Autismo _ Vendo o Mundo de Forma Diferente - Camilla Gomes

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A história do autismo

TEA
Diagnóstico
Autismo e seus vários graus
Autismo leve
Autismo moderado
Autismo severo
Autistas severos também podem aprender
Comportamento agressivo de um autista
O que é o tratamento
Como lidar com o autismo: 7 comportamentos indicados
Como os pais podem ajudar a criança com autismo
Como lidar com o Autismo: tornando a escola o ambiente
ideal
Confira os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro
Autista
Identificação
Saúde
Terapia
Medicamento
Educação
A história do autismo
Ao que tudo indica, uma das primeiras e mais
importantes menções as características do autismo teria
vindo dos estudos do psiquiatra austríaco, Leo Kanner,
quando este observava crianças exibindo
comportamentos atípicos com relação à necessidade,
capacidade e procura por relações sociais comuns.
Em seus estudos, realizados no ano de 1943, Kanner
apontaria também para as respostas incomuns dadas
pelas crianças ao ambiente, dessa forma, cunhando o
nome “distúrbio autístico do contato afetivo” como sendo
a origem das dificuldades apresentadas.
Durante os anos 50 e 60 do mesmo século, novas
pesquisas seriam feitas com base nas descobertas de
Kanner, no entanto, aparentando terem trazido ainda
mais dúvidas e confusão para algo que naquela altura
ainda pouco se conhecia.
Como exemplo, alguns pesquisadores chegaram a
constatar que o comportamento autista seria originado
por relações pobres entre pais e filhos, na medida em
que pais e mães ao tratar seus descendentes de maneira
pouco emocionalmente afetiva, seriam responsáveis por
sua causa.
No início dos anos 60, no entanto, com novos estudos
sendo realizados, constatou-se pelo número de
evidências surgidas ao redor do mundo todo que o
autismo seria um transtorno cerebral presente desde a
infância de seus acometidos, não escolhendo lugar e
nem situação socioeconômica para acontecer ou se
manifestar.
TEA

Autismo. Essa palavra é estranha ou faz parte do seu dia


a dia? É provável que você já conheça a condição, ou que
pelo menos já tenha ouvido falar nela. Muitas pessoas
precisam lidar com o transtorno durante a vida, por isso,
é muito importante que cada um de nós saiba como lidar
com o autismo.
O transtorno do espectro autista (TEA) é um
distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por
desenvolvimento atípico, manifestações
comportamentais, déficits na comunicação e na
interação social, padrões de comportamentos
repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um
repertório restrito de interesses e atividades.
Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança
podem ser percebidos nos primeiros meses de vida,
sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3
anos de idade. A prevalência é maior no sexo masculino.
A identificação de atrasos no desenvolvimento, o
diagnóstico oportuno de TEA e encaminhamento para
intervenções comportamentais e apoio educacional na
idade mais precoce possível, pode levar a melhores
resultados a longo prazo, considerando a
neuroplasticidade cerebral.
Ressalta-se que o tratamento oportuno com estimulação
precoce deve ser preconizado em qualquer caso de
suspeita de TEA ou desenvolvimento atípico da criança,
independentemente de confirmação diagnóstica.
Diagnóstico
O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a
partir das observações da criança, entrevistas com os
pais e aplicação de instrumentos específicos.
Instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil
são sensíveis para detecção de alterações sugestivas de
TEA, devendo ser devidamente aplicados durante as
consultas de puericultura na Atenção Primária à Saúde. O
relato/queixa da família acerca de alterações no
desenvolvimento ou comportamento da criança tem
correlação positiva com confirmação diagnóstica
posterior, por isso, valorizar o relato/queixa da família é
fundamental durante o atendimento da criança.
Manifestações agudas podem ocorrer e, frequentemente,
o que conseguimos observar são sintomas de agitação
e/ou agressividade, podendo haver auto ou hetero
agressividade. Estas manifestações ocorrem por diversos
motivos, como dificuldade em comunicar algo que
gostaria, alguma dor, algum incômodo sensorial, entre
outros.
Nestes momentos é fundamental tentar compreender o
motivo dos comportamentos que estamos observando,
para então propor estratégias que possam ser efetivas.
Dentre os procedimentos possíveis temos: estratégias
comportamentais de modificação do comportamento,
uso de comunicação suplementar e/ou alternativa como
apoio para compreensão/ expressão, estratégias
sensoriais, e também procedimentos mais invasivos,
como contenção física e mecânica, medicações e, em
algumas situações, intervenções em unidades de
urgência / emergência.
A ocorrência do autismo em homens é muito maior do
que em mulheres, algo que a ciência ainda não
explica. Mesmo assim, não é exclusividade do sexo
masculino. Também existem muitas meninas e
mulheres diagnosticadas, apesar de numa proporção
média quatro vezes menor. Nada muda nelas quanto
ao diagnóstico, mas talvez a percepção possa ocorrer
tardiamente, pois a tendência é encararmos as meninas
como pessoas naturalmente mais discretas, mais
caladas.
Nem sempre é possível reconhecer, já de cara, quem é
autista e quem não é. Pois há um fato comumente
ignorado e que deve sempre ser lembrado: autismo não
é doença. Aliás, tratá-lo assim pode configurar
uma ofensa à pessoa que nasceu com TEA, e
também à sua família. Não é doença porque não está
ligado ao risco de morte.

