Sistema Firjan Mapeamento Industria Naval 2015

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MAPEAMENTO

DA INDÚSTRIA
NAVAL
Plano de ação para seu
fortalecimento

Agosto/2015

Esta publicação contempla o seguinte tema:

www.firjan.com.br
EXPEDIENTE
Sistema FIRJAN
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

MAPEAMENTO
Presidente: Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira
Vice-presidência Executiva
Vice-presidente: Geraldo Benedicto Hayen Coutinho

DA INDÚSTRIA Diretoria Executiva de Relação com Associados


Diretor: Ricardo Carvalho Maia
Diretoria Regional SENAI / Superintendência SESI-RJ /

NAVAL
Diretoria Executiva de Operações
Diretor e Superintendente: Alexandre dos Reis
Gerência Geral de Suporte Empresarial
Gerente: Alexandre Castanhola Gurgel
Gerência de Petróleo, Gás e Naval
Plano de ação para seu Gerente: Karine Barbalho Fragoso de Sequeira

fortalecimento Equipe
Bruno Martins dos Santos
Bruno Soares de Moura
Fernanda Fontana Pinheiro
Fernanda Medeiros Araujo
Fernando Luiz Ruschel Montera
Gabriel Garcia Plat Israel
Heber Silva Bispo
Ian Almeida Costa
Itamar Alves dos Santos Junior
Julia Fernandes Oliveira
Renata van der Haagen Henriques de Abreu
Thiago Valejo Rodrigues
Verônica França Pereira
Projeto Gráfico
Gerência de Comunicação de Marketing do Sistema FIRJAN
Apoio Técnico: ONIP
Apoio Institucional: Governo do Estado do Rio de Janeiro
Agosto/2015
ORGANIZAÇÕES PARTICIPANTES

ABENAV – Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore

ABESPETRO – Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo

ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos

ABIMDE – Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/SEDEIS – Secretaria de Estado de


Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços/CODIN – Companhia de
Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro

GOVERNO FEDERAL/MINISTÉRIO DA DEFESA/MARINHA DO BRASIL

SINAVAL – Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação


Naval e Offshore

SOBENA – Sociedade Brasileira de Engenharia Naval

SYNDARMA – Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE – Instituto Alberto Luiz


Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia

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APRESENTAÇÃO

O setor naval tem funções estratégicas para a economia de uma nação. No Rio de Janeiro
esse setor tem seu nascedouro e ainda hoje representa a maior concentração das atividades
relacionadas.

O segmento de defesa militar garante a segurança do país, com navios de guerra, pesquisa e
desenvolvimento de sistemas navais para proteção da costa marítima. A indústria mercante, por
sua vez, visa ao transporte em águas interiores com navios de pesquisa, navios e barcos pesqueiros,
além do transporte marítimo de carga e de passageiros. Já o segmento offshore compreende a
operação de plataformas, navios-sonda, FPSOs – Floating Production Storage and Offloading, e
outras embarcações que suportam a exploração e produção de petróleo e gás natural.

Também fazem parte do setor naval a indústria náutica, com a construção e reparação de
embarcações de esporte, turismo e lazer, e a indústria de navipeças, que engloba todas as
empresas e atividades que fabricam e prestam serviços ligados à construção e reparação naval.

Historicamente, o estado do Rio de Janeiro concentra o maior contingente de trabalhadores


especializados nessa indústria, com um número significativo de estaleiros de diferentes portes e
atividades.

De fato, nos últimos anos, tradicionais estaleiros foram reabertos no estado, o que significou a
criação de milhares de empregos no setor e a geração de oportunidades na cadeia de fornecedores
da indústria da construção e reparação naval.

O potencial de continuidade do crescimento dessa atividade, fortemente impulsionado pelas


demandas do mercado de petróleo e gás, se traduz, hoje, na necessidade de um trabalho conjunto
dos agentes do setor para superar os desafios do cenário político-econômico.

