Para Beijar Uma Rosa Das Terras - Tamara Gill

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PARA BEIJAR UMA ROSA DAS TERRAS

ALTAS
BEIJOS INESPERADOS, LIVRO 6
TAMARA GILL
Translated by
EVELYN TORRE
CONTENTS

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Epilogue

Querido(a) Leitor(a)
Também por Tamara Gill
Sobre a Autora
COPYRIGHT

O Beijo Feroz de um Duque


Beijos Inesperados, Livro 6
Copyright © 2022 por Tamara Gill
Arte de capa por Wicked Smart Designs
Editor Author Designs
Traduzir Evelyn Torre
Todos os Direitos Reservados.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são o produto da
imaginação da autora ou são usados de forma fictícia e não devem ser interpretados
como reais. Quaisquer semelhanças com pessoas, vivas ou mortas, eventos reais,
locais ou organizações é mera coincidência.

Todos os direitos reservados. Sem limitar os direitos autorais reservados acima,


nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou introduzida em
um sistema de recuperação, ou transmitida, de qualquer forma ou por qualquer meio
(eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro), sem a permissão prévia por
escrito do proprietário dos direitos autorais e do editor deste livro.
SINOPSE

Determinada a deixar uma Temporada conturbada para trás, Lady


Elizabeth Mackintosh evitou o turbilhão social de Londres e resolveu
desfrutar de Edimburgo, a joie de vivre que não havia percebido estar
sentindo falta. Quando um belo Conde Inglês chega e deixa o coração de
todos agitados, melhor ainda.

Sebastian Denholm, Lorde Hastings, aguentará passar por uma Temporada


escocesa se isso significar que ele pode seduzir Lady Elizabeth Mackintosh.
Cobiçando uma propriedade que ela possui, o casamento é a forma mais
simples de adquiri-la. Para surpresa dele, cortejá-la se mostra agradável
quando Lady Elizabeth se revela como uma das mulheres mais bonitas e
inteligentes que ele já conheceu.

No entanto, quando Sebastian e Elizabeth se unem em casamento, a


verdadeira razão para Sebastian buscar tal união ameaça separá-los. Um
conde inglês descobre não haver nada mais temível do que uma dama
escocesa enganada duas vezes.
CAPÍTULO 1

Edimburgo – 1810

A PRIMEIRA SEMANA da Temporada Escocesa foi sufocante e


maravilhosa ao mesmo tempo. Lady Elizabeth Mackintosh admitia que
estar de volta ao cerne da sociedade escocesa com todos os acontecimentos
escandalosos característicos era exatamente o que ela precisava. Fazia dois
anos que ela viajara para longe da propriedade do irmão, participando da
galhardia com as amigas. Duas mulheres a quem ela amava muito e que
sempre a lembravam do que ela estava perdendo. Com uma abundante taça
de champanhe resfriada na mão, ela brindou à amiga solteira mentalmente,
Lady Julia Tarrant, por fazê-la comparecer esta noite. As semanas que
viriam decerto estariam recheadas de risos, diversão, e talvez casamento, se
ela tivesse a sorte de encontrar um marido adequado.
Deus sabia, ela já estava com idade o suficiente para encontrar um.
Os acordes de um minueto preencheu a sala, um murmúrio coletivo de
suspiros e conversas enquanto os casais seguiam para o centro do salão.
Elizabeth observou os muitos convidados: sua boa amiga, Lady Georgina
Dalton, uma viúva, estava entre eles. Ela parecia mais do que feliz com o
homem segurando-a nos braços e guiando-a a cada passo da dança. Ele era
arrojado, com ares de libertino, se o brilho pecaminoso nos olhos do
cavalheiro fosse qualquer indicação.
Casada duas vezes e, infelizmente, viúva em ambas as ocasiões,
Georgina precisava ser parabenizada por ter outro homem caindo aos seus
pés, e tão cedo na Temporada. Para Elizabeth, se ocorressem simples
apresentações a um cavalheiro adequado que despertasse seu interesse, a
noite seria, com toda a certeza, perfeita.
— Ora, ora, ora, viu aquele belo espécime de homem? Delicioso demais
para ser inglês, não concorda? — a amiga Julia disse, o olhar fixo em um
homem do outro lado do salão.
Elizabeth riu, tomando o braço. Julia, Georgina e Elizabeth tiveram sua
temporada em Londres no mesmo ano e formaram um vínculo próximo
desde então. Claro, o fato de todas serem escocesas de nascimento ajudava.
Eram herdeiras, ou herdaram as propriedades da família.
— Georgina com certeza parece apaixonada por ele. Ele é muito
moreno para ser escocês. Talvez seja espanhol, decerto tem cílios longos o
bastante para ser europeu.
Julia assentiu devagar.
— Sim, e todos sabem que a nacionalidade de alguém pode ser
adivinhada pelo tamanho de seus cílios. — ela provocou.
Elizabeth sorriu, não deixando de notar o sarcasmo no tom da amiga.
— Claro que podem, boba. Não sabia?
O cavalheiro em questão olhou na direção delas, e Elizabeth logo
desviou o olhar, não querendo ser pega encarando-o como uma debutante.
No entanto, o que amigas deveriam fazer quando uma delas estava
dançando com um cavalheiro tão arrojado? Devem olhar e admirar.
Julia suspirou.
— Bem, parece que a raposa espanhola pegou a lebre dessa noite, e
deve concordar, Georgina parece encantada com o cavalheiro.
— Disse que Georgina estava totalmente envolvida por outro cavalheiro
na noite passada. Não serei mais influenciada por suas palavras. É uma
terrível provocadora. — Elizabeth sorriu, tomando um gole da champanhe.
— E você? Não há ninguém aqui esta noite que despertou sua atenção? Não
pode ficar solteira para sempre. Deve haver um homem, em algum lugar da
Escócia, que seja perfeito para nossa Julia.
— Temo dizer que não vi ninguém aqui empolgante o suficiente para eu
me casar, mas a Temporada é jovem, e há muitas mais noites nos esperando.
Talvez minha sorte mude. E não vamos nos esquecer, minhas tias
ameaçaram viajar para cá se eu não ficar noiva antes de voltar para casa,
então devo encontrar alguém. Se possível, eu prefiro um ancião, alguém
que morrerá no primeiro ano de casamento, e eu não terei mais que me
preocupar com maridos.
Elizabeth riu, tendo se esquecido que Julia estava sempre tentando
apaziguar e enganar as duas tias mais velhas. Elas acreditavam que a
protegida precisava de ajuda em todos os assuntos, inclusive para
conquistar um marido.
— Verdade. Vou observar o ambiente e descobrir quem é idoso o
suficiente para ser adequado.
Ambas ficaram quietas por um instante, observando os diversos
convidados, quando um arrepio de consciência deslizou pelas costas de
Elizabeth. Ela analisou os arredores, indagando-se quanto ao que provocara
tal reação.
— Devemos nos afastar das janelas? Acho que senti um vento frio aqui.
Julia assentiu, e tomando o braço de Elizabeth, elas seguiram para o
lado oposto do salão de baile. Após alguns instantes no local escolhido, a
sensação de alguém observando-a não diminuía.
Um cavalheiro inclinou-se diante delas e pediu Julia para dançar. A
amiga concordou, lançando um sorriso por cima do ombro enquanto
caminhava.
— Boa noite, Lady Elizabeth.
O barítono inglês profundo a jogou em um caleidoscópio de emoções.
Sem olhar para o rosto dele, ela sabia que o homem seria de beleza
diabólica, capaz de fazer seus dedos dos pés encolherem-se nas sapatilhas
de seda
— Eu o conheço, meu senhor? Não creio que fomos apresentados.
— Porque não fomos. Chamo-me Sebastian Denholm, Lorde Hastings.
É um prazer conhecê-la, minha senhora. — ele disse, curvando-se diante
dela com mais deferência do que necessário.
O conde inglês de quem todos falavam nesta Temporada de Edimburgo.
Um libertino de Londres, e rumores diziam estar se divertindo na Escócia,
buscando novas saias para erguer. Ou assim era repassado.
— E sabe quem eu sou? Como saberia, meu senhor?
Ele inclinou-se mais perto e falou em tom conspiratório.
— E todos não sabem?
Elizabeth se assustou com a resposta, sabendo muito bem o que ele
sugeria. Não era segredo na sociedade que agraciavam que seu azar no
amor era notório. Dois anos atrás, ela viajou para Londres para desfrutar de
outra Temporada. O irmão havia conseguido um casamento feliz, e ela
pensou, de maneira estúpida, que também poderia encontrar tal
companheirismo.
Como ela estava errada. Em Londres, uma por uma, suas amigas foram
se casando ao redor dela. Foram cortejadas e levadas para o altar antes que
ela tivesse tempo de trocar de vestido. No entanto, o mesmo não ocorreu
com ela. Ela era um amuleto de sorte para aquelas que querem se casar.
“Lizzie Atrai-Sorte” foi como as pessoas começaram a chamá-la.
Estava mais para azar.
— Perdão, mas não entendo o que implica. — ela não o deixaria jogar a
temporada desastrosa que teve na cara dela. Não importa o quão bonito ele
fosse.
— Eu me lembro da senhorita na cidade. Londres a considerava um
amuleto da sorte para debutantes que desejavam se casar. Vejo que não foi
pega por tal incentivo ainda, minha senhora.
Calor dominou o rosto dela. Então, ele havia ouvido falar dela. Ela lutou
muito para se esquecer das muitas jovens que fizeram amizade com ela para
poderem encontrar maridos. Era uma situação um tanto estranha, e uma das
razões para ela decidir passar a Temporada deste ano na Escócia. Mesmo
assim, não parecia que ela poderia escapar daqueles que frequentavam o sul
e que se lembravam.
— Que cavalheiro da sua parte me lembrar de tal título. É por isso que
está falando comigo agora? Espera que uma proximidade comigo o leve a
se apaixonar e se casar?
Ele sorriu para ela.
— Pelo contrário. Não tenho interesse em me casar com nenhuma
dessas moças.
Elizabeth lutou para fechar a boca, pois com certeza estava escancarada.
Ele quis dizer que estar com ela o deixou seguro? Ela era tão incapaz em
encontrar um marido que os cavalheiros a consideravam uma mulher segura
para se ter ao lado, desde que outras mulheres não pairassem por perto?
Que absurdo! Sem mencionar humilhante.
Ela se virou para encará-lo.
— Deixe-me assegurá-lo, meu senhor, que estar perto de mim não o
protege do casamento. Tenho certeza de que, por eu ser “Lizzie Atrai-
Sorte", o encanto também funcionaria nos homens que ficarem ao meu
lado. Não seria diferente para o senhor.
— Muitos homens se aglomeram ao seu lado, minha senhora? Ou sou o
único?
Ela estreitou os olhos na direção dele, incerta de onde tais perguntas
acabariam, se é que tinham propósito. Por que ele estava perto dela se não
estava interessado? Ele parecia estar brincando com as palavras e com ela.
Ela não gostava disso.
— Está ao meu lado, não está? Tenho certeza de que não será o último a
dar o ar da graça ao meu lado esta noite.
— Eu não a procurei para provocá-la, minha senhora, e peço desculpas
por mencionar sua Temporada Londrina. Apenas quis me apresentar e
informá-la de algumas notícias de que tenho certeza de que estará bem
ciente em breve.
— Mesmo? Que notícias são essas de que devo saber?
Vagamente, ela se lembrou de ver Sua Senhoria na cidade, um libertino
que gostava mais do demimonde e das viúvas do que das debutantes. Bonito
como o pecado, rico e próspero como muitos dos conhecidos dela, ou seja,
mais do mesmo. Homens que procuraram a próxima emoção, o próximo
rabo de saia que poderiam içar. Nada matrimonial de qualquer forma. Não
importa o que digam, canalhas não se tornam os melhores maridos.
— Herdou Halligale, pelo que soube.
— Sim. — ela respondeu, sem mais palavras.
O irmão dela a presenteara não muito após casar-se com a Srta. Sophie
Grant. Ele queria que ela tivesse uma casa perto dele, mas que fosse dela. A
propriedade vir com uma abundância de terras era uma bela generosidade.
O irmão era a melhor pessoa que ela conhecia, sem dúvidas.
— Então, somos vizinhos. Estou na Mansão Bragdon. — ele continuou.
Ela o encarou por um instante, não sabendo disso. Se Lorde Hastings
morava em Bragdon, ele estava mais perto dela do que o irmão no Castelo
Moy.
— Eu não sabia que a herdara.
Dor cruzou o rosto de Sua Senhoria, e uma luz provocante trouxe
sombra a seus olhos.
— Herdei a propriedade após a morte de meu irmão há dois anos.
— Sinto muito por sua perda. — ela disse, e sem perceber, estendeu a
mão e o tocou no braço. Assim que o tocou, ela percebeu o erro que foi.
Choque ondulou pelo braço dela, uma espiral que jamais experimentara.
Elizabeth recuou, desfazendo o contato.
— Obrigado. Meu irmão era um bom homem, se não governado por
vícios que outros procuraram a seu favor. — Sua Senhoria pareceu sacudir a
melancolia e virou-se, observando-a. Ele possuía olhos escuros, quase
cinzas, um azul bem tempestuoso. Um homem bonito, e um que sabia ser.
— Nos veremos com frequência então. — ela disse, tomando a
champanhe e querendo que o coração parasse de bater tão rápido no peito.
Era apenas um homem. Um cavalheiro como qualquer outro. Não havia
razão para ela estar com o âmago em revolta com ele ao seu lado.
Ele pegou a mão dela, beijando os dedos enluvados. Os olhos dele
sustentaram os dela, e mais uma vez, sua pele se arrepiou em consciência.
Ai, Jesus.
— Viajei desde a Inglaterra, Lady Elizabeth. Pretendo vê-la tanto
quanto me permitir. — com um sorriso perverso, ele se virou e caminhou
para a multidão de convidados, deixando-a para observá-lo. Seu olhar
deslizou pelas costas dele, antes de mergulhar mais baixo. Bem, não eram
apenas os olhos dele que eram bonitos, e o que ele quis dizer com aquelas
palavras? Pela primeira vez desde seu baile de apresentação, emoção
tremulava em sua alma. Por fim, talvez este ano, ela encontraria o amor e
teria um casamento tão forte e doce quanto o que o irmão havia encontrado.
Talvez libertinos fossem mesmo os melhores maridos.

SEBASTIAN SEGUIU até a sala de carteado para procurar seu amigo mais
próximo Rawden, Lorde Bridgman, que o acompanhou até a Escócia.
Bridgman concordou sem pestanejar em viajar para o norte, pois o
momento era ideal, já que ele também precisava resolver alguns assuntos na
Escócia.
Ele encontrou Rawden terminando um jogo de Loo e parecendo mais do
que satisfeito consigo mesmo.
— Como foi sua noite, meu bom amigo? Eu o vi falando com Lady
Elizabeth Mackintosh. Ela confirmou o que suspeitava, que ela herdou
mesmo Halligale?
Sebastian olhou para onde havia deixado Lady Elizabeth, mas não
conseguia mais localizá-la na multidão.
— Sim, falei com ela, e infelizmente, ela herdou a propriedade. Preciso
encontrar um jeito de fazê-la vender a propriedade de volta para mim, ou
talvez eu possa levar Laird Mackintosh ao tribunal e contestar a aquisição
ilegal das terras.
Rawden ergueu as sobrancelhas em descrença.
— Isso seria um feito para gigantes. Ele é escocês, e a terra fica na
Escócia. Se acredita que os escoceses considerarão ilegal a aquisição de
Halligale, tem minhocas na cabeça. Seria melhor casar-se com a moça e
readquiri-la dessa forma.
O comentário de Rawden era um disparate, estava mais para uma
brincadeira, mas Sebastian assentiu, refletindo a ideia. Se ele se casasse
com ela, ele recuperaria a propriedade ancestral escocesa que estava com
sua família há centenas de anos. Que seu irmão, o morto, perdeu em um
jogo de cartas. Não seria nada além de um mero inconveniente para ele,
caso se casasse com a mulher que agora a possuía. Ela poderia ficar na
Escócia, e ele poderia voltar para a Inglaterra, e visitar Halligale sempre
que quisesse. A ideia possuía mérito.
— Ela é bonita e parece ter inteligência. Talvez eu a corteje.
Rawden encolheu os ombros, pegando duas taças de vinho de um lacaio
que passava, e entregou uma para ele.
— Contudo… ser casado. Não sei se está pronto para tal passo. E de
qualquer forma, pensei que gostasse da viúva Lady Clifford. Decerto
pareceu estar bem confortável com ela, na mascarada que ela deu em
Londres, o que devo lembrá-lo, todos notaram.
Sebastian gemeu, sabendo do erro colossal que cometera. Ele estava tão
embriagado que nem percebeu o que estava fazendo. Em um instante, ele
estava dançando com Maria, e no outro, ele estava em um canto sombreado
com as mãos em lugares que não deveriam estar.
— Não me lembre dos meus erros passados.
— Então, não devo lembrá-lo que ela está aqui, que vem em sua
direção? — Rawden bebeu, riso nos olhos.
Sebastian girou no lugar, pânico agarrando-o. Maria estava aqui! Ele
assimilou os convidados, sem ver ninguém de verdade. Rawden riu,
dobrando-se, e Sebastian teve uma vontade inigualável de chutá-lo na
bunda.
— Acha isso divertido. É um desgraçado.
Rawden enxugou os olhos, ainda rindo e causando um pouco de
espetáculo.
— Sinto muito, meu amigo. Não pude evitar.
— Hm. — Sebastian disse, bebendo e olhando mais uma vez para o mar
de cabeças, para garantir que Lady Clifford não estava, de fato, na Escócia e
não poderia encurralá-lo mais uma vez.
— Lady Elizabeth é bonita, concordarei com isso. Não seja muito duro
com a moça. Ela nem deve saber que o irmão ganhou a propriedade em um
jogo de cartas.
— Nunca tive a intenção de ser duro com ela, mas me casar decerto
seria mais barato do que processar Mackintosh, e seria mais agradável para
todos. Por que fazer guerra quando se pode fazer amor com uma mulher
como ela?
Ele a encontrou movendo-se através dos convidados, conversando com
outra dama. Lady Elizabeth era alta, com curvas em todos os lugares certos,
e com seios que caberiam muito bem nas mãos dele. Uma senhora bem
desenvolvida, não uma debutante risonha, sem muito preenchimento nos
ossos. Muito mais satisfatório.
A risada dela chegava nele como despreocupada e distraída, abundante
e sincera. Ele gostou do som, e seduzi-la, casar-se com ela, poderia tornar
suas poucas semanas na Escócia muito mais agradáveis. O irmão pode não
gostar da virada na vida da irmã. Sebastian e Laird Mackintosh já haviam
trocado farpas acerca da aquisição de Halligale por cartas. Portanto, se a
irmã estava apaixonada, casada, o que Laird Mackintosh poderia fazer?
Nada.
— Fico feliz em saber. — Rawden disse, terminando a bebida. —
Agora, para onde vamos? Edimburgo é muito parecida com Londres. Há
mais de um baile por noite para comparecer.
Sebastian riu e partiu em direção ao saguão da casa, tudo em nome de
vivenciar o que esta antiga cidade poderia oferecer que Londres não
poderia.
— Sim, claro, temos convites para outros dois eventos esta noite.
E muitas outras damas para conhecer e lisonjear, antes que ele se
acomodasse para cortejar Lady Elizabeth. Com alguma sorte, nenhuma
delas teria olhos como esmeraldas e cabelos que brilhavam com um fogo
tão brilhante quanto o próprio sol.
CAPÍTULO 2

—E STÁ MATANDO AS FLORES, minha querida. Por favor, afaste-se


antes que as rosas fiquem sem pétalas como já estão sem folhas. — Julia
afirmou, passando, antes de cair no sofá e jogar um olhar divertido.
Elizabeth suspirou, olhando para as rosas com que trabalhava. A amiga
dela estava certa, o arranjo floral estava a caminho de ser atroz.
— Fomos convidadas para o baile dos Fisher esta noite, não fomos? —
ela perguntou, sentando-se em frente a Julia, desistindo do arranjo. As
criadas fariam um trabalho melhor mesmo, ela não possuía o dom para
decoração.
— Claro que fomos. — Julia cruzou as pernas e encontrou seu olhar. —
Ainda irá hoje à noite? Ou está me perguntando do baile para então me
dizer que mudou de ideia?
— Ó, não. Estarei presente. Encontrei a Srta. Wilson no chapeleiro esta
manhã, e ela estava toda agitada com a recente chegada a Edimburgo de
Lorde Hastings e do amigo dele, Lorde Bridgman, parece que vieram para a
Temporada. Quando contei à Sra. Wilson que conheci Lorde Hastings no
baile na outra noite, ela ficou um tanto quanto empolgada e exclamou que
eu precisava apresentá-lo à Emily. Acredito que a pobre Emily ficou muito
envergonhada com toda a conversa.
— Eu a vi conversando com Lorde Hastings na outra noite. O que pensa
do cavalheiro? Sua Senhoria e seu amigo, dizem que se chama Rawden,
ambos são bonitos demais para seu próprio bem.
Calor roubou as bochechas de Elizabeth pensando nas últimas palavras
de Lorde Hastings para ela. Que queria vê-la muitas vezes.
— Ele foi muito educado e gentil. Seu defeito é ser inglês, mas como
convivi com uma cunhada inglesa nos últimos anos, eu me acostumei aos
jeitos deles, e não os considero tão diferentes para nós.
Julia fez som de deboche.
— Faz os ingleses parecerem que vêm de outro mundo! — ela riu.
Elizabeth riu também.
— Bem, pode-se dizer que sim, não?
Julia suspirou, reclinando-se no sofá.
— Você é jovem e saudável, uma herdeira com sua própria propriedade.
Lorde Hastings teria sorte se conquistasse seu amor. Mas a Temporada
apenas começou e há muitos cavalheiros como ele. Não se concentre apenas
nele por ora, dê uma olhada em todos que vieram para o norte e decida se
alguém se adequaria melhor a você.
Elizabeth ergueu uma sobrancelha. A amiga estava certa, esse era um
bom comentário. A Temporada mal começara e havia muito mais bailes a
serem frequentados.
— Sabe que soa muito inteligente? Creio que farei o que você diz.
A amiga sorriu em triunfo.
— Há quantos anos falo isso para você, mas não acredita em mim? Se
seguir meu conselho, nunca se desviará. E se Lorde Hastings está mesmo
interessado, ele não se afastará caso você dance, ou seja cortejada por
outros. Apenas ficará ainda mais determinado.
Pensar em Sua Senhoria determinado a conquistá-la fez com que ela
sentisse todo o corpo formigar e acordar. Aqueles olhos escuros e nublados
como na outra noite, ela poderia mergulhar feliz neles e nunca escapar. Tão
bonito, e ele ter optado por uma Temporada escocesa este ano dizia muito
do seu intelecto. Era óbvio que era esperto por esta decisão. A Temporada
de Londres era superestimada.
Julia pegou uma almofada e a segurou no colo, brincando com as várias
borlas que adornavam a peça.
— O que pensa de Lorde Bridgman? Ele é um personagem interessante,
não concorda?
O interesse da amiga no homem não passou despercebido, e Elizabeth
segurou um sorriso.
— Não conheci Sua Senhoria, mas ele parecia agradável o bastante
quando o vi no cômodo. Decerto é o que dizem dele… bonito.
— Creio que me farei presente, para ver o que mais ele tem a oferecer.
E se eu mantiver Sua Senhoria ocupada, permitirá que você conheça melhor
Lorde Hastings, antes de fazer sua escolha. — Julia sorriu. — É o plano
perfeito, pura e simplesmente.
— Parece que tem tudo planejado à perfeição, mas nem me decidi se
quero atrair o interesse dele. Você, no entanto, pode cortejar Lorde
Bridgman se assim escolher.
Julia ergueu as mãos em derrota.
— Muito bem, faça o que deve, mas acredito que deva ao menos
analisar se ele serve para você. Não é sempre que um par de homens tão
impressionantes se apresenta em nossa pequena sociedade. Devemos
aproveitar ao máximo quando pudermos.
A porta se abriu e Georgina entrou, uma criada carregando uma bandeja
de chá e biscoitos logo atrás.
— Bom dia, minhas queridas. Espero que tenham dormido bem.
Ante a pergunta benigna, algo pelo que Georgina não era conhecida,
Elizabeth considerou a amiga.
— O que aconteceu, Georgina? Não costuma demonstrar consideração.
— ela sorriu, servindo-se de uma xícara de chá.
— Decidi dar um baile de máscaras e vocês duas estão convidadas. —
Georgina pegou um biscoito, dando uma mordida generosa.
— Moramos com você, Georgina. Creio que nossos convites sempre
serão entregues. — Julia disse, balançando a cabeça.
— Convidaremos todos que estão em Edimburgo para a Temporada, e
será o baile do ano. Pode convidar Lorde Hastings, Elizabeth querida. Ele
pareceu bastante encantado com você na outra noite.
Ela gemeu. Julia se engasgou com o chá. Tentou, e falhou de maneira
miserável, mascarar o engasgo com uma tosse.
— Passei os últimos 10 minutos explicando à Julia por que deixarei
minhas opções em aberto. Ele falou comigo uma vez. Não significa que ele
esteja mesmo interessado em me arrebatar.
Georgina sorriu.
— Adoro ver que está sendo influenciada por mim, Elizabeth querida.
Elizabeth tomou um gole de chá, era uma escolha melhor do que gritar
ante as provocações da amiga.
— Você é quem deve convidar Lorde Hastings, mas por favor, não
pense que há algo entre nós. Falei com ele uma vez. — ela respirou para se
acalmar, não querendo continuar a falar do inglês. Com certeza, havia
outros assuntos mais interessantes do que ele. Mesmo que a memória dele
fosse divertida e um pouco pecaminosa devido às palavras de despedida
dele.
Georgina, sentindo o aborrecimento de Elizabeth, felizmente mudou de
assunto.
— Bem, eu tive a dança mais deliciosa com Lorde Fairfax na outra
noite. Ele é dono de metade das Terras Altas. Creio que vou deixá-lo me
cortejar. Vocês o viram, meninas? Ele é muito bonito, não é?
Julia assentiu, os olhos brilhantes de emoção.
— Sim, ele pareceu ser um cavalheiro interessante. Com certeza, ficou
encantado com seus encantos, foi o que eu mais notei.
Georgina jogou uma uva em Julia, que a pegou da saia e a colocou na
boca.
— Talvez eu o deixe me beijar no baile de máscaras. Tenho certeza de
que ele tentará.
— Acabou de sair do luto. Deseja mesmo ter outro marido tão cedo? Se
você se casar antes de mim mais uma vez, serei para sempre lembrada
como a amiga que não consegue encontrar um marido. As pessoas vão
pensar que estar perto de mim permitiu que os homens se apaixonassem por
você como fizeram na Inglaterra. O amuleto de boa sorte no amor. Ficarei
mortificada. — Elizabeth declarou, já ouvindo os sussurros e fofocas que
viajariam da Escócia até o Almack’s, em Londres.
— Prometo, minha querida, que não voltarei a me casar até que você
esteja na segurança dos braços do homem que amará para sempre e um dia.
No entanto, isso não significa que eu não possa conseguir diversão contida
nesta Temporada. Afinal, sou viúva. Desde que eu seja discreta. — disse
Georgina, um brilho pecaminoso nos olhos.
— Bem, eu, por exemplo, vou aproveitar meu tempo aqui, como todas
nós deveríamos. E a ajudaremos na escolha de um homem doce e bom que
a amará tanto quanto nós a amamos, Elizabeth. Ele está lá fora, sabe. E
nunca se pode dizer que Lorde Hastings não é esse homem. Se ele a
procurar de novo, deve ajudá-lo a dar o próximo passo. Se ele sentir seu
interesse, então talvez consiga garantir as afeições dele.
Elizabeth caiu de volta na cadeira, sentindo-se drenada e cansada de
todo o trabalho que parecia se construir diante dela, e ainda estavam na
primeira semana da Temporada Escocesa.
— Meu irmão me esfolaria viva se ouvisse que eu estou sendo
precipitada em Edimburgo. Com Sophie grávida, a última coisa que ele
precisa é de um boato de que a irmã está agindo de maneira selvagem na
tentativa de encontrar um marido, e é capaz de vir até aqui me arrastar para
casa.
— Ele não fará tal coisa. Está muito distraído para tomar conhecimento
do que estamos fazendo em Edimburgo. A primeira notícia que chegará aos
ouvidos dele é do seu noivado. — Julia baixou a xícara e bateu palmas,
ganhando a atenção dela. — Agora, minhas queridas, quanto ao baile. Qual
deve ser o tema, o que acham?
— Bem… — Georgina disse. — poderíamos permitir que os
convidados escolhessem, mas talvez personagens notáveis da história. Que
tal?
Julia assentiu.
— Ó, sim, vou como Cleópatra.
— Heloísa de Argenteuil 1 me servirá bem. Estou tão condenada no
amor quanto ela.
Elizabeth brincou apenas parcialmente ao escolher sua fantasia, mesmo
assim, uma pequena parte dela lembrou-a que só porque toda Londres
acreditava que ela era o amuleto do amor das amigas, mas que ela mesma
era azarada, não tornava o rumor verdadeiro. Nesta temporada, ela poderia
deixar o passado ditar seu futuro, ou poderia aproveitar ao máximo a
diversão oferecida aqui na capital e se divertir. Viver com Georgina
permitia mais liberdade do que ela já teve. A amiga ser viúva permitia que
ela agisse como acompanhante também. Poderiam ir e vir quando
quisessem, dormir o dia todo e dançar a noite toda, caso assim escolhessem.
O que mais ela poderia pedir?
Julia e Georgina ambos deram uma risada rápida, os olhos repletos de
lágrimas de alegria, sem ressalvas.
— Ora essa, não será Heloise. Não permitirei. Não, deve ir como Peito,
a deusa do amor e da sedução, pois é quem é, e não será apenas neste baile,
mas para a Temporada. Chega de ser o amuleto da sorte para outras, minha
querida. É hora de ser o próprio amuleto da sorte.
Georgina sorriu, balançando a cabeça.
— Peito será. Agora, precisamos ir até a costureira para encomendar
nossos vestidos. Temos que estar em nosso melhor, já que seremos as
anfitriãs. Nossa, que diversão teremos.
— Que corações roubaremos. — continuou Julia.
— E que beijos desfrutaremos. — Elizabeth terminou, sorrindo e
pensando que talvez, este ano, as coisas seriam diferentes. Ela estava com
duas mulheres, verdadeiras amigas que a apoiavam em tudo. Não
permitiriam que fosse injustiçada, e neste ano, ela não seria um adorno de
parede. Isso nunca mais.

