (c) e (e) na Proposio 5.2. co ca Reciprocamente temos: 5.7. Proposio. Seja X um conjunto no vazio. Para cada x X seja ca a Bx uma fam no vazia de subconjuntos de X com as seguintes propriedades: lia a 13

(a) x U para cada U Bx . (b) Dados U, V Bx , existe W Bx tal que W U V . (c) Dado U Bx , existe V Bx , V U , tal que para cada y V existe W By tal que W U . Seja = {U X : para cada x U existe V Bx tal que V U }. Ento uma topologia em X e Bx uma base de vizinhanas de x em a e e c (X, ) para cada x X. Demonstrao. Para cada x X seja ca Ux = {U X : U V para algum V Bx }. E claro que as fam lias Ux vericam as propriedades (a), (b), (c) e (d) da Proposio 5.3, e que ca = {U X : U Ux para cada x U }. Pela Proposio 5.3 uma topologia em X e Ux o sistema de vizinhanas ca e e c de x em (X, ) para cada X X. Segue que Bx uma base de vizinhanas de e c x em (X, ) para cada x X. A proposio seguinte muito util. Ela caracteriza abertos, fechados, aderncia ca e e de um conjunto e interior de um conjunto em termos de bases de vizinhanas. c 5.8. Proposiao. Seja X um espao topolgico no vazio, seja A X, e c c o a seja Bx uma base de vizinhanas de x, para cada x X.Ento: c a (a) A aberto se e s se para cada x A existe V Bx tal que V A. e o (b) A fechado se e s se para cada x A, existe V Bx tal que V A = . e o / (c) A = {x X : V A = para cada V Bx }. (d) A = {x X : V A para algum V Bx }. Demonstrao. J vimos (a) na Proposio 5.6(d). (b) conseqncia cca a ca e ue imediata de (a). (c) Lembremos que A= {F X : F fechado, F A}.

Se x A, ento por (b) existe V Bx tal que V A = . Reciprocamente / a suponhamos que exista V Bx tal que V A = . Ento x V e A X \ V a / X \ V . Como X \ V fechado, segue que A X \ V . Logo x A. e (d) Pela Proposio 4.5, X \ A = (X \ A). Se B denota o conjunto da ca direita em (d), ento usando (c) segue que a x A x (X \ A) V (X \ A) = para cada V Bx /

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V A para cada V Bx x B. /

5.9. Denio. Seja X um espao topolgico. Diremos que X satisfaz ca c o o primeiro axioma de enumerabilidade se cada x X admite uma base de vizinhanas Bx que enumervel. c e a 5.10. Exemplo. Cada espao mtrico satisfaz o primeiro axioma de enuc e merabilidade. Exerc cios 5.A. Seja X um espao topolgico, seja A X, e seja Bx uma base de c o vizinhanas de x para cada x X. Prove que c A = {x X : V A = e V (X \ A) = para cada V Bx }. 5.B. Dados f C[a, b] e r > 0, seja U (f, r) = {g C[a, b] : |g(x) f (x) < r para todo x [a, b]}. Prove que os conjuntos U (f, r), com r > 0 formam uma base de vizinhanas de c f no espao mtrico C[a, b] do Exerc 2.A(a). c e cio 5.C. Dados f C[a, b], A [a, b], A nito, e r > 0, seja V (f, A, r) = {g C[a, b] : |g(x) f (x)| < r para todo x A}. Prove que os conjuntos V (f, A, r), com A [a, b], A nito, e r > 0, formam uma base de vizinhanas de f para uma certa topologia em C[a, b]. Esta topologia c e mais fraca que a topologia do exerc anterior. cio 5.D. Seja X um espao topolgico e seja A X. Diremos que um ponto c o x X um ponto de acumulao de A se dado U Ux existe a U A, e ca com a = x. A denota o conjunto dos pontos de acumulao de A. Prove que ca A=AA. 5.E. D exemplo de um conjunto A R tal que os seguintes conjuntos e sejam todos diferentes entre si: A, A, A, A, A, A, A .

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6. Bases para os abertos 6.1. Denio. Seja (X, ) um espao topolgico. Diremos que uma ca c o fam B uma base para se dado U existe C B tal que lia e U= {V : V C}.

6.2. Exemplos. (a) Os intervalos (a, b), com a < b em R, formam uma base para a topologia usual em R. (b) Se (X, d) um espao mtrico, ento as bolas B(a; r), com a X e e c e a r > 0, formam uma base para a topologia d . (c) Se (X, ) um espao topolgico discreto, ento B = {{x} : x X} e c o a e uma base para . 6.3. Proposio. Seja (X, ) um espao topolgico. Uma fam B ca c o lia uma base para se e s se, dados U e x U , existe V B tal que e o x V U. Esta proposio conseqncia imediata da denio. ca e ue ca 6.4. Proposio. Seja (X, ) um espao topolgico. Uma fam B ca c o lia e uma base para se e s se, para cada x X, a fam o lia Bx = {V B : x V } uma base de vizinhanas de x. e c Esta proposio conseqncia fcil da proposio anterior. ca e ue a ca 6.5. Proposio. Seja (X, ) um espao topolgico, e seja B uma base ca c o para . Ento: a (a) X = {V : V B}. (b) Dados x X e U, V B tais que x U V , existe W B tal que xW U V. Demonstrao. (a) conseqncia imediata da denio de base. (b) ca e ue ca e conseqncia da Proposio 6.4, junto com a Proposio 5.6. ue ca ca Reciprocamente temos: 6.6. Proposio. Seja X um conjunto, e seja B uma fam de subconca lia juntos de X com as seguintes propriedades: (a) X = {V : V B}. (b) Dados x X e U, V B tais que x U V , existe W B tal que xW U V. Seja a fam de todos os conjuntos da forma lia U= {V : V C}, com C B. 16

Ento uma topologia em X, e B uma base para . a e e Demonstrao. E claro que = {V : V } . E X por (a). ca Seja Ui para cada i I, ou seja Ui = para cada i I. Ento a Ui =
iI

{V : V Ci }, com Ci B

{V : V
iI

Ci } .

Finalmente sejam U1 , U2 , ou seja Ui = com C1 , C2 B. Ento a U1 U2 = {V1 V2 : V1 C1 , V2 C2 }. {V1 : V1 C1 }, U2 = {V2 : V2 C2 },

Segue de (b) que cada interseo V1 V2 unio de membros de B. Segue que ca e a U1 U2 . Temos provado qur uma topologia em X. E claro que B uma base para e e . 6.7. Denio. Seja (X, ) um espao topolgico. Diremos que (X, ) ca c o satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade se existe uma base B para que enumervel. e a 6.8. Exemplo. R satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade: os intervalos (a, b) com a < b racionais, formam uma base para os abertos. Exerc cios 6.A. Prove que o segundo axioma de enumerabilidade implica o primeiro. 6.B. Prove que os intervalos (a, ), com a R, formam uma base para uma topologia 1 em R, mais fraca que a topologia usual. Prove que (R, 1 ) satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade. 6.C. Prove que os intervalos [a, b), com a < b em R, formam uma base para uma topologia 2 em R, mais na que a topologia usual. (R, 2 ) conhecido e como a reta de Sorgenfrey. 6.D. Seja (X, ) um espao topolgico. Diremos que uma fam C c o lia e uma subbase para se as intersees nitas de membros de C formam uma base co para . Prove que os intervalos (a, ), com a R, junto com os intervalos (, b), com b R, formam uma subbase para a topologia usual em R.

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7. Subespaos c 7.1. Denio. Seja (X, ) um espao topolgico, e seja S X. E claro ca c o que a fam lia S = {S U : U } uma topologia em S, que chamaremos de topologia induzida. Diremos que e (S, S ) um subespao de (X, ), ou simplesmente que S um subespao de X. e c e c 7.2. Exemplos. (a) Z, com a topologia induzida por R, um espao topolgico discreto. e c o (b) R um subespao de R2 . e c 7.3. Proposio. Seja S um subespao de um espao topolgico X. Ento: ca c c o a (a) U aberto em S se e s se U = S U1 , sendo U1 aberto em X. e o (b) F fechado em S se e s se F = S F1 , sendo F1 fechado em X. e o S X (c) Se A S, ento A = S A . a (d) Se x S, ento U vizinhana de x em S se e s se U = S U1 , sendo a e c o U1 uma vizinhana de x em X. c Demonstrao. (a) a prpria denio. ca e o ca (b) Usando (a) vemos que: F fechado em S S \ F aberto em S e e S \ F = S U1 , com U1 aberto em X F = S (X \ U1 ), com U1 aberto em X F = S F1 , com F1 fechado em X. (c) Usando (b) vemos que: A = =
S

{F : F fechado em S, F A}
X

{S F1 : F1 fechado em X, F1 A} = S A .

(d) Seja U1 uma vizinhana de x em X. Ento existe um aberto V1 em X c a tal que x V1 U1 . Logo x S V1 S U1 . Como S V1 aberto em S, e segue que S U1 uma vizinhana de x em S. e c Reciprocamente seja U uma vizinhana de x em S. Ento existe um aberto c a V de S tal que x V U . Ento V = S V1 , com V1 aberto em X. Seja a U1 = V1 (U \ V ). Ento a S U1 = V (U \ V ) = U. Como x V1 U1 , segue que U1 uma vizinhana de x em X. e c

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Exerc cios 7.A. Seja X um espao topolgico, e seja S um subespao de X. c o c (a) Se X tem a topologia discreta, prove que S tambm tem a topologia e discreta. (b) Se X tem a topologia trivial, prove que S tambm tem a topologia trivial. e 7.B. Seja X um espao topolgico, e seja S um subespao de X. Se X c o c e metrizvel, prove que S metrizvel tambm. a e a e Sugesto: Use o Exerc 2.C. a cio 7.C. Seja X um espao topolgico, seja S um subespao de X, e seja x S. c o c (a) Se Bx uma base de vizinhanas de x em X, prove que a fam {S U : e c lia U Bx } uma base de vizinhanas de x em S. e c (b) Se X satisfaz o primeiro axioma de enumerabilidade, prove que S satisfaz o mesmo axioma. 7.D. Seja X um espao topolgico, e seja S um subespao de X. c o c (a) Se B uma base para a topologia de X, prove que a fam {S U : e lia U B} uma base para a topologia de S. e (b) Se X satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade, prove que S satisfaz o mesmo axioma.

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8. Funes cont co nuas 8.1. Denio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos topolgicos. Diremos ca c o que f cont e nua num ponto a X se para cada aberto V de Y contendo f (a), existe um aberto U de X contendo a tal que f (U ) V . Diremos que f e cont nua se for cont nua em cada pontos de X. Denotaremos por C(X; Y ) o conjunto de todas as funes cont co nuas f : X Y . Se Y = R, escreveremos C(X) em lugar de C(X; R). 8.2. Proposio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos topolgicos. ca c o Seja Ba uma base de vizinhanas de um ponto a X, e seja Bf (a) uma base de c vizinhanas de f (a). Ento as seguintes condies so equivalentes: c a co a (a) f cont e nua em a. (b) Para cada V Uf (a) , existe U Ua tal que f (U ) V . (c) Para cada V Bf (a) , existe U Ba tal que f (U ) V . Demonstrao. (a) (b): Seja V Uf (a) . Seja V1 um aberto de Y ca contendo f (a) tal que V1 V . Por (a) existe um aberto U1 de X contendo a tal que f (U1 ) V1 V . E claro que U1 Ua . (b) (c): Seja V Bf (a) . Por (b) existe U Ua tal que f (U ) V . Seja U1 Ba tal que U1 U . Ento f (U1 ) f (U ) V . a (c) (a): Seja V um aberto de Y contendo f (a). Seja V1 Bf (a) tal que V1 V . Por (c) existe U1 Ba tal que f (U1 ) V1 . Seja U um aberto de X contendo a tal que U U1 . Ento f (U ) f (U1 ) V1 V . a 8.3. Proposio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos topolgicos. ca c o Ento as seguintes condies so equivalentes: a co a (a) f cont e nua. (b) f 1 (V ) aberto em X para cada aberto V de Y . e (c) f 1 (B) fechado em X para cada fechado B de Y . e Demonstrao. Basta repetir a demonstrao da Proposio 2.10. ca ca ca 8.4. Proposio. Sejam f : X Y e g : Y Z, sendo X, Y e Z espaos ca c topolgicos. Se f cont o e nua num ponto a X e g cont e nua em f (a), ento a g f cont e nua em a. Demonstrao. Utilizaremos a Proposio 8.2. Seja W Ugf (a) . Como ca ca g cont e nua em f (a), existe V Uf (a) tal que g(V ) W . Como f cont e nua em a, existe U Ua tal que f (U ) V . Segue que g(f (U )) g(V ) W . 8.5. Corolrio. Sejam f : X Y e g : Y Z, sendo X, Y e Z espaos a c topolgicos. Se f e g so cont o a nuas, ento g f cont a e nua tambm. e 8.6. Proposio. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja S um subespao ca c o c de X. Se f : X Y cont e nua, ento a restrio f |S : S Y cont a ca e nua tambm. e

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Demonstrao. Seja V um aberto de Y . Como f cont ca e nua, f 1 (V ) e 1 1 aberto em X. Segue que (f |S) (V ) = S f (V ) aberto em S. e 8.7. Proposio. Sejam X e Y espaos topolgicos. Suponhamos que X = ca c o S1 S2 , onde S1 e S2 so ambos abertos ou ambos fechados. Seja f : X Y a uma funo tal que f |S1 : S1 Y e f |S2 : S2 Y so cont ca a nuas. Ento f a e cont nua. Demonstrao. Suponhamos S1 e S2 abertos. Seja V um aberto de Y . ca Como f |S1 cont e nua, (f |S1 )1 (V ) = S1 f 1 (V ) aberto em S1 . Como f |S2 e cont e nua, (f |S2 )1 (V ) = S2 f 1 (V ) aberto em S2 . Segue que e S1 f 1 (V ) = S1 U1 e S2 f 1 (V ) = S2 (V ) U2 ,

sendo U1 e U2 abertos em X. Como X = S1 S2 , segue que f 1 (V ) = (S1 f 1 (V )) (S2 f 1 (V )) = (S1 U1 ) (S2 U2 ) aberto em X. e Deixamos como exerc a demonstrao do caso em que S1 e S2 so fechacio ca a dos. 8.8. Denio. Sejam X e Y espaos topolgicos. ca c o (a) Diremos que f : X Y um homeomorsmo se f bijetiva e f e f 1 e e so cont a nuas. (b) Diremos que f : X Y um mergulho se f um homeomorsmo entre e e X e o subespao f (X) de Y . c (c) Diremos que f : X Y aberta se f (U ) aberto em Y para cada aberto e e U de X. (d) Diremos que f : X Y fechada se f (A) fechado em Y para cada e e fechado A de X. O resultado seguinte conseqncia fcil das denies e resultados anterie ue a co ores. 8.9. Proposio. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja f : X Y ca c o uma funo bijetiva. Ento as seguintes condies so equivalentes: ca a co a (a) f um homeomorsmo. e (b) f cont e nua e aberta. (c) f cont e nua e fechada. Exerc cios X e Y denotam espaos topolgicos. c o 8.A. Seja B uma base para a topologia de Y . Prove que uma funo f : ca X Y cont e nua se e s se f 1 (V ) aberto em X para cada V B. o e 8.B. Prove que uma funo f : X Y cont ca e nua se e s se f (A) f (A) o para cada A X. 21

8.C. Prove que cada funo constante f : X Y cont ca e nua. 8.D. Prove que se f : X R e g : X R so cont a nuas num ponto a X, ento as funes f + g e f g so tambm cont a co a e nuas em a. 8.E. Dado A X, a funo caracter ca stica A : X R denida por e A (x) = 1 se x A e A (x) = 0 se x A. Prove que a funo A cont / ca e nua se e s se A aberto e fechado. o e 8.F. Seja X = N, com a topologia do Exerc 4.F. Prove que uma funo cio ca f : X X cont e nua se e s se, cada vez que m divide n, tem-se que f (m) o divide f (n). 8.G. Diremos que um conjunto D X denso em X se D = X. Seja e f : X R uma funo cont ca nua tal que f (x) = 0 para todo x num subconjunto denso D X. Prove que f (x) = 0 para todo x X. 8.H. Prove que os seguintes pares de intervalos so homeomorfos entre si: a (a) (a, b) e (0, 1). (b) (1, ) e (0, 1). (c) (/2, /2) e (, ). Use (a), (b) e (c) para provar que todos os intervalos abertos de R so a homeomorfos entre si. 8.I. Seja f : X R. Diremos que f semicont e nua inferiormente se f 1 (a, ) aberto em X para cada a R. Diremos que f semicont e e nua e e superiormente se f 1 (, b) aberto em X para cada b R. Prove que f cont nua se e s se f semicont o e nua inferiormente e semicont nua superiormente. 8.J. Seja A X. (a) Prove que A : X R semicont e nua inferiormente se e s se A o e aberto. (b) Prove que A : X R semicont e nua superiormente se e s se A o e fechado.

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9. Produtos innitos e o axioma da escolha 9.1. Denio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de conjuntos. ca lia a Chamaremos de produto cartesiano da fam {Xi : i I} o conjunto lia Xi = {x : I
iI iI iI

Xi : x(i) Xi para cada i I}. e i I. Para cada j I

Escreveremos xi em lugar de x(i) para cada x a projeo j denida por ca e j : x


iI

Xi xj Xj .

Cada x

iI

Xi usualmente denotado por (xi )iI . e


iI

Mesmo que cada Xi seja no vazio, no claro que o produto a a e no vazio. Isto conseqncia do axioma seguinte. a e ue

Xi seja

9.2. Axioma da escolha. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de lia a conjuntos disjuntos no vazios. Ento existe uma funo f : I iI Xi tal a a ca que f (i) Xi para cada i I. A funo f chamada de funo escolha. ca e ca 9.3. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de conjuntos ca lia a no vazios. Ento o produto cartesiano iI Xi no vazio. a a e a Demonstrao. Se os conjuntos Xi fossem disjuntos, a concluso seria ca a conseqncia imediata do axioma da escolha. No caso geral denamos Yi = ue Xi {i} para cada i I. E claro que {Yi : i I} uma fam no vazia de e lia a conjuntos disjuntos no vazios. Pelo axioma da escolha existe uma funo f : a ca I iI Yi tal que f (i) Yi para cada i I. Podemos escrever f (i) = (xi , i), com xi Xi para cada i I. Se denimos x(i) = xi para cada i I, ento a x iI Xi . Temos provado que o axioma da escolha implica a Proposio 9.3. Mas ca e claro que a Proposio 9.3 implica o axioma da escolha. Assim o axioma da ca escolha e a Proposio 9.3 so equivalentes. ca a Vamos ilustrar o uso do axioma da escolha com um exemplo do dia a dia. Seja I um conjunto innito, e seja Xi um par de sapatos para cada i I. Neste caso no precisamos do axioma da escolha para garantir que o produto iI Xi a no vazio. Se denimos x(i) como sendo aquele sapato em Xi que corresponde e a ao p direito para cada i I, ento claro que a funo x : I iI Xi assim e a e ca denida pertence a iI Xi . Por outro lado seja Yi um par de meias para cada i I. Como em geral no h como distinguir entre as duas meias de um a a mesmo par, no temos como denir uma funo y : I iI Yi que pertena a ca c ao produto iI Yi sem usar o axioma da escolha.

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Exerc cios 9.A. Prove que o axioma da escolha equivalente ` armaao seguinte: Seja e a c {Xi : i I} uma fam no vazia de conjuntos disjuntos no vazios. Ento lia a a a existe um conjunto Y iI Xi tal que Y Xi contm um unico elemento para e cada i I. O exerc cio seguinte mostra como conciliar a denio usual de produtos ca cartesianos nitos, que vimos na Seo 1, com a denio de produtos carteca ca sianos innitos. 9.B. Sabemos que, dados n conjuntos X1 , ..., Xn , o produto cartesiano X1 ... Xn dado por e X1 ... Xn = {(x1 , ..., xn ) : xi Xi para i = 1, ..., n}. Seja (X1 ... Xn ) = {x : {1, ..., n} X1 ... Xn : x(i) Xi para i = 1, ..., n}. Ache uma aplicao bijetiva entre X1 ... Xn e (X1 ... Xn ) . ca

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10. O espao produto c 10.1. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios, e seja X = iI Xi . Seja o a B={
iI

Ui : Ui aberto em Xi para cada i I}. e

Ento B base para uma topologia em X, que chamaremos de topologia das a e caixas. Demonstrao. E claro que B verica as condies (a) e (b) da Proposio ca co ca 6.6. Se I = {1, ..., n} e Xi = R para cada i I, ento claro que a topologia a e das caixas coincide com a topologia usual em Rn . Mas se I um conjunto e innito, ento a topologia das caixas, mesmo sendo bastante natural, pouco a e conveniente. Mais adiante veremos vrias propriedades P tais que, embora cada a Xi tenha a propriedade P, o produto iI Xi , com a topologia das caixas, no a tem a propriedade P. Por essa razo a topologia usual no produto iI Xi vem a dada pela proposio seguinte. ca 10.2. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios, e seja X = iI Xi . Seja B a fam de todos os o a lia produtos iI Ui tais que: (a) Ui aberto em Xi para cada i I; e (b) Ui = Xi para cada i I \ J, com J I, J nito. Ento B base para uma topologia em X, que chamaremos de topologia a e produto. a Demonstrao. E fcil vericar que B verica as condies (a) e (b) da ca co conveniente notar que cada U B pode ser escrito na forma Proposio 6.6. E ca U =(
jJ

Uj ) (
iI\J

Xi ) =
jJ

1 j (Uj ).

10.3. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios, e seja X = iI Xi . A topologia produto a topologia o a e mais fraca em X tal que todas as projees j : X Xj so cont co a nuas. Demonstrao. Seja p a topologia produto. Se Uj aberto em Xj , ento ca e a 1 j (Uj ) pertence a B, e portanto aberto em (X, p ). Logo j : X Xj e e cont nua para cada j I. Seja uma topologia em X tal que j : (X, ) Xj cont e nua para cada j I. Provaremos que p . Para isso basta provar que cada U B pertence a . Se U B, ento a 1 U= j (Uj ),
jJ

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1 com J nito e Uj aberto em Xj para cada j J. Segue que j (Uj ) aberto e em (X, ) para cada j J, e dai U aberto em (X, ). e

A menos que digamos o contrrio, sempre consideraremos o produto cartea siano iI Xi com a topologia produto. 10.4. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos, e seja X = iI Xi . Seja Y um espao topolgico, e seja g : Y o c o X. Ento a funo g cont a ca e nua se e s se a funo composta j g : Y Xj o ca cont e nua para cada j I. Demonstrao. A implicao imediata. ca ca e () Suponhamos que j g : Y Xj seja cont nua para cada j I. Para provar que g : Y X cont e nua, basta provar que g 1 (U ) aberto em Y para e cada U B. Se U B, ento a U=
jJ 1 j (Uj ),

com J nito e Uj aberto em Xj para cada j J. Logo g 1 (U ) =


jJ 1 g 1 (j (Uj )) = iI

(j g)1 (Uj ).

