Cap 9
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OBJETIVOS
Introdução
O parto vaginal assistido, extração a vácuo ou fórceps, é uma habilidade
importante para o manejo do segundo período do trabalho de parto. Cada
trabalho de parto é evento dinâmico e pode necessitar de parto vaginal
assistido de urgência ou até mesmo com indicação eletiva, incluindo as rela-
tivas aos batimentos cardíacos fetais, segundo estágio prolongado e exaustão
materna. Situações que requerem imediato e competente uso do vácuo ou
fórceps podem surgir rapidamente, mesmo em trabalhos de parto de risco
habitual.
A taxa de parto vaginal operatório vem diminuindo nos Estados Unidos,
de 9% dos nascidos vivos em 1990 para 3,3% em 2013.1 Os partos vagi-
nais assistidos por vácuo agora compreendem 2,7% dos nascidos vivos, e os
0,6% restantes são de fórceps.1 A diminuição do parto vaginal operatório
diminuiu significativamente as oportunidades de treinamento para médicos
obstetras. Uma pesquisa realizada em 2007 com os principais residentes em
residências de obstetrícia e ginecologia nos Estados Unidos constatou que
apenas 50% dos residentes de último ano se sentiam competentes no uso
de fórceps, mas mais de 90% eram competentes em partos assistidos por vá-
cuo.2 Um estudo de 2014 de hospitais que ensinavam obstetrícia mostrou
que 3,7% não realizavam extrações a vácuo e 38,3% não realizavam partos
fórceps.3
À medida que o número de partos vaginais assistidos diminuiu nos Esta-
dos Unidos, a taxa de cesariana tem subido, aumentando de 24% dos partos
em 1996 para 34% em 2006.4 Diferenças regionais são significativas, varian-
do entre 1% e 23% de nascimentos, sugerindo decisões um tanto arbitrá-
rias.5 Realizar partos vaginais assistidos por vácuo pode ser significativo na
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prevenção de um parto cesáreo.4 Menos de 3% das tentativas de parto vaginal assistido
por vácuo resultam em parto cesáreo.6 Programas de simulação podem ajudar no de-
senvolvimento e manutenção das habilidades manuais necessárias para realizar partos
vaginais assistidos.7
Prevenção
O parto vaginal assistido é procedimento com taxa de complicações inerente; por
conseguinte, é preferível utilizar condutas e abordagens durante o trabalho de parto
que minimizam a necessidade de parto vaginal assistido. Fatores que podem contri-
buir para a necessidade de parto vaginal assistido incluem o uso de anestesia peridural
e posição de litotomia dorsal no segundo período. A analgesia peridural aumenta a
taxa de parto vaginal assistido.8 No entanto, o risco de parto vaginal assistido pode
ser neutralizado com a utilização de qualquer posição vertical ou lateral, em vez de
supino ou posições de litotomia.9 Posição vertical ou lateral diminui a duração da
segunda fase do trabalho de parto, mas diminui ligeiramente as taxas de laceração
do períneo.9,10 A presença de apoio emocional contínuo no trabalho de parto está
associada à diminuição da duração e à probabilidade menor de parto vaginal opera-
tório.11 O uso de técnicas de segundo período para aumentar a eficácia dos esforços
maternos, como o uso de um lençol segurado pela parturiente em uma extremidade
e o profissional por outro lado, pode ser útil, especialmente em mulheres que relatam
exaustão (Figura 1).12
O uso de ocitocina, na segunda fase do trabalho de parto, está associada com dimi-
nuição da necessidade de parto vaginal assistido (número necessário para tratar = 12)
e diminuiu cesarianas (número necessário para tratar = 65).13 A colocação de limites
arbitrários na duração apropriada do segundo estágio do trabalho de parto pode au-
mentar a taxa de partos vaginais assistidos.14 Os médicos podem até optar por exceder
essas diretrizes e continuar o segundo período enquanto o trabalho de parto está pro-
gredindo e não há evidências de comprometimento fetal.15
Instrumentos
Originalmente, os dispositivos a vácuo tinham um copo de metal rígido com um
cateter de sucção separado preso lateralmente e conectado a um pedal acionado pelo
pé. As ventosas de hoje podem ser macias ou rígidas e estão disponíveis em diversos
formatos e tamanhos. Os copos posteriores de plástico rígido (por exemplo, copos
Kiwi OmniCup – Figura 2A, Mityvac M-cup e Bird ou O'Neil) foram projeta-
dos para partos em occipitoposteriores (OP) e assincrônicos.16,17 O copo mais plano
permite melhor colocação no ponto de flexão na cabeça do feto, que geralmente
fica muito mais atrás na pelve materna durante a apresentação em OP, com o copo
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FIGURA 2 Tipos de vácuo-extratores
Indicações Maternas
268 ALSO
1. Apresentação em cefálica fletida.
2. Dilatação cervical completa.
3. Ruptura da membrana amniótica.
4. Ausência de desproporção cefalopélvica.
5. Disposição de abandonar o procedimento se ocorrerem dificuldades, incluin-
do um plano para proceder ao parto cesáreo, se necessário.