1 Heloísa de Argenteuil foi freira, escritora, erudita e abadessa francesa, uma


importante intelectual que se dedicou à vida religiosa entre os séculos XI e XII.
CAPÍTULO 3

—S E CONTINUAR A OLHAR para essas portas por mais tempo, as


pessoas começarão a pensar que é um simplório.
Sebastian afastou o olhar da entrada da residência de Sir Fisher e, em
vez disso, concentrou-se na multidão reunida. Para sua surpresa, havia
muitos convidados de Londres. Mesmo algumas damas que foram
apresentadas na Temporada inglesa passada, que parecem não ter
encontrado um partido, estavam presentes.
— Não sei por que Lady Elizabeth está tão atrasada esta noite. Não
posso fazê-la se apaixonar por mim se não estiver aqui. — Sebastian disse,
o tom mais empertigado do que deveria ser, considerando que Rawden
estava tentando impedi-lo de parecer um tolo apaixonado, o que ele não era.
Longe disso, não importa o quão tentadora Lady Elizabeth fosse de se
admirar, ela era um meio para um fim. Sua maneira de recuperar uma
propriedade familiar que nunca deveria ter sido perdida.
— Seu fascínio com as portas estava gerando interesse, e não podemos
nos dar esse luxo. — Rawden riu, e Sebastian rangeu os dentes. — Mas não
tema, meu amigo, a mulher que será sua chegou. Que sorte para vocês dois.
Sebastian olhou para Rawden, não deixando de notar o sarcasmo no tom
dele. Com toda a casualidade que conseguiu conjurar, ele virou a atenção
para as portas. A respiração em seus pulmões sumiu, a pele se arrepiou. Ele
jamais viu ninguém tão bonita como a mulher que Londres havia apelidado
de “Lizzie Atrai-Sorte”.
Como os homens que a conheceram não viram sua beleza? Ele engoliu
em seco, controlando o desejo que espiralou ao vê-la.
— Quais são seus planos com Lady Elizabeth? Como vai cortejá-la sem
que ela saiba que sua família já foi dona de Halligale? Se ela souber disso,
suspeitará de você. A garota não parece ser uma simplória fácil de se
enganar.
Ela não era. Mesmo com o pouco tempo que passaram juntos no último
baile, Sebastian confirmou tal verdade.
— Só espero que não. Vou contar, é claro, um dia, mas não até que
estejamos casados.
Rawden o encarou com descrença.
— Tem muita certeza de seus encantos. E se ela não estiver interessada?
O que fará nesse caso?
— Não há nada que eu possa fazer. — ele deu de ombros, com
esperanças de que não fosse o caso. Ele sempre foi popular com o sexo
oposto, nunca ficou em falta em se tratando dos prazeres da carne. Ele
voltou a olhar para o ponto em que Lady Elizabeth e as amigas passaram
pelos convidados reunidos, falando com aqueles que conheciam. Não, ela
não seria diferente, e pelo tom rosado que tomara o semblante dela após
serem apresentados, ela seria uma conquista fácil. — Tenho certeza de que
não haverá problemas.
Rawden riu, tomando vinho.
— Eu discordo. Acredito que ela será mais difícil de conquistar do que
pensa. Estas moças escocesas têm espinhos mais resistentes do que nossas
flores inglesas. Sabe que a flor nacional deles é um Cardo. Isso deve servir
como uma pequena indicação de seus espinhos.
Sebastian se engasgou com o vinho, rindo das palavras do amigo.
— Eu me considero devidamente avisado. — ele limpou a garganta,
observando Lady Elizabeth quando as moças caminharam para ficarem a
frente deles no salão. O vestido dela era de roxo profundo, quase preto, e
brilhava sob a luz de velas como se tivesse um belo tecido translúcido
cobrindo a seda. A cor destacava seus olhos verdes e os lábios cor-de-rosa
beijáveis. O corpo dele cantarolou ao pensar nela em seus braços. Ele
adorava a perseguição, e ela era uma mulher digna e desejável de ser
conquistada.
— Antes que Lady Elizabeth o flagre encarando-a como um tolo
apaixonado, pois só falta a baba escorrendo pelo queixo, que tal um jogo de
cartas? Estou desejoso de alguns trocados escoceses. A noite é uma criança,
e terá tempo para cortejar sua senhora mais tarde.
— Vá à frente. — Sebastian disse, um pouco distraído pelo papagaio
arrogante levando Elizabeth para a área de dança. O almofadinha era um
homem baixo, e mal chegava ao queixo de Elizabeth. Ele nunca serviria
para uma mulher tão marcante. Ele estreitou os olhos. Este, com certeza,
não era o tipo de cavalheiro que Elizabeth iria querer se ligar pelo resto da
vida.
Rawden bateu com a palma no ombro dele e riu.
— Pare, Sebastian. Vai assustá-la antes de ter a chance de ganhá-la.
Sebastian desabafou, supondo poder ser verdade.
Eles fizeram uma pausa ao passarem pelas portas da sala de carteado,
para analisar os cavalheiros que já jogavam. Um lacaio trouxe uma bandeja
de uísque, o delicioso líquido âmbar era exatamente o que Sebastian
precisava.
— Antes que eu esqueça. Tenho notícias, e algo que creio que o deixará
satisfeito.
— O quê? — perguntou Sebastian, tomando um gole generoso.
— Esta tarde, recebemos um convite de Lady Georgina Dalton para seu
baile de máscaras. A mulher com quem sua futura conquista está morando
durante esta Temporada. Há um problema. O baile será na casa de Lady
Dalton, nos arredores de Edimburgo. A propriedade é muito grande pelo
que sei, e ela abriu a casa para os convidados ficarem um dia ou dois
depois, se desejarem, antes de retornarem à cidade.
Um baile de máscaras? Que sorte tal baile ser realizado. Ele sempre se
divertiu com tais entretenimentos em que se há um toque de sigilo, um
lugar para encontros clandestinos.
— Quando será? — ele perguntou, esperando que fosse em breve.
Quanto mais tempo ele tivesse com Lady Elizabeth, melhor seria o
resultado dele em ganhá-la.
— Em duas semanas. — Rawden respondeu.
Rawden gesticulou para uma mesa em que dois cavalheiros se
levantavam, deixando os jogadores em falta.
— Que tal uma partida de uíste? Vamos mostrar a esses rapazes
escoceses como homens de verdade jogam cartas.
— Depois de você. — Sebastian disse, não tendo certeza se seu amigo
havia escolhido os piores cavalheiros jogadores da sala, a pilha de ganhos
colocando essa noção em dúvida.
— Eu dou as cartas. — Rawden declarou, apresentando-os aos outros
dois jogadores.
Sebastian sentou-se, jogando sem pensar muito enquanto a mente
debatia como cortejar Lady Elizabeth. Ele precisava que seu interesse
parecesse genuíno. Ele nunca precisou agir como um tolo apaixonado, seria
algo novo, se não um pouco degradante. Mesmo assim, casar-se com ela era
o melhor a fazer. Significava que Halligale estaria mais uma vez em sua
família, que seria herdado pelos futuros Condes de Hastings.
Era uma necessidade infeliz e ele não falharia. A propriedade não
ficaria muito tempo nas mãos de Mackintosh. Pelo menos, não após esta
Temporada.

QUANDO ELIZABETH CHEGOU à propriedade de Georgina para o baile


de máscaras, os preparativos estavam a todo vapor. As criadas corriam de
cômodo em cômodo, subindo e descendo escadas, decorando o salão para o
baile e arrumando os quartos de hóspedes. Os lacaios pareciam desgastados
por suas intermináveis tarefas e ordens. De pé no saguão, ela tirou as luvas,
sem perder o som inconfundível de Georgina emitindo ordens na sala da
frente. Julia, que viajou com Elizabeth para a propriedade, revirou os olhos
assim que Georgina entrou no saguão.
— Ora, aqui estão. — Georgina entregou um pergaminho para cada
uma delas, apontando para o conteúdo. — Aqui estão as tarefas que
precisam realizar antes que os convidados cheguem amanhã. Me avisem se
tiverem alguma pergunta.
Julia perscrutou o pergaminho, e franziu a testa antes de amassar o
papel na mão.
— Georgina. — ela disse, levando-as a uma sala de estar privada do
outro lado do corredor da biblioteca. — O que a possuiu para ser tão
rigorosa com todos que se hospedarão aqui? Não pode pensar que queremos
fazer todas essas atividades no curto tempo que ficaremos aqui. Creio que o
baile é entretenimento suficiente para manter os convidados ocupados.
Georgina ficou boquiaberta como se uma segunda cabeça tivesse
brotado em Julia.
Elizabeth suprimiu o sorriso.
— Julia, você é má. Tudo o que Georgina quer fazer é garantir que
todos se divirtam. — ela deu um tapinha na mão da amiga, notando que
Georgina ainda não tinha reencontrado a voz.
Julia desdobrou a lista amassada.
— Eu não sei nadar, porém, devo andar de barco no lago. Está tentando
matar seus convidados afogados ou de tédio?
— Essas sugestões são apenas isso. Sugestões. Só quero que meus
convidados saibam ter muito o que fazer para se manterem ocupados por
aqui. Não irei ao gramado todas as manhãs para soar um apito e obrigarem
todos a formarem uma fila, se é o que está pensando.
Elizabeth sorriu, imaginando tal cena.
— Claro, não será assim, e nunca pensamos que seria. Julia só está de
mau humor porque as tias estão a caminho para vigiar cada movimento
dela.
— Não sei por que estão vindo. Georgina é viúva, uma acompanhante
adequada para qualquer um.
Georgina se levantou e tocou a sineta para pedir chá.
— Sem mencionar que meu pai chegou para cuidar de todas nós
também. Ele voltou especialmente de Londres. Creio que ele acredita que
ainda uso maria-chiquinha. — Georgina franziu a testa. — Por que suas tias
insistiram em vir? Nunca o fizeram.
Julia suspirou.
— Para serem intrometidas, eu imagino. Souberam dos dois ingleses
que estarão presentes e insistiram em comparecer ao baile de máscaras.
— Tenho certeza de que seu pai pode ser persuadido a manter as tias de
Julia ocupadas. Eles regulam em idade. — disse Elizabeth.
— Verdade. — Georgina sentou-se quando uma batida soou na porta,
antes de um lacaio trazer uma bandeja de chá.
— Acredita mesmo que as pessoas terão tempo para tais jogos e
diversões? Eles chegarão, se prepararão para o baile no dia seguinte, e
alguns viajarão de volta para Edimburgo no outro. Devemos preparar esses
eventos também? Teremos bastante trabalho para garantir que o salão de
baile, a comida e a casa estejam prontos para tantos convidados. — Julia
suplicou.
— Só queria opções. — Georgina olhou para as mãos, uma pequena
carranca entre a testa.
— É crédito seu querer que todos tenham uma estada maravilhosa, e
eles a terão. O baile de máscaras será um grande sucesso, o baile da
temporada. Não precisa de mais nada para agradar os convidados além do
baile que vieram desfrutar. — Elizabeth estendeu a mão, dando tapinhas nas
mãos de Georgina.
Julia suspirou, vindo se sentar ao lado de Georgina.
— Sinto muito, querida, por ser descortês. Estou cansada da viagem, só
isso. Se quer mesmo que seus convidados desfrutem de outras atividades ao
redor da propriedade, então nós, é claro, a ajudaremos a se preparar.
Os lábios de Georgina ergueram-se em um pequeno sorriso.
— Está tudo bem. Posso ver que fui muito zelosa com meu
planejamento. O baile basta, está certa.
— Agora, diga-nos quem mais está para chegar. — Elizabeth voltou a
se acomodar em sua cadeira, aliviada que as amigas voltaram a se dar bem.
— A maioria dos nossos conhecidos da cidade e os dois ingleses, é
claro. — Georgina disse, dando um olhar cortante para ela. — Quase todos
que conhecemos, mas a casa é grande o suficiente, a criadagem correu para
fazer tudo bem. O ambiente parecia Bedlam, ou assim me disseram.
— Mal posso esperar para dançar. Minha fantasia de Cleópatra é
simplesmente divina. — Julia disse, servindo-se de uma xícara de chá.
Elizabeth continuou a ouvir suas amigas falando dos vestidos, como
penteariam os cabelos, e com quem desejavam dançar. O baile de máscaras
com certeza seria um sucesso, uma noite de dança, de mistério e intriga. Ela
não ia a um baile de máscaras desde sua primeira Temporada em Londres, e
seria bom participar de um aqui na Escócia.
A ideia de que, a esta hora amanhã, elas estariam se preparando para um
baile a fez sentir um arrepio de empolgação pela coluna. Que Lorde
Hastings logo estaria aqui era um pensamento bem-vindo. Ele a convidaria
para dançar? Ou, mais uma vez, sairia de perto sem olhar para trás como fez
no outro dia?
Ela dançaria com ele se ele pedisse? Claro que dançaria. Nem que fosse
apenas para ver se seu coração tremularia na presença dele, ou determinar
que foi apenas uma reação estranha ao conhecê-lo.
O tempo revelaria tudo, ela supunha, no baile de máscaras.
CAPÍTULO 4

S EBASTIAN BATEU na perna de Rawden e sorriu quando o amigo,


cujo rosto estava esmagado contra a janela da carruagem, arfou ao acordar e
limpou a baba que escorria da boca.
— Eu gosto tanto de o ver lavar a janela com a própria baba. — ele riu
conforme Rawden murmurava palavras ininteligíveis, antes de sentar-se e
tentar acordar.
— Chegamos, então? Uma viagem horrível, não foi?
— Estamos a quatro horas de Edimburgo. Não creio ser digno da
palavra medonho. E anime-se, Rawden, pois chegamos sim. — a carruagem
se cambaleou de um lado a outro enquanto passavam pelos portões da
propriedade de Lady Georgina. Sebastian conseguia ver a casa aninhada no
vale abaixo, pequenas linhas de fumaça saindo das numerosas chaminés.
— Será que a irascível Lady Julia Tarrant estará lá? O baile deve ficar
mais divertido com todas essas mulheres para alfinetar. Sem mencionar que
Lady Georgina é um bálsamo para os olhos.
Sebastian levantou uma sobrancelha.
— Comporte-se Não precisamos ser escoltados para fora da propriedade
e enviados de volta para a capital com os rabos entre as pernas, antes de eu
ter uma chance com Lady Elizabeth. Há uma propriedade a ser recuperada
Não posso conceber que você crie mais problemas do que eu mesmo, caso
ela descubra meus motivos.
— Sou seu amigo, e o apoio em tudo o que faz, mas não está nem um
pouco perturbado com este plano? Se a cortejar, conquistar seu coração, ela
pensará que seus afetos são genuínos, que gosta dela na mesma medida, que
talvez a considere atraente, mas se casará com ela devido às terras. —
Rawden ajeitou o lenço de pescoço, e Sebastian virou-se para olhar pela
janela, pensando nas palavras do amigo. — Pense assim… — Rawden
continuou. — Se seu irmão não tivesse perdido a propriedade, você estaria
na Escócia grudando nos calcanhares de Lady Elizabeth? Creio que não.
Teria viajado para o norte para caçar, não muito mais.
Sebastian afastou a culpa que espetou sua consciência. Poderia parecer
desonesto, até covarde, cortejar uma mulher pelo que ela traria para o
casamento, mas havia pouca escolha. Halligale foi seu lar por grande parte
da infância. Onde sua mãe escocesa criou os dois filhos. A maioria de suas
memórias mais afetuosas envolviam nadar no lago ou correr pelo terreno,
pela urze, tudo o que fazia da Escócia o que é. Ele amava aquela casa,
portanto, se ele tivesse que se casar com uma mulher de quem ele gostasse e
não muito mais para recuperá-la, ele o faria.
— Primeiro, devo lembrá-lo que essa ideia foi sua? Eu não havia
pensado nessa opção até você a apontar. Mas fique tranquilo, Tratarei Lady
Elizabeth com respeito. Não terei uma amante, e não lhe faltará nada. Ela
jamais precisará saber que nosso casamento foi impulsionado pela
propriedade que está nas mãos dela agora.
A carruagem parou com um sobressalto, e Sebastian esperou pelo
lacaio, que correu dos degraus da frente para ajudá-los a descer.
Ele desceu, olhando para o grande castelo construído em algum
momento longínquo. A razão para Lady Georgina abrir a casa para alguns
dos convidados para o baile ficou clara. A residência estava bem equipada
para abrigar muitos hóspedes.
— Maravilhoso. — Rawden disse, vindo parar ao lado dele. — Se eu
não estivesse tão envolvido por Lady Tarrant, eu poderia tentar seduzir
Lady Georgina, se esta é a casa que ela traz para o casamento.
Sebastian olhou para Rawden, e o comentário não passou despercebido.
Uma figura esbelta saiu pelas portas principais da residência. Sebastian
encontrou as profundezas verdes dos olhos de Lady Elizabeth, sua única
razão para assistir. Ela usava um vestido vespertino de um tom mais claro
que seus olhos. O pequeno casaco sobre os ombros acentuava seu colo, e
ele se lembrou quão formosa e bela esta mulher era.
— Lady Elizabeth, que bom revê-la. — Sebastian caminhou até ela,
notando suas bochechas coradas. A chegada dele causou a pele rosada?
Talvez ganhar o coração dela fosse mais fácil do que ele pensava.
— E eu ao senhor, Lorde Hastings. — Elizabeth respondeu com um
sorriso de boas-vindas.
Houve um farfalhar de saias antes de Lady Georgina sair, vindo em
direção a ele e Rawden com as mãos estendidas.
— Bem-vindos a Teebrook, Lorde Hastings, Lorde Bridgman. Ouso
esperar que a viagem não tenha sido muito exaustiva?
— De jeito nenhum. — Sebastian disse, curvando-se à mão de sua
anfitriã. — Tive boa companhia, e assim o tempo passou depressa. E
estávamos ansiosos para ver sua casa e nos reencontrar com todos.
Georgina sorriu, e Sebastian precisou concordar que a mulher era muito
bonita, mas não tão bonita quanto Elizabeth.
— Muito obrigada, estamos ansiosas pelo baile também. Espero que
tenham uma estada agradável aqui.
Sebastian deu um passo para trás e gesticulou para o amigo, cujo olhar
estava fixo em Lady Georgina.
— Posso apresentar Lorde Rawden Bridgman, segundo filho do Duque
de Albury?
— Estamos honradas. — ela disse, mergulhando em uma reverência
perfeita, riso iluminando os olhos. — Gostariam de uma xícara de chá, ou
talvez, prefiram se acomodar antes do jantar esta noite? O almoço foi
servido na sala de café da manhã caso estejam com fome após as horas de
viagem.
— Se um criado puder nos mostrar nossos quartos, seria preferível,
creio eu. Desceremos em breve para fazer o desjejum.
Georgina acenou para um lacaio, e logo Sebastian e Rawden seguiram o
homem que carregava a bagagem deles para dentro. O saguão era
monstruoso, com uma escadaria de carvalho duplo que leva ao primeiro
andar. Os convidados já presentes desejaram boa tarde, sorrindo em boas-
vindas enquanto iam e vinham pela casa. Pinturas adornavam as paredes,
tapetes cobriam o chão, ele supunha ser uma forma de manter o interior
aquecido no inverno. Velas queimavam em arandelas e em castiçais
dispostos nos móveis do corredor, mantendo os salões escurecidos à
distância. Rawden foi alocado em um quarto primeiro, e logo o servo
mostrou à Sebastian qual seria o seu.
A suíte era generosa. Uma cama grande de quatro dosséis com cortinas
xadrezes ficava contra uma parede de painéis de madeira escura. A lareira
queimava brilhante, e um sofanete ficava bem ao lado dela, junto de uma
única cadeira em couro de um verde profundo. O cômodo evocava uma
sensação masculina, e Sebastian considerou bastante aceitável. Que pena
que não ficariam aqui muito tempo.
Gostaria que eu enviasse o servo designado para desfazer suas malas,
meu senhor?
Sebastian assentiu, caminhando para as janelas, para admirar a vista que
capturou sua atenção. Halligale não era dotada de uma vista tão bonita. O
início das Terras Altas à distância decerto era impressionante.
— E água quente, por favor. — ele acrescentou quando o servo estava
de saída. — Preciso tomar banho.
— Claro, meu senhor.
Sebastian desfez os nós do lenço, jogando-o de lado. Deveria ter trazido
o próprio criado, Wilson, mas ficar aqui duas noites, não pensou ser
necessário. Pediria ao criado para retirar seus pertences do baú e preparar
tudo para o baile de máscaras da noite seguinte.
Ele optou por não usar nenhuma fantasia, preferindo um terno preto,
superfino. No entanto, trouxe uma máscara que cobria grande parte do
rosto. A noite prometia ser uma de que a sociedade de Edimburgo não se
esqueceria, e ele, por exemplo, esperava que fosse uma que Lady Elizabeth
também não se esquecesse.

APÓS O BANHO, Sebastian adormeceu de pronto e, só quando o criado


que o ajudou mais cedo o acordou para o jantar, que ele percebeu o quão
tarde era. Vestindo-se depressa e ouvindo o gongo do jantar retumbar por
toda a casa, Sebastian caminhou pelo corredor, ansioso pela noite que viria.
Ele dedilhou o colete e não ouviu a porta de outro cômodo abrir, nem
viu a mulher que esbarrou nele com tanta força que o fez cambalear.
Estendeu os braços por instinto, para impedi-la de cair. Não funcionou, ela
o impulsionou de volta, e ambos caíram, o corpo delicioso e maleável de
Lady Elizabeth acomodando-se em cima do dele.
— Com pressa para o jantar, minha senhora?
Ela se atrapalhou para sair de cima dele, os olhos arregalados com
horror.
— Peço desculpas, meu senhor. — Elizabeth disse ao se levantar,
ajeitando o vestido que só agora notava. Para o jantar, ela usava um modelo
de cetim vermelho-profundo, os lábios brilhando com um toque de rouge. A
respiração dele ficou presa nos pulmões e, por um instante, ele apenas a
olhou. Ele sabia que ela era dona de madeixas vermelhas, mas esta noite,
enrolados no alto e com aqueles olhos verdes ferozes, além do vestido, ela
parecia a mais deliciosa moça escocesa que ele já viu.
Maldição, ela é linda.
— Eu deveria prestar atenção ao caminho. Costumo ser bastante
pontual, e quando ouvi o gongo do jantar, e eu já não estava no andar de
baixo, corri. Sinto muito por, não só ter esbarrado no senhor, mas…
Sebastian afastou as preocupações dela com uma das mãos enquanto
espanava as roupas com a outra.
— A culpa foi minha. Eu deveria prestar atenção à frente em vez de
ajustar meu colete.
Ela corou de maneira graciosa e assentiu.
— Claro. Vamos descer juntos, então?
— Seria um prazer.
A curta caminhada até a sala de jantar não parecia tempo o bastante.
Agora que ele estava com Lady Elizabeth, não queria se separar dela, nem
compartilhar seu tempo com os outros. Cortejá-la exigia que ele ficasse ao
lado dela, de preferência sozinho, ou pelo menos afastados dos outros
convidados.
De que outra forma ele beijaria aqueles lábios deliciosos?
Quando entraram na sala de jantar, os outros convidados estavam
tomando seus assentos. Sebastian levou Lady Elizabeth para sua cadeira,
abrindo um pequeno sorriso, antes de passar para onde a anfitriã o colocou,
que felizmente era bem ao lado dela.
— Que sorte para nós que somos companheiros de jantar. — Sebastian
sentou-se, colocando um guardanapo no joelho.
Elizabeth sorriu em acordo.
— O que está achando de Edimburgo? Gostando da temporada aqui na
Escócia?
— Gosto sim, muito mesmo. De sua companhia em particular. —
Sebastian sustentou o olhar dele por mais tempo do que deveria e ficou feliz
em vê-la corar. Sim, ela já estava um pouco encantada por ele. Não seria
tarefa árdua ganhar a mão dela e o lar dele em uma só tacada.
ELIZABETH VOLTOU sua atenção para a sopa brose de couve, um caldo
rico em cor, cheirando a legumes que acabara de ser colocada diante dela,
perguntando-se por que Lorde Hastings diria algo tão inapropriado. Ele
gostava da companhia dela, o que era muito bom, mas ele não deveria ter
dito de tal maneira. O que aconteceu com o homem?
Embora ela não se incomodasse com a companhia dele, também era
cautelosa. A atenção marcante não fazia sentido. Ela era conhecida como
“Lizzie Atrai-Sorte”. Atrair maridos para as outras era meio que o dom
dela. Embora ele possa acreditar estar a salvo com ela por ser homem e não
mulher, poderia não ser a verdade. Não se todos os olhares de admiração
direcionados a ele eram qualquer indicação.
Ela o estudou enquanto ele tomava um gole de vinho, e sentiu-se
tremular por dentro ao fazê-lo. Ele era muito bonito. Não era surpresa que
as mulheres se reuniam em torno dele, que toda Edimburgo estava agitada
com a presença dele na cidade este ano.
— Estou muito desapontado por não a encontrar quando esteve em
Londres pela última vez. Prometa-me que amanhã à noite guardará a valsa
do baile de máscaras para mim.
— Claro, se é o que deseja. Não me pediram nenhuma dança ainda,
então escreverei seu nome no meu cartão de dança quando me retirar para a
noite. — Elizabeth voltou-se para a refeição. Se ela se concentrasse na sopa,
o homem ao lado dela decerto seria menos distrativo. A ideia de ele
conversar com ela por interesse próprio não era nada que ela tivesse
considerado ainda. Seu azar no passado foi tamanho, que ela passou a
descartar sem pensar que ninguém a consideraria bonita.
Sua Senhoria parecer genuíno em seu foco nela era uma diversão bem-
vinda. Uma mudança agradável de suas Temporadas passadas.
O tilintar em cristal chamou a atenção dela, e ela ergueu o olhar para ver
o pai de Georgina, o Conde Cathcourt, de pé na cabeceira da mesa, sorrindo
para todos. Ele era um cavalheiro de aparência jovial e conhecido por sua
bondade com os outros.
— Senhoras e senhores, deixem-me dar-lhes as boas-vindas a Teebrook.
Minha filha e eu esperamos que sua estada seja agradável, e memorável
também.
As senhoras sentadas ao longo da mesa sorriram em doce acordo, os
homens assentiram. Elizabeth divertiu-se ao notar que as duas mulheres
mais interessadas nas palavras de Lorde Cathcourt eram as tias idosas de
Julia. Talvez o pai de Georgina conseguisse distrair as irmãs durante o baile
para que Julia se divertisse sem ressalvas.
— Georgina. — o conde gesticulou para a filha. — Você queria dizer
algumas palavras.
— Sim. Obrigada, papai. — Georgina se levantou. — Eu também
queria dar as boas-vindas e agradecer a todos por viajarem até aqui apesar
do breve sobreaviso. O baile de máscaras, com certeza, será uma noite
mágica, e esperamos que todos aproveitem a curta estada aqui. Após o
jantar desta noite, haverá música, carteado, e se alguém estiver inclinado,
dança na sala verde, que para aqueles que ainda não visitaram a casa, é o
grande salão do castelo original.
Uma conversa abafada e animada soou pela mesa, e Elizabeth precisou
admitir que a pequena festa seria emocionante, poderia até fazer alguém
não querer voltar para Edimburgo.
— Espero que todos tenham uma estada adorável e voltem para nos ver
muito em breve. — Georgina sentou-se, sorrindo para os convidados.
Lorde Cathcourt ergueu a taça em um brinde ao discurso de sua filha.
Elizabeth ergueu o dela e virou-se para ver Lorde Hastings observando-a,
um pequeno sorriso brincando na boca.
— Aos bailes de máscaras, minha senhora. — ele disse, batendo a taça
contra a dela.
— Claro. — Elizabeth respondeu, sem saber como reagir a um homem
que a olhava como se quisesse devorá-la, assim como um lobo abordaria
um coelho.
Ser cortejada era uma experiência toda nova para ela. Quando em
Londres, ela supunha que ser escocesa era um revés. Com cabelos ruivos
ardentes e sardas no nariz, ela não se iludia, sabendo não ser tão perfeita
quanto os ingleses gostavam de suas damas. Ela era um pouco arredia,
opinativa, e seus cabelos tinham vontade própria na maioria das vezes.
Lorde Hastings não se importava com suas peculiaridades? Que inusitado,
se assim fosse.
Que sedutor.
CAPÍTULO 5