Autismo e seus vários


graus
Desde que foi denominado como Transtorno do
Espectro Autista, em 2013, pelo Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5),
essa condição teve suas definições de tipo abolidas
para dar lugar à classificação por grau. Agora, mais bem
definidos, os estudos sobre autismo vêm melhorando. O
nivelamento vai do 1 ao 3, sendo o nível 1, e o
terceiro considerado grave.

Autismo leve
No nível1, a maior dificuldade enfrentada por um autista
é uma inabilidade de desenvolver suas relações
com as outras pessoas em determinados
contextos. Pode ser que ele se dê muito bem com as
pessoas que vivem na mesma casa ou na mesma rua,
mas na escola ou no trabalho, apresente
um distanciamento maior.
Também, ainda no começo da infância, indivíduos com
autismo leve apresentam atraso no desenvolvimento da
linguagem, como atrasos para falar e um repertório
restrito de palavras. Isso costuma ser um dos primeiros
sinais notados pela família.
No planejamento do dia a dia, suas diversas atividades
estão comprometidas por uma tendência ao isolamento
e a dificuldade de flexibilidade com ordens e
regras. O problema é que essas características são
facilmente confundidas com hiperatividade. E como, na
maioria dos casos, os primeiros sinais aparecem nos
primeiros anos de vida, muitas pessoas não reconhecem
a possibilidade de haver o autismo na criança e tratam
como apenas uma fase.
Entretanto, são crianças que alcançam a independência
facilmente e não precisam de um ambiente adaptado.
Essas crianças podem estudar num colégio regular e
utilizar os mesmos materiais e grade curricular que os
demais.
Outras características do autismo leve:

Pouco ou nenhum contato visual direto;