Como j g : Y Xj cont e nua para cada j, segue que g 1 (U ) aberto em e Y. Os resultados anteriores motivam o conceito seguinte: 10.5. Proposio. Seja X um conjunto, seja {Xi : i I} uma fam de ca lia espaos topolgicos, e seja fi : X Xi para cada i I. Seja c o B={
jJ 1 fj (Uj ) : J nito, Uj aberto em Xj }.

Ento: a (a) B base para uma topologia w em X. e (b) w a topologia mais fraca em X tal que fi : X Xi cont e e nua para cada i I. (c) Se Y um espao topolgico, ento uma funo g : Y X cont e c o a ca e nua se e s se fi g : Y Xi cont o e nua para cada i I. Diremos que w a topologia fraca em X denida pela fam de funes e lia co {fi : i I}. Demonstrao. No dif adaptar as demonstraes dos resultados ca a e cil co anteriores. 10.6. Proposio. Seja X um espao topolgico, que tem a topologia ca c o fraca denida por uma fam de funes fi : X Xi (i I). Seja S um lia co 26

subespao topolgico de X. Ento S tem a topologia fraca denida pela fam c o a lia de restries fi |S : S Xi (i I). co Demonstrao. Ns sabemos que ca o BX = {
jJ 1 fj (Uj ) : J nito, Uj aberto em Xj }

base para a topologia de X, e que e BS = {S


jJ 1 fj (Uj ) : J nito, Uj aberto em Xj }

base para a topologia de S. Como e S


jJ 1 fj (Uj ) = jJ 1 S fj (Uj = jJ

(fj |S)1 (Uj ),

vemos que S tem a topologia fraca denida pela fam de restries fi |S : S lia co Xi (i I). 10.7. Denio. Seja fi : X Xi para cada i I. Diremos que a fam ca lia {fi : i I} separa os pontos de X se dados x = y em X, existe i I tal que fi (x) = fi (y). A proposio seguinte da condies necessrias e sucientes para que um ca co a espao topolgico seja homeomorfo a um subespao de um espao produto. c o c c 10.8. Proposio. Seja fi : X Xi para cada i I, sendo X e cada Xi ca espaos topolgicos. Seja c o : x X (fi (x))iI
iI

Xi .

Ento um mergulho se e s se se vericam as seguintes condies: a e o co (a) A fam {fi : i I} separa os pontos de X. lia (b) X tem a topologia fraca denida pela fam {fi : i I}. lia A aplicao chamada de avaliao. ca e ca Demonstrao. Notemos que i = fi , para cada i. ca () Por hiptese um homeomorsmo entre X e o subespao (X) de o e c Xi . iI Como injetivo, claro que {fi : i I} separa os pontos de X. e e Pela Proposio 10.6 (X) tem a topologia fraca denida pela fam de ca lia restries co i | (X) : (X) Xi . Como : X (X) um homeomorsmo, segue que X tem a topologia fraca e denida pela fam de funes lia co (i | (X)) = fi : X Xi . 27

() Como {fi : i I} separa os pontos de X, claro que injetivo. e e Segue de (b) que i = fi : X Xi cont e nua para cada i I. Logo e nua. Para provar que um mergulho provaremos que e : X iI Xi cont : X (X) aberta. Por (b) a fam e lia B={
jJ 1 fj (Uj ) : J nito, Uj aberto em Xj }

uma base para X. Seja U = e U=


jJ

jJ

1 fj (Uj ) B. Ento a 1 jJ 1 (j (Uj )).

(j )1 (Uj ) =

Como

injetiva, e (
jJ 1 1 (j (Uj ))) = jJ 1 (X) j (Uj ) = (X) jJ 1 j (Uj ).

(U ) =

Logo (U ) aberto em (X), como queriamos. e Exerc cios 10.A. Seja {Xi : i I} uma fam de espaos topolgicos, e seja X = lia c o Xi . Prove que cada projeo i : X Xi uma funo aberta. ca e ca iI 10.B. Prove que as projees cannicas em R2 no so funes fechadas. co o a a co 10.C. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos topolgicos no lia a c o a vazios, e seja X = iI Xi . Prove que cada Xi homeomorfo a um subespao e c de X. 10.D. Um espao topolgico X dito no trivial se tiver pelo menos dois c o e a pontos, e trivial em caso contrrio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de a lia a espaos topolgicos no vazios. Suponhamos que exista J, = J I tal que c o a Xi trivial para todo i I \ J. Prove que iI Xi homeomorfo a jJ Xj . e e 10.E. Se i < i para cada i I, prove que o produto homeomorfo ao produto [0, 1]I .
iI [i , i ]

10.F. Seja S um subespao de um espao topolgico X. Prove que a topoloc c o gia de X coincide com a topologia fraca denida pela incluso S X. a

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11. O espao quociente c 11.1. Proposio. Seja X um espao topolgico, seja Y um conjunto, e ca c o seja : X Y uma aplicao sobrejetiva. Ento a coleo ca a ca = {V Y : 1 (V ) aberto em X} e uma topologia em Y , que chamaremos de topologia quociente denida por . e A demonstrao simples e deixada como exerc ca e e cio. 11.2. Denio. Diremos que : X Y uma aplicao quociente se ca e ca X um espao topolgico, : X Y uma aplicao sobrejetiva e Y tem a e c o e ca topologia quociente denida por . 11.3. Proposio. Seja : X Y uma aplicao quociente. Ento ca ca a a topologia quociente a topologia mais na em Y tal que a aplicao e ca e cont nua. A proposio conseqncia imediata da denio de . ca e ue ca 11.4. Proposio. Seja : X Y uma aplicao quociente e seja Z um ca ca espao topolgico. Ento uma funo g : Y Z cont c o a ca e nua se e s se a funo o ca composta g : X Z cont e nua. Demonstrao. A implicao imediata. Para provar a implicao ca ca e ca oposta, seja W um aberto de Z. Como g cont e nua, temos que (g)1 (W ) = 1 (g 1 (W )) aberto em X. Segue que g 1 (W ) aberto em Y . e e 11.5. Proposio. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja : X Y ca c o uma aplicao sobrejetiva e cont ca nua. Se aberta ou fechada, ento a topologia e a de Y coincide com a topologia quociente . Demonstrao. Suponhamos que seja aberta. Como cont ca e nua, e claro que . Para provar que , seja V . Ento 1 (V ) aberto a e em X. Como aberta e sobrejetiva, segue que V = ( 1 (V )) . e Quando fechada, a demonstrao parecida. e ca e 11.6. Exemplo. Seja S 1 = {(x, y) R2 : x2 + y 2 = 1} e seja : t [0, 2] (cost, sent) S 1 . Claramente sobrejetiva e cont e nua. Usando resultados de compacidade em Rn no dif provar que fechada. Logo S 1 tem a topologia quociente a e cil e denida por . 11.7. Proposio. Seja X um espao topolgico. Seja D uma fam de ca c o lia subconjuntos disjuntos de X cuja unio X. Seja a e D = {A D : {A : A A} aberto em X}. e 29

Ento D uma topologia em D. Diremos que D uma decomposio de X. a e e ca Dado x X seja P (x) o unico elemento de D que contm x. A aplicao e ca P : X D assim denida chamada de aplicao decomposio. e ca ca Demonstrao. E claro que , D D . ca Se Ai D para cada i I, ento iI Ai D , pois a {A : A
iI

Ai } =
iI

{A : A Ai }

aberto em X. e Se A, B D , ento A B D , pois a {C : C A B} = ( {A : A A}) ( {B : B B}

aberto em X. Para provar a igualdade anterior necessrio observar que se e e a A, B D e A B = , ento A = B. a 11.8. Proposio. Toda aplicao decomposio P : X D uma ca ca ca e aplicao quociente. ca Demonstrao. Se A D, claro que ca e P 1 (A) = {x X : P (x) A} = Segue que D = {A D : P 1 (A) aberto em X}. e Logo D a topologia quociente denida por P . e Reciprocamente temos o resultado seguinte. 11.9. Proposio. Seja : X Y uma aplicao quociente. Ento existe ca ca a uma aplicao decomposio P : X D e existe um homeomorsmo f : Y D a ca tal que f = P . Demonstrao. Seja ca D = { 1 (y) : y Y }. Como sobrejetiva, claro que D uma decomposio de X. Seja P : X D e e e ca a aplicao cannica. Seja f : Y D denida por f (y) = 1 (y) para cada ca o y Y . E claro que f bijetiva. Como f ((x)) = 1 ((x)) contm x, segue e e que f ((x)) = P (x) para cada x X. Como f = P cont e nua, segue que f cont e nua. E como f 1 P = e 1 cont nua, segue que f cont e nua. 11.10. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja uma relao de ca c o ca equivalncia em X. A decomposio D formada pelas classes de equivalncia e ca e denidas pela relao denotada por X/ e chamada de espao de idenca e e c ticao de X mdulo . ca o 30 {A : A A}.

11.11. Exemplos. (a) J vimos que o c a rculo unitrio S 1 um quociente do intervalo [0, 2]. a e Aqui D = {{x} : 0 < x < 2} {{0, 2}}. Para x, y [0, 2], tem-se que x y se x y um mltiplo inteiro de 2. e u (b) Seja X = [0, 2] [0, 2]. Dados (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) X, denamos (x1 , y1 ) (x2 , y2 ) se x1 x2 um mltiplo inteiro de 2 e y1 = y2 . Ento e u a uma relao de equivalncia em X e o espao de identicao X/ e ca e c ca e homeomorfo ao cilindro S 1 [0, 2]. A aplicao quociente vem dada por ca : (x, y) [0, 2] [0, 2] ((cosx, senx), y) S 1 [0, 2]. (c) Seja X = [0, 2][0, 2]. Dados (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) X denamos (x1 , y1 ) (x2 , y2 ) se x1 x2 um mltiplo inteiro de 2 e y1 = y2 ou se x1 = x2 e y1 y2 e u um mltiplo inteiro de 2. Neste caso X/ homeomorfo ao toro S 1 S 1 . e u e A aplicao quociente vem dada por ca : (x, y) [0, 2] [0, 2] ((cosx, senx), (cosy, seny)) S 1 S 1 . (d) Seja X = [0, 2] [0, 2]. Dados (x1 , y1 ), (x2 , y2 ) X denamos (x1 , y1 ) (x2 , y2 ) se x1 x2 um mltiplo inteiro de 2 e y1 + y2 = 2. e u Neste caso X/ homeomorfo ` ta de Mbius. e a o Exerc cios 11.A. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja : X Y uma aplicao c o ca sobrejetiva. Prove que condio necessria e suciente para que seja uma e ca a aplicao quociente que B seja fechado em Y se e s se 1 (B) fechado em ca o e X. 11.B. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja : X Y uma aplicao c o ca cont nua. Se existir uma aplicao cont ca nua : Y X tal que (y) = y para todo y Y , prove que uma aplicao quociente. e ca 11.C. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja : X Y uma aplicao c o ca quociente. (a) Prove que aberta se e s se 1 ((U )) aberto em X para cada e o e aberto U de X. (b) Prove que fechada se e s se 1 ((A)) fechado em X para cada e o e fechado A de X. 11.D. Seja X = [0, 1], com a topologia induzida por R. Seja Y = {0, 1}, e seja : X Y a funo caracter ca stica do intervalo [1/2, 1]. (a) Prove que a topologia quociente em Y vem dada por = {, Y, {0}}. Y o espao de Sierpinski, que encontramos no Exerc 3.B. e c cio (b) Prove que no aberta nem fechada. a e

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12. Convergncia de seqncias e ue 12.1. Denio. Seja X um espao mtrico. Diremos que uma seqncia ca c e ue (xn ) X converge a um ponto x X se dado > 0 existe n0 N tal que n=1 d(xn , x) < para todo n n0 . Neste caso escreveremos xn x. 12.2. Proposio. Seja X um espao mtrico, e sejam A X e x X. ca c e o ue Tem-se que x A se e s se existe uma seqncia (xn ) A que converge a n=1 x. Demonstrao. Pela Proposio 5.8 x A se e s se A B(x; ) = para ca ca o cada > 0. () Se x A, ento existe xn A B(x; 1/n) para cada n N. Segue que a xn x. () Suponhamos que exista (xn ) A tal que xn x. Ento, dado > 0 a n=1 existe n0 N tal que d(xn , x) < para todo n n0 . Segue que A B(x; ) = para todo > 0. Logo x A. 12.3. Corolrio. Seja X um espao mtrico, e seja A X. Ento A a c e a e fechado se e s se, cada vez que (xn ) A e xn x, ento x A. o a n=1 12.4. Proposio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos mtricos. Ento ca c e a f cont e nua num ponto a X se e s se, cada vez que xn a em X, ento o a f (xn ) f (a) em Y . Demonstrao. () Se f cont ca e nua em a, ento, dado > 0, existe > 0 a tal que f (B(a; )) B(f (a); ). Se xn a, existe n0 N tal que d(xn , a) < para todo n n0 . Segue que d(f (xn ), f (a)) < para todo n n0 . Logo f (xn ) f (a). () Se f no cont a e nua em a, ento existe > 0 tal que para cada > 0 a tem-se que f (B(a; )) B(f (a); ). Em particular para cada n N existe xn B(a; 1/n) tal que f (xn ) B(f (a); ). Segue que xn a em X, mas / f (xn ) f (a) em Y . 12.5. Denio. Seja X um espao topolgico. Diremos que uma seqncia ca c o ue (xn ) X converge a um ponto x X se dado U Ux existe n0 N tal n=1 que xn U para todo n n0 . Neste caso escreveremos xn x. Na denio anterior podemos trocar o sistema de vizinhanas Ux por qualca c quer base de vizinhanas Bx . c 12.6. Denio. Seja (xn ) uma seqncia em X. Chamaremos de ca ue n=1 subseqncia de (xn ) qualquer seqncia da forma (xnk ) , sendo (nk ) ue ue n=1 k=1 k=1 uma seqncia estritamente crescente em N. ue Exerc cios X e Y denotam espaos topolgicos. c o 12.A. Se (xn ) converge a x, prove que qualquer subseqncia (xnk ) ue n=1 k=1 32

tambm converge a x. e 12.B. Seja A X. (a) Prove que, se existir uma seqncia (xn ) A tal que xn x, ento ue a n=1 x A. (b) Suponhamos que X verique o primeiro axioma de enumerabilidade. Prove que, se x A, ento existe uma seqncia (xn ) A tal que xn x. a ue n=1 12.C. Seja f : X Y , e seja a X. (a) Prove que, se f cont e nua em a, ento, cada vez que xn a em X, a tem-se que f (xn ) f (a) em Y . (b) Suponhamos que X verique o primeiro axioma de enumerabilidade. Prove que, se cada vez que xn a em X tem-se que f (xn ) f (a) em Y , ento a f cont e nua em a. 12.D. Seja X = iI Xi o produto cartesiano de uma fam de espaos lia c topolgicos. Prove que xn x em X se e s se i (xn ) i (x) em Xi para o o cada i I. 12.E. Seja X = RR . Prove que f f em X se e s se f (t) f (t) em o
n n

R para cada t R. 12.F. Seja X = RR e seja M = {A : A R, A nito} X. (a) Prove que R M . (b) Prove que no existe nenhuma seqncia (An ) M tal que An a ue n=1 R . (c) Prove que X no satisfaz o primeiro axioma de enumerabilidade. a 12.G. Seja (xn ) uma seqncia em X e seja x X. Se cada subseqncia ue ue n=1 de (xn ) admite uma subseqncia que converge a x, prove que (xn ) ue n=1 n=1 converge a x.

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13. Convergncia de redes e 13.1. Denio. Um conjunto , junto com uma relao , chamado de ca ca e conjunto dirigido se verica as seguintes propriedades: (a) para todo . (b) Se e , ento . a (c) Dados , , existe tal que e . 13.2. Exemplos. (a) N, com a relao de ordem usual, um conjunto dirigido. ca e (b) Seja X um espao topolgico, e seja x X. Se denimos U V quando c o U V , ento o sistema de vizinhanas Ux um conjunto dirigido. De maneira a c e anloga, qualquer base de vizinhanas Bx um conjunto dirigido. a c e 13.3. Denio. Seja X um espao topolgico. ca c o (a) Chamaremos de rede em X qualquer funo da forma x : X, sendo ca um conjunto dirigido. Escreveremos x em lugar de x(), e falaremos da rede (x ) . (b) Diremos que a rede (x ) converge a um ponto x X se dada U Ux , existe 0 I tal que x U para todo 0 . Neste caso escreveremos x x. E claro que a denio em (b) no muda se trocamos o sistema de vizinhanas ca a c Ux por qualquer base de vizinhanas Bx . c 13.4. Exemplos. Seja X um espao topolgico. c o (a) Qualquer seqncia em X uma rede, e a convergncia de redes generue e e aliza a convergncia de seqncias. e ue (b) Seja x X. Se escolhemos xU U para cada U Ux , ento (xU )U Ux a uma rede em X que converge a x. e (c) Seja x X, e seja Bx uma base de vizinhanas de x. Se escolhemos c xU U para cada U Bx , ento (xU )U Bx uma rede em X que converge a x. a e Notemos que, nos Exemplos 13.4(b) e 13.4(c) estamos usando a Proposio ca 9.3, ou seja o axioma da escolha. O resultado seguinte generaliza a Proposio 12.2. ca 13.5. Proposio. Seja X um espao topolgico, e sejam A X e x X. ca c o o Tem-se que x A se e s se existe uma rede (x ) A que converge a x. Demonstrao. Pela Proposio 5.8, x A se e s se U A = para cada ca ca o U Ux . () Se x A, podemos escolher xU U A para cada U Ux . Ento a a rede (xU )U Ux est contida em A e converge a x. a

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() Seja (x ) uma rede em A que converge a x. Dado U Ux , existe 0 tal que x U para todo 0 . Em particular x0 U A. Segue que x A. O resultado seguinte generaliza a Proposio 12.4. ca 13.6. Proposio. Seja f : X Y , sendo X e Y espaos topolgicos. ca c o Ento f cont a e nua num ponto x X se e s se, para cada rede (x ) que o converge a x em X, a rede (f (x )) converge a f (x) em Y . Demonstrao. Pela Proposio 8.2, f cont ca ca e nua em x se e s se, dado o V Uf (x) , existe U Ux tal que f (U ) V . () Suponhamos que f seja cont nua em x. Seja (x ) uma rede em X que converge a x. Ento, dada V Uf (x) , existe U Ux tal que f (U ) V . a Seja 0 tal que x U para todo 0 . Ento f (x ) f (U ) V para a todo 0 . Logo f (x ) f (x). () Suponhamos que f no seja cont a nua em x. Ento existe V Uf (x) tal a que f (U ) V para todo U Ux . Se escolhemos xU U tal que f (xU ) V / para cada U Ux , ento xU x, mas f (xU ) f (x). a 13.7. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios, e seja X = iI Xi . Ento uma rede (x ) converge o a a a x em X se e s se a rede (i (x )) converge a i (x) em Xi para cada i I. o Demonstrao. () Se x x em X, ento i (x ) i (x) em Xi , para ca a cada i I, pois cada i cont e nua. () Suponhamos que i (x ) i (x) para cada i I. Seja U uma vizinhana aberta bsica de x em X, ou seja c a xU =
jJ 1 j (Uj ), com J nito, Uj aberto em Xj .

Para cada j J j (x) Uj . Logo existe j tal que j (x ) Uj para todo j . Como um conjunto dirigido existe 0 tal que 0 j para cada j J. e Segue que 1 x j (Uj ) para todo 0 .
jJ

Logo x x. 13.8. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja (x ) uma rede ca c o em X. Diremos que x X um ponto de acumulao de (x ) se dados e ca U Ux e 0 , existe , 0 , tal que x U . Se (x ) converge a x, claro que x ponto de acumulao de (x ) . e e ca

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13.9. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja x : X uma ca c o rede em X. Chamaremos de subrede de x : X qualquer rede da forma x : M X, sendo M um conjunto dirigido, e sendo : M uma funo ca com as seguintes propriedades: (a) 1 2 implica (1 ) (2 ) ( crescente); e (b) dado , existe M tal que () ( conal ). e A subrede x : M X ser denotada por (x() )M . a 13.10. Proposio. Seja X um espao topolgico, e seja (x ) uma ca c o rede em X. Ento x X um ponto de acumulao de (x ) se e s se a e ca o existe uma subrede de (x ) que converge a x. Demonstrao. () Seja (x() )M uma subrede de (x ) que conca verge a x. Sejam U Ux e 0 dados. Por um lado existe 1 M tal que (1 ) 0 . Por outro lado existe 2 M tal que x() U para todo 2 . Seja M tal que 1 e 2 . Segue que () (1 ) 0 e x() U . Logo x ponto de acumulao de (x ) . e ca () Seja x um ponto de acumulao de (x ) . Seja ca M = {(, U ) Ux : x U }. Denamos (1 , U1 ) (2 , U2 ) se 1 2 e U1 U2 . Claramente M um e conjunto dirigido. Denamos : M por (, U ) = . Claramente (x() )M uma subrede de (x ) . Provaremos que x() x. Seja e U0 Ux . Como x ponto de acumulao de (x ) , existe 0 tal que e ca x0 U . Ento (0 , U0 ) M e claro que x U0 para todo (, U ) M tal a e que (, U ) (0 , U0 ). Ou seja x() x. 13.11. Denio. Diremos que uma rede (x ) em X uma rede ca e universal ou ultrarede se dado A X existe 0 tal que {x : 0 } A ou {x : 0 } X \ A.

E claro que toda rede constante uma rede universal, chamada de rede e universal trivial. 13.12. Proposio. Seja X um espao topolgico, e seja (x ) uma rede ca c o universal em X. Se x um ponto de acumulao de (x ) , ento (x ) e ca a converge a x. Demonstrao. Seja U Ux . Como (x ) rede universal, existe ca e 0 tal que {x : 0 } U ou {x : 0 } X \ U.