E LIZABETH, COM JULIA E GEORGINA, desceu as escadas e


caminhou pelo salão de baile antes que os outros convidados chegassem.
Muitos dos convidados estavam hospedados no castelo, enquanto alguns,
que estavam em propriedades próximas, viriam na próxima hora.
O cômodo era tudo o que se podia desejar para um baile de máscaras.
Sedutor, sigiloso e decadente. Centenas de velas de sebo queimavam nos
lustres acima de suas cabeças. Flores e tecido preto translúcido
entremeavam-se no teto, fazendo o ambiente parecer menor e mais
pecaminoso aos olhos. Algumas das grandes esculturas de porcelana foram
trazidas para dar a aparência de grandeza, coroas em miniatura colocadas
em cima de suas cabeças para marcá-las como estátuas reais.
Havia ouro em todos os lugares, e no curto tempo que Georgina teve
para se preparar para este baile, Elizabeth não sabia dizer como ela
conseguiu fazê-lo tão bem, mas o fez. O lugar estava magnífico. A
orquestra também usava libré preta e dourada, como o uniforme dos lacaios
que serviriam no baile.
— Está incrível, Georgina. Esta noite decerto será o lugar para se estar,
um evento para se comentar por toda a Temporada. — Elizabeth envolveu
as mãos de Georgina, apertando-as. — Como é inteligente.
Julia sorriu, girando para assimilar tudo.
— Estou admirada, de verdade. Esta noite será tão prazerosa. Mal posso
esperar.
— Fico feliz que gostem. — Georgina disse, caminhando para a
orquestra e avisando que poderiam começar. — Eu queria que fosse
mágico, e creio que consegui. — ela se voltou para as amigas. — Vocês
duas estão deslumbrantes. Lorde Hastings e Lorde Bridgman não saberão o
que os atingiu quando virem as duas.
Julie corou, e Elizabeth baixou o olhar para o vestido. Por decreto das
amigas, ela estava vestida como Peito, a deusa do amor e da sedução. As
vestes que ela usava com certeza eram sedutoras, e quando ela viu o vestido
pela primeira vez, um arrepio de cautela a percorreu de tão risqué que era.
Seu rosto estava coberto com uma máscara dourada, disfarçado com um
colar de diamantes. Elizabeth pintou os lábios com um vermelho profundo,
e pela primeira vez em toda a vida, ela não se sentia ela mesma. O vestido
de seda preta e dourada a fazia sentir-se ousada e sedutora, assim como a
deusa, assim supunha.
Georgina juntou-se ao pai assim que ele entrou no salão, e os dois
tomaram seus lugares perto da porta para receber os convidados que
começavam a aparecer. Elizabeth e Julia passaram pelas portas do terraço,
abertas plenamente esta noite para permitir que os convidados passeassem
no terraço e jardins além.
— Você está linda, Julia. Acredita que deve encontrar Lorde Bridgman
quando ele chegar? Por mais que negue as insinuações, sei que gosta dele.
Julia sorriu, os olhos brilhando atrás da máscara negra.
— Gosto dele, e gosto ainda mais de provocá-lo. Creio que vou
reconhecê-lo. Ele deixou escapar que viria como o Rei Henrique VIII. As
vestes, de estilo Tudor único, vão entregá-lo se as feições não o fizerem.
— Acredita que pode haver algo entre vocês após a Temporada
escocesa? — Elizabeth perguntou, curiosa com os pensamentos da amiga.
Julia era mais reservada do que ela e Georgina, não com suas opiniões em
geral, mas com relação a seus pensamentos sobre o amor, sim.
— Talvez. — ela disse, dando de ombros. — Teremos que ver se os
beijos de Lorde Bridgman são tão pecaminosos quanto suas palavras. Até
lá, não tomarei decisão alguma.
Elizabeth riu e bebeu a champanhe.
— Gosto de Lorde Hastings, mais do que pensei que gostaria de um
inglês. O jeito que ele olha para mim às vezes. — o coração dela bateu
rápido ante a memória do olhar dele no jantar da noite anterior.
Determinação foi a palavra que veio à mente, junto de desejo. — Creio que
gostaria de beijá-lo também, para decidir se ele combina comigo.
Julia riu, e mais pessoas se reuniam no salão. Elas falaram com todos
que vieram até elas para desejar-lhes uma noite agradável, e não demorou
até que o ambiente estivesse abarrotado de convidados. A dança se iniciou,
e o zumbido alto de conversas fazia ser quase impossível ouvir uns aos
outros falar.
Pensar em ver Lorde Hastings outra vez, a fez sentir o nervosismo
pinicar a pele. Nenhum homem jamais a fez sentir tanta emoção, e embora
gostasse da ideia de o ter flertando, ela não conseguia deixar de se
preocupar que não era genuíno. Ela foi tão azarada no passado que não
podia afastar o medo de que seria o mesmo com Sua Senhoria. Que outra
mulher valsaria na frente dele e roubaria sua atenção, e ela seria esquecida
na multidão.
— Lorde Hastings está vindo para cá, Elizabeth. Creio ser ele perto da
estátua grega. — Julia meneou a cabeça na direção que indicou, e Elizabeth
virou-se para ver se ela estava correta.
A respiração em seus pulmões se perdeu. Sua mente se atrapalhou em
busca de palavras. Ele estava vestido com um clássico. Um dominó preto e
longo sobre os ombros e uma máscara cobrindo metade do rosto, deixando
metade dos lábios e um olho visível.
Ele se dobrou em um arco diante delas, um sorriso provocante nos
lábios.
— Lady Elizabeth, Lady Julia, as duas estão muito bonitas. — Sua
Senhoria virou-se para Elizabeth, a atenção dele assimilando cada parte
dela, como uma carícia física. Ela respirou fundo, lutando para recuperar o
juízo.
O que havia de errado com ela? Ela estava tão desesperada por um
marido que via interesse onde não havia nada a ser visto? Pelos céus, que
tristeza se fosse verdade.
— Espero que não tenha se esquecido de nossa dança, minha senhora.
— ele apertou a mão dela, beijando o topo das luvas de seda douradas. Os
olhos dele encontrando os dela ao tocar os lábios na mão dela.
— Eu não me esqueci, meu senhor. — ela conseguiu dizer, ignorando o
tremor nervoso na própria voz.
Ele sorriu e parou ao lado dela. Lorde Bridgman não estava muito atrás
do amigo, e ele logo arrebatou Julia nos braços, rumo à área de dança para
um carretel escocês.
— Eu sabia que era você assim que entrei no salão. Creio que a
reconheceria em qualquer lugar.
Elizabeth riu, balançando a cabeça.
— Mesmo, meu senhor? Minha fantasia é tão ruim para que me
identifique em uma multidão com tanta facilidade?
Ele estendeu a mão, pegando um cacho solto e deslizando-o pelos
dedos. O coração dela pareceu parar, a mente forjando imagens das mãos
dele acariciando outras partes dela com esses mesmos movimentos.
— São seus cabelos, sabe. Um vermelho tão bonito e rico, faz alguém
querer passar os dedos por ele para ver se ele chamuscaria a pele.
Elizabeth não conseguia formar palavras. Ninguém jamais disse que
seus cabelos eram bonitos E ainda assim, a maneira como Lorde Hastings a
olhava neste mesmo instante, ela quase conseguiu acreditar que ele falava
sério.
— Estamos na Escócia. Há muitos de nós com cabelos desta coloração.
Creio que está flertando comigo, meu senhor. — e ela amava que ele
estivesse. Nunca alguém mostrou tanto interesse nela. Os cavalheiros que
visitaram seu lar de infância, o Castelo Moy, sempre foram cautelosos com
a presença de seu irmão. A irmã do laird era alguém com quem se tratar
com educação, jamais pensar em mais do que amizade.
O irmão dela tinha um jeito de assustar a maioria dos pretendentes se
pensasse que tais homens agiam com muita ousadia. Seu tempo em Londres
foi manchado pelo apelido que ganhou. Os homens ficavam longe dela por
medo de acabarem se casando com as mulheres que se reuniam no entorno.
Ela sentiu-se feliz ao voltar para casa, para Moy.
— Talvez eu esteja. Seria tão ruim se fosse o caso?
Os olhos dele brilhavam atrás da máscara negra, observando, sorvendo
cada palavra dela, cada reação a ele. Ele era cativante, a fazia querer coisas
que acreditava nunca ter querido até ali. Os lábios dele levantaram-se em
um sorriso consciente, e ela teve o desejo esmagador de tocar os lábios nos
dele. Para ver ela mesma se aqueles lábios eram tão macios quanto
pareciam.
Ela suspirou por dentro, sabendo que seria um beijo excelente. Junto
desse pensamento veio outro, perturbador, de que outras mulheres
gostariam de estar nos braços dele. Mulheres que ele seduziu como tentava
seduzi-la. Todas raposas escusas.
— Pode não ser tão ruim, mesmo que seja inglês.
Ele apertou o peito em mágoa fingida.
— Não me machuque, Lady Elizabeth. Nunca sobreviverei à dor de sua
rejeição.
Os acordes de uma valsa soaram, e ela deixou a taça de champanhe de
lado, alcançando a mão de Lorde Hastings.
— Hora de dançar, meu senhor. Pode me lisonjear enquanto giramos
pelo salão.
CAPÍTULO 6

S EBASTIAN SORRIU, segurando a mão de Lady Elizabeth com


mais força ao levá-la para o centro. Ele puxou-a para os braços, mantendo-a
perto e perdendo-se em seus olhos verdes brilhantes. Quando ela queria, ela
podia ser muito divertida, mais do que ele pensava que seria após o
primeiro encontro.
A mão dela se encaixava na dele com conforto, o corpo alinhado à
perfeição à figura dele. Dançar com ela pela primeira vez o fez perceber
que ela era da altura perfeita. A ideia de ver as pernas longas, acariciar as
meias de seda e deslizá-las pela pele de cetim dela, o fez puxar um fôlego
profundo, calmante.
— Mencionou que agora somos vizinhos, meu senhor. Possui a Mansão
Bragdon faz muito tempo, ou é uma aquisição recente?
— Dois anos mais ou menos. Foi a propriedade que meu irmão me
deixou após sua morte. Veja, eu não deveria ser o Conde de Hastings. Eu
era o segundo filho. — Sebastian impediu-se de dizer mais ou revelaria que
seu irmão queria que ele tivesse a Mansão Bragdon porque se erguia ao
lado de Halligale, a propriedade que Lady Elizabeth agora possuía.
— Seu irmão parece ser um bom homem para presenteá-lo com uma
propriedade tão impressionante. Sempre admirei a Mansão Bragdon.
Gostaria de vê-la um dia se não se importar com uma visitante.
— Eu não me importaria. — ele puxou-a para um giro rápido, rindo de
volta quando ela riu da travessura. — Conte-me, Lady Elizabeth. Diz que
seu irmão lhe deu Halligale. A propriedade sempre esteve em sua família?
— ele perguntou, tentando descobrir o quanto ela sabia da aquisição da
propriedade.
Ela balançou a cabeça, o olhar sobre o ombro dele em reflexão, antes de
nivelar com o dele.
— Não, é uma nova propriedade que meu irmão comprou há dois anos,
creio eu. No entanto, eu a adoro. Dois séculos atrás, era a casa de uma
tataravó minha pelo lado da minha mãe. É bom tê-la de volta na família.
— Verdade? — Sebastian disse, não sabendo dessa pequena
informação.
Então, tanto ele como Elizabeth detinham uma conexão emocional com
a propriedade. Tornava o que ele estava tentando fazer, garantir um
casamento entre eles, um pouco menos brutal, considerando que ele não
amava a mulher em seus braços. Ambos amarem a propriedade aplacava
sua culpa até certo ponto. A casa deveria ser de ambos, um lar que os dois
seriam capazes de desfrutar, não apenas Elizabeth.
— Seu irmão comprou a propriedade?
Ela mordeu o lábio, e ele teve a nítida impressão de que ela estava
tentando pensar em algo a dizer além da verdade.
— Ele adquiriu-a em Londres, eu suponho. Não conheço os detalhes. —
ela encontrou seu olhar, estudando-o um instante. — Está muito interessado
em Halligale, meu senhor. Por quê? — ela perguntou sem rodeios,
sobressaltando-o.
Ele balançou a cabeça, olhando por cima do ombro dela, para os demais
dançarinos.
— Estou apenas curioso sobre meus vizinhos, nada mais.
Ele não disse mais nada por medo de dizer algo que a fizesse suspeitar
dele. Para ganhar seus afetos, ele precisava ser tudo o que ela queria em um
marido: carinhoso, flertador, apaixonado. Se ela descobrisse que a única
razão para ele se casar com ela era para recuperar a casa de infância, ela
correria para as Terras Altas, e ele nunca mais a veria.
— Talvez, quando eu visitar a Mansão Bragdon, o senhor possa vir me
ver em Halligale, e sua curiosidade em relação à propriedade será saciada.
Os dedos dela deslizaram para mais perto da nuca dele, e calor lambeu a
pele. A música os envolvia, e ele tirou os olhos dos outros dançarinos,
voltando a prestar atenção nela. Ela seria uma doce esposa a se ter, e não
seria problema algum tê-la na cama. Ele a apreciaria debaixo dele, em cima
dele, diante dele…
Sebastian engoliu em seco.
— Está me encarando, Lady Elizabeth. Eu a ofendi de alguma forma?
— ele perguntou, precisando controlar os pensamentos rebeldes.
— Só estou curiosa, nada mais. O senhor é um dos cavalheiros mais
falados na Escócia este ano. Muitos estão satisfeitos por ter se juntado ao
nosso pequeno grupo social e participar da Temporada aqui. Apenas desejo
saber o que traria um conde, um partido elegível que muitas jovens
debutantes gostariam de ter como parceiro de dança, até tão longe como a
Escócia. É fora do comum, devo dizer.
— Não me diga que quer que eu vá embora, minha senhora. Já está farta
de mim? — ele estava provocando-a, mas as perguntas sobre as motivações
dele estavam muito além dos limites. Ela não precisava saber de nada, e se
ele fosse cuidadoso, nunca saberia.
— Não o conheço bem o suficiente para saber se desejo que vá ou não,
mas é bom ter mais do que o nosso círculo habitual na cidade.
— É um prazer estar aqui. — ele retrucou, girando-a para uma parada já
que a valsa acabara. Ele a guiou de volta para onde Lady Julia estava,
falando com Lady Georgina. Sebastian inclinou-se sobre a mão de Lady
Elizabeth, beijando-a. — Estou ansioso para dançarmos novamente, e em
breve. — ele disse, girando para procurar Rawden.
Por mais que ele gostasse, não poderia passar a noite inteira com Lady
Elizabeth nos braços. Ele faria o papel de cavalheiro educado e dançaria
com outras, mas ele a procuraria nas horas mais avançadas. Para se ganhar
o coração de alguém, é preciso determinação, ou foi isso que ele ouvia as
matronas da Sociedade afirmar para suas tuteladas nas poucas vezes que ele
se incomodou em ouvir tais conversas.
Ele espiou Rawden bebendo uísque perto das portas do terraço.
Juntando-se a ele, ele pegou uma taça de vinho de um lacaio que passava.
— O baile está indo bem. Como está o flerte com Lady Julia? Parece
bastante apaixonado por ela.
Rawden sorriu, saudando-o com a bebida.
— Muito bem, obrigado. Posso até conseguir roubar um beijo mais
tarde esta noite se ludibriá-la até os jardins.
— Hm. Desejo-lhe boa sorte nisso.
A ideia era de mérito, e ele voltou o olhar para onde ele deixara Lady
Elizabeth, pensando em tentar um movimento semelhante. Ela seria uma
participante voluntária de um beijo? Se ele queria se casar com ela, deveria
descobrir se havia alguma faísca sexual da parte dela, quando ele a beijasse.
Com toda a certeza, cada vez que ele a tocava, sentia-se relutante em deixá-
la. Um casamento funcionaria entre eles, ou assim ele estimava.
— Você mesmo deveria tentar, Hastings. Pelo que ouvi, Lady Elizabeth
é um grande partido na Escócia, não importa se a Temporada Londrina foi
desastrosa. Sabia que a cunhada dela é irmã de Marquesa Graham e irmã do
Sr. Stephen Grant, que se casou com Lady Clara Quinton, a única filha do
Duque de Law?
Sebastian franziu a testa, tendo se esquecido completamente das
conexões que Lady Elizabeth possuía com a alta sociedade na Inglaterra.
Mais uma razão para ela e sua família nunca descobrirem por que ele queria
se casar com ela. Não até que tudo estivesse consumado, pelo menos. Eles o
odiariam por toda a eternidade, por enganar sua Elizabeth para ser esposa
dele, mas isso não importaria, não se ele tivesse Halligale de volta.
— Eu havia me esquecido, está certo.
— Ainda continuará com seu plano? Assim que ele descobrir que você
está cortejando a irmã dele, o irmão dela com certeza colocará um fim a
tudo isso. Ele saberá discernir seu interesse pelo que é. Um meio de
recuperar a propriedade que ele ganhou do seu irmão nas cartas. Eu
sugeriria, como seu amigo… — Rawden disse, cruzando o coração com a
mão. — …para desistir disto. Por mais que ela seja bonita, espirituosa e
elegível, só causará dor a ela se enganá-la para conseguir um casamento.
Sebastian franziu a testa, voltando-se para Rawden.
— De que lado está? Não deveria ser meu amigo? Me apoiar?
Rawden o encarou de volta.
— Sou seu amigo, e por isso faço essa advertência. Se parar, ninguém
se machucará, e nenhum laird terá sede de sangue inglês.
Ele deu de ombros.
— Eu gosto de uma boa luta de espadas de vez em quando, e a
dissimulação de Mackintosh para ganhar Halligale do meu irmão precisa
ser retratada de qualquer forma. Talvez eu precise garantir não haver como
ela me recusar. Halligale já será minha quando a hora chegar.
Rawden ficou boquiaberto.
— Você a arruinaria para conseguir o que quer?
— Outros fizeram o mesmo antes de mim. — Sebastian olhou para onde
Elizabeth estava, sorrindo com as amigas, os lábios de um vermelho-rosado
profundo, que fazia o sangue dele bombear com força nas veias. Não, ele
não poderia arruiná-la para conseguir seus objetivos, não importa o quanto
mais fácil esse caminho fosse. Ele queria que ela o escolhesse porque o
queria acima de qualquer um. Não porque ele a seduziu, e eles foram pegos.
— Pare de me encarar, Rawden. Não vou seduzi-la. Desconsidere meu
comentário anterior. Foi infeliz.
Com aparente satisfação, Rawden assentiu, mudando de assunto para os
eventos que os esperavam em Edimburgo em seu retorno.
— Então, de acordo com todos os relatos, somos cavalheiros bastante
populares este ano.
— Ouvi falarem disso. — Sebastian disse, espiando Lady Elizabeth e a
amiga Lady Julia fugindo do baile pelas portas do terraço. — Venha, vamos
tomar um pouco de ar fresco escocês. A noite está mais quente do que eu
esperava, e nos revitalizará para o final de noite que nos espera.
Rawden concordou, e eles caminharam para fora do salão, chegando ao
grande terraço de pedra, com vista para o terreno. Havia tantas pessoas no
terraço quanto parecia haver do lado de dentro da casa. Tornava quase
impossível descobrir para onde suas intenções haviam ido.
— Ela saiu, não saiu? — Rawden perguntou, o tom entediado.
— Sim. — Sebastian disse rindo, avançando. — Venha, ela saiu com
Lady Julia. Talvez você possa persuadi-la a dançar com você e me dar mais
tempo com Lady Elizabeth.
Rawden suspirou.
— Se for preciso. Mostre o caminho.
CAPÍTULO 7

