No Limits Corrupt Cowboys 2 EC

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DE FÃS PARA FÃS.
Oleander
Monica
Jewell Designs

Outubro 2024
No
LIMITS
CORRUPT COWBOYS
Livro Dois

EMMA CREED
Sinopse

Junte-se a esses cowboys sombrios, safados e corruptos no rancho dos Carson. Onde as
fronteiras são ultrapassadas, as leis são quebradas e os limites são testados...

Agora que outro obstáculo está fora do nosso caminho,


o Rancho Carson e os homens marcados nele só ficarão mais fortes.

Fork River está cheio de segredos e enganos.


O passado nos assombra a todos, mas quando a verdade for descoberta,
a justiça será feita.
Cometi muitos erros no passado.
Deixar Maisie Wildman ir embora foi o maior de todos.
Quando ela voltar para a cidade, estou determinado a não deixá-la ir novamente.
Vou provar a ela e a todos os outros que, quando se trata de mantê-la,
Não.
Existem.
Limites.

No Limits é o segundo livro da série Corrupt Cowboys e a segunda parte do dueto de


Maisie e Garrett.
Nota da Autora

No Limits e todos os livros da série Corrupt Cowboys são obras de ficção e contêm
conteúdo adulto. Devido à natureza da série, você vai encontrar vários assuntos
que alguns leitores podem achar perturbadores, e é destinado a leitores maiores
de 18 anos
Custe o Que Custar
— Então, o que você acha da vista? — Kieron dá um passo atrás de mim
e descansa as mãos em meus ombros. A forma como ele aperta não me traz conforto
como deveria. Isso me faz tremer.

— É bonito. — Eu viro a cabeça para poder olhar para ele, e me pergunto


o que diabos há de errado comigo. Kieron é bonito, engraçado, gentil e temos muito
em comum.

— Bonito o suficiente para pintar, hein? — ele ri, antes de pressionar seus
lábios nos meus e quando ele tenta transformar isso em algo mais intenso, eu sorrio
e me afasto.

— Então, você fez um depósito? — Eu tento ignorar o olhar desapontado


em seu rosto. Já me acostumei com aquele olhar. Se estou sendo honesta comigo
mesma, estou surpresa que ele ainda esteja tentando. Estamos namorando há mais
de um mês e ainda não passamos da primeira base.

— Sim, é tudo meu. Nosso, se você quiser que seja? — Percebo como
aquele olhar desapontado se transformou em um olhar esperançoso. — Me ouça. Sei
que é loucura, e só estamos namorando há um mês, mas estou apaixonado por você
desde o primeiro dia em que entrou na galeria.

— Kieron... eu...

— Pense nisso, — ele interrompe, antes que eu possa inventar uma


desculpa esfarrapada, e de repente me sinto mal por estar aqui.

Não estou apaixonada por Kieron. Eu nunca deveria ter fingido para ele,
ou para mim mesma, que havia uma chance de estar.

A verdade é que, três anos atrás, Garrett Carson arruinou minha vida. Eu
abri meu coração para ele. Permiti que o que eu pensava que tínhamos se
desenvolvesse em algo que eu queria tão desesperadamente, que fiquei
completamente cega para a realidade e, desde então, descobri que é impossível
desejar outra pessoa. Devo ser a única virgem de 21 anos em Los Angeles. É
patético, e tudo porque não há outro homem que esteja à altura daquele idiota
arrogante que partiu meu coração.

Eu tentei. Deus, como tentei. Kieron não é o primeiro cara com quem
namoro. Passei os últimos trinta e nove meses, duas semanas e quatro dias tentando
superar Garrett e tentando esquecer o verão em que me apaixonei por ele, mas ainda
não estou mais perto hoje do que estava no dia em que parti de Fork River.

— Vou pensar sobre isso. — Finjo um sorriso para ele, sabendo que estou
mentindo e me sentindo muito mal por isso.

— Então, já que estamos sozinhos, sem colegas de quarto para nos


perturbar... — Os olhos de Kieron olham para a porta do quarto, e os nervos se
juntam na boca do estômago.

— Claro. — Concordo com a cabeça corajosamente, pegando sua mão na


minha e esperando que pare de tremer enquanto o conduzo para o quarto. Eu não
olho para trás para ver se ele está sorrindo. Só me concentro no que vou fazer.

No que eu tenho que fazer.

Garrett Carson não será mais minha maldição. Eu não me importo com o
quão errado isso vai parecer. Assim que terminar, me sentirei melhor. Ou, pelo
menos, é o que estou dizendo a mim mesma. Porque acho que nada pode ser pior do
que se sentir possuída por um homem que não quer você.

Entro no quarto e olho para a cama. Está feita com lençóis brancos e
nítidos e parece quase clínico. A iluminação aqui é forte demais, então acendo o
abajur ao lado da cama e volto para a porta para desligar o interruptor principal.

Kieron agarra minha cintura e me puxa para perto, seus lábios invadindo
os meus novamente, enquanto sua mão desliza pelas minhas costas e começa a abrir
o zíper do meu vestido. Eu aperto meus olhos com mais força quando uma visão
vem à minha mente. Os lábios de Kieron não parecem nada com os de Garrett.
Mesmo quando nos beijamos durante uma tempestade, ele era tudo que eu podia
sentir. Quando Garrett me beijou, ele me consumiu, e agora, aqui, neste apartamento
a mais de mil quilômetros de distância, ainda parece que ele está me consumindo
agora. Eu luto contra a vontade de parar, envolvendo meus braços em volta do
pescoço de Kieron e beijando-o com mais força. Não importa quantas vezes eu
tentei, nunca fica mais fácil. Mas desta vez, vou perseverar. Vou passar por isso
porque gosto de Kieron. Ele é uma boa pessoa, é paciente e acredito que ele
realmente quer me fazer feliz. Eu sou a única pessoa impedindo que isso aconteça.

Kieron redireciona nossos corpos e me deita no colchão, e quando abro


meus olhos e olho para ele, sinto as lágrimas começarem a se acumular em meus
olhos. Não deveria ser ele, e não deveria ser assim. Não há fogo dentro de mim, nem
formigamento na minha pele. Meu corpo não está gritando por ele. Está gritando
para eu parar.

Eu tomaria meu tempo e me certificaria de que sua primeira experiência


fosse algo que você nunca esqueceria. Eu adoraria seu corpo do jeito que ele merece
e faria você gozar tão forte que você não iria querer transar com mais ninguém.

Eu ouço a voz baixa e rouca de Garrett sussurrar em meu ouvido como


uma maldição, e quando fecho os olhos novamente, é seu olhar escuro e duro que
vejo me julgando.
— Eu não pertenço a você, — eu falo silenciosamente de volta para ele,
enquanto a mão de Kieron viaja sob meu vestido e seus dedos se estendem sobre
meu corpo.

— Você é linda, — Kieron sussurra, e os beijos que ele coloca no meu


pescoço parecem frios. Meu corpo fica tenso, meu estômago dá um nó e tento tanto
superar a vontade de afastá-lo.

— Sou virgem! — Eu deixo escapar as palavras como se fossem minha


única defesa. É o tipo de coisa que um cara deveria saber antes de transar com uma
garota, certo?

Kieron se afasta e, quando olho para cima, vejo o olhar assustado em seu
rosto.

— Você está brincando? — Ele sorri, e lentamente balanço a cabeça para


ele.

— Eu posso torná-lo especial. — Ele volta a beijar minha pele, e seu toque
parece mais uma infestação do que algo que deveria me trazer prazer.

Encontre alguém especial, que seja digno disso, mas não pense que não
estarei aqui desejando que fosse eu.

Eu ouço aquela maldita voz na minha cabeça novamente, e cavo as unhas


nas palmas das minhas mãos para me impedir de empurrar Kieron para longe.
— Maisie. — Não tenho certeza de qual deles está dizendo meu nome
agora, mas quando abro os olhos e vejo Kieron me encarando com aqueles olhos
azuis gentis e pacientes, dou um suspiro longo e pesado.

— Sinto muito, — eu sussurro, de alguma forma conseguindo deslizar


debaixo dele. Puxo para baixo a parte da saia do meu vestido e alcanço atrás de mim,
tentando puxar o zíper enquanto corro de volta para a sala para pegar minha bolsa e
jaqueta.

— Maisie, espere! — Kieron corre atrás de mim, e eu pego minha jaqueta


jeans nas costas do sofá e seguro a bolsa nas mãos.

— Está tudo bem, podemos apenas conversar. Você não precisa sair.

— Eu preciso ir. — Finjo um sorriso para ele, enquanto volto para a porta.

— Está tudo bem, não precisamos. Não foi por isso que eu te trouxe aqui.

— Não está tudo bem. — Balanço a cabeça e luto contra as lágrimas que
ameaçam cair.

— Não saia assim. Deixe-me pelo menos acalmá-la. Posso chamar um táxi
para você — oferece ele, aproximando-se e estendendo a mão para mim.

— Desculpe. — São as únicas palavras que consigo pronunciar enquanto


minha mão se atrapalha com a maçaneta da porta e saio correndo. Em vez de esperar
pelo elevador, desço as escadas, descendo todos os três andares para chegar ao
térreo. Quando saio na chuva, não me importo se ela encharca meu cabelo. Não me
importo que cada gota que cai na minha pele me lembre de Garrett, porque hoje em
dia, esse tipo de memória, não importa o quanto doa, parece ser meu único conforto.

Sinto a bolsa vibrar e imagino que deve ser Kieron ligando. Ele não
merecia isso, o mínimo que posso fazer é dar-lhe uma explicação. Vou lhe dar uma
amanhã. Agora, preciso chegar em casa e chorar no meu travesseiro.

Consigo chamar um táxi e, depois que entro e dou meu endereço ao


motorista, respiro calmamente e percebo como sou patética. Eu deveria seguir o
conselho da minha colega de quarto Savannah e arranjar um terapeuta. Todo mundo
em Los Angeles parece ter um. Não é certo que depois de tanto tempo eu não consiga
seguir em frente.

Mas não preciso de um terapeuta para me dizer por quê. Eu já sei.

Não posso seguir em frente porque não quero.

Eu não quero desistir da ideia de mim e Garrett estarmos juntos. Eu estava


lá, senti o que havia entre nós, e talvez eu seja jovem, talvez eu seja ingênua e
estúpida, mas já sei que nunca terei isso com mais ninguém.

Meu celular continua tocando e decido que devo pelo menos mandar uma
mensagem para Kieron pedindo desculpas. Tiro-o da bolsa e, quando vejo o nome
de Wade piscando na tela, sinto meu coração pular na garganta. Eu e Wade
mantivemos contato ao longo dos anos, mas o fato de ele ter me ligado tantas vezes
sugere que algo está errado. Meu dedo trêmulo aceita a ligação, e assim que ouço
sua voz, sei que é ruim.
— Ei querida, — ele não soa como o seu jeito otimista de sempre. Ele soa
como se estivesse prestes a me dar um duro golpe.

— Garrett? — Seu nome sai dos meus lábios, e prendo a respiração


enquanto espero que Wade me conte o que aconteceu.

— Não, querida, Garrett está bem. É sobre sua mãe que estou ligando.

— Mamãe? O que aconteceu com ela? — Mal tive notícias de minha mãe
desde que saí de Montana, três verões atrás. Ela não fez nenhum esforço para vir
aqui me visitar. Tenho certeza que tem estado muito ocupada garantindo que seus
bens estejam seguros.

— Sinto muito, Maisie, mas ela está morta. — Leva alguns segundos para
eu absorver as palavras que ele acabou de dizer, e quando afundam, elas atingem
como um maremoto.

— Morta? — repito a palavra, esperando ter ouvido errado.

— Sim. Eu me sinto muito mal por te contar pelo telefone, mas eu não
queria que você ouvisse isso do xerife.

— Ela não pode estar morta. — Balanço a cabeça e fecho os olhos,


tentando me lembrar da última vez que nos falamos. Faz tanto tempo que nem me
lembro.

Ela sempre foi tão egocêntrica que, quando conversávamos por telefone,
nunca perdia tempo para perguntar sobre minha vida ou como eu estava.
A verdade é que sempre me ressenti com ela. Quando criança, eu nunca
conseguia me ajustar, estava constantemente mudando de escola e tendo que fazer
novos amigos para caber em sua vida amorosa. Fiquei ainda mais ressentida com ela
nos últimos anos. Acho que se ela nunca tivesse me arrastado para Carson Ranch,
eu não teria meu coração partido.

— Maisie, o que você quer fazer? — Ouvir a voz de Wade novamente me


lembra que ele ainda está na linha.

— O funeral. — De repente, me dou conta de que terei que voltar e


enfrentar tudo o que deixei para trás.

— O legista diz que o corpo dela pode ser liberado assim que a polícia
tiver todas as evidências necessárias para a investigação. Esperamos que seja na
próxima semana.

— Polícia? — Eu questiono, percebendo que nem perguntei o que


aconteceu com ela. Talvez eu tenha me tornado tão egoísta quanto ela.

— Querida, a morte de sua mãe não foi um acidente. Ela foi baleada.

Minha respiração fica presa na garganta e meu corpo fica frio.

— Maisie, você ainda está aí? — Wade parece preocupado.

— Estou aqui. — Eu forço as palavras através da minha garganta seca.

— O que quer fazer? — ele me pergunta novamente, e enquanto eu olho


para as gotas de chuva escorrendo pela janela e borrando a luz da cidade, percebo
que só há uma coisa que posso fazer.
— Eu acho que é hora de eu voltar, — respondo, fracamente.
— Jesus, você está impaciente hoje. — Wade se recosta na cadeira em
frente à minha e descansa as botas na minha mesa. São suas botas para ocasiões
especiais, então estão limpas, mas eu o encaro friamente, de qualquer maneira.