Definições
A insinuação é definida como a passagem do diâmetro biparietal da cabeça fetal atra-
vés do plano da pelve. Por definição, a evidência clínica é quando a plano anterior do
crânio fetal é igual ou inferior ao plano das espinhas isquiáticas. Pensa-se que a distân-
cia entre as espinhas isquiáticas e a entrada pélvica seja maior que a distância entre a
borda anterior do crânio fetal e o diâmetro biparietal. No entanto, o crânio fetal pode
ser alongado e moldado.
O plano zero não comprova a insinuação, especialmente com uma apresentação
posterior ou um grande grau de moldagem.23 Os obstetras podem melhorar a sua
estimativa clínica da insinuação ao sentir o quanto da cabeça do feto está acima
do nível superior da sínfise púbica com a mão abdominal. Quando a cabeça do
feto está apenas insinuada, a cabeça pode ser palpada apenas com os dedos de um
lado. O occipital não pode ser palpado acima da borda superior da sínfise púbica. A
cabeça fica profundamente insinuada quando o occipício é palpável acima da borda
superior da sínfise púbica. Devido às dificuldades de determinar clinicamente e a
confusão em torno da terminologia da altura da apresentação, o Congresso Ameri-
cano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) reclassificou os partos instrumentados
da seguinte forma:16
1. Fórceps ou vácuo de alívio: a cabeça fetal atingiu o assoalho pélvico. O
couro cabeludo é visível entre as contrações. A sutura sagital está no diâmetro
anteroposterior ou na posição occipital anterior direita ou esquerda (OA) ou
OP, mas não a mais de 45 graus da linha média.
2. Fórceps ou vácuo baixo: a borda principal do crânio fetal está além do pla-
no +2 (em 5). A cabeça não está no assoalho pélvico. As rotações são divididas
em 45 graus ou menos e mais de 45 graus.
3. Fórceps ou vácuo médio: a cabeça está insinuada, mas a borda principal do
crânio está acima do plano +2. De maneira geral, não recomendamos o uso
de instrumental. A exceção é o parto do segundo gemelar no plano 0 ou +1,
desde que o profissional tenha grande habilidade.
Aplicação do Vácuo
O acrônimo ABCDEFGHIJ pode ser útil para iniciantes e fornece uma abordagem
sistemática para todos:29
A = Ajuda solicite ajuda, Avisar a paciente e Anestesia é adequada?
Muitas pacientes estarão sob peridural. Se o tempo permitir, um bloqueio pu-
dendo pode ser considerado em mulheres sem analgesia. Todas as pacientes devem
consentir verbalmente com o procedimento, conforme o tempo necessário. O obste-
tra deve discutir a necessidade potencial de um parto vaginal assistido antes do parto,
como parte do pré-natal de rotina, e documentar a discussão. Isso permitirá um con-
sentimento imediato da paciente se for necessário.
B = Bexiga vazia.
C = Colo deve estar completamente dilatado.
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D = Determinar a variedade de posição. Considerar a possibilidade de distocia de
ombro. Revisar o mnemônico ALEERTA.
A posição da cabeça fetal deve ser avaliada continuamente durante todo o pri-
meiro estágio do trabalho de parto. Ao determinar a variedade de posição, o obstetra
deve se lembrar de que:
1. A fontanela anterior é maior e forma uma cruz ou um diamante.
2. A fontanela posterior é menor e forma um Y ou triângulo.
3. Sentir a orelha e avaliar em que direção ela se curva.
4. O molde deve ser avaliado ao considerar a distocia. É frequentemente uma indi-
cação da extensão da compressão da cabeça fetal. A moldagem pode ser dividida
em categorias leves, moderadas e graves. Se os ossos parietais estão tocando, mas
não se sobrepõem na linha de sutura sagital, a moldagem é leve. Se os ossos
parietais estão sobrepostos, mas podem ser facilmente reduzidos à posição nor-
mal, por pressão de um dedo, a moldagem é moderada. A grave existe quando a
sobreposição de ossos não pode ser reduzida.30 A moldagem grave, como é fre-
quentemente encontrada nas cabeças defletidas e em assinclitismo, geralmente
leva ao deslocamento do copo e pode aumentar o risco de lesão intracraniana.31
Ao considerar a distocia de ombro, o parto vaginal assistido não deve ser tentado
se o risco parecer muito alto. Por exemplo, uma diabética com um bebê grande e
um trabalho de parto prolongado provavelmente não deve ter uma tentativa de parto
vaginal assistido por causa do risco de distocia de ombro. Se for tomada a decisão de
prosseguir com o parto vaginal assistido, é possível planejar o manejo da distocia de
ombro, se ela ocorrer. A paciente pode ser avisada do que precisará acontecer. Alguém
pode ser designado para aplicar pressão suprapúbica. A direção da pressão pode ser
planejada e, se necessário, pode-se obter uma escadinha.
E = Equipamento pronto. O dispositivo deve estar preparado e um assistente
deve estar disponível.
F = Aplicar o copo sobre o ponto de flexão e verificar a presença de tecido materno
antes e após a aplicação de sucção. O centro da ventosa deve ser aplicado a 3cm
anterior a Fontanela posterior, centrando a sutura sagital, sob o vácuo. A bor-
da da ventosa estará sobre a fontanela posterior (a maioria dos copos tem um
diâmetro de 5 a 7cm). Este ponto, localizado na linha média ao longo da sutura
sagital, cerca de 3cm em frente do fontanela posterior e 6cm da fontanela ante-
rior, chama ponto de flexão. O ponto de flexão é importante para maximizar a
tração, minimizando a perda de pressão.Verificar a colocação do copo usando a
fontanela anterior como o ponto de referência. O risco de hemorragia subgale-
al aumenta se a borda do copo for colocada na sutura sagital.32 O erro no local
de aplicação da ventosa parece ser comum33 e avalia-se como fator principal
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I = Avaliar Incisão.
A episiotomia de rotina como em todo parto vaginal não é indicada e está asso-
ciada ao aumento do trauma materno. Em comparação com mulheres que têm parto
vaginal espontâneo sem episiotomia, os riscos de laceração perineal grave (terceiro ou
quarto grau) aumentam no parto assistido por vácuo, mesmo sem episiotomia (risco
relativo [RR] = 3,1; 95% intervalo de confiança [IC] = 1,9 a 4,3). O uso de episio-
tomia no vácuo está associado ao aumento do risco de laceração perineal grave (RR
= 13,7; IC 95% = 10,1 a 17,3).42
J = Remova a ventosa do vácuo quando Já saiu a mandíbula.
Desvantagens do Vácuo
Existem várias desvantagens do uso de dispositivos a vácuo:
1. O parto é acelerado em situações de emergência somente quando há coope-
ração da paciente com a pressão e/ou há desproporção cefalopélvica mínima.
2. A tração adequada em ângulo reto com o plano da ventosa é necessária para
evitar a perda de sucção.
3. Há um pequeno aumento na incidência de céfalo-hematoma. Fatores de risco
pré-parto para céfalo-hematoma neonatal incluem o aumento do assinclitis-
mo e tempo de aplicação do vácuo superior a 10 minutos.3,6
Parto Fórceps
O fórceps de Simpson consiste de duas partes entrelaçadas, nomeadas ramo direito e es-
querdo, de acordo com o lado da pelve da mulher em que se encontram quando apli-
cados (Figura 3). Cada conjunto de fórceps possui uma alça, uma haste, uma fenestra
e uma lâmina. As lâminas são curvas no lado interomedial, como a curva cefálica
em conformidade com a cabeça do feto. As bordas superior e inferior das lâminas se
unem de maneira a reproduzir a curva pélvica, que se encaixa na cavidade do sacro e
se conforma à pelve materna.
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TABELA 2 Descrição cirúrgica – vácuo
Diagnóstico pré-operatório – Segunda período prolongado do trabalho de parto com
exaustão materna.
Procedimento – Não foi utilizada anestesia regional. A bexiga foi esvaziada com sonda
de alívio. No exame, o colo do útero estava completamente dilatado e a posição do
feto era OA direita, plano +3. A ventosa do vácuo foi aplicada com o centro sobre o
ponto de flexão e a borda sobre a fontanela posterior. Uma varredura de dedo garantiu
que nenhum tecido materno estivesse preso sob a ventosa. A pressão foi aplicada
à zona verde e, novamente, uma varredura do dedo não detectou tecido materno
preso. Durante uma contração, foi aplicada tração moderada em linha com o eixo
pélvico. Com dois impulsos, o parto de um recém-nascido masculino de 3,8kg ocorreu
com escores de Apgar de 9 em 1 minuto e 9 em 5 minutos. Não houve descolamento
da ventosa. Sem episiotomia, não foi necessária.