S EBASTIAN LEVOU vários minutos para encontrar Lady Elizabeth


e Lady Julia, mas, por fim, ele as viu no gramado bem cortado. Lanternas
acesas foram penduradas de árvore em árvore, iluminando o espaço. Ela
estava falando com um escocês alto, e quando ela estendeu a mão, beijando
as bochechas do homem, uma picada de raiva ciumenta o atravessou.
Quem era esse desgraçado que ousava tocá-la? O homem a abraçou de
volta, um sorriso amplo.
Droga, ela tem um namorado?
Ela se virou e o viu, e seu sorriso aumentou.
— Lorde Hastings. Lorde Bridgman. — e gesticulou para que eles se
juntassem ao grupo. Ele o fez, ignorando a verdade de que o rosto dele não
conseguia conjurar um sorriso. Parecia preso em uma carranca.
— Este é um velho amigo da família, Angus, Laird Campbell. Ele é o
melhor amigo do meu irmão desde a infância. — o camarada apertou a mão
de Elizabeth, colocando-a em seu braço. Ele assentiu para Sebastian.
— É um prazer conhecê-lo, Lorde Hastings. Espero que estejam tendo
momentos agradáveis na Escócia.
Sebastian estudou os dois, imaginando se havia algo entre eles de que
não estava ciente. O homem havia viajado até aqui para ficar perto de
Elizabeth? Passar um tempo com ela longe da loucura que era a Temporada
de Edimburgo? A amizade deles ia além do platônico?
— Estamos sim, obrigado. Vem sendo agradabilíssimo.
O homem sorriu entre eles, e por um instante estranho, Sebastian não
teve certeza do que dizer. Como quebrar o silêncio.
Elizabeth gesticulou para ele.
— Lorde Hastings será meu vizinho, Angus. Ao conhecer Sua Senhoria,
descobri que ele é dono da Mansão Bragdon, ao lado de Halligale. Vamos
vê-lo com frequência, creio eu.
— Ó, aquela é uma bela propriedade. — Laird Campbell disse. —
Quando o irmão de Elizabeth, Laird Mackintosh, visitou a propriedade ao
lado da sua, vimos a propriedade a partir da fronteira. No entanto, imagino
que possua outras na Inglaterra?
— Sim, tenho. Na verdade, duas. A Abadia de Wellsworth perto de
Netherfield, Nottinghamshire, e uma casa em Londres na Praça Grosvernor.
— não que ele fosse visitar uma dessas propriedades nos próximos vários
meses, não se ele quisesse ganhar a mulher que neste segundo abraçava e
sorria para Laird Campbell com algo semelhante à adoração.
Sebastian não gostou de vê-la tão apegada a outro homem, e não
conseguia explicar muito bem o porquê. Ele sabia que a queria como
esposa. Precisava recuperar sua casa de infância, a casa onde a mãe nasceu
e foi criada, onde ele passou tanto tempo como um menino com seu irmão
antes de a vida, e os vícios, o mudarem para sempre. E não para melhor.
Contudo, por que ele estava se sentindo tão desconfortável, tão irritado
com ela segurando o braço do laird? Ele não era ciumento. Ver uma mulher
que ele cogitava cortejar, ou uma que ele pretendia conhecer nunca gerou
tanta ira, tanto aborrecimento nele.
Sebastian engoliu em seco, passando a mão pelos cabelos. Ele olhou
para ela e encontrou-a observando-o, uma luz curiosa nos olhos.
— Lady Julia, dançaria comigo? — ele ouviu, distraído, Rawden
perguntar. Esquecera-se por completo do amigo. Ela concordou e deixou os
três sozinhos.
Quando ele estava prestes a sair, Laird Campbell acenou e gritou para
um cavalheiro atrás de Sebastian.
— Peço desculpas, mas vou deixá-los agora. Eu a vejo lá dentro,
Elizabeth, e teremos nossa dança.
Sebastian acenou uma despedida enquanto o homem passava por ele,
deixando-os sozinhos. Enfim, Elizabeth era só dele.
— Gosta de Laird Campbell. Espero não estar afastando-a dele.
Ela levantou o queixo. A ação acentuou seus lábios exuberantes, ainda
brilhando com rouge.
— De jeito nenhum, meu senhor. Conheço Angus desde criança. Ele é
mais como um irmão para mim do que outra coisa.
Alívio derramou-se através dele. Ela não estava perdida para ele, ainda
não, pelo menos. A não ser que ela recusasse um namoro com ele e a
proposta de casamento que ele faria quando fosse a hora certa.
— Os jardins estão lindos esta noite. Gostaria de passear por eles?
— Se o senhor quiser. — disse ela, afastando-se.
Sebastian a seguiu, logo chegando ao lado dela.
— Que pena que vamos para casa amanhã. Eu gostaria de ter visto mais
desta grande propriedade. Acredito que não vi nada mais bonito em todas as
minhas viagens à Escócia.
Lady Elizabeth olhou para a casa, erguendo-se atrás deles.
— É pitoresca e distinta. Georgina, Lady Dalton, herdou-a após a morte
do marido. Ela a adora, é claro, mas não viu nada mais bonito até que veja a
propriedade do meu irmão, minha casa de infância, o Castelo Moy.
— É tão grandioso? — perguntou ele, querendo mantê-la conversando
com ele o máximo que pudesse.
— É um castelo, com torres e numerosos salões, um grande salão que
ainda usamos com frequência e um lago, é claro. Nenhuma propriedade
escocesa está completa sem um lago.
Ele riu.
— Eu não poderia concordar mais. Espero conhecê-lo um dia.
Ela encontrou os olhos dele e sustentou o olhar. Nem se sua vida
dependesse disso, Sebastian não conseguiria desviar o olhar. De alguma
forma, no tempo em que passearam, eles caminharam por uma trilha
abandonada do jardim, deixando-os fora de vista da casa e do terraço.
Música os alcançava através das árvores, e mesmo com nenhuma
lanterna pendurada aqui, ele ainda conseguia distinguir o rosto bonito de
Elizabeth com o luar acima. Ela parou, virando-se para encará-lo, antes de
estender a mão e retirar a máscara.
— Ah, assim é melhor. Fica tão quente sob essas coisas.
Ele arrancou a própria máscara, feliz por se ver livre dela.
— Aliás, prefiro vê-la como é. — ele deu um passo para mais perto
dela. — Sabe como é deslumbrante, Lady Elizabeth? — ela levantou uma
sobrancelha, e ele pôde ver que ela estava cética com as palavras dele. —
Não acredita em mim?
Um ombro levantou-se em um delicado encolher de ombros.
— Não sou exatamente a dama mais procurada na Inglaterra ou na
Escócia. Não vê por que sou cautelosa com tal bajulação?
— Devido ao apelido que ganhou na cidade. “Lizzie Atrai-Sorte”, não?
Ela estremeceu ao lembrete.
— É em parte por causa disso, mas eu não o conheço há muito tempo,
pode lisonjear cada mulher que encontrar de tal forma. Não sou especial.
Ele estendeu a mão, incapaz de se refrear. Sebastian passou o dedo pela
mandíbula dela, erguendo o rosto dela, para que olhasse para ele.
— Está errada. Tão errada. Eu a considero adorável. — ele não sabia de
onde vinham as palavras. Tudo o que sabia era que eram verdadeiras.
Elizabeth não era nada como as tolas que a rodeavam em Londres,
esperando serem notadas. Ela ser cautelosa com ele, não ser influenciada
por palavras bonitas, significou mais para ele do que ele pensou ser
possível.
Ela era diferente, e ele era diferente quando ao redor dela. A realização
foi uma lição de humildade e reveladora também, e ele precisava pensar
nisso, antes que seus caminhos se cruzem outra vez.
UM ARREPIO DE CONSCIÊNCIA a percorreu a espinha ante a sensação
do toque dele. Eles estavam sozinhos nos jardins, longe de olhares curiosos,
e as palavras dele, ora, palavras tão doces, estavam fazendo coisas estranhas
com ela.
Se ela fosse tão ousada quanto Georgina, ela eliminaria o espaço entre
eles e beijaria Lorde Hastings. O brilho pecaminoso nos olhos dele dizia
que ele não se oporia a tais ações.
— Me acha adorável? Creio que tomou muito vinho esta noite. — ela
sorriu, tentando trazer leveza a uma situação de que ela não sabia se ainda
tinha algum controle. Nunca esteve em tal posição, nenhum cavalheiro
jamais a tocou com tanta intimidade.
Deixou-a desconcertada e insegura do que fazer a seguir.
— Quase não tomei vinho, minha senhora. Não foi o vinho que me
embriagou.
Ai, meu Deus. Ele disse mesmo uma coisa dessas?
— Não gosta de elogios, creio eu. Talvez, não ouviu muitos deles. —
ele estendeu a mão, tomando o rosto dela entre as mãos.
Elizabeth arfou, sem saber o que fazer, o que dizer ou pensar. Ele ia
beijá-la? Ela nunca foi beijada, e agora, nos braços dele, ela não conseguia
pensar em nada que quisesse mais. Ele era tão avassalador, bonito, seus
olhos azuis-escuros e a mandíbula forte, os lábios que a faziam querer
acabar com o vazio entre eles e tocar a boca dele com a dela.
Se ao menos ela conseguisse ser tão ousada.
Como um sonho, ele se inclinou devagar, e então seus lábios pincelaram
os dela. Eram tão macios como ela imaginava, e então o beijo mudou. Ele
fechou a boca sobre a dela, a língua dele escorregando contra os lábios dela,
e um latejar surgiu entre as pernas dela.
Elizabeth estendeu as mãos, cruzando os braços no pescoço dele e se
moldando nos braços dele. Ele soltou o rosto dela, envolvendo a cintura
dela, apertando-a contra ele. Os seios dela rasparam no colete dele,
sensibilizados e mais pesados do que de costume.
A boca dele se movia, provocando-a a abrir-se para ele. Elizabeth
copiou os movimentos, esperando estar fazendo a coisa certa em vez de
papel de boba.
— Isso mesmo, abra-se para mim, querida. — ele beijou-a com tamanha
vontade, que o mundo dela estremeceu, pareceu estar prestes a sumir.
A língua dele deslizou em sua boca, emaranhando com a dela. Ela
gemeu, beijando-o de volta com tanta necessidade, tanto desejo quanto o
que percorria seu sangue como um elixir.
O beijo continuou e continuou, ambos tomando do outro. As mãos dele
deslizaram pelas costas dela, às vezes indo mais baixo do que seria
aceitável em uma dança. Ela queria que ele mergulhasse a mão ainda mais,
que acariciasse sua carne. Pensando bem, ela queria a mão dele em outro
lugar também. Seus seios doíam, os mamilos formigavam. Calor líquido
acumulou-se em seu núcleo, e ela apertou as coxas, querendo saciar o
latejar lá.
Elizabeth segurou um punhado dos cabelos dele, e espalmou a mão na
nuca dele, e deslizou a língua contra a dele. A sensação era estranha, mas
deliciosa. Ele gemeu, e se alguma vez houve um som que ela queria ouvir,
de novo e de novo, era aquele.
Ela recuou, encontrando seu olhar escurecido e nublado.
— Gosta do meu beijo, meu senhor? — ela disse, tomando os lábios
dele mais uma vez.
Ele engoliu em seco, um pequeno sorriso curvando a boca.
— Creio que precisa me beijar de novo. — ele se aproximou para fazer
exatamente isso, e Elizabeth se afastou, segurando-o com a mão.
— Se eu o beijar outra vez agora, pode conseguir tudo o que quer, e não
posso permitir. — ela sorriu quando a compreensão tomou o rosto dele.
Ele sorriu, curvando-se.
— Boa noite, então, Lady Elizabeth.
— Boa noite, meu senhor. — Elizabeth se virou, mordendo o lábio para
impedir que o grito de prazer passasse.
Como era delicioso estar nos braços dele, receber os beijos dele. No
entanto, como ela garantiria receber mais deles? Nenhum homem beijaria
uma mulher como Lorde Hastings a beijou a menos que algum interesse
tivesse sido despertado. Esperança floresceu através dela. Isso significava
que ela enfim receberia uma proposta de casamento, que seria cortejada,
flertaria e seria beijada durante uma Temporada na Escócia?
Ela sorriu, cruzando o gramado e voltando para o terraço, antes de
entrar na casa. Talvez este ano ela seria seu próprio amuleto da sorte e não
de mais ninguém.
“Lizzie Atrai-Sorte”, de fato.
CAPÍTULO 8

E LAS VOLTARAM PARA EDIMBURGO dois dias mais tarde, para


começar a Temporada na cidade. Elizabeth cumprimentou o mordomo na
casa de Georgina, entregando suas luvas e chapéu para um lacaio próximo.
Estavam todas cansadas após a jornada e dias agitados no interior, mas
Elizabeth não podia deixar de se sentir energizada e animada pelas semanas
que viriam.
Ela assistiu Lorde Hastings deixar a propriedade rural no dia seguinte ao
baile de máscaras. Poucas horas após o beijo nos jardins. Ele olhou para
trás, para a propriedade, antes de subir na carruagem, e ela não pôde deixar
de se perguntar, de ter esperanças, se ele a estava procurando. Olhando para
trás para ver se ela estava assistindo à partida dele.
Claro que ela estava assistindo. Ela não parou de pensar nele desde o
instante em que ele a beijou. E que beijo glorioso foi aquele.
Ele já estaria de volta a Edimburgo, e ela esperava que ele estivesse no
baile que ela e as amigas compareceriam em poucas horas. Elizabeth entrou
na sala da frente, indo até a bandeja de prata ver para que outros eventos
foram convidadas desde que deixaram a cidade.
Ela chafurdou as missivas, ouvindo por alto Georgina e Julia discutirem
seus vestidos de viagem enrugados, antes de Georgina pedir chá e refrescos
para a sala de estar que ocupavam.
— Ó, estou tão feliz por estar de volta à cidade, e que belo baile de
máscaras deu, Georgina. Tenho certeza de que todos estão falando dele. —
Julia disse, caindo em uma cadeira próxima.
— Claro que estão, mas acabei de saber de algo. — Elizabeth disse,
segurando uma missiva e balançando-a no ar. — Marianne Roxdale dará
um baile ao ar livre. Ela afirma em sua carta que é para ser uma emulação
de uma noite no Covent Garden em Londres.
Georgina bufou irritada.
— Ela faz isso para fazer do seu evento o evento da Temporada. Como
ela se atreve a competir de tal forma, e tão logo após o meu entretenimento?
É porque garanti as afeições de Lorde Dalton, e ela não. Não que tenha sido
de grande serventia, já que ele morreu dois anos após o nosso casamento.
Ela tem a sorte de o marido ainda estar vivo.
Julia riu, dando um tapinha no assento ao lado dela para Georgina se
sentar.
— Essa é uma declaração bastante insensível, minha querida. Seria
melhor se não dissesse essas palavras novamente para ninguém além de
nós. Vão pensar que é insensível.
— Eu sou insensível. — Georgina afirmou sem espaço para
argumentação.
Elizabeth se juntou a elas assim que os refrescos e sanduíches foram
trazidos.
— Será que verá Lorde Bridgman no baile hoje à noite, Julia? Vejo que
ele a complementa bem, e parece bastante encantado com a você,
mostrando certo intelecto. O que, em geral, fica mascarado por seus modos
patifes.
Julia sorriu.
— Eu posso vê-lo esta noite, mas o que eu gostaria é de uma resposta
para onde você foi quando desapareceu na noite do baile de máscaras. Eu a
vi sair para o terraço com Lorde Hastings e desaparecer nos jardins.
Elizabeth não contou às amigas o que houve. Por alguma razão, ela
queria manter para si, algo que só ela poderia saborear e sonhar. Durante a
viagem de carruagem de volta para Edimburgo, ela garantiu que falassem
de toda e qualquer coisa que não tivesse nada a ver com o cavalheiro
ocupando sua vida no momento.
Se ela contasse às amigas de suas esperanças, tornaria a partida dele
para Londres após a Temporada duas vezes mais difícil, e ela ainda estava
sem uma proposta. A humilhação seria quase insuportável se apenas ela
soubesse dessas esperanças, imagine se as amigas soubessem.
— Caminhamos pelos jardins, tomamos ar, só isso. Nada aconteceu
entre nós, e nada acontecerá, tenho certeza. Somos amigos, nada mais.
— Ó. — Julia disse, decepção em seu rosto. — Bem, não importa.
Tenho certeza de que agora que estamos de volta à cidade, e conseguirem se
conhecer melhor, de que ele logo cairá a seus pés envoltos em seda,
implorando que seja a esposa dele. Ninguém com juízo a deixaria escapar.
— Eu concordo. Julia está certa. Ele seria um simplório se não se
interessar em sua doçura.
— Veremos o que acontece, mas não terei esperanças, não em relação a
Lorde Hastings ou qualquer outro. Estou em Edimburgo para aproveitar a
Temporada daqui com minhas duas melhores amigas. É prazer suficiente.
Georgina sorriu e tomou o chá.
— Concordo. Os homens complicam a situação mesmo. Eles deixam
nossas mentes confusas, incapazes de pensar direito. Quando me casei com
Lorde Dalton, e após nossa noite de núpcias, eu pensei que jamais voltaria a
raciocinar direito. Um olhar, um toque, e eu me via impotente a seus
encantos. — ela suspirou, e abriu um sorriso triste. — Até que tenham um
homem que as amem como Lorde Dalton me amou, todos nós manteremos
nossas opções abertas e não seremos enganadas por palavras bonitas ou
beijos devastadores.
Elizabeth encontrou o olhar cortante de Georgina e esperou que o calor
florescendo em seu rosto não fosse visível. Georgina sabia do beijo de
Lorde Hastings? No futuro, ela precisaria garantir que fosse mais
cuidadosa. A última coisa que ela precisava era ser forçada a se casar com
um homem que a via como uma distração de uma Temporada e nada mais.
Um casamento sem amor era um estado que ela não podia suportar.
Seu irmão se casou por amor, ele adorava a esposa, e Elizabeth queria o
mesmo tipo de compromisso. Qualquer coisa a menos não seria aceita.

Elas chegaram ao baile mais tarde naquela noite, quando o evento já estava
a todo vapor. Cada uma delas, exausta após a viagem, passou a tarde
dormindo e descansando. Agora, revigoradas e prontas para se jogar ao
fulgor da Temporada, entraram no salão e cumprimentaram os anfitriões
antes de cada uma das três pegar uma taça de champanhe de um lacaio que
passava.
Marianne Roxdale passou por elas e as cumprimentou, em especial
Georgina, com um aceno frio de boas-vindas, antes de desaparecer na
multidão.
— Creio estar certa, Georgina querida. Marianne resolveu organizar o
tal evento ao ar livre para irritar você. Parece que não a perdoou por ganhar
os afetos de Lorde Dalton.
— Pois é, decerto dá esta impressão.
Elizabeth analisou os arredores, assimilando os presentes. Ela baixou o
olhar para o vestido de seda de um tom de verde-esmeralda escuro. O
bordado dourado bonito no corpete era seu detalhe favorito nas vestes. A
cor combinava com ela, e ela não podia deixar de esperar que Lorde
Hastings estivesse presente para ver.
Uma voz em sua cabeça a provocava por ela ter escolhido um de seus
melhores vestidos na esperança de que ele a visse, ficasse satisfeito e
elogiasse sua aparência.
Ela tocou na cruz incrustada de diamantes em seu pescoço, brincou com
ele, o nervosismo provocando ondas em seu âmago por não o ver ali. Havia
muitas festas e bailes na cidade esta noite. Ele poderia estar em outro
evento.
— Vamos dar uma volta no salão? — disse Georgina, partindo, Julia ao
seu lado.
Elizabeth as seguiu, parando para falar com os convidados que
conhecia. O baile ao ar livre de Marianne Roxdale estava em todas as
conversas.
Deixando o pequeno grupo um pouco depois, ela se virou para
encontrar Georgina e Julia, mas não as via em lugar algum. Continuando,
ela observou os dançarinos enquanto dava a volta no salão, antes de bater
de nariz em um peito musculoso, bem à frente dela.
— Ó, peço perdão. — ela disse, recuando e segurando a taça de
champanhe para o lado, para impedir-se de jogar a bebida no cavalheiro, e
nela mesma.
— Boa noite, Lady Elizabeth.
Choque a tomou ante as palavras quase cantadas. Seus olhos voaram
para cima, encontrando os de Lorde Hastings.
— Você veio. — ela soltou, esquecendo-se por um instante de onde
estava e desejando poder retirar o que disse. — Quer dizer, boa noite, meu
senhor. Não sabia que estava aqui.
— Acabei de chegar. — ele afirmou, pegando a mão dela e beijando os
dedos enluvados. A respiração em seus pulmões ficou suspensa, e se ela
fosse do tipo frágil que desmaia, ela tinha certeza de que estaria cheirando
sais nesse segundo. Aquele rosto diabólico de bonito, os olhos dominados
por intenção pecaminosa, a faziam querer esquecer do baile e sair do salão,
ir para longe de todos aqui, para que pudessem ficar a sós.
O que mais ele poderia fazer com você se estivessem sozinhos?
O pensamento veio do nada, e o calor floresceu em seu rosto, não era a
melhor aparência para uma mulher ruiva com sardas.
— Dança comigo? — ele perguntou, sem soltar a mão dela.
Elizabeth sentiu-se assentir e permitiu que ele a levasse para a área de
dança. Os acordes de uma dança campestre soou, e casais correram para
tomar seus lugares. Elizabeth se colocou ao lado de Lorde Hastings,
sentindo como se seu coração estivesse prestes a sair do peito, de tão rápido
que batia. O homem a deixava nervosa, deixava-a em polvorosa por dentro.
Significava que ela gostava dele tanto quanto esperava que ele gostasse
dela? Ela fez uma oração silenciosa pedindo que fosse esse o caso, e que ela
não fosse a “Lizzie Atrai-Sorte” para outros aqui na Escócia também.
A dança começou, os passos os afastavam só para os juntarem mais uma
vez. Os olhos dele, azuis-tempestade, focados nela, não se desviavam para
os casais que os rodeavam. Ele era dominador, tornando impossível se
concentrar em qualquer outra coisa.
— Fico feliz em vê-la de volta à cidade, Lady Elizabeth. Senti falta de
dizer adeus antes de deixar a propriedade de Lady Dalton.
— Saiu cedo, meu senhor. Eu ainda não havia me levantado quando
partiu. — ela mentiu, pois estava de pé há várias horas, incapaz de dormir
após o que aconteceu entre eles no baile. O beijo, as mãos dançantes, o
gemido dele.
Querido Deus, aquele som que ele fez quando a língua dela tocou na
dele. Mesmo agora, ela queria repetir o abraço, ouvi-lo de novo, tê-lo contra
ela, nela. Isso deveria ser o que sua cunhada Sophie quis dizer com “desejar
o marido”, que este era um ingrediente essencial e necessário para um
casamento feliz e agradável.
Desejo…
Isso significava que ela desejava Lorde Hastings? Era isso que ela
estava sentindo? Gostava muito dele também, pois era divertido e um
dançarino adorável, mas fora isso, ela não o conhecia muito. Só que o irmão
dele morreu, e ele herdou o título do pai.
— Devo perguntar, meu senhor. O que gosta de fazer quando não está
cortejando mulheres como eu, ou dançando todas as noites em bailes e
festas?
— Bem. — ele disse, girando-a antes de colocá-la de volta na linha com
as outras dançarinas. — Cuido da minha propriedade. Como sabe, não a
tenho há muito tempo, e há muito a aprender. Estou na Escócia para analisar
a Mansão Bragdon e garantir que tudo esteja em ordem antes de eu voltar
para a Inglaterra.
A ideia de ele partir para a Inglaterra ao fim da temporada disparou uma
pontada de tristeza nela. Se ele não a pedisse para ser esposa dele, e ela
acabasse por conhecê-lo ainda melhor do que agora, ela tinha certeza de que
sentiria saudades dele. Lamentaria a ideia de ter começado a ver mais do
que deveria.
— Meu irmão disse que posso me mudar para Halligale após a
Temporada, em especial se eu não me casar. Não sou uma jovem debutante,
e meu irmão não acredita que eu preciso viver sob regras tão restritas como
uma jovem impressionável precisa. Terei minha independência, pelo menos,
se não conseguir um marido.
— Seu irmão é muito complacente em permitir tal liberdade. Não sei se
permitiria que minha irmã, se eu tivesse uma, tivesse tais liberdades. Quem
sabe quantos libertinos estão à espreita, apenas esperando uma
oportunidade de aparecer e seduzi-la ao escândalo? — ele balançou as
sobrancelhas, sorrindo.
Elizabeth riu.
— Que divertido seria se o fizessem. — ela disse, provocando-o.
— Hm. — ele murmurou, o som fazendo-a tremer por dentro. — Sendo
seu vizinho, talvez serei eu quem baterá na sua porta tarde da noite pedindo
um último drinque.
Ela arfou, e ele puxou-a contra ele, girando-a mais uma vez na dança.
— Quando podemos ficar sozinhos, Lady Elizabeth? Não posso esperar
muito mais para tê-la em meus braços mais uma vez. — as palavras
sussurradas contra seu ouvido enviaram deliciosos arrepios por toda a
coluna. Ele queria dizer o que ela acreditava querer dizer?
— Não há lugar algum aqui para tal encontro, meu senhor. Terá que se
contentar em me ter em seus braços como estamos agora. — embora a ideia
de sair escondidos, de permitir que ele a beijasse como o fez antes, era mais
tentadora do que qualquer outra coisa no mundo agora.
Ele era perigoso, não só para a reputação dela, mas por sua
incapacidade de negá-lo. Ela segurou o sorriso que queria se formar em
seus lábios. Como ela amava cada instante de suas palavras inapropriadas.
E o olhar nublado e faminto dele prometia tudo o que ela sempre quis e
muito mais.
CAPÍTULO 9

S EBASTIAN NÃO SABIA dizer de onde vinha essa necessidade de


ter Elizabeth apenas para si, mas estava lá, tão certa quanto o ar que ele
respirava, o vinho que ele bebia, ele a queria. O último dia, sem a ver, foi o
mais longo da vida dele. Não era nada comum para ele, pensar o tempo
todo em uma mulher em particular. E ainda assim, é o que ele estava
fazendo.
Ele quis vê-la na manhã em que deixou a propriedade de Lady Dalton,
mas não a encontrou na sala de café da manhã ou em qualquer uma das
outras salas abertas para os convidados no andar térreo. Ele não tinha
certeza do que diria caso ela estivesse lá. Talvez, ele precisasse se lembrar
de que o que compartilharam não era uma fantasia criada pela cabeça dele,
que ela o beijou de volta, afundou em seus braços, e permitiu que ele
tomasse tudo o que queria dela.
Ele queria beijá-la de novo. Senti-la flexível e desejosa em seus braços.
Contudo, como tê-la a sós? Essa era a questão.
— Dará um passeio comigo amanhã? Podemos passar pelo Castelo de
Edimburgo ou seguirmos para o campo se preferir. — ele esperou a resposta
com a respiração suspensa, na expectativa de um sim.
Os olhos dela se iluminaram.
— Eu adoraria.
— Maravilhoso. — ele sorriu, segurando a mão dela durante a dança.
Ele não conseguia se lembrar da última vez em que ele ficou ansioso
por um passeio. Nunca convidou uma mulher em particular para um passeio
de carruagem ou para passar o dia junto dele. Talvez, ela precisaria trazer
uma criada, mas ele não estava muito preocupado com essa possibilidade.
Os criados sabiam quando se tornarem invisíveis nos arredores para darem
privacidade.
Sebastian precisava se lembrar que todo esse trabalho se devia a querer
sua casa ancestral de volta. Não porque ele a considerava encantadora,
bonita como um pêssego, uma mulher que o empolgava, o fazia sentir mais
vivo do que, bem… jamais sentiu.
— Irei buscá-la às onze, é um bom horário?
— Está ótimo. — ela respondeu, sorrindo para ele como se tivesse
acabado de receber um buquê de flores.
Ela combinaria com uma dúzia de rosas vermelhas nos braços. O buquê
realçaria a ferocidade de seus cabelos, faria seus olhos se iluminarem. Ele
se inclinou para perto, girando-a e levando-a para longe da área de dança do
salão de baile, para trás de uma abundância de samambaias em vasos.
Sem aviso, ele girou-a, de forma que estava em parte escondida atrás
dele e das plantas, e assim, ele fez o que ele quis fazer a noite toda. Ele a
beijou. Por um instante, ela ficou rígida nos braços dele, mas como uma
flor, logo se abriu, floresceu, e beijou-o de volta.
Os dedos dela escorregaram e agarraram-no pelas lapelas, mantendo-o
perto. Por Deus, o corpo dele rugia com posse, com necessidade. Ele tomou
os lábios dela em um beijo punitivo, levando-a mais para trás, nem que
fosse para prolongar seu tempo com ela. Um riso estourado o puxou de
volta do delírio de quase arruinar a mulher em seus braços. Ele apertou a
mão dela que se agarrava às roupas dele, puxando-a para longe. Respirou
fundo, abrindo espaço entre eles.
A respiração dele estava em frangalhos. Sebastian a observou, ela
também lutava para controlar a própria reação a ele. Os lábios dela estavam
vermelhos, inchados pelo toque dele. Seus seios se moviam devido à
respiração acelerada, e o corpo dele endureceu. Ele amaldiçoou o baile
acontecendo às costas dele, que o impedia de fazer o que desejava. De
beijá-la até que ambos estivessem saciados, o que, neste instante, ele com
certeza não estava.
— Deveria voltar para suas amigas, antes que seja vista aqui comigo,
Lady Elizabeth.
Os olhos dela se abriram mais, e então ela se foi, passou por ele,
deixando apenas o cheiro de lavanda. Sebastian fechou os olhos, respirou
para acalmar o coração acelerado. Por quanto tempo ele ficou lá, retomando
o controle das emoções, dos próprios desejos, ele não soube dizer. Contudo,
amanhã — amanhã — ele a veria de novo. Apenas os dois desta vez, salvo
uma criada. E pelo tempo que ele assim desejasse.
Edimburgo possuía menos olhos do que Londres, e ele começava a
desfrutar do tempo aqui mais do que pensava possível. Ganhar o coração de
uma moça escocesa estava se tornando mais agradável do que ele cogitou a
princípio. Agora, ele só precisava garantir que não a perderia como o irmão
dele perdeu os bens.