Pouca vontade de conversar;
Alteração da entonação da fala;
Apego a algum objeto ou interesse muito
persistente por algum assunto;
Dificuldade de mudar a rotina;
Não atender quando lhe chamam pelo
nome.
Autismo moderado
Se no começo desse texto nós dissemos que alguns
autistas são capazes de fazer quase tudo do mesmo jeito
que indivíduos sem autismo, é no grau 2 em que as
coisas começam a mudar. As diferenças estão,
principalmente, no quanto essas crianças, jovens ou
adultos dependem de uma outra pessoa para
realizar atividades comuns. 4
A capacidade de aprendizado para quem é diagnosticado
em segundo grau acontece em torno de um QI
(Quoeficiente de Inteligência) abaixo de 70 (nas crianças
de grau leve fica acima de 70, um número considerado
“normal”), e essa deficiência acarreta uma série de
problemas, decorrentes, geralmente, da dificuldade
ainda maior de entender as pessoas e de se fazer
entender.
Um autista de grau moderado tem a tendência de
apresentar mais alterações comportamentais, como a
agressividade, seja consigo ou com os outros, devido ao
estresse causado por não conseguirem um diálogo
efetivo com as pessoas ao redor. É muito importante
saber como lidar com o autismo é desse grau.
É por isso que o apoio da família e o acompanhamento
terapêutico são muito importantes para o
desenvolvimento da criança, que vai depender muito
mais que um adulto faça o papel de mediador entre
ela e o mundo.
Nem neste, nem nos outros casos, há cura para o
autismo. Mas através de intervenções multidisciplinares
e da estimulação, feitos de forma contínua e consistente,
é possível obter melhora da funcionalidade e dos
comportamentos adaptativos. É preciso haver uma
combinação eficaz entre a família, a escola e as terapias
– e que isso seja feito o quanto antes, pois quanto mais
jovem o cérebro, maior a capacidade de aprender e se
desenvolver. A recomendação médica é que isso seja
feito já no período da primeira infância, ou seja, do
zero aos seis anos.

Autismo severo
O autista de nível severo é completamente dependente
de um adulto para realizar as atividades da vida diária. E
aqui não estamos falando de alguém que se nega a
responder um chamado, mas de uma pessoa que não
tem autonomia para, por exemplo, comer ou ir ao
banheiro e outros hábitos de higiene. Além disso,
acumulam-se os problemas dos graus 1 e 2, como
dificuldade de fala, isolamento e irritação.

Autistas severos também


podem aprender

Mesmo com todas essas limitações, os pais, a família e a


sociedade não devem ignorar os potenciais de
desenvolvimento do autista severo, que também
pode aprender novos tipos de linguagens, talentos,
conhecimento científico e afetivo. Além disso, a
intervenção pode trazer melhora na comunicação, na
interação social, na autonomia e na realização de
atividades da vida diária.
Comportamento agressivo
de um autista

Existem alguns fatores no autismo que estão


intimamente ligados à agressividade: a dificuldade na
verbalização das ideias, inflexibilidade, rigidez e
