Ponte Salazar
Ponte Salazar
Ponte Salazar
Antecedentes Histricos O atravessamento contnuo do rio Tejo na rea urbana da capital, uma aspirao quase secular, foi traduzido em termos tcnicos, e pela primeira vez, pelo Eng. Miguel Pais que props em 1876, em desenho, uma ponte entre o Grilo e o Montijo. Esta proposta contemplava uma soluo mista para os trfegos rodovirio e ferrovirio, de tabuleiro duplo e com setenta e seis tramos, dos quais setenta e quatro tinham 60 m de vo e os dois extremos, 48 m. Apesar do grande apoio que colheu nos meios tcnicos, na opinio pblica e em departamentos oficiais, este projecto no teve seguimento, tendo surgido ao longo dos anos outras ideias para a ligao da capital margem Sul.
Em 1888 o Eng. Lye, de nacionalidade norte-americana, prope a construo de uma ponte entre Almada e a zona do Tesouro Velho (actual Chiado) com uma estao ferroviria prxima do Largo das Duas Igrejas. Posteriormente, em 1889, os engenheiros franceses Bartissol e Seyrig propem uma ligao mista entre a Rocha do Conde de bidos e Almada, atravs de uma ponte com 2500 m de comprimento, que seria assente numa srie de arcos com vos diferentes. Em 1890 surge nova proposta subscrita por uma empresa metalomecnica de Nuremberga que pretendia construir uma ponte entre o Beato e o Montijo, sugerindo uma localizao muito prxima que tinha sido proposta pelo Eng. Miguel Pais.
J no sculo XX, em 1913, foi proposto ao Governo, por uma firma portuguesa, fazer a ligao entre a Rocha do Conde de bidos e Almada. Porm, em 1919, a empresa H. Burnay & C., considerava que a travessia do Tejo deveria ser feita atravs de um tnel e no de uma ponte. Este tnel teria 4500 m de extenso e ligaria a capital a Almada entre Santa Apolnia e Cacilhas. Dois anos mais tarde feita nova sugesto para outra ponte mista, pelo Eng. Alfonso Pena Boeuf, espanhol, a implantar entre a Rocha do Conde de bidos e Almada, com um comprimento total de 3347 m. Curiosamente, esta proposta previa apenas um tabuleiro com via frrea dupla e quatro vias para circulao rodoviria. Em 1926, estando ainda de p esta proposta, a empresa do Arq. Jos Cortez - Cortez & Bruhns, apresentou, em esboo, a sugesto duma grande ponte suspensa de trs vos a lanar entre a parte alta da Rua do Patrocnio e as proximidades de Almada. O Eng. Antnio Belo, em 1929, solicitou a concesso de uma linha frrea a construir entre o Beato e o Montijo, que inclua a respectiva ponte para a travessia. Esta proposta mereceu, por parte do Ministro Duarte Pacheco, a ateno devida, tendo-se aberto para o efeito um concurso pblico em 1934, que no teve resultados concretos, visto que nenhuma das propostas correspondeu ao que o caderno de encargos estipulava sobre o regime de concesso. Quatro anos mais tarde, retomada por um dos concorrentes - United States Steel Products - esta proposta tambm no obteve acordo, apesar da simplificao e reduo de custo apresentadas. Em 1942 foi nomeada uma comisso para o estudo das comunicaes entre a zona oriental de Lisboa e o Sul do pas, como consequncia de diligncias promovidas pelas Cmaras Municipais do Barreiro, Alcochete, Moita e Seixal para a melhoria das comunicaes entre as sedes dos respectivos concelhos e Cacilhas. Porm, com a deciso da construo da Ponte de Vila Franca de Xira, foram suspensos os trabalhos desta comisso. O Eng. Pena Boeuf, em 1951, sugeriu uma nova travessia entre Almada e o Alto de Santa Catarina em Lisboa, propondo uma ponte suspensa.