Este documento é uma síntese do Projeto para a Cadeia Produtiva da Construção e Reparação
Naval do estado do Rio de Janeiro, que contou com o apoio técnico da Organização Nacional
da Indústria do Petróleo (ONIP), por solicitação do Sistema FIRJAN – Federação das Indústrias do
estado do Rio de Janeiro, através do SENAI Rio.

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O projeto identificou o cenário atual da indústria da construção e reparação naval, contemplando
o panorama mundial, Brasil e Rio de Janeiro, com foco nos segmentos naval mercante, naval
offshore e naval militar.

Com aplicação de metodologia baseada em entrevistas e workshops reunindo representantes


da indústria, do governo e da academia, foi possível definir uma visão estratégica por segmento,
no horizonte 2020, identificar os eixos direcionadores e, por fim, propor ações para o
fortalecimento do setor no estado do Rio de Janeiro.

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OBJETIVOS

O projeto tem origem em dois objetivos claros e complementares: identificar oportunidades


para o aumento da competitividade da cadeia produtiva do setor naval e estabelecer uma
carteira de ações a ser compartilhada com os principais agentes do setor para o período 2015-
2020, por meio da implantação de projetos estratégicos.

O resultado do projeto permitirá ao Sistema FIRJAN a captura de ações para inserção no seu
plano de ações, de forma integrada, com legitimidade, visibilidade e conteúdo pela construção
em parceria com a indústria do Rio de Janeiro.

Para alcançar seus objetivos, o projeto foi realizado de acordo com o esquema a seguir, que
representa de forma resumida suas etapas.

Visão 2020
Workshops

Mundo Demandantes Entrevistas Carteira de

Plano de Ação
Percepções
Cadeia Produtiva
Cenários

Brasil Ofertantes Oportunidades Fatores projetos com


críticos de agregação
Rio de Janeiro Associações Ameaças
sucesso de ações
Governo Desafios concretas em
Eixos
Empresas curto, médio
estratégicos
e longo prazo.

u u u u

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CENÁRIOS

Para o cenário atual, foi considerado o relatório Global marine trends – 2013 a 2030. As infor-
mações aqui apresentadas também são utilizadas para a elaboração de outros documentos e
análises de referência para o setor naval.

Segundo o relatório, em todos os cenários analisados, os países e as regiões industrializadas


continuarão a competir no mercado global em escala crescente.

Mundo

Comércio marítimo mundial – a previsão é que a carga marítima transportada cresça


dos atuais 9 bilhões de toneladas ao ano para 19 ou até 24 bilhões.

Carteira de encomendas totais – o cenário para 2030 prevê perdas de fatias de mercado
para Japão e Coreia do Sul, com ganhos para a China. A China deverá assumir a liderança
mundial no setor da construção naval.

Cenário Offshore
∞ Plataformas tipo FPSO, navios-sonda, unidades flutuantes de LNG – Liquefied
Natural Gas: prossegue a liderança dos estaleiros coreanos na construção.
∞ Módulos de processamento topside: equipamentos permanecem com maior
demanda.
∞ Navio petroleiro: é o único tipo de navio para o qual se prevê uma diminuição
nas entregas até 2030. Domínio de mercado pela China de 44% a 55%, Coreia do
Sul de 25% a 27%, e países emergentes de 8% a 20% em 2030.
∞ Navios gaseiros: o total de entregas irá subir até 2030 e a Coreia do Sul perderá
sua participação de mercado para a China, que deve alcançar até 53% em 2030.
∞ Os estaleiros da Europa sugerem aos governos maior apoio para ampliar sua
participação no segmento offshore.
∞ A redução do preço do barril de petróleo impacta a atratividade dos projetos
offshore, o que deve provocar uma desaceleração desse mercado no mundo.