dificuldade de adaptação a mudanças, muita demanda
social e a alta sensibilidade a cores, sons, cheiros, etc.
A agressividade pode começar quando a criança sente
tantas coisas e tudo que ela consegue transmitir em
gestos ou palavras lhe parece insuficiente. Assim
também são as questões da sensibilidade, muitas vezes
afetada pelas mudanças no ambiente que, para uma
pessoa neurotípica, podem passar despercebidas.
Estudos norte-americanos apontaram que a incidência
do comportamento agressivo atinge, pelo menos 1
em cada 4 crianças autistas. Também as mesmas
pesquisas indicaram que crianças com baixo quociente
de inteligência estão mais propensas a terem as crises
nervosas.
É importante consultar médicos, terapeutas, psicólogos e
outros especialistas para entender a fundo o que vem
ocorrendo com aquela criança ou adolescente. Assim,
você poderá oferecer tratamento e alívio a essa
característica no comportamento autista.
O que fazer em caso de agressividade?
Você provavelmente não poderá controlar quando essas
crises vão acontecer, o que é possível é tentar identificar
fatores que são gatilhos para as crises de ansiedade,
porém quando a
agressividade é inevitável, é totalmente possível
gerenciar o comportamento agressivo quando ele
ocorrer. E aqui vão algumas sugestões:
Antes de tudo, mantenha a calma
As explosões acontecem porque o autista está com
dificuldade de autorregulação das emoções, sem que ele
consiga se expressar de uma forma que funcione para as
duas partes.
Sabendo controlar as suas próprias emoções, você
impede que o seu nervosismo seja somado à
situação, o que só piora o momento.
Lembre-se que seu filho ou filha, que normalmente já
tem dificuldade de entender o que você diz, terá esse
discernimento prejudicado em função dos
prejuízos de controle inibitório e
autorregulação. Nesse caso, seja objetivo e utilize
frases curtas. Por exemplo: em vez de dizer “filho, fique
quieto e sente-se”, diga apenas “sente-se”.
Por segurança, leve a criança para longe de um
espaço que ofereça perigo, como prateleiras cheias
de objetos ou locais com vidro. Também será preciso que
as pessoas que estejam por perto se afastem do
caminho. Se você possui um lugar na casa que
naturalmente seja ligado à paz e à tranquilidade, leve a
criança ou adolescente para lá.
Cuidado com o uso da força física
Tanto para crianças autistas quanto para crianças
neurotípicas, o uso da força física pelos pais é um
assunto que gera controvérsias. Mas os especialistas
alertam que isso pode gerar ainda mais
ansiedade no autista. A indicação é você, como
responsável, utilize de formas positivas de conter
a explosão. Experimente, talvez, ficar abraçado(a) à
criança por um período maior.
Gerenciamento e prevenção
Para a fase do gerenciamento, é preciso traçar um plano
de ação baseado nas informações coletadas nas duas
fases anteriores. O método ABA (análise do
comportamento aplicada), por exemplo, é um dos
mais utilizados por terapeutas para ensinar à criança
uma comunicação não agressiva.
O que é o tratamento