Como x ponto de acumulao de (x ) , existe 0 tal que x U . Segue e ca que {x : 0 } U. 36

Logo x x. Exerc cios 13.A. Se uma rede (x ) converge a x, prove que qualquer subrede de (x ) tambm converge a x. e 13.B. Se x ponto de acumulao de uma subrede de (x ) , prove que x e ca ponto de acumulao de (x ) . e ca 13.C. Seja x um ponto de acumulao de uma rede (x ) no produto ca X = iI Xi . Prove que i (x) ponto de acumulao da rede (i (x )) em e ca Xi para cada i I. 13.D. Seja (x ) uma rede em X, e seja x X. Se cada subrede de (x ) admite uma subrede que converge a x, prove que (x ) converge a x. 13.E. Prove que cada subrede de uma rede universal uma rede universal. e 13.F. Seja f : X Y . Se (x ) uma rede universal em X, prove que e (f (x )) uma rede universal em Y . e

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14. O lema de Zorn e o teorema de Zermelo 14.1. Denio. Chamaremos de relao de ordem parcial num conjunto ca ca X uma relao em X com as seguintes propriedades: ca (a) x x para todo x X ( reexiva); e (b) se x y e y x, ento x = y ( antisimtrica); a e e (c) se x y e y z, ento x z ( transitiva). a e Neste caso diremos que X um conjunto parcialmente ordenado. e Diremos que uma relao de ordem total se alm de vericar (a), (b) e e ca e (c), tambm verica e (d) dados x, y X, tem-se que x y ou y x. Neste caso diremos que X um conjunto totalmente ordenado. e 14.2. Exemplos. (a) Se X um conjunto, ento a relao de incluso uma relao de ordem e a ca a e ca parcial em P(X). (b) A relao de ordem usual em R uma relao de ordem total. ca e ca 14.3. Denio. Seja X um conjunto parcialmente ordenado, e seja A ca X. (a) Se existir a0 A tal que a0 a para todo a A, diremos que a0 o e elemento m nimo de A. De maneira anloga denimos elemento mximo. a a (b) Se existir a0 A tal que a = a0 sempre que a A e a a0 , diremos que a0 um elemento minimal de A. De maneira anloga denimos elemento e a minimal. (c) Se existir c X tal que c a para todo a A, diremos que A limitado e inferiormente e que c uma cota inferior de A. De maneira anloga denimos e a conjunto limitado superiormente e cota superior. (d) Diremos que A uma cadia em X se A totalmente ordenado sob a e e e relao de ordem parcial induzida por X. ca (e) Diremos que A bem ordenado se cada subconjunto no vazio de A e a possui um elemento m nimo. 14.4. Exemplos. (a) N, com a ordem usual, um conjunto bem ordenado. e (b) R, com a ordem usual, um conjunto totalmente ordenado, que no e a e bem ordenado: o intervalo aberto (a, b) no possui elemento m a nimo. 14.5. Lema de Zorn. Seja X um conjunto parcialmente ordenado no a vazio tal que cada cadia em X limitada superiormente. Ento X possui pelo e e a menos um elemento maximal. 14.6. Teorema de Zermelo. Cada conjunto no vazio pode ser bem a ordenado.

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14.7. (a) O (b) O (c) O

Teorema. As seguintes armaes so equivalentes: co a axioma da escolha. lema de Zorn. teorema de Zermelo.

Demonstrao. (b) (c): Seja X um conjunto no vazio. Seja F a fam ca a lia de todos os pares (A, A ) tais que = A X e (A, A ) um conjunto bem e a ordenado. E fcil vericar que F um conjunto parcialmente ordenado no e a vazio se denimos (A, A ) (B, B ) quando: (i) A B; (ii) se x, y A, ento x A y se e s se x B y; a o (iii) se x A e y B \ A, ento x B y. a Provaremos que cada cadia em F limitada superiormente. De fato, seja e e {(Ai , Ai ) : i I} uma cadia em F, e seja A = iI Ai . Dados x, y A e a denamos x A y se x, y Ai e x Ai y. E fcil vericar que a relao A est ca a bem denida, e uma relao de ordem parcial em A. Armamos que (A, A ) e ca um conjunto bem ordenado. Seja = B A, e seja e J = {j I : B Aj = }. Notemos que A coincide com Ai em Ai para cada i I. Como (Ai , Ai ) bem ordenado para cada i I, segue que todos os conjuntos B Aj , com e j J, tem o mesmo elemento m nimo, que denotaremos por b0 . Segue que b0 e o elemento m nimo de B. Logo (A, A ) bem ordenado, ou seja pertence a F. e Agora claro que (A, A ) uma cota superior da cadia {(Ai , Ai ) : i I}. e e e Pelo lema de Zorn, F possui pelo menos um elemento maximal (A, A ). Segue da maximalidade de (A, A ) que A = X. Logo (X, X ) um conjunto e bem ordenado. (c) (a): Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de conjuntos no vazios. lia a a Pelo teorema de Zermelo, existe uma boa ordenao para iI Xi . Para cada ca i I seja f (i) o elemento m nimo de Xi . Ento f iI Xi . a (a) (b): Esta a implicao mais dif de provar. Seja X um conjunto e ca cil parcialmente ordenado no vazio no qual cada cadia limitada superiormente. a e e Seja X a fam de todas as cadias de X. Ento X um conjunto parciallia e a e mente ordenado no vazio, por incluso de conjuntos. a a A estratgia da demonstrao trabalhar com a fam de conjuntos X , que e ca e lia parcialmente ordenada por incluso, em lugar de trabalhar com o conjunto e a parcialmente ordenado abstrato X. Depois de provar que X possui um elemento maximal, ser fcil provar que X possui um elemento maximal. a a O primeiro passo caracterizar os elementos maximais de X . Para cada e C X seja C = {x X : C {x} X }. E claro que C C. Alm disso, C maximal em X se e s se C = C. e e o

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Pelo axioma da escolha, existe uma funo f : P(X) \ {} X tal que ca f (A) A para cada A P(X) \ {}. Seja g : X X denida por: g(C) = C g(C) = C {f (C \ C)} se C = C, se C = C.

A funo g est bem denida, pois se C = C, ento f (C \C) C \C, e portanto ca a a C {f (C \ C)} X . Alm disso, C maximal em X se e s se g(C) = C. e e o Diremos que uma fam T X uma torre se: lia e (i) T ; (ii) se C T , ento g(C) T ; a (iii) se C uma cadia em T , ento C T . e e a E claro que X uma torre. E claro que a interseo de uma fam de torres e ca lia uma torre. Seja T0 a interseo de todas as torres de X . Ento T0 a menor e ca a e torre de X . Nosso prximo objetivo provar que T0 uma cadia em X . Isto o e e e vai nos dar muito trabalho. Diremos que C T0 comparvel se dado D T0 , tem-se que C D ou e a D C. Para provar que T0 cadia, basta provar que cada C T0 comparvel. e e e a Para provar que cada C T0 comparvel, basta provar que os conjuntos e a comparveis em T0 formam uma torre. a E claro que comparvel. E claro tambm que se C uma cadia de e a e e e conjuntos comparveis, ento C comparvel. O mais dif vai ser provar a a e a cil que se C comparvel, ento g(C) comparvel tambm. e a a e a e Fixemos C T0 , C comparvel. a Armamos que se D T0 e D C, D = C, ento g(D) C. Como T0 a e torre, g(D) T0 . Como C comparvel, tem-se que g(D) C ou C g(D), e a C = g(D). Mas C g(D), C = g(D) imposs e vel, pois D C, D = C e g(D) = D ou g(D) = D {x}. Seja U = {D T0 : D C ou g(C) D}. Armamos que U uma torre. E claro que U. E claro tambm que e e se D uma cadia em U, ento D U. Falta provar que se D U, ento e e a a g(D) U. H tres possibilidades: a (i) D C, D = C. Neste caso j sabemos que g(D) C, e portanto a g(D) U. (ii) D = C. Neste caso g(D) = g(C), e portanto g(D) U. (iii) g(C) D. Neste caso g(D) D g(C), e portanto g(D) U. Como U torre e U T0 , segue que U = T0 . Logo, dado D T0 = U, e tem-se que D C g(C) ou g(C) D. Logo g(C) comparvel. e a 40

Temos provado assim que os conjuntos comparveis de T0 formam uma torre. a Segue que cada C T0 comparvel, e dai T0 uma cadia em X . e a e e Como T0 torre, temos que C0 := T0 T0 . Como T0 torre, temos que e e g(C0 ) T0 , e portanto g(C0 ) = C0 . Logo C0 maximal em X . e Por hiptese existe m X tal que c m para todo c C0 . Como C0 uma o e cadia maximal, claro que m C0 . e e Armamos que m um elemento maximal em X. De fato seja n X, com e m n. Como C0 uma cadia maximal, segue que n C0 . Logo n m, e e e portanto n = m. Isto completa a demonstrao. ca Exerc cios. 14.A. Seja X = {n N : n 2}. Dados m, n X, denamos m n se m divide n. (a) Prove que uma relap de ordem parcial em X. e ca (b) Prove que, dada uma cadia C X e um elemento n C, existe apenas e um nmero nito de elementos n1 , ..., nk C que dividem n. u (c) Prove que cada cadia C X limitada inferiormente. e e (d) Identique os elementos minimais de X. 14.B. Seja (X, ) um conjunto totalmente ordenado com pelo menos dois elementos. Dados x, y X, escreveremos x < y se x y e x = y. (a) Prove que os conjuntos {x X : a < x}, com a X, junto com os conjuntos {x X : x < b}, com b X, formam uma sub-base para uma topologia em X, chamada de topologia da ordem. (b) Prove que a topologia usual em R coincide com a topologia da ordem usual em R. 14.C. Seja E um espao vetorial, E = {0}. Usando o lema de Zorn prove c que cada subconjunto linearmente independente de E est contido em alguma a base de E. 14.D. Sejam E e F espaos vetoriais sobre o mesmo corpo, seja E0 um c subespao vetorial de E, e seja T0 : E0 F uma aplicao linear. Use o lema c ca de Zorn para provar a existncia de uma aplicao linear T : E F tal que e ca T x = T0 x para todo x E0 . 14.E. Seja A um anel comutativo com elemento unidade. Um conjunto I A chamado de ideal se verica as seguintes condies: e co (a) x y I para todo x, y I; (b) xy I para todo x I, y A. Um ideal I = A chamado de ideal prprio. Um ideal prprio que no est e o o a a contido em nenhum outro ideal prprio chamado de ideal maximal. Use o lema o e de Zorn para provar que cada ideal prprio de A est contido em algum ideal o a maximal.

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15. Convergncia de ltros e 15.1. Denio. Seja X um conjunto no vazio. Diremos que uma fam ca a lia no vazia F P(X) um ltro em X se verica as seguintes condies: a e co (a) A = para todo A F; (b) se A, B F, ento A B F; a (c) se A F e A B X, ento B F. a 15.2. Denio. Seja X um conjunto no vazio. Diremos que uma fam ca a lia no vazia B P(X) uma base de ltro em X se a fam a e lia F = {A X : A B para algum B B} um ltro em X. Neste caso diremos que F o ltro gerado por B. e e E claro que todo ltro em X uma base de ltro em X. e 15.3. Proposio. Seja X um conjunto no vazio. Uma fam no ca a lia a vazia B P(X) uma base de ltro em X se e s se se vericam as seguintes e o condies: co (a) A = para todo A B; (b) dados A, B B, existe C B tal que C A B. Demonstrao. () Suponhamos que a fam ca lia F = {A X : A B para algum B B} seja um ltro em X. E claro que B F, e portanto (a) vale. Para provar (b) sejam A, B B F. Ento A B F, e dai A B C para algum C B. a () Supondo (a) e (b) queremos provar que a fam lia F = {A X : A B para algum B B} um ltro em X. e Seja A F. Ento A B para algum B B. Como B = , segue que a A = . Sejam A1 , A2 F. Ento A1 B1 e A2 B2 , com B1 , B2 B. Existe a B3 B tal que B3 B1 B2 . Segue que A1 A2 B1 B2 B3 , e portanto A1 A2 F. Finalmente sejam A1 F e A1 A2 X. A1 B1 para algum B1 B. Segue que A2 A1 B1 , e portanto A2 F. 15.4. Exemplos. (a) Seja X um conjunto, seja = B X, e seja B = {B}. E claro que B e uma base de ltro em X. O ltro gerado por B a fam F = {A : B A e lia X}. (b) Seja X um espao topolgico, e seja x X. Ento o sistema de vizinc o a hanas Ux um ltro em X. Qualquer base de vizinhanas Bx uma base de c e c e ltro em X que gera o ltro Ux . 42

(c) A fam B = {(a, ) : a R} uma base de ltro em R. lia e se 15.5. Denio. Uma base de ltro B em X dita xa se ca e B = . B = , e livre

Seja F o ltro gerado por B. E claro que F xo se e s se B xa. e o e Os ltros ou bases de ltro dos Exemplos 15.4 (a) e 15.4 (b) so xos. A a base de ltro do Exemplo 15.4 (c) livre. e 15.6. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja B uma base de ltro ca c o em X. Diremos que B converge a um ponto x X, e escreveremos B x, se dado U Ux , existe B B tal que B U . E claro que um ltro F converge a x se e s se Ux F. E claro tambm que o e uma base de ltro B converge a x se e s se o ltro gerado por B converge a x. o Trabalhar com ltros ou com bases de ltro equivalente. Em geral, escolhere emos um ou outro, de maneira que os enunciados quem mais simples. 15.7. Exemplos. Seja X um espao topolgico, e seja x X. Ento c o a o sistema de vizinhanas Ux converge a x. Qualquer base de vizinhanas Bx c c converge a x. 15.8. Proposio. Seja X um espao topolgico, e sejam E X e x X. ca c o o Tem-se que x E se e s se existe um ltro F em X tal que E F e F x. o Demonstra o. Sabemos que x E se e s se U E = para todo c a U Ux . () Seja F um ltro em X tal que E F e F x. Como F x, tem-se que Ux F. Segue que U E F, e portanto U E = para todo U Ux . Logo x E. () Suponhamos que x E. Seja B = {U E : U Ux }. E claro que B uma base de ltro em X, e que B x. Seja F o ltro gerado e por B. E claro que E F e F x. 15.9. Proposio. Seja B uma base de ltro em X, e seja f : X Y uma ca funo qualquer. Ento a fam ca a lia f (B) = {f (B) : B B} uma base de ltro em Y . e Demonstrao: exerc ca cio. 15.10. Proposio. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja f : X Y . ca c o Ento f cont a e nua num ponto x X se e s se f (B) f (x) para cada base o de ltro B em X que converge a x. 43

Demonstrao. Sabemos que f cont ca e nua em x se e s se, dado V Uf (x) , o existe U Ux tal que f (U ) V . () Suponhamos que f seja cont nua em x, e seja B uma base de ltro em X que converge a x. Dada V Uf (x) , existe U Ux tal que f (U ) V . Como B x, existe B B tal que B U . Segue que f (B) f (U ) V , e portanto f (B) f (x). () Suponhamos que f (B) f (x) para cada base de ltro B que converge a x. Como em particular Ux x, tem-se que f (Ux ) f (x). Logo, dada V Uf (x) , existe U Ux tal que f (U ) V . Logo f cont e nua em x. 15.11. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios, seja X = iI Xi , e seja B uma base de ltro em X. o a Ento B converge a x em X se e s se i (B) converge a i (x) em Xi para cada a o i I. Demonstrao. () Se B x em X, ento i (B) i (x) em Xi , para ca a cada i I, pois cada i cont e nua. () Suponhamos que i (B) i (x) em Xi para cada i I. Seja U uma vizinhana aberta bsica de x em X, ou seja c a xU =
jJ 1 j (Uj ), com J nito, Uj aberto em Xj .

Como j (B) j (x), existe Bj B tal que j (Bj ) Uj , para cada j J. Seja B B tal que B jJ Bj . Ento a B
jJ

Bj
jJ

1 j (Uj ) = U.

Logo B x. 15.12. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja B uma base de ca c o ltro em X. Diremos que x X um ponto de acumulao de B se U B = e ca para todo U Ux e B B, ou seja se x {B : B B}. Se B converge a x, claro que x ponto de acumulao de B. E claro que x e e ca ponto de acumulao de B se e s se x ponto de acumulao do ltro gerado e ca o e ca por B. 15.13. Proposio. Seja X um espao topolgico, e seja F um ltro em ca c o X. Ento x um ponto de acumulao de F se e s se existe um ltro G F a e ca o que converge a x. Demonstrao. () Seja G um ltro em X tal que G F e G x. Ento ca a Ux G, e dai segue que U A = para todo U Ux e A F. Logo x ponto e de acumulao de F. ca () Suponhamos que x seja ponto de acumulao de F. Seja ca B = {U A : U Ux , A F}. 44

E claro que B uma base de ltro em X que converge a x. Seja G o ltro gerado e por B. E claro que G F e G x. 15.14. Denio. Diremos que F um ultraltro em X se F um ltro ca e e maximal em X, ou seja, cada vez que existir um ltro G em X tal que F G, tem-se que F = G. 15.15. Proposio. Um ltro F em X um ultraltro se e s se, dado ca e o E X, tem-se que E F ou X \ E F. Demonstrao. () Suponhamos que, dado E X, tem-se que E F ca ou X \ E F. Suponhamos que exista um ltro G em X tal que F G e F = G. Seja E G \ F. Segue que X \ E F G. Logo = E (X \ E) G, absurdo. () Seja F um ultraltro em X, e seja E X. Dado A F, claro que e A E = ou A (X \ E) = . Consideremos dois casos. Primeiro suponhamos que A E = para todo A F. Seja B = {A E : A F}. E claro que B uma base de ltro em X. Seja G o ltro gerado por B. E claro e que F G e E G. Como F ultraltro, tem-se que F = G. Segue que E F. e A seguir suponhamos que A0 E = para algum A0 F. Ento A0 X \E, a e segue que X \ E F. 15.16. Proposio. Seja X um espao topolgico, e seja F um ultraltro ca c o em X. Se x um ponto de acumulao de F, ento F converge a x. e ca a Demonstrao. Suponhamos que x seja ponto de acumulao de F, ou ca ca seja U A = para todo U Ux e A F. Armamos que Ux F. De fato, suponhamos que exista U Ux , com U F. Teriamos que X \ U F, e portanto U (X \ U ) = , absurdo. Logo / Ux F, e portanto F x. 15.17. Proposio. Cada ltro em X est contido em algum ultraltro. ca a Demonstrao. Seja P a fam de todos os ltros G em X tais que ca lia G F. P um conjunto parcialmente ordenado por incluso de conjuntos. e a Seja {Gi : i I} uma cadia em P. E claro que iI Gi um ltro em X, e e e portanto uma cota superior para a cadia {Gi : i I}. Pelo lema de Zorn P e e possui pelo menos um elemento maximal G. Segue que G um ultraltro em X e que contm F. e Exerc cios 15.A. Seja B uma base de ltro em X e seja f : X Y uma funo ca qualquer. Prove que a fam lia f (B) = {f (B) : B B} 45

uma base de ltro em Y . e 15.B. Seja A uma base de ltro em X e seja B uma base de ltro em Y . (a) Prove que a fam lia C = {A B : A A, B B} uma base de ltro em X Y . e (b) Prove que C (x, y) se e s se A x e B y. o 15.C. Seja B = {(a, ) : a R}. Pelo Exerc 6.D B base para uma topologia em R. Pelo Exemplo 15.4 B cio e uma base de ltro em R. Prove que B x para cada x R. e 15.D. Seja X um conjunto innito, com a topologia conita do Exerc cio 3.C. Seja G = {A X : X \ A nito}. e (a) Prove que G um ltro em X. e (b) Prove que G x para cada x X. 15.E. Seja (x ) uma rede em X, e seja B = {B : }, onde B = {x : } para cada . (a) Prove que B uma base de ltro em X, que chamaremos de base de ltro e gerada por (x ) . (b) Prove que x x se e s se B x. o (c) Prove que x ponto de acumulao de (x ) se e s se x ponto de e ca o e acumulao de B. ca (d) Prove que (x ) uma rede universal se e s se o ltro gerado por B e o um ultraltro. e 15.F. Seja B uma base de ltro em X, e seja = {(a, A) : a A B}. (a) Prove que um conjunto dirigido se denimos (a, A) (b, B) quando e A B. A rede x : X denida por x(a, A) = a chamada de rede gerada e por B, e denotada por (x ) . e (b) Prove que B x se e s se x x. o (c) Prove que x ponto de acumulao de B se e s se x ponto de acue ca o e mulao de (x ) . ca (d) Prove que o ltro gerado por B um ultraltro se e s se (x ) uma e o e rede universal.

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16. Espaos de Hausdor c 16.1. Denio. Diremos que um espao topolgico X um espao T0 se ca c o e c dados dois pontos distintos em X, existe uma vizinhana de um deles que no c a contm o outro. e 16.2. Exemplos. (a) Cada espao topolgico discreto um espao T0 . c o e c (b) Seja X um espao topolgico trivial, com pelo menos dois pontos. Ento c o a X no um espao T0 . a e c 16.3. Proposio. Um espao topolgico X um espao T0 se e s se, ca c o e c o dados a, b X, com a = b, tem-se que {a} = {b}. Demonstrao. () Seja X um espao T0 , e sejam a, b X, a = b. Se ca c existir U Ua tal que b U , ento a {a}, mas a {b}. Se existir V Ub tal / a / que a V , ento b {b}, mas b {a}. Em ambos casos {a} = {b}. / a / () Suponhamos que X no seja um espao T0 . Ento existem a, b X, a c a com a = b, tais que b U para cada U Ua , e a V para cada V Ub . Logo a {b} e b {a}. Segue que {a} = {b}. 16.4. Denio. Diremos que um espao topolgico X um espao T1 se ca c o e c dados dois pontos distintos em X, existe uma vizinhana de cada um deles que c no contm o outro. a e E claro que cada espao T1 um espao T0 . c e c 16.5. Exemplos. (a) Cada espao topolgico discreto um espao T1 . c o e c (b) O espao de Sierpinski um espao T0 , mas no um espao T1 . c e c a e c 16.6. Proposio. Um espao topolgico X um espao T1 se e s se cada ca c o e c o subconjunto unitrio de X fechado. a e Demonstrao. () Seja X um espao T1 , e seja a X. Para cada b X, ca c com b = a, existe V Ub tal que a V . Segue que X \ {a} aberto, ou seja / e {a} fechado. e () Suponhamos que {a} seja fechado para cada a X. Dados a, b X, com a = b, sejam U = X \ {b} e V = X \ {a}. Ento U e V so abertos, a U , a a b U, b V , a V . / / 16.7. Denio. Diremos que um espao topolgico X um espao de ca c o e c Hausdor ou um espao T2 se dados a, b X, com a = b, existem U Ua e c V Ub , com U V = . E claro que cada espao T2 um espao T1 . c e c 16.8. Exemplos. (a) Cada espao topolgico discreto um espao de Hausdor. c o e c (b) Cada espao mtrico um espao de Hausdor. c e e c

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(c) Seja X um conjunto innito, com a topologia conita. Ento X um a e espao T1 , mas no um espao T2 . Deixamos a demonstrao como exerc c a e c ca cio. 16.9. Proposio. Para um espao topolgico X as seguintes condies ca c o co so equivalentes: a (a) X Hausdor. e (b) Cada rede convergente em X tem um limite unico. (c) Cada ltro convergente em X tem um limite unico. Demonstrao. (a) (b): Suponhamos que X seja Hausdor, e seja ca (x ) uma rede em X que converge a x e a y, com x = y. Sejam U Ux e V Uy , com U V = . Como x x, existe 1 tal que x U para todo 1 . Como x y, existe 2 tal que x V para todo 2 . Seja tal que 1 e 2 . Ento x U V , contradio. a ca (b) (a): Suponhamos que X no seja Hausdor. Ento existem x, y X, a a com x = y, tais que U V = para todo U Ux e V Uy . Seja xU V U V para cada U Ux e V Uy . Segue que (xU V )(U,V )Ux Uy uma rede em X e que converge a x e a y, com x = y. (a) (c): Suponhamos que X seja Hausdor, e seja F um ltro em X que converge a x e a y, com x = y. Sejam U Ux e V Uy , com U V = . Como F x, tem-se que U Ux F. Como F y, tem-se que V Uy F. Logo U V F, absurdo, pois U V = . (c) (a): Suponhamos que X no seja Hausdor. Ento existem x, y X, a a com x = y, tais que U V = para todo U Ux e V Uy . Seja B = {U V : U Ux , V Uy }. E claro que B uma base de ltro em X. Seja F o ltro gerado por B. E claro e que Ux F e Uy F. Logo F converge a x e a y, com x = y. 16.10. Proposio. Cada subespao de um espao de Hausdor um ca c c e espao de Hausdor. c Demonstrao. Seja X um espao de Hausdor, e seja S um subespao ca c c de X. Sejam a, b S, com a = b. Como X Hausdor, existem abertos U1 e e V1 em X tais que a U1 , b V1 e U1 V1 = . Sejam U = S U1 e V = S V1 . Ento U e V so abertos em S, a U , b V e U V = . a a 16.11. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi Hausdor se e s se o a a e o cada Xi Hausdor. e Demonstrao. () Esta implicao segue da Proposio 16.10 e do ca ca ca Exerc 10.C. cio () Suponhamos que cada Xi seja Hausdor, e sejam a, b X, com a = b. Escrevamos a = (ai )iI , b = (bi )iI . Como a = b, existe i I tal que ai = bi . Como Xi Hausdor, existem abertos Ui e Vi em Xi tais que ai Ui , bi Vi e e

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1 1 Ui Vi = . Sejam U = i (Ui ) e V = i (Vi ). Ento U e V so abertos em a a X, a U , b V e U V = .

