QUEIXA CRIME - Ellen Karoline Miranda dos Anjos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CRIMINAL DA COMARCA DE SALVADOR/BA

PROCESSO Nº XXXXXX-XX.XXXX.XX.X.XXXX

JOAQUIM ALVES DE SOUSA, brasileiro, casado, administrador, portador do CPF


sob o nº 058.364.009-54, residente e domiciliado na Rua Jardim Encantado, n. 80,
ap. 808, Ondina, cidade de Salvador/BA, vem, por intermédio do seu advogado
infrafirmado, conforme documento procuratório anexo, em conformidade com o art.
44 do Código de Processo Penal, com endereço profissional na Rua Eduardo José
dos Santos, Ed. Vitraux Business, sala 2302, Rio Vermelho, Av. Garibaldi, CEP:
41.940-455, nesta capital, Tel: 55 (71) 3329-3085, E-mail:
[email protected], onde recebem as notificações da Justiça,
oferecer QUEIXA CRIME em face de MARCELO LIBÓRIO, brasileiro, solteiro,
vereador, residente e domiciliado na Rua José Bonifácio, n. 500, ap. 301, Itapoan,
cidade de Salvador (Ba) e ANA MEIRELLES SANTOS, brasileira, casada,
fisioterapeuta, residente e domiciliada na Rua da Forca, n. 21, Av. Sete de
Setembro, cidade de Salvador (Ba).

1. DOS FATOS

No dia 10 de março de 2020, Joaquim tomou conhecimento de uma mensagem que


circulava em grupos do aplicativo WhatsApp, publicada por Marcelo Libório e
compartilhada por Ana Meirelles, que ofendem a honra do Querelante e,
subjetivamente, lhe imputam condutas criminosas.

É de conhecimento público que Joaquim é Diretor do famoso clube de Salvador.


Estando em ano de eleição do cargo, os Querelados, a fim de manchar a sua
reputação, divulgaram mensagens de teor pejorativo e que ofendem a sua honra e,
não bastando, ainda sugerem condutas criminosas.

Sendo assim, incorrem no tipo penal do art. 138 do Código Penal: Caluniar alguém,
imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
 Pena – detenção de 06 meses a 02 anos, e multa.

Ante o exposto, requer seja aceita a presente queixa, para ser processada e
julgada.

2. DO DIREITO

A condenação criminosa é resultante de uma soma de certezas: certeza de


materialidade de certeza de autoria do crime. Pelo que se depreende das provas
produzidas por meio de prova documental, através do aplicativo WhatsApp, fica
perfeitamente demonstrada a materialidade do delito, culminando na imediata
condenação do réu.

Neste sentido tem entendido o STJ, acerca de crimes contra a honra praticados
através de aplicativos na internet:

RECURSO ESPECIAL Nº 1931413 - TO (2021/0101533-3). DECISÃO.


Trata-se de recurso especial contra acórdão do Tribunal de Justiça
do Estado do Tocantins que negou provimento à Apelação n.
0008789-97.2019.827.000 mantendo, na íntegra, a sentença que
condenou VERA LÚCIA ALVES DA SILVA à pena de 1 (um) ano, 11
(onze) meses e 10 (dez) dias de reclusão, em regime aberto, mais
indenização à vítima no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), como
incursa nas sanções dos delitos tipificados no art. 138, caput, e art.
140, §3º, ambos c/c art. 141, incs. II e III, todos do Código Penal. É
esta a ementa do v. acórdão (e-STJ, fls. 452/453):

EMENTA: PRELIMINARES: ALEGAÇÕES DE NULIDADE. CONFLITO


NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. COMPETÊNCIA TERRITORIAL. CALÚNIA
E INJÚRIA. MENSAGENS DE WHATSAPP. ALEGAÇÃO DE ILICITUDE
DAS PROVAS. PRINTS DE TELA E GRAVAÇÕES DE ÁUDIO. VÍTIMA QUE
ABRIU MÃO DO DIREITO A INTIMIDADE.

DESNECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. VALIDADE DA PROVA.


COMPETÊNCIA.

LUGAR DO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU OU PELA


PREVENÇÃO. CONFLITO IMPROCEDENTE.

(...)

2. "Crimes contra a honra praticados pela internet são formais,


consumando-se no momento da disponibilização do conteúdo
ofensivo no espaço virtual, por força da imediata potencialidade de
visualização por terceiros" (CC 173.458/SC, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 27/11/2020).

Ressalte-se, por fim, como bem destacado pelo Ministério Publico


Federal, ainda que fosse conhecido o lugar da infração, como se
trata de ação privada, pode a querelante preferir o foro de domicílio
do réu que, no caso, é o de Araguanã/TO, distrito da comarca de
Araguaína. (e-STJ, fls. 648/649) Diante do exposto, com fulcro no art.
932, VIII, c/c art. 255, §4º, III, e nos termos da Súmula 568/STJ, nego
provimento ao recurso especial. Intimem-se.