— Vamos, estamos enterrando a bruxa. Achei que pelo menos você


conseguiria sorrir.

— Não vamos ter essa conversa quando ela chegar aqui. — Eu aponto
meu dedo para ele em advertência antes que os nós dos dedos de Dalton batam na
porta aberta e nos interrompa.

— Estou indo para o aeroporto pegar Maisie. Falei com Grahame e você
estava certo. Ela tem um quarto reservado na casa de hóspedes. — Ele confirma
minhas suspeitas.
— Está em cima da hora. Você terá que levá-la direto para o funeral. —
Wade estica o pescoço para olhar para ele.

— E depois? — Dalton está olhando para mim agora.

— Você a leva para onde ela quiser ir. — Olho para a minha mesa para
evitar o olhar que sei que os dois vão me dar.

— Claro, chefe. — Dalton vai embora, mas ainda sinto os olhos de Wade
me julgando.

— O quê? — Eu finalmente olho para ele.

— Nada. — Ele balança a cabeça, franzindo os lábios como se estivesse


se divertindo com o meu sofrimento.

— O que você espera que eu faça? Que jogue a garota por cima do meu
ombro no funeral de sua mãe e a force a voltar pra cá?

A expressão no rosto de Wade sugere que é exatamente o que ele espera.

— Parece o tipo de coisa que Garrett Carson faria. Nós dois sabemos que
você não vai deixá-la sair daqui uma segunda vez. Puta que pariu, Gar… já se
passaram três anos, e nem vi você olhar para outra mulher. Você sabe o que quer, e
agora é sua chance de conseguir.

Wade reajusta o chapéu para cobrir os olhos, então tudo que me resta ver
é o sorriso inteligente que quero arrancar de seu rosto.
— Você está certo, eu não vou deixá-la sair da cidade novamente. Mas
não vou no estilo do homem das cavernas. Estou tentando uma nova abordagem.
Estou lhe dando espaço.

— Espaço? — Wade começa a rir. — Acho que vocês dois tiveram espaço
mais do que suficiente. — Levantando-se da cadeira, ele se dirige para a porta.

— Onde você está indo?

— Estou pegando Leia e sua irmã e levando-as ao funeral. A mãe e o pai


delas estão fora, então elas estão indo direto para lá. — Ele começa a arrumar a
gravata no espelho.

— E por que Leia não está indo com o noivo? Estou com um péssimo
humor, então nem me sinto culpado por tirar a satisfação da cara dele.

— Caleb está em uma conferência, então ele não pode ir.

— Então, você está entrando? — Agora é a minha vez de parecer


presunçoso enquanto me levanto e dou a volta na mesa, ficando atrás do meu irmão
e olhando por cima do ombro para o nosso reflexo.

— Não vou aceitar conselhos de relacionamento de um homem que viveu


na mesma cidade que a garota por quem está apaixonado a vida toda e ainda não fez
nada. — Tiro um fiapo imaginário de seu paletó e sorrio antes de sair pela porta.

— Vá se foder! — ele grita atrás de mim, e eu balanço a cabeça e dou


risada antes de sair para o barracão.
— Chefe. — Otis se senta em seu beliche e levanta o queixo quando entro,
enquanto Finn e Tate trocam olhares que não me agradam.

— Onde está Mitch? — Eu examino a sala, procurando pelo meu vaqueiro.

— Dissemos para ele não ir. — Finn fala primeiro, ganhando um golpe
forte do cotovelo de Tate.

— Ir aonde?

— Ele está no Rancho Mason. Um de seus vaqueiros estava falando merda


sobre você no leilão esta manhã, ele voltou por ele, e bem... — Eu não preciso de
Finn para explicar mais nada.

— Foda-se, — eu suspiro enquanto volto direto para a porta, batendo-a


atrás de mim e marchando em direção à minha caminhonete. Esta é a última coisa
que eu precisava hoje. Já estou muito nervoso por ver Maisie de novo. Meu plano
de lhe dar espaço foi mais fácil de conceber do que será de executar.

Entro na caminhonete e ligo o motor, partindo e indo para o Rancho


Mason. Quando chego lá, sigo o som do caos que vem de um dos estábulos.

— Vou te ensinar o que acontece com as pessoas que caluniam meu chefe.
— Mitch dá um forte golpe de punho no cara no chão. Há alguns vaqueiros de Mason
aqui para testemunhar, mas nenhum parece que vai fazer algo a respeito. Você pode
dizer que eles são verdes, não apenas pela aparência jovem, mas pela condição dos
Stetsons em suas cabeças e nas botas em seus pés. O couro não está gasto e mal tem
um arranhão entre eles.
— Ei, Mitch, vamos. Hoje não. — Eu me abaixo, puxando seu ombro e
segurando-o.

— Todos os dias, Garrett. Todos os dias, porra! — Ele rosna para o


vaqueiro espancado, que está deitado no chão, antes de cuspir nele.

— Apenas dizendo o que todo mundo está pensando. — O pedaço de


merda no chão mostra que ele tem coragem, e quando Mitch pula para atacá-lo
novamente, consigo segurá-lo.

— Temos um funeral para ir, — eu o lembro. Ele sabe que o dia de hoje é
importante. A cidade inteira estará assistindo para ver como os Carson reagem à
morte de Cora. Não temos tempo para ninharias.

Estendo a mão para ajudar o cara a se levantar do chão, e ele a pega com
um olhar arrogante para Mitch. Então eu espero até que ele esteja de pé antes de
agarrar a frente de sua camisa e empurrá-lo para uma das baias vazias. Eu o bato
com força contra a parede e fico bem na cara dele.

— Não se preocupe com quem matou aquela prostituta garimpeira.


Preocupe-se com o fato de que, se meu nome sair de sua boca novamente, você estará
tão morto quanto ela. — Eu poderia apagá-lo com um soco, mas ele já está
completamente derrotado, e como não quero sujar de sangue o único terno decente
que possuo, deixo-o ir. Virando as costas para ele, pego o chapéu de Mitch de onde
ele caiu e devolvo-lho.
— De volta ao trabalho, rapazes, essa merda de cavalo não vai se juntar
sozinha, — digo aos espectadores enquanto volto para minha caminhonete com
Mitch, e nós dois olhamos para o pátio em direção à casa principal. A família Mason
está reunida em sua varanda com seu luxuoso carro estacionado do lado de fora,
esperando para levá-los ao funeral. Ronnie Mason coloca seus óculos escuros e é
seguido por seu filho mais velho, Joe, e sua esposa, Aubrey, enquanto caminha em
direção a ela. Ela é a única delas que percebe que estamos aqui, e me oferece um
pequeno sorriso antes de abaixar a cabeça para olhar para o chão novamente.

Jogo justo para Cole, ele está preso aqui, e ele faz tudo por ela. Não
achávamos que ele duraria o primeiro inverno, mas ele provou que estávamos
errados. Apenas mostra como nós, homens Carson, podemos ser determinados e
teimosos.

Ainda assim, não posso deixar de me perguntar se o que ele está fazendo
aqui traz mais dor do que conforto para ambos. Aubrey nunca vai deixar o marido,
a maneira como ela olha para ele como se o temesse sugere que ela não poderia,
mesmo que quisesse.

— Você está bem? — Mitch pergunta, tirando-me dos meus pensamentos.

— Sim, estou bem, — asseguro-lhe, sentando-me ao volante e ligando o


motor. Dou-lhe um olhar assim que ele entra ao meu lado, um que sugere que eu
tenho mais a dizer.
— Não comece. Estou velho demais para sermões e nunca vou mudar
meus hábitos. — Ele acende um cigarro e põe o braço para fora da janela, enquanto
eu dirijo.

— Não se importe conosco. Apenas oferecendo a vocês alguns conselhos


de vizinhança, — ele grita pela janela, levantando o chapéu enquanto passamos pela
família Mason em direção ao portão.

— Estou surpreso que Finn e Tate não foram com você, — eu rio. Mitch
está certo. Você não pode ensinar novos truques a um cachorro velho, há alguns que
nunca serão domesticados e ele é o melhor deles.

— Eles queriam, mas eu ordenei que ficassem para trás. A última coisa
que você precisava hoje era uma briga de alojamento. Eu entreguei o aviso que era
necessário.

Concordo com a cabeça e me concentro na estrada, tentando não pensar


no que está por vir. Não temos tempo de voltar para o rancho, vamos ter que ir direto
para o enterro, e ainda não me sinto pronto para enfrentar Maisie.

— Vai ficar tudo bem, você sabe. A garota vai saber que você não fez isso.

— Eu não me importo se ela pensa que eu fiz isso ou não. — Eu sei que
minha mentira não vai colar com o homem que eu conheço toda a minha vida, mas
conto de qualquer maneira.

— Rapaz, sua merda de cavalo fede pior do que o pátio dos Mason. Acho
que a opinião daquela garota é a única com a qual você se importa. Esta é sua chance
de corrigir seus erros. Todos os bons homens cometem erros, mas os espertos não os
cometem duas vezes. — Ele sopra uma enorme nuvem de fumaça e ri.

Paro no cemitério e olho para as cadeiras que estão dispostas ao redor,


daquele que será o local de descanso final de Cora. Ninguém chegou ainda, só o
padre que está esperando para nos receber. Baixo o visor e olho para a fotografia de
Maisie, guardo-a. Eu não me importo se Mitch vê. Ele sabe como me sinto sobre a
garota. Todo mundo sabe.

Ela é linda, boa demais para um homem que tem o que eu tenho na
consciência, mas Mitch e Wade estão certos. Esta é a minha chance, a única que
provavelmente terei. Nada mais prende Maisie a esta cidade, e se eu deixá-la partir
de novo, ela nunca mais voltará.

Abro o visor e olho para Mitch.

— Custe o que custar — digo-lhe, observando um sorriso surgir em seus


lábios.

— Estava esperando que você dissesse isso. — Ele joga sua fumaça pela
janela e solta uma risada antes de sair.
Eu passo o serviço inteiro tentando não olhar para ele, mas é impossível.
Garrett Carson não mudou nem um pouco. Ele é tão alto, tão bonito, e assim como
eu temia, a atração que tenho para ir até ele ainda está lá. Leia está ao meu lado e
segura minha mão. Ela é outra pessoa de Fork River com quem mantive contato e
até me visitou algumas vezes em Los Angeles.

Sinto-a apertar minha mão com força, enquanto o padre diz seu sermão e
quando o prefeito se levanta para dizer algumas palavras. Mamãe ficaria arrasada
por perder toda essa confusão.

Talvez eu devesse estar pensando em outras coisas, como o fato de que


ela se foi e que nunca mais a verei. Talvez eu devesse estar me perguntando quem
foi que pôs fim à vida dela. Mas tudo em que posso me concentrar é nele. Quando
ouso olhar para cima, para onde ele está do outro lado do caixão, suas mãos estão
cruzadas respeitosamente à sua frente e, embora sua cabeça esteja baixa, seus olhos
estão em mim.

Aqueles olhos pesados e sedutores que assombraram meus sonhos desde


que parti, e o poder dentro deles quase me faz suspirar. Leia me entrega um lenço de
papel, e isso me lembra que eu deveria estar chorando. Minha mãe está morta. A
mulher que me deu à luz e me criou está prestes a ser sepultada. Mas não sinto
tristeza e não sofro nenhuma perda porque a verdade é que perdi minha mãe há muito
tempo. Muito antes de virmos para cá.

Pensando nisso, eu realmente nunca a tive.

Minha mãe nunca, em sua vida tragicamente curta, me colocou em


primeiro lugar e olhando em volta para todas essas pessoas que a conheceram por
tão pouco tempo e estão sofrendo sua perda, me faz pensar por que estou realmente
aqui.

Quando o serviço termina e as pessoas começam a voltar para seus carros,


sinto um braço em volta do meu ombro.

— É bom te ver garota. Sinto muito, que seja assim. — Wade beija minha
bochecha e sorri tristemente para mim quando olho para ele. — Dalton conseguiu
conter sua empolgação por te ver? — ele pergunta, e eu sorrio um pouco quando me
lembro da saudação que ele me deu no aeroporto. Ele me levantou do chão e me
girou como se fôssemos amantes se encontrando.
— Não muito bem. — Deixei Wade me levar do cemitério em direção à
caminhonete onde Dalton está encostado no capô, esperando por mim.

— Mamãe e papai estão tendo uma coisa na casa deles, — Leia me


informa, tentando parecer entusiasmada. — Garrett se ofereceu para fazer algo no
rancho, mas dadas as circunstâncias, não parecia apropriado... — Percebo a maneira
como Wade balança a cabeça para interrompê-la.

— O que você quer dizer com não parecia apropriado?

— Inferno, Leia, você já pensou antes de falar? — Wade revira os olhos


enquanto afrouxa a gravata nervosamente. — Olha querida, Garrett e sua mãe deram
muitas cabeçadas, na verdade, ela tornou nossas vidas um inferno. A polícia o
inocentou, mas as pessoas na cidade estão falando e estão bastante convencidas de
que foi ele quem…

— Espere. As pessoas acham que Garrett matou minha mãe? — Sinto


meus joelhos cederem, mas, de alguma forma, consigo ficar de pé.

— Isso é o que eles estão dizendo, mas estou te dizendo, não é verdade,
— Wade me garante, e quando ouço o som grave e grave de um pigarro atrás de
mim, imediatamente sei a quem pertence.

— Garrett. — Seu nome escapa desesperadamente da minha boca quando


me viro para encará-lo, e coro quando percebo que merda acabei de fazer em nosso
primeiro encontro. Eu deveria mostrar coragem e força, não fraqueza.
— Maisie. — Ele levanta um pouco o chapéu da cabeça e me olha, como
sempre fazia. Quando seus olhos olham por cima do meu ombro para Leia e Wade,
ambos se desculpam e nos deixam com um olhar estranho.