16.12. Proposio. Sejam X e Y espaos topolgicos, com Y Hausdor. ca c o Sejam f e g duas funes cont co nuas de X em Y tais que f (x) = g(x) para todo x num subconjunto denso D X. Ento f (x) = g(x) para todo x X. a Demonstrao. Como X = D, para cada x X, existe uma rede (xi )iI ca D tal que xi x. Como f e g so cont a nuas, segue que f (xi ) f (x) e g(xi ) g(x). Como f (xi ) = g(xi ) para todo i I, e Y Hausdor, a Proposio 16.9 e ca garante que f (x) = g(x). Exerc cios 16.A. Seja X = N, com a topologia do Exerc cio 4.F. Prove que X um e espao T0 , mas no um espao T1 . c a e c 16.B. Prove que cada subespao de um espao T0 (resp. T1 ) um espao c c e c T0 (resp. T1 ). 16.C. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos topolgicos no lia a c o a vazios. Prove que o produto X = iI Xi um espao T0 (resp. T1 ) se e s se e c o cada Xi um espao T0 (resp. T1 ). e c 16.D. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja f : X Y uma aplicao c o ca sobrejetiva e fechada. Prove que se X um espao T1 , ento Y tambm um e c a e e espao T1 . c 16.E. Seja X um conjunto innito, com a topologia conita. Prove que X um espao T1 , mas no um espao T2 . e c a e c 16.F. Seja X um espao de Hausdor. Dados n pontos distintos x1 , ..., xn c X, prove que existem n abertos disjuntos U1 , ..., Un X tais que xj Uj para j = 1, ..., n. 16.G. Seja X um espao topolgico. c o (a) Prove que X um espao T1 se e s se, para cada a X tem-se que e c o {U : U Ua } = {a}. (b) Prove que X um espao T2 se e s se, para cada a X tem-se que e c o {U : U Ua } = {a}. 16.H. Prove que um espao topolgico X Hausdor se e s se o conjunto c o e o D = {(x, x) : x X} fechado em X X. e 16.I. Sejam X e Y espaos topolgicos, com Y Hausdor. Sejam f e g duas c o funes cont co nuas de X em Y . (a) Prove que o conjunto {x X : f (x) = g(x)} fechado em X. e (b) Use (a) para dar outra demonstrao da Proposio 16.12. ca ca

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17. Espaos regulares c 17.1. Denio. Diremos que um espao topolgico X regular se dados ca c o e um fechado A em X e um ponto b A, existem abertos disjuntos U , V em X / tais que A U e b V . Diremos que X um espao T3 se X um espao T1 e c e c que regular. e E claro que cada espao T3 um espao T2 . c e c 17.2. Exemplos. (a) Cada espao discreto um espao T3 . c e c (b) Cada espao mtrico um espao T3 . A demonstrao deixada como c e e c ca e exerc cio. (c) Seja X um espao topolgico trivial, com pelo menos dois pontos. Ento c o a X regular, mas no um espao T3 . e a e c (d) O espao de Sierspinski no regular. A demonstrao deixada como c a e ca e exerc cio. 17.3. Proposio. Para um espao topolgico X as seguintes condies ca c o co so equivalentes: a (a) X regular. e (b) Dados um aberto U X e um ponto a U , existe um aberto V X tal que a V V U . (c) Cada ponto de X admite uma base de vizinhanas fechadas. c Demonstrao. (a) (b): Seja a U , sendo U aberto em X. Ento ca a a X \ U , e X \ U fechado. Como X regular, existem abertos disjuntos V , / e e W em X tais que a V e X \ U W . Logo a V X \ W U . Como X \ W fechado, segue que e a V V X \ W U. (b) (c): imediato. (c) (a): Seja b A, sendo A fechado em X. Ento b X \ A, e X \ A / a e aberto. Por (c) existe V Ub , V fechado, tal que b V X \ A. Segue que A X \ V, b V , (X \ V ) V = .

17.4. Proposio. Cada subespao de um espao regular um espao ca c c e c regular. Demonstrao. Seja X um espao regular e seja S um subespao de X. ca c c Seja A um subconjunto fechado de S, e seja b S \ A. Sabemos que A = S A1 , sendo A1 um subconjunto fechado de X. Como b A1 e X regular, existem / e abertos disjuntos U1 , V1 em X tais que A1 U1 e b V1 . Sejam U = S U1 e V = S V1 . Ento U e V so dois abertos disjuntos de S, A U e b V . a a 17.5. Corolrio. Cada subespao de um espao T3 um espao T3 . a c c e c

50

17.6. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi regular se e s se cada o a a e o Xi regular. e Demonstrao. () Esta implicao segue da Proposio 17.4 e do Exca ca ca erc 10.C. cio () Suponhamos que cada Xi seja regular, e sejam a X e U Ua . Ento a U
jJ 1 j (Uj ),

sendo J I, J nito, e Uj aberto em Xj para cada j J. Como Xj regular e cada Uj contm uma vizinhana fechada Vj de j (a). Segue que e c a
jJ 1 j (Vj ) jJ 1 j (Uj ) U.

Logo X regular. e 17.7. Corolrio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos a lia a c topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi um espao T3 se e s o a a e c o se cada Xi um espao T3 . e c Exerc cios 17.A. Prove que cada espao mtrico um espao T3 . c e e c 17.B. Prove que o espao de Sierpinski no regular. c a e 17.C. Seja X um conjunto innito, com a topologia conita. Prove que X no regular. a e 17.D. Prove que a reta de Sorgenfrey do Exerc 6.C um espao T3 . cio e c 17.E. (a) Prove que a fam lia B = {(a, b) : a, b R, a < b} {(a, b) Q : a, b R, a < b} uma base para uma topologia em R. e (b) Prove que (R, ) Hausdor. e (c) Prove que (R, ) no regular. a e 17.F. Seja X um espao regular. Prove que, dados um fechado A em X c e um ponto b A, existem abertos U e V em X tais que A U , b V e / U V = .

51

18. Espaos normais c 18.1. Denio. Diremos que um espao topolgico X normal se dados ca c o e dois fechados disjuntos A e B em X, existem dois abertos disjuntos U e V em X tais que A U e B V . Diremos que X um espao T4 se X um espao e c e c T1 que normal. e E claro que cada espao T4 um espao T3 . c e c 18.2. Exemplos. (a) Cada espao discreto um espao T4 . c e c (b) Cada espao mtrico um espao T4 . A demonstrao deixada como c e e c ca e exerc cio. (c) O espao de Sierpinski normal, mas no regular nem Hausdor. A c e a e demonstrao deixada como exerc ca e cio. 18.3. Proposio. Um espao topolgico X normal se e s se, dados um ca c o e o fechado A e um aberto U , com A U , existe um aberto V tal que A V V U. Demonstrao. () Suponhamos que A U , sendo A fechado e U aberto. ca Ento A e X \ U so dois fechados disjuntos de X. Como X normal, existem a a e abertos disjuntos V e W tais que A V e X \ U W . Logo V X \ W . Como X \ W fechado, segue que e A V V X \ W U. () Sejam A e B dois fechados disjuntos de X. Ento A X \ B, e X \ B a aberto. Por hiptese existe um aberto U tal que e o A U U X \ B. Segue que A U, B X \ U, U (X \ U ) = .

18.4. normal.

Proposio. ca

Cada subespao fechado de um espao normal c c e

Demonstrao. Seja X um espao normal, e seja S um subespao fechado ca c c de X. Sejam A e B dois subconjuntos fechados disjuntos de S. Ento A = SA1 a e B = SB1 , sendo A1 e B1 dois subconjuntos fechados de X. Como S fechado e em X, vemos que A e B so fechados em X. Como X normal, existem abertos a e U1 e V1 em X tais que A U1 , B V1 , U1 V1 = .

Seja U = S U1 e V = S V1 . Ento U e V so abertos em X e a a A U, B V, 52 U V = .

18.5. Corolrio. Cada subespao fechado de um espao T4 um espao a c c e c T4 . 18.6. Proposio. A imagem cont ca nua e fechada de um espao normal c e normal. Demonstrao. Seja X um espao normal, seja Y um espao topolgico, e ca c c o seja f : X Y uma aplicao sobrejetiva, cont ca nua e fechada. Provaremos que Y normal. Sejam B1 e B2 dois fechados disjuntos de Y . Como f cont e e nua, f 1 (B1 ) e f 1 (B2 ) so dois fechados disjuntos de X. Como X normal, existem a e dois abertos disjuntos U1 e U2 de X tais que f 1 (B1 ) U1 e f 1 (B2 ) U2 . Sejam V1 e V2 denidos por Vi = Y \ f (X \ Ui ) para i = 1, 2.

Como f fechada, vemos que cada Vi aberto em Y . e e Notemos que f 1 (Vi ) = X \ f 1 (f (X \ Ui )) X \ (X \ Ui ) = Ui para i = 1, 2.

Como U1 e U2 so disjuntos, vemos que f 1 (V1 ) e f 1 (V2 ) so disjuntos tambm. a a e Dai segue que V1 e V2 so disjuntos. a Finalmente provaremos que B1 V1 e B2 V2 . Suponhamos que exista y Bi tal que y Vi . y Vi implica que y f (X \ Ui ), ou seja y = f (x), com / / x Ui . Por outro lado f (x) = y Bi implica que x f 1 (Bi ) Ui , absurdo. / Isto completa a demonstrao. ca 18.7. Corolrio. A imagem cont a nua e fechada de um espao T4 um c e espao T4 . c Demonstrao. Basta aplicar a Proposio 18.6 e o Exerc 16.E. ca ca cio Em um espao normal, dois fechados disjuntos podem ser separados por meio c de abertos. A seguir veremos que dois fechados disjuntos podem ser separados por meio de funes cont co nuas. 18.8. Lema de separao de Urysohn. Um espao topolgico X ca c o e normal se e s se, dados dois fechados disjuntos A e B de X, existe uma funo o ca cont nua f : X [0, 1] tal que f (A) {0} e f (B) {1}. Demonstrao. () Sejam A e B dois fechados disjuntos de X, e seja ca f : X [0, 1] uma funo cont ca nua tal que f (A) {0} e f (B) {1}. Sejam U = f 1 ([0, 1/2)), V = f 1 ((1/2, 1]).

Ento U e V so abertos, A U , B V e U V = . Logo X normal. a a e () Seja X um espao normal, e sejam A e B dois fechados disjuntos de X. c Como A X \ B, existe um aberto U1/2 tal que A U1/2 U1/2 X \ B. 53

Logo existem abertos U1/4 e U3/4 tais que A U1/4 U1/4 U1/2 U1/2 U3/4 U3/4 X \ B. Seja D = {k/2n : n N, k = 1, 2, ..., 2n 1}. Notemos que D denso em [0, 1]. Procedendo por induo podemos achar, para e ca cada r D um aberto Ur tal que A U1/2n U1/2n U2/2n U2/2n ... U(2n 1)/2n U(2n 1)/2n X \ B. Notemos que: A Ur para todo r D, B X \ Us para todo s D, Us Ur para todo s, r D com s < r. Seja f : X [0, 1] denida por f (x) = inf{r D : x Ur } f (x) = 1 Notemos que: f (x) r f (x) s s f (x) r E claro que 0 f (x) 1 f (x) = 0 f (x) = 1 para todo x X, para todo x A, para todo x B. se x Ur , se x Us , / se x Ur \ Us . se x se x / {Ur : r D}, {Ur : r D}.

Para completar a demonstrao provaremos que f cont ca e nua em cada ponto a X. Seja > 0 dado. Se f (a) = 0, ento a Ur para todo r D. Seja r D tal que r < . Ento a a para cada x Ur tem-se que f (x) r < . Se f (a) = 1, ento a Us para todo s D. Seja s D tal que s > 1 . a / Ento para cada x Us tem-se que f (x) s > 1 . a / Se 0 < f (x) < 1, sejam r, s D tais que f (a) < s < f (a) < r < f (a) + . a E fcil ver que a Ur \ Us . Alm disso, para cada x Ur \ Us tem-se que e f (a) < s f (x) r < f (a) + . 54

Logo f cont e nua em cada ponto de X. 18.9. Teorema de extenso de Tietze. Para um espao topolgico X a c o as seguintes condies so equivalentes: co a (a) X normal. e (b) Dados um conjunto fechado A X e uma funo cont ca nua f : A [c, d], com c < d, existe uma funo cont ca nua F : X [c, d] tal que F |A = f . (c) Dados um conjunto fechado A X e uma funo cont ca nua f : A R, existe uma funo cont ca nua F : X R tal que F |A = f . Demonstrao. (a) (b): Como [c, d] homeomorfo a [1, 1], podemos ca e supor que f : A [1, 1]. Sejam A1 = {x A : f (x) 1/3}, B1 = {x A : f (a) 1/3}.

Pelo Lema de Urysohn existe uma funo cont ca nua f1 : X [1/3, 1/3] tal que f1 (A1 ) {1/3}, Ento a |f (x) f1 (x)| 2/3 Seja g1 = f f1 : X [2/3, 2/3], e sejam A2 = {x A : g1 (x) 2/32 }, B2 = {x A : g1 (x) 2/32 }. para todo x A. f1 (B1 ) {1/3}.

Pelo Lema de Urysohn existe uma funo cont ca nua f2 : X [2/32 , 2/32 ] tal que f2 (A2 ) {2/32 }, Ento a |f (x) f1 (x) f2 (x)| (2/3)2 Seja g2 = f f1 f2 : X [(2/3)2 , (2/3)2 e sejam A3 = {x A : g2 (x) 22 /33 }, B3 = {x A : g2 (x) 22 /33 }. para todo x A. f2 (B2 ) {2/32 }.

Pelo Lema de Urysohn existe uma funo cont ca nua f3 : X [22 /33 , 22 /33 ] 55

tal que f3 (A3 ) {22 /33 }, Ento a |f (x) f1 (x) f2 (x) f3 (x)| (2/3)3 para todo x A. f3 (B3 ) {22 /33 }.

Procedendo por induo vamos achar uma seqncia de funes cont ca ue co nuas fk : X [2k1 /3k , 2k1 /3k ] tais que
n

() Seja

|f (x)
k=1

fk (x)| (2/3)n

para todo x A, n N

F (x) =
k=1

fk (x)

para todo x X.

Notemos que

|fk (x)|
k=1

1 2

k=1

2 ( )k = 1 3

para todo x X.

Segue do Exerc 18.D que F : X [1, 1] est bem denida e cont cio a e nua. E segue de (*) que f (x) = F (x) para todo x A. (b) (c): Como R homeomorfo a (1, 1), podemos supor que f : A e (1, 1). Por (b) existe uma funo cont ca nua G : X [1, 1] tal que G|A = f . Seja B = {x X : |G(x)| = 1}. Ento A e B so dois fechados disjuntos de X. Seja h : A B [0, 1] denido a a por h(x) = 1 para todo x A, h(x) = 0 para todo x B.

Pela Proposio 8.7 h cont ca e nua. Por (b) existe uma funo cont ca nua H : X [0, 1] tal que H|A B = h. Seja F (x) = G(x)H(x) para todo x X.

Ento F uma funo cont a e ca nua de X em (1, 1) e F |A = f . (c) (a): Sejam A e B dois fechados disjuntos de X. Seja f : A B [0, 1] denida por f (x) = 0 para todo x A, f (x) = 1 para todo x B. 56

Pela Proposio 8.7 f cont ca e nua. Por (c) existe uma funo cont ca nua F : X R tal que F |A B = f . Seja G : X [0, 1] denida por G = (F 0) 1. Pelo Exerc 18.E G cont cio e nua, e claramente G|A B = f . Logo G(x) = 0 para todo x A e G(x) = 1 para todo x B. Exerc cios 18.A. Prove que cada espao mtrico um espao T4 . c e e c 18.B. Prove que o espao de Sierpinski normal, mas no regular nem c e a e Hausdor. 18.C. Seja X um espao normal. Prove que, dados dois fechados disjuntos c A e B em X, existem dois abertos U e V em X tais que A U , B V e U V = . 18.D. Seja X um espao topolgico, e seja (fn ) uma seqncia em C(X) c o ue n=1 que converge uniformemente a uma funo f . Prove que f cont ca e nua. 18.E. Seja X um espao topolgico. Dadas f : X R e g : X R, sejam c o f g : X R e f g : X R denidas por (f g)(x) = max{f (x), g(x)} (f g)(x) = min{f (x), g(x)} para todo x X, para todo x X.

Prove que, se f e g so cont a nuas, ento f g e f g so cont a a nuas tambm. e 18.F. Prove que um espao topolgico X normal se e s se, dados dois c o e o fechados disjuntos A e B em X, existe uma funo cont ca nua f : X R tal que f (A) {} e f (B) {}, com = . 18.G. Seja X um espao mtrico, e seja A um subconjunto no vazio de X. c e a Para cada x X, seja d(x, A) = infaA d(x, a). (a) Prove que d(x, A) = 0 se e s se x A. o (b) Prove que |d(x, A) d(y, A)| d(x, y) para todo x, y X.

(c) Prove que a a funo x X d(x, A) R cont ca e nua. 18.H. Seja X um espao mtrico, e sejam A e B dois subconjuntos fechados c e disjuntos de X. Usando o Exerc 18.G ache uma funo cont cio ca nua f : X [0, 1] tal que f (x) = 0 para todo x A e f (x) = 1 para todo x B. Isto da outra demonstrao de que cada espao mtrico normal. ca c e e

57

19. Espaos completamente regulares c O Lema de Urysohn motiva a seguinte denio. ca 19.1. Denio. Diremos que um espao topolgico X completamente ca c o e regular se dados um fechado A em X e um ponto b A existe uma funo / ca cont nua f : X [0, 1] tal que f (A) {0} e f (b) = 1. Diremos que X um e espao de Tychono se X um espao T1 que completamente regular. c e c e 19.2. Proposio. Cada espao T4 um espao de Tychono. ca c e c Demonstrao. Basta aplicar o lema de Urysohn. ca 19.3. Proposio. Cada espao completamente regular regular. ca c e Demonstrao. Seja X um espao completamente regular. Dados um ca c fechado A em X e um ponto b A, seja f : X [0, 1] uma funo cont / ca nua tal que f (A) {0} e f (b) = 1. Sejam U = f 1 ([0, 1/2)), V = f 1 (1/2, 1]).

Ento U e V so dois abertos disjuntos de X, A U e b V . Logo X regular. a a e 19.4. Corolrio. Cada espao de Tychono um espao T3 . a c e c 19.5. Exemplos. (a) Cada espao discreto um espao de Tychono. c e c (b) Cada espao mtrico um espao de Tychono. c e e c (c) O espao de Sierpinski no completamente regular. c a e 19.6. Proposio. Cada subespao de um espao completamente regular ca c c e completamente regular. Demonstrao. Seja X um espao completamente regular, e seja S um ca c subespao de X. Seja A um fechado de S, e seja b S \ A. Sabemos que c A = S A1 , sendo A1 un fechado de X. Como b A1 , e X completamente / e regular, existe uma funo cont ca nua g : X [0, 1] tal que g(A1 ) {0} e g(b) = 1. Seja f = g|S : S [0, 1]. Ento f cont a e nua, f (A) {0} e f (b) = 1. 19.7. Corolrio. Cada subespao de um espao de Tychono um espao a c c e c de Tychono. 19.8. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi completamente regular o a a e se e s se cada Xi completamente regular. o e Demonstrao. () Esta implicao segue da Proposio 19.7 e do Exca ca ca erc 10.C. cio 58

() Suponhamos que cada Xi seja completamente regular, e sejam A um fechado de X, e b X \ A. Ento a b


jJ 1 j (Uj ) X \ A,

sendo J I, J nito, e Uj aberto em Xj para cada j J. Notemos que j (b) Uj e AX\


jJ 1 j (Uj ) = jJ 1 (X \ j (Uj )) = jJ 1 j (Xj \ Uj ).

para cada j J,

Como Xj completamente regular, para cada j J existe uma funo cont e ca nua gj : Xj [0, 1] tal que gj (Xj \ Uj ) {0}, Seja f = minjJ gj j : X [0, 1]. Ento f cont a e nua, f (A) {0} e f (b) = 1. 19.9. Corolrio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos a lia a c topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi um espao de Tychono o a a e c se e s se cada Xi um espao de Tychono. o e c Lembremos que, se X um espao topolgico, ento C(X) denota o conjunto e c o a de todas as funes cont co nuas f : X R. Denotaremos por Cb (X) o subconjunto de todas as f C(X) que so limitadas, ou seja supxX |f (x)| < . a 19.10. Teorema. Um espao topolgico X completamente regular se e c o e s se X tem a topologia fraca denida por Cb (X). o Demonstrao. Denotemos por a topologia de X e por w a topologia ca fraca em X denida por Cb (X). A incluso w vale sempre. Devemos a provar que X completamente regular se e s se w . e o () Sejam U e a U . Como X completamente regular, existe uma e funo cont ca nua fa : X [0, 1] tal que fa (a) = 0 e fa (x) = 1 para todo x X \ U . Seja Va = {x X : fa (x) < 1}. Ento Va w e a Va U . Segue que a U= {Va : a U } w . gj (j (b)) = 1.