Ponta
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O ramo é aplicado no lado esquerdo da cabeça fetal (em posições occipitais an-
teriores). Normalmente dois dedos da mão direita estão inseridos profundamente na
região posterolateral da vagina para proteger os tecidos vaginais e para guiar a colher.
O polegar direito na base da colher é usado para aplicar a força na lâmina esquerda,
em vez de a força ser feita pela mão esquerda no cabo do fórceps. Na verdade, o ramo
do fórceps desliza quase sem esforço no lugar, e o cabo faz um grande arco lateral-
mente, próximo à perna direita da mãe.
O ramo direito do fórceps é então pego com a mão direita e é aplicado do lado
direito da cabeça do feto no lado direito da mãe, com a mão esquerda protegendo a
pelve materna à direita e orientando a colher. Os ramos devem se articular se estive-
rem corretamente aplicados.
Abaixar os cabos ligeiramente pode às vezes ser útil. A seguir estão referências para
verificar se a pega está correta:
a) A fontanela posterior deve estar no meio dos cabos e um centímetro acima
do plano dos cabos. Isto assegura a flexão apropriada da cabeça, para que o
menor diâmetro da cabeça fetal se apresente à pelve. Se a fontanela posterior
estiver mais do que 1cm acima do plano dos cabos, então a tração provocará
a extensão da cabeça, e os maiores diâmetros fetais se apresentarão à pelve – o
parto se torna mais difícil.
b) As fenestras não devem ser palpáveis, não devem admitir mais do que uma
polpa digital. Se couber mais de um dedo dentro da fenestra, as colheres não
estão inseridas o suficiente para estarem abaixo da eminência malar fetal e vão
atingir as bochechas fetais, com potenciais lesões.
c) As suturas lambdoides devem estar acima e equidistantes da superfície supe-
rior de cada colher. Isto assegura que a sutura sagital está linha média, entre as
colheres, o que confirma que a aplicação está correta.
Para resumir, certifique-se de que os ramos estão aplicados corretamente, pensan-
do em “posição do fórceps seguro” – PFS (“P” fontanela Posterior, “F” Fenestras, “S”
Suturas: lambdoide e sagital).
G = Gentil tração (manobra de Pajot). O canal do parto faz uma curva através
da pelve desde o estreito superior até o períneo. Esta curva é frequentemente
descrita como um arco ou “J” quando vista de uma projeção sagital. Para o
operador, durante um parto com fórceps, a curva começa no sentido des-
cendente, em seguida move-se em um grande arco na direção do operador,
e quase completa uma volta de 180 graus, dependendo da altura inicial da
cabeça. A direção de tração do fórceps deve estar sempre no mesmo eixo da
curvatura pélvica, em qualquer plano no qual a cabeça esteja. Este é o con-
ceito de eixo de tração.
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o parto vaginal enquanto causa mínimo trauma perineal sob a forma de lacerações
de terceiro e quarto graus, baixas taxas de hemorragia pós-parto e incontinência
urinaria.17,47
Resumo
Embora a incidência de parto vaginal assistido continue diminuindo, todos os obs-
tetras que oferecem assistência ao parto e parto devem estar familiarizados com os
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Classificação
Recomendação clínica Referências
da evidência
O parto vaginal operatório com uso sequencial de vácuo e
fórceps tem sido associado a piores resultados neonatais do
que o uso de um único instrumento. A morbidade aumenta B 41
com a falha no parto vaginal operatório seguido de parto
cesáreo no cenário de sofrimento fetal.
Força da recomendação
A) Recomendação baseada em evidências consistentes e de boa qualidade orientadas ao
paciente.
B) Recomendação baseada em evidências inconsistentes ou de qualidade limitada
orientadas ao paciente.
C) Recomendação baseada em consenso, prática usual, opinião, evidência orientada
para a doença ou série de casos para estudos de diagnóstico, tratamento, prevenção ou
triagem.
A evidência orientada ao paciente mede os resultados que são importantes para os
pacientes: morbidade, mortalidade, melhora dos sintomas, redução de custos e qualidade
de vida. As evidências orientadas a doenças medem os desfechos intermediários,
fisiológicos ou substitutos que podem não refletir a melhora nos resultados do paciente
(por exemplo, pressão arterial, exames de sangue, função fisiológica, achados patológicos).
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