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A Psicopedagogia Hoje
Mariana Fenta

“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.


Paulo Freire

1. Introdução

A psicopedagogia possui uma história muito recente. Apesar disso, vem


conquistando cada vez mais seu campo de atuação e se afirmando como uma
área de extrema importância para o campo do ensino e da aprendizagem.
No último módulo foi trabalhada a história da Psicopedagogia e sua
imersão no Brasil. Assim, este módulo tem como objetivo trazer uma descrição
da psicopedagogia hoje, suas conquistas enquanto praxis, seu objeto de estudo
e a importância da prática.

2. A Psicopedagogia no Brasil

No último módulo aprendemos sobre o histórico evolutivo da


psicopedagogia e os passos até chegar ao Brasil. Vamos nos aprofundar um
pouco mais sobre a construção da praxis psicopedagógica?
A psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 70, muito por influência
do professor Jorge Visca. Os primeiros cursos foram desenvolvidos na região sul
do país, chegando, mais tarde, a São Paulo e Rio de Janeiro. A preocupação
maior do desenvolvimento de estudos adivinha das crianças que não
conseguiam aprender pelos métodos tradicionais de ensino.
Devido aos conhecimentos multidisciplinares e ao manuseio de
instrumentos psicopedagógicos específicos, os psicopedagogos seriam os
profissionais mais bem preparados para “atuar na melhoria da forma de
aprendizagem e na resolução dos problemas decorrentes desse processo”.
Vale ressaltar a evolução da visão sobre o ser humano, que nos
primórdios da psicopedagogia, tinha a criança como culpada, depois passou a
adotar uma visão biológica dos fatos até que, com o passar dos estudos,

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considerasse que o meio também é um fator importante a se avaliar e influencia
diretamente na aprendizagem. Nessa nova abordagem, o foco passa do
problema, para as potencialidades da criança. Mais do que identificar o que a
criança não consegue fazer, o objetivo é analisar o percurso já realizado, o que
ela já sabe fazer e iniciar o trabalho a partir daí.
Estabelece-se, assim os pontos de partido da práxis psicopedagógica:

• relação que o sujeito • visão do aluno como


da aprendizagem um todo;
estabelece com o • consideração do
conhecimento e o contexto onde ele se
saber; insere como
• manejos inadequados importante para
nas instituições que esclarecer a sua
provocam dificuldades relação com o
de ordem reativa; conhecimento.

A abordagem sempre será dinâmica, na medida em que o foco de atenção


é o sujeito que está sempre inserido me contexto complexo, ou seja, ele deve
ser visto nesse todo. Por isso, a maneira de olhar para o outro deve ser com o
foco nas suas potencialidades e o trabalho pautado nas possibilidades de
aprendizagem futura.
Vê-se, então, como a visão atual é o oposto da antiga, considerando agora
o ambiente sociocultural dos alunos. Atualmente, a perspectiva de análise é
oposta àquela dos primórdios dos estudos do fracasso escolar. A finalidade da
Psicopedagogia contemporânea continua sendo a aprendizagem e a relação do
sujeito com a aprendizagem. Isso não significa deixar de lado a compreensão do
fenômeno dificuldade de aprendizagem.

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3. O Papel do Psicopedagogo

O Psicopedagogo tem um papel fundamental na atuação com pessoas


com dificuldades no seu processo do aprender. Pensar nesse papel é pensar em
práticas consistente de pesquisa-ação que envolvem esse trabalho.
Esse profissional precisa estar em constante formação para que seja
capaz de compreender os processos subjacentes a aprendizagem, a fazer a
leitura do contexto do indivíduo e buscar delinear um plano de intervenção
específico que envolva família, escola, terapia e aprendente na melhora do seu
processo de aprendizagem.
Sendo assim, a práxis psicopedagógica impele na apropriação do
entendimento dos problemas de aprendizagem:
A. Aprendizagem como processo: implica analisar as respostas a partir da
compreensão do processo de produção e na intervenção sobre ele, ao
invés de considerar somente a produção.
B. Aprendizagem como apropriação do conhecimento: implica não só na
consideração das possibilidades cognitivas, mas também nas
possibilidades psíquicas, mais especificamente nas possibilidades de
simbolização daquele que aprende, isto é, na sua possibilidade de se
projetar dando um sentido próprio e singular ao conhecimento.
C. Aprendizagem como articulação entre saberes prévios e novos
conhecimentos: implica considerar as experiências de vida e os interesses
daquele que aprende como fundamento para a aquisição de novos
conhecimentos. Isso implica na consideração da subjetividade no
processo de construção do conhecimento.
D. Aprendizagem como transmissão do conhecimento através do outro:
implica considerar aquele que ensina como parte integrante da relação
entre o que aprende e o conhecimento. O termo transmissão convoca-o a
ocupar um lugar, que não se resume ao de facilitador do processo de
aprendizagem, mas cujo sentido põe em jogo a sua própria subjetividade.

É importante observar, no entanto, que isso não dispensa o


psicopedagogo nem da análise das funções e operações cognitivas em jogo na

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aquisição dos conhecimentos e conteúdos escolares, nem da consideração
sobre as possibilidades cognitivas que o sujeito tem para responder a essas
exigências.
A compreensão dos problemas de aprendizagem, nessa perspectiva,
implica na consideração simultânea dos aspectos subjetivos e cognitivos frente
às exigências escolares; aqui está presente a importância da relação
professor/aluno; psicopedagogo/aluno; ensinante/aprendente.
Masini (2006) acredita que os cursos de formação em psicopedagogia
precisam ter um direcionamento teórico prático, para que o estudante vivencie
situações em que tenha que lidar com o próprio aprender e com o aprender do
outro; criando um espaço de discussão e reflexão teórica sobre a prática.
No enfoque voltado para a prevenção, o objeto de estudo a ser
considerado pela psicopedagogia é o ser humano em desenvolvimento e que
tem condições de ser educado, ou seja, o objeto de estudo é a pessoa a ser
educada, bem como seus processos de desenvolvimento, além das eventuais
alterações no processo (Bossa, 2007).
Ser Cognoscente:

ambiente

cognição sentimentos

Ou seja, a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar,


considerando as realidades internas e externas do indivíduo ao mesmo tempo,
buscando compreender a construção do conhecimento em toda a sua

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complexidade e seus aspectos implícitos.
A busca por uma melhora nas relações com a aprendizagem e na
qualidade do processo de aprendizagem do educando são os postos-chave da
práxis psicopedagógica. Para Weiss, a psicopedagogia busca a melhoria das
relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção
da própria aprendizagem de alunos e educadores.
Sendo assim, buscar estar sempre em formação com áreas afins à
psicopedagogia, desenvolver habilidades de olhar o indivíduo na sua globalidade
e ser sensível ao seu contexto são ações intrínsecas à uma prática de qualidade.

Referências Bibliográficas

BOSSA N. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: Artes Médicas;1994.

FERNÁNDEZ, A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas;1990

MORIN E. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento.


Rio de Janeiro: Beltrand Russel; 2001.

PAÍN S. La psicopedagigia en la actualidad. In: Laino D, Pain S, Ageno M,


editors. La psicopedagoigia en la actualidad: nuevos aportes para una clínica
del aprender. Buenos Aires: Homo Sapiens; 2003.

RUBINSTEIN E. O estilo de aprendizagem e a queixa escolar: entre o saber


e o conhecer. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2003.

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