ELIZABETH ANDAVA, de um lado para o outro, no saguão principal da


casa de Georgina em Edimburgo, atenta ao som de alguma carruagem
chegando na frente da casa. Ela parava de vez em quando e espiava as
janelas da frente ao lado da porta, com cuidado para não mover as cortinas
de renda penduradas ali, caso Hastings chegasse e a flagrasse; e assim, a
considerasse demasiado ansiosa.
E ela estava impaciente para sair dali, para ficar sozinha com Sua
Senhoria. Sua criada sentava-se em uma cadeira próxima, um livro apertado
nas mãos e nada interessada no que Elizabeth estava fazendo. Após o beijo
da noite anterior, ela mal dormiu. A ideia de ele a ter levado para trás de
algumas folhagens e a ter beijado até que seus dedos dos pés se curvassem
nas sapatilhas de seda a chocaram ainda. Seu coração batia rápido ante a
memória dele, e ela se sentiu vibrar por dentro.
Ele a beijaria de novo hoje? Algo lhe dizia que sim, que a única razão
para a convidar para este passeio era ficar a sós, apenas os dois. A criada
poderia ser distraída com bastante facilidade, e não se incomodaria muito
pelo que Elizabeth fizesse. Não que ela pretendesse se arruinar, mas um
beijo decerto não faria mal.
Um veículo bem alto, aberto e arqueado, rolou até uma parada, e ela
soube que ele estava aqui. Sua Senhoria amarrou as rédeas da carruagem,
antes de saltar com uma habilidade despreocupada que ela desejava poder
desfrutar. Precisar usar um vestido a impedia de ter tais liberdades na maior
parte das ocasiões. Entretanto, nada disso importava, não agora.
Ela ficou na janela, admirando a visão dele subindo os degraus até a
porta da frente, seus cabelos escuros caindo em um dos olhos, dando um
quê de libertinagem à aparência dele.
Havia um pequeno sorriso brincando na boca dele, e ela esperava que
ele estivesse tão ansioso para o passeio quanto ela estava. Esta seria sua
primeira incursão com um cavalheiro, e ela não podia deixar de esperar que
fosse verdade. Que ele fosse genuíno em sua aproximação, que não a
estivesse fazendo de tola.
Seria mesmo uma grande piada, enganar a “Lizzie Atrai-Sorte” em seu
país natal, como fizeram na Inglaterra.
Uma batida soou na porta, e ela deu um passo para o lado, permitindo
que o lacaio abrisse a porta. Elizabeth encontrou Lorde Hastings quando ele
deu um passo no piso parquet do saguão, erguendo a mão para ele.
— Lorde Hastings. O Senhor é pontualíssimo. — disse ela, sem deixá-
lo saber que ela também era. Que ela passou a última meia hora neste
saguão o esperando.
— Nunca deixo uma mulher bonita esperando. — ele alcançou a mão
dela, beijando-a, os olhos dele se encontraram com os dela, enquanto os
lábios tocavam a luva.
Calor a atravessou, e ela respirou fundo para se acalmar. As reações
dela a ele eram enlouquecedoras e doces ao mesmo tempo. Ela amava o que
ele fazia com ela, mas a assustava também. Havia tanto em jogo, o próprio
coração era um exemplo, caso ele fosse o tipo de cavalheiro que cortejava
uma moça durante a Temporada e, ao final dela, virava e saía sem
despedidas ou propostas de casamento.
A humilhação, a dor, seriam insuportáveis.
Ela lutou para não sorrir como uma debutante em sua primeira dança
aos olhos da sociedade. Ele estendeu o braço, e ela permitiu que ele a
ajudasse a descer os degraus em direção à carruagem. O dia estava quente,
não havia uma única nuvem no céu, um dia perfeito para visitar e explorar
Edimburgo e os arredores.
A criada dela sentou-se no lado de fora, na parte de trás do veículo, e
eles logo estavam rolando até a colina em direção à antiga fortaleza. Não
era permitido chegar muito perto, apenas até a Milha Real, devido ao
castelo ser uma guarnição do exército. Lorde Hastings parou os cavalos, e
por um instante, eles olharam para as muralhas altas, os gritos dos homens
detrás delas quase inaudíveis.
Sua Senhoria girou a carruagem no lugar, voltando ao longo do percurso
na direção do Palácio de Holyrood. Os portões do palácio estavam bem
fechados, mas a visão dos belos jardins parecia implorar para ser explorada.
— Eu me pergunto se a família real está em residência. — ela disse,
olhando para edificação magnífica.
— Creio que não. — ele respondeu, um clique na língua para mover os
cavalos.
— Vamos dirigir até o Assento de Arthur. Presumo que saiba para onde
vou levá-la.
— Claro. — Elizabeth ajeitou o pequeno cobertor colocado em suas
pernas, já se divertindo bastante, mesmo que não tivesse ido muito longe,
nem visto muitos locais. — Costumávamos fazer piquenique lá quando
crianças, quando vínhamos para Edimburgo com a mamãe. Admito que
revisitar o lugar está há muito tempo na lista de afazeres. — ela confessou.
— Bem, então fico feliz por ser eu a levá-la.
O sorriso doce dele a fez sentir o sangue aquecer. Esta nova interação,
ser cortejada era mesmo adorável, em especial se a pessoa gostava de estar
sendo cortejada e considerava o homem em questão bem do seu agrado.
Nenhum homem faria tanto se pretendia sumir e partir ao fim da
Temporada. Ó, não. Parecia quase certo que Lorde Hastings a queria como
noiva.
Ela diria sim se ele fizesse o pedido? Elizabeth disparou um olhar para
ele, suspirando por dentro ao ver tão perfeito perfil. Seus adoráveis cabelos
escuros longos o suficiente para a brisa pelas ruas de Edimburgo.
Sim, ela concordaria em se casar com ele caso ele propusesse, e ela se
deleitaria com cada beijo e toque dele a partir desse dia.
O coração dela acelerou conforme ela imaginava como seria ser a
esposa dele. Se ela tivesse a sorte de ter um casamento com carinho e amor
como o do irmão e Sophie, ela ficaria bem satisfeita. Seria este o caminho
que trilhavam? Com toda a certeza, ele parecia gostar dela.
Chega de ser “Lizzie Atrai-Sorte” para os outros, agora era a vez dela.
Eles chegaram ao sopé do Assento de Arthur, nos arredores de
Edimburgo, no instante em que o sol se erguia no céu. Lorde Hastings
saltou para o chão, dando a volta no veículo para ajudá-la a descer. Ela
estendeu os braços para ele, colocando as mãos nos ombros dele. Um
guincho permeou o ar quando ele a puxou da carruagem, erguendo-a como
se não pesasse nada mais que uma pena. O movimento dele a fez deslizar
contra ele, e, com lentidão devastadora, ele a baixou até ficar firme nos
próprios pés.
Elizabeth sentiu cada músculo do peito dele, cada flexão dos braços, o
calor da respiração dele contra o rosto dela, a proximidade a fazendo se
esquecer de si, antes que seus dedos tocassem o chão.
Ao fundo, ela ouviu a criada descendo da carruagem, mas ela não
conseguiu se forçar a agir com cautela e se afastar do abraço dele. O olhar
dele sustentou o dela, uma certa promessa iluminando aqueles olhos.
— Por aqui. — ele disse, pegando a mão dela e seguindo por uma trilha
bem desgastada, forrada pela vegetação rasteira das árvores.
— Já conhecia este lugar? — ela perguntou quando chegaram a uma
clareira. Lorde Hastings soltou a mão dela ao ver outras pessoas e a colocou
na curvatura do braço.
— Uma vez, há vários anos, mas nada mudou. Eu deveria ter pensado
em trazer uma cesta de piquenique e um cobertor para que pudéssemos
compartilhar e desfrutar de uma refeição.
— Talvez da próxima vez. — ela sugeriu, esperando que houvesse mais
desses dias despreocupados, longe dos olhares de rapina da Sociedade.
— Eu gostaria disso. — ele disse, inclinando a cabeça para um lado. —
Venha, vamos caminhar um pouco mais.
— Conte-me, Lorde Hastings, visita a Escócia com frequência agora
que tem uma propriedade aqui? — Ela esperava que sim, que ele faria da
Escócia seu lar permanente, em especial se ele pedisse a mão dela. Ela
poderia viver muito feliz em sua terra natal ao lado do homem que
começava a dominar suas afeições acima de qualquer outra pessoa no
mundo.
— Venho, pelo menos uma vez por ano, e fico vários meses. Minha
propriedade inglesa em Nottinghamshire, embora bonita, não é onde meu
coração reside. Durante a infância, passei mais tempo na Escócia do que na
Inglaterra, e eu sempre disse que meu lar é mais aqui do que em qualquer
outro lugar.
— Mesmo? — Elizabeth encontrou o olhar dele. — Ora, pensei que sua
propriedade na Escócia fosse uma aquisição recente. Morava em outro
lugar, ou sua família possuía uma residência que desconheço?
CAPÍTULO 10

S EBASTIAN CONGELOU, a mente girando em busca de uma


resposta, para se lembrar de todas as mentiras que havia contado. Lady
Elizabeth não era tola, e um deslize da língua dele e sua oportunidade de
conquistá-la, de reconquistar sua propriedade, desapareceria.
Ele desejava poder engolir a própria língua estúpida. Como sair dessa
confusão de palavras que ele mesmo criou?
— Minha mãe era escocesa e tinha uma casa aqui, mas eu era muito
pequeno para me lembrar onde. — ele fechou os olhos por um instante,
odiando ter acabado de parecer um idiota.
— Que lindo que tenha uma conexão aqui também. Gosto ainda mais de
você agora.
As palavras provocantes dela fizeram o sangue dele queimar. Dane-se a
criada que os seguia alguns passos atrás. Ele queria Elizabeth sozinha para
poder beijar aquela deliciosa boca que fazia beicinho. De alguma forma,
nos poucos dias em que esteve com ela, ela começou a trilhar seu caminho
sob a pele dele e, por vezes, ele precisou se lembrar dos motivos para a
cortejar.
Para retomar Halligale. Tornar-se o Senhor da grande propriedade
escocesa que o irmão de Lady Elizabeth roubou em um jogo de cartas sem
fundamento. Não porque ela o fazia querer estar perto dela, porque ela o
fazia acordar ansiando cada minuto do dia nesta vasta terra.
— Quando pretende voltar para Halligale? — ele perguntou, precisando
mudar de assunto.
— Ao final da Temporada. Meu irmão disse que posso viver lá desde
que eu tenha uma dama de companhia ou marido. — ela lançou um olhar
curioso para ele. — Também deve partir para a Mansão Bragdon em breve.
Não me esquecerei que me prometeu uma excursão.
Pensar em Elizabeth sozinha com ele, na casa dele, o fez quase gemer
alto. Que diversão eles poderiam ter se esse fosse o caso.
— Não me esqueci. Gostaria de tê-la em minha casa para mais do que
uma visita se estiver aberta à ideia.
Ela parou de andar, e o encarou. Uma carranca pequena enrugou a testa
dela.
— Peço desculpas, Lorde Hastings, mas poderia repetir o que disse para
garantir que eu entendi corretamente, pois não tenho tanta certeza de que
compreendi suas intenções.
Sebastian virou-se para a criada.
— Por favor, vire-se de costas por alguns instantes e ignore tudo o que
está prestes a ouvir. — ele disse à jovem.
— Sim, meu senhor. — a jovem se virou sem questionar o decreto.
— Lady Elizabeth Mackintosh, estaria disposta a se casar comigo? Sei
que não nos conhecemos há muito tempo, mas acredito que nos adequamos.
— ele não pretendia propor casamento tão cedo.
Mal a conhecia, mas qual era o sentido de adiar o pedido? Ele gostava
dela e precisava dela para recuperar sua propriedade ancestral. Não havia
razão para adiar o inevitável. Ou ela diria que sim, ou ele teria que
persuadi-la a fazê-lo.
Ela o encarou, os olhos arregalados em choque.
— Está me pedindo em casamento?
Ele assentiu.
— Estou. — ele se inclinou, beijando-a no rosto, no lóbulo da orelha, no
pescoço. Ela tremia nos braços dele, e ele sorriu contra seu pescoço,
inspirando fundo seu aroma de lavanda doce. — Diga sim e se case comigo,
assim poderemos ficar juntos sem uma criada a reboque.
Ela arfou, estendendo o braço para descansar a mão no peito dele. Ela
empurrou-o para trás, um passo, e seus olhares se encontraram, o dela
nublado de desejo. Ele sentiu um arrepio quente subir pela coluna por ela
estar em tamanha sintonia com ele. Que a reação dela a ele era tão parecida
com a dele a ela. Ela o fazia queimar com um desejo que implorava para ser
saciado. Que sorte que a mulher com quem ele precisava se casar o fizesse
reagir assim.
— Não está tentando me enganar, meu senhor? Fala com sinceridade?
— ela perguntou.
Sebastian sentiu um desejo esmagador de estrangular os cavalheiros em
Londres, e as senhoras também, que a provocaram. Que fizeram-na
acreditar ser um trunfo para outras moças em busca de casamento, mas não
para si. O fato de ele também estar enganando-a o fez sentir náuseas. Ele
não queria magoá-la, e dizer a verdade de por que ele queria unir-se a ela
decerto faria isso.
Não, assim era melhor. Se ela concordasse em ser a esposa dele, ele se
casaria com ela, ganharia Halligale de volta, e Elizabeth nunca saberia da
verdade. O que os olhos não veem, o coração não sente, ou assim diz o
ditado.
O irmão dela vai descobrir seu motivo.
Sebastian afastou esse pensamento inútil. Ele se preocuparia com a
reação do irmão dela quando tal encontro acontecesse.
— Eu quero você, e mais ninguém. Prometo que sim, com toda a minha
honra de cavalheiro. — o que também era verdade. Ele a queria, e ninguém
mais. A mera ideia de ela se casar com outra pessoa o fazia querer ranger os
dentes. Case-se comigo, Lady Elizabeth. Seja minha esposa.
Ela sorriu, a boca bonita o tentando, antes de dizer as palavras que o
deixaram um passo mais perto de retomar seu lar de infância.
— Sim, meu senhor. Vou me casar com você.
Ele gritou, pegando-a e girando-a no ar, antes de tomar aqueles lábios
em um beijo arrebatador. Ela beijou-o de volta, sem ressalvas, mesmo que
pudessem ser vistos a qualquer instante.
— Me chame de Sebastian. Nada de Meu Senhor ou Lorde Hastings.
Para você, sou apenas Sebastian. — ele beijou o sorriso do rosto dela,
gostando da reação dela, a onda de desejo que ela gerava nele a cada vez
que se encontravam.
— Pode me chamar de Elizabeth também. — ela disse, envolvendo os
braços no pescoço dele, o sorriso tão caloroso quanto o sol às costas dela.
Sebastian gostou do prazer que a proposta trouxe ao rosto dela. Fazê-la
feliz o fez também. Era uma experiência nova, uma que ele jamais sentiu
com uma mulher. Ele gostou do sentimento, gostava dela.
— Quando vamos anunciá-lo? Preciso escrever para meu irmão.
A ideia de contar ao irmão dela diminuiu o prazer dele com a situação.
Segundo todos os relatos, ele era um homem inteligente, e Rawden estava
certo. Ele suspeitaria de seus motivos. Sem dúvida, ele era irmão do
falecido Lorde Hastings e veria o pedido de casamento pelo que era.
— Podemos esperar para contar ao seu irmão? — ele perguntou.
Os ombros dela caíram, e ele soube que a desapontou. Sebastian a
puxou para os braços, segurando-a com firmeza.
— Não peço isso para aborrecê-la ou fazê-la duvidar da minha proposta.
Apenas quero aproveitar a Temporada ao seu lado um pouco mais, antes
que a loucura de um casamento a puxe de volta para Moy e para sua
família. Não desejo que vá embora.
Os dedos dela brincavam com os cabelos dele. Inferno, ela era doce e
dele se ele conseguisse mantê-la. Se conseguisse impedir o irmão de
arrancá-la dos braços dele.
— Entendo, e não vou contar a Brice, mas… — ela disse, mirando-o
com olhos suplicantes que ele temia jamais conseguir negar. — Posso
contar para as minhas amigas? Gostaria de compartilhar minhas boas
notícias com elas.
Sebastian não viu nenhum impedimento a essa ideia.
— Claro, adoraria que elas compartilhassem sua felicidade.
Ela se ergueu na ponta dos pés, surpreendendo-o com um beijo, e ele
aproveitou a oportunidade apresentada e devolveu o beijo. O beijo espiralou
em calor, carência, e nada apropriado para o lugar em que se encontravam.
Eles precisavam se casar e logo. Ele não sabia se conseguiria continuar a
viver sem ela na cama à noite por muito mais tempo.
Desde que o irmão dela não causasse mais problemas, mais do que já
causara. Ele não perderia Elizabeth, nem sua casa de infância pela segunda
vez.
CAPÍTULO 11

E LIZABETH ENCARAVA AS AMIGAS, esperando que o choque


pelo recente noivado dela lhes permitisse falar, e em breve. Ambas as
mulheres a miravam, boquiabertas, os olhos arregalados.
— Digam algo, sim? Sabem que não gostam quando não expõem suas
opiniões.
Georgina falou primeiro, piscando ao sair do estupor.
— Vai se casar com o Conde de Hastings? Quando ele começou a
cortejá-la a sério?
— Mais importante… — Julia afirmou, a boca ainda aberta. — Como
não notei que o interesse dele em você foi do flerte inocente para uma
proposta de casamento!
Elizabeth estendeu as mãos, pedindo calma.
— Tem sido um turbilhão, eu sei. Meu irmão nem foi informado, mas
acredito que Sebastian e eu somos um bom par. Ele é divertido, atencioso.
— ela queria dizer às amigas que os beijos dele eram devastadores ao ponto
de fazê-la encolher os dedos dos pés, mas não o fez. Ela queria guardar
algumas coisas só para os dois, seu próprio segredo. — Eu gosto dele, e ele
cresceu na Escócia na propriedade da mãe, então ele entende o país e nosso
modo de vida aqui.
— Ele é inglês. O que seu irmão dirá, hein? — Julia perguntou, sentada
em sua cadeira e cruzando as pernas sob ela.
— Brice se casou com uma inglesa. Não creio que ele se importará.
Georgina riu, um tilintar com um quê de sarcasmo.
— Ora, ele se importará sim. Embora Julia e eu gostemos da companhia
de um inglês em bailes e festas, não é segredo que nossa família preferirá
um escocês para nossos maridos. Seu irmão pode ter se casado com uma
Sassenach, mas não significa que ele quer que você se case com um inglês.
Seu irmão não será diferente.
Elizabeth mordeu o lábio, esmagando-o entre os dentes. Será que Brice
não gostaria da escolha dela? Ela não gostou de pensar que seu irmão seria
contrário ao casamento dela. Ela queria que Brice e Sebastian se tornassem
amigos além de cunhados. Que partilhassem a infância de seus filhos,
passassem o Natal juntos, e mais Temporadas urbanas, aqui e na Inglaterra.
— Creio que não. Brice ficará feliz por mim e pela minha escolha. Não
verá empecilhos, tenho certeza.
Julia ergueu uma sobrancelha.
— Quando pensa em contar ao seu irmão?
Elizabeth franziu a testa, insegura de quando isso aconteceria.
— Agora, ele tem preocupações em casa. Sophie está enceinte, e há
complicações. Não quero que ele corra para Edimburgo para aprovar meu
casamento iminente. Prefiro viajar para casa e avisá-lo em algumas
semanas.
Aliás, a ideia de chegar já casada era tentadora também. Seu irmão não
poderia dizer não se fosse esse o caso.
Não que ela cogitasse a possibilidade de ele não gostar de Sebastian.
Inglês ou não, não havia nada de errado com a escolha dela. Ele era
intitulado, rico, doce e gentil. O que havia para não gostar?
— Ó, minha querida, por que não nos contou de Sophie? Nós duas
esperaremos o melhor para ela.
Elizabeth sorriu para as amigas.
— Agradeço pelos desejos gentis. O irmão dela e a esposa, Lady Clara,
chegaram para ficar com eles, mas devo voltar para casa no final da
Temporada, antes da data prevista para a criança nascer.
— O que Lorde Hastings diz de adiar contar para o seu irmão? — Julia
perguntou, observando-a com bastante atenção.
O olhar no rosto da amiga a fez escolher as palavras com cuidado, não
queria que elas soubessem que a ideia de não contar nada para Brice agora
foi de Sebastian. Para que tivessem mais tempo para desfrutar da
Temporada, apenas os dois, antes que a loucura de um noivado deixasse
Edimburgo em polvorosa, e a família junto.
— Ele ficou feliz em fazer como eu desejar. — Elizabeth contou com
um sorriso, regando a semente de dúvida que se apoderou dela de que ele
não queria contar ao irmão dela porque, no final da Temporada, ele
pretendia rescindir a proposta e voltar para a Inglaterra.
Não, ele não faria isso com ela. Elizabeth precisava se afastar das
dúvidas que ser “Lizzie Atrai-Sorte” haviam semeado nela. O cortejo, as
afeições dele, eram verdadeiras.
Ela engoliu o pânico que ameaçava trazer o café da manhã de volta.
— Espero que ambas estejam felizes por mim. Porque, apesar de a
situação ter evoluído depressa, estou feliz com a minha escolha. Creio que,
com um pouco mais de tempo, posso me apaixonar pelo meu marido.
Georgina sorriu, ficando de pé e puxando-a para um abraço apertado.
— Estamos felizes por você, Elizabeth. Lorde Hastings é um homem
adorável, e se ele capturou seu coração ou está a caminho de fazê-lo, como
poderíamos não o amar também?
Lágrimas surgiram nos olhos dela, e ela abraçou a amiga, rindo quando
Julia se juntou à demonstração de afeto.
— Sabem o que essa notícia pede. — Julia disse, sem soltar nenhuma
das duas. — Precisamos ir às compras, para sua noite de núpcias. Uma
camisola adorável é necessária para deixar esses ingleses de perfil e
mandíbula, como Lorde Hastings tem, chocados. Precisa deixá-lo sem
fôlego quando a vir em um quarto pela primeira vez.
Ela sentiu um rebuliço se formar por dentro ante a ideia de ficar sozinha
com Sebastian de tal forma. Ela supunha ser algo que aconteceria em breve,
e um novo guarda-roupa seria necessário. Como a nova esposa de um
conde, ela precisava exaltar sua melhor aparência. Ela esperou anos para se
casar e poder vestir o que quisesse. Cores ricas e escuras que combinavam
com seus cabelos ruivos e pele pálida.

SEBASTIAN ENCOSTAVA-SE na parede, era o evento mais recente da


Temporada. Um dia após pedir Elizabeth em casamento, e ele não
conseguia impedir o olhar de segui-la pelo salão enquanto ela valsava com
Lorde Fairfax. Havia algo de diferente nela esta noite. O sorriso era mais
brilhante, os olhos mais vivos, e quanto ao vestido, bem… ele não se
lembrava de ter visto ninguém mais bela até então.
Ele se lembrou de que este casamento era um meio para um fim. Um
jeito de retomar a casa ancestral que o irmão perdeu. No entanto, quanto a
Elizabeth, ele começava a pensar que ela gostava mais dele do que ele
merecia.
Ele não gostava de enganá-la. Não foi culpa dela o irmão dele ter sido
um idiota a ponto de apostar e perder a própria casa ancestral em um jogo
de cartas. Entretanto, o irmão de Elizabeth não deveria ser tão
inescrupuloso a ponto de se aproveitar do irmão estúpido dele.
Uma voz silenciosa o alertava que Laird Mackintosh estava livre de
qualquer má conduta tanto quanto a irmã.
Ele revirou os ombros, os olhos se estreitando quando o braço de Lorde
Fairfax deslizou mais baixo nas costas de Elizabeth, e ela foi forçada a
esticar a mão e levantá-lo para longe de seu derrière.
O olhar dela encontrou o dele por cima do ombro do cavalheiro, e ela
deu uma piscadela. Sebastian se engasgou com o uísque, recebendo uma
pancada nas costas de Rawden pelo contratempo.
— Eita, Hastings. Não precisamos que se engasgue até a morte antes de
fazer daquela bela escocesa sua esposa. Presumo pelo seu olhar fulminante
que a reivindicou e a pediu em casamento como planejava.
Ele assentiu uma vez, limpando a garganta.
— Sim, e ela disse sim. Quanto a Lorde Fairfax, se a mão dele voltar a
descer pelo corpo dela, mesmo que uma única vez, eu serei forçado a
quebrar o braço dele, antes que a valsa termine.
Rawden riu, uma luz consciente nos olhos.
— Falando de mulheres, devo dizer que Lady Julia está me levando à
distração. Desde nosso retorno à cidade, ela me recusou cada vez que eu a
pedi para dançar ou passear pelo salão de baile. Creio que ela está me
testando de alguma forma.
— Ou ela está tentando avisá-lo, da forma mais gentil possível, que não
está interessada.
Rawden o encarou como se tivessem brotado duas cabeças no pescoço
dele.
— Não seja absurdo, meu caro. Como ela não estaria? Sou o segundo
filho de um duque. Uma aliança com minha família beneficiaria qualquer
um.
— Exceto que ela é uma herdeira da própria propriedade aqui na
Escócia. Ela não precisa se casar com você tanto quanto Lady Elizabeth não
precisa se casar comigo. No entanto, eu… — ele disse, jogando um olhar
presunçoso para o amigo. — fui mais afortunado do que você, por ter
assegurado o afeto da minha noiva.
— Ela ainda não é sua noiva. — Rawden lembrou-o, gesticulando para
as duas mulheres que se reencontravam após a dança de Elizabeth. — O
que fará se o irmão dela recusá-lo?
Sebastian andou pensando nisso, era o que dominava sua mente. Se
Elizabeth soubesse do vício em jogo do irmão dele, algo que o levou a
perder a casa ancestral em uma partida, e que a casa em questão agora era o
dote dela, ela correria para as Terras Altas e nunca se casaria com ele.
— Estou pensando em fugir com ela. Agora que ela concordou em ser
minha esposa, e sendo maior de idade, não vejo impedimentos. Poderíamos
voltar ao Castelo Moy, informar ao irmão dela sobre o casamento, e lidar
com as consequências mais tarde. Terei certeza de consumar o casamento
antes disso.
Sebastian respirou fundo para se acalmar quando a ideia de ter Elizabeth
ao seu lado, sob ele, em cima dele, enviou uma pitada de calor por toda a
coluna. Não seria tarefa árdua fazer essa ruiva escocesa ardente dele. Ele
estava ansioso por reivindicá-la. Na verdade, a ideia o mantinha acordado
na maioria das noites desde que ele a conheceu.
Rawden assobiou.
— Ele o desafiará para um duelo ou apenas irá matá-lo se você se casar
com ela sem ele saber. Pelo que conheço do Laird Mackintosh, ele não é um
frangote, e não leva desaforo para casa.
Sebastian deu um gole no uísque, refletindo as palavras do amigo.
— Casada e com a união consumada, não há nada que ele possa fazer.
Ele decerto não iria querer matar o marido da irmã. E com Halligale de
volta em minhas mãos, caso Elizabeth se ofenda com a verdade, pelo menos
eu terei tempo para reconquistá-la, para tentar fazê-la ver o meu lado da
moeda. Ela pode ficar zangada por algum tempo, mas acredito que isso
também passará.
— Acredita mesmo nessa possibilidade? Ela jamais o perdoará se
descobrir que está se casando com ela devido a uma propriedade. Se seu lar
ancestral não estivesse no nome dela, você estaria na Escócia agora
tropeçando nas saias dela?
Não, Sebastian não estaria aqui, mas não era esse o ponto. Este não era
mais o foco, não mais. Havia algo em Elizabeth de que ele gostava. Ele
gostava da companhia dela, estava feliz por tê-la conhecido, por tê-la como
esposa. Eles combinavam, não importa que razões o trouxeram aqui em
primeiro lugar.
— Precisarei tentar garantir que a verdade não nos separe.
— Soa como um homem se apaixonando e se arrependendo das
escolhas passadas. Desejo-lhe sorte com isso, Sebastian. — Rawden disse,
saindo para a multidão de convidados e desaparecendo em seguida.
Ele poderia fazer Elizabeth entender, explicar o quanto Halligale
significava para ele. Se ela soubesse a verdade, ela o perdoaria em algum
momento. Afinal, não era como se ele não gostasse dela. Ele gostava muito.
Mais do que de qualquer mulher que ele já conheceu na vida.
CAPÍTULO 12

D EDOS SURGIRAM, suavizando a linha na testa dele, e ele


percebeu que Elizabeth estava diante dele, um sorriso precioso e
conhecedor nos lábios.
— Está devaneando, meu senhor. Gostaria de compartilhar? — ela
perguntou, dando um passo para ficar ao lado dele.
Ele pegou a mão dela, beijando-a, sem se importar com quem notasse.
Os olhos dela se arregalaram, e ele sorriu.
— Boa noite, minha querida. Vejo que cheguei tarde demais para
reivindicar a valsa.
Ela riu, passando o braço apertado em torno do dele e mantendo-o
perto.
— Haverá outra. Nossa anfitriã me garantiu.
Agradava-lhe que ela quisesse tranquilizá-lo. Ele desejava que a dor o
corroendo também se dissipasse. No entanto, algo dizia que não seria assim,
não até que ele contasse a verdade e enfrentasse as consequências.
— Fico feliz em saber. — ele respondeu, puxando-a para caminhar com
ele. Ele precisava se mover, removê-los da multidão crescente. Ele
precisava tê-la só para ele. — Precisamos sair. Preciso falar com você a sós.
Ela abriu mais os olhos, mas assentiu.
— Posso dizer para a Julia e a Georgina que estou com dor de cabeça e
preciso voltar para casa, mas precisamos ter cuidado para sairmos
separados, para não levantar suspeitas, se não quer que meu irmão saiba que
me corteja. Todos em Edimburgo o conhecem e, sem dúvidas, estão
atualizando-o todas as semanas acerca de meu progresso.
Sebastian não havia pensado nisso, tornando sua necessidade de afastá-
la de Edimburgo, de afastá-la do irmão, mais imperativo.
— Peça à carruagem para levá-la para casa. Eu a encontrarei lá.
Ela assentiu, abriu um pequeno sorriso conspiratório e, em seguida,
saiu. Ele a observou desaparecer na multidão e se perguntou quando se
tornou um canalha tão grande. Um desgraçado que propôs casamento a uma
dama que pertencia à nata da Sociedade como ele, que era mais gentil e
doce que todos que ele conhecia, e tudo por uma propriedade.
Quem ele se tornara?