— Quanto tempo você vai ficar na cidade? — Garrett finalmente quebra


o silêncio, e noto um leve nervosismo em seu tom.

— Parto amanhã à tarde, tenho um compromisso no Billings amanhã de


manhã com o advogado de mamãe, e depois estou voando de volta. — Eu tenho que
girar meus dedos para tentar impedi-los de estender a mão para ele.

Ele balança a cabeça lentamente, absorvendo o que eu disse, mas não


reagindo a isso.

— Foi gentil da sua parte enviar Dalton para me buscar. Obrigada. — Eu


sorrio sem jeito.

— Como você sabe que eu o enviei? — Ele questiona, estreitando os olhos


e tornando tão difícil para mim odiá-lo do jeito que deveria.

— Ele me disse que você enviou, — admito, e isso quebra o gelo porque
nós dois sorrimos um pouco quando eu olho para ele. Dalton nunca foi bom em
esconder nada. Ele está vestindo preto como todos os outros enlutados hoje, mas
aquele enorme sorriso dele não caiu de seu rosto desde que chegou aqui.

— Ouvi dizer que você está hospedada no Taylor's. — Garrett


rapidamente torna a conversa séria novamente. Posso ver a tensão em suas mãos
enquanto ele cerra os punhos, e tento não me distrair lembrando como senti quando
elas me tocaram.

— Sim, acho que não vou para a casa dos Walker. Se estiver tudo bem
para você, vou pedir a Dalton para me dar uma carona de volta para a pensão. —
Forço um sorriso para ele, e quando ele acena de volta para mim, eu me viro e vou
embora.

— Venha para casa. — Eu ouço as palavras que ele deixa escapar atrás de
mim, mas tenho que me virar para acreditar que ele as disse, e quando o faço, ele é
o único que parece envergonhado quando limpa a garganta novamente.

— Quero dizer, não fique na pousada. Você tem um quarto no rancho. —


Eu o vejo engolir seu orgulho enquanto espera pela minha resposta.

— Garrett, eu não acho... — Ele me silencia quando dá um passo à frente


e pressiona o dedo sobre meus lábios. Uma combinação de sua colônia, misturada
com cigarros e couro, invade minhas narinas, lembrando-me de todas as pequenas
coisas que senti falta dele.

— O rancho é a sua casa, você pertence a ele, não à pousada. Dormirei no


barracão esta noite, se isso te deixar mais confortável. — Eu olho para ele, tentando
formar palavras, mas não consigo, e quando balanço a cabeça, o olhar de decepção
que se espalha por suas belas feições me deixa desesperada para beijá-lo novamente.
— Maisie, por favor, não seja teimosa. Eu quero que você volte para casa
esta noite, mas não vou implorar, — ele avisa, e por mais que ele mereça sofrer pelo
que fez comigo, eu pego o caminho certo e tiro-o de sua miséria.

Agarrando seu pulso, afasto sua mão da minha boca e sinto seu dedo
arrastar pelos meus lábios, enquanto ele se afasta.

— O que eu quis dizer é que não há necessidade de você dormir no


barracão. Nós dois somos adultos, certo? — Consigo ser atrevida enquanto viro as
costas para ele pela segunda vez e caminho em direção a Dalton.

— Para onde minha senhora? — ele pergunta, enquanto abre a porta do


passageiro para mim.

— Para o Rancho Carson. — Subo no assento e coloco o cinto de


segurança, ignorando o sorriso enorme e vitorioso no rosto de Dalton e tentando não
olhar para o retrovisor quando ele fecha a porta.

É claro que falhei, e quando vejo Garrett no reflexo parado e olhando, com
aquele olhar em seu rosto que me diz que eu o irritei, eu me sinto um pouco vitoriosa.
Ela só voltou à cidade há cinco minutos e já está me deixando louco. O
tipo de loucura que senti falta.

Certifico-me de voltar para casa antes dela, e vou direto para o meu quarto
para tirar meu terno e vestir algo mais prático.

Consigo chegar aos estábulos antes que Dalton pare, e quando Tate entra
nos estábulos e me pega observando-a pisar na varanda, tento parecer ocupado.

— Não esperava que ela voltasse aqui, — ele menciona casualmente,


enquanto pega uma sela e a joga nas costas de Hooter.

— Wade disse que você poderia montar seu cavalo? — Eu verifico,


tentando mudar de assunto.

— Ele ligou e me pediu para selá-lo. Parecia meio tenso, — explica Tate
enquanto continua preparando Hooter.
— A senhorita Wildman está em casa, chefe. — Dalton entra no estábulo,
parecendo satisfeito consigo mesmo.

— Certifique-se de que ela tenha tudo o que precisa. Ela provavelmente


quer descansar e ter algum tempo para si. — Pego minha própria sela e sigo em
direção a Thunder. Wade teve a ideia certa sobre cavalgar, e eu quero ter uma
vantagem sobre ele. A última coisa que preciso é de companhia, e com certeza não
quero sermão dele sobre como eu já estou ferrando com isso.

Maisie vai embora amanhã, não tenho tempo a perder, mas estar perto dela
é intenso demais. Preciso colocar a cabeça no lugar antes de tentar qualquer tipo de
conversa que precise ter com ela.

— Eu não sei sobre isso, chefe. Acho que ela gostaria muito da sua
companhia, — Dalton aponta, e Tate esfrega o dedo debaixo do nariz para tentar
esconder o sorriso debochado em seus lábios.

— Apenas certifique-se de que ela esteja confortável. — Eu jogo uma


perna sobre as costas de Thunder e me ergo, clicando nele e trotando para fora do
pátio.

Fico fora o máximo que posso, tentando pensar nas palavras que devo
dizer. Eu não falei uma única palavra com ela desde que ela saiu. Nunca pergunto a
Wade sobre ela, para o caso de não gostar do que possa ouvir. Só posso presumir
que ela tem alguém em Los Angeles. Seria impossível para uma garota bonita como
ela não ter. Já fiquei acordado à noite, olhando para o teto e me torturando pensando
com quem ela poderia estar. Penso no homem sem rosto tocando sua pele e beijando
seus lábios, e a única maneira de fazer a dor parar é pensar em matá-lo por isso.

Minha alma não é negra o suficiente para eu me enganar dizendo que tenho
direito a esse tipo de pensamento.

Eu não tenho direitos sobre ela.

Eu sei que estou sendo irracional. Mas não há nada de razoável no homem
que me tornei, e Maisie Wildman está prestes a experimentar esse homem. Porque
eu já percebi que não há limites para mantê-la aqui.

Levo Thunder de volta para o estábulo e o deixo para Otis resolver antes
de respirar fundo e entrar na casa. Não espero encontrá-la tão cedo. Ela está deitada
no sofá dormindo, e sou grato pela chance de admirá-la sem seu julgamento.

Descanso minha bunda na mesa de centro de carvalho na frente dela e


estudo seu rosto. Os anos não a mudaram, sua pele ainda é lisa e levemente
bronzeada. Seu nariz ainda é adorável pra cacete e olhar para seus lábios ainda me
deixa com fome deles. Ela esteve chorando, posso dizer pelas manchas de
maquiagem sob seus cílios, e tão desesperado quanto estou para limpar essas
manchas, estou com medo de acordá-la. Não me lembro da última vez que tive medo
de alguma coisa. No entanto, algumas horas tendo essa coisinha delicada na minha
vida me deixam apavorado.

Seus cílios começam a tremular e, quando seus olhos se abrem lentamente,


sou a primeira coisa que ela vê.
Eu gosto que isso a faça sorrir.

— Ei. — Seu sussurro suave percorre minha espinha e me faz formigar.


Eu quero estender a mão e agarrá-la, abraçá-la com força e nunca mais soltá-la. Mas
sei que não é assim com ela. Maisie gosta que eu assuma o controle, mas ela precisa
saber que é ela quem comanda os freios.

— Ei. — Eu me afasto um pouco quando percebo o quão perto estou de


seu rosto.

— Devo ter adormecido. Quão tarde é? — Ela se senta e olha cansada ao


redor da sala.

— É hora do jantar. Dei a Josie o dia de folga, então você vai ter que
suportar minha comida, infelizmente, — eu a advirto com um sorriso que espero que
a faça se sentir à vontade perto de mim novamente.

— Tenho certeza que vou conseguir. — Ela vira o corpo para ficar de
frente para o meu e passa as mãos pelas longas ondas loiras.

— Você estava chorando, — afirmo o óbvio e me sinto como um tolo por


isso quando ela ri.

— Minha mãe acabou de morrer. — Seus grandes olhos azuis brilham


com as lágrimas não derramadas enquanto ela olha para mim, e isso não faz nada
para me impedir de me sentir um idiota.

— Eu não te disse que sentia muito por isso. — Fecho os olhos e junto as
mãos.
— Você sente, realmente? — Ela não parece convencida e, quando abro
os olhos, ela também não parece. — Wade já me disse que ela tornou sua vida um
inferno. — Ela joga o cabelo para o lado e parece estar esperando uma resposta.

— Você está me perguntando se eu a matei? — Eu seguro seu olhar e, pela


primeira vez em muito tempo, começo a me sentir vivo novamente. Aquela faísca
que sempre existiu entre nós corre pelas minhas veias e aponta direto para o meu
peito.

— Você tinha um motivo, — ela aponta, se arriscando e se aproximando


de mim.

— E você realmente acha que eu seria capaz de machucar uma mulher?


— Eu questiono, me aproximando mais. Estamos a poucos centímetros um do outro
agora, e beijá-la seria tão fácil.

— Você me machucou. — Suas palavras me encharcam com água fria, e


isso me faz me afastar novamente. Quando ela se levanta e começa a subir as
escadas, quero correr atrás dela. Quero prendê-la e fazê-la me ouvir, mas sabendo
que não tenho palavras, tenho que deixá-la ir.

Eu a observo subir as escadas e atravessar o patamar antes que ela


desapareça em seu quarto e bata a porta.

Algumas horas depois, bato na porta de seu quarto para avisar que o jantar
está pronto. Quando ela sai, vejo que mudou o vestido preto que estava usando, para
um par de jeans e uma camiseta que é muito apertada e muito curta para não ser uma
distração.

— O jantar está pronto, — eu rosno para ela, e quando ela sorri para mim
como se nada de bom ou ruim tivesse acontecido entre nós, isso faz a frustração
dentro de mim atingir o ponto de ebulição.

Por que eu quero tanto mantê-la quando tudo que ela faz é me enfurecer?

Ela passa por mim e desce as escadas, e eu a sigo.

— Não é aí. — Eu a interrompo antes que ela entre na sala de jantar e, em


vez disso, abro a porta da cozinha. — Parecia bobagem colocar aquela mesa enorme
só para nós dois, — digo a ela uma verdade parcial. O que deixo de fora é o fato de
que não quero nenhum espaço entre nós esta noite. Wade está certo, já estivemos
longe demais. Eu seguro a porta para ela enquanto ela entra, e ela não consegue
esconder o olhar de surpresa em seu rosto quando vê o que está à sua frente.

Encontrei uma toalha de mesa redonda num cesto, na despensa, e acendi


algumas das velas que usamos quando falta energia. Claro, as flores na mesa não são
rosas, mas são tudo o que temos no jardim, e são lindas. Até terminei o resto do
uísque para poder usar a garrafa como vaso.

— Eu ia cozinhar, mas só conheço uma receita e não achei que você iria
comer caçarola de caubói. — Passo por ela e puxo uma cadeira.

— Então, o que temos? — Ela se senta no lugar que ofereço e se esforça


para esconder o sorriso do rosto.
— Mandei um dos meninos para a cidade, Dolores faz o melhor peito de
frango que você já provou. — Eu uso uma luva para tirar a assadeira do forno onde
estive aquecendo e coloco sobre a mesa. Maisie não parece muito impressionada,
mas parece divertida, o que eu acho que significa alguma coisa.

— O que é tudo isso, Garrett? — ela pergunta enquanto eu corto o peito


de frango e sirvo um pouco em seu prato. Me sirvo um pouco e sirvo o vinho antes
mesmo de tentar responder-lhe.

— Sou eu pedindo para você me dar mais um pouco de tempo. — Eu


decido que é estúpido correr antes de andar. Machuquei Maisie quando a mandei
embora e preciso conquistar sua confiança antes de esperar qualquer outra coisa dela.

— Tivemos muito tempo, Garrett, três anos disso. — Ela pega o garfo e
come, olhando para mim em busca de mais daquelas malditas palavras e
aproveitando cada segundo do meu sofrimento.

— Eu não deveria ter deixado você ir embora, — admito, indo direto ao


ponto. Não é fácil para um Carson admitir onde errou, mas o orgulho não vai me
impedir de corrigir meus erros.

— Deixar ir embora? — Ela levanta as sobrancelhas e agora está apenas


sendo malcriada.

— Você sabe o que quero dizer, Maisie, e entendo que estou três anos
atrasado com toda essa merda, mas passei três anos sofrendo e me perguntando, e
não quero mais três. Estou pedindo para você cancelar seu voo e me dar uma semana
para convencê-la de que posso lhe dar uma vida melhor aqui do que qualquer coisa
que você tenha em casa. — Eu coloco tudo na porra da mesa super arrumada para
ela e observo enquanto sua boca se abre e seus olhos ficam maiores.

Ela rapidamente se recompõe novamente, no entanto.

— O que mudou? Tenho idade suficiente para você agora? — Ela inclina
a cabeça e pega o vinho que agora pode beber legalmente.

— Havia muito mais do que isso, Maisie, e você sabe disso, porra.

— Então, vou perguntar de novo. O que mudou?