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Cenário mercante
∞ Navios porta-contêineres: entregas totais aumentarão em 2030, com mercado
dominado pela China, com participação entre 39% a 48%, e Coreia do Sul, de
40% a 44%.
∞ Navios graneleiros: entregas totais aumentarão em 2030, com mercado domi-
nado pela China, de 40% a 59%, e pelos países emergentes, de 26% a 43%.
∞ Os estaleiros da Europa organizam-se para assegurar o aumento da sua partici-
pação no mercado de navios especiais.

Cenário de defesa militar – o dado mais incerto dentro do contexto da indústria naval
mundial é referente à construção de embarcações militares pela indústria de defesa.
Esse setor é carregado de sigilo e influenciado pelas mudanças políticas, o que incre-
menta a incerteza nas encomendas.

As informações de cenário mundial mostram que as oportunidades para a indústria


naval do Rio de Janeiro serão tanto mais capturadas quanto mais preparados para a
internacionalização os estaleiros e a rede de fornecedores estiverem.

Brasil

Panorama atual

Movimentação portuária – segundo a ANTAQ, as estatísticas de movimentação


portuária do ano de 2014 demonstraram um crescimento de 4,25% em relação ao ano
de 2013.

Navegação fluvial – o Brasil conta com 12 regiões hidrográficas e 41.635 km de vias


fluviais, deste total, 20.956 km, ou 50,3%, são operacionais. Seis corredores hidroviários
são aproveitados para o transporte de cargas. Portanto, esse cenário apresenta grande
potencial de crescimento.

Polos navais do Brasil – cada polo naval possui um determinado perfil de produção,
com algumas sobreposições, sendo o polo naval do Rio de Janeiro o maior e mais
capacitado.

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Construção naval e offshore no Brasil

Cenário offshore – a Transpetro e a Petrobras têm papel central na montagem e na ope-


ração do arranjo para a indústria naval brasileira. O recente Plano de Negócios e Gestão
2015-2019, divulgado pela Petrobras, anuncia uma redução no seu ritmo de produção,
que, associada ao menor valor do barril de petróleo, pode traduzir-se em uma retração
de demanda para esse segmento.

Cenário mercante – para esse cenário prevê-se um crescimento dominado por navios
afretados de 11% ao ano, dada a comercialização de produtos, concentrada em granéis
sólidos, sendo minério de ferro o responsável por concentrar mais de 30% da movimen-
tação total de cargas.

Cenário de defesa militar – o Ministério da Defesa tem desenvolvido iniciativas como o


Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (PAED), o incentivo à Base Industrial de
Defesa (BID), e a publicação da Lei no 12.598/12, que cria um marco legal amplamente
favorável aos investimentos privados nesse setor.

São necessárias ações imediatas de modo a preservar a indústria, dando sustentabilidade


para o futuro que se deseja para o setor naval, principalmente no estado do Rio de
Janeiro, visando a diminuir os efeitos de crise econômica, como a redução da carteira de
encomendas e o ajuste fiscal do país.

Rio de Janeiro

O estado detém uma carteira de encomendas suportada pelas atividades de exploração


e produção de petróleo e, dada a relevância do setor de construção e reparação naval
para o Brasil e para o estado do Rio de Janeiro, o amplo conhecimento de sua cadeia
produtiva visa a apoiar o aumento de competitividade deste setor frente a um mercado
internacional extremamente desenvolvido e consolidado.

O cenário para o estado, que é fortemente impactado pelo cenário offshore nacional,
foi complementado a partir da fase denominada Percepções, através de entrevistas rea-
lizadas com os principais atores do setor no Rio de Janeiro, e apresentado no capítulo
dedicado a essa etapa.

Como destaque, registra-se que a indústria do Rio de Janeiro tem todos os meios para
modificar o cenário e transformar seu desempenho para crescer sua participação nos
cenários nacional e internacional.

