1 AULA - Pré-Modernismo

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Centro Educacional Gonalves dos Santos

Literatura 3 Ano Professora: Natlia Rodrigues O Pr-Modernismo


No incio do Sculo XX, a literatura brasileira atravessava um perodo de transio. De um lado, ainda era forte a influncia das tendncias artsticas da segunda metade do sculo XIX; de outro, j comeava a ser preparada a grande renovao modernista, cujo marco no Brasil a Semana de Arte Moderna(1922). A esse perodo de transio, que chega a constituir um momento literrio, chamamos Pr-Modernismo.

As estticas literrias no so estanques entre si e, muitas vezes, se tocam, se influenciam e se fundem. No incio do sculo XX, por exemplo, vrios de nossos escritores do Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo ainda estavam vivos, escrevendo e publicando. Ao mesmo tempo, comeava a surgir em nosso pas um grupo de novos escritores que, embora ainda presos aos movimentos literrios de sculo anterior, apresentavam algumas inovaes quanto aos que temas e linguagem. Concomitantemente, j comeavam a chegar ao nosso pas as primeiras influncias dos movimentos artsticos europeus, as chamadas vanguardas europias, que iriam impulsionar o Modernismo brasileiro. A esse perodo, marcado pelo sincretismo de tendncias artsticas, costuma-se chamar Prmodernismo. Sem constituir um movimento literrio propriamente dito, o Pr-Modernismo consiste na fase de transio entre a produo literria do final do sculo XIX e o movimento modernista. As novidades: Embora os autores pr-modernistas ainda estivessem presos aos modelos do romance realistanaturalista e da poesia simbolista, duas novidades essncias podem ser observadas em suas obras: O interesse pela realidade brasileira: Aos escritores pr-modernistas, ao contrrio, interessavam assuntos do dia-a-dia dos brasileiros, obras de ntido carter social. Graa Aranha, por exemplo, retrata em seu romance Cana a imigrao alem no Esprito Santo; Euclides da cunha, em Os Sertes, aborda o tema da guerra e do fanatismo religioso em Canudos, no Serto da Bahia; Lima Barreto detm-se na anlise das populaes suburbanas do Rio de Janeiro; Monteiro Lobato descreve a misria do caboclo na regio decadente do Vale do Paraba, no Estado de So Paulo. A exceo est na poesia de Augusto dos Anjos, que foge a esse interesse social. A busca de uma linguagem mais simples e coloquial: Embora no se verifique na obra de todos os pr-modernistas, essa preocupao explcita na prosa de Lima Barreto e representa um importante passo para a renovao modernista de 1922. Lima Barreto procurou escrever brasileiro, com simplicidade. Para isso, teve de ignorar muitas vezes as normas gramaticais e de estilo, o que provocou a ira doa meios acadmicos conservadores e parnasianos. Euclides da Cunha Em 1897, foi enviado pelo jornal O Estado de S. Paulo ao Serto da Bahia, para cobrir, como correspondente, a Guerra de Canudos. Na condio de ex-militar, Euclides pde informar com preciso os movimentos de guerra das trs ltimas semanas de conflito. Mobilizando e dividindo a opinio pblica, suas mensagens, transmitidas pelo telgrafo, permitiram que o Sul do pas acompanhasse passo a passo a campanha. Cinco anos depois, o autor lanou Os Sertes, obra que narra e analisa os acontecimentos de Canudos luz das teorias cientificas da poca.
Ento, a travessia, das veredas sertanejas mais exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o viajante tem desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas. Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o estonteia-o; enlaa-o na trama espinescente e no o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanas e desdobra-se-lhe na frente lguas e lguas, imutvel no aspecto desolado: rvore sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espao ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante... (Euclides da Cunha. Os Sertes . So Paulo: Crculo do Livro, 1975.p.38)

Lima Barreto
Foi um escritor de seu tempo e de sua terra. Anotou e registrou, asperamente, quase todos os acontecimentos da Repblica. Embora no plano pessoal fosse conservador em relao s novidades trazidas pela modernidade, como o cinema, os arranha-cus e o futebol, em sua obra registra de forma crtica os episdios da insurreio antiflorianista, a campanha contra a febre amarela, a poltica de valorizao do caf, o governo do Marechal Hermes da Fonseca, a participao do Brasil na Primeira Guerra Mundial, etc. Contextualizado no fim do Sculo XIX, no Rio de Janeiro, Triste fim de Policarpo Quaresma, o principal romance de Lima Barreto, narra os ideais e a frustrao do funcionrio pblico. Policarpo Quaresma, homem metdico e nacionalista fantico.