Leia com atenção, pois esse é o melhor tratamento para


a TEA e seu filho tem direito a ele!
A Análise Comportamental Aplicada ou Applied Behavior
Analysis, cuja sigla é ABA, é uma ciência cujas
intervenções derivam dos princípios do comportamento e
possui como objetivo aprimorar comportamentos
socialmente relevantes.
Em outras palavras, ensinar habilidades que façam
diferença na vida dos indivíduos que compõem
uma sociedade e para que eles sejam capazes de
acessar itens, atividades e ambientes que promovam o
seu bem-estar, se tornem independentes e capazes de
participar de grupos sociais importantes.
O primeiro estudo em ABA é datado de 1949. Portanto,
essa área de investigação científica possui mais de 70
anos e vem produzindo tecnologias capazes de promover
o ensino de habilidades a diferentes populações.
Especificamente para o tratamento do TEA, intervenções
eficazes em diminuir déficits comportamentais estão
documentadas em centenas de estudos revisados ​por
pares publicados nos últimos 50 anos, fato esse que
tornou a ABA o padrão de atendimento para o
tratamento de indivíduos com diagnóstico de TEA. Nesse
contexto, uma intervenção em ABA não se restringe a
um conjunto de intervenções que são aplicadas de forma
uniforme a diferentes indivíduos e sim um vasto conjunto
de tecnologias que devem ser utilizadas para compor
uma intervenção individualizada, com revisões
constantes para o estabelecimento e restabelecimento
de novas metas e objetivos.
E diante da singularidade de cada indivíduo, as
intervenções disponíveis pela Análise Comportamental
Aplicada (ABA), possibilitam maximizar o potencial de
cada cliente, identificando, de maneira eficiente, como
ensinar e o que ensinar. Isso porque, conforme exposto, a
mudança do comportamento é feita de maneira
planejada e individualizada.
Hoje em dia podemos encontrar cursos que ensina
a utilizar o A.B.A da forma certa; esses cursos são
indicados para pais e responsáveis de crianças
com TEA.
Para os casos em que o ABA não funciona, será
necessário avaliar se há comorbidades
associadas ao comportamento autista.
Essas comorbidades podem ser diversas, como
hiperatividade, TOD (Transtorno desafiador de oposição),
enxaqueca e várias outras.
Há também medicamentos bastante eficazes que,
combinados com as terapias, podem reduzir a
irritabilidade de quem está no transtorno do espectro
autista.
Por fim, para a prevenção, é necessário ação em
conjunto com pais, médicos, professores e demais
envolvidos na vida do autista. Intervenção que recebe o
nome de psicoeducação. Todos precisam colaborar para
construir ambientes calmos, previsíveis e
recompensadores
Como lidar com o autismo:
7 comportamentos
indicados
Seja você alguém diretamente ligado a uma criança ou
adulto autista ou não, é sempre bom saber como se
comportar e interagir com essas pessoas. Aqui vão
algumas dicas:
1 – Tenha cuidado com toques e palavras
Tente entender como essas coisas atingem o autista, pois
eles podem ser mais sensíveis ao toque do que as
pessoas normalmente são. Ao explicar as coisas para um
autista, evite usar ironias, expressões de duplo
sentido ou termos muito abstratos. Grande parte
dos autistas entendem as coisas de forma muito direta e
objetiva e sinais não verbais como “piscadinhas” ou
gestos podem não ser óbvios para eles.
2 – Aja com delicadeza
Os autistas podem se incomodar com barulhos, confusão
e quebras na rotina. Portanto, tenha sempre uma postura
que acalme em vez de agitar. Não visite a casa de uma
família com um autista sem agendar antes, e também
não desmarque nada em cima da hora.
3 – Estimule a interação com outros adultos e
crianças
Faça isso mantendo por perto algo que interesse à
criança, mas sem entregá-lo totalmente, para que ele se
veja na situação em que a única opção é se comunicar e
pedir ajuda.
4 – Ajude-o a criar novas formas de comunicação
Muitos autistas são altamente estimulados por coisas
mais visuais. Por isso, pode ser que o ensino funcione
melhor com desenhos, gestos, fotos, vídeos ou qualquer
outro meio que chame mais atenção do que
simplesmente falar.
5 – Imponha limites
Essa dica é principalmente para os pais. As crianças com
TEA terão dificuldade de entender regras e limites, mas
ainda assim precisam entender, desde cedo, o que é
permitido e o que não é nos ambientes onde ele circula.
6 – Seja criativo
Afinal, se educar e entreter uma criança neurotípica
(crianças que não estão no espectro do autismo) já é
difícil, é preciso ser ainda mais criativo com um autista.
Pense além do óbvio, pois essas crianças nunca vão
entregar um resultado padrão. Pesquise novas
brincadeiras e estimule o aprofundamento nos temas de
interesse.
7 – Deixe-os em contato com animais
Estudos recentes demonstram que crianças autistas
ficam mais à vontade com animais de estimação. Vale
qualquer bicho que a criança ou o adolescente goste,
mas cães de pequeno e médio porte podem ser ainda
mais eficazes. Então, se estivermos falando de um
autista severo, esteja junto sempre que houver
interação, para evitar que uma crise de agressividade ou
simplesmente o comprometimento cognitivo dessas
pessoas prejudique o bem-estar do animalzinho.
Como os pais podem ajudar
a criança com autismo