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CADEIA PRODUTIVA

O Rio de Janeiro tem a maior concentração de estaleiros do país. Esses estaleiros têm
diversidade de configuração, porte e atuação. São observados núcleos de atividades produtivas
nos polos de Angra dos Reis, Rio de Janeiro – Baía de Guanabara, Niterói – Ponta d’Areia e Ilha
da Conceição, e São Gonçalo. A seguir, a lista dos principais estaleiros do estado.

Estaleiros do estado do Rio do Janeiro

Estaleiros Localização
Beneteau Brasil Construções de Embarcações S.A. Angra dos Reis
Brasfels S.A. Angra dos Reis
Estaleiro Angra dos Reis (Arpoador Engenharia Ltda.) Angra dos Reis
Aliança S.A. - Indústria Naval e Empresa de Navegação Niterói
Camorim Serviços Marítimos Niterói
Dockshore Navegação e Serviços Ltda. Niterói
DSN EQUIPEMAR Engenharia e Indústria Naval Ltda. Niterói
ENAVAL - Engenharia Naval e Offshore Ltda. Niterói
Estaleiro Brasa Ltda. Niterói
Estaleiro ENAVI Niterói
Estaleiro ETP Niterói
Estaleiro Mac Laren Oil Niterói
Estaleiro Mauá S.A. Niterói
Estaleiro TCE Niterói
NAPROSERVICE Offshore Estaleiros do Brasil Ltda. Niterói
RENAVE - Empresa Brasileira de Reparos Navais S.A. Niterói
UTC Engenharia S.A. Niterói
VARD Niterói S.A. Niterói
Estaleiros Chamon Ltda. Niterói
Estaleiro Minas Niterói
Nitshore Engenharia e Serviços Portuários S.A. Niterói
Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro Rio de Janeiro
EISA - Estaleiro Ilha S.A. Rio de Janeiro
Estaleiro Inhaúma (Estaleiro Enseada do Paraguaçu) Rio de Janeiro
ICN - Itaguaí Construções Navais S.A. Rio de Janeiro
RIO NAVE Serviços Navais Ltda. Rio de Janeiro
SERMETAL Estaleiros S.A. Rio de Janeiro
TRIUNFO Operadora Portuária Ltda. Rio de Janeiro
Bravante - Brasbunker Participações - Estaleiro São Miguel São Gonçalo
Dock Brasil Engenharia e Serviços S.A. São Gonçalo
Estaleiro Cassinú São Gonçalo
Estaleiro São Jacinto Ltda. São Gonçalo

O Rio de Janeiro tem vocação natural para a atração de empresas do setor de serviços, para o
setor naval e indústria de navipeças. O estado conta com a presença de cinco das sete principais

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empresas de engenharia naval – Projemar, Kromav Engenharia, CSR Naval & Offshore, Intero-
cean e PRX Engenharia.

Além disso, o estado tem um parque tecnológico dedicado ao segmento offshore. O estado
abriga ainda a sede da Esquadra Brasileira, o Arsenal de Marinha, o Estaleiro ICN – Itaguaí Cons-
truções Navais e a EMGEPRON – Empresa Gerencial de Projetos Navais, todos voltados para as
atividades de defesa militar.

Assim, o maior conhecimento da cadeia produtiva, associado às atividades de construção e


reparação naval, podem contribuir para a estruturação de políticas públicas.

De forma resumida, apresentam-se abaixo as fases que compõem essa cadeia produtiva, abran-
gendo todo o ciclo de vida de uma embarcação, desde o planejamento inicial e a decisão de
construção, até a fase final de demolição.