Monteiro Lobato
Sua ao, alm do crculo literrio, estende-se tambm ao plano da luta poltica e social. Moralista e doutrinador, aspirava ao progresso material e mental ao povo brasileiro. Com o personagem Jeca Tatu(Crnica Urups) um tpico caipira acomodado e miservel do interior paulista- por exemplo. Lobato crtica a face de um Brasil agrrio, atrasado e ignorante, cheio de vcios e vermes. Monteiro Lobato situa-se entre os autores regionalistas do Pr-modernismo e destaca-se no gnero conto. O Universo retratado por ele geralmente so vilarejos decadentes e as populaes do Vale do Paraba na poca da crise do plantio do caf. Monteiro Lobato tambm foi um dos primeiros autores de literatura infantil em nosso pas e em toda a Amrica Latina. Personagens como Narizinho, Pedrinho, a boneca Emlia, Dona Benta, a negra Tia Anastcia, Visconde de Sabugosa e o porco Rabic ficaram conhecidas por inmeras geraes de crianas de vrios pases. Na dcada de 70 as histrias da turma foram adaptadas para a tev e levadas ao ar no programa seriado Stio do Pica-Pau Amarelo, representado depois nos anos 90

Augusto dos Anjos


Os poemas de sua nica obra, Eu (1912), chocam pela agressividade do vocabulrio e pela viso dramaticamente angustiante da matria, da vida e do cosmos. Compem sua linguagem termos at ento considerados antipoticos, como escarro, verme, germe, etc. Os temas so igualmente inquietantes: a prostituta, as substncias qumicas que compem o corpo humano, a decrepitude dos cadveres, os vermes, o smen, etc. Observe que, no plano da linguagem, alm da novidade do vocabulrio at ento considerado baixo em poesia, como a palavra escarro, o poema tambm inova no tom coloquial e cotidiano da linguagem, como se observa na 3 estrofe. Toma um fsforo. Acende teu cigarro!
Versos ntimos Vs?! Ningum assistiu ao formidvel Enterro de tua ltima quimera. Somente a ingratido esta pantera Foi tua companheira inseparvel! Acostuma-te lama que te espera! O Homem, que te espera! Mora, entre frias, sente inevitvel Necessidade de tambm ser fera. Toma um fsforo. Acede teu cigarro! O beijo, amigo, a vspera do escarro. A mo que afaga a mesma que apedreja. Se a algum causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mo vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
(Eu e outros poemas. 30. ed. Rio de Janeiro: Livraria So Jos, 1965.p. 146.)

Com sua poesia antilrica, Augusto dos Anjos deu incio discusso sobre o conceito de boa poesia! Preparando o terreno para a grande renovao modernista iniciada na segunda dcada do sculo XX.

Centro Educacional Gonalves dos Santos 1 Avaliao de Literatura


Professora: Natlia Rodrigues Data: __/ __/2010

Aluno (a)_______________________________________________ 3 ano Psicologia de um vencedor


Eu, filho do cardono e do amonaco, Monstro de escurido e rutilncia, Sofro, desde a epignesis da infncia, A influncia m dos signos do zodaco. Profundissimamente hipocondraco Este ambiente me causa repugnncia... Sobe-me boca uma nsia anloga nsia Que se escapa da boca de um cardaco J o verme este operrios das runas Que o sangue podre das carnificinas Come, e vida em geral declara guerra Anda a espreitar meus olhos para ro-los, E h- de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgnica da terra!
(Augusto dos Anjos. Eu e outros poemas, cit.,p.60)

1)A linguagem do poema surpreende e modifica uma tradio potica brasileira, em grande parte construda com base em sentimentalismo, delicadezas, sonhos e fantasias. a) Destaque do texto vocbulos empregados poeticamente por Augusto dos Anjos e tradicionalmente

considerados antipoticos. _______________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ b) De que rea do conhecimento humano provm esses vocbulos? ______________________________________________________________________________________ c) No incio do Sculo XX, a literatura brasileira atravessava um perodo de transio. j comeava a ser preparada a grande renovao modernista, A esse perodo de transio, que chega a constituir um momento literrio, chamamos Pr-Modernismo. Houve um marco nesse perodo, qual seria?
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2) Relacione os principais autores do Pr-modernismo a sua respectiva obra. (1) (2) (3) Euclides da Cunha Lima Barreto Augusto dos Anjos ( )Eu e outros poemas ( ) Crnica Urups ( ) Os Sertes

(4)

Monteiro Lobato

( ) Triste fim de Policarpo Quaresma

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