ELIZABETH FEZ o que Sebastian pediu, encontrando-o nos estábulos


atrás da casa de Georgina. Ele a puxou para dentro da carruagem dele assim
que diminuiu de velocidade, dando um endereço ao cocheiro antes de bater
a porta para fechá-la.
— Por que vamos para Dalmahoy? — ela perguntou, o veículo já se
arrastava. — Fica a uma hora daqui, no mínimo.
— Preciso discutir algo com você, e preciso que não responda até que
pondere por um tempo.
— Muito bem. — ela admitiu, se acomodando no assento de couro e
cruzando as mãos no colo. — Estou ouvindo.
Ele respirou fundo para se fortalecer.
— Não quero esperar seu irmão ou que proclamas sejam postados.
Quero me casar com você agora. Quero que seja minha e de mais ninguém.
Desta noite em diante.
Por um instante, Elizabeth lutou para controlar o coração acelerado. A
ideia de ser dele, de ele querer se casar com ela agora, e não daqui a várias
semanas, alimentou a pequena ansiedade que ela nutria desde o pedido dele
para esperarem.
Parecia que Sua Senhoria mudara de ideia.
— Por que deseja se casar comigo agora? Nem contei ao meu irmão que
me pediu em casamento. Ao menos tem uma licença especial?
Ele olhou para as mãos dela entrelaçando nas dele, estudando-as,
brincando com os dedos.
— Não faço isso para roubá-la de sua família, mas por que esperar,
Elizabeth? A Temporada é jovem, e não quero gastá-la tentando manter
minhas mãos longe de você. Tomando cuidado com como a toco e com o
que digo. Quero você, mais do que jamais saberá. Mais do que pensei que
iria querer alguém.
As palavras dele amoleceram o coração dela, e ela suspirou.
— Isso tudo é muito apressado, Sebastian. — ela sentia um rebuliço por
dentro. — Não está tentando me enganar de forma alguma, está? — ela
precisava perguntar. Seria uma tola se não o fizesse.
Ele engoliu em seco, alcançando o rosto dela.
— Não, claro que não. — ele conseguiu dizer. — Saiba que é verdade.
Quero me casar com você porque a adoro. Quero que seja minha esposa,
minha condessa. Eu a quero porque a desejo muito. A ideia de alguém a
tocar, Lorde Fairfax em particular, após a demonstração de mãos errantes
desta noite, me fez querer estrangular o desgraçado. Nunca duvide que
essas palavras sejam verdadeiras.
Elizabeth encontrou o olhar dele, tentando acalmar os nervos pelo que
ele estava dizendo, esperando que ele não a estivesse fazendo de tola.
— Então vamos para Dalmahoy? — ela perguntou, sorrindo um pouco.
— Se disser sim à minha proposta, ao meu plano, então sim.
Ela pensou por alguns instantes, mas já sabia que escolha faria.
— Sim, vamos fugir, sempre podemos voltar para casa e comemorar
com minha família. Eles ficarão muito felizes em saber que me casei.
Podemos renovar os votos na capela do Castelo Moy.
Ele beijou-a depressa, sustentando o olhar dela, antes de dizer:
— Eu adoraria isso, assim como eu a adoro.
SEBASTIAN A PUXOU para os braços e a beijou com ímpeto. Ela se abriu
para ele de imediato, sem medo, sem hesitação, e o corpo dele rugiu com
necessidade. Ele deveria estar beijando-a com doçura, atraindo-a, mas não
conseguia. O corpo e a mente dele pensavam diferente. Esta noite, quando
ele a viu dançando com Lorde Fairfax, ele precisou se forçar a permanecer
onde estava. Seria impossível ficar de lado, vê-la ser cortejada por outros
homens nesta Temporada, e o tempo todo estar noivo dela em segredo.
Não. Ele não conseguiria suportar. Queria dançar, flertar, e ser
inapropriado com ela, se assim quisessem, diante da sociedade. Não queria
vigiar seus modos ou sua conduta. Se ele quisesse beijá-la no meio de uma
valsa em um baile, então ele muito bem faria.
Ela se empurrou nos braços dele, os seios esmagados no peito dele, e
toda a sagacidade dele espiralou, desmoronando em uma pilha de
escombros.
Ele a queria com um desejo que o deixaria de joelhos se ele não
estivesse sentado. O corpo dele queimava, endurecia, e ele queria que ela o
tocasse, que passasse as mãos por toda a extensão dele, que se fechassem
em torno dele, acariciando-o, dessem prazer.
Ela gemeu, e ele percebeu que a própria mão estava massageando um
dos seios dela, rolando o mamilo entre o polegar e o dedo indicador. Ele
precisava vê-lo, provar, e se divertir em seu calor.
Sebastian interrompeu o beijo, satisfeito quando ela deitou a cabeça
para trás, empurrando o seio na mão dele. Ele correu o dedo ao longo do
colo do vestido.
— Sua pele é tão imaculada, como leite. — ele escorregou o corpete
dela para baixo, aos poucos, com uma paciência que ele não sabia possuir,
expondo a carne. Ele não conseguiria esperar nem mais um segundo.
Mergulhou a cabeça e beijou o bico intumescido, lambendo a superfície
rosada, enrugando-a ainda mais.
Os dedos dela cravaram nos cabelos dele, puxando-o para mais perto.
Ele lutava por controle. Não a tomaria aqui, quanto mais em uma
carruagem. Ela era donzela, uma dama, e logo seria esposa dele. Ela
merecia mais. Com força que ele não sabia ter, ele se afastou, respirando
fundo para controlar a própria necessidade.
Sebastian se jogou nas almofadas, olhando para frente, se recusando a
olhar aqueles cabelos bagunçados, rosto corado, e lábios inchados e bem
beijados enquanto ela ajeitava o vestido.
Ele se virou para a janela e descobriu que não estavam longe da
pequena aldeia onde ele conseguira contatar o reverendo da igreja de Santa
Maria para casá-los.
Ela estendeu a mão, tocando-o no braço, e ele fechou os olhos, lutando
para não a arrastar para o colo, para terminarem o que haviam começado.
— Sebastian, qual é o problema? — ela perguntou, tentando fazê-lo se
virar para ela.
Ele balançou a cabeça, rangendo os dentes.
Ainda não estamos casados. Eu não deveria tê-la tocado como fiz.
Uma risada sedutora e conhecedora soou na orelha dele, e ele tremeu.
Ela se inclinou para perto, apertando as lapelas da jaqueta dele.
— Não me viu tentando impedi-lo.
Ele respirou fundo para se acalmar.
— Eu sei, mas não faz com que seja certo. Quero me casar com você, e
não quero arruiná-la dessa forma. Você merece mais do que uma
brincadeira em uma carruagem em movimento.
Ela abriu o sorriso mais adorável que ele já viu, e foi como receber um
golpe na barriga. Ele deveria contar a verdade. Confessar que a
aproximação dele nasceu da ganância. Da necessidade de ter a casa
ancestral de volta e nada mais.
Contudo, como ele poderia dizer uma coisa dessas? Ela nunca se casaria
com ele se soubesse, e o objetivo havia mudado. Transformara-se em algo
novo e real, algo verdadeiro que deixava o coração dele pleno.
— Disse que se casaria comigo. — ele continuou. — Há um reverendo
esperando por nós. Um casal conhecido meu, que vive em uma propriedade
nos arredores de Dalmahoy nos encontrará na igreja e serão testemunhas de
nossos votos.
— Como organizou tudo tão depressa? — ela perguntou, os olhos
brilhantes de admiração e emoção.
— Você tem mais de vinte e um anos, então não precisamos da
aprovação de sua família. Paguei uma taxa considerável hoje para conseguir
uma licença especial. Não é fácil de se conseguir em Edimburgo. Nossa
união será legal, então nada pode ficar entre nós.
A carruagem se arrastou devagar até parar, e Sebastian virou-se para ela,
tomando sua mão.
— Chegamos. Está pronta, Lady Elizabeth, para se tornar condessa
Hastings?
Ela apertou a mão dele, balançando a cabeça uma vez.
— Estou pronta.
E ele também.
CAPÍTULO 13

E LIZABETH SEGUIU para o altar sozinha, desejando que a família


pudesse estar aqui com ela, e ainda assim, muito feliz por estar prestes a se
casar com um homem que adorava. Ver Sebastian a esperando diante de um
altar de pedra, o reverendo sorrindo com a bíblia na mão, ela sentiu-se
revolver por dentro de ansiedade. Logo, ela seria dele e poderia estar com
ele sempre. Uma pequena parte dela precisava admitir estar se casando com
ele por mais do que apenas gostar da companhia dele e por o considerar
divertido, sem mencionar, devastador de tão sedutor.
O coração dela foi acertado pela flecha do amor, e há alguns dias já, ela
percebeu não se tratar de um simples gostar o que sentia por Sebastian, ela
o amava. Amava o humor, a conversa e os beijos dele. Aquele olhar intenso
e imponente que fazia a pele dela cantar mesmo se estivesse do outro lado
do cômodo.
Após todas as legalidades serem resolvidas, a ideia de estar sozinha com
ele, como esposa, a deixou em uma espiral de sentimentos.
Distraída, ela ouviu o reverendo declará-los marido e mulher, e antes
que pudesse agradecê-lo, ela foi pega nos braços de Sebastian, a boca dele
tomando a dela em um beijo dominante.
Elizabeth passou os braços em volta do pescoço dele, beijando-o de
volta. O dia havia sido perfeito, e quando voltasse para Moy, comemoraria
com a família e os amigos. Contudo, esta noite, o agora era só dela. Um
tempo para saborear ao lado do novo marido.
Ele garantiu que ela estivesse firme em seus pés envoltos nas sapatilhas
de seda, antes de se voltar para os amigos e para o reverendo.
— Agradeço-os por esta noite. Não me esquecerei da gentileza que
tiveram conosco.
— Não precisa me agradecer, Hastings. — Lorde Pitt disse, sorrindo
para os dois e depositando a mão da esposa na parte de cima do braço. —
Tomei a liberdade de preparar um quarto em nossa propriedade, caso
queiram descansar.
— É uma grande gentileza, Pitt. Não sei como agradecê-lo. —
Sebastian disse, sorrindo para Elizabeth por um instante.
— Ora, não é nenhum problema. — Sua Senhoria disse, dispensando as
preocupações de Sebastian com um movimento de mão. — Há muitos
quartos na grande casa, não há necessidade de agradecimentos.
Eles assinaram o registro com rapidez, tornando legal a união, Sebastian
pagou uma quantia generosa ao reverendo, e eles logo estavam de saída. O
trajeto à casa de pedra cinza-escuro de Lorde e Lady Pitt, onde passariam a
noite de núpcias, foi breve.
Durante a curta viagem nenhum deles falou, mas Sebastian abraçou-a
perto, o braço sobre seus ombros, o polegar acariciando-a no ombro com
movimentos distraídos, fazendo-a entrar em um redemoinho de sensações.
Ela mal podia esperar para ficarem sozinhos.
Eles subiram as escadas. A mansão, com sua madeira escura e rica, e as
cortinas pesadas não era muito do gosto de Elizabeth, mas opulenta e
confortável mesmo assim. Lady Pitt apontou vários quartos, as escadas da
criadagem, o salão superior caso desejassem usá-lo. Por fim, chegaram ao
quarto, e ela gesticulou para que entrassem e garantissem que tudo estava
em ordem.
— Se precisarem de algo, toquem a sineta para chamar um criado, o
atiçador está ao lado da lareira, alguém virá ajudá-los. — Lady Pitt desejou-
lhes boa noite e fechou a porta com cuidado atrás dela.
Elizabeth caminhou pelo quarto, assimilando os móveis de madeira
nobre, mogno, e com o estofado de veludo verde profundo, tanto na cama
quanto nas cadeiras dispostas diante do fogo. Peles de animais cobriam o
chão de madeira, e as cortinas foram fechadas para deter o frio da noite.
Ela parou diante do fogo, voltando-se para encarar Sebastian, que se
inclinava contra a porta, desamarrando a gravata devagar, o olhar
transbordando pecado e calor focado apenas nela.
Calor acumulou-se em seu núcleo, e ela mal podia esperar por ele para
tocá-la. Estar com ele como esposa deveria estar com um marido.
— Quando para diante do fogo, eu quase posso ver através de seu
vestido. Sabia disso?
Ela corou, mas não se mexeu. Em vez disso, estendeu a mão e começou
a puxar os grampos em seus cabelos, deixando as longas mechas vermelhas
caírem pelos ombros.
— Não, não sabia, mas agradeço por me avisar. Eu me certificarei de
não ficar diante de qualquer lareira da próxima vez que estiver em um salão
de baile.
— Você tem pernas lindas, esposa. — ele disse, cada vez mais perto, a
jaqueta e colete foram jogados em uma cadeira próxima sem cuidado. Ele
baixou as mãos, puxando a camisa para fora das calças de pele de gamo.
Com a mão atrás da cabeça, ela a puxou do corpo.
Elizabeth engoliu em seco, nunca o vira nu. Uma parte deliciosa dela se
deleitava com o conhecimento de que ele era dela para admirar, para ter.
Ninguém jamais o veria assim de novo. Apenas ela. Ela o encontrou no
meio do quarto, não disposta a ficar parada, a esperar para ser envolvida nos
braços dele.
Ele a puxou para perto e a rodopiou em direção à cama de dossel,
trabalhando depressa nos ganchos da parte de trás do vestido de baile dela.
Antes que ela tivesse a chance de sentir-se tímida, ele a tirou do vestido e
do chemise, girando-a para desamarrar o espartilho.
Sebastian deu um passo para trás e a assimilou, os olhos passando por
todo o corpo dela como uma carícia física. Elizabeth respirou fundo para se
acalmar, sem saber o que aconteceria, o que ele esperava dela. Se ele
gostava do que via.
— Meu Deus, você é deslumbrante. — ele a pegou nos braços e a
deitou no meio da cama, seguindo-a e prendendo-a debaixo dele.
Ela deslizou o pé ao longo da panturrilha dele, a sensação dos pelos na
perna dele fazendo cócegas nos pés dela. Ele ainda estava com as calças,
um fato que queria remediar agora que estava abaixo dele.
— Tire a roupa, Sebastian. Quero sentir você.
Ele deu um beijo leve nela, antes de se ajoelhar na cama. Como com as
outras peças da roupa dele, ele se livrou das calças depressa, jogando-as em
algum lugar no chão perto da cama. Ela sentiu a boca seca, os olhos fixos
na masculinidade dele. Ela engoliu em seco, o nervosismo dominando-a, e
algo mais… um calor, uma necessidade, só de vê-lo.
Eles se encaixariam?
Como se lendo os pensamentos dela, ele riu.
— Vamos nos encaixar bem, minha querida. — e ele se juntou a ela,
beijando-a com sofreguidão e eliminando todo o medo que surgiu em seu
corpo ao vê-lo nu.
As línguas de ambos se encontraram, e mais calor se acumulou em seu
núcleo. Ela ondulou contra ele, o corpo pegando fogo, buscando algo que
ela desconhecia, mas que com toda a certeza, logo encontraria.
Ele se esfregou contra onde ela queimava, e prazer cresceu em seu
sangue. Ela arfou, segurando-se nas costas dele, o beijo intenso e demorado,
e ele se preparava para torná-la dele.
Era intenso demais. Ela precisava dele agora. Chega de provocações.
Eles já haviam brincado. Agora era hora de tê-lo por completo. De reclamá-
lo para si.

— DESDE O PRIMEIRO instante em que a vi, eu a quis. — ele admitiu,


uma verdade que nada tinha a ver com as motivações dele para se casar
com Elizabeth, porém, com toda a certeza, era a que o impulsionou a ir
atrás dela sem cautela.
Ela era uma mulher bonita, mas o que a fazia mais diferente e especial
dentre todas as outras ao redor dela era o intelecto, a bondade. Uma mulher
como ela deveria ter sido conquistada e ter se casado anos atrás. Ela já
deveria ter um monte de filhos.
Pensar que esta noite ele poderia engravidá-la, que ela poderia gerar um
filho dele, apenas fortaleceu seus sentimentos por ela. Emoções que ele não
podia mais negar. Há muito tempo que gostar dela não era definição o
suficiente. Ele já sabia, apesar do medo, que estava se apaixonando por ela.
— Mesmo? — ela arfou, arqueando as costas e permitindo que ele
pudesse beijá-la no pescoço, no topo dos seios. A pele dela estava corada,
seus longos fios vermelhos espalhados nos travesseiros. O coração dele
titubeou.
Ela era tão bonita que doía.
— O que acha de mim? — ele a questionou, massageando um seio,
trazendo-o até a boca para beijar e provocar.
Ela gemeu, tremendo sob ele.
— Eu o considerei lindo, apesar de inglês. — ela brincou, observando-o
lamber o mamilo dela. Seus olhos se encontraram, e ele mordeu a carne de
um jeito provocador. Elizabeth fez beicinho, quase ronronou, passando os
dedos pelos cabelos dele para mantê-lo onde estava.
Ele não ia a lugar algum. Esta noite era apenas deles, e ele saborearia
cada minuto que a tivesse nos braços. Um cavalheiro só teria uma única
primeira noite com a esposa, e Sebastian queria aproveitá-la ao máximo
com Elizabeth.
A pele dela cheirava a jasmim, e ele trilhou a barriga dela com beijos. A
respiração dela estava em frangalhos, e ele pretendia deixá-la muito mais no
limite antes de a noite acabar.
Ele empurrou as pernas dela, deslizando a mão no interior de uma coxa,
correndo o dedo pelo monte. Ela gemeu o nome dele, segurando-o.
— Confia em mim? — ele perguntou, acomodando-se entre as pernas
dela.
Ela assentiu, observando-o com olhos largos e claros. Ele beijou entre
as pernas dela, sorrindo ao ver o mesmo tom de seus cabelos, antes de dar
um beijo completo. Ela se engasgou, tentou se retorcer para fora do toque
dele, mas ele a segurou firme, sugando o botão sensível. Em alguns
segundos, ela parou, esperando para ver o que ele faria a seguir. Ele brincou
com a carne, beijou e lambeu toda a fenda, amando-a com a língua.
Ele deslizou um dedo em seu núcleo quente. Tão apertado. Pensar no
aperto dela em torno dele quase o fez se derramar. Medo de que poderia
machucá-la envolveu sua alma, e ele se empenhou com fervor, precisando
que ela estivesse pronta, molhada, atordoada de necessidade, antes que ele
reivindicasse sua virtude.
Não demorou muito para ela relaxar, erguer o bumbum da cama, e
ondular contra a boca dele. Ele a segurou lá, aproximando-a cada vez mais
da liberação, mas sem dar o que ela queria de fato.
— Sebastian, por favor. — ela gemeu enquanto ele brincava com seu
botão, antes de dar-lhe um último beijo. Ele voltou a subir acima dela,
estabeleceu-se entre as pernas, e empurrou no núcleo, tomando sua
virgindade.
Ela ficou rígida abaixo dele, e ele parou de se mover, dando tempo para
ela se ajustar. Ele engoliu em seco com força. A vontade de tomar tudo, de
buscar satisfação própria, era pesada.
— Sinto muito, minha querida. Só vai doer por um instante ou dois.
Prometo.
Com um mínimo aceno, ele sentiu-a relaxar a cada respiração, e com os
impulsos mais lentos e excruciantes que ele já se viu fazer, ele começou a
amá-la enquanto ela se ajustava ao tamanho dele.
Não demorou muito para que ela se acostumasse, e se movesse no
próprio ritmo. Ela ergueu as pernas, prendendo-as nos quadris dele, e prazer
subiu pela coluna dele, quente e exigente.
— Mais forte, Sebastian. — ela arfou, as mãos segurando-o firme pelos
ombros. Ele beijou o pescoço dela, bombeando, tomando como queria. Era
toda a aprovação de que ele precisava para aumentar o ritmo e dar a ambos
o que desejavam.
Ele a reivindicou com abandono, estendeu a mão por baixo dela,
levantando o traseiro. Ela gemeu, e ele conseguiu senti-la apertando em
torno do membro dele. Tão bom. Tão apertado que ele tinha certeza de que
veria estrelas. O núcleo dela puxou-o, e ela se desfez.
— Sebastian. — ela choramingou, agarrando-o enquanto ele continuava
a dar o que ela queria. O que ambos precisavam. O clímax dela chegou,
provocando o dele, profundo e demorado. Ele se permitiu se derramar na
primeira mulher em sua vida.
Ele choramingou o nome dela, beijando-a durante toda a extensão de
seu orgasmo, que não parecia diminuir.
Sebastian respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado. Nossa,
ele nunca gozou tão forte, nunca obteve tanto prazer com uma mulher na
cama. Entretanto, não era uma mulher qualquer. Esta era a esposa dele.
Ele se acomodou ao lado dela, puxando-a para a curva do braço, antes
de a beijar nos cabelos vermelhos ardentes.
— Está bem? Espero não a ter machucado muito.
Ela rolou contra ele, correndo a mão ociosa no peito dele.
— Não, não me machucou nada. — ela encontrou o olhar dele, tocando
a palma da mão em seu rosto. — Não acredito que estamos casados no
sentido mais verdadeiro agora. — ela o beijou no peito, os lábios deslizando
pela carne e fazendo um pouco de cócegas.
— Não se arrepende da escolha? — ele perguntou, precisando
tranquilizar-se de que ele era quem ela queria. Uma reação absurda
considerando o que acabaram de fazer, mas era impossível evitar. A união
deles se deu tão depressa e, embora arrependimento não fosse nada que ele
sentiu nem por um segundo, ele temia que ela se arrependesse. Agora ou
mais para frente.
— Não, claro que não. — ela respondeu. — Não poderia estar mais
feliz por ser sua esposa.
— Fico feliz. — ele complementou, inclinando-se para beijar aqueles
lábios doces, algo que suspeitava que jamais se cansaria de fazer. — Porque
estou muito feliz por ser seu marido. — as palavras mais verdadeiras do que
ele jamais pensou ser possível, em especial por ter começado a cortejá-la
por uma única razão: o que ela trazia para o casamento.
Não mais. Ele percebeu que pouco se importava com a casa ancestral de
infância. Enquanto a mulher em seus braços fosse dele, ele se sentiria em
casa onde quer que ela estivesse, e se isso acontecesse em Halligale, então
melhor ainda.
CAPÍTULO 14

T RÊS DIAS MAIS TARDE, após contar a novidade às amigas em


Edimburgo, eles estavam a caminho do sul, em direção ao Castelo Moy, a
casa de infância dela. Julia e Georgina ficaram um tanto emocionadas com
o casamento, embora um pouco confusas com a fuga. Contudo, assim que
Elizabeth prometeu a ambas que renovariam os votos após a Temporada,
elas ficaram tranquilas com a situação.
Eles encarariam muitas horas na estrada, porém, por terem feito o
desjejum em uma pousada não muito atrás, a viagem à espera deles não
parecia tão longa e árdua como normalmente seria. Não com o belo
cavalheiro sentado em frente a ela no veículo. Ela o observou ler o jornal,
uma pequena carranca na testa, e não conseguia acreditar estar casada. Que
este ano foi a vez dela encontrar um marido.
Como se sentisse a atenção dela, os olhos dele se ergueram acima da
borda do jornal e se encontraram com os dela. Calor surgiu em suas esferas
azuis-profundas e a fez sentir ondas de desejo. Eles mal saíram de perto um
do outro nos últimos dias, e no quarto ainda menos.
A princípio, Elizabeth pensava que poderia haver algo errado com ela
por o querer tanto assim. Que toda vez que ele abria um sorriso preguiçoso,
lançava um olhar cheio de conhecimento, dava uma piscadela ou sorriso
breve, ela se via impotente para negar a atração.
Eles fizeram amor em vários lugares na casa de Georgina enquanto ela
embalava suas coisas para partir, alguns desses encontros foram longos,
deliciosos, e outros foram rápidos, um ato pecaminoso que os saciavam até
se reencontrarem à noite. Algumas das coisas que Sebastian fez com ela a
fez se mexer no lugar. Ela era tão imatura, tão inconsciente do que poderia
acontecer entre um homem e uma mulher.
Ela não era mais tão inocente.
Ele colocou o jornal de lado, um sorriso preguiçoso na boca. Uma boca
tão má quanto a língua.
— No que está pensando, minha Lizzie?
Ele começou a chamá-la assim. Minha Lizzie. Toda vez que ela ouvia o
apelido carinhoso, o coração dela vibrava e aumentava a esperança de que
um dia haveria um amor inabalável entre eles. Ela não deixara de notar que
nenhum deles falava desse sentimento ou da falta de tal declaração.
Elizabeth sabia em seu coração que estava bem no caminho para amar o
libertino sentado em frente a ela, dando-lhe um daqueles olhares perversos
que ela nunca poderia ignorar.
Contudo, ele a amava? Ela sabia que ele gostava da companhia dela, a
cortejou nas últimas semanas até ela ser a esposa dele, então deve gostar
muito dela, mas estava se apaixonando por ela? Que ela não sabia dizer,
mas esperava que sim, e sonhava com uma declaração de amor em breve.
Ela não queria ser a única se apaixonando nessa união.
— Nada importante, apenas admirando meu marido bonito.
Ele riu, o som profundo, uma rouquidão que prometia todos os tipos de
prazeres deliciosos. Ele se recostou no assento, estudando-a.
— O veludo verde que escolheu hoje faz seus olhos parecerem ferozes
de brilhantes e, com toda certeza, deslumbrantes.
Apreciação calorosa a envolveu ante tais palavras. Como ela teve tanta
sorte de tê-lo conquistado? Ela baixou o olhar para o vestido, correndo a
mão ao longo do fio de ouro do corpete.
— Eu o encomendei para a Temporada deste ano. Fico feliz que goste.
— Venha aqui. — ele disse, os olhos escurecendo de fome.
Elizabeth moveu-se para sentar-se ao lado dele. A carruagem se
arrastava, e ela olhou pela janela, observando que ainda demoraria um
tempo. Nada além de campos e floresta agraciavam a vista.
Um beijo leve no pescoço a assustou por um instante, antes de ela virar
a cabeça e permitir que ele continuasse sua sedução.
— Inferno, como é doce o seu cheiro. — ele estendeu a mão para ela,
virando-a para encará-lo. Os olhares deles colidiram, e ela soube que ele a
queria. Os olhos dele queimavam com necessidade e determinação.
Calor se acumulou em seu núcleo, e ela foi até ele, beijando-o com toda
a paixão que sentia. As mãos dele a trouxeram para o colo, empurrando o
vestido até virarem um amontoado em torno da cintura. Ar frio beijou as
pernas dela, ainda cobertas por meias, enquanto o restante do corpo ansiava
pelo toque dele.
Ele não foi gentil, abriu a frente das próprias calças, a masculinidade já
rígida, acomodando-se entre seus montes. Elizabeth se pressionou contra
ele, tentando saciar a necessidade que percorria seu corpo. Ela o queria, o
observou por horas, e esperava que pudessem unir-se ao menos uma vez na
carruagem, antes de chegarem ao lar de infância dela.
Era muito travesso, muito divertido estar com Sebastian de tal forma.
Eles eram marido e mulher. Não havia nenhum dano real em se
comportarem assim, mesmo que fosse um ato libertinoso.
Ele a beijou com vontade, intensidade, a língua emaranhando com a
dela. Ele a apertou pelos quadris, os dedos mordendo o veludo e a pele por
baixo do tecido. Elizabeth passou os braços no pescoço dele, usando os
joelhos como apoio para colocá-lo rente ao seu núcleo, antes de baixar-se
na ereção.
Ambos gemeram enquanto ele se acomodava dentro dela, satisfazendo
todas as necessidades de ambos. Esse ato de amor foi frenético e rápido,
ambos precisando saciar o desejo pelo outro. Ele a ajudou a obter prazer,
balançando-a para ele, empurrando-a para mais perto da liberação. Ele
sussurrava palavras deliciosas e impertinentes no ouvido dela, a respiração
sussurrada dele fazendo-a sentir a espinha arrepiar-se de desejo.
— Goze para mim, minha querida. Reclame seu prazer. — ele arfou, tão
forte, tão demorado que ela pensou ser possível morrer após tanto prazer.
Ela beijou-o, tomou seus lábios reivindicando-o quando os primeiros
tremores de prazer surgiram de seu âmago para se espalhar por toda a sua
pessoa. Tão bom que ela se perguntou como viveu sem isso por tantos anos.
Se uma mulher soubesse ser possível encontrar tanto prazer com um
homem, decerto haveria mais casamentos ou casos amorosos, Elizabeth
estava certa disso.
Eles continuaram abraçados, a respiração de ambos em frangalhos.
Elizabeth se perguntava atônita, o que diabos a possuiu, o que a fez ter
coragem de sussurrar, no entanto, antes que pudesse impedir-se, ela proferiu
as três palavras pesadas que mudavam a vida de tantas pessoas. As vidas
deles para sempre.
— Eu te amo, Sebastian.