Eu quero deslizar meu braço sobre esta mesa e foder sua pequena bunda
atrevida sobre ela. Ela pode ver que estou tentando e está tornando as coisas difíceis
para mim de propósito.

— Eu. Eu mudei, — confesso, — naquela época eu sabia o que queria,


mas tinha medo.

— E você não está mais com medo? — Ela ri de mim.

— Sim, estou com medo. — Se é o meu medo que ela quer, é todo dela,
passei muito tempo negando meus sentimentos para mim mesmo. Não vou segurar
a verdade agora.

— Mas não vou deixar isso impedir de conseguir o que quero, — eu a


advirto.
— E o que exatamente você quer? — Ela enfia o garfo na comida como
se fosse com a porra do meu coração que ela está brincando, e estendo a mão por
cima da mesa, pego a mão dela, forçando-a a soltá-lo.

— Eu quero você aqui comigo. Quero que você seja minha. Quero fazer
você sorrir do jeito que Dalton e Wade fazem, e quero que enchamos esta casa com
crianças lindas, atrevidas e teimosas.

— Crianças? — Ela engasga com a comida e olha para mim em estado de


choque.

— Sim, Maisie, crianças, um monte delas. Eu vou te dizer o que mudou.


Deixar você ir me fez sentar e reavaliar tudo. Eu me fiz muitas perguntas sobre o
que eu queria, e todas elas tinham você como resposta. Percebi que quero ser feliz,
e preciso de você aqui para isso acontecer. Isso foi o que mudou. Dê-me uma semana
e farei você perceber que seu lugar é aqui comigo. — Maisie nem pisca ao ouvir
meu discurso e, quando termino, lentamente solto sua mão e a observo tentar
absorver tudo o que acabei de dizer.

Aquele sorriso esperto não está mais em seu rosto. Na verdade, ela
também parece um pouco assustada, e quando lentamente se levanta da mesa, tenho
certeza de que estraguei tudo.

Eu fui muito forte. Não deveria mencionar a parte das crianças tão cedo.
Mas assim que abri as portas, fiquei todo apaixonado e merda.
Maisie me surpreende quando dá a volta na mesa para ficar ao meu lado,
e quando eu viro meu corpo para ela e me levanto, elevando-me sobre ela e olhando
para baixo para sua resposta, ela sorri.

— Bem, Garrett Carson, vamos ver o que você tem. — Ela não me dá a
chance de beijá-la do jeito que eu quero, ela se afasta e me deixa como um lobo
faminto enquanto sai pela porta.
Desço para o café da manhã com um passo rápido e um sorriso no rosto.
Achei que voltar aqui seria difícil. Acontece que Garrett sofreu tanto quanto eu, e
agora ele quer consertar isso. Eu quero deixá-lo, mas isso não significa que eu deva
facilitar para ele.

— Bom dia. — Wade me cumprimenta com um sorriso, enquanto pego


uma tigela de cereais e me junto a ele à mesa.

— Onde você foi ontem à noite? Perdeu um jantar e tanto. — Eu pergunto


sarcasticamente, olhando para a cabeceira da mesa onde Garrett já está sentado. Ele
dobra o guardanapo e o coloca ao lado do prato antes de balançar sutilmente a cabeça
para o irmão.

— Tinha outros planos, — Wade me diz, com um sorriso largo que


confirma absolutamente que ele está mentindo.
— A que horas é o seu compromisso? — Garrett me serve um pouco de
suco.

— Às dez, — eu respondo, já gostando do jeito que ele está cuidando de


mim.

— Ótimo, eu levo você. Podemos almoçar no Billings depois.

— Eu já tenho uma carona, Leia está me levando e vamos fazer algumas


compras, mas obrigada pela oferta. — Encolho os ombros e levanto o copo em
agradecimento, antes de tomar um gole. Eu posso dizer pelo olhar no rosto de Wade
que ele quer me congratular do outro lado da mesa, mas nós dois nos abstemos.

Meu celular começa a vibrar na mesa, e o silencio quando vejo o nome de


Kieron piscando. Ele não para de me ligar desde aquela noite em seu novo
apartamento e, para evitar a conversa constrangedora que sei que terei com ele, tenho
usado a morte de minha mãe como desculpa.

Percebo o rosnado que Garrett faz, quando o nome aparece pela segunda
vez.

— Você deve responder, quem quer que seja parece ansioso para falar com
você. — Quando ele engole, todos os músculos do pescoço ficam tensos, e ele aperta
os talheres com força.

— Não é nada que não possa esperar, — eu mordo de volta alegremente,


antes de tomar outro gole de suco. Tinha esquecido o quanto é mais doce aqui.
— Por mais que eu queira ficar entre essa estranha tensão sexual que está
acontecendo aqui, há trabalho a fazer. — Wade pega seu chapéu e o coloca na cabeça
antes de nos deixar.

Há um longo silêncio enquanto nós dois comemos, e quando meu celular


toca pela terceira vez, posso sentir a frustração saindo de Garrett em chamas. Mas
ainda estou chocada como o inferno quando ele pega e atende.

— O quê? — ele rosna ao telefone, amassando o guardanapo em seu


punho e batendo-o na mesa. — Maisie não está disponível agora. — Seus olhos
encaram os meus, me desafiando a dizer o contrário.

— Quem sou eu? — Um leve sorriso surge em seu rosto. — Eu sou o


namorado dela. — Ele levanta uma sobrancelha para mim, como se me desafiasse a
discutir isso também, e preciso de toda a minha força de vontade para não sorrir com
o quão bom isso soa.

— Se você ligar para ela de novo, vou descobrir onde você está e vou fazer
você engasgar com o meu punho. — Ele desliga e joga meu celular de volta na mesa,
antes de pegar o garfo e continuar a comer.

Eu o encaro em estado de choque e, quando começo a rir, ele olha para


mim sem expressão. — Você achou algo divertido?

Sorrio quando percebo que ele voltou a ser o Garrett por quem me
apaixonei. Qualquer rastejamento que ele tinha nele acabou, e eu meio que gosto
disso. Não combinava com ele de qualquer maneira.
— Você não acha que foi um pouco demais? — Eu mordo o lábio para
tentar domar minha diversão, e quando Garrett se levanta e coloca o chapéu, da
mesma forma que Wade fez, ele se posiciona atrás de mim e se inclina para sussurrar
em meu ouvido.

— Estamos apenas começando, querida. — Ele beija minha bochecha


antes de sair, e apesar de querer correr atrás dele e implorar para ele me mostrar o
que quer dizer, tenho que me segurar.

Eu quero confiar nele, mas é difícil esquecer o quanto ele me machucou,


e se Garrett é uma coisa, é imprevisível. Eu não posso pular primeiro, desta vez. Não
posso deixá-lo quebrar meu coração em mais pedaços e então, permaneço no meu
lugar. Termino o café da manhã e espero Leia chegar para contar tudo o que
aconteceu desde que a deixei no funeral.

***

— Então é isso, ele acabou de anunciar que era seu namorado e desligou?
— Leia parece perplexa, enquanto eu explico.

— Sim, assim mesmo, — dou de ombros, enquanto leio toda a papelada


que o advogado de mamãe me enviou em Los Angeles. Não contei a Garrett ou Wade
que mamãe deixou as ações que ela tinha no rancho para mim. Só vou pedir ao
advogado dela que coloque tudo de volta no nome deles e esqueça. Não quero nada
que venha dela, ainda tenho a herança de $50.000 que recebi de Bill em uma conta
poupança e vou encontrar uma maneira de devolvê-la aos irmãos Carson, que
deveriam tê-la em primeiro lugar.

— Eu acho que você poderia dizer que é romântico. — Ela faz uma cara
que sugere que não pensa nada disso, e eu desisto de tentar descobrir todas as
palavras no documento e decido mudar de assunto.

— Então, quando é o grande dia? — Eu olho para a enorme pedra em seu


dedo. Conheci Caleb Mason brevemente no casamento de mamãe e Bill, e posso me
lembrar dele ser bonito, o que é bom, considerando que ele não tem personalidade
alguma.

— Abril. Mamãe está insistindo que tenhamos um casamento na


primavera, — ela me diz animadamente.

— E o que Wade diz sobre tudo isso? — Eu bato a mão sobre minha boca
no momento em que a pergunta sai de meus lábios.

— Wade? — Leia ri. — Ele está feliz por mim. O que mais ele teria a
dizer? — A resposta dela prova que ainda não sabe como ele se sente, e isso me
lembra de ter uma conversa com ele para verificar como ele está lidando com isso.

— Nada, só sei que vocês dois são próximos, só isso. — Eu me recupero


rapidamente e, quando Leia estaciona do lado de fora do escritório do advogado,
saio do carro antes que possa colocar o pé na boca novamente. — Vou demorar meia
hora, no máximo. Eu ligo quando terminar.
— Não se esqueça de que precisamos encontrar uma roupa para você usar
na minha festa de noivado, — ela me lembra, balançando os dedos para mostrar o
anel novamente, antes de sair.

Passo vinte minutos na recepção de Harold Sengar antes que sua secretária
me chame, e quando ele se levanta e estende a mão sobre a mesa para apertar a
minha, entendo por que mamãe se recusou a usar qualquer outra pessoa além dele.
Ele é bonito para um cara velho e tem aquele charme sofisticado que sempre atraiu
mamãe.

— Maisie, é um prazer finalmente conhecê-la, por favor, sente-se. — Ele


faz um gesto para que eu me sente enquanto se senta novamente, e antes que ele
possa começar ou me convencer de que sou estúpida, explico o que preciso que ele
faça.

— Eu preciso que minhas ações sejam devolvidas aos irmãos Carson,


divididas em três partes entre todos eles. Eu sei o nome do advogado que eles usam,
e estou confiando na sua discrição e na de Miles quando se trata de dizer a eles de
onde veio.

— Senhorita Wildman, você entende o valor dessas ações? — Harold


franze a testa para mim, como se eu precisasse verificar minha cabeça.

— Sim, entendo perfeitamente, mas não as quero. Eu não sou nada como
minha mãe. Não gosto de como ela operava e certamente não desejo me beneficiar
disso. Quero que todas as minhas ações no Rancho Copper Ridge sejam transferidas,
— digo a ele novamente, mantendo-me firme.
— Todas as suas ações? — ele verifica, com um olhar ainda maior de
choque em seu rosto. — Mesmo aquelas que foram transferidas para você no ano
passado?

— Ano passado? Você deve estar enganado. Eu herdei uma parte de dez
por cento que era da minha mãe. Quero isso transferido de volta para os Carson.

— E você deseja manter os outros quinze por cento? — Ele parece


confuso.

— Não tenho mais ações da Copper Ridge, — explico, pela segunda vez,
imaginando onde ele está se metendo.

— Maisie, as informações que tenho aqui, me dizem de forma diferente.


Você tinha uma participação de quinze por cento e, com a morte de sua mãe, agora
tem mais dez. Posso não ser seu advogado, senhora, mas seria antiético da minha
parte não lhe dizer do que está desistindo aqui.

— De onde diabos você está tirando esses quinze por cento? — Esfrego o
rosto com as mãos, tentando entender tudo isso.

— Foi transferido para o seu nome no ano passado. Você teria assinado
um formulário de transferência.

— Bem, eu não assinei nada. — eu lhe asseguro, e ele verifica a papelada


na frente dele novamente antes de olhar para mim e suspirar.

— Eu não sei o que aconteceu, senhora, mas não houve engano aqui. Você
possui vinte e cinco por cento do rancho Copper Ridge, e isso a torna uma acionista
igual. Minha sugestão é, você sai daqui e pensa no que faz. Não tome nenhuma
decisão precipitada agora. Suas ações valem uma fortuna.

Saio do escritório de Harold com a cabeça girando. Nada disso faz algum
sentido. Só posso presumir que essas outras ações vieram de Garrett, mas por que
ele arriscaria o que é mais importante para ele? Também não consigo imaginar seus
irmãos muito felizes com isso.

Eu me encontro com Leia e decido não mencionar nada a ela.

Preciso entender isso primeiro e preciso falar com Garrett.

Luto para me concentrar enquanto procuramos um vestido para eu usar na


festa de noivado de Leia, e não estou totalmente convencida de que o vestido de
lantejoulas com o qual saímos da butique seja meu estilo, mas estou chocada demais
para discutir com ela. Quando ela me deixa no rancho e vai embora, olho para o
outro lado do pátio, onde Garrett está cavalgando ao redor do curral, girando sua
corda e pegando os bezerros para que possam ser marcados por Tate e Mitch.

É assustador como o tempo que passou entre nós parece irrelevante agora,
e é ainda mais louco o quão rápido um coração partido pode começar a se curar.

Garrett para Thunder quando ele me pega olhando para ele, e enquanto
sorri, levantando a mão para a aba do chapéu e inclinando a cabeça, aquela sensação
quente e confusa que eu nunca pensei que sentiria de volta enche meu peito. Eu
posso sentir isso acontecendo muito rápido, o chão chicoteando sob meus pés
novamente, e tudo que posso fazer é sorrir de volta para o homem que tem o
potencial de me arruinar e rezar a Deus para que eu não caia muito.
Foi um longo dia, e será outro longo dia amanhã. Sinto-me mal por deixar
os meninos terminarem, mas deve haver algumas vantagens em ser o chefe, e
gostaria de jantar com Maisie novamente esta noite.

Ela está sentada na bancada conversando com Josie quando eu entro, e a


maneira como ela abaixa a cabeça quando me vê me faz pensar se fiz algo errado.

— Dia difícil Sr. Carson? — Josie pergunta, amassando o pão que está
fazendo e soprando o cabelo do rosto.

— Você pode dizer isso. Vou tomar um banho e passa uma hora cuidando
da papelada.