() Seja A um fechado de X, e seja b X \ A. Como w , temos que b V X \ A, 59

onde V =

n 1 fj (Wj ), j=1

com fj Cb (X) e Wj aberto em R para j = 1, ..., n. Como cada aberto de R uma unio de intervalos abertos, podemos supor que Wj = (j , j ) para e a j = 1, ..., n. Notemos que
1 fj (Wj ) = {x X : j < fj (x) < j }

= {x X : fj (x) > j } {x X : fj (x) > j }. Logo podemos supor que Wj = (j , ) para j = 1, ..., n. Seja gj = (fj j ) 0 Ento gj Cb (X), gj 0 e a
1 1 1 fj (Wj ) = fj ((j , )) = gj ((0, )).

para j = 1, ...n.

Logo
n n 1 fj (Wj ) = j=1 j=1 1 gj ((0, )) X \ A.

bV =

Seja g = g1 g2 ...gn . Ento g Cb (X) e g 0. Alm disso, a e g(b) = g1 (b)g2 (b)...gn (b) > 0, g(x) = g1 (x)g2 (x)...gn (x) = 0 para todo x A. Logo X completamente regular. e 19.11. Teorema. Para um espao topolgico X as seguintes condies so c o co a equivalentes: (a) X um espao de Tychono. e c (b) X homeomorfo a um subespao do produto [0, 1]Cb (X) . e c (c) X homeomorfo a um subespao do produto [0, 1]I , para algum I. e c Demonstrao. ca (a) (b): Seja X um espao de Tychono. Para cada f Cb (X) seja If c um intervalo fechado e limitado que contm f (X). Consideremos a aplicao e ca avaliao ca If . X : x X (f (x))f Cb (X)
f Cb (X)

E claro que Cb (X) separa os pontos de X. Pelo Teorema 19.10 X tem a topologia fraca denida por Cb (X). Pela Proposio 10.8 a aplicao X um mergulho. ca ca e Pelo Exerc 10.E o produto f Cb (X) If homeomorfo ao produto [0, 1]Cb (X) . cio e Segue que X homeomorfo a um subespao do produto [0, 1]Cb (X) . e c 60

(b) (c): bvio. o (c) (a): O produto [0, 1]I um espao de Tychono, e qualquer subespao e c c de [0, 1]I um espao de Tychono. e c Mais adiante vamos precisar de uma verso mais renada do teorema antea rior. Com esse propsito introduzimos a seguinte denio. o ca 19.12. Denio. Sejam X e Xi (i I) espaos topolgicos, e seja ca c o fi : X Xi para cada i I. Diremos que a fam {fi : i I} separa pontos lia de fechados se dados um fechado A X e um ponto b X \ A, existe i I tal que fi (b) fi (A). / 19.13. Proposio. Sejam X e Xi (i I) espaos topolgicos, e seja ca c o nua para cada i I. Ento a fam {fi : i I} separa a lia fi : X Xi cont pontos de fechados se e s se os conjuntos fi1 (Vi ), com i I e Vi aberto em o Xi , formam uma base para a topologia de X. Demonstrao. () Seja U aberto em X, e seja a U . Como a X \ U , ca / existe i I tal que fi (a) fi (X \ U ). Se denimos / Vi = Xi \ fi (X \ U ), ento fcil ver que a e a a fi1 (Vi ) U. () Seja A fechado em X, e seja b X \ A. Por hiptese temos que o b fi1 (Vi ) X \ A, sendo i I e Vi aberto em Xi . Segue que fi (b) Vi e Vi fi (A) = . Logo fi (b) fi (A). / 19.14. Corolrio. Sejam X e Xi (i I) espaos topolgicos, e seja a c o fi : X Xi cont nua para cada i I. Se a fam {fi : i I} separa pontos lia de fechados, ento X tem a topologia fraca denida pela fam {fi : i I}. a lia Demonstrao. Basta aplicar as Proposies 19.13 e 10.5. ca co 19.15. Corolrio. Sejam X e Xi (i I) espaos topolgicos, e seja a c o fi : X Xi cont nua para cada i I. Suponhamos que X seja um espao T1 e c que a fam {fi : i I} separe pontos de fechados. Ento a avaliao lia a ca : x X (fi (x))iI
iI

Xi

um mergulho. e Demonstrao. Basta aplicar o Corolrio 19.14 e a Proposio 10.8. ca a ca

61

Exerc cios 19.A. Se X um espao topolgico, prove que as seguintes condies so e c o co a equivalentes: (a) X completamente regular. e (b) Dados um fechado A X e um ponto b A, existe uma funo cont / ca nua f : X R tal que f (A) {} e f (b) = {}, sendo < . (c) Dados um fechado A em X e um ponto b A, existe uma funo cont / ca nua f : X R tal que f (x) para todo x A e f (b) , sendo < . 19.B. Seja X um espao mtrico, e seja A X. Use a funo distancia c e ca x X d(x, A) R para provar diretamente que cada espao mtrico c e e completamente regular. 19.C. Sejam X e Y dois espaos de Tychono. Para cada f Cb (X) seja If c um intervalo fechado e limitado que contm f (X). Dada uma funo cont e ca nua h : X Y , prove que existe uma funo cont ca nua H:
f Cb (X)

If

gCb (Y )

Ig

tal que o seguinte diagrama comutativo: e X


X

Y
Y

If
H

Ig
gCb (Y )

f Cb (X)

62

20. Primeiro e segundo axioma de enumerabilidade Lembremos que um espao topolgico X satisfaz o primeiro axioma de enuc o merabilidade se existe uma base enumervel de vizinhanas de x para cada a c x X. Lembremos que X satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade se existe uma base enumervel para os abertos de X. Nesta seo estudarea ca mos os espaos que satisfazem estes axiomas. Estudaremos tambm os espaos c e c separveis e os espaos de Lindelf, que deniremos a seguir. a c o 20.1. Denio. Um espao topolgico X dito separvel se existir em X ca c o e a um subconjunto denso enumervel. a 20.2. Denio. Seja X um espao topolgico. Diremos que {Ui : i I} ca c o uma cobertura aberta de X se {Ui : i I} uma fam de abertos de X e e lia tal que {Ui : i I} = X. Diremos que X um espao de Lindelf se cada e c o cobertura aberta de X admite uma subcobertura enumervel, ou seja, para a cada cobertura aberta {Ui : i I} de X, existe J I, J enumervel, tal que a {Ui : i J} = X. 20.3. Proposio. Seja X um espao topolgico que satisfaz o segundo ca c o axioma de enumerabilidade. Ento: a (a) X satisfaz o primeiro axioma de enumerabilidade. (b) X separvel. e a (c) X um espao de Lindelf. e c o Demonstrao. Seja B uma base enumervel para os abertos de X. ca a (a) Para cada x X seja Bx = {V B : x V }. E claro que Bx uma base enumervel de vizinhanas de x. e a c (b) Seja xV V para cada V B, e seja D = {xV : V B}. E claro que D um conjunto enumervel que denso em X. e a e (c) Seja U uma cobertura aberta de X. Para cada x X seja Ux U tal que x Ux , e seja Vx B tal que x Vx Ux . Seja B = {Vx : x X}. Como B B, B enumervel. Escrevamos e a B = {Vn : n N}. Para cada n N, seja Un U tal que Vn Un . Seja U = {Un : n N}. 63

Ento U um subconjunto enumervel de U, e a e a


Un
n=1 n=1

Vn = X.

Logo U uma subcobertura enumervel de U. e a 20.4. Proposio. Para um espao mtrico X, as seguintes condies so ca c e co a equivalentes: (a) X satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade. (b) X separvel. e a (c) X Lindelf. e o Demonstrao. J sabemos que (a) (b) e (a) (c). ca a (b) (a): Seja D = {xm : m N} um subconjunto enumervel denso de X, e seja a B = {B(xm ; 1/n) : m, n N}. B enumervel. Provaremos que B uma base para os abertos de X. Seja U e a e um aberto no vazio de X, e seja x U . Como U aberto, existe n N tal que a e B(x; 1/n) U . Como D denso em X, existe m N tal que xm B(x; 1/2n). e Segue que x B(xm ; 1/2n) B(x; 1/n) U. Logo B uma base para os abertos de X. e (c) (a): Para cada n N seja Un = {B(x; 1/n) : x X}. Ento Un uma cobertura aberta de X. Como X Lindelf, Un admite uma a e e o subcobertura enumervel Vn . Seja a B= {Vn : n N}.

B enumervel. Provaremos que B uma base para os abertos de X. Seja U e a e um aberto no vazio de X, e seja x U . Como U aberto, existe n N tal que a e B(x; 1/n) U . Como V2n uma cobertura de X, existe B(a; 1/2n) V2n B e tal que x B(a; 1/2n). Segue que x B(a; 1/2n) B(x; 1/n) U. Logo B uma base para os abertos de X. e

64

Vimos nos Exerc cios 7.A e 7.B que se um espao topolgico X satisfaz o c o primeiro ou o segundo axioma de enumerabilidade, ento cada subespao de X a c satisfaz o mesmo axioma. Veremos nos Exerc cios 20.A e 20.B que a imagem cont nua e aberta de um espao topolgico que satisfaz o primeiro ou o segundo axioma de enumerabilic o dade, tambm satisfaz o mesmo axioma. e 20.5. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c T1 no triviais. Ento o produto X = iI Xi satisfaz o primeiro axioma de a a enumerabilidade se e s se cada Xi satisfaz o mesmo axioma e I enumervel. o e a Demonstrao. () Suponhamos que X satisfaz o primeiro axioma de ca enumerabilidade. Como cada Xi homeomorfo a um subespao de X, segue e c que cada Xi tambm satisfaz o mesmo axioma. e Suponhamos que I no seja enumervel. Seja a = (ai )iI X, e seja a a {Un : n N} uma base enumervel de vizinhanas de a em X. Para cada a c n N temos que 1 a Vn = j (Vnj ) Un ,
jJn

sendo Jn I, Jn nito, e sendo Vnj uma vizinhana aberta de aj em Xj para c cada j Jn . E claro que {Vn : n N} tambm uma base de vizinhanas de e e c a em X. Seja J = {Jn : n N}, e seja k I \ J. Seja bk = ak , seja bi = ai para cada i = k, e seja b = (bi )iI . Como Xk um espao T1 , existe um aberto e c 1 Wk em Xk tal que ak Wk , mas bk Wk . Seja W = k (Wk ). Notemos / que b Vn para cada n N, mas b W . Logo Vn W para cada n N, / contradio. Logo I enumervel. ca e a () Suponhamos que Xi satisfaz o primeiro axioma de enumerabilidade para cada i I, e que I seja enumervel. Sem perda de generalidade podemos a supor que I = N. Seja a = (an )nN X, e seja {Vnk : k N} uma base enumervel decrescente de vizinhanas de an em Xn para cada n N. Segue a c que os conjuntos da forma
N 1 n (Vn,kn ) (N N, kn N) n=1

formam uma base enumervel de vizinhanas de a em X. a c De maneira anloga podemos provar o resultado seguinte. a demonstrao detalhada como exerc ca cio. Deixamos a

20.6. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c T1 no triviais. Ento o produto X = iI Xi satisfaz o segundo axioma de a a enumerabilidade se e s se cada Xi satisfaz o mesmo axioma e I enumervel. o e a

65

Veremos no Exerc 20.C que cada subespao aberto de um espao topolgico cio c c o separvel separvel. Veremos no Exerc 20.E que a imagem cont a e a cio nua de cada espao topolgico separvel separvel. c o a e a 20.7. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos de ca lia a c Hausdor no triviais. Ento o produto X = iI Xi separvel se e s se a a e a o cada Xi separvel e |I| |R|. e a Demonstrao. () Suponhamos que X seja separvel. Como Xi = i (X) ca a para cada i I, segue que cada Xi separvel. e a Para provar que |I| |R|, seja D um subconjunto denso enumervel de X. a Para cada i I sejam Ui e Vi dois abertos disjuntos no vazios em Xi , e seja a 1 Di = D i (Ui ). Como D denso em X, segue que cada Di no vazio. e e a Armamos que Di = Dj sempre que i = j. De fato, se i = j, claro que e
1 1 i (Ui ) j (Vj ) = ,

e portanto
1 1 D i (Ui ) j (Vj ) = .

Seja
1 1 a D i (Ui ) j (Vj ) Di .

Como Uj Vj = , segue que


1 a D j (Uj ) = Dj , /

provando a armao. ca Logo a aplicao ca f : i I Di P(D) injetiva, e portanto e |I| |P(D)| 2|N| = |R|. () Suponhamos que cada Xi seja separvel, e que |I| |R|. Seja Di = a {xin : n N} um subconjunto denso enumervel de Xi para cada i I. Como a |I| |R|, podemos supor que I R. Para cada conjunto {T1 , ..., Tp } de intervalos fechados disjuntos com extremos racionais, e cada conjunto {n1 , ..., np } N, denamos um ponto y = y(T1 , ..., Tp , n1 , ..., np ) X da maneira seguinte: yi = xink yi = xi1 se se i Tk , i T1 ... Tp . /

Seja D o conjunto formado pelos pontos y = y(T1 , ..., Tp , n1 , ..., np ). E claro que D enumervel. Provaremos que D denso em X. Seja U um aberto bsico e a e a em X, ou seja 1 U= j (Uj ),
jJ

66

com J I, J nito, e Uj aberto no vazio em Xj para cada j J. Para a cada j J seja xjnj Dj Uj , e seja Ti um intervalo fechado, com extremos racionais, contendo j. Se escrevemos J = {i1 , ..., ip }, ento a y = y(Ti1 , ...Tip , ni1 , ..., nip ) U, pois ik (y) = yik = xik ,nik Uik para k = 1, ..., p. Logo DU = , completando a demonstrao. ca Veremos no Exerc cio 20.F que cada subespao fechado de um espao de c c Lindelf um espao de Lindelf. Veremos no Exerc o e c o cio 20.G que a imagem cont nua de cada espao de Lindelf um espao de Lindelf. c o e c o 20.8. Teorema. Cada espao de Lindelf regular normal. c o e Demonstrao. Seja X um espao de Lindelf regular, e sejam A e B dois ca c o fechados disjuntos no vazios de X. Como X regular, para cada a A existe a e um aberto Ua tal que a Ua e Ua B = . De maneira anloga, para cada a e o b B existe um aberto Vb tal que b Vb e Vb A = . Como A Lindelf, a cobertura aberta {Ua : a A} de A admite uma subcobertura enumervel a {Uaj : j N}. De maneira anloga, a cobertura aberta {Vb : b B} de B a admite uma subcobertura enumervel {Vbk : k N}. a Sejam (Cj ) e (Dj ) duas seqncias de abertos denidos da maneira ue j=1 k=1 seguinte: C1 = Ua1 , D1 = Vb1 \ C1 , C2 = Ua2 \ D1 , C3 = Ua3 \ (D1 D2 ),
j=1

D2 = Vb2 \ (C1 C2 ), D3 = Vb3 \ (C1 C2 C3 ),

.............................................................. Sejam C = Cj e D = k=1 Dk . Para completar a demonstrao provareca mos que A C, B D e C D = . Para provar que A C, seja a A. Ento a Vbk , e portanto a Dk para a / / cada k. Seja j tal que a Uaj . Ento a Cj C, e portanto A C. De a maneira anloga podemos provar que B D. a Para provar que C D = , suponhamos que exista x Cj Dk . Se j > k, ento x Cj implica que x Dk , contradio. E se j k, ento x Dk a / ca a implica que x Cj , contradio tambm. Logo C D = . / ca e Exerc cios 20.A. Prove que a imagem cont nua e aberta de um espao topolgico que c o satisfaz o primeiro axioma de enumerabilidade, tambm satisfaz o mesmo axe ioma. 20.B. Prove que a imagem cont nua e aberta de um espao topolgico que c o satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade, tambm satisfaz o mesmo axe ioma. 67

20.C. Prove que cada subespao aberto de um espao topolgico separvel c c o a separvel. e a 20.D. Prove que cada subespao de um espao mtrico separvel separvel. c c e a e a 20.E. Prove que a imagem cont nua de cada espao topolgico separvel c o a e separvel. a 20.F. Prove que cada subespao fechado de um espao de Lindelf um c c o e espao de Lindelf. c o 20.G. Prove que a imagem cont nua de cada espao de Lindelf um espao c o e c de Lindelf. o

68

21. Espaos compactos c 21.1. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja K X. Diremos ca c o que X um espao topolgico compacto se cada cobertura aberta de X admite e c o uma subcobertura nita. Diremos que K um subconjunto compacto de X se e K, com a topologia induzida por X, um espao topolgico compacto. Diremos e c o que K um subconjunto relativamente compacto de X se K um subconjunto e e compacto de X. 21.2. Exemplos. (a) R no compacto. Deixamos a demonstrao como exerc a e ca cio. (b) Se X um espao topolgico qualquer, ento cada subconjunto nito de e c o a X compacto. Deixamos a demonstrao como exerc e ca cio. 21.3. Proposio. Cada intervalo fechado e limitado em R compacto. ca e Demonstrao. Seja U uma cobertura aberta de [a, b], com a < b. Seja C ca o conjunto dos pontos c [a, b] tais que [a, c] V para alguma fam nita lia V U. Para completar a demonstrao basta provar que b C. ca Seja Ua U tal que a Ua , e seja > 0 tal que a + 2 < b e [a, b] (a 2, a + 2) Ua . Isto implica que [a, a + ] Ua , e portanto a + C. Seja s = supC. Ento s a + > a. Seja Us U tal que s Us , e seja a > 0 tal que s 2 > a e [a, b] (s 2 , s + 2 ) Us . Seja c C (s 2 , s], e seja V U, V nita, tal que [a, c] Segue que [a, s] [a, c] (s 2 , s] ( V) Us . Isto prova que s C. Se fosse s < b, poderiamos supor que s+2 < b e teriamos que [0, s + ] [a, c] (s 2 , s + 2 ) ( V) Us . Mas isto implicaria que s + C, e s no seria o supremo de C. Logo s = b, e a portanto b C. 21.4. Denio. Seja X um conjunto no vazio, e seja A uma fam no ca a lia a vazia de subconjuntos de X. Diremos que A tem a propriedade da interseo ca nita se F = para cada fam nita F A. lia 21.5. Exemplos. Seja X um conjunto no vazio. a (a) Cada ltro em X tem a propriedade da interseo nita. ca (b) Cada base de ltro em X tem a propriedade da interseo nita. ca 69 V.

O teorema seguinte da vrias caracterizaes de espaos compactos. a co c 21.6. Teorema. Seja X um espao topolgico no vazio. Ento as c o a a seguintes condies so equivalentes: co a (a) X compacto. e (b) Cada fam de fechados de X com a propriedade da interseo nita lia ca tem interseo no vazia. ca a (c) Cada ltro em X tem pelo menos um ponto de acumulao. ca (d) Cada ltro em X est contido em algum ltro convergente. a (e) Cada ultraltro em X convergente. e (f ) Cada rede em X tem pelo menos um ponto de acumulao. ca (g) Cada rede em X admite uma subrede convergente. (h) Cada rede universal em X convergente. e Demonstrao. (a) (b): Seja X compacto, e seja {Ai : i I} uma ca fam de fechados de X com a propriedade da interseo nita. Suponhamos lia ca que iI Ai = . Ento X = iI (X \ Ai ), e X \ Ai aberto para cada i I. a e Como X compacto, existe um conjunto nito J I tal que X = iJ Ai . e Segue que iJ Ai = , contradio. Isto prova que iI Ai = . ca (b) (a): Seja {Ui : i I} uma cobertura aberta de X, e suponhamos que e iJ Ui = X para cada conjunto nito J I. Segue que {X \ Ui : i I} uma fam de fechados de X tal que iJ (X \ Ui ) = para cada conjunto lia nito J I. Segue de (b) que iI (X \ Ui ) = . Isto implica que iI Ui = X, contradio. Logo existe um conjunto nito J I tal que iJ Ui = X. ca e lia (b) (c): Seja F um ltro em X. Ento {A : A F} uma fam a de fechados de X com a propriedade da interseo nita. Segue de (b) que ca a e ca {A : A F} = . Ento cada x {A : A F} um ponto de acumulao de F. (c) (b): Seja A uma fam de fechados de X com a propriedade da lia interseo nita. Seja B a fam de todas as intersees nitas de membros ca lia co de A. E claro que B uma base de ltro em X. Seja F o ltro gerado por e B. Segue de (c) que F tem pelo menos um ponto de acumulao, ou seja ca e {A : A F} = . Como A B F, e cada A A fechado, segue que A = {A : A A} = . (c) (d): Basta aplicar a Proposio 15.13. ca (d) (e): A implicao (d) (e) imediata, e a implicao (e) (d) ca e ca segue da Proposio 15.17. ca (b) (f ): Seja (x ) uma rede em X. Seja A = {x : } para cada , e seja A = {A : }. Ento A uma fam de fechados a e lia de X com a propriedade da interseo nita. Segue de (b) que A = . Se ca x A = {A : }, ento, para cada U Ux tem-se que U A = a para cada . Logo x um ponto de acumulao da rede (x ) . e ca

70

(f ) (b): Seja A uma fam de fechados de X com a propriedade da lia interseo nita. Seja B a fam de toas as intersees nitas de membros de ca lia co A. E claro que B um conjunto dirigido se denimos A B quando A B. e Seja xB B para cada B B. Segue de (f) que a rede (xB )BB tem pelo menos um ponto de acumulao x. Logo, dados U Ux e A B, existe B B, B A, ca tal que xB U , e portanto xB U B U A. Como A B, segue que x {A : A B} = B A.