Os pais que recebem um diagnóstico de autismo podem


ficar com medo ou preocupados com o que vem pela
frente. Esses sentimentos são bastante comuns, mas
depois do impacto inicial é importante que os pais
saibam que são fundamentais para que possam
contribuir com o desenvolvimento das crianças e jovens
com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Procurar ajuda especializada
Assim que achar suspeitar que a criança não esteja se
desenvolvendo adequadamente, busque um especialista
para ter um diagnóstico.
Quanto mais cedo às crianças com Autismo recebem
ajuda, maior será sua chance de responder às
terapêuticas.
A intervenção precoce é a maneira mais eficaz de
acelerar o desenvolvimento de seu filho autista e reduzir
os sintomas de autismo ao longo da vida.
Aprender sobre o autismo
Após a confirmação do diagnóstico, é importante obter
informações corretas sobre o transtorno do espectro do
autismo. Por isso, se informe com os especialistas sobre
as intervenções precoces, quais são as terapias mais
indicadas, escolas adequadas e como a família pode
ajudar.
Não tenha medo de fazer perguntas e participar de
todas as decisões das intervenções e tratamentos
indicados.
Conheça seu filho
Cada autista é único. Por isso, descubra o que
desencadeia os comportamentos inadequados, o que o
incomoda, o que provoca uma resposta positiva.
Não foque em como seu filho autista é diferente de
outras crianças, mas se esforce para aceitar a situação e
celebrar suas conquistas.
Evite comparações desnecessárias. O autista precisa ser
amado, respeitado e aceito pelos pais e familiares de
forma incondicional. Isso será fundamental para que ele
se desenvolva.
Seguir uma rotina
Os autistas precisam de horários, rotina e uma
programação bem definida. Estabeleça horários para
refeições, terapia, escola e hora de dormir.
Tente reduzir as interrupções nessa rotina. Se houver
uma mudança de horário que não dê para evitar, prepare
seu filho ou filha com antecedência.
Recompensar o bom comportamento
O reforço positivo pode ajudar crianças com autismo a
terem comportamentos mais apropriados. Por isso, os
pais devem elogiar as crianças e jovens com autismo
quando estes aprenderem uma nova habilidade e
recompensá-lo pelo bom comportamento, como dar
brinquedos ou comidas prediletas.
Buscar e investir em diversas terapias
Os tratamentos comuns para o autismo incluem terapia
comportamental, fonoaudiologia, terapia ocupacional e
ABA. A criança e o jovem com autismo podem precisar de
um tratamento multidisciplinar e contar com diversos
especialistas.
É importante averiguar o que cada autista necessita,
qual é a prioridade no momento e sempre arranjar tempo
para se divertir.
E aqui o papel dos pais é fundamental, uma vez que são
eles que acompanham nas consultas e dão continuidade
às técnicas em casa.
Estimular as interações sociais
Os autistas podem apresentar dificuldades ou não saber
como interagir com outras pessoas. Os pais podem
praticar novas habilidades sociais com o autista em
vários lugares e também com pessoas diferentes. É
importante que o autista realize passeios, converse sobre
o que gosta ou não.
A criança com TEA também deve ser incentivada a
expressar seus sentimentos e descrever o que sente,
quais foram os motivos para se sentir assim.
Outra dica é estimular as pessoas mais próximas como
familiares a falar com a pessoa com TEA. O autista
precisa se sentir integrado, perceber que as pessoas ao
redor se importam e vão interagir com ele.
Ter tempo, paciência e amor
Ser pai e mãe de uma criança ou jovem com autismo
pode ser ainda mais desafiador do que criar uma
neurotípica. Exige mais energia, tempo, paciência e
dedicação. Quem se sentir sobrecarregado, sem energia,
desanimado e triste, deve buscar ajuda especializada
como psicólogos para cuidar de si e de sua saúde
mental.
É importante que os pais saibam que não estão sozinhos
nessa jornada, por isso, converse com outros pais de
autistas, divida as angústias e conquistas. Todos têm a
ganhar .
Como lidar com o Autismo:
tornando a escola o
ambiente ideal

Além dos pais e da família, a escola precisa, também, ser


preparada para receber o aluno com autismo e saber
como lidar. No Brasil, até o final de 2019, havia
apenas uma escola 100% voltada ao ensino de
pessoas autistas. O projeto, que fica em Curitiba, é
gerido pela prefeitura.
Enquanto a realidade para o restante do Brasil não é de
adequação, os pais precisam contar com iniciativas das
escolas públicas e privadas que buscam fazer o possível
para tornar o ambiente “normal” menos agressivo ao
autista.
Como lidar com o autismo em sala de aula

Iniciar a adaptação do aluno e da escola desde


o ensino infantil;
Constante participação da família;
Manter a sala de aula organizada e com a
mesma distribuição mesas e cadeiras todos os
dias;
Utilizar materiais e móveis adaptados;
Utilizar recursos visuais e coloridos no
aprendizado;
Manter uma rotina semanal de horários e
atividades.
Todos os casos comentados neste artigo mostram que a
criança autista precisa, de fato, muito do apoio da
sociedade, a começar por não serem encarados nem
tratados como doentes ou incapacitados. Independente
se você tem ou não um parente diagnosticado com TEA,
aproveite, então, para exercitar a empatia e fazer a sua
parte. Busque conversar com os pais destas crianças
e também compartilhe o que você aprendeu para que o
Autismo deixe de ser um tabu e passe a ser parte dos
debates e iniciativas diárias.
Confira os direitos da
pessoa com Transtorno do
Espectro Autista
O autista tem direito à atendimento prioritário, à saúde,
à educação, à moradia, ao trabalho, à assistência social,
à previdência social, à cultura, ao esporte, ao turismo, ao
lazer, ao transporte, à mobilidade, à tecnologia assistiva,
à justiça, entre outras prerrogativas firmadas no Estatuto
da Pessoa com Deficiência.