— Perfeito, vou arrumar a mesa para as oito. — Ela sorri e volta ao


trabalho, enquanto Maisie se recusa a me reconhecer.
Me incomoda. Não consigo imaginar o que fiz para irritá-la, já que não a
vejo direito desde o café da manhã.

Talvez ela tenha me considerasse muito invasivo ao atender seu telefone.


Eu nunca estive em um relacionamento antes. Como devo saber as regras?

Tomo um banho e desço para o meu escritório para fazer alguns pedidos
e pagar as contas do veterinário e do ferrador. Este é o lado da pecuária que eu odeio.
O tipo de merda com a qual meu avô nunca teve que lidar, e só estou nisso há alguns
minutos quando a porta se abre e Maisie avança como se quisesse desabafar.

— Por quê? — Ela cruza os braços sobre o peito e faz uma careta para
mim.

— Ei querida. Como foi o seu dia? — Eu sorrio para ela sarcasticamente


e espero que ela responda.

— Não se faça de bobo. Por que você me deu quinze por cento de suas
ações? Garrett, você não pode simplesmente dar a alguém algo assim.

— Sim, pode. — Eu dou de ombros, tentando evitar a resposta para sua


pergunta. Não é algo que eu queira entrar, e se eu lhe contar a verdade, com certeza
não vai ajudar minha causa a mantê-la aqui.

— Garrett. Se você quer me provar que posso confiar em você, não pode
haver segredos. — Ela avisa, parecendo séria como o inferno.

— Você não pode simplesmente dizer obrigado e acabar com isso? —


Suspiro, recostando-me na cadeira e passando o dedo pelo lábio inferior. Maisie está
linda como o pecado hoje, seu cabelo está preso em uma linda trança que cai sobre
o ombro, e aquele olhar frustrado em seu rosto está colocando pensamentos profanos
em minha cabeça.

— Garrett. — Ela solta um longo suspiro e contorna minha mesa, pulando


e descansando sua bunda na superfície na minha frente. O olhar em seu rosto me diz
que ela não está com humor para jogar.

— Eu queria que você tivesse essas ações caso algo acontecesse comigo,
— confesso, olhando para os rasgos em seu jeans para evitar ter que olhar para ela.
Ela coloca a mão sob meu queixo e me força a olhar para cima.

— Por quê? Eu não sou nada para você. Essas ações pertencem a seus
irmãos.

— Você não entende, não é? — Eu balanço minha cabeça e rio dela, —


Você é tudo para mim. Eu te disse, eu sei o que quero, e quando isso acontecer, não
há nada que me impeça de conseguir. Eu quero que cuidem de ti. Estando eu aqui
para fazer isso sozinho ou não.

— Você sabe o quão mórbido isso soa? — Ela me encara com raiva. — O
que faz você pensar que alguma coisa vai te acontecer?

— As coisas mudaram desde que você partiu. Há uma certa maneira que
este rancho é administrado agora. Deixei você sair porque não queria trazê-la para
isso. Mas percebi que não ter você não é uma opção. Você também faz parte disso.
Essas ações eram minhas para doar, meus irmãos sabiam disso e eu tive a bênção
deles.

— E como, exatamente, as coisas estão indo agora? — Ela tem um olhar


curioso em seu rosto.

— Os Carson não aceitam merda nenhuma. Temos nossas próprias leis e


nosso próprio sistema de justiça. — Explico da melhor maneira que posso. A última
coisa que quero fazer é assustá-la.

— Minha mãe me deixou os dez por cento que herdou de seu pai. Eu sou
uma acionista igualitária agora. — A maneira como ela morde o lábio sugere que
está preocupada sobre como eu vou reagir a esse fato.

— Bom, então você deveria estar dando uma ajuda por aqui. Eu odeio este
escritório e este laptop. Você acha que poderia descobrir isso? — Eu olho para ela
com inteligência.

— Fiz alguns faturamentos e contas para a galeria. — Quando ela revira


os olhos, sei que não vai ficar brava comigo por muito tempo.

— Ótimo, eu apreciaria a ajuda. — Espero que seja o fim de tudo, mas eu


deveria saber melhor.

— Como você transferiu sem que eu soubesse? — Ela franze a testa. — E


se eu nunca mais voltasse? Garrett, não sabemos se vai dar certo. É um grande
negócio me dar algo assim, e não sei como me sentir ao aceitá-lo. — Ela confessa,
parecendo sobrecarregada, e não posso culpá-la exatamente. Joguei muita coisa em
cima dela nas 24 horas que ela voltou para a cidade.

— Não preciso dizer que Miles não é um tipo normal de advogado, digo-
lhe o que preciso e ele faz o trabalho. Eu não faço perguntas. Se você quer saber,
você mesma terá que lhe perguntar. E eu nunca teria me arrependido dessas ações
serem suas, nem mesmo se você não voltasse. Recebi um lembrete quando você
estava aqui sobre o que era este lugar. Trata-se de construir um futuro e deixar algo
para trás para aqueles de quem você gosta. Eu coloquei tudo isso no lugar há mais
de um ano, quando não tinha esperança de que você voltasse porque parecia a coisa
certa a fazer, e nada vai mudar minha opinião sobre essa decisão. Nem mesmo se
você saísse por aquela porta agora e nunca mais voltasse. — Eu digo-lhe, mantendo
um olhar sério em meu rosto para que ela saiba que eu quero dizer cada palavra.

— Você sabe que é louco? Caras normais encontram uma garota de quem
gostam, eles a levam para alguns encontros, veem como as coisas funcionam. Você
não. Você quebra o coração de uma garota, deixa-a sofrendo por três anos, depois
diz-lhe que quer seus filhos e dá-lhe metade de seus bens.

— Sim, bem, normal fica chato muito rápido, — eu digo, puxando minha
cadeira um pouco mais perto de onde ela está sentada. Eu quero beijá-la. Quero
deitá-la de volta na minha mesa e tirar dela tudo o que eu quis nesses longos três
anos que passei sem ela. Mas há algo que preciso saber, mesmo que vá doer.

— Quem é Kieron? — O sorriso desaparece de seu rosto quando pergunto,


me convencendo de que ele significa algo para ela.
Não é meu direito ficar com ciúmes, não quando fui eu quem lhe disse
para seguir em frente. Quando a deixei ir, sabia que haveria consequências para
minhas ações.

Mas ciúme é exatamente o que estou sentindo agora, e estou sentindo tanto
que poderia derrubar paredes.

— Ele é alguém coom quem eu estava saindo em Los Angeles, — ela


admite, deslizando para fora da minha mesa e se afastando de mim como se estivesse
com medo.

— Você gostava dele? — Afundo a lâmina um pouco mais fundo em


minha própria carne, pedindo mais.

— Eu não estaria saindo com ele se não gostasse dele. — Ela tenta ser
inteligente, e sinto meu pulso bater mais rápido.

— Não seja espertinha. — Balanço a cabeça e esfrego a mão no rosto. Não


sei quem é esse Kieron, mas pensar nele e em todos os homens que poderiam ter
vindo antes dele, a tocaram, me dá vontade de explodir.

— Ele foi o seu primeiro? — Há uma voz gritando na minha cabeça, me


dizendo para parar de fazer perguntas cujas respostas não vou gostar, e quando me
levanto e me aproximo dela, as lágrimas que enchem seus olhos sugerem que ela não
quer responder.

— Não. — Ela olha para a porra do chão como se estivesse envergonhada.


— Quantos foram? — Eu me odeio por perguntar, mas o meu lado idiota
doente precisa saber.

— Eu não quero falar sobre isso. — Os lábios de Maisie permanecem


apertados.

— Sem segredos. Essa é uma regra que você fez, recorda? — Eu a lembro.
A última coisa em que quero pensar é Maisie sendo tocada por alguém que não seja
eu. Mas nos últimos anos é tudo com que me torturo.

— Nenhum. — Quando ela olha para cima, lágrimas escorrem por seu
rosto, e há uma expressão de ódio em seus olhos que parece um soco na garganta.
— Não houve nenhum, — ela repete cruelmente, tentando arduamente manter o
olhar em seu rosto corajoso, mas falhando. — E isso não é porque eu não tenha
tentado. Acredite em mim. Eu queria tanto te tirar da minha cabeça. Eu queria
consertar toda a dor que você me causou. Mas não consegui porque toda vez que
tentava, você era tudo em que eu conseguia pensar. Você, e como deveria ter sido.
Eu realmente espero que isso faça você se sentir melhor. — Ela se vira e sai furiosa
e, apesar de me sentir o maior idiota do mundo, subo as escadas e a sigo até ao
quarto.

— O que está fazendo, Garrett? — Ela pergunta, balançando a cabeça e


enxugando os olhos, e desta vez não me preocupo em me explicar. Eu me movo em
direção a ela, agarrando seu rosto na palma da minha mão e beijando-a do jeito que
eu tenho desejado por três longos anos. Qualquer resistência que ela tinha logo
desaparece quando minha língua força em sua boca, e cede. Ela me deixa devolver
o que tirei de nós, e isso é bom demais para ser real.

— Garrett. — Ela finalmente me afasta, tentando recuperar o fôlego, e por


alguns segundos um olhar se passa entre nós. Um que diz que é hora de parar de
jogar e que nós dois já sofremos mais do que o suficiente.

A beijo novamente, desta vez com muito mais delicadeza, e fico surpreso
com a naturalidade com que isso acontece comigo. Nunca fui gentil com uma mulher
antes. Na verdade, acho que nunca fui gentil com nada. Essas mãos não foram feitas
para suavidade, mas fiz uma promessa a essa garota no dia em que ela deixou este
rancho sobre como eu faria isso para ela se eu fosse o homem para pegá-la, vou me
certificar de que toda aquela espera valeu a pena.

Eu a levanto e envolvo suas pernas em volta da minha cintura, empurrando


seu corpo contra a porta e permitindo que meus lábios provem a pele de seu pescoço.
Eu nunca esqueci o cheiro dela, e por dias depois que ela saiu, eu vim para este
quarto só para sentir o cheiro que ela deixou para trás. Foi embora rápido demais,
mas agora que ela voltou, vou me certificar de que nunca mais vá.

Suas mãos me apertam com tanta força, como se ela estivesse com medo
de que eu fosse soltá-la, e quando deslizo meu nariz em seu pescoço e inalo sua pele,
ela deixa escapar um longo suspiro de alívio.

— Eu entendo que você esteja com raiva de mim, e entendo que te dizer
que estou feliz por você não ter se entregado a mais ninguém vai te deixar muito
mais irritada. Mas o que estou lhe dizendo agora é que, quando você estiver pronta,
Maisie Wildman, estarei esperando. — Eu sussurro as palavras em seu ouvido,
pressionando meus quadris mais fundo nos dela e deixando-a sentir o que ela faz
comigo. Eu afrouxo o aperto que tenho em suas coxas e deixo seus pés caírem no
chão antes de me arrastar para longe dela.

Odeio ser o homem que a machucou e odeio pensar no tempo que ela
passou tentando se curar. Mas serei o homem que consertará isso, e Maisie Wildman
não se arrependerá de esperar por mim.
Desço as escadas depois que o jantar termina. Eu não aguentei comer nada.
Desde que voltei, todas as minhas emoções me esgotaram. Não sinto que esteja de
luto por minha mãe como deveria. Eu vim aqui em busca de respostas. Quero saber
quem a matou e o que a polícia está fazendo a respeito. Mas estou tão envolvida com
Garrett e com a grande mudança de opinião que ele sofreu, que coloquei tudo isso
em espera.

Vou direto para a cozinha para pegar um pouco de água na geladeira e


encontro Wade sentado à mesa da cozinha, olhando para a garrafa de cerveja em
suas mãos.

— Algo em sua mente? — Pego uma na geladeira e me aproximo dele.

— Muita coisa. — Ele me dá uma risada sarcástica e um sorriso nada


convincente, enquanto me sento à sua frente.
— Quer falar sobre isso? — Abro a tampa da minha cerveja e tomo um
gole. Não é minha bebida preferida, mas é tudo o que parece ter na geladeira, e
depois do dia que tive, o álcool é obrigatório.

— Falar não vai resolver. — Ele se concentra em tirar o rótulo de sua


garrafa para evitar olhar para mim.

— Estou imaginando que isso tem algo a ver com Leia se casar com Caleb
Mason?

— Não dá pra te enganar, não é? — Ele olha para mim e sorri, mas vejo a
dor em seus olhos. — Ela me convidou para ir à festa deles na noite de sexta-feira,
— ele me conta com tristeza.

— Você não tem um rodeio para ir? — Eu verifico.

— Desisti no ano passado. — A resposta de Wade me choca tanto que


quase engasgo.

— O quê! Por quê? Você amava o que fazia.

— Isso me afastou dela e, depois que papai morreu, imaginei que Garrett
precisaria de ajuda. Vamos ser sinceros, Cole não vai voltar para casa tão cedo, —
ele dá de ombros, ainda cutucando o rótulo.

— Isso foi gentil de sua parte. — Estendo a mão por cima da mesa para
pegar sua mão e não consigo deixar de sentir pena dele. Wade estava vivendo o
sonho montando broncos. Saber que ele não está mais fazendo isso, explica porque
falta o brilho em seus olhos.
— Ser gentil não está me levando a lugar nenhum. Leia está se casando
com aquele bastardo, e eu vou acabar como Cole, um filho da puta amargo e
retorcido que não consegue seguir em frente. — Ele joga a tampa da garrafa na lata
de lixo e erra.

— Não precisa ser assim. — Eu tento dar-lhe alguma esperança.

— Você vê como ela está feliz, você vê aquele sorriso que ela sempre tem
no rosto? Por que eu iria querer estragar isso? — Ele balança a cabeça para mim.

— Você poderia dizer-lhe como se sente. Deixe que ela decida por si
mesma, — sugiro.