UM SILÊNCIO ESTRANHO recaiu entre eles. De todas as coisas que ele


esperava ouvir dos lábios de Lizzie, a palavra amor não era uma delas.
Mesmo assim, as palavras já não o aterrorizavam como teriam aterrorizado
no passado. Na verdade, ele teve a reação oposta, não sentiu nada além de
esperança e adoração pela mulher em seus braços. Ele até tentou formá-la
nos próprios lábios, a língua querendo trabalhar, mas não vieram. As
palavras se emaranharam, confusas, e ele não se declarou para ela.
Em vez disso, ele optou por beijá-la, por mostrar com o corpo o que ela
significava para ele. O que a honestidade dela o fez sentir.
O que ela o fez sentir.
Amor.
CAPÍTULO 15

A LGUMAS HORAS MAIS TARDE, a carruagem parou diante de uma


construção escura de pedra que parecia uma magnífica fortaleza. Sebastian
saltou e ajudou Elizabeth a descer, os olhos fixos na morada de infância
dela.
Uma voz feminina chamou o nome de Elizabeth, e ele se virou para ver
a filha do falecido Duque de Law, Lady Clara, puxar Lizzie em um abraço
terno e beijá-la no rosto. Lizzie, por sua vez, parecia feliz em ver Lady
Clara e a abraçou de volta.
A atenção de Lady Clara se voltou para Sebastian e seu semblante
esfriou, tornou-se defensivo. Ele se preparou para a recepção que receberia
aqui. Suspeitavam dos motivos dele? Os rumores da afeição entre eles
chegaram a Moy?
— Lorde Hastings, o que faz viajando com Lady Elizabeth?
Lizzie sorriu para a amiga, soltando a mão de Sua Senhoria e voltou
para ele, pegando a mão dele.
— Lady Clara, deixe-me apresentar meu marido, Lorde Hastings.
Ele jamais viu Lady Clara ficar sem palavras, mas lá estava ela. Talvez
houvesse uma primeira vez para tudo. O choque e cautela que surgiram nos
olhos dela não parecia bom presságio para a novidade deles.
— Marido? Está casada!
— Quem está casada?
Sebastian inclinou-se em reverência quando o Sr. Stephen Grant saiu
para se juntar à esposa, envolvendo o braço na cintura dela.
— Elizabeth se casou, Stephen. Você sabia?
Ele franziu a testa, olhando entre Lizzie e Sebastian.
— Não, eu não sabia. — ele virou essa carranca para Elizabeth. — Seu
irmão sabe?
— Não. — Lizzie disse, a voz imperturbada, mas ele pôde sentir a
tensão em sua postura, sentir o leve arrepio que percorreu sua pele. Ele deu
um aperto reconfortante nela, e ela abriu um sorriso vacilante para ele. —
Estou aqui para contar a ele.
Lady Clara pareceu sair do estado de choque e veio dar outro abraço em
Elizabeth, beijando-o também, na bochecha.
— Parabéns aos dois. São notícias maravilhosas.
Lizzie relaxou um pouco ante as palavras de Sua Senhoria, mas as
felicitações não soaram verdadeiras para Sebastian.
— Brice está em casa?
— Está no escritório. — o Sr. Grant disse com um pequeno sorriso para
Elizabeth.
— Obrigada. — ela disse e virou-se para ele, pegando as mãos dele. —
Creio que devo falar com Brice sozinha. Será um choque saber desta
notícia, e não desejo perturbá-lo com a reação inicial do meu irmão.
Não havia como ele permitir que Elizabeth enfrentasse o irmão sem ele.
Se o laird chegasse à conclusão de que o casamento era resultado apenas da
motivação inicial dele, ele precisava estar lá para se defender.
Não pode defender o indefensável.
Sebastian ignorou a voz de aviso soando em sua cabeça. Por mais que
ele estivesse aliviado por saber que Halligale estava de volta em suas mãos,
que seus filhos cresceriam e herdariam a propriedade, a união entre ele e
Lizzie era muito mais do que a pilha de tijolos antigos.
Após a declaração de amor dela, as palavras continuaram espiralando
em sua cabeça, provocando-o a admitir o que ele sentia pela mulher que não
o olhava com nada além de afeto naqueles belos olhos verdes.
— Não, eu irei com você. Seu irmão precisa ouvir de nós dois, uma
frente unida, marido e mulher.
Com o menor aceno, ela puxou-o para a entrada da casa. A propriedade
rivalizava até com a dele em Nottinghamshire. As antigas vigas de madeira
medievais, a escadaria e a entrada para o grande salão eram enormes. No
entanto, a casa não parecia fria ou pouco acolhedora. Grandes tapeçarias e
retratos de família foram pendurados na maioria das paredes, lareiras
rugiam com o fogo contido pelo gradil, e ele podia ouvir risos e a voz de
uma mulher em outro lugar da casa.
— Brice deve estar por aqui. — ele ouviu Lizzie dizer enquanto
prosseguiam.
Sebastian jamais encontrou o Laird Mackintosh, apenas ouviu seu irmão
mencioná-lo com nada além de ódio e raiva logo após perder Halligale no
jogo de cartas. O homem que seus olhos encontraram não era o que ele
esperava.
Ele presumiu que o Laird teria porte e altura semelhantes a dele. Estava
errado. O laird era um homem colossal, alto e musculoso, um guerreiro
escocês como os de anos passados. Sebastian engoliu em seco, afastando o
medo de que o homem diante dele pudesse derrubá-lo apenas com as mãos,
e sem muito esforço.
— Brice. — Lizzie caminhou depressa até o irmão, para os braços
abertos do homem.
Ele a beijou no topo da cabeça, abraçando-a por um instante antes de
levantar a cabeça e espiá-lo parado na porta. Ele odiava pensar no que o
escocês pensava dele. Sebastian sentiu, devido ao olhar frio e avaliativo
dele, que não alcançou um padrão mínimo para aprovação.
Ele falou, a voz profunda e repleta de comando. Uma voz que, ao soar,
outros ouviam.
— Quem é seu convidado, Elizabeth?
Ela se voltou para ele, pegou-o pela mão e o puxou para o cômodo.
Sebastian garantiu que parte da mesa estivesse entre os dois.
— Brice, gostaria de apresentá-lo ao meu marido, Sebastian Denholm,
Conde de…
— Hastings. — o irmão dela terminou a frase, os olhos fulminando
Sebastian com ira. — Marido?!
Sebastian não queria vacilar ou mostrar qualquer tipo de medo diante do
laird, mas a palavra marido gritada daquela maneira foi tão inesperado que
o pegou desprevenido. Ele puxou Lizzie para o lado dele, mantendo-a perto.
— Isso mesmo, meu senhor. Nos casamos há vários dias em Dalmahoy.
O olhar intenso do laird não pareceu bom para nenhum dos dois.
— É o irmão do falecido Conde de Hastings? — ele perguntou, o
sotaque muito mais pesado do que o da irmã. Sebastian também não deixou
de notar o fio de desconfiança no tom.
— Sim. Emmett Denholm era meu irmão mais velho.
— E veio passar a Temporada na Escócia, com a intenção diabólica de
garantir a mão da minha bela irmã em casamento pelo que vejo. Por que
não está na Inglaterra, como todos os outros ingleses, para se casar com
uma inglesa?
Ele deu de ombros, sorrindo, sabendo que, pelo tom do irmão de Lizzie,
ele não gostava de Sebastian, nem de ele a ter tomado como esposa.
— Sua esposa não é inglesa, meu senhor? — ele ponderou, não
permitindo que as desvantagens continuassem a passar sem defesa. Ele só
aturaria um tanto antes que certas coisas fossem ditas.
Os olhos do laird estreitaram-se, e Sebastian se perguntou até onde
poderia provocar o escocês, antes que ele ganhasse uma mandíbula
quebrada. Ele não tinha respeito pelo demônio, não após o laird ter roubado
Halligale, debaixo do nariz de seu irmão, quando o homem já não estava
mais em condições de jogar e pensar com lucidez. O laird praticamente
roubou sua herança de família, suas terras. Se o laird pensava que ele se
curvaria à sua suposta superioridade, ele estava delirando.
— E se casou com minha irmã sem meu consentimento, sem que
contratos matrimoniais fossem assinados. Onde está a papelada, Elizabeth?
— o laird disse, sem nem mesmo olhar Elizabeth, os olhos prendendo
Sebastian ao local.
Sebastian se engasgou com as palavras, pois não esperava tanta frieza
do escocês. Ele encontrou os olhos de Lizzie e os viu arregalados de alarme.
— Brice, não sei se aprecio seu tom. Lorde Hastings é meu marido. Sou
Lady Hastings agora. Não seja tão cortante e rude.
O laird olhou para ele perplexo e, ao que parece, ignorando a irmã.
— E eu não tenho certeza se eu aprecio seu casamento com um patife
de quem não sabemos muito, além do fato de ele ser o irmão de um homem
em quem eu confiava menos do que o exército Jacobita confiava no Rei
Carlos II.
— Brice. — Elizabeth arfou e encarou o irmão. Ela tinha coragem, sua
esposa. Poucos olhariam para um homem tão gigante e o repreenderiam. —
Vou contar à Sophie que besta está sendo, talvez assim perceba seu erro.
O laird cruzou os braços.
— Não fará nada disso. Sabe que Sophie não está bem, que precisa
descansar. Ela não deve ser incomodada com este dilema em que você se
envolveu. Lidarei com este falso casamento e a livrarei dele.
— Não me livrará de nada. — Lizzie deu um passo à frente, usando a
mesa para se apoiar e dar ênfase ao ponto de vista. — O casamento foi
consumado. Houve testemunhas e um reverendo. Não há nada que possa
fazer para mudar o curso da minha vida. Casei-me com o homem que amo,
e permanecerei assim, não importa o porquê de desgostar tanto dele.
— Talvez você goste de saber de onde vem meu desgosto pelo sujeito,
minha irmã. — o laird disse, um músculo saltando no queixo.
Pavor tomou conta de Sebastian. Este era o momento que ele temia. Se
Elizabeth descobrisse o que uma vez foi verdade, ela nunca o perdoaria. Ele
a perderia.
— Venha, Elizabeth. — disse ele, apertando a mão dela e tentando
arrastá-la da sala. — Voltaremos à Inglaterra. Talvez com o tempo, Laird
Mackintosh esfrie sua ira e pense de forma mais clara e justa em relação à
nossa união.
— Improvável. — disse o laird, olhando para ele. O laird virou-se para
a irmã. — Venha, Elizabeth, precisamos conversar, e sozinhos. Você merece
saber a verdade.
— Perdão? — disse ela em clara confusão. — O que diabos o deixou
assim, Brice? Não entendo.
O laird, em vez de ir até Sebastian para pegá-lo pelos ombros e jogá-lo
de volta no corredor, deu a volta na mesa e se sentou como se não tivesse
preocupação alguma no mundo. — Sente-se, precisa estar sentada quando
ouvir o que tenho a dizer.
Lizzie jogou-lhe um olhar cauteloso, e Sebastian soube que ela temia o
que o irmão sabia, e ela não. O que Sebastian talvez escondesse dela, que
teria mudado sua opinião sobre ele. Impedindo-a de se casar com ele.
Pensar que poderia perdê-la em questão de minutos o fez sentir náuseas,
e ele lutou para não suar. Ele sentou-se ao lado de Lizzie, tomando a mão
dela na esperança de acalmá-la quando ela descobrisse a verdade em torno
do irmão dele e da propriedade que agora era dela.
O laird suspirou, esfregando a mandíbula com uma das mãos.
— Conheci o falecido Lorde Hastings. Na verdade, o conheci quando
ele esteve por aqui na penúltima Temporada, encontrei-o em Edimburgo
enquanto estava lá a negócios. Um jogo de cartas foi jogado, Lorde
Hastings era um jogador terrível e perdia com frequência, e ainda assim,
nada o impedia de ser um tolo e pensar no que fazia.
Lizzie apertou a mão de Sebastian, e deu-lhe um olhar preocupado.
— Lamento que seu irmão tenha sido problemático, Sebastian.
Ele levantou a mão dela e a beijou.
— Não tem nada a ver conosco, minha querida. Não se preocupe com
meu irmão.
— Mesmo assim, sinto muito.
Seu coração batia forte no peito por ela se preocupar com ele. Por ela se
importar. Sebastian encontrou o olhar severo do laird e preparou-se para a
guilhotina.
— O falecido Lorde Hastings, já sem dinheiro em mãos, optou por
apostar a propriedade escocesa da família dele. Uma casa que sua mãe
herdou pouco tempo após se casar. A propriedade que eu dei a você,
Elizabeth.
Sebastian tirou um segundo para se preparar, antes que pudesse se
forçar a encarar os olhos assustados de Elizabeth. Ela não ter levado mais
do que alguns segundos para compreender o que o irmão dizia, falava muito
de sua inteligência. Os olhos dela se encheram de lágrimas, e o coração dele
desmoronou no peito. Ele estendeu a mão para ela, que se afastou, ficou de
pé e deu a volta na mesa.
— Você se casou comigo para recuperar a propriedade de sua família?
— ela fez uma pausa, engolindo com força. — Foi o que fez, Sebastian?
Ele balançou a cabeça e ficou de pé.
— Não, não fiz isso.
O laird rosnou, de verdade, foi um rosnado.
— Não faça minha irmã de boba uma segunda vez, Lorde Hastings.
Tenha coragem e assuma a verdade, garoto.
— Não sou um garoto, e será melhor que se lembre disso. — Sebastian
rugiu, já farto de ser tratado como a pior pessoa do planeta. — No começo,
posso ter visto a oportunidade, Lizzie, mas desde então tornou-se muito
mais do que uma propriedade. Eu a amo tanto quanto você me ama. Não me
importo mais com Halligale.
— É um mentiroso. Você me cortejou, me cercou e a mais ninguém. E
eu, uma tola estúpida, fui cega a ponto de acreditar que me queria de
verdade. Que não queria mais ninguém além de mim, mas tudo o que via
era o que eu traria para um casamento.
Sebastian ergueu as mãos, esperando fazê-la entender.
— Sim, admito que vim para a Escócia para tentar recuperar Halligale
de alguma forma. Quando descobri que a propriedade havia sido
presenteada a você, minha mente, claro, chegou à conclusão de que uma
união nossa seria o caminho mais fácil. Eu poderia simplesmente ter pedido
para comprá-la de volta, Lizzie, mas não fiz. Não porque não pudesse pagar
pela propriedade, mas porque assim que comecei a conhecê-la, percebi que
você era um presente que não pensei poder ganhar. Eu me apaixonei por
você e sua doce natureza. Não me importo mais com a propriedade. Eu
quero você.
— Mesmo? — ele disse, o tom de descrença. — Então, se eu assinar um
documento devolvendo a propriedade para o meu irmão, tirando de você a
chance de reavê-la, ainda professará seu amor? Ainda desejará estar casado
comigo?
— É claro. — ele disse, sabendo que tal transação seria impossível. Ela
era a esposa dele agora. O que era dela, era dele por lei. — Esqueça o que
trazemos para o casamento, e por favor, lembre-se como somos juntos. O
quanto me ama. O quanto eu a amo.
CAPÍTULO 16

O QUANTO ELA O AMAVA? Elizabeth quase bufou ante a noção


absurda. Ela foi enganada, e foi a única a não perceber. Quantas outras
pessoas que frequentam a Temporada Escocesa sabiam que Lorde Hastings
estava lá com um motivo oculto? Casar-se com ela e reaver a casa ancestral
da família.
Que asqueroso, inglês desgraçado.
— Como ousa? Fui motivo de chacota de Londres antes, e agora me faz
ser pela segunda vez. Nunca vencerei a vergonha de me casar com um
homem que me enganou para conseguir uma união apenas para recuperar
uma antiga propriedade da família. Não será você, um conde, que sofrerá
com as observações desonestas e risos enquanto passa. Ó não, tal
comportamento será reservado apenas para mim.
— Ninguém dirá essas coisas, Lizzie. Não permitirei, e não é verdade.
— Isso é a mais pura bobagem, Sebastian. — ela caminhou para longe
dele, fúria correndo quente pelo sangue. — Quando diz não se importar
mais com o que acontece com a propriedade também é uma mentira. Você
se importa, muito, por isso ficou tão interessado em fugir e apressar um
casamento íntimo e tão cedo em nosso compromisso. Você não queria que
eu nutrisse afeição por mais ninguém. Tirou de mim a habilidade de fazer
uma união mais sólida. Seu amor é um castelo de cartas semelhante ao do
seu irmão, um castelo destinado a desmoronar.
Ele correu uma das mãos pelos cabelos, e ela pôde ver a frustração
tamborilando pelo corpo dele.
— Sim, eu comecei a cortejá-la para recuperar a casa, mas bastaram
alguns dias para tudo mudar. Eu quero você, Lizzie. E não importa o que
seu irmão diga… — ele disse, apontando para Brice. —, o que sinto por
você é mais forte do que tudo que já vivi. Eu nunca disse a uma mulher que
a amo. E eu amo muito você. Não quero perdê-la.
— E ainda me perderá, pois você representa o pior do que vive além da
fronteira escocesa. Um inglês egoísta, um ególatra que não se importa com
nada ou ninguém, além dele mesmo.
O irmão grunhiu uma aprovação para as palavras dela.

— Fique fora dessa discussão. Esta batalha não é sua. — Sebastian apontou
para o laird, encarando o desgraçado.
O laird ficou de pé, a cadeira raspando no chão de madeira.
— É melhor parar de falar agora, Lorde Hastings.
Sebastian ouviu o aviso no tom do outro, mas se recusou a ouvir, a
admitir. Ele precisava que Lizzie acreditasse nele. Que ela o amasse e
ficasse com ele como prometeu que iria. Ele não poderia perdê-la agora.
Não por essa razão, não quando tal razão não importava mais para ele.
— Obrigue-me. — ele disse, preparado para se defender, para defender
seu futuro com Lizzie.
— Chega! — a voz de Elizabeth chegou cortada entre eles, tirando
Sebastian de sua iminente briga com Laird Mackintosh. — Brice, por favor,
me dê alguns instantes com Sebastian.
O irmão dela o encarou por um último instante, antes de evadir da sala,
a porta batendo forte atrás dele.
Sebastian não se moveu, com medo de que se o fizesse, ela fugiria, e a
chance de ele explicar, de fazê-la entender, desapareceria.
— Lizzie, por favor, tente ver a situação do meu ponto de vista. Não
quis magoá-la.
— Não, suponho que não. Não esperava que eu descobrisse. Uma
suposição estúpida considerando quem é meu irmão e a história dele com o
seu irmão. O que o fez pensar que seus atos obscuros não seriam
descobertos?
Antes que ele tivesse a chance de responder, ela rejeitou as palavras dele
com um movimento de mão.
— Nunca pensou em não se safar, não é? Sabia que meu irmão faria a
conexão, veria suas razões para se casar comigo, e o denunciaria. Mas se eu
já estivesse casada com você, o casamento consumado, bem, não haveria
nada que meu irmão, nem ninguém pudesse fazer para desfazer essa união.
Quando colocado assim, Sebastian conseguia ver que ele dava a
impressão de ser um desgraçado pleno. Ele a forçou a correr com as coisas
mais do que deveria, precisava que o casamento fosse incontestável antes
de conhecer o irmão dela. O que ela disse era verdade, e ele não podia se
defender da acusação.
Mesmo que ele a amasse agora, que a quisesse acima de tudo no mundo,
as palavras dele entrariam por um ouvido e sairiam pelo outro, pois ele
arruinara a chance de serem felizes ao ser desonesto.
— Se vale de algo, eu te amo, Lizzie. Posso não ter começado com
intenções honrosas, mas para mim, há muito tempo não penso em ninguém
além de você. Quero que nosso casamento seja feliz. Por favor, me perdoe.
Ela balançou a cabeça, raiva praticamente a dominando.
— Não, não posso. Você não é confiável. É um mentiroso, um ladrão
vestido com roupas elegantes e botas hessianas polidas. Não quero nada
com você. — ela caminhou até a mesa, rabiscou em um pedaço de
pergaminho, antes de dobrá-lo e jogá-lo na beirada da mesa.
— O que é isso? — ele perguntou ao pegar o papel.
— Entregue esse bilhete à Sra. Gardener em Halligale. Ela sabe a minha
assinatura e acreditará que você é meu marido. Você queria a propriedade
de volta, bem, agora você a tem. Espero que aproveite bastante a sua pilha
de tijolos.
— Lizzie, a casa era da minha mãe. O lugar onde todas as minhas
memórias felizes foram construídas. Por favor, não faça isso.
— Saia. — ela disse, a voz dura e impedindo quaisquer argumentos. —
Vamos permanecer casados porque não posso mudar esse fato, mas saiba
que, a partir deste dia, não somos mais marido e mulher. Não quero ter nada
a ver com você.
Sebastian debateu se daria a volta na mesa para puxá-la para seus
braços, segurá-la firme e tentar fazê-la compreender seu raciocínio.
Contudo, os olhos dela queimavam de dor e raiva, e ele não se forçaria a
ela. Ele tentaria de novo. Outro dia, ele voltaria e tentaria reconquistar seus
afetos.
— Desculpe-me. — ele disse, caminhando para fora da sala e direto
para porta da frente. A carruagem foi descarregada em parte, pois ele notou
que apenas os baús dele permaneciam amarrados na parte de trás do
veículo. O laird ficou parado ao lado, dando ordens ao condutor, os braços
cruzados a frente do considerável torso.
— Deve retornar para a Inglaterra. Se eu souber que foi à Halligale, eu
acabo com você e ninguém jamais ouvirá seu nome de novo. Não pense que
só por ser o marido da minha irmã que vou perdoá-lo por enganá-la a casar-
se para que recuperasse uma propriedade. Nunca mais colocará os pés aqui
de novo, ou perto de Halligale.
— Sou dono da propriedade ao lado da de Lizzie, e voltarei para lá se
quiser. Nem você, nem ninguém me dirá o que posso ou não fazer.
A boca do laird curvou-se em um rosnado.
— É claro, faz o que quer sem se importar com as consequências.
Sebastian se virou e subiu na carruagem. Ignorou o laird parado à frente
da casa como se para mantê-lo à distância. Perscrutou as janelas, desejando
ver Lizzie, mesmo que pela última vez. Ele não sabia quando iria revê-la, e
a ideia de nunca mais vê-la o fez passar mal.
Não, este não era o fim, nem da amizade, nem do casamento deles. Ela
o amava tanto quanto ele a amava. De que importava que ele se apaixonou
pela mulher que herdou a casa ancestral dele?
Você não contou a verdade, e esse é o problema.
Ele fechou os olhos por um instante, enquanto a carruagem avançava.
Não importava e, ainda assim, era tudo o que importava, na verdade. Não
foi honesto, e ao agir dessa maneira, ao se preparar para primeiro enganar,
ele arruinara qualquer chance deles.
Ele olhou para trás, para a casa. O desespero apertou seu peito quando
ele encontrou as janelas vazias da presença dela, sua Lizzie.
CAPÍTULO 17