(f ) (g): Basta aplicar a Proposio 13.10. ca (f ) (h): Basta aplicar a Proposio 13.12. ca (h) (e): Seja F um ultraltro em X, e seja = {(a, A) : a A F}. E claro que um conjunto dirigido se denimos (a, A) (b, B) quando A B. e Denotaremos por (x ) a rede x : X denida por x(a, A) = a para cada (a, A) . Armamos que (x ) uma rede universal. De fato, como F e e um ultraltro, dado E X, tem-se que E F ou X \ E F. Se E F, seja e E. Ento a {x(a, A) : (a, A) (e, E)} E. De maneira anloga, se X \ E F, seja d X \ E. Ento a a {x(a, A) : (a, A) (d, X \ E)} X \ E. Logo (x ) uma rede universal. Segue de (h) que (x ) converge a um e ponto x. Logo dado U Ux , existe (a, A) tal que b = x(b, B) U para todo (b, B) (a, A). Segue que U A, e portanto F converge a x. 21.7. Proposition. (a) Cada subespao fechado de um espao compacto c c e compacto. (b) Cada subespao compacto de um espao de Hausdor fechado. c c e Demonstrao. (a) Seja X um espao compacto e seja S um subespao ca c c fechado de X. Seja {Ui : i I} uma cobertura aberta de S. Para cada i I existe um aberto Vi de X tal que Ui = S Vi . Segue que {Vi : i I} {X \ S} uma cobertura aberta de X. Como X compacto, existe um conjunto nito e e J I tal que X = {X \ S} iJ Vi . Segue que S = iJ Ui , e portanto S e compacto. (b) Seja X um espao de Hausdor e seja S um subespao compacto de c c a X. Para provar que S fechado em X, seja x S. Ento existe uma rede e (x ) S que converge a x. Como S compacto, a rede (x ) admite e uma subrede (x() )M que converge a um ponto y S. Como (x() )M converge a x tambm, e X Hausdor, segue que x = y S. Logo S fechado e e e em X. 71

21.8. Proposio. A imagem cont ca nua de um espao compacto compacto. c e Demonstrao. Sejam X e Y espaos topolgicos, com X compacto, e ca c o seja f : X Y uma aplicao sobrejetiva e cont ca nua. Para provar que Y e compacto, seja {Vi : i I} uma cobertura aberta de Y . Ento {f 1 (Vi ) : i I} a uma cobertura aberta de X. Como X compacto, existe um conjunto nito e e J I tal que X = iJ f 1 (Vi ). Como f sobrejetivo, segue que Y = iJ Vi . e Logo Y compacto. e 21.9. Corolrio. Seja X um espao compacto, seja Y um espao de Hausa c c dor, e seja f uma aplicao cont ca nua. Ento: a (a) f fechada. e (b) Se f sobrejetiva, ento f uma aplicao quociente. e a e ca (c) Se f bijetiva, ento f um homeomorsmo. e a e Demonstrao. (a) Seja A fechado em X. Pela Proposio 21.8 f (A) ca ca e compacto em Y . Pela Proposio 21.7 f (A) fechado em Y . ca e (b) segue de (a) pela Proposio 11.5. ca (c) segue de (a) pela Proposio 8.9. ca 21.10. Teorema de Tychono. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia lia a de espaos topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi compacto se c o a a e e s se cada Xi compacto. o e Demonstrao. () Se X compacto, ento Xi = i (X) compacto para ca e a e cada i I, pela Proposio 21.8. ca () Suponhamos que cada Xi seja compacto, e seja (x ) uma rede universal em X. Pelo Exerc cio 13.F (i (x )) uma rede universal em Xi , e para cada i I. Pelo Teorema 21.6, a rede (i (x ) converge a um ponto xi Xi para cada i I. Seja x = (xi )iI X. Ento (x ) converge a x. a Pelo Teorema 21.6 X compacto. e 21.11. Corolrio. O produto [0, 1]I compacto para cada conjunto no a e a vazio I. 21.12. Corolrio. Um conjunto K Rn compacto se e s se K a e o e fechado e limitado. Demonstrao. () Suponhamos K compacto. Como Rn Hausdor, K ca e fechado em Rn , pela Proposio 21.7. Por outro lado e ca

K Rn =
j=1

B(0; j).

Como K compacto, existe k N tal que e


k

K
j=1

B(0; j) = B(0; k).

72

Logo K limitado. e () Suponhamos K fechado e limitado. Sendo K limitado, existe k N tal que K B(0; k) [k, k]n . Sendo K fechado em Rn , segue que K fechado em [k, k]n . Pelo Corolrio e a 21.11 [k, k]n compacto. Pela Proposio 21.7 K compacto. e ca e 21.13. Teorema. Cada espao de Hausdor compacto um espao T4 . c e c Demonstrao. Sabemos que cada espao de Lindelf regular normal. ca c o e Como cada espao compacto claramente Lindelf, basta provar que cada c e o espao de Hausdor compacto regular. c e Seja X um espao de Hausdor compacto. Seja A um fechado de X, e seja c b A. Para cada a A sejam Ua e Va dois abertos disjuntos de X tais que / a Ua e b Va . Como A aA Ua e A compacto, existem a1 , ..., an A e tais que
n

A
j=1

Uaj .

Sejam
n n

U=
j=1

Uaj ,

V =
j=1

Vaj .

Ento U e V so abertos disjuntos em X, A U e b V . a a 21.14. Corolrio. O produto [0, 1]I um espao T4 para cada conjunto a e c no vazio I. a Agora podemos complementar o Teorema 19.11 da maneira seguinte. 21.15. Teorema. Para um espao topolgico X as seguintes condies so c o co a equivalentes: (a) X um espao de Tychono. e c (b) X homeomorfo a um subespao do produto [0, 1]I , para algum I. e c (c) X homeomorfo a um subespao de um espao de Hausdor compacto. e c c (d) X homeomorfo a um subespao de um espao T4 . e c c Demonstrao. A implicao (a) (b) segue do Teorema 19.11. A imca ca plicao (b) (c) segue do Corolrio 21.11. A implicao (c) (d) segue do ca a ca Teorema 21.13. E a implicao (d) (a) segue do Corolrio 19.7. ca a Exerc cios 21.A. Seja X um espao topolgico, e seja K X. Prove que K compacto c o e se e s se, dada uma fam {Ui : i I} de abertos de X tal que K {Ui : o lia i I}, existe uma fam nita J I tal que K {Ui : i J}. lia

73

21.B. Prove que R no compacto. a e 21.C. Prove que cada subconjunto nito de um espao topolgico qualquer c o compacto. e 21.D. Prove que um espao topolgico discreto X compacto se e s se X c o e o nito. e 21.E. Usando a Proposio 21.8 prove que o c ca rculo unitrio a S 1 = {(x, y) R2 : x2 + y 2 = 1} compacto. e 21.F. Seja X um espao compacto, e seja f : X R uma funo cont c ca nua. Prove que existem a, b X tais que f (a) f (x) f (b) para todo x X. 21.G. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja f : X Y . c o (a) Se Y Hausdor, e f cont e e nua, prove que o grco de f fechado em a e X Y. (b) Se Y compacto, e o grco de f fechado em X Y , prove que f e a e e cont nua. 21.H. Seja X um espao de Hausdor. c (a) Seja K um subconjunto compacto de X, e seja b K. Prove que existem / abertos disjuntos U e V de X tais que K U e b V . (b) Sejam K e L dois subconjuntos compactos disjuntos de X. Prove que existem abertos disjuntos U e V de X tais que K U e L V . 21.I. Seja X um espao de Hausdor, seja K um subconjunto compacto de c X, e sejam U1 e U2 dois abertos de X tais que K U1 U2 . Prove que existem dois subconjuntos compactos K1 e K2 de X tais que K = K1 K2 , K1 U1 e K2 U2 . Sugesto: Primeiro prove que existem abertos disjuntos V1 e V2 de X tais a que K \ U1 V1 e K \ U2 V2 . A seguir dena K1 = K \ V1 e K2 = K \ V2 . 21.J. Sejam X e Y espaos topolgicos, sejam K e L subconjuntos comc o pactos de X e Y , respectivamente, e seja W um aberto de X Y tal que K L W . Prove que existem abertos U X e V Y tais que K U , L V e U V W. 21.K. Sejam X, Y e Z espaos topolgicos, e seja f : X Y Z uma c o aplicao cont ca nua. Sejam K e L subconjuntos compactos de X e Y , respectivamente, e seja W um aberto de Z tal que f (K L) W . Prove que existem abertos U X e V Y tais que K U , L V e f (U V ) W . 21.L. Seja X um espao compacto. c (a) Prove que a funo ca d(f, g) = sup{|f (x) g(x)| : x X}

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uma mtrica em C(X). e e (b) Prove que uma seqncia (fn ) converge a f no espao mtrico (C(X), d) ue c e se e s se (fn ) converge a f uniformemente sobre X. Por essa razo a topologia o a d denida pela mtrica d chamada de topologia da convergncia uniforme. e e e 21.M. Seja X um espao topolgico qualquer. Dados f C(X), A X c o nito e > 0, seja V (f, A, ) = {g C(X) : |g(x) f (x)| < para todo x A}.

(a) Prove que os conjuntos V (f, A, ), com A X nito e > 0, formam uma base de vizinhanas de f para uma topologia em C(X), que denotaremos c por p . (b) Prove que uma seqncia (fn ) converge a f em (C(X), p ) se e s se ue o fn (x) f (x) para cada x X. Por essa razo a topologia p chamada de a e topologia da convergncia pontual. e (c) Prove que a incluso (C(X), p ) RX um mergulho. a e 21.N. Seja X um espao topolgico qualquer, e seja F C(X). Diremos c o que F equicont e nua num ponto a X se dado > 0, existe U Ua tal que |f (x) f (a)| < para todo f F e x U . Diremos que F equicont e nua se for equicont nua em cada ponto de X. p e nua tambm. e (a) Se F equicont e nua, prove que F equicont (b) Se F equicont e nua e X compacto, prove que as topologias p e d e coincidem em F. 21.O. Seja X um espao topolgico qualquer, e seja F C(X). Diremos c o que F pontualmente limitada se sup{|f (a)| : f F} < para cada a X. e Diremos que F localmente limitada se para cada a X existe U Ua tal que e sup{|f (x)| : f F, x U } < . p (a) Se F pontualmente limitada, prove que F pontualmente limitada e e tambm. e (b) Se F equicont e nua e pontualmente limitada, prove que F localmente e limitada. 21.P. Seja X um espao compacto, e seja F C(X) equicont c nua e pontualmente limitada. Prove que F um subconjunto relativamente compacto de e (C(X), d ). Este o teorema de Arzela-Ascoli. e

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22. Espaos localmente compactos c 22.1. Denio. Diremos que um espao topolgico X localmente comca c o e pacto se cada x X admite uma base de vizinhanas compactas. c 22.2. Proposio. Um espao de Hausdor X localmente compacto se e ca c e s se cada x X tem pelo menos uma vizinhana compacta. o c Demonstrao. Para provar a implicao no trivial, seja x X, e seja U0 ca ca a uma vizinhana compacta de x. Seja U Ux , e seja V = (U0 U ) . Ento V c a e uma vizinhana aberta de x em X e V U0 . Logo V uma vizinhana aberta c e c de x em U0 . Notemos que U0 um espao de Hausdor compacto, e portanto e c regular. Logo existe um subconjunto aberto W de U0 tal que xW W
U0

V U.

Temos que W = U0 W1 , sendo W1 aberto em X. Segue que W = V W = V U0 W1 = V W1 . Logo W aberto em X. Segue que W e U0 X e W U.
U0

uma vizinhana compacta de x em e c

22.3. Exemplos. (a) Cada espao de Hausdor compacto localmente compacto. c e (b) Rn um espao de Hausdor localmente compacto que no compacto. e c e (c) Seja X um conjunto innito, com a topologia discreta. X um espao e c de Hausdor localmente compacto que no compacto. a e Segue da denio que cada espao de Hausdor localmente compacto ca c e regular. Mas podemos provar mais. 22.4. Teorema. Cada espao de Hausdor localmente compacto um c e espao de Tychono. c Demonstrao. Seja X um espao de Hausdor localmente compacto. ca c Provaremos que X completamente regular. Seja A um fechado de X, e seja e b X \ A. Por hiptese X \ A contm uma vizinhana compacta U de b. o e c Seja V = U . Temos que U um espao de Hausdor compacto, e portanto e c completamente regular. Como V aberto em U , e b V , existe uma funo e ca cont nua : U [0, 1] tal que (U \ V ) {0} e (b) = 1. Notemos que X = U (X \ V ). Seja f : X [0, 1] denida por f = em U e f = 0 em X \ V . A funo f est bem denida, pois = 0 em U (X \ V ) = U \ V . A ca a funo f cont ca e nua, pois U e X \ V so fechados. E como A X \ V , segue a que f (A) {0} e f (b) = 1. Nos exerc cios veremos que a interseo de um subespao aberto e um subeca c spao fechado de um espao de Hausdor localmente compacto um subespao c c e c localmente compacto. Reciprocamente temos o resultado seguinte.

76

22.5. Proposio. Seja C um subespao localmente compacto de um espao ca c c de Hausdor X. Ento existem subespaos A e B de X, com A aberto e B a c fechado, tais que C = A B. A demonstrao est baseada no lema seguinte. ca a 22.6. Lema. Seja C um subespao localmente compacto de um espao de c c X Hausdor X. Ento C aberto em C . a e Demonstrao. Seja c C, e seja U uma vizinhana aberta de c em C tal ca c C e a que U compacto. Seja V um aberto de X tal que U = C V . Ento C C V
X

=C U

=U .

Esse conjunto compacto, e portanto fechado em X. Esse conjunto contm e e X U = C V , e portanto C V . Logo C V Armamos que C
X X X

C C V V C.

C.

De fato seja x C V . Logo existe uma rede (x ) C que converge a x. Como x V , existe 0 tal que x V para todo 0 . Logo x C V X para todo 0 , e dai x C V C. X X X Como C V aberto em C , segue que C uma vizinhana de c em C . e e c X Logo C aberto em C . e Demonstrao da Proposio 22.5. Pelo Lema 22.6 C aberto em C . ca ca e X X Logo existe um aberto A de X tal que C = AC . Assim basta tomar B = C para completar a demonstrao. ca No Exerc cio 22.F veremos que a imagem cont nua e aberta de um espao c localmente compacto um espao localmente compacto. e c 22.7. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi localmente compacto se o a a e e s se se vericam as seguintes condies: o co (a) Cada Xi localmente compacto. e (b) Existe um conjunto nito J I tal que Xi compacto para cada i I \J. e Demonstrao. () Suponhamos que X seja localmente compacto. Ento ca a Xi = i (X) localmente compacto para cada i I, pelo Exerc 22.F. Isto e cio prova (a). Para provar (b) seja x X e seja U uma vizinhana compacta de x em X. c Ento U contm uma vizinhana bsica V , ou seja a e c a U V =
jJ X

Vj
iI\J

Xj ,

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sendo J I, J nito, e sendo Vj uma vizinhana aberta de j (x) em Xj , para c cada j J. Segue que i (U ) = Xi para todo i I \ J, e (b) segue. () Suponhamos que cada Xi seja localmente compacto, e que Xi seja compacto para cada i I \J, com J nito. Seja x X, e seja U uma vizinhana c bsica de x em X. Sem perda de generalidade podemos supor que a U=
jJ1

Uj
iI\J1

Xi ,

sendo J J1 I, J1 nito, e sendo Uj uma vizinhana aberta de j (x) em Xj c para cada j J1 . Para cada j J1 seja Vj uma vizinhana compacta de j (x) c em Xj , com Vj Uj , e seja V =
jJ1

Vj
iI\J1

Xi .

Ento V uma vizinhana compacta de x em X, contida em U . a e c 22.8. Corolrio. RI localmente compacto se e s se I nito. a e o e Exerc cios 22.A. Prove que o conjunto Q dos nmeros racionais, com a topologia inu duzida por R, no localmente compacto. a e 22.B. Prove que o conjunto R \ Q dos nmeros irracionais, com a topologia u induzida por R, no localmente compacto. a e 22.C. Seja X um espao localmente compacto. Prove que cada subespao c c aberto de X localmente compacto. e 22.D. Seja X um espao localmente compacto. Prove que cada subespao c c fechado de X localmente compacto. e 22.E. Seja X um espao de Hausdor. Prove que a interseo de dois c ca subespaos localmente compactos de X localmente compacto. c e 22.F. Prove que a imagem cont nua e aberta de um espao localmente comc pacto um espao localmente compacto. e c 22.G. Seja X um espao localmente compacto, seja Y um espao de Hausc c dor, e seja f : X Y uma funo sobrejetiva, cont ca nua e aberta. Prove que, dado um compacto L Y , existe um compacto K X tal que f (K) = L. 22.H. Seja X um espao localmente compacto. Prove que um conjunto c A X aberto em X se e s se A K aberto em K para cada compacto e o e K X.

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23. A compacticao de Alexandro ca 23.1. Denio. Seja X um espao de Hausdor. Chamaremos de comca c pacticao de X um par (Y, ) tal que: ca (a) Y um espao de Hausdor compacto; e c (b) um homeomorsmo entre X e um subespao denso de Y . e c 23.2. Teorema. Seja X um espao de Hausdor localmente compacto, que c no compacto. Seja p X, e seja X = X {p}. Para cada x X seja a e / Bx (X) uma base de vizinhanas abertas de x em X, e seja Bx (X ) = Bx (X). c Seja Bp (X ) = {{p} (X \ K) : K compacto em X}. e Ento: a (a) As fam ilias Bx (X ) (x X) e Bp (X ) denem uma topologia em X que induz em X a sua topologia original. (b) X um espao de Hausdor compacto. e c (c) X um subespao aberto denso de X . e c Demonstrao. (a) Para provar (a) devemos vericar as condies da ca co Proposio 5.7: ca (i) x U para cada U Bx (X ). (ii) Dados U, V Bx (X ), existe W Bx (X ) tal que W U V . (iii) Dado U Bx (X ), existe V Bx (X ), V U , tal que para cada y V existe W By (X ) tal que W U . Se x X, ento Bx (X) satisfaz (i), (ii) e (iii), pela Proposio 5.6. Logo a ca Bx (X ) satisfaz (i), (ii) e (iii). Veriquemos que Bp (X ) satisfaz (i), (ii) e (iii). (i) Se U = {p} (X \ K), ento p U . a (ii) Se U = {p}(X\K), e V = {p}(X\L), ento U V = {p}(X\(KL)). a (iii) Seja U = {p} (X \ K), e seja V = U . Se y = p, seja W = U . Ento a W Bp (X ) e W U . Se y V , com y = p, ento y X \ K. Como X \ K a e aberto em X, existe W By (X) = By (X ) tal que y W X \ K U . Se U aberto em X, claro que U aberto em X . Em particular X e e e e aberto em X . E se V aberto em X , claro que X V aberto em X. e e e (b) Provemos que X Hausdor. Dados x, y X, com x = y, existem U e e V abertos em X, e portanto em X , tais que x U , y V e U V = . Dado x X, seja U uma vizinhana compacta de x em X, e seja V = c {p} (X \ U ). Ento U Ux (X ), V Up (X ) e U V = . Logo X a e Hausdor. Para provar que X compacto, seja U uma cobertura aberta de X . Seja e U0 U tal que p U0 . Ento existe um compacto K X tal que a {p} (X \ K) U0 . K compacto em X, e portanto em X . Logo existem U1 , ..., Un U tais que e K U1 ... Un . 79

Segue que X = U0 U1 ... Un . Logo X compacto. e (c) J sabemos que X aberto em X . Para provar que X denso em X , a e e seja U = {p} (X \ K) Bp (X ). Como X no compacto, X \ K = . Logo a e U X X \ K = . Logo X compacto. e 23.3. Denio. Seja X um espao de Hausdor localmente compacto ca e c que no compacto. Ento o espao X construido no teorema anterior a e a c e chamado de compacticao de Alexandro de X. ca Exerc cios 23.A. Seja X um espao de Hausdor. Suponhamos que exista uma comc pacticao (Y, ) de X tal que Y \ (X) contm um unico ponto. Prove que ca e X localmente compacto, mas no compacto. e a e 23.B. (a) Prove que o intervalo (0, 1] um espao de Hausdor localmente e c compacto, que no compacto. a e (b) Prove que o intervalo [0, 1] a compacticao de Alexandor do intere ca valo (0, 1]. 23.C. (a) Prove que N, com a topologia discreta, um espao de Hausdor e c localmente compacto, que no compacto. a e (b) Prove que a compacticao de Alexandro de N homeomorfa ao ca e subespao S = {1/n : n N} {0} de R. c 23.D. Seja
n+1

S n = {(x1 , ..., xn+1 ) Rn+1 :


j=1

x2 = 1}, j

e sejam C = (0, ..., 0, 1/2) e N = (0, ..., 0, 1). (a) Prove que a projeo estereogrca ca a 1 (x1 , ..., xn+1 ) (C + S n ) \ {N } 2 x1 xn , ..., 1 xn+1 1 xn+1 Rn

um homeomorsmo. e (b) Conclua que a compacticao de Alexandro de Rn homeomorfa a ca e n S .

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24. A compacticao de Stone-Cech ca Se um espao topolgico X admite uma compacticao, segue do Teorema c o ca 21.15 que X um espao de Tychono. A seguir veremos que vale a rec e c proca. Seja X um espao de Tychono. Para cada f Cb (X) seja If um intervalo c fechado e limitado que contm f (X). Segue da demonstrao do Teorema 19.11 e ca que a aplicao ca
X

: x X (f (x))f Cb (X)
f Cb (X)

If

um mergulho. e 24.1. Denio. Dado um espao de Tychono X, denotaremos por X ca c a aderncia do conjunto X (X) no produto f Cb (X) If . E claro que o par e (X, X ) uma compacticao de X. Diremos que X a compacticao de e ca e ca Stone-Cech de X. A compacticao de Stone-Cech tem a seguinte propriedade: ca 24.2. Teorema. Seja X um espao de Tychono, e seja Y um espao de c c Hausdor compacto. Ento, para cada funo cont a ca nua h : X Y , existe uma funo cont ca nua h : X Y tal que h = h X , ou seja o seguinte diagrama e comutativo: h X Y
X

h X

Demonstrao. Como Y um espao de Tychono, a aplicao ca e c ca


Y

: y Y (g(y))gCb (Y )
gCb (Y )

Ig

um mergulho. Consideremos a aplicao e ca H : (f )f Cb (X)


f Cb (X)

If (gh )gCb (Y )
gCb (Y )

Ig .

a E fcil ver que g H = gh para todo g Cb (Y ), a e portanto H cont e nua. E fcil ver que H(
X (x))

(h(x)) para todo x X,

ou seja o seguinte diagrama comutativo: e

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X
X

Y
Y

If
H

Ig
gCb (Y )

f Cb (X)

Em particular H( Como X =
X (X) X (X))

(h(X))

(Y ).

e Y compacto, segue que e


X (X))

H(X) = H(

H(

X (X))

(Y ) = Y =

(Y ).

Assim temos o seguinte diagrama comutativo: X


X

Y
Y

H|X

X Se denimos h= ento claro que h a e Exerc cios


X

Y =

(Y )

1 Y

(H|X) : X Y,

= h.