— Caleb Mason é um idiota, mas ele é o idiota que ela quer. Eu só tenho
que viver com isso. — Ele se recosta na cadeira e bebe mais de sua cerveja.

— Jesus, aqui estava eu pensando que vocês homens Carson tinham algum
fogo dentro de vocês. Acontece que são tão patéticos quanto os outros. — Wade
pode chafurdar na autopiedade se quiser, mas com certeza não serei uma espectadora
nisso. — Nada vai mudar se você apenas sentar e deixar acontecer. Se realmente a
ama, o mínimo que pode fazer é dizer-lhe. Você não consegue ver que todos estão
cometendo o mesmo erro uns dos outros?

— Nem todos. Parece-me que Garrett está trabalhando muito para tentar
consertar o dele. — Ele vira a mesa em nossa conversa. — Você vai seguir seu
próprio conselho e parar de ser teimosa?
— Eu ainda estou aqui, não estou? — Eu retruco sarcasticamente e espero
que ele contra-ataque.

— Só não o machuque. — Ele está olhando sério para mim do outro lado
da mesa, agora. — Garrett é durão, o filho da puta mais durão que conheço. Mas
quando se trata de você... —Wade balança a cabeça, como se não soubesse como
terminar a própria frase. — Tem sido difícil para ele sem você aqui.

— Por que você não me contou sobre as ações, ele disse que você sabia.
Um alerta teria sido bom.

— Ele não queria que você soubesse, a menos que precisasse. Maisie,
metade do tempo eu nunca sei o que diabos se passa na cabeça dele, mas quando se
trata de você... eu entendo.

— Você não deve desistir do seu sonho. Este lugar pode funcionar sem
você, Wade. — Volto ao meu ponto. Eu odeio vê-lo tão desanimado, não combina
com ele.

— A pergunta é: posso me virar sem este lugar? — ele coça a cabeça e ri


para si mesmo, novamente. — Não importa o quão longe você vá; ele apenas
continua te chamando de volta. Você é a prova disso.

— Diga a ela, antes que seja tarde demais. — Eu me levanto e o beijo na


bochecha, antes de deixá-lo pensar em toda a dor que sentirá se não o fizer.
Percebo uma luz acesa no escritório quando volto para o andar de cima e,
sabendo que será Garrett que está lá, abro mais a porta. O encontro olhando para a
tela do laptop, bebendo de um copo de cristal, e ele olha para mim quando entro.

— Obrigada, — eu mantenho distância dele porque se eu chegar perto,


vou ter que beijá-lo, e se o beijar, não vou conseguir pensar direito.

— Pelo quê? — Ele estreita os olhos para mim, curiosamente.

— Pelas ações e por se importar comigo, — dou de ombros, mantendo os


pés enraizados no lugar onde estou, para me impedir de ir até ele.

— De nada. — Ele acena com a cabeça.

— Bem, já que acho que você não vai me deixar devolvê-las, o mínimo
que posso fazer é ajudar por aqui. Não vou lançar nenhuma corda ou mastigar palha
tão cedo, mas posso fazer minha parte do trabalho aqui. Então você pode passar mais
tempo lá fora.

Garrett se levanta, andando lentamente em minha direção, e usa a dobra


de seu dedo para levantar meu queixo. Quando olho para ele, seu polegar áspero
acaricia minha bochecha com ternura. — E se eu quiser passar meu tempo com você?
— Ele pergunta naquela voz baixa e rouca que faz minhas entranhas derreterem.

— Então é melhor você arranjar tempo para me levar para cavalgar. Eu


senti falta disso, — sorrio, e quando ele usa o dedo que tem sob meu queixo, para
me puxar para seus lábios, e um beijo suave toca minha boca, eu sinto meu corpo
inteiro tremer.
— Boa noite, Maisie, — ele sussurra, antes de me deixar ir com as pernas
trêmulas de volta para o meu quarto.
—Você está linda, — eu digo, quando ela finalmente desce as escadas.
Ela deixou Wade e eu esperando por mais de meia hora, mas valeu a pena.

O vestido de lantejoulas que está usando é muito curto, mas pretendo fazer
com que todos nesta festa saibam que ela é minha, e quem quiser manter suas bolas
balançando não arriscará seus olhos vagando.

— Estou preocupada que seja demais. — Ela faz uma cara adorável pra
cacete enquanto traça os dedos sobre as lantejoulas brilhantes.

— Você claramente nunca esteve em uma das festas do prefeito Walker,


— Wade zomba sarcasticamente, colocando o chapéu na cabeça e saindo pela porta.

Ele está de péssimo humor, mas isso não surpreende. O fato de ele estar
indo para esta festa é uma má ideia. Só estou indo porque sei o quanto Maisie quer
estar lá.
Já se passaram duas noites desde que ela me disse que ficaria e ajudaria
por aqui, e posso senti-la voltando para mim. Vejo isso na maneira como ela sorri
para mim durante o café da manhã e ontem à noite, quando cheguei tarde, ela atrasou
o jantar para que pudéssemos comer juntos.

Passamos um tempo conversando sobre o que ela fez na escola de arte e a


galeria em que trabalhou, e provavelmente a entediei falando sobre o rancho e todos
os planos que tenho para o futuro.

Quando ela disse boa noite, eu a beijei da mesma forma que fiz na noite
anterior, e foi bom pra caralho.

Eu coloquei muito nela desde que ela voltou. Eu preciso dar-lhe algum
tempo para absorver. Estou pedindo demais. Ela gosta de seu trabalho em LA e tem
amigos lá. Não posso esperar que ela desista de tudo por um capricho. É por isso que
preciso provar-lhe que estou falando sério e, se demorar para ela se ajustar, eu lhe
darei todo o tempo que ela precisar.

Dirijo até à casa do prefeito e estaciono minha caminhonete do lado de


fora, perto de todos os carros chiques. Não consigo deixar de me perguntar se esta
festa é para Leia e Caleb ou apenas mais uma desculpa para o pai dela se exibir para
a cidade.

— Vai ser estranho estar em uma festa onde Cora não está exibindo seu
sorriso para qualquer homem em couro de verdade. — Wade faz uma careta
desnecessária quando chegamos à porta e, quando estou prestes a repreendê-lo,
Maisie me choca e cai na gargalhada. Eu entendo que ela e sua mãe não eram
próximas, especialmente depois que ela foi embora, mas me preocupo com a forma
como ela está lidando com sua perda. Nunca tive muito tempo para meu pai, mas
ainda assim sua morte me atingiu como um trem de carga.

Bato na porta e, quando um dos funcionários do bufê atende,


imediatamente nos oferece champanhe da bandeja que ele tem na mão.

Leia corre direto para nós e abraça Maisie, dizendo-lhe como ela está
incrível antes de passar para Wade e apertá-lo com força. Percebo a maneira como
ele a segura por um ou dois segundos a mais do que deveria, e sinto sua dor.

O orgulho de um Carson sempre será sua ruína.

— Garrett, que bom ver você. — Leia me dá um sorriso falso, provando


que ainda não me perdoou por pisar no coração de sua amiga. Ela se move para um
abraço, agarrando as mangas da minha camisa com força.

— Machuque-a pela segunda vez e enterro você naquele rancho que tanto
valoriza, — ela avisa baixinho em meu ouvido antes de se afastar e sorrir docemente.

— Você não se importa se eu pegar Maisie emprestada, não é? Há algumas


pessoas que quero que ela conheça.

— De jeito nenhum. — Eu sorrio de volta para ela educadamente e


observo enquanto ela leva minha garota para a cova do leão.

— Eu preciso de outra bebida. — Wade engole o restante de seu


champanhe e pega outro da bandeja que passa por nós, ele está olhando para o outro
lado da sala onde Caleb está parado com seu pai e o prefeito Walker.
— O que ela vê nele? Quero dizer, além do fato de que ele salva cachorros
para viver. — É raro ver Wade amargurado, mas ele desistiu de muita coisa nos
últimos doze meses e agora também está perdendo as esperanças nela.

— Eu não sei, Wade, mas fazer cara feia para ele não vai mudar nada.

— Você está esquecendo o fato de que ele vendeu drogas para um


estuprador. — Ele força as palavras para fora de sua mandíbula apertada e continua
a olhar para ele.

— Eu não esqueço merda nenhuma. E não sou eu que vou deixar que ele
case com a mulher que amo. — Eu o lembro antes de me injetar na multidão de
pessoas e me preparar para ser falso por algumas horas.

Eu falo com o prefeito e o comissário e faço as pazes com Ronnie Mason


para o bem de todos que estão assistindo. O filho da puta astuto faz uma exibição
pública de oferecer suas condolências a mim pelo assassinato 'brutal' de Cora e pede
ao delegado uma atualização sobre como a investigação está sendo conduzida. Não
há como negar que ele pensa que estou por trás disso. Metade das pessoas nesta sala
também estará assumindo isso. Eu não os culpo por isso. Se eu fosse eles, estaria
pensando o mesmo.

Eu me distraio da vontade de bater nele observando Maisie. Ela é uma


socializadora natural, tem um jeito de atrair as pessoas para ela e parece fazê-las
sorrir instantaneamente. Eu a observo conversando com Joe Mason e sua esposa.
Imagino que ela esteja elogiando Aubrey pelo que está vestindo quando estende a
mão e toca o tecido do vestido, e o sorriso que Aubrey lhe dá parece genuíno. É raro
ver Aubrey sorrir hoje em dia. Nossas mães eram boas amigas e passamos muito
tempo juntos quando crianças. É estranho como ela se sente como uma estranha para
mim agora. Maisie anda pela sala com Leia, e quando sua 'suposta' amiga a deixa
sozinha, conversando com Leonard Mason e um monte de amigos dele, decido que
é hora de ir até lá e deixar claro para eles com quem ela veio aqui.

— Trouxe outra bebida, querida. — Eu me movo para ficar ao lado dela,


colocando uma taça de champanhe em sua mão, então eu enrolo meu braço em volta
de seu quadril e me divirto com o jeito que ela cora quando beijo sua bochecha.

— Obrigada, — ela sorri para mim, como se tivesse me compreendido.

— Eu estava contando a Maisie, aqui, o quanto sinto falta de competir


contra seu irmão. — Leonard sabe exatamente o que está fazendo, acha que meu
irmão é um desistente e, embora eu não possa discutir com ele sobre esse fato, ainda
quero dar um soco nele.

— Tenho certeza que ele voltará em breve. — Olho ao redor da sala,


tentando localizá-lo; não o vejo há algum tempo e, pensando bem, também não vejo
Cole. Esse tipo de evento, nós Carson tendemos a sofrer juntos.

— Você gosta de rodeio, Maisie? — Leonard pergunta a ela, percorrendo


seu corpo com os olhos e não tomando o olhar que estou lhe dando como um aviso
sério o suficiente.

— Eu amo o rodeio. — Ela responde como uma criança excitada, alheia à


imundície que ele está pensando. Eu, entretanto, sei exatamente onde estão seus
pensamentos. Ele está pensando em arrancar o vestido do corpo dela e transar com
ela, e eu estou pensando em enfiar os olhos dele na parte de trás do crânio e pisar
nas bolas dele.

— Você terá que vir assistir algum dia. É sempre bom ter algum apoio na
torcida. — Agarro o quadril de Maisie com um pouco mais de força, para me impedir
de agir de acordo com esses pensamentos.

— Tenho certeza que Garrett vai me levar em breve, talvez quando Wade
voltar para a sela. — Ela responde com um tom educado e um toque de rejeição que
me agrada.

— O que eles estão fazendo aqui? — Um dos amigos de Leonard lhe dá


um tapa no peito e acena com a cabeça em direção à porta pela qual os River Boys
acabaram de entrar.

— Oh, eles são amigos de Leia. Lembro que eles foram muito bons para
ela quando a bebida dela foi adulterada há alguns anos — responde Maisie
inocentemente, e o olhar de Leonard para mim me dá a certeza de que ele sabe que
o irmão mais novo foi o responsável por toda aquela merda.

A irmã mais nova de Leia vai direto até eles, e vejo o aceno que o prefeito
dá a Noah assim que percebe que eles chegaram.

— Fodidos astutos, na minha opinião. Mas há muitas pessoas em Fork


River com quem uma garota bonita como você deveria ter cuidado, — Leonard diz
a Maisie antes de levantar o copo para mim, e quando isso faz com que suas
bochechas fiquem rosadas, aumenta uma raiva dentro de mim que quase me faz
derrubá-lo no elegante piso de mármore do prefeito. E sensatamente, ele se afasta,
conduzindo seus amigos pela sala para se juntar a seus irmãos.

— Quem é aquele homem, parado com o velho Mason? Eu o reconheço.


— Maisie pergunta, olhando para o filho da puta alto e feio que Ronnie parece ter
designado para permanecer ao seu lado para proteção desde que Cora morreu. Acho
um pouco suspeito que ele tenha tomado medidas tão drásticas. É quase como se ele
esperasse ser o próximo.

— Você provavelmente o reconhece por estar no rancho. Ele costumava


trabalhar para nós antes de Garrett despedir sua bunda. — Wade surge do nada,
olhando através da sala para onde os Mason estão agora reunidos.

— Por quê isso? Ele com certeza parece que pode ser útil. — Maisie ri
antes de tomar um gole de seu copo.

— Você se lembra daquele dia em que te encontrei no rio com Finn? —


Eu a lembro.

— Bem, ele foi o idiota estúpido que mandou você para uma floresta cheia
de ursos e lobos sem uma arma.

— Sim eu lembro. Você não pode realmente tê-lo demitido por isso? —
Ela me encara, chocada.

— Fez mais do que demiti-lo, — Wade fala novamente, me fazendo querer


bater nele. — Amarrou o filho da puta a uma árvore com feridas abertas e o deixou
do lado de fora como um lanche. — Ele a informa com um sorriso sádico, causando
uma expressão de choque misturada com um pouco de medo em seu rosto.