E LIZABETH PASSOU A NOITE no Castelo Moy, antes de seguir


para a propriedade que o irmão lhe dera de presente. Um lar que aprendeu a
amar, mas que não sabia mais se queria manter. Talvez, pudesse vendê-la. O
irmão sugeriu essa opção, caso não suportasse mantê-la.
A carruagem rolou e parou diante de Halligale, uma casa divagante e
caprichosa que ela passou a amar. Ela saltou do veículo sem esperar por
ajuda e olhou para a propriedade. Sua mente, por mais que ela tentasse, não
conseguia deixar de imaginar Sebastian aqui quando criança. Correndo pela
grande casa, pelos jardins bem-cuidados, sendo perseguido pelo irmão, uma
aia ou mãe.
Ela não o ouvira com tanta atenção quanto deveria, ou assim ela
supunha. Como uma mulher de uma família amorosa, seu irmão, pelo
menos o era, ela conseguia entender Sebastian desejando reaver a
propriedade. O único lugar onde ele criou memórias felizes na infância.
Suspirando, ela entrou. A governanta cumprimentou-a no saguão.
Elizabeth pediu um banho e que a lareira do quarto dela fosse acesa, a
exaustão a alcançava. Após às viagens dos últimos dias, e o peso emocional
que a acompanhava, tudo o que ela desejava era um banho relaxante e
dormir.
Ficar sozinha e resolver sua vida, decidir o que faria, como ela seguiria,
dada a verdade com que precisava viver a partir de agora.
O quarto era exatamente como se lembrava, quente e acolhedor, as
cortinas leves e a roupa de cama garantindo uma sensação feminina ao
ambiente, e iluminando os móveis de madeira escura. Ela sentou-se na
beirada da cama, e viu como a criada se alardeou com seus baús e vestidos,
uma criada de copa se esforçava para acender a lareira.
— Gostaria que o jantar fosse servido, Lady Elizabeth?
Ela assentiu, ignorando que ainda a chamavam pelo nome de solteira.
Claro que o fariam. Eles não sabiam que ela estava casada, que agora era a
esposa do Conde de Hastings. Uma condessa.
— Comerei aqui mesmo, em uma hora. Obrigada. — ela disse, não
querendo usar a sala de jantar.
Dois lacaios trouxeram uma banheira de cobre e a colocaram diante da
lareira antes que uma fileira de criados trouxesse balde após balde de água.
O banho foi reconfortante, trouxe alívio aos ossos doloridos, e relaxou-a
pela primeira vez em dois dias.
Quando ela subiu para a cama mais tarde naquela noite, ela não pôde
deixar de se perguntar onde Sebastian estava. Havia voltado para Londres?
Estava em sua nova propriedade ao lado, ou estava em Edimburgo? Uma
pequena parte dela esperava que ele estivesse na Mansão Bragdon, e assim
ela ter a possibilidade de vê-lo, fazê-lo explicar o raciocínio dele mais uma
vez. O que fosse para fazê-la entender, acreditar que ela não foi enganada
para se casar com a única motivação de obter uma propriedade.
Dias se passaram, e ela já estava em Halligale há quase uma semana
quando Julia veio de Edimburgo para visitá-la. Elizabeth serviu chá na sala
de visitas do andar de baixo. Ela não escreveu para as amigas para contar-
lhes de sua dor, de como a situação estava com Sebastian. Então, por que
Julia estava aqui? Ela estava curiosa para descobrir.
Julia segurava a xícara de chá com ambas as mãos, a atenção
perscrutando Elizabeth, sem deixar de notar um único detalhe. Felizmente,
a amiga era educada o suficiente para não mencionar as sombras escuras
sob os olhos, ou que ela perdera peso e nenhum dos vestidos servia mais
com perfeição.
— Georgina e eu recebemos uma visita de Lorde Hastings há vários
dias. — ela constatou. — Sugeriu que fôssemos ao Castelo Moy para vê-la.
Georgina não podia sair de Edimburgo, mas eu vim, só para descobrir que
você havia deixado Moy, que estava de volta em Halligale. Estou feliz em
encontrá-la em casa aqui.
As palavras resguardadas da amiga a colocaram no limite. Ela bebeu
chá, ainda estudando Julia. O que a amiga dela soubera? Que Sebastian
havia partido e ido vê-las, bem, ela não sabia bem o que pensar disso. Se ele
pensou que envolver as amigas, fazê-las ficar do lado dele ajudaria sua
causa, ele estava delirando.
— Sebastian as visitou. Suponho que ficaram surpresas em vê-lo sem
que eu estivesse presente.
— Nós duas ficamos surpresas, e antes que pergunte, não, ele não
contou por que deveríamos vir aqui para vê-la, apenas disse estar
preocupado e que você poderia precisar de uma amiga.
Elizabeth mordeu o interior da bochecha, lutando contra um fluxo de
lágrimas que até agora havia conseguido afastar. Ela não choraria. Ela não
permitiria que ninguém a fizesse sucumbir às lágrimas de novo. Após o
constrangimento em Londres, de virar a “Lizzie Atrai-Sorte”, ela jurou
nunca mais chorar por trivialidades.
Isso não é insignificante, Elizabeth.
Ela baixou o olhar para as mãos, para a aliança que agora circulava um
dedo como um farol de seu fracasso.
— Lorde Hastings se casou comigo porque esta casa em que agora nos
sentamos foi a casa de infância dele. O irmão dele perdeu-a em um jogo de
cartas para o meu irmão há dois anos, ou algo assim. Eu fui o meio de ele
recuperá-la.
A boca de Julia escancarou, e ela não falou nada por vários segundos.
Elizabeth negou-se a ceder ao constrangimento que queria dominá-la. Não
era culpa dela. Era de Sebastian. Ele foi o desgraçado que criou esse plano.
Ela foi a parte inocente nessa história.
— Lorde Hastings fez o quê? — a xícara de chá da Julia sacudiu-se no
pires, e ela baixou-a com barulho. — Ele disse isso para você?
Elizabeth assentiu.
— Ele disse, sim. Quando viajamos para Moy, meu irmão fez a conexão
e viu as razões para ele querer um casamento comigo. Sebastian não
conseguiu negar, tentou me fazer ver o raciocínio de por que ele fez o que
fez. Eu ainda não posso acreditar. — Elizabeth ficou de pé, caminhou até a
janela e se pôs a observar a propriedade, para o terreno que importava mais
para Sebastian do que ela. — Ele cresceu aqui com a mãe, ela era escocesa.
Muitas lembranças felizes, ao que parece. Um lar ancestral que ele estava
relutante em perder, portanto, pensou que conseguir um casamento comigo
era a forma mais fácil de recuperá-la.
— No entanto, com toda a certeza… — Julia disse suplicante. — ele a
ama. Tenho certeza disso. Há alguma chance de ele ter se apaixonado por
você enquanto a cortejava? E assim, a fixação dele na propriedade mudou
para você, a casa tornando-se secundária. Apenas não consigo acreditar que
algum homem trataria uma mulher com tão pouco respeito. Não acredito
que ele faria isso. É horrível demais.
Elizabeth deu de ombros, incapaz de se virar e encarar a amiga.
— É o que ele diz. Diz que se apaixonou por mim, embora tenha
insistido no plano original, mas não consigo aceitar isso. — Ou talvez ela
conseguisse, mas não pudesse perdoá-lo pela traição. Que todas aquelas
palavras doces, as longas considerações desde o outro lado do salão, as
valsas que dançaram… que tudo foi um meio, um joguete para ele ver o
quão difícil seria ela cair aos pés deles.
Calor invadiu suas bochechas. Foi incomum a pressa como ela formou
apego, e mal dera chance de os demais cavalheiros se aproximarem dela,
assim que Lorde Hastings começou a segui-la pela cidade. Que tola sem
sentido ela foi. Por sua vez, que sem-vergonha ele foi.
— Ele parecia miserável quando veio nos ver, Elizabeth, como se mal
tivesse dormido.
— Ótimo. — ela cuspiu, mais ríspida do que deveria. Julia não merecia
a ira que sentia, a decepção era com Sebastian. — Desculpe-me. Por favor,
saiba que não estou zangada com vocês.
Julia levantou-se e se juntou a ela na janela.
— Saiba que estou do seu lado, e vou defendê-la e apoiá-la até o fim, se
é o que deseja de mim, mas antes de tomar qualquer decisão precipitada,
deve ponderar. Há a possibilidade de que Lorde Hastings tenha se
aproximado de você com intenções dissimuladas, mas que logo foram
deixadas de lado quando seu charme e ternura se mostraram, e ele foi pego
de surpresa. Ele ama você, não ama? — perguntou Julia.
Elizabeth assentiu uma vez.
— Assim ele declara.
Julia envolveu as mãos da amiga, apertando-as um pouco para ganhar
sua atenção.
— Você é adorável, Elizabeth. Não importa que apelido Londres tenha
criado. Lorde Hastings ignorou tudo, começou a conhecê-la, seu verdadeiro
eu, e ele se apaixonou por essa mulher. Se ele não se importasse, não teria
voltado para Edimburgo, para encontrar suas amigas e implorar que
viéssemos para Moy. Ele teria virado as costas, viajado para Londres e
colocado os advogados dele na estrada para a Escócia, para recuperar esta
propriedade.
— Ainda há tempo. Ele já pode ter feito algo assim, por tudo que sei.
— Ele ainda estava em Edimburgo quando saí.
Elizabeth não sabia o que pensar. Nos últimos dias, suas emoções
sofreram uma série de altos e baixos. De esperança a desespero. Não foi
surpresa que ele não a tivesse perseguido até Halligale após ela dizer que
não queria mais voltar a vê-lo. Contudo, ela sabia que precisava considerar
as palavras de Julia. As pessoas mudam. Seria possível que Sebastian tenha
mudado?
— Quando as pessoas descobrirem que herdei Halligale e que a família
a quem pertencia é a de ninguém menos que meu novo marido, haverá
conversa. Serei ridicularizada em todas as festas que ousar participar, serei
alvo de pena porque as pessoas pensarão que Sebastian se casou comigo
para recuperar uma propriedade perdida.
— Podem dizer essas coisas. — Julia concordou. — Entretanto, após
anos de um casamento feliz, de filhos e amor, Elizabeth, o que poderão
dizer se verem isso? — Julia sorriu. — Dirão que estavam errados, e vocês
poderão fazê-los engolir as próprias palavras. Vocês podem viver um
casamento feliz e não se importar com a opinião de terceiros.
Pela primeira vez no que pareciam semanas, ela sorriu. Julia era tão
inteligente e perspicaz. Quando alguém se perdia em melancolia, se via
incapaz de ver com clareza devido à dor, ela sempre foi a amiga certa,
aquela honesta que oferecia um ponto de vista diferente.
Não que Elizabeth não estivesse com esperanças, imaginando essas
mesmas possibilidades, mas era bom ouvir de outra pessoa.
Ela enfrentaria conversas, fungadas, e risadinhas enquanto passasse,
reações que veio a odiar após a Temporada embaraçosa, mas ela conseguiria
sobreviver. Com Sebastian ao seu lado, com o apoio e amor dele, ela
conseguiria suportar tudo.
— Preciso de tempo para pensar em tudo, para decidir o que quero
fazer. — Elizabeth puxou Julia em um abraço rápido. — Obrigada por vir
aqui me ver. Por me dizer o que disse. É a melhor das amigas.
— Quero que seja feliz, Elizabeth, e algo me diz que seu coração
também foi tocado por Lorde Hastings. Sem ele, temo que nunca se
contentará. Pense em tudo o que eu disse, decida seu caminho. Como
declarei mais cedo, Georgina e eu estaremos ao seu lado sempre, não
importa sua escolha.
— Obrigada. — ela disse, mais grata por aquela perspectiva do que
Julia jamais saberia. — Eu sei que estarão.
SEBASTIAN NÃO CONSEGUIU ficar muito tempo em Edimburgo. A
Temporada, ou a cidade, não trazia mais nenhum apelo para ele agora que
Elizabeth não estava entre seus muros. Ele viajou até a Mansão Bragdon,
fez caminhadas diárias, e pôs-se a refletir como poderia reconquistá-la.
Até agora, ele falhou na tarefa. De qualquer forma, ele olhou para a
própria situação, buscando uma solução, e nada provava que ele a amava
mais do que a propriedade.
A maneira como ele decidiu ganhar Elizabeth foi errada, nada
cavalheiresca, e cruel. Claro, ele nunca quis que ela descobrisse. Essa ideia
era mais do que imperativa após perceber estar se apaixonando por ela.
Um ideal tolo que nunca aconteceria. Não com o irmão dela
conhecendo a verdade, ele veria sua real intenção.
Agora que ela sabia dos motivos dele, ele sempre receberia um olhar de
desaprovação de qualquer uma da família dela, caso desse um passo para
perto de algum deles. Após o laird o expulsar, e Elizabeth também, ele
duvidava que voltaria a se aproximar.
— Inferno maldito. — ele deslizou uma vara longa sobre a grama alta
do terreno dele. Caminhava pela fronteira de sua propriedade com a de
Elizabeth. Descobriu por um lacaio que ela estava em residência lá,
sozinha, e que uma amiga, Lady Julia, a visitara na semana passada, mas já
voltara para a cidade, ficou apenas alguns dias.
Ele parou, o olhar na casa de infância, observando como o sol da tarde
fazia as janelas voltadas para o oeste refletirem os raios dourados. Várias
chaminés soltavam fumaça, um lugar acolhedor e repleto de ternura que ele
precisava admitir já não ter tanta importância.
Ele se importava mesmo era com a mulher que se sentava entre aquelas
paredes. No que ela estava pensando? Havia se acalmado um pouco após a
verdade explosiva ter arruinado o que nasceu entre eles? Não sabia, e neste
instante, ele estava com muito medo de descobrir. O medo da reação dela,
de ela afastá-lo uma segunda vez, o fez querer vomitar. Como ele poderia
fazê-la ver que ele a amava? Que amava de verdade, não se tratava de
herança.
Um galho estalou em algum lugar à sua direita, e ele se virou para ver o
rosto assustado de Elizabeth, o gorro quase caindo da mão, pendurado por
uma fita azul. O vestido vespertino azul-claro fez o coração dele perder
algumas batidas.
Nossa, como ele sentiu falta dela. Sua beleza, os cabelos soltos caindo
pelos ombros, afastados do rosto por alguns grampos, os olhos verdes
arregalados com choque ao vê-lo. Ele a encarou por um longo instante,
cativado por seu charme.
— Lizzie. — ele disse enfim, não se movendo por medo de ela fugir.
— Está na Mansão Bragdon? — ela perguntou, com um olhar fugaz
para a propriedade.
— Estou, mas não por muito tempo. Estou embalando minhas coisas
para levá-las de volta para a Inglaterra. Estou vendendo a propriedade,
voltarei para Nottinghamshire. — Lizzie não merecia tê-lo morando perto
dela na Escócia, com toda a certeza não, se ela não queria voltar a vê-lo
perto dela. Ele honraria esse desejo, daria a ela o que ela queria e viveria na
esperança de que um dia ela o perdoaria e o receberia de braços abertos.
— Ó. — foi tudo o que ela disse com um pequeno aceno. — Suponho
que como a lei diz que o que é meu é seu, tem sua casa ancestral de volta e
não precisa de duas propriedades lado a lado.
— Não é por isso que estou vendendo. — ele a corrigiu, odiando que
ela acreditasse no que não era mais verdade. Já não o era há várias semanas.
— Também não quero Halligale. Pode fazer o que quiser com a
propriedade. Não ficarei no seu caminho.
— Mesmo? — a palavra foi breve e carregada de suspeitas. Como se ela
não acreditasse em uma palavra do que ele disse.
A única forma de conseguir provar que não se importava com a
propriedade era partir, voltar para a Inglaterra, e continuar a vida de casado
sozinho.
— O que eu digo é a verdade, Lizzie. Não quero mais Halligale, pois
entendi que uma propriedade precisa abrigar aqueles que amamos para ser
chamada de lar. — ele deu um passo cauteloso em direção a ela, mas ela
deu um passo para trás, para fora do alcance dele. — Eu poderia ficar com a
propriedade, morar lá, mas eu não seria tão feliz como fui quando criança,
pois você não estaria lá comigo. Ao ganhar a propriedade, eu perco você, e
nada vale isso.
Ela estudou-o alguns instantes, mas ele via que ela não estava certa das
palavras dele. Desconfiava dele. Será que ele reconquistaria a confiança,
que saborearia seu amor e calor mais uma vez? Inferno, ele esperava que
sim.
— Eu sei que não acredita em mim, por isso estou indo embora. Não
posso mudar nossa situação. Somos casados, e não há como remediar. —
ele deu de ombros. — Este foi o único jeito que consegui pensar de me
provar para você. Ir embora, mas saiba… — ele disse, tentando pegar as
mãos dela e falhando uma segunda vez. — Eu te amo, Lizzie. Em algum
momento do meu grande plano de recuperar o que era meu, capturei algo
muito mais precioso.
Ela engoliu em seco, os olhos vidrados e brilhantes.
— E o que capturou, Lorde Hastings?
Ele vacilou ante o uso do título, mas o que ele esperava? Ele perdeu o
direito de ouvi-la chamá-lo de Sebastian. Marido. Amante.
— Seu coração. — desta vez, Sebastian a segurou pelo braço e deu um
beijo rápido na bochecha dela, antes de se virar e andar para longe. Era
melhor assim. Ele não podia ficar. Ficar poderia afastá-la mais. Se ele
queria uma chance de reconquistá-la, a Inglaterra era onde ele precisava
estar. Ficaria lá esperando, e esperando, que um dia ela aparecesse nos
degraus da casa dele.
Pronta para reivindicar o que sempre será dela.
O amor dele.
CAPÍTULO 18

T RÊS MESES SE PASSARAM, e o que Sebastian dissera à


margem do bosque, que ele estava de partida, ainda se mantinha como
verdade. Ele não voltou para a Escócia em todo esse tempo, ficando em sua
propriedade em Nottinghamshire. Em todo caso, as notícias que ela recebia
da família e de amigos na Inglaterra assim afirmavam.
De acordo com todos os relatos, o outrora libertino e solteiro mais
procurado em Londres, evitava as delícias da cidade e se isolara em sua
propriedade rural. Ela não acreditou que ele venderia a propriedade ao lado
da dela, mas em poucas semanas a casa foi vendida, e os novos
proprietários já estavam vivendo ali e desfrutando da morada escocesa.
Quando a casa foi vendida, e a notícia de que Sebastian estava em
segurança de volta à Inglaterra a alcançou, a distância a corroeu como um
tumor cancerígeno.
À medida que as semanas se transformaram em meses, a ausência dele
pesou, e nas últimas semanas, ela começou a olhar para a própria situação
com muito mais clareza. Viu além da raiva inicial e da decepção, e entendeu
por que ele fez o que fez.
Ele pode não ter esperado se apaixonar por ela, mas se apaixonou, e
agora, ela acreditava nisso mais do que em qualquer outra coisa. Ela visitou
Moy várias semanas após a partida dele e descobriu que Sebastian assinou
uma reivindicação a Halligale. Se ela quisesse, poderia vender a
propriedade e dar por finalizada qualquer conexão entre eles, mas não
importava o tamanho da indignação que ele a fez sentir, ela não conseguiria
fazer isso com ele.
A propriedade foi o lar da infância dele. As paredes em si, os cômodos e
jardins que ela passou a amar, e que adorava ainda mais devido ao menino
que cresceu rodeado desse monte de pedras e argamassa.
Ela não poderia vendê-la apenas para provar que ele a amava.
A partida dele, a desistência dessa casa, o desespero que ela leu
naqueles olhos no dia em que seus caminhos se cruzaram, dizia que os
afetos dele por ela eram verdadeiros.
Ele a amava. Havia se apaixonado por ela apesar do plano inicial, e se a
propriedade que ela herdou foi o que possibilitou esse amor, então ela
cuidaria dessa casa para sempre.
A carruagem fez a curva nos portões da Abadia de Wellsworth, e
Elizabeth se virou para olhar para a janela da grande mansão georgiana, a
propriedade inglesa de Sebastian.
Era mais formal do que a selvagem e rude da mãe dele, e ainda assim
tão bonita quanto. O nervosismo a envolveu por dentro ante a ideia de revê-
lo após tantos meses. Ele a receberia? Ele ainda a amava?
Elizabeth sabia em seu âmago que o amava. Sentiu saudades dele, não
importava o quanto tentasse não se sentir assim logo no início da separação.
No entanto, o afastamento foi necessário, não importa o quão doloroso.
Ela precisava de tempo para pensar, tempo para se curar, e superar a dor.
Tempo para perdoá-lo.
A carruagem balançou ao parar, e um lacaio se apressou até o veículo e
abriu a porta. Elizabeth desceu, alongando-se para se livrar da dor nos ossos
que quilômetros de viagem trouxeram ao corpo.
Um cavalheiro virou a esquina da casa, a atenção nos papéis em suas
mãos, a cabeça baixa, sem prestar atenção aonde estava indo.
Calor a atravessou como uísque ao ver Sebastian. Ele usava calças bege
e botas hessianas pretas, cobertas de poeira. Camisa e colete, mas sem
jaqueta, e as mangas da camisa estavam enroladas até os cotovelos. Será
que ele estava caminhando pela propriedade, visitando as fazendas dos
inquilinos, os campos?
Como se sentisse a companhia, ele olhou para cima e derrapou ao parar,
os olhos correndo dela para a carruagem e a abundância de baús de viagem
empilhados na parte de trás do veículo.
— Olá, marido. Não virá me cumprimentar? — ela perguntou,
divertindo-se um pouco com o choque dele.
— Lizzie? — o nome saiu como um sussurro exasperado, e o coração
dela se apertou com a descrença que permeou o tom.
Ele não acreditava que ela viria. Talvez tenha pensado que jamais a
veria de novo. Homem bobo. Quando mulheres ficam com raiva, em
especial, as escocesas, é preciso entender que tempo é necessário para
perdoar e prosseguir com a vida.
Ela deu um passo em direção a ele, sorrindo.
— Sebastian. Parece bem. — ela disse, ciente de que estavam sendo
observados por uma abundância de funcionários.
— Estou bem na medida do possível. — ele franziu a testa, assimilando
o vestido enrugado, e Elizabeth sabia que vários fios de cabelo estavam
soltos e na frente de seu rosto.
— Deve estar cansada. — ele pegou na mão dela, beijando-a. Sem
soltá-la, ele virou-se para a porta, deu ordens, em alto e bom som, para que
os baús fossem retirados da carruagem e levados para os aposentos da
condessa, ao lado dos dele.
— Venha, podemos conversar na minha biblioteca.
Elizabeth o seguiu, admirando a casa. Pisos de mármore, retratos de
família e tapeçarias ricas penduradas nas paredes. Portas de um tom
castanho-escuro mostravam a presença de vários cômodos. Viu pouco deles,
antes de ser levada para a biblioteca, onde ele fechou e trancou a porta.
Ela caminhou até o fogo, aquecendo os músculos doloridos, e se virou e
encontrou-o encarando-a com algo semelhante à descrença.
— Não me esperava. — ela afirmou, sabendo que após meses de
separação, poucas pessoas esperariam, decerto não pela forma como se
separaram.
Uma pequena carranca surgiu entre as sobrancelhas dele, e Elizabeth
teve o desejo esmagador de alisá-la, de tirar o medo dele.
— Não pensei que voltaria a vê-la. Já faz tanto tempo.
Ele se moveu em direção a ela, mas não para perto o suficiente a ponto
de ela poder esticar a mão para tocá-lo.
— Nossa separação me deu tempo para pensar, Sebastian. — ela retirou
a peliça, jogando-a no braço de uma cadeira próxima. — E embora eu não
concorde com o caminho que escolheu para ter minha mão em casamento,
não sou infeliz por sermos casados. Não mais.
Ela eliminou o espaço entre eles, o olhando bem nos olhos. Ele parecia
bom o bastante para se devorar. Os olhos dele queimavam tanto com
esperança como com medo. A aparência ligeiramente desgrenhada dava a
ele um ar de robustez de que ela gostava. Não era tanto a de um Senhor da
Mansão, mas a de um homem: encantador, forte, o marido dela.
— Não lamenta ser minha esposa?
Ela balançou a cabeça.
— Não, quero ser sua esposa.
Ele estendeu a mão, envolvendo as dela.
— Todavia, e o que eu fiz a você? Como a enganei para se casar
comigo?
— Bem, já que o destino o fez se apaixonar pela mulher que se propôs a
enganar, eu me considero a vencedora nisso, pois você é meu para
comandar. Meu para amar.
— Eu sou seu. — ele declarou, beijando as duas mãos dela em resposta.
— Sinto muito, Lizzie. Senti tanto a sua falta. — ele a puxou contra ele,
segurando-a com firmeza nos braços bem apertados em torno dela, como
uma fita inquebrável.
— Quando meu irmão me contou que você assinou o documento
repassando qualquer direito de Halligale para mim, eu soube que você me
amava, pois eu sabia o quanto aquela casa significa para você.
— Não significa nada para mim sem você em minha vida. — ele
estendeu a mão, empurrando os fios de cabelos soltos para longe do rosto,
os polegares acariciando-a nas bochechas de forma distraída. — Senti tantas
saudades suas.
Ela piscou para segurar as lágrimas. Eles poderiam prosseguir, ter uma
vida juntos, um casamento.
— Também senti. Assim que decidi perdoar sua estupidez.
Os lábios dele se contraíram. Ora, ela sentiu falta dele, sentiu falta de
tudo que envolvia esse homem nos braços dela. Mesmo que ele tivesse sido
absurdamente estúpido, para começar.
— Está aqui para ficar comigo?
— Estou. — ela disse, olhando ao redor — E quando quiser, podemos
viajar para a Escócia para sua casa lá também. Eu o quero em minha vida,
Sebastian, e de hoje em diante, nunca mais desejo me separar de você.
— Eu te amo. Tanto. — ele a envolveu nos braços uma segunda vez,
antes de afastar a cabeça e tomar aqueles lábios em um beijo ardente. O
corpo dela se aqueceu, se liquefez ao senti-lo outra vez, seu calor, a maneira
exigente que ele tomou sua boca.
Não demorou muito para o beijo passar de convidativo e doce para
quente e carente. Os meses separados agiram como um caleidoscópio de
desejo. Elizabeth passou os braços em volta do pescoço dele, devolvendo o
beijo com desejo indisfarçável.
As mãos dele estavam em todos os lugares, provocando e tocando,
acariciando e relembrando. Ela gemeu quando uma das mãos dele cobriu
um seio, rolando o mamilo entre os dedos.
— Eu quero você. — ele arfou, curvando-se para pegá-la nos braços.
Ele a carregou em direção à lareira, deitando-a no espesso tapete Aubusson
abaixo deles. Logo, ele estava em cima dela. O corpo poderoso se ajeitando
entre as pernas dela, acima do peito.
Lizzie estendeu a mão, se atrapalhando com os botões das calças dele.
Uma das mãos dele sustentava o próprio peso, a outra abrindo com rapidez
o vestido dela, amontoando-o em torno dos quadris. Ele entrou nela,
tomando-a com golpes fortes e profundos. Ela suspirou. Isso era o certo, o
que ela queria. O que sentiu tanta falta.
Lizzie envolveu as pernas nos quadris dele, relaxando e cedendo ao
desejo, ao desespero em cada impulso, em cada toque, e em cada beijo que
ele dava nela. Ela correu uma das mãos pelos cabelos dele, apertando-o pela
nuca, tentando tranquilizá-lo.
— Não vou a lugar nenhum, Sebastian. — ela disse e desacelerou o
beijo. — Nunca mais.
Ele se acalmou no ato de amor, e foi mais devastador do que tudo que
ela já vivenciou. Em cada beijo, cada toque, ela sentia a reverência que ele
sentia por ela, o cuidado e o amor sentido.
— Eu te amo, minha querida esposa.
Ela arqueou as costas, desfrutando bastante deste ritmo recém-
descoberto em particular.
— Eu também te amo. Agora e sempre.
— Sim. Agora e sempre.
EPILOGUE
HALLIGALE, 1813 — ESCÓCIA

S EBASTIAN JOGOU O FILHO PARA O ALTO, pegando-o de


novo, o menino ria e gritava com a brincadeira. Ele era um rapaz robusto, já
um jovem travesso e um desafio para a mãe. Ewan Sebastian Brice
Denholm, Visconde de Trent, futuro Conde de Hastings, era o garoto mais
perfeito do mundo. Vê-lo cambalear e correr para a mãe fazia o coração de
Sebastian retorcer em seu peito.
Lizzie e Ewan eram tudo para ele, e todos os dias ele agradecia às
estrelas nos céus por não ter perdido a esposa devido às próprias tolices.
— Pare de jogá-lo para o alto, Sebastian. — ela disse, colocando o
menino no chão e observando-o correr de volta para ele. — Ele vai passar
mal, antes de Brice e Sophie chegarem.
Sebastian gemeu por dentro, sentando-se em um sofá próximo, contente
em assistir ao filho brincando com os blocos de madeira a seus pés. Brice
acabou por perdoá-lo por sua conduta, mas levou dois anos desde a reunião.
Ainda assim, até hoje, três anos após o casamento, ele ainda se perguntava
se o laird acreditava no amor dele pela irmã mais nova.
Não que ele se importasse com o que Laird Mackintosh pensasse, desde
que Lizzie o amasse, era tudo o que importava.
— Ele gosta de ser jogado para o alto, não vai passar mal. Ele é bem
forte para isso.
Naquele instante, o filho tossiu, colocando para fora pouco do almoço,
manchando as roupas. Lizzie lançou um olhar conhecedor: “eu falei”, e
chamou a aia do menino.
— Não, eu o levo e o troco. — ele pegou o filho nos braços, inclinando-
se para beijar a esposa enquanto passava. — Não vou demorar.
— Bom. — ela sorriu para ele, rindo quando Ewan estendeu a mão para
seu rosto, para beijá-la na bochecha. — Obrigada, meu querido garoto. —
ela disse, beijando-o de volta.
Sebastian riu, afastando o filho.
Ele não acreditava ser possível ficar mais feliz do que no dia em que ela
chegou à propriedade dele, plena de perdão no coração, mas ele estava
errado. Agora, todos os dias desde aquele sempre foram melhores que o
anterior.
O nascimento do primeiro filho, o corpo dela arredondando com a
segunda criança. Nossa! Ele rezava por uma garota, uma moça com cabelos
ruivos ardentes e olhos verdes brilhantes, assim como a mãe. A vida dele
era perfeita, feliz e abençoada.
Quando o irmão perdeu a propriedade escocesa da família, e ele tomou
a decisão de cortejar a mulher que a herdou, mal sabia ele o quanto ele
devia às tolices do irmão. Ele devia a vida. A felicidade.
— Querido. — Lizzie chamou quando ele se direcionou para a porta da
sala de visitas.
— Sim? — ele se virou para ela, contando as horas até que voltasse a
tê-la nos braços. A sós no quarto deles.
Os olhos dela se aqueceram como se ela soubesse no que ele estava
pensando. Como se entendesse os segredos de seu coração.
— Na verdade, nada. Só que eu te amo.
Ele piscou, fazendo cócegas no rapazinho quando ele se mexeu em seu
ombro, soltando um riso alto por seus esforços.
— Eu também te amo. — ele respondeu. Apreciando a beleza e o amor
que brilhavam naqueles olhos. E ele sempre apreciaria.
Sua própria Rosa Perfeita das Terras Altas.
QUERIDO(A) LEITOR(A)

Obrigada por reservar um tempo para ler Para Beijar uma Rosa das Terras
Altas! Espero que tenham gostado do sexto e último livro da minha série
Beijos Inesperados.

Serei para sempre grata aos meus leitores, então se possível, eu apreciaria
uma resenha honesta de Para Beijar uma Rosa das Terras Altas. Como
dizem, alimente um autor, deixe uma resenha! Pode entrar em contato
comigo através do e-mail [email protected] ou se inscrever para
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escritos.
TAMBÉM POR TAMARA GILL

Traduções portuguesas

Liga dos Cavalheiros Incasáveis


Tente-me, Sua Graça
Travessa de Coração
Ouse Ser Escandalosa
Pecaminosa com você
Beije-Me, Duque
O Marquês é Meu

Para se casar com um patife


Só se for um conde
Só se for um duque
Só se for um visconde
Só se for um Marquês
Só se for uma Lady

Beijos Inesperados
Um Beijo de Verão
Um Beijo Sob o Visco
Um Beijo na Primavera
Um Beijo de Outono
O Beijo Feroz de um Duque
Para Beijar uma Rosa das Terras Altas

Lordes de Londres
Como Atormentar um Duque
Como Enlouquecer um Marquês
Como Tentar Um Conde
Como Confundir um Visconde
Como Desafiar uma Duquesa
Como se Casar Com uma Marquesa

Viagem no tempo
Uma Temporada Roubada
SOBRE A AUTORA

Tamara é uma autora australiana que cresceu em uma antiga cidade mineira no sul da
Austrália, onde seu amor pela história surgiu. Tanto que ela fez seu querido marido
viajar para o Reino Unido em sua lua de mel, e o arrastou por diversos monumentos
históricos castelos.
Seus três filhos, dois cavalheiros em formação e uma futura lady (ela espera), e um
emprego de meio período a mantêm ocupada no mundo real, mas sempre que
consegue um momento de paz ela adora escrever romances em uma gama de gêneros,
incluindo o período regencial, medieval e livros do gênero paranormal.
Tamara adora saber de seus leitores e outros escritores. Você pode contatá-la
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