Identificação
Há dois anos foi criada a Carteira de Identificação da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). O
documento garante atenção integral, pronto atendimento
e prioridade nos serviços públicos e privados, em
especial nas áreas de saúde, educação e assistência
social.
A Ciptea foi criada pela norma batizada de Lei Romeo
Mion, que é filho do apresentador de televisão Marcos
Mion e tem TEA.
Segundo Fabricio Posocco, a carteira é expedida pelos
órgãos estaduais, distritais e municipais que executam a
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista. “Para tirar o documento,
a família deve apresentar um requerimento
acompanhado de relatório médico com a indicação do
código da Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). A
identidade deve ser renovada a cada cinco anos”.

Saúde
A pessoa com transtorno do espectro autista tem direito
ao acesso às ações e serviços de saúde, oferecidos pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo plano privado de
assistência à saúde, com vistas à atenção integral às
suas necessidades.
“A Lei 12.764/12 garante o acesso ao diagnóstico
precoce, ao atendimento multiprofissional, à nutrição
adequada, aos medicamentos e as informações que
auxiliem no tratamento”, explica o professor.

Terapia
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
divulgou, recentemente, uma resolução normativa que
regulamenta a cobertura mínima obrigatória de sessões
com psicólogos, terapeutas ocupacionais e
fonoaudiólogos, para o tratamento e manejo do
transtorno do espectro autista.
“O beneficiário de plano de saúde tem direito a cobertura
mínima obrigatória de fonoaudiologia, que pode variar
entre 12 a 96 sessões por ano, dependendo do seu
critério clínico. Já a cobertura obrigatória com sessão de
psicólogo e terapeuta ocupacional pode ser ilimitada
para pacientes com diagnóstico primário ou secundário
de transtornos globais do desenvolvimento (CID F84) ou
de no mínimo 40 sessões anuais para os demais casos”,
revela o advogado.
Fabricio Posocco orienta que o médico tem autonomia
para prescrever o tratamento mais adequado ao
paciente. “Quando a enfermidade necessita de
procedimento específico e prolongado, como no caso do
autismo, a operadora de saúde deve fornecer ou custear.
O beneficiário que recebe negativa pode buscar seus
direitos na Justiça a fim de melhorar a sua qualidade de
vida e a sua idependência”.
Medicamento
A rede pública de saúde disponibiliza inúmeros fármacos
gratuitos para ajudar a controlar alguns sintomas
relacionados ao autismo. Todavia, quando a receita
aponta um remédio de alto custo ou que não é
encontrado nas farmácias das Unidades Básicas de
Saúde do SUS, a pessoa deve fazer um pedido judicial.
“O interessado pode contratar um advogado de sua
confiança ou comparecer ao fórum mais próximo com
comprovante de residência, documentos pessoais
da pessoa com TEA e do responsável legal, junto com o
pedido médico da medicação”, ensina o professor.

Educação
Todas as escolas do país devem aceitar a matrícula da
pessoa com transtorno do espectro autista, ou qualquer
outro tipo de deficiência. O gestor escolar que recusar
pode ser punido com multa de 3 a 20 salários-mínimos.
“Além disso, a criança, adolescente ou adulto com TEA,
que esteja matriculada em classe comum de ensino
regular, tem direito a acompanhante especializado se
comprovar esta necessidade”, explica o professor e
advogado Fabricio Posocco, do escritório Posocco &
Advogados Associados.

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