— Garrett... ele está brincando, certo? — Maisie olha para mim com
aqueles grandes olhos azuis.

— Não, ele não está brincando. — Eu balanço a cabeça sem desculpas.


Não vou negar, e certamente não tenho vergonha disso. Seth Granger tem sorte de
estar vivo depois da façanha que fez.

— Garrett, você não pode fazer coisas assim. — Maisie fica tão sexy
quando está agitada. Ela não sabe, mas atraiu a atenção de todos os homens na sala
e, quando vai se despedir, eu a seguro firmemente pelo braço, pego a taça de
champanhe de sua mão e passo para Wade.

— O que você está fazendo? — Ela luta contra o meu aperto enquanto
tenta não fazer uma cena, e a mantenho apertada contra o meu corpo, sorrindo para
aqueles que passamos enquanto a conduzo ao banheiro.

— Garrett. Diga-me o que você está fazendo. — Ela rosna para mim como
um tigre enjaulado quando fecho a porta e tranco a fechadura.

— Sim, eu fiz isso com o bastardo que poderia facilmente ter matado você,
e eu faria isso de novo. Na verdade, eu faria pior.

— E você teve que me arrastar até aqui, na frente de todas aquelas pessoas,
só para me dizer isso? — ela fumega.

Deus, ela é perfeita quando está brava.


— Não. — Pegando-a de surpresa, eu me movo em sua direção e empurro
o vestido de lantejoulas de suas coxas para cima de seu corpo. Em seguida, levanto-
a na bancada da pia, pressiono minha testa na dela.

— Mas eu achei que você preferia que estivéssemos sozinhos quando eu


fizesse isso... — Meus dedos deslizam sob a costura de sua calcinha, e a rolo para
fora de seus quadris para que eu possa deixar meu dedo médio deslizar pelos lábios
de sua boceta. A maneira como ela joga a cabeça para trás e geme me diz que está
tão desesperada para que eu a toque ali quanto eu.

— Leonard Mason fez você corar quando disse que era bonita, — eu
indico, lentamente circulando meu dedo contra seu clitóris e segurando seu queixo
em minha mão, para que ela tenha que se concentrar em mim.

— O único homem que tem permissão para deixar essas suas lindas
bochechas coradas de agora em diante sou eu. — Eu caio de joelhos antes de
descansar as pernas dela sobre meus ombros, então eu olho para cima e observo sua
reação enquanto substituo meu dedo pela minha língua. Admiro o choque e a emoção
em seu rosto e a respiração profunda que ela faz enquanto seus dedos agarram meu
cabelo, praticamente arrancando-o do couro cabeludo. Minha língua desliza contra
sua carne sensível, permitindo-me provar sua boceta inocente. Pensei sobre como
isso poderia ser, desde o dia em que a encontrei dando prazer a si mesma na minha
cama, tantos anos atrás. Eu sucumbi à tentação naquela época, da mesma forma que
estou sucumbindo agora. Provei seu primeiro orgasmo em seus dedos naquele dia e
nunca esqueci como era doce. Agora vou sentir o gosto na minha língua. Provoco
sua entrada encharcada com meu dedo, empurrando um pouco para dentro para testar
o quão apertada ela está. Ela bate os quadris desesperadamente contra a minha boca
e pega o que precisa. Fazer isso no banheiro do prefeito Walker não é exatamente o
que eu vi esperava, mas desespero e ciúme podem fazer coisas estranhas a um
homem, especialmente um que é tão obcecado quanto eu. Eu mantenho meus olhos
nos dela, observando-a desmoronar e me perguntando como consegui uma segunda
chance. Talvez Deus queira me dar o Céu na terra antes de me mandar para o Inferno
por causa dos meus pecados. Agora, eu não me importo. Eu me condenaria a isso
alegremente, se isso significasse que eu poderia ficar com ela enquanto estou aqui.

Minha língua acelera o ritmo, e enfio meu dedo um pouco mais fundo
dentro dela. E quando suas pernas começam a tremer e sua respiração fica mais
rápida, ela grita meu nome enquanto inunda minha língua. Certifico-me de que
absorvi cada traço de seu prazer, antes de deslizar meu corpo de volta para o dela e
beijar sua boca com tanta força que ela é forçada a provar de si mesma.

Uma batida forte e forte na porta nos interrompe, mas eu a ignoro.

— Garrett. — Uma voz masculina chama, batendo novamente.

— Estou ocupado, — respondo. Maisie agarra minha camisa e enterra a


cabeça em meu peito para abafar o ataque de riso que ela teve.

— Eu realmente acho que você deveria sair daqui. — Quem quer que seja
parece sério, e quando me afasto de Maisie, dou-lhe a chance de deslizar para fora
do balcão e se endireitar antes de abrir a porta.
Sawyer parece preocupado quando abro e rosno para ele.

— Que porra é essa? — Eu estalo.

— É Wade, ele está muito bêbado. Acho que é hora de ele ir para casa. —
Alcançando atrás de mim, pego a mão de Maisie antes de passar por ele e ir em
direção ao corredor, onde todos parecem ter se reunido em volta da escada. Vejo
meu irmão enfrentando Noah, que está tentando impedi-lo de subir na plataforma
intermediária onde o prefeito Walker está fazendo seu discurso, com a filha e o noivo
dela ao lado dele. Preciso soltar a mão de Maisie para poder abrir caminho pela
multidão e chegar até meu irmão antes que ele passe por Noah.

— Então, minha esposa e eu gostaríamos que todos brindassem conosco e


com o Sr. Mason e parabenizassem o feliz casal. A Leia e Caleb. — Walker levanta
o copo e Wade empurra Noah com tanta força que o desequilibra, permitindo que
ele passe. Quando ele sobe, arranca a taça de champanhe da mão do prefeito.

— Sim, pessoal, ergam seus copos para Caleb-fodido-Mason, — ele


insulta, estreitando os olhos para o homem de aparência chocada que está segurando
a mão de Leia. — O incrível veterinário da nossa cidade. Um pilar desta comunidade
aqui, e o cara que provavelmente é responsável por estuprar metade de suas filhas.
— Choque e suspiros ecoam ao redor da sala, e eu empurro um pouco mais forte
para passar pela multidão para que possa arrastá-lo para fora daqui.

— Wade, — eu o aviso quando chego na frente, e me aproximo para


afastá-lo.
— Deixe-me. Estou bem. — Ele tenta me empurrar, mas eu permaneço
firme e balanço a cabeça.

— Relaxe, Garrett, só estou deixando Leia aqui saber um pouco sobre o


homem com quem ela vai se casar.

Leia o encara com lágrimas enchendo seus olhos e um olhar desapontado


em seu rosto. Posso ver como ela está magoada com as ações de meu irmão, e Wade
também deve ter percebido quando ela começa a chorar e sobe as escadas correndo.
Caleb age como se fosse inocente, balançando a cabeça e correndo atrás dela.

— Eu acho que é hora de você levar seu irmão para casa. — O prefeito
Walker olha para mim com um brilho furioso nos olhos. De todos os inimigos que
você pode fazer nesta cidade, ele é o último que você deseja. Ele é poderoso e tem
caras como os River Boys em sua folha de pagamento por um motivo.

— Eu concordo. — O velho Mason aparece atrás dele e me olha com cara


feia como se eu fosse um merda, e decido que ele está ficando grande demais para
suas botas ultimamente.

Seth estufa o peito como se estivesse prestes a fazer algo, sabendo que
metade da cidade está aqui como testemunha. Decido que minha única opção é
recuar.

— Vamos, Wade, — eu sussurro para meu irmão, de alguma forma


conseguindo manter a calma. Ele ainda está olhando para a escada onde Leia correu
e parece ter perdido toda a luta, e ele não se debate quando o puxo para fora do
degrau onde está parado. Ele continua olhando para aquele espaço vazio enquanto o
conduzo através da multidão silenciosa, pego a mão de Maisie na minha mão livre e
os levo de volta para a caminhonete.

Ninguém fala durante a viagem de volta para casa, e não sinto um pingo
de ciúmes quando Maisie pega a mão de meu irmão e descansa a cabeça no ombro
dele em vez do meu.

Tudo o que tenho por ele é simpatia.


Acordo com o som de agitação no pátio. Ontem à noite, quando chegamos
em casa, tive a sensação de que Garrett queria falar com seu irmão a sós, então fui
para a cama com pensamentos felizes sobre o que ele fez comigo no banheiro antes
de sermos interrompidos.

Encontro Garrett em seu escritório, ele está vestido com jeans e uma
camiseta justa e parece pronto para trabalhar lá fora, mas está inclinado sobre a mesa
olhando para a tela do computador na frente dele com um olhar frustrado no rosto.

— Acho que perdi o café da manhã, hein? — Entro e me aproximo para


ver o que o deixa tão agitado.

— Eu guardei um pouco para você. Vantagens de namorar o chefe, — ele


sorri.

— Namorar? Não me lembro de termos saído em um único encontro, —


eu indico.
— Nós estivemos em abundância. Levei você a Cahoots quando chegou à
cidade. Levei você ao rodeio e tenho certeza de que fomos à festa ontem à noite,
juntos.

— Posso assegurar-lhe que nenhum deles é classificado como encontro.


A primeira e única vez que você me levou ao Cahoots foi com Wade, e você me
ignorou a noite toda, e acabou nocauteando um cara. O rodeio, você me deixou em
Columbus…

— E voltei para te buscar — ele interrompe, defensivamente.

— E nocauteou outro cara. — Eu coloco minhas mãos nos quadris e olho


para ele.

— Ele mereceu. Ambos mereceram. — Ele não mostra remorso, e acho


que não posso argumentar isso. Jason foi o cara responsável por invadir e causar um
ataque cardíaco em seu pai.

— E ontem à noite? — Questiono, interessada em saber como ele


considera uma festa de noivado, que acabou em desastre, um encontro.

— Prefiro não falar sobre a noite passada e tenho certeza de que Wade
sente o mesmo. — Garrett parece desapontado.

— Você sabe que vou ter que ligar para Leia e verificar se ela está bem?
Foi muito ruim da minha parte não fazer isso ontem à noite e, para ser sincera com
você, por mais que me sinta mal por Wade e pelo que ele está passando, não tenho
muita desculpa para o que ele fez.
— Você não precisa dar desculpas para ele; apenas faça o certo por sua
amiga, — ele me diz com um sorriso triste.

— No que você estava focando tanto? — Mudo de assunto e volto a olhar


para a tela.

— Toda essa merda. Sua mãe gostava de cuidar disso, acho que era sua
maneira de garantir que não a excluíssemos de nada e, embora eu não tenha muito o
que dizer sobre ela, ela era boa em manter as coisas sob controle.

— Você confiou na minha mãe com as finanças? — Eu verifico se estou


ouvindo direito.

— De jeito nenhum! A fazenda tem um contador, e eu tenho um à parte


que estava pagando, pessoalmente, para fiscalizar tudo. Mas há muitas coisas do dia-
a-dia que precisam ser resolvidas. As contas precisam ser pagas, os pagamentos
precisam ser feitos, e Cora sempre foi boa em correr atrás de dinheiro. — Ele parece
culpado pelo que acabou de dizer, e eu o deixei à vontade rindo um pouco.

— Colocar Cora para fazer a administração do dia-a-dia a manteve fora


do nosso caminho. Agradeço que diga que vai ajudar, mas se for demais, posso
contratar alguém para cuidar disso.

— Vá brincar com alguns cavalos. — Pego seu chapéu da mesa e coloco


em sua cabeça, antes de empurrá-lo para fora do caminho com meu quadril e me
acomodar em sua cadeira de couro.
— Quero dizer, não é isso que estou oferecendo. Quero lhe dar mais do
que um trabalho de escritório. — Odeio que ele pense que isso é um fardo para mim.
Quero facilitar as coisas por aqui. Quanto mais tempo Garrett passa no rancho, mais
provável é que Wade volte a fazer o que ama.

— Eu cuido disso, estou sempre atrás de vendas para a galeria. Deixe-me


ajudar.

Garrett beija minha bochecha enquanto começo a percorrer a planilha e


descobrir o sistema. Desde que voltei, tenho visto cada vez mais seu lado brincalhão
e gosto muito.

— Vou pedir a Josie para trazer o café da manhã para você aqui, — ele
me diz, enquanto se dirige para fora da porta.

— E um café. Preto, — eu grito atrás dele.

— Quando você se tornou uma mulher, Maisie Wildman? — Eu olho para


cima e o encontro olhando para mim do batente da porta.

Eu quero dizer a ele que foi o dia em que ele partiu meu coração, mas
também não quero matar sua vibe.

— Ainda estou esperando que você me faça uma, Garrett Carson. — Eu


lanço a ele um olhar sedutor e observo o sorriso em seu rosto se transformar em
choque, antes que ele balance a cabeça e me deixe sozinha.
***

Passo a maior parte da manhã trabalhando na planilha e descobrindo quais


pagamentos precisam ser feitos.

Encontro tempo para ligar para Leia e verificar se ela está bem, e embora
eu possa dizer o quanto ela está chateada com Wade por arruinar sua grande noite,
posso dizer pelo tom de sua voz que ela o perdoará por isso. Não sem fazê-lo sofrer,
porém, tenho certeza.

Garrett chega para almoçar, mas não há sinal de Wade. Aparentemente,


ele foi até um dos acampamentos de linha para verificar se há algum retardatário, e
espero que ele não se esconda por muito tempo.

Eu e Garrett estamos terminando os sanduíches que Josie preparou para o


almoço, quando Finn bate na porta do escritório.

