Resposta:

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Resposta: basicamente, o Mercantilismo é uma forma de Capitalismo.

Mas vamos fazer


uma rápida explanação sobre o tema, acompanhem…
Éclaro que o Capitalismo, enquanto conjunto de práticas econômicas, políticas e de
relações de produção não deve ter apenas o Mercantilismo como sua única raiz. Mas
esta prática econômica, iniciada no século XV pelas nações absolutistas da Europa
tem uma certa culpa no nascimento do Capitalismo como nós conhecemos hoje.
O Mercantilismo foi um conjunto de medidas adotadas pelas nações absolutistas com a
intenção de angariar e reter riqueza. E esta riqueza, muitas vezes, era
simplesmente ouro e prata. Assim, a premissa básica do Mercantilismo era de que a
riqueza de uma nação era determinada pela quantidade de ouro e prata que ela
possuía.
Simples assim, com tudo controlado pela mão-de-ferro do Estado, que adotava uma
postura completamente intervencionista sobre a economia do país.
Só que os governantes da época, monarcas soberanos que tomavam todas as decisões a
partir da vontade própria — por isso o Estado era considerado absolutista — ,
acreditavam que esta riqueza existente no mundo nunca aumentaria, ou seja: para um
Estado enriquecer, outro precisava empobrecer, perder suas riquezas para outro
Estado. A partir deste pensamento, alguns Estados procuravam meios para aumentar
sua riqueza para manter sempre a balança comercial favorável.
As práticas mercantilistas eram as seguintes:
1) Metalismo (ou bulionismo)

O vil metal…
Era a forma de acúmulo de riqueza mais simples: quanto maior a quantidade de metais
preciosos, melhor.
Foi a prática adotada principalmente pela Espanha, que logo no início da
colonização no “Novo Mundo” encontrou ouro em seus domínios. Portugal também chegou
a adotar o bulionismo, principalmente quando descobriu ouro em Minas Gerais.
Só que o metalismo enganava e escondia as fraquezas da economia do Estado. A
Espanha, por exemplo, tinha muito ouro e prata em seus cofres e seus domínios
ultramarinos, mas sua agricultura e manufatura eram completamente atrasadas,
enquanto outros setores de produção eram inexistentes.
Assim, a Espanha gastava muito para importar produtos de outros países europeus, e
como não produzia mais do que consumia, sua balança comercial nunca estava
favorável.
2) Colbertismo

Jean Baptiste Colbert


Prática econômica que ganhou este nome por ter sido idealizada pelo francês Jean
Baptiste Colbert, ministro das finanças do rei Luis XIV.
Em sala de aula nós normalmente ouvimos que o Colbertismo foi a forma dos franceses
favorecerem sua balança comercial por meio da produção de bens de consumo
refinados, ou seja: buscaram a produção das melhores roupas, melhores perfumes,
enfim, dos melhores produtos. Mas na verdade o Colbertismo foi uma reunião de
medidas que propiciou a melhoria e o crescimento da produção francesa.
Em primeiro lugar, Colbert reformou o sistema econômico francês, equilibrando
receitas e despesas, e aperfeiçoou o sistema coletor de impostos. Após consolidar
estas mudanças, promoveu a indústria francesa, mantendo taxas alfandegárias altas e
estimulou a exportação.
Permitiu a implantação na França de novas indústrias e a vinda de técnicos
especializados de outros países. Enquanto isso a Coroa francesa financiava a
abertura de novas estradas pelo país e a melhoria de sua marinha mercante, com o
objetivo de conquistar novos mercados consumidores.
Na verdade o Colbertismo, quando estudado a fundo, é o conjunto total de medidas
que visavam o favorecimento da balança comercial francesa.
Demais medidas para manter a balança comercial favorável
Outros países também tomaram medidas visando puxar a sardinha para a sua balança
comercial.
Inglaterra: mantinha altas taxas alfandegárias e uma frota naval bem equipada. Com
o tempo ampliou sua atuação comercial no continente americano mantendo acordos
comerciais com os portugueses e os espanhóis, além do comércio intenso com suas
treze colônias na América do Norte. Já nos séculos seguintes (XVIII e XIX) afirmou-
se como a maior potência marítima do planeta, e consequentemente, a maior nação
imperialista.
Holanda: os holandeses especializaram-se no transporte dos produtos e matérias-
primas entre as colônias e as metrópoles. Cobravam por este serviço, e assim
ampliavam portos, aumentavam e melhoravam cada vez mais sua marinha mercante. A
Bélgica manteve política semelhante, mas sem atingir os resultados holandeses.
Portugal: os portugueses mantinham um intenso comércio de matérias-primas com as
colônias, retirando delas tudo que podia. Os portugueses foram os primeiros a
manter entrepostos comerciais em todos os continentes! No Brasil, com a quase
extinção das árvores de pau-brasil, a plantação de cana-de-açúcar em larga escala
foi estimulada, e mais tarde foi encontrado ouro em Minas Gerais. Com a utilização
dos escravos comprados principalmente dos traficantes de escravos ingleses, tinha
mão-de-obra barata e conseguia um lucro razoável.
Mas e o Capitalismo?
Aresposta à pergunta do título talvez fique mais clara após uma reflexão sobre as
medidas econômicas mercantilistas. A base do Capitalismo está aí: acúmulo de bens.
No caso do Capitalismo, denominamos estes bens de propriedade privada, e até de
forma mais completa, segundo Marx, de propriedade privada dos meios de produção,
enquanto no Mercantilismo chamamos de balança comercial favorável.
Claro que não podemos generalizar. O Mercantilismo tinha como característica o
forte controle do Estado, já o Capitalismo moderno (liberal, neoliberal e quetais)
é caracterizado também pela menor influência possível do Estado na economia.
Mas o Capitalismo pode ser encarado como uma evolução natural do Mercantilismo,
claro, guardadas as devidas proporções. A prática econômica que nós conhecemos hoje
em dia como Capitalismo foi, sem sombra de dúvidas, uma evolução natural do
Mercantilismo.
Mas a verdade é que o próprio Mercantilismo é considerado por muitos historiadores
— Eric Hobsbawm, por exemplo — uma das formas conhecidas do Capitalismo, que teria
na verdade nascido com a retomada do comércio na Idade Média. Mas isso é assunto
para outro texto…

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