24.A. Seja X um espao de Tychono. Prove que, para cada f Cb (X), c existe f Cb (X) tal que f = f X . 24.B. Considerando a funo f (t) = sen(1/t) (0 < t 1), prove que o ca intervalo [0, 1] no a compacticao de Stone-Cech do intervalo (0, 1]. a e ca ue a 24.C. Seja o conjunto de todas as seqncias (xn ) em R que so limitadas. Dadas x = (xn ) e y = (yn ) em , seja d(x, y) = supn |xn yn |. (a) Prove que um espao vetorial sobre R, e que d uma mtrica em e c e e

(b) Prove que existe um isomorsmo entre os espaos vetoriais e C(N), c que tambm uma isometria, ou seja d(T (x), T (y)) = d(x, y) para todo x, y e e . 24.D. Seja X um espao de Tychono, e seja (Y, ) uma compacticao de c ca X. (a) Se (X) aberto em Y , prove que X localmente compacto. e e (b) Se x X, e se U uma vizinhana compacta de x em X, prove que e c (U ) uma vizinhana de (x) em Y . e c (c) Prove que (X) aberto em Y se e s se X localmente compacto. e o e

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24.E. Identiquemos N com sua imagem cannica em N. o (a) Prove que N aberto em N. e (b) Prove que cada n N um ponto isolado de N, ou seja {n} aberto e e em N. (c) Prove que os unicos pontos isolados de N so os pontos de N. a 24.F. Seja X um espao de Tychono, e seja (Y, ) uma compacticao de c ca X tal que, dados um espao de Hausdor compacto Z, e uma funo cont c ca nua h : X Z, existe uma funo cont ca nua h : Y Z tal que h = h. Prove que existe um homeomorsmo : X Y tal que X = . Isto nos diz que a compacticao de Stone-Cech est caracterizada pela propriedade de extenso ca a a dada pelo Teorema 24.2.

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25. Espaos metrizveis c a Lembremos que um espao topolgico X metrizvel se existe uma mtrica c o e a e em X que dene a topologia de X. E claro que cada subespao de um espao c c metrizvel metrizvel. a e a 25.1. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no triviais. Ento o produto X = iI Xi metrizvel se e s se o a a e a o cada Xi metrizvel e I enumervel. e a e a Demonstrao. () Suponhamos que X seja metrizvel. Como cada Xi ca a homeomorfo a um subespao de X, segue que cada Xi metrizvel. Como X e c e a satisfaz o primeiro axioma de enumerabilidade, I enumervel, pela Proposio e a ca 20.5. () Suponhamos que cada Xi seja metrizvel, e que I seja enumervel. a a Sem perda de generalidade podemos supor que I = N. Para cada n N seja dn uma mtrica em Xn que dene a topologia de Xn . Pelo Exerc e cio 25.B podemos supor que cada dn limitada por 1. Dados x = (xn ) e y = (yn ) e n=1 n=1 em X = n=1 Xn , denamos

d(x, y) =
n=1

2n dn (xn , yn ).

E claro que d uma mtrica em X. Provemos que d dene a topologia de X. e e Por um lado, dado > 0, seja N N tal que

2n <
n=N +1

e seja
N

V =
n=1

Bdn (xn ;

2N

)
n=N +1

Xn .

Ento V uma vizinhana de x em X e fcil ver que V Bd (x; ). a e c e a Por outro lado, seja U uma vizinhana aberta bsica de x em X, ou seja c a
N

U=
n=1

Bdn (xn ; n )
n=N +1

Xn .

Se denimos = min{2n n : n = 1, ..., N }, ento fcil vericar que Bd (x; ) U . a e a

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25.2. Teorema de metrizabilidade de Urysohn. Para um espao T1 c as seguintes condies so equivalentes: co a (a) X metrizvel e separvel. e a a (b) X regular e satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade. e (c) X homeomorfo a um subespao do produto [0, 1]N . e c Demonstrao. As implicaes (a) (b) e (c) (a) so imediatas. A ca co a primeira segue da Proposio 20.4, e a segunda segue das Proposies 25.1 e ca co 20.7. Para provar que (b) (c), seja B uma base enumervel para a topologia de a X, e seja C = {(U, V ) B B : U V }. Pela Proposio 20.3 X um espao de Lindelf. Pelo Teorema 20.8 X ca e c o e um espao normal. Dai para cada (U, V ) C existe uma funo cont c ca nua fU V : X [0, 1] tal que fU V (U ) {0} e fU V (X \ V ) {1}. Seja F = {fU V : (U, V ) C}. Armamos que F separa pontos de fechados. De fato seja A um fechado em X, e seja b X \ A. Seja V B tal que b V X \ A. Como X regular, existe e um aberto U1 em X tal que b U1 U1 V X \ A. Seja U B tal que b U U1 . Segue que bU U V X \A e portanto (U, V ) C. Segue que fU V (b) fU V (U ) {0} e fU V (A) fU V (X \ V ) {1}. Pelo Corolrio 19.15 a avaliao a ca : x X (f (x))f F [0, 1]F um mergulho. Como F enumervel, temos provado (c). e e a 25.3. Corolrio. A imagem cont a nua de um espao mtrico compacto em c e um espao de Hausdor metrizvel. c e a Demonstrao. Seja X um espao mtrico compacto, seja Y um espao ca c e c de Hausdor, e seja f : X Y cont nua e sobrejetiva. Ento Y compacto a e e portanto regular. Pelo Teorema 25.2, para provar que Y metrizvel, basta e a provar que Y satisfaz o segundo axioma de enumerabilidade.

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Seja B uma base enumervel para a topologia de X. Seja C a fam das a lia unies nitas de membros de B, e seja o D = {Y \ f (X \ U )}. D uma fam enumervel de abertos de Y . Provaremos que D uma base para e lia a e a topologia de Y . Seja V aberto em Y , e seja y V . Ento f 1 (y) f 1 (V ), a f 1 (y) compacto, e f 1 (V ) aberto em X. Usando a compacidade de f 1 (y) e e podemos achar U1 , ..., Un B tais que f 1 (y) U1 ... Un f 1 (V ). Seja U = U1 ... Un . Ento U C e fcil vericar que a e a y Y \ f (X \ U ) V. Logo D uma base enumervel para a topologia de Y . e a O teorema de Urysohn caracteriza os espaos topolgicos que so metrizveis c o a a e separveis. H outro teorema, mais geral, que caracteriza os espaos topolgicos a a c o que so apenas metrizveis. No veremos esse teorema aqui. a a a Exerc cios 25.A. Prove que as seguintes funes so crescentes: co a (a) f (t) = t/(1 + t) (b) g(t) = t/(1 t) (t 0). (0 t < 1).

25.B. Seja d uma mtrica em um conjunto X, e seja d1 : X X R e denida por d(x, y) . d1 (x, y) = 1 + d(x, y) (a) Prove que d1 uma mtrica em X. e e (b) Prove que as mtricas d e d1 denem os mesmos abertos em X. e Sugesto: Use o exerc anterior. a cio 25.C. Seja X um espao mtrico localmente compacto, e seja X a c e compacticao de Alexandro de X. Prove que as seguintes condies so ca co a equivalentes: (a) X separvel. e a (b) X = n=1 Kn , com Kn compacto e Kn (Kn+1 ) para cada n. e a (c) X metrizvel.

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26. Espaos conexos c 26.1. Denio. Um espao topolgico X dito desconexo se existem dois ca c o e abertos disjuntos no vazios A e B em X tais que X = A B. Caso contrrio a a X dito conexo. Um conjunto S X dito desconexo se S, com a topologia e e induzida por X, um espao desconexo. Caso contrrio S dito conexo e c a e 26.2. Exemplos. (a) Cada espao topolgico discreto, com pelo menos dois pontos, c o e desconexo. (b) O espao de Sierpinski conexo. c e 26.3. Proposio. Cada intervalo fechado e limitado em R conexo. ca e Demonstrao. Suponhamos que [a, b] seja desconexo, sendo a < b. Ento ca a [a, b] = A B, sendo A e B dois abertos disjuntos no vazios de [a, b]. Sem a perda de generalidade podemos supor que b B. Como B aberto, segue que e (b , b] B para algum > 0. Seja c = supA. Ento c < b e (c, b] B. Se a c A, ento, como A aberto, existiria > 0 tal que [c, c+ ) A, absurdo, pois a e c = supA. Logo c B. Se c > a, ento, como B aberto, existiria > 0 tal que a e (c , c] B, absurdo, pois c = supA. Logo c = a, e portanto [a, b] = [c, b] B, absurdo de novo. Logo [a, b] conexo. e Deixamos como exerc as demonstraes dos dois resultados seguintes. cio co 26.4. Proposio. Um espao topolgico X conexo se e s se X e so ca c o e o a os unicos subconjuntos de X que so abertos e fechados. a 26.5. Proposio. A imagem cont ca nua de um espao conexo conexo. c e 26.6. Proposio. Seja X um espao topolgico, e seja S um subconjunto ca c o conexo de X. Ento S tambm conexo. a e e Demonstrao. Suponhamos que ca S = A B, sendo A e B dois subconjuntos abertos no vazios de S. Segue que a S = (S A) (S B), sendo S A e S B dois subconjuntos abertos no vazios de S. Isto absurdo, a e pois S conexo. e 26.7. Corolrio. Seja X um espao topolgico, seja S um subconjunto a c o conexo de X, e seja S T S. Ento T conexo. a e Demonstrao. Basta aplicar a proposio anterior com X = T . ca ca 26.8. Denio. Seja X um espao topolgico. Diremos que dois conjuntos ca c o A, B X so mutuamente separados se A B = A B = . a

87

26.9. Proposio. Um espao topolgico X desconexo se e s se existem ca c o e o dois conjuntos mutuamente separados no vazios A e B tais que X = A B. a Demonstrao. () Se X desconexo, ento existem dois abertos disjunca e a tos no vazios A e B tais que X = A B. Como A e B so abertos e fechados, a a claro que A e B so mutuamente separados. e a () Suponhamos que X = A B, sendo A e B dois conjuntos mutuamente separados no vazios. Como a X = A B e A B = , e a e vemos que B = X \ A aberto. De maneira anloga segue que A aberto. Logo X desconexo. e 26.10. Corolrio. Seja X um espao topolgico. Um subconjunto S X a c o desconexo se e s se existem dois conjuntos no vazios A e B, mutuamente e o a separados em X, tais que S = A B. Demonstrao. () Suponhamos que S = A B, sendo A e B dois ca conjuntos no vazios, mutuamente separados em X. Ento claro que A e B a a e so mutuamente separados em S. a () Suponhamos que S = A B, sendo A e B dois conjuntos no vazios, a mutuamente separados em S. Ento a A B = A S B = A B = . De maneira similar podemos provar que A B mente separados em X.
X X X S

= . Logo A e B so mutuaa

26.11. Corolrio. Seja X um espao topolgico, sejam A e B dois conjuna c o tos mutuamente separados, e seja S um subconjunto conexo de A B. Ento a S A ou S B. Demonstrao. E claro que ca S = (S A) (S B), e os conjuntos S A e S B so mutuamente separados em X. Como S a e conexo, segue da proposio anterior que S A = ou S B = . Logo S B ca ou S A. 26.12. Proposio. Seja X um espao topolgico. Suponhamos que X = ca c o Si , onde cada Si conexo e iI Si = . Ento X conexo. e a e iI Demonstrao. Suponhamos que X = A B, sendo A e B dois conjuntos ca mutuamente separados. Segue do corolrio anterior que Si A ou Si B para a cada i I. Seja s iI Si . Se s A, ento Si A para cada i I, e portanto a B = . De maneira anloga, se s B, ento A = . Logo X conexo. a a e

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26.13. Proposio. Seja X um espao topolgico. Suponhamos que cada ca c o par de pontos x, y X pertence a um conjunto conexo Sxy X. Ento X a e conexo. Demonstrao. Fixemos a X. Segue da hiptese que ca o X=
xX

Sax e a
xX

Sax .

Pela proposio anterior X conexo. ca e 26.14. Proposio. Seja X um espao topolgico. Suponhamos que X = ca c o Sn , onde cada Sn conexo e Sn Sn+1 = para cada n N. Ento X e a conexo. e
n=1

ca Demonstrao. Seja Tn = k=1 Sk para cada n N. Usando a Proposio ca 26.12 e induo segue que cada Tn conexo. Como ca e

X=
n=1

Tn e
n=1

Tn = ,

outra aplicao da Proposio 26.12 implica que X conexo. ca ca e 26.15. Exemplos. (a) R conexo pela Proposio 26.12, pois e ca

R=
n=1

[n, n] e
n=1

[n, n] = [1, 1].

(b) Rn conexo pela Proposio 26.12, pois Rn a unio de todas as retas e ca e a que passam pela origem. 26.16. Proposio. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos ca lia a c topolgicos no vazios. Ento o produto X = iI Xi conexo se e s se cada o a a e o Xi conexo. e Demonstrao. () Se X conexo, ento Xi = i (X) conexo para cada ca e a e i I. () Fixemos a X e denotemos por S o conjunto de todos os x X tais que existe um conjunto conexo Sax X contendo a e x. Como S=
xS

Sax e a
xS

Sax ,

vemos que S conexo., pela Proposio 26.12. Pela Proposio 26.5, para provar e ca ca a que X conexo basta provar que X = S. Seja b X e seja U um aberto bsico e contendo b, ou seja
n

U=
k=1

1 ik (Uik ),

89

com Uik aberto em Xik para k = 1, ..., n. Seja T1 ,...,Tn denidos da maneira seguinte. Tk o conjunto dos x = (xi )iI X tais que: e xik Xik arbitrrio; e a xij = bij se j < k; xij = aij se j > k; xi = ai se i = i1 , ...in . E claro que Tk homeomorfo a Xik , que conexo, e Tk Tk+1 = para e e n e k = 1, ..., n1. Pela Proposio 26.14 T = k=1 Tk conexo. Como a T1 T , ca segue que T S. Por outro lado S U T U Tn U = . Isto prova que b S, e portanto X = S. Exerc cios 26.A. Prove que um espao topolgico X conexo se e s se X e so os c o e o a unicos subconjuntos de X que so abertos e fechados. a 26.B. Prove que a imagem cont nua de um espao conexo conexo. c e 26.C. Seja S um subconjunto conexo de R. Prove que, dados a < b em S, tem-se que [a, b] S. 26.D. Prove que cada subconjunto enumervel de R, com pelo menos dois a pontos, desconexo. e 26.E. Seja X um conjunto innito, com a topologia conita. Prove que X conexo. e 26.F. Seja f : [0, 1] [0, 1] uma funo cont ca nua. Prove que existe x [0, 1] tal que f (x) = x. . e 26.G. Prove que o c rculo unitrio S 1 conexo. a 26.H. Prove que a esfera
n+1

S n = {(x1 , ..., xn+1 ) Rn+1 :


j=1

x2 = 1} j

conexa para cada n N. e

90

27. Componentes conexas 27.1. Denio. Seja X um espao topolgico. Dado x X, denotaremos ca c o por Cx a unio dos subconjuntos conexos de X que contm x. Ento Cx o a e a e maior subconjunto conexo de X que contm x. Diremos que Cx a componente e e conexa de X que contm x. e 27.2. Proposio. Seja X um espao topolgico. Dados x, y X, tem-se ca c o que Cx = Cy ou Cx Cy = . Demonstrao. Se Cx Cy = , ento Cx Cy conexo, e portanto ca a e Cx = Cx Cy = Cy . 27.3. Proposio. As componentes conexas de um espao topolgico so ca c o a sempre fechadas. e e Demonstrao. Como Cx conexo, segue que Cx conexo tambm. Logo ca e Cx = Cx . 27.4. Denio. Um espao topolgico X dito localmente conexo se cada ca c o e x X admite uma base de vizinhanas abertas e conexas. c 27.5. Exemplo. O espao [0, 1) (1, 2] localmente conexo, mas no c e a e conexo. 27.6. Proposio. Um espao topolgico X localmente conexo se e s se ca c o e o as componentes conexas de cada aberto de X so abertas em X. a Demonstrao. () Suponhamos que X seja localmente conexo. Seja U ca um aberto de X, e seja C uma componente conexa de U . Por hiptese para cada o x C existe um aberto conexo V tal que x V U . Segue que x V C, e portanto C aberto em X. e () Suponhamos que as componentes conexas de cada aberto de X sejam abertas em X. Seja x X, e seja U uma vizinhana aberta de x em X. Seja c C a componente conexa de U que contm x. Como por hiptese C aberto em e o e X, concluimos que X localmente conexo. e 27.7. Corolrio. As componentes conexas de um espao localmente conexo a c so abertas e fechadas. a 27.8. Proposio. Cada quociente de um espao localmente conexo ca c e localmente conexo. Demonstrao. Seja X um espao localmente conexo e seja : X Y ca c uma aplicao quociente. Provaremos que as componentes conexas de cada ca aberto de Y so abertas em Y . a Seja V um aberto no vazio em Y , e seja D uma componente conexa de a V . Para provar que D aberta em Y basta provar que 1 (D) aberto em e e X. Seja x 1 (D), e seja Cx a componente conexa de 1 (V ) que contm x. e 91

(Cx ) conexo e (x) (Cx ) V . Como (x) D, segue que (Cx ) D, e e portanto Cx 1 (D). Como Cx aberto em X, segue que 1 (D) aberto e e em X, como queriamos. Exerc cios 27.A. Se X = Q, prove que Cx = {x} para cada x Q. 27.B. Seja X um espao topolgico discreto, com pelo menos dois pontos. c o (a) Prove que X localmente conexo, mas no conexo. e a e (b) Prove que Cx = {x} para cada x X. 27.C. Prove que um espao topolgico X localmente conexo se e s se a c o e o topologia de X admite uma base formada por conjuntos abertos e conexos. 27.D. Se um espao topolgico X compacto e localmente conexo, prove c o e que X tem apenas um nmero nito de componentes conexas. u 27.E. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja f : X Y uma aplicao c o ca cont nua. Prove que a imagem de cada componente conexa de X est contida a numa componente conexa de Y . 27.F. Se X e Y so homeomorfos, prove que cada componente conexa de X a homeomorfa a uma componente conexa de Y . e

92

28. Espaos conexos por caminhos c 28.1. Denio. Um espao topolgico X dito conexo por caminhos se ca c o e dados a, b X, existe uma funo cont ca nua f : [0, 1] X tal que f (0) = a e f (1) = b. Diremos que f um caminho em X entre a e b. e 28.2. Proposio. Cada espao conexo por caminhos conexo. ca c e Demonstrao. Seja X um espao conexo por caminhos. Suponhamos que ca c existam dois abertos disjuntos no vazios A e B tais que X = A B. Sejam a a A e b B, e seja f : [0, 1] X um caminho em X entre a e b. Segue que [0, 1] = f 1 (A) f 1 B, e [0, 1] no seria conexo. a 28.3. Exemplos. (a) Rn conexo por caminhos. De fato, dados a, b Rn , seja f : [0, 1] Rn e denida por f (t) = (1 t)a + tb. (b) R2 \ E conexo por caminhos para cada conjunto enumervel E R2 . e a De fato, para cada a R2 \ E, existe uma fam no enumervel de retas em lia a a R2 \ E que passam por a. Dai, dados a, b R2 \ E, existem duas retas L1 e L2 em R2 \ E que passam por a e b, respectivamente, e que tem interseo no ca a vazia. Essa retas fornecem um caminho em R2 \ E entre a e b. (c) Se n 2, ento Rn \ E conexo por caminhos para cada conjunto a e enumervel E Rn . De fato, dados a, b Rn \ E, seja S um subespao a c vetorial de Rn de dimenso 2 que contm a e b. Segue de (b) que existe um a e caminho em S (Rn \ E) = S \ (S E) entre a e b. 28.4. Denio. Seja X um espao topolgico, seja f : [0, 1] X um ca c o caminho entre a e b, e seja g : [0, 1] X um caminho entre b e c. Seja f g : [0, 1] X o caminho entre a e c denido por (f g)(t) = f (2t) (f g)(t) = g(2t 1) (0 t ( 1 ), 2

1 t 1). 2 28.5. Denio. Um espao topolgico X dito localmente conexo por ca c o e caminhos se cada x X admite uma base de vizinhanas abertas e conexas por c caminhos. 28.6. Proposio. Se X conexo e localmente conexo por caminhos, ento ca e a X conexo por caminhos. e Demonstrao. Seja a X, e seja S o conjunto dos x X tais que existe ca um caminho em X entre a e x. Claramente a S. Para provar que S = X, basta provar que S aberto e fechado. e 93

Para provar que S aberto, seja b S, e seja U uma vizinhana aberta de b e c que conexa por caminhos. Seja f um caminho em X entre a e b, e seja g um e caminho em X entre b e c U . Ento f g um caminho em X entre a e c, e a e portanto U S. Logo S aberto. e c Para provar que S fechada, seja c S, e seja U uma vizinhana aberta de e c que conexa por caminhos. Seja b U S, seja f um caminho em X entre e a e b, e seja g um caminho em X entre b e c. Ento f g um caminho em X a e entre a e c, e portanto c S. Logo S fechado. e Exerc cios 28.A. Um conjunto S Rn dito convexo se (1 t)a + tb S para todo e a, b S e t [0, 1]. Prove que cada conjunto convexo em Rn conexo por e caminhos. 28.B. Prove que a imagem cont nua de um espao conexo por caminhos c e conexo por caminhos. 28.C. Seja {Xi : i I} uma fam no vazia de espaos topolgicos no lia a c o a vazios. Prove que o produto X = iI Xi conexo por caminhos se e s se e o cada Xi conexo por caminhos. e 28.D. (a) Prove que S 1 conexo por caminhos. e (b) Prove que S n conexo por caminhos para cada n N. e 28.E. Prove que os espaos R e Rn no so homeomorfos se n 2. c a a 28.F. Prove que os espaos [0, 1] e S 1 no so homeomorfos. c a a 28.G. Prove que os espaos S 1 e S n no so homeomorfos se n 2. c a a 28.H. Prove que cada subconjunto aberto e conexo de Rn conexo por e caminhos. 28.I. Consideremos os conjuntos S = {(x, y) R2 : 0 < x 1, y = sen(1/x)}, T = S {(0, y) : 1 y 1}. (a) Prove que S conexo. e (b) Prove que T conexo. e (c) Prove que S conexo por caminhos. e (d) Prove que T no conexo por caminhos. a e Sugesto: Para provar (d) suponha que f = (f1 , f2 ) : [0, 1] T seja um a caminho em T entre (0, 0) e (1/, 0). Prove que f1 toma todos os valores 1/n, com n N. A seguir prove que, em cada vizinhana de 0 em [0, 1] f2 toma os c valores 1 e 1. Conclua que f2 no cont a e nua em 0.

94

28.J. Seja X um espao topolgico, e sejam f , g e h caminhos em X entre c o a e b, entre b e c, e entre c e d, respectivamente. (a) Prove que [(f g) h](t) = f (4t) [(f g) h](t) = g(4t 1) [(f g) h](t) = h(2t 1) (b) Prove que [f (g h)](t) = f (2t) [f (g h)](t) = g(4t 2) [f (g h)](t) = h(4t 3) (0 t ( 1 ), 2 (0 t ( 1 ), 4

1 1 t ), 4 2 1 ( t 1). 2

1 3 t ), 2 4 3 ( t 1). 4

95

29. Homotopia 29.1. Denio. Sejam X e Y espaos topolgicos, e sejam f, g C(X; Y ). ca c o Diremos que f e g so homotpicas, e escreveremos f g, se existir uma funo a o ca cont nua H : X [0, 1] Y tal que H(x, 0) = f (x) H(x, 1) = g(x) (x X), (x X). g.