Ciclo de vida da embarcação

1 2 3 4 5 7
Planejamento Engenharia Decisão de Construção
Embarcação Demolição
Inicial Naval Construção Naval
em Operação

6
Aceite do
Desenvolvi- projeto da
Processos de
mento de embarcação Processos
Oportunidade Processos lançamento,
de
de Construção projeto de Trâmites de
de Compra acabamento Manutenção e
construção da construção Construção
e entrega Reparação
embarcação Seleção do
estaleiro

Cadeia produtiva

20 ELO u 10 ELO u DEMANDANTES

Petróleo e Gás -
Engenharia Naval
Operadoras

Transporte Marítimo
Navipeças
Estaleiros Longo Curso

Transporte Marítimo
Siderurgia
EPCista Cabotagem

Metalurgia Transporte Fluvial


Afretadores

Metalmecânica Forças Armadas

Serviços técnicos
Náutico
especializados

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PERCEPÇÕES

A realização de uma série de entrevistas na fase denominada “Análise dos Players da Indústria da
Construção Naval Mercante, Offshore e Defesa Militar do Rio de Janeiro”, envolvendo impor-
tantes atores dos segmentos mercante, offshore e defesa militar, possibilitou coletar uma série
de percepções sobre os três segmentos analisados.

O resultado das entrevistas trouxe as principais percepções dos entrevistados com relação ao
futuro da indústria da construção, manutenção e reparação naval – oportunidades, ameaças e
desafios; dentro do horizonte de cinco anos.

A metodologia utilizada foi baseada em entrevistas presenciais, ou por telefone, suportadas por
um questionário estruturado como um roteiro de perguntas.

Oportunidades

As principais oportunidades identificadas para o segmento mercante, pelos entrevista-


dos, estão baseadas no crescimento do volume de carga transportada na cabotagem e
na navegação interior, facilitada pelas condições de navegabilidade do litoral brasileiro,
bem como das suas bacias hidrográficas.

Para o segmento offshore, a oportunidade está no crescimento da curva de produção


de petróleo, envolvendo as atividades de exploração e produção no pós-sal e no pré-sal.
Assim, as atividades de construção e integração de módulos para FPSOs, construção de
embarcações de apoio marítimo, bem como as atividades de reparação naval necessá-
rias ao longo da vida útil dessas embarcações, constituem as principais oportunidades
dentro das potencialidades existentes no Rio de Janeiro.

Para o segmento de defesa militar, a necessidade de modernização e ampliação da frota


militar brasileira não é recente, mas vem crescendo em importância pelo aumento de
atividades industriais e comerciais – produção de petróleo realizadas longe da costa,
dentro da área de soberania brasileira, denominada Amazônia Azul.

Além da produção de petróleo, a costa brasileira vem apresentando um significativo


aumento da navegação de cabotagem realizada por navios estrangeiros e nacionais,

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seja para as atividades mercantes de transporte de produtos, seja para a navegação de
passageiros – navios de cruzeiros, embarcações de esporte e recreação.

Para atender às oportunidades existentes nos três segmentos de estudo, foram elenca-
dos pelos entrevistados, como elementos facilitadores:

∞ Disponibilidade de infraestrutura produtiva – consequência da crise iniciada


no segundo semestre de 2014, que paralisou alguns estaleiros.
∞ Disponibilidade de força de trabalho – mão de obra técnica especializada
alocada ou à disposição.
∞ Disponibilidade de financiamento – o Fundo de Marinha Mercante atende
com bom percentual financiável – 90% do valor total da embarcação, e bom
prazo para pagamento, o que deve ser mais bem explorado pelos armadores
nacionais.
∞ Percentual de conteúdo local – avaliado como um elemento positivo.
∞ Engenharia naval brasileira – foi ressaltada em exemplos de projetos nacionais
de diversos tipos de embarcações.
∞ Centros de tecnologia e universidades especializadas – existência de labora-
tórios específicos, tanques oceânicos com simulação de ondas e correntes, e
programas para o desenvolvimento de tecnologias.
∞ Estrutura de construção militar – concentração no Rio de Janeiro de 90% das
atividades de projeto, construção, manutenção e reparo naval de sua frota.
∞ Estrutura de formação militar e civil – formação de oficiais e demais níveis e
especialidades para a Marinha Mercante e de Guerra.