O Empreendimento Finalmente, para o estudo e resoluo do problema das ligaes rodoviria e ferroviria entre Lisboa e a margem Sul do Tejo, foi nomeada, por Portaria dos Ministrios das Obras Pblicas e das Comunicaes de Junho de 1953, uma nova comisso que concluiu pela viabilidade tcnica e financeira da travessia atravs de uma ponte ou de um tnel. O Governo optou pela construo de uma ponte e pelo Decreto-Lei n. 42 238, autorizou o Ministrio das Obras Pblicas a abrir concurso para a sua construo. Em Dezembro de 1960, foi criado, na dependncia do Ministro das Obras Pblicas, para a conduo deste empreendimento, o Gabinete da Ponte sobre o Tejo, dirigido pelo Eng. Jos Estevam Abranches Couceiro do Canto Moniz, na altura director dos Servios de Conservao da Junta Autnoma de Estradas. Em Maro de 1960 abriu-se concurso internacional para a execuo da obra, tendo esta sido adjudicada United States Steel Export Company em Maio de 1962. Compreendia a construo da ponte sobre o rio, a realizao de um complexo rodovirio que inclua 15 km de auto-estrada, trinta e duas estruturas de beto armado e pr-esforado, o Viaduto Norte sobre Alcntara (com 945,11 m de extenso e catorze vos, cujo tabuleiro de beto pr-esforado apoiado em pilares gmeos de beto armado, ligados por uma travessa horizontal a 10 m do topo, destinada a suportar o tabuleiro ferrovirio), um tnel sob a Praa da Portagem (com cerca de 600 m de comprimento e destinado a receber a plataforma ferroviria do eixo de ligao da rede a Norte com a rede a Sul do rio Tejo), a sinalizao e iluminao de toda a obra.
Iniciada em Novembro de 1962 a ponte constituda por uma estrutura metlica, suspensa, com cerca de 2300 m de comprimento entre ancoragens, dos quais 1013 m vencem o vo central. As duas torres principais de ao carbono, atingem uma altura de 190,5 m acima do nvel da gua e esto situadas a cerca de meio quilmetro de cada margem. A construo das suas fundaes, sobretudo as da torre Sul, constituiu um dos aspectos mais interessantes da obra. Implantada em pleno rio, a fundao em beto armado, realizada empregando o mtodo do caixo aberto, assenta na rocha basltica a 82,5 m abaixo do nvel da preia-mar de guas vivas. As torres so jorradas transversal e longitudinalmente e cada uma tem duas pernas ou montantes principais, contraventadas entre si por cinco peas em X e duas travessas horizontais, uma no topo da torre e a outra abaixo do nvel da viga de rigidez. No topo de cada torre foram fixadas duas grandes selas de ao fundido, que do apoio aos dois cabos principais de suspenso, constitudos por fios de ao paralelos, organizados em 37 feixes com 304 fios cada um, cintados e apertados de modo a formar, em todo o percurso suspenso, um cabo com 58,6 cm de dimetro. A viga de rigidez e o tabuleiro so suspensos desses grandes cabos que amarram a dois macios de beto, localizados nas margens. A grande viga de rigidez, com 21 m de largura e 10,65 m de altura, contnua em toda a sua extenso, constituda por elementos soldados que foram depois fixados com parafusos de alta resistncia. Sobre ela assenta o tabuleiro, constitudo por um conjunto de longarinas e carlingas de ao sobre as quais assentam painis formados por uma grelha do mesmo material.
A Ponte 25 de Abril, como passou a ser conhecida desde 1974 foi, no tempo da sua construo, a maior da Europa, considerando a distncia entre ancoragens e a maior fora dos Estados Unidos da Amrica.
Projectada para ser uma ponte mista - rodoviria e ferroviria - foi logo planeada no projecto a construo em duas fases, pelo que os seus elementos estruturais fundamentais (fundaes, torres e pilares) previam j as sobrecargas ferrovirias de uma via dupla.
A ponte abriu ao trfego rodovirio com duas vias em cada sentido, divididas por um separador central metlico. Devido ao grande aumento do trfego mdio dirio, em Junho de 1990 foi aberta uma quinta via, reversvel, obtida custa da remoo do separador central e sem qualquer alargamento fsico. Esta deciso e o aumento de capacidade resultante, obrigou reformulao da Praa da Portagem e inverso do sentido de cobrana da portagem, obra lanada em 1992. O grande desenvolvimento urbano e regional da margem Sul e o consequente aumento de trfego, provocaram a saturao da capacidade de transporte da ponte, tornando evidente a necessidade de ampliar o tabuleiro rodovirio para a capacidade mxima de seis vias e proceder aos estudos de lanamento da fase ferroviria. Em 1990 iniciaram-se as diligncias para a elaborao do projecto que foi adjudicado firma Steinman Boynton Gronquist & Bridsal e ficou concludo em
1994. Os estudos foram conduzidos pelo Gabinete de Gesto das Obras de Instalao do Caminho de Ferro na Ponte sobre o Tejo em Lisboa, GECAF, sob a orientao do Eng. Mrio Pinto Alves Fernandes, ex-Presidente da JAE e um dos tcnicos do extinto Gabinete da Ponte sobre o Tejo. Posteriormente, em Abril de 1997, este Gabinete foi integrado na REFER-EP (Rede Ferroviria Nacional). Aps concurso internacional aberto em 1995, as obras de reforo, alargamento do tabuleiro e incluso da via frrea na ponte e seus acessos, iniciaram-se nesse mesmo ano. No esquema ferrovirio adoptado, foi incluido o tnel construdo durante a fase inicial sob a Praa da Portagem. As obras efectuadas por forma a permitir a circulao diria de cerca de 250 comboios, incluiram os trabalhos seguintes:
reforo estrutural da ponte, com a construo de dois cabos de suspenso secundrios e respectivas ancoragens nas duas margens; reforo da viga de rigidez; construo do tabuleiro ferrovirio para via dupla no interior da viga de rigidez, incluindo as respectivas catenrias e toda a aparelhagem de sinalizao e controlo; alargamento do tabuleiro rodovirio para seis vias, com separador central; beneficiao geral da estrutura existente, incluindo decapagem e pintura total; renovao da instalao elctrica, de sinalizao e decorativa; construo do tabuleiro ferrovirio sob o tabuleiro rodovirio do Viaduto de Alcntara; beneficiao geral do tabuleiro rodovirio do Viaduto de Alcntara, com supresso de algumas juntas e substituio de outras.