Diremos que H uma homotopia entre f e g, e escreveremos H : f e Se denimos ft (x) = H(x, t) (x X, 0 t 1).

vemos que H representa uma fam de funes cont lia co nuas ft : X Y (0 t 1) tais que f0 = f e f1 = g. 29.2. Exemplo. Seja X um espao topolgico qualquer, e seja Y um c o subconjunto convexo de Rn . Ento qualquer par de funes f, g C(X; Y ) so a co a homotpicas entre si. Basta denir o H(x, t) = (1 t)f (x) + tg(x) 29.3. Proposio. A relao f ca ca C(X; Y ). (x X, 0 t 1).

g uma relao de equivalncia em e ca e f , onde

Demonstrao. Se f C(X; Y ), ento H : f ca a H(x, t) = f (x) Se H1 : f g, ento H2 : g a f , onde

(x X, 0 t 1).

H2 (x, t) = H1 (x, 1 t) Se H1 : f g e H2 : g h, ento H3 : f a

(x X, 0 t 1). h, onde (x X, 0 t (x X, 1 ), 2

H3 (t) = H1 (x, 2t) H3 (t) = H2 (x, 2t 1)

1 t 1). 2 29.4. Proposio. Sejam X, Y , Z espaos topolgicos, e sejam f1 , g1 ca c o C(X; Y ) e f2 , g2 C(Y ; Z). Se f1 g1 e f2 g2 , ento f2 f1 g2 g1 . a Demonstrao. Sejam ca H1 : f1 g1 , H2 : f2 g2 ,

e seja H3 : X [0, 1] Z denida por H3 (x, t) = H2 (H1 (x, t), t) 96 (x X, 0 t 1).

Ento a H3 (x, 0) = H2 (H1 (x, 0), 0) = H2 (f1 (x), 0) = f2 f1 (x) H3 (x, 1) = H2 (H1 (x, 1), 1) = H2 (g1 (x), 1) = g2 g1 (x) e portanto H3 : f2 f1 g2 g1 . (x X), (x X),

29.5. Denio. Um espao topolgico X dito contrtil se a funo ca c o e a ca identidade iX (x) = x homotpica a uma funo constante c(x) = x0 . e o ca 29.6. Proposio. Um espao topolgico X contrtil se e s se, para cada ca c o e a o espao topolgico Y , qualquer par de funes f, g C(Y ; X) so homotpicas c o co a o entre si. Demonstrao. Para provar a implicao no trivial, suponhamos que ca ca a X seja contrtil, ou seja iX a c, e sejam f, g C(Y ; X). Ento, usando a a proposio anterior, segue que ca f = iX f cf =cg i g = g.

29.7. Exemplo. Segue do Exemplo 29.2 que cada subconjunto convexo de Rn contrtil. e a Sabemos que dois espaos topolgicos X e Y so homeomorfos se e s se c o a o existem f C(X; Y ) e g C(Y ; X) tais que g f = iX e f g = iY . 29.8. Denio. Diremos que dois espaos topolgicos X e Y so hoca c o a motopicamente equivalentes se existem f C(X; Y ) e g C(Y ; X) tais que g f iX e f g iY . Se X e Y so homeomorfos, claro que X e Y so homotopicamente equiva e a alentes, mas a rec proca falsa em geral. e 29.9. Proposio. Um espao topolgico X contrtil se e s se X ca c o e a o e homotopicamente equivalente a um espao unitrio. c a Demonstrao. () Suponhamos que a identidade em X seja homotpica ca o a uma funo constante c(x) = x0 . Seja Y = {x0 }, e seja j : Y X a aplicao ca ca incluso. Ento j c = c iX e c j = iY . a a () Suponhamos que X seja homotopicamente equivalente a Y = {y0 }. Sejam f C(X; Y ) e g C(Y ; X) tais que g f iX e f g iY . Como g f uma funo constante, vemos que X contrtil. e ca e a Na prxima seo precisaremos de uma variante da noo de homotopia, o ca ca conhecida como homotopia relativa. 29.10. Denio. (a) Diremos que (X, A) um par topolgico se X um ca e o e espao topolgico, e A X. c o 97

(b) Diremos que f : (X, A) (Y, B) uma funo cont e ca nua se f : X Y uma funo cont e ca nua tal que f (A) B. (c) Diremos que (X, A) e (Y, B) so homeomorfos se existem funes cont a co nuas f : (X, A) (Y, B) e g : (Y, B) (X, A) tais que g f = iX e f g = iY . Notemos que neste caso f : X Y um homeomorsmo e f (A) = B. e (d) Diremos que duas funes cont co nuas f, g : (X, A) (Y, B) so hoa motpicas se existir uma funo cont o ca nua H : X [0, 1] Y tal que H(x, 0) = f (x) H(x, 1) = g(x) H(x, t) = f (x) = g(x) (x X), (x X), (x A, 0 t 1).

Neste caso diremos que H uma homotopia entre f e g relativa a A, e escrevere emos H : f g[A]. (e) Diremos que (X, A) e (Y, B) so homotopicamente equivalentes se existem a funes cont co nuas f : (X, A) (Y, B) e g : (Y, B) (X, A) tais que g f iX [A] e f g iY [B]. Exerc cios 29.A. Prove que cada espao contrtil conexo por caminhos. c a e 29.B. Prove que a relao f ca g[A] uma relao de equivalencia no cone ca junto de todas as funes cont co nuas f : (X, A) (Y, B). 29.C. Prove que, se (X, A) e (Y, B) so homotopicamente equivalentes, ento a a X e Y so homotopicamente equivalentes. a 29.D. Prove que, se (X, A) e (Y, B) so homotopicamente equivalentes, ento a a A e B so homeomorfos. a 29.E. Seja X um espao topolgico, e sejam a, b, c X. Sejam f1 e g1 dois c o caminhos em X entre a e b, e sejam f2 e g2 dois caminhos em X entre b e c. Se f1 prove que f1 f2 g1 g2 [{0, 1}]. g1 [{0, 1}] e f2 g2 [{0, 1}],

98

30. O grupo fundamental 30.1. Denio. Seja X um espao topolgico, e seja x0 X. ca c o (a) Diremos que f : [0, 1] X um lao com base em x0 se f cont e c e nua e f (0) = f (1) = x0 . Denotaremos por (X, x0 ) o conjunto de todos os laos em c X com base em x0 . (b) Diremos que f, g (X, x0 ) so homotpicos se f a o g[{0, 1}]. Neste caso escreveremos f x0 g. Denotaremos por 1 (X, x0 ) o conjunto das classes de equivalncia em (X, x0 ) sob a relao x0 . e ca 30.2. Teorema. O conjunto 1 (X, x0 ), com a operao ca [f ] [g] = [f g], um grupo, chamado de grupo fundamental de X, com base em x0 . e Demonstrao. Se f1 ca
x0

f2 e g1
x0

x0

g2 , segue do Exerc 29.E que cio

f1 g1 Logo a operao est bem denida. ca a

f2 g2 .

Para provar que a operao associativa basta provar que ca e (1) (f g) h


x0

f (g h)

para todo f, g, h (X, x0 ). Pelo Exerc 28.G, por um lado temos que cio [(f g) h](s) = f (4s) [(f g) h](s) = g(4s 1) [(f g) h](s) = h(2s 1) E por outro lado [f (g h)](s) = f (2s) [f (g h)](s) = g(4s 2) [f (g h)](s) = h(4s 3) Denamos 4s ) 1+t H(s, t) = g(4s 1 t) H(s, t) = f ( (0 4s 2), (2 4s 3), (3 4s 4). (0 4s 1 + t), (1 + t 4s 2 + t), (0 4s 1), (1 4s 2), (2 4s 4).

4s 2 t H(s, t) = h( ) (2 + t 4s 4). 2t No dif vericar que H cont a e cil e nua e que H(s, 0) = [(f g) h](s) 99 (0 s 1),

H(s, 1) = [f (g h)](s) H(0, t) = [(f g) h](0) = [f (g h)](0) H(1, t) = [(f g) h](1) = [f (g h)](1) Isto prova (1).

(0 s 1), (0 t 1), (0 t 1).

Seja e(s) = x0 para todo s [0, 1]. Para provar que [e] o elemento e identidade de 1 (X, x0 ), basta provar que (2) e (3) ef
x0

f e

x0

para todo f (X, x0 ). Notemos que (f e)(s) = f (2s) (f e)(s) = x0 Denamos H(s, t) = f ( 2s ) 1+t (0 2s 1), (1 2s 2). (0 2s 1 + t), (1 + t 2s 2).

H(s, t) = x0

No dif vericar que H cont a e cil e nua e que H(s, 0) = (f e)(s) H(s, 1) = f (s) H(0, t) = (f e)(0) = f (0) H(1, t) = (f e)(1) = f (1) (0 s 1), (0 s 1), (0 t 1), (0 t 1).

Isto prova (2). A demonstrao de (3) anloga. ca e a Dado f (X, x0 ), seja f 1 (X, x0 ) denido por f 1 (s) = f (1 s) para todo s [0, 1]. Para provar que [f 1 ] o inverso de [f ] basta provar que e (4) e (5) Notemos que (f f 1 )(s) = f (2s) (f f 1 )(s) = f (2 2s) Denamos H(s, t) = f (t) 100 (0 2s 2t), (0 2s 1), (1 2s 2). f 1 f
x0

f f 1

x0

H(s, t) = f (2s t) H(s, t) = f (2 2s + t)

(2t 2s 1 + t), (1 + t 2s 2).

No dif vericar que H cont a e cil e nua e que H(s, 0) = (f f 1 )(s) H(s, 1) = e(s) H(0, t) = (f f
1

(0 s 1), (0 s 1),

)(0) = e(0)

(0 t 1), (0 t 1).

H(1, t) = (f f 1 )(1) = e(1) Isto prova (4) A demonstrao de (5) anloga. ca e a

30.3. Proposio. Seja : [0, 1] X um caminho em X entre x0 e x1 . ca Ento a funo a ca : [f ] 1 (X, x0 ) [1 f ] 1 (X, x1 ) um isomorsmo de grupos. e Demonstrao. Usando o Exerc 29.E segue que, se f1 ca cio 1 f1
x0 x0

f2 , ento a

1 f2 .

a Isto prova que est bem denida. E fcil ver que um homomorsmo de a e grupos, e que (1 ) seu inverso. Deixamos a demonstrao detalhada como e ca exerc cio. 30.4. Corolrio. Se X conexo por caminhos, ento todos os grupos a e a 1 (X, x0 ), com x0 X, so isomorfos entre si. a 30.5. Denio. Um espao topolgico X dito simplesmente conexo se ca c o e X conexo por caminhos e o grupo 1 (X, x0 ) trivial para algum, e portanto, e e para todo x0 X. 30.6. Exemplo. Cada subconjunto convexo de Rn simplesmente conexo. e Com efeito basta provar que f H : [0, 1] [0, 1] X denida por g para todo f, g (X, x0 ). Seja

x0

H(s, t) = (1 t)f (s) + tg(s). Ento a H(s, 0) = f (s) H(s, 1) = g(s) H(0, t) = x0 H(1, t) = x0 101 (0 s 1), (0 s 1), (0 t 1), (0 t 1).

Isto prova que f Exerc cios

x0

g.

30.A. Sejam X e Y espaos topolgicos, e seja : (X, x0 ) (Y, y0 ) uma c o funo cont ca nua. Prove que a funo ca : [f ] 1 (X, x0 ) [ f ] 1 (Y, y0 ) um homomorsmo de grupos. e 30.B. Se a identidade em X, prove que a identidade em 1 (X, x0 ). e e 30.C. Sejam X, Y e Z espaos topolgicos, e sejam : (X, x0 ) (Y, y0 ) e c o : (Y, y0 ) (Z, z0 ) funes cont co nuas. Prove que ( ) = . 30.D. Se : (X, x0 ) (Y, y0 ) um homeomorsmo, prove que a funo e ca : 1 (X, x0 ) 1 (Y, y0 ) um isomorsmo de grupos. e 30.E. Sejam X e Y espaos topolgicos, e sejam , : (X, x0 ) (Y, y0 ) c o funes cont co nuas tais que [{x0 }]. Prove que f y0 f para todo f (X, x0 ), ou seja = . 30.F. Se (X, x0 ) e (Y, y0 ) so homotopicamente equivalentes, prove que os a grupos 1 (X, x0 ) e 1 (Y, y0 ) so isomorfos. a 30.G. Sejam X e Y espaos topolgicos, e sejam x0 X e y0 Y . Prove c o que o grupo 1 (X Y, (x0 , y0 )) isomorfo ao grupo (X, x0 ) (Y, y0 ). e

102

31. O grupo fundamental do c rculo unitrio a Consideremos o c rculo unitrio a S 1 = {(x, y) R2 : x2 + y 2 = 1} = {z C : |z| = 1}. Nesta seo provaremos o teorema seguinte. ca 31.1. Teorema. O grupo 1 (S 1 , 1) isomorfo a Z. e Para provar este teorema vamos precisar de dois lemas auxiliares. Antes de enunciar esses lemas, consideremos a funo ca p : t R e2ti S 1 . E claro que: (a) p sobrejetiva, cont e nua e aberta, com p(0) = 1. e (b) A restrio p|( 1 , 1 ) : ( 1 , 1 ) S 1 \ {1} um homeomorsmo, com ca 2 2 2 2 inversa q. (c) p(s + t) = p(s)p(t) para todo s, t R. (d) p(t) = 1 se e s se t Z. o E claro que R um grupo abeliano sob adio de nmeros reais, S 1 um e ca u e grupo abeliano sob multiplicao de nmeros complexos, e p : R S 1 um ca u e homomorsmo de grupos cujo ncleo Z. u e 31.2. Lema. Seja g um caminho em S 1 , com g(0) = 1. Ento existe um a unico caminho f em R tal que f (0) = 0 e p f = g. R f [0, 1] g p S1

Demonstrao. Como [0, 1] compacto, a funo g : [0, 1] S 1 ca e ca e uniformemente cont nua. Logo existe > 0 tal que se |s t| < , ento a |g(s) g(t)| < 2. Ento g(s)/g(t) = 1 e q(g(s)/g(t)) est bem denida. a a Seja n N tal que 1/n < , e seja f : [0, 1] R denida por
n

f (t) =
k=1

k g( n t)

g( k1 t) n

103

Ento f cont a e nua, f (0) = 0 e


n

p f (t) =
k=1

k g( n t)

g( k1 t) n

= g(t),

provando existncia. Para provar unicidade, suponhamos que exista uma funo e ca cont nua f1 : [0, 1] R tal que f1 (0) = 0 e p f1 = g. Ento a p (f1 f )(t) = 1 e portanto (f1 f )(t) Z Como [0, 1] conexo, segue que e (f1 f )(t) = 0 (0 t 1). (0 t 1). (0 t 1),

31.3. Lema. Sejam g1 e g2 caminhos em S 1 tais que g1 (0) = g2 (0) = 1, e sejam f1 e f2 os unicos caminhos em R tais que f1 (0) = f2 (0) = 0, p f1 = g1 e p f2 = g2 . (a) Dada uma funo cont ca nua G : [0, 1] [0, 1] S 1 tal que G(0) = 1, existe uma unica funo cont ca nua F : [0, 1] [0, 1] R tal que F (0) = 0 e p F = G. (b) Se G : g1 g2 [{0, 1}], ento F : f1 f2 [{0, 1}]. a R F [0, 1] [0, 1] G p S1

Demonstrao. (a) A demonstrao de (a) similar ` demonstrao do ca ca e a ca lema anterior. Como G uniformemente cont e nua, existe > 0 tal que se |z w| < , ento |G(z) G(w)| < 2, e portanto q(G(z)/G(w)) est bem a a denida. Seja n N tal que 1/n < , e seja F : [0, 1] [0, 1] R denida por
n

F (z) =
k=1

k G( n z)

G( k1 z) n

Ento F cont a e nua, F (0) = 0 e p F = G. Se existir uma funo cont ca nua F1 : [0, 1] [0, 1] R tal que F1 (0) = 0 e p F1 = G, ento podemos provar a como antes que F1 = F .

104

(b) Suponhamos que G : g1

g2 [{0, 1}]. Ento a (0 s 1).

p F (s, 0) = G(s, 0) = g1 (s) = p f1 (s) Pela unicidade no lema anterior, segue que F (s, 0) = f1 (s) De maneira anloga podemos provar que a F (s, 1) = f2 (s) Por outro lado temos que (0 s 1). (0 s 1).

p F (0, t) = G(0, t) = g1 (0) = g2 (0) = p f1 (0) = p f2 (0) Pela unicidade do lema anterior segue que F (0, t) = f1 (0) = f2 (0) De maneira anloga podemos provar que a F (1, t) = f1 (1) = f2 (1) Logo F : f1 f2 [{0, 1}]. (0 t 1). (0 t 1).

(0 t 1).

Demonstrao do Teorema 31.1. Se g (S 1 , 1), ento segue do Lema ca a 31.2 que existe um unico caminho f : [0, 1] R tal que f (0) = 0 e p f (1) = g(1) = 1. Ento f (1) Z. Denamos a : [g] 1 (S 1 , 1) f (1) Z. Dados g1 , g2 (S 1 , 1), sejam f1 e f2 os unicos caminhos em R tais que f1 (0) = f2 (0) = 0, p f1 = g1 e p f2 = g2 . Se G : g1 g2 [{0, 1}], ento segue do Lema a 31.3 que F : f1 f2 [{0, 1}]. Em particular F (1, t) = f1 (1) = f2 (1). Isto prova que a funo est bem denida. ca a Para provar que um homomorsmo de grupos, sejam g1 , g2 (S 1 , 1), e e sejam f1 e f2 os unicos caminhos em R tais que f1 (0) = f2 (0) = 0, p f1 = g1 e p f2 = g2 . Sejam n1 = f1 (1), n2 = f2 (1). Seja f : [0, 1] R denido por f (s) = n1 + f2 (s) Ento a f (0) = n1 + f2 (0) = n1 = f1 (1), f (1) = n1 + f2 (1) = n1 + n2 , (0 s 1). (0 s 1).

p(f (s)) = p(n1 )p(f2 (s) = g2 (s) 105

Segue que p (f1 f ) = (p f1 ) (p f ) = g1 g2 , (f1 f )(0) = f1 (0) = 0, (f1 f )(1) = f (1) = n1 + n2 .

Assim f1 f o unico caminho em R tal que (f1 f )(0) = 0 e (f1 f ) = g1 g2 . e Segue que ([g1 ] [g2 ]) = ([g1 g2 ]) = (f1 f )(1) = n1 + n2 = f1 (1) + f2 (1) = ([g1 ]) + ([g2 ]). Isto prova que um homomorsmo de grupos. e Para provar que sobrejetiva, seja n Z, e sejam f : [0, 1] R e e g : [0, 1] S 1 denidos por f (s) = ns (0 s 1), g = p f.

Ento f (0) = 0 e g(0) = g(1) = 1, e dai segue que a ([g]) = f (1) = n. Para provar que injetiva, seja g (S 1 , 1) tal que ([g]) = 0. Seja f o e unico caminho em R tal que f (0) = 0 e f = g. Ento f (1) = ([g]) = 0, a e portanto f (R, 0). Como R simplesmente conexo, temos que f 0 0, e e dai segue que g = p f 1 p(0) = 1. Isto completa a demonstrao. ca Exerc cios 31.A. Usando o Exerc cio 30.G prove que o grupo 1 (S 1 S 1 , (1, 1)) e isomorfo a Z Z. 31.B. Seja B 2 = {(x, y) R2 : x2 + y 2 1}, e seja j : S 1 B 2 a incluso. Usando o Exerc 30.C prove que no existe a cio a uma aplicao cont ca nua r : B 2 S 1 tal que r j seja a identidade. 31.C. Seja f : B 2 B 2 uma funo cont ca nua. Usando o exerc anterior cio prove que existe x B 2 tal que f (x) = x. Sugesto: Se f (x) = x para cada x B 2 , seja r(x) o ponto onde a reta de a f (x) a x intercepta S 1 . 31.D. Prove que o homomorsmo de grupos p : R S 1 induz um isomorsmo de grupos p : R/Z S 1 que tambm um homeomorsmo. e e 31.E. Seja G um grupo topolgico, ou seja G um grupo, G tambm um o e e e espao topolgico, e a aplicao (x, y) G G xy 1 G cont c o ca e nua. 106

(a) Prove que a aplicao (x, y) G G xy G cont ca e nua. (b) Prove que a aplicao x G x1 G um homeomorsmo. ca e (c) Prove que a aplicao y G xy G um homeomorsmo para cada ca e x G. (d) Prove que U uma vizinhana aberta de 1 em G se e s se xU uma e c o e vizinhana aberta de x em G. c 31.F. Seja G um grupo topolgico abeliano, e seja H um subgrupo de G. o Prove que a aplicao quociente : G G/H aberta. ca e 31.G. Seja G um grupo topolgico abeliano, e seja H um subgrupo discreto o de G. Seja : G G/H a aplicao quociente, e seja g : [0, 1] G/H um ca caminho com g(0) = 1. (a) Prove que existe uma vizinhana aberta U de 1 em G tal que (U ) c e uma vizinhana aberta de 1 em G/H e a restrio |U : U (U ) um c ca e homeomorsmo. (b) Adaptando a demonstrao do Lema 31.2 prove que existe um unico ca caminho f : [0, 1] G tal que f (0) = 1 e f = g. De maneira anloga podemos adaptar as demonstraes do Lema 31.3 e do a co Teorema 31.1 para provar o teorema seguinte: Teorema. Seja G um grupo topolgico abeliano simplesmente conexo, e seja o H um subgrupo discreto de G. Ento o grupo 1 (G/H, 1) isomorfo a H. a e 31.H. Sejam E e X espaos topolgicos, e seja p : E X uma funo c o ca cont nua. Diremos que p : E X um espao de recobrimento se cada x X e c admite uma vizinhana aberta V tal que p1 (V ) e uma unio disjunta de abertos c a Ui tais que a restrio p|Ui : Ui V um homeomorsmo para cada i. ca e Se p(t) = e2ti para cada t R, prove que p : R S 1 um espao de e c recobrimento. 31.I. Seja p : E X um espao de recobrimento. Seja G o conjunto de c todos os homeomorsmos : E E tais que p = p. (a) Prove que p sobrejetiva e aberta, em particular p uma aplicao e e ca quociente. (b) Prove que p1 (x) um subconjunto discreto de E para cada x X. e (c) Prove que G um grupo sob composio, que chamaremos de grupo de e ca transformaes do recobrimento. co 31.J. Prove que o grupo de transformaes do recobrimento p : R S 1 co e isomorfo a Z. Adaptando as demonstraes dos Lemas 31.2 e 31.3 e do Teorema 31.1, co podemos provar o teorema seguinte: Teorema. Seja p : E X um espao de recobrimento, e seja G o grupo c de transformaes do recobrimento. Se E simplesmente conexo e localmente co e conexo por caminhos, ento o grupo 1 (X, x0 ) isomorfo a G para cada x0 X. a e

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Bibliograa

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