Ameaças

A atual instabilidade política e econômica do Brasil, a pesada carga tributária, as eleva-


das taxas de juros, os custos de financiamento e as condições de financiamento são
as principais ameaças para a indústria naval, com ênfase nas garantias que, em muitas
ocasiões, chegam a 130% do valor financiável.

Somam-se como elementos de preocupação o risco de retirada de encomendas pelos


principais clientes, os custos das operações portuárias, e a reduzida oferta efetiva de
oficiais de Náutica e de Máquinas, dado o baixo tempo de permanência na carreira pela
evasão desses profissionais.

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Desafios

Segundo os entrevistados, o principal desafio do estado do Rio de Janeiro para os


três segmentos é conseguir orquestrar um elenco de oportunidades existentes. Essas
oportunidades devem ser tratadas de forma sinérgica, visando a conduzir a indústria
naval fluminense ao longo da atual crise manten­do as atuais encomendas, os empregos
e preservando o conhecimento resgatado do ciclo da construção naval anterior.

Entre os desafios existentes nos três segmentos de estudo, foram destacados pelos
entrevistados, como elementos a trabalhar:

∞ Instabilidade política e econômica do Brasil – o setor vive um cenário de risco


com a retração da atividade econômica do país e os desdobramentos da Opera-
ção Lava Jato, que paralisou alguns dos estaleiros.
∞ Incremento da navegação de cabotagem – através de incentivos para os
armadores brasileiros, em particular os localizados no Rio de Janeiro, permitindo
redução dos custos com transporte de mercadorias.
∞ Logística portuária do Rio de Janeiro – as operações mercantes de carga,
descarga e os consequentes processos de desembaraço aduaneiro e registro de
tripulantes, em muitas situações, deixam o Porto do Rio de Janeiro sem condi-
ções de receber cargas, sendo preterido por outros portos brasileiros.
∞ Contingenciamentos de recursos por parte do governo federal – afetando
o andamento de empreendimentos militares, impactando o cronograma de
realizações do Programa de Reaparelhamento da Frota da Marinha do Brasil.
O desafio é encontrar um modelo de negócios que contemple a participação
da iniciativa privada nos projetos da Marinha do Brasil, viabilizando a carteira de
projetos em andamento.
∞ Transporte de pessoas e materiais – o trajeto continente – embarcação – con-
tinente é extremamente precário e perigoso, expondo os tripulantes, prestadores
de serviços e cargas transportadas a diversos riscos.

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WORKSHOPS

Em seguida, foram realizados três workshops denominados “Estratégia Setorial – Indústria da


Construção Naval Mercante, Offshore e Militar do estado do Rio de Janeiro”, onde entidades e
empresas dos setores tratados nos workshops, juntamente com os entrevistados, foram reuni-
dos para analisar as percepções e, em conjunto, elaborar um portfólio de ações que culmina-
ram em uma carteira de projetos estratégicos para o estado do Rio de Janeiro.

Workshop Naval Militar


Workshop Naval Offshore
Workshop Naval Mercante

Sobena Sobena Marinha do Brasil


Syndarma Syndarma SKM
Projemar Projemar Trocalor
Enavi/Renave Abeam Projemar
Estaleiro Rio Nave Brasil Amarras Brasil Amarras
Estaleiro Mac Enavi/Renave
Laren Sinaval
Sinaval SKM
Trocalor Trocalor

A metodologia utilizada privilegiou a captação de ações necessárias, para o período de 2015 a


2020, que convergissem para uma visão compartilhada de cada segmento pelas partes interes-
sadas até 2020.

Visão 2020

Mercante – ser reconhecido como o modal sustentável essencial para o crescimento


do país, fomentando o desenvolvimento da indústria naval e seu encadeamento pro-
dutivo de forma cooperativa, eficiente e competitiva em mercado diversificado, com
escala e inserção internacional.