Brasília, 02 de agosto de 2021.

Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Relator

(Grifos nossos)

Dito isso, requer a imediata condenação dos réus nas condutas tipificadas no art.
138 do Código Penal.

3. DA CONFIGURAÇÃO DA PRÁTICA DO CRIME

Conforme narrado, o Querelante soube através do aplicativo WhatsApp, acerca de


acusação de obter vantagem indevida do cargo que ocupa como Diretor do Clube,
conforme segue abaixo descrita a mensagem que circula no aplicativo:

“Caro Sócio,

O clube, mais uma vez, se envolve numa disputa política por força
DOS VÍCIOS DE CONDUTA DO SEU PRESIDENTE JOAQUIM SOUSA.
Mais uma vez, como na malograda campanha que fez para aprovar
a megalomaníaca proposta do estacionamento do clube por um
custo absurdo, suscitando tantas suspeitas por parte dos sócios,
DINHEIRO DOCLUBE TEM SIDO GASTO PARA QUE ELE GARANTA, A
QUALQUER CUSTO, SE REELEGER. É hora, no entanto, de
acordarmos, caros sócios. Joaquim não pode se reeleger por um
motivo simples: é preciso uma mudança na cabeça dos sócios clube,
a fim de que se possa promover uma devassa nas contas do clube.
Além de se REVELAR QUANTO O PRESIDENTE JOAQUIM GASTOU NA
TENTATIVA DE FAZER O ESTACIONAMENTO, PRECISAMOS APURAR
IMEDIATAMENTE EM QUE MEDIDA A ELEVAÇÃO DO PADRÃO DE VIDA
DELE TEM A VER COM SUA PASSAGEM PELA GESTÃO DO CLUBE.
Viagens internacionais com a família, um Audi A4 blindado, uma
lancha belíssima e a construção de uma mansão na Ilha em tempo
recorde, na qual artistas que tocam no clube foram levados para a
inauguração e continuam a se apresentar em finais de semana
regados exclusivamente a muito champagne Veuve Cliquot. São
este, apenas, os PRIMEIROS INDÍCIOS DE QUE ALGO DE ESTRANHO
OCORRE NO REINO. Como acusar não é suficiente, é necessário
apurar. Nos tempos atuais, em que o país é passado a limpo por
tantas operações, PRECISAMOS TAMBÉM FAZER UMA OPERAÇÃO
AQUI NO CLUBE, DERROTANDO OS ALIADOS DO PRESIDENTE
JOAQUIM, EXIBICIONISTA E NOVO-RICO, PARA SABER O QUE DE
FATO TEM OCORRIDO NA ADMINISTRAÇÃO DO CLUBE! Não vote em
Joaquim para reeleição. Não seja conivente com suspeitas!”

O crime restou consumado no momento em que o querelado iniciou, na presença


de populares as falsas afirmações. Nesse sentido:

Os crimes de calúnia e difamação ofendem a chamada – honra


objetiva. A consumação ocorre quando terceiro (excluídos autor e
vítima) tomam conhecimento do feito. A injúria, ao contrário, porque
relativa à – honra subjetiva – quando a irrogarão for conhecida do
sujeito passivo” (STJ, HC 5.134/MG Rel. Luiz Vicente Cernicchiaro,
DJU, 16-6-1997).

Sendo assim, resta configurada a conduta criminosa dos Querelados, com o intuito
de manchar a imagem de Joaquim, imputando-lhe falsas condutas ilegais.

4. DO DANO MORAL

Diante das alegações acima relatadas, os Querelados feriram a honra do Sr.


Joaquim.

Sem provas e com base em meras suposições, os réus feriram a honra do


Querelante perante inúmeras pessoas, que estavam presentes no grupo, acusando-
o de se beneficiar de forma indevida do cargo que ocupa e, ainda mais grave, de
utilizar do valor do Clube para benefícios pessoais.

Em virtude disso, nada mais justo que o Querelante seja indenizado pelos
imensuráveis danos morais sofridos, em no mínimo R$ XX.XXX,XX.

5. DAS PROVAS

6. DO PEDIDO
Ex positis, requer esta queixa-crime seja recebida, os querelados citados,
a vítima e as testemunhas abaixo arroladas notificadas para serem
ouvidas e, por fim, sejam CONDENADOS o Sr. Marcelo Libório e a Sra. Ana
Meirelles na prática do crime de Calúnia (art. 138 do Código Penal).

Ademais, requer também a fixação de valor mínimo para reparação dos


danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo
ofendido, nos termos do art. 387, inciso IV do CPP.

Dá-se a causa o valor de R$XX.XXX,XX para meros efeitos fiscais.

Termos em que,

Pede deferimento.

Salvador/BA, 23 de março de 2022

LEONARDO RIBEIRO BACELLAR DA SILVA

OAB/BA 23.650

Rol de testemunhas:

1- XXXXXXXXXXXXXX
2- XXXXXXXXXXXXXX

Discente: Ellen Karoline Miranda dos Anjos

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