Foi a primeira vez que se levou a efeito um reforo neste tipo de estrutura tendo em vista a sobrecarga motivada pelo modo de explorao ferrovirio. O peso dos comboios considerado foi duas vezes e meia superior ao que foi tido em considerao aquando da elaborao do projecto em 1960/1961. A manuteno e a explorao desta ponte foram feitas, at Janeiro de 1973, pelo Gabinete da Ponte sobre o Tejo e entre esta data e 31 de Dezembro de 1995 pela Junta Autnoma de Estradas. A partir de 1 de Janeiro de 1996 a
explorao e a manuteno corrente passaram, de acordo com o Decreto-Lei n. 168/94 de 15 de Junho, a ser feitas pela Lusoponte, SA., (atravs da Gestiponte) concessionria da nova travessia entre Lisboa e Alcochete - Ponte Vasco da Gama - inaugurada em Maro de 1998.
Documentrio A Ponte Salazar sobre o Documentrio A Ponte Salazar sobre o rio Tejo, do Gabinete da Ponte rio Tejo em Lisboa - 1966, de Jos sobre o Tejo Leito de Barros Caractersticas Geomtricas Ponte suspensa Comprimento do vo principal Distncia entre amarraes Altura livre acima do nvel da gua Altura das torres principais acima do nvel da gua Dimetro dos cabos principais Nmero de fios de ao por cada cabo principal Dimetro de cada fio de ao, cabo principal Comprimento total de fio de ao nos cabos principais Dimetro dos cabos secundrios Nmero de fios de ao por cada cabo secundrio Dimetro de cada fio de ao, cabo secundrio Comprimento total de fio de ao nos cabos secundrios Profundidade do pilar principal sul abaixo do nvel da gua Profundidade do pilar principal norte abaixo do nvel da gua 1.012,88m 2.227,64m 70,00m 190,50m 58,60cm 11.248 4,877mm 54.196km 35,44cm 4.104 4.98mmm 20.000km 80m 35m
Viaduto do acesso Norte, construdo com beto pr-esforado 945,11m Comprimento total Nmero de vos Vo maior Acessos rodovirios Norte e Sul Comprimento total aproximado Nmero de estruturas de beto armado e pr-esforado Vo maior 14 76m
30Km 32 76m
Quantidades aproximadas Ao trabalhado e montado Beto necessrio para a construo Remoo de terras e rochas
Empresas que trabalharam directamente na obra (das quais 11 portuguesas) Mximo de trabalhadores que diariamente estiveram na obra Nmero de homens-dia empregados na execuo da obra Custo da ponte e acessos rodovirios Localizao 2.185.000
2 145 000 contos AE 2 Sul, km 5, lano Lisboa / Almada Concelho - Lisboa / Almada
Publicaes A Ponte Salazar / Ministrio das Obras Pblicas, Gabinete da Ponte sobre o Tejo. - [Lisboa] : GPST, 1966 (reimp. 1992). 25,24
Le pont Salazar / Ministrio das Obras Pblicas, Gabinete da Ponte sobre o Tejo. - [Lisboa] : GPST, [1966?] (reimp. 1992). 25,24
The Salazar bridge / Gabinete da Ponte sobre o Tejo, Ministrio das Obras Pblicas. - [Lisboa] : GPST, 1966 (reimp. 1992).