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Offshore – módulos e integração – consolidar-se como líder nacional na construção
de módulos e integração de FPSO, na manutenção e reparo das unidades offshore em
operação no Brasil, com inserção da indústria local, no projeto e na tecnologia de forma
competitiva.
Offshore – embarcações de apoio marítimo – consolidar-se como o maior polo de
engenharia, construção, reparação naval e suprimento offshore do país, integrando os
diversos segmentos e elos da indústria, para atendimento das demandas internas e com
inserção internacional.
Defesa militar – consolidar-se como o principal parque nacional para engenharia, qua-
lidade, P,D&I em Defesa Militar, construção e reparação militar naval em sinergia com
fornecedores de bens e serviços especializados, dentro do conceito de aplicação dual
(civil e militar), atendendo aos mercados nacional e internacional.

Com o resultado dos workshops, foram definidos eixos estratégicos, visando a contribuir com o
fortalecimento do setor. As ações também foram agrupadas em projetos, relacionados aos eixos.

Eixos estratégicos

1. Estruturação de mecanismos de relacionamentos estratégicos, contemplando todos os


atores vinculados à Economia do Mar

2. Promoção do intercâmbio internacional técnico e comercial

3. Promoção e acompanhamento das demandas setoriais junto aos governos estadual e federal

4. Estruturação de mecanismos para maior participação dos fornecedores locais com base
compectiva e ampliação da indústria de navipeças no estado do Rio de Janeiro

5. Desenvolvimento de programas de qualificação de mão de obra específicos para o setor naval

6. Promoção da engenharia naval e do desenvolvimento tecnológico, da inovação e do


aumento da produtividade na indústria naval
7. Promoção e acompanhamento da melhoria da infraestrutura do estado do Rio de Janeiro
nos fatores que impactam a indústria naval

8. Reestruturação do reparo naval

A captação de ações para a reparação naval deu-se por meio de documentos disponibilizados
por representantes do segmento. Essas ações foram distribuídas pelos eixos estratégicos eleitos
no processo de consolidação.

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PLANO DE AÇÃO

Para a mudança de patamar e o fortalecimento da indústria naval fluminense foram propostos,


a partir das ações levantadas pelos representantes da indústria, 20 projetos distribuídos nos ei-
xos estratégicos, os quais reúnem as ações de maior impacto positivo para o setor, conforme
figura a seguir. Temos uma carteira de projetos, por eixos estratégicos, que vão suportar um
plano de ação a ser implantado em conjunto com os agentes do setor.

Carteira de projetos por eixo estratégico


1. Estruturação de mecanismos de relacionamentos estratégicos, contemplando
todos os atores vinculados à Economia do Mar
1.1 Desenvolvimento e implantação da governança do Comitê de Desenvolvimento
da Economia do Mar – CODEMAR
1.2 Desenvolvimento e implantação de propostas de regras de apreciação efetiva do
segundo registro de embarcações nacionais

2. Promoção do intercâmbio internacional técnico e comercial

2.1 Consolidação de carteira de itens de maior potencial de competitividade para


inserção da indústria do estado do Rio de Janeiro nos mercados nacional e internacional
2.2 Mapeamento dos principais estaleiros internacionais com foco em gestão e
produtividade, visando à melhoria de desempenho dos estaleiros do estado do
Rio de Janeiro

3. Promoção e acompanhamento das demandas setoriais junto aos


governos estadual e federal
3.1 Análise crítica das propostas de ajuste das regras de conteúdo local em
andamento e proposição de alterações que beneficiem o setor naval
3.2 Mapeamento da capacidade e qualificação do mercado supridor do estado do Rio
de Janeiro, para atender aos diversos níveis de conteúdo local com competitividade e
sustentabilidade
3.3 Estudo tributário do setor naval no Rio de Janeiro, vis-à-vis um comparativo com
polos navais existentes no país
3.4 Proposição de política e de plano de construção naval como principais indutores
de demandas para o desenvolvimento da cabotagem com bandeira brasileira
3.5 Construção e execução da agenda de recuperação da indústria naval fluminense
com acompanhamento das oportunidades de negócios
3.6 Aperfeiçoamento do marco regulatório de financiamento e simplificação na
liberação de recursos para a indústria naval

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4. Estruturação de mecanismos para maior participação dos fornecedores locais com
base competitiva e ampliação da indústria de navipeças no estado do Rio de Janeiro
4.1 Desenvolvimento e implantação de uma ferramenta WEB – market place ou
e-procurement – para aproximar demandantes e ofertantes
4.2 Aperfeiçoamento e manutenção de cadastro específico de navipeças
4.3 Aproximação intensiva entre os demandantes da Marinha do Brasil e a indústria
fluminense

5. Desenvolvimento de programas de qualificação de mão de obra específicos


para o setor naval
5.1 Aperfeiçoamento da força de trabalho de forma abrangente com foco em aumento
de: conhecimento, habilidade e comportamento voltados para qualidade e produtividade
5.2 Aperfeiçoamento da gestão das empresas do setor com foco em desenvolvimento
de instrumentos de gestão voltados para a melhoria de performances dos processos
produtivos e de comportamento voltados para qualidade e produtividade

6. Promoção da engenharia naval e do desenvolvimento tecnológico, da inovação e


do aumento da produtividade na indústria naval
6.1 Criação de instituto de tecnologia e inovação da construção naval
6.2 Avaliação das tecnologias e padrões de engenharia utilizados pela naval militar, com
foco no uso da indústria fluminense

7. Promoção e acompanhamento da melhoria da infraestrutura do estado do


Rio de Janeiro nos fatores que impactam a indústria naval
7.1 Levantamento das necessidade de melhoria das condições de infraestrutura e
logística do estado do Rio de Janeiro

8. Reestruturação do reparo naval

8.1 Criação de um ambiente de negócios favorável à execução de reparos navais com


alta performance
8.2 Mapeamento dos principais estaleiros internacionais com foco em gestão e
produtividade, visando à melhoria de desempenho dos estaleiros de reparo do estado
do Rio de Janeiro

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CONCLUSÕES

A indústria naval do estado do Rio de Janeiro posicionou-se em relação ao seu futuro, dese-
nhando uma vocação que passa pelo reconhecimento do modal marítimo como mola pro-
pulsora de crescimento econômico.

Visão 2020: ser referência como centro de excelência em engenharia, construção, reparação
naval e apoio offshore, com competência para construção e integração de módulos, além de
principal parque nacional para engenharia, qualidade, pesquisa, desenvolvimento e inovação,
construção e reparação militar, fazendo do Rio de Janeiro um ambiente único para a indústria
naval no Brasil.

Dos polos navais existentes hoje no Brasil, o maior deles é o do Rio de Janeiro. Praticamente
todos os tipos de embarcações são produzidos no estado, que conta com a maior concentração
de capacidade produtiva industrial, além da maior e mais especializada força de trabalho.

O cenário atual exige dessa indústria a capacidade de propor soluções coordenadas. A incer-
teza, característica desse cenário, com a interrupção ou mesmo retirada de projetos, torna
fundamental o envolvimento de todas as partes interessadas do setor para a execução de
ações que sejam capazes de minimizar os seus efeitos negativos.

Esse foi o objetivo do Sistema FIRJAN, que através do SENAI Rio e o apoio técnico da ONIP, com
colaboração dos principais agentes, pôde consolidar uma carteira de projetos prioritários de
forma a estruturar um plano de ação para implantação por esses mesmos agentes, congregando
governos, indústria e academia.

Essa é uma entrega do setor para o setor.

SISTEMA FIRJAN • MAPEAMENTO DA INDÚSTRIA NAVAL • PLANO DE AÇÃO PARA SEU FORTALECIMENTO

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