— Desculpe interrompê-lo, chefe. — Ele volta sua atenção para mim e


acena com a cabeça. — Maisie. — Ele sorri antes de continuar. — O xerife Nelson
está aqui para te ver. — Ele olha cautelosamente para Garrett, que se senta um pouco
mais ereto na cadeira em que está sentado, do outro lado da mesa.

— Melhor deixá-lo entrar então. — Ele limpa a boca com o guardanapo


de papel antes de amassá-lo e jogá-lo no prato.
Um homem careca de pele escura entra na sala. Ele é grande e deve ter
quase 2 metros de altura, mas seu rosto gentil compensa a intimidação de seu
tamanho.

— Xerife, esta é a Srta. Wildman. — Garrett nos apresenta.

— Falamos por telefone; você me ligou na noite em que minha mãe


morreu. — Me inclino sobre a mesa e ofereço-lhe minha mão.

— Sim eu lembro. Sinto muito por sua perda e pode ter certeza de que
estamos fazendo tudo o que podemos para descobrir quem é o responsável, — ele
me diz, de repente me fazendo sentir culpada por abandonar minha missão para fazer
o mesmo.

— Talvez devêssemos ter essa conversa em algum lugar mais privado. —


Ele olha desajeitadamente entre mim e Garrett.

— Não há necessidade. Você pode dizer o que quiser na frente dela. —


Garrett se senta e se inclina para trás em sua cadeira casualmente.

— Ok, — o xerife Nelson dá de ombros. — Vim aqui para avisar sobre o


rumo que esta investigação está tomando.

— Meu álibi é sólido. — Garrett parece arrogantemente confiante.

— Sim, a declaração da Srta. Murphy e a filmagem do CCTV de você no


bar confirmam isso. — Ele acena com a cabeça, e eu lanço um olhar para Garrett e
tento não parecer que me importo com o fato de que ele estava com uma mulher, em
um bar, na noite em que minha mãe foi morta.
— Wade esteve com Leia Walker a noite toda, de acordo com a declaração
dela. Mas não tenho álibi pelo seu outro irmão. Devido à natureza do crime e ao
motivo que ele tem, o investigador Swann o vê como uma pessoa de interesse.

— Merda. — Garrett deixa cair aquele exterior legal que ele está
colocando e esfrega os dedos sobre a barba por fazer.

— Garrett, você sabe que eu te protejo, mas isso vai além do meu poder,
e Cole não está se ajudando ao se recusar a cooperar. Estão montando um processo
e vai ser questão de tempo até o prenderem, — avisa.

— Vou falar com ele, — garante Garrett ao xerife. — E aprecio você ter
vindo avisar.

— Tudo bem. Algo com certeza cheira bem nessa sua cozinha. — Ele
muda de assunto.

—Steak subs1, Josie faz o pão a partir do zero, — digo a ele. Posso ver
que Garrett está preocupado, então tento aliviar o clima.

— Por que não entra lá e pede para ela te arranjar um? — Garrett sugere,
tirando-se de seus pensamentos.

— Talvez eu faça exatamente isso. É sempre um prazer ver esse sorriso


dela. — O xerife Nelson coloca o chapéu de volta no lugar antes de sair pela porta.
E Garrett gira para trás em sua cadeira, parecendo preocupado.

1 Uma espécie de sanduiche de carne.


— Senhorita Murphy, hein? — Eu levanto minhas sobrancelhas e
interiormente me xingo por cair tão rapidamente.

— Ela é veterinária, especializada em cavalos, e conseguiu um consultório


em Columbus.

— E você se encontra com todos os seus veterinários em bares? — Eu


pergunto, endireitando as costas e evitando contato visual olhando para a tela na
minha frente.

— Você está com ciúmes, — ele me acusa, e quando olho para ele e o vejo
sorrindo, eu quero socar seu rosto bonito.

— Eu não sou ciumenta.

— Besteira. Sua pele praticamente ficou verde. — Ele se levanta da


cadeira e contorna a mesa para ficar ao meu lado, descansando a bunda na superfície
e cruzando os braços.

— Ao contrário de algumas pessoas, Garrett, eu não fico com ciúmes. —


Balanço a cabeça e tento voltar ao trabalho.

— É bom ouvir isso porque a Srta. Murphy é uma mulher muito atraente
e gosto de trabalhar o mais próximo possível dela.

Eu me levanto, prestes a esbofeteá-lo, mas ele segura meu pulso rápido


demais.

— Você fica irresistível pra caralho quando fica brava. — Ele avança e
morde meu lábio, fazendo minha boceta apertar.
— Eu não estava…

— Tenho certeza de que a senhorita Murphy atrai muitos, mas não a mim,
— ele me assegura, apertando meu queixo com a mão e gentilmente me beijando
onde ele acabou de morder.

— Eu queria levar você para cavalgar esta tarde, mas tenho que ir
encontrar Cole e colocar um pouco de bom senso nele. Vou pedir a Dalton para levá-
la em seu lugar, se você ainda quiser sair daqui.

— Prefiro esperar por você, — digo a ele, tentando não dar aquele sorriso
estúpido e sonhador que sei que ele tira de mim.

— Boa resposta. — Ele me beija mais uma vez antes de sair.


Espero na lanchonete até que Cole apareça, observando pela janela o povo
da cidade entrar e sair. O pai de Zayne cuida da garagem do outro lado da rua, então
é um ponto de encontro regular para os River Boys, e posso vê-los trabalhando na
velha caminhonete em que Sawyer anda. Isso me lembra que devo verificar Shelby
West. A cabra velha e teimosa é um pesadelo quando se trata de pedir ajuda e,
embora ela tenha um neto robusto e amigos que fariam qualquer coisa por ela,
nenhum deles é fazendeiro. Vou ter que ir checá-la.

— Eu só queria dizer que se você a matasse, eu não te culparia por isso.


— Dolores pousa meu café na minha frente, derramando-o pelas laterais e sobre a
mesa.

— Eu não a matei. — Eu balanço a cabeça, pegando alguns guardanapos


de papel para limpar a bagunça.
— Bem, alguém o fez, e eu descansaria muito melhor em minha cama à
noite se soubesse que esse alguém era você. — Ela ri para si mesma durante todo o
caminho de volta para a cozinha, e quando a campainha acima da porta toca e meu
irmão entra, posso dizer imediatamente que ele está de mau humor.

— Pegue isso, você ouviu o que aconteceu na festa ontem à noite? — Eu


pergunto enquanto ele se senta na mesa à minha frente.

— Jesus Cristo, Garrett, como se a merda não fosse difícil o suficiente


para mim lá. É tudo o que eu ouço falar desde que acordei. — Cole levanta a mão
para Dolores, que vai direto ao trabalho fazendo o de sempre. — É por isso que você
queria me ver? Porque acho que urgente foi um pouco exagerado.

— Confie em mim, Wade levantando poeira em uma festa é o menor dos


seus problemas agora. Recebi a visita do xerife Nelson esta manhã. Ele me disse que
Swann está suspeitando de você. — Eu abaixo minha voz quando Dolores regressa
para servir o café para Cole, a fofoca se espalha rapidamente nesta cidade, e Dolores
é uma das principais fontes.

— Eu disse a você e à polícia onde eu estava naquela noite. Dei uma volta
sozinho para clarear a cabeça.

— Isso não é bom o suficiente, Cole. E nós dois sabemos que não é a
verdade. Joe Mason estava fora da cidade naquela noite, e tenho fortes suspeitas de
que você estava com a esposa dele.
— Cuidado com a porra da sua boca. — Cole se inclina sobre a mesa e
fala entre dentes para mim.

— Eu não vou deixar você ir para a cadeia por um crime que não cometeu ,
— eu o advirto severamente, olhando por cima do meu nariz para o dedo que ele
apontou para o meu rosto.

— A polícia vai chegar ao fundo disso. Você a mantenha fora disso,

— Você tinha um motivo, — eu indico.

— Todos nós tínhamos um motivo, Garrett.

— Sim, mas também temos álibis. A merda está vindo em sua direção,
Cole. Estou apenas cumprindo meu dever como seu irmão de avisá-lo sobre isso. —
Deixo uma nota de dez dólares sobre a mesa e me levanto, pronto para sair.

— Se a merda fosse real e eu a trouxesse para casa, você nos apoiaria? Eu


sei que você disse antes que o faria, mas muita coisa mudou desde então. As coisas
já estão ruins o suficiente entre nós e os Mason. Eu sei que aquele velho filho da
puta só me emprega porque ele se diverte em poder me dizer o que fazer. Se eu
conseguir convencê-la a sair comigo, vai começar uma guerra, — ele pergunta antes
que eu tenha a chance de sair. Eu me inclino e toco em seu peito onde sua camisa
cobre sua marca.

— Eu não posso acreditar que essa é a porra de uma pergunta, — eu


sussurro, tirando meu chapéu para Dolores no meu caminho para fora da porta.
Quando volto para o rancho, Wade está no curral trabalhando no cavalo
que está tentando domar, e Maisie está sentada na cerca parecendo hipnotizada
enquanto o observa. Eu sigo em frente, inclinando-me para descansar os braços sobre
o trilho superior ao lado dela.

— Falou com Cole? — ela pergunta, protegendo os olhos do sol enquanto


continua a observar Wade.

— Sim, não que tenha ajudado. — Acendo um cigarro e rio do jeito que
meu irmão está sendo jogado de um lado para o outro como uma boneca de pano.

— Você não pode simplesmente pegar alguém daqui para dizer que estava
com ele? Todo mundo parece fazer o que você diz, — ela sugere, parecendo tão
despreocupada com a leve brisa soprando em seu cabelo. Ela não parece ter nenhuma
preocupação no mundo agora, que é exatamente como deveria ser.

— Este rancho e o barracão foram os primeiros lugares que os policiais


examinaram. Todos os meninos do alojamento deram suas declarações, nenhum
mencionando Cole. Ele não pode admitir com quem realmente estava naquela noite,
e as consequências disso podem muito bem ser a razão pela qual ele é acusado do
assassinato de sua mãe. — Eu admito, tentando o meu melhor para não soar muito
desanimado. Não quero que meus problemas a derrubem.

— Aubrey Mason? — Maisie pergunta casualmente.

— Como você sabe? — Eu olho para ela. Para uma garota que não está na
cidade há muito tempo, ela com certeza imaginou.
— Leia e eu conversamos, ela me contou sobre a história e não vejo outra
razão lógica para Cole querer trabalhar no rancho Mason.

— Leve isso para o túmulo com você, — eu a advirto.

— Ou ele vai levar para o dele? — Ela me olha interrogativamente. — Ele


deveria ser dono de sua merda, assim como seu outro irmão deveria, — ela gesticula
com a cabeça para Wade, que acabou de ser derrubado, mas já está de volta na sela.

— Para ser justo, Wade fez algo por si na noite passada, — eu indico.

— Eu não chamaria o que Wade fez, de assumir a situação. — Ela levanta


as pernas por cima da cerca, virando o corpo para sentar e me encarar, e eu me
posiciono entre suas pernas.

— Vocês, irmãos Carson, complicam muito as coisas, — ela me diz. —


Wade deveria estar com Leia e deveria estar competindo. Cole deveria estar com
Aubrey, simples assim, — explica.

— E quanto a mim? — Eu pergunto-lhe, franzindo minha testa e me


perguntando o que ela está pensando.

— Você está exatamente onde deveria estar. — Ela tira o chapéu da minha
cabeça e o coloca na própria cabeça antes de me beijar.
Caminho pela varanda enquanto espero por ela. Quando vejo o carro dela
parar e percebo que não está sorrindo, sei que há algo errado. Não nos encontramos
aqui desde a noite em que Cora morreu, e vê-la no rancho todos os dias sem poder
tocá-la me deixa louco.

— Teve problemas para fugir? — Eu vou até ela, verificando os campos


abertos ao nosso redor antes de puxá-la para mais perto e beijar seus lábios.

É remoto o suficiente aqui no rancho abandonado onde nos encontramos,


mas também sei o quanto Joe mantém um olho em sua esposa.

— Vamos entrar. — Aubrey olha por cima do ombro antes de me oferecer


um sorriso triste e se mover ao meu redor para passar pela porta.

Quando entramos, não lhe dou chance de falar; faz muito tempo desde que
eu a tive para mim. Deslizo minha mão atrás de sua cabeça e beijo seus lábios como
se estivesse morrendo de fome deles.
— Cole. — Ela empurra com força no meu peito, forçando a me afastar.

— Isso é sobre a merda que Wade fez ontem à noite com o irmão de Joe,
porque se for...?

— Isso tem que parar. — Ela tem uma expressão séria como a morte em
seu rosto e parece que está prestes a chorar.

— Você sabe que isso não é uma opção. — Balanço a cabeça, me


perguntando o que deu nela. Por mais de dezoito meses, temos roubado momentos
como este, vindo aqui para o rancho do velho Steanman para que possamos ficar
juntos. O velho Mason gastou muito dinheiro comprando terras e acabando com as
fazendas menores. Esta é uma delas. Está vazia há anos e longe o suficiente da rede
para garantir que não seremos perturbados.

— Não torne isso difícil. — Ela fecha os olhos e estabiliza a respiração


antes de colocar algum espaço entre nós.

— Não estou dificultando, Aubrey. Não vou deixar isso acontecer de jeito
nenhum. — Parece que acabei de recuperá-la, e não há nenhuma maneira no inferno
de as coisas voltarem a ser como eram.

— O que estamos fazendo é errado. Eu sou casada. — Quando ela abre os


olhos de volta, eles estão implorando para mim, mas eu não cheguei tão longe para
começar a dar passos para trás.
— Você me ama, — eu a lembro, segurando seu rosto em minhas mãos
para ter certeza que ela me escuta. Eu entendo que ela está com medo. Só não sei do
que tem medo.

— Não é por quem estou apaixonada que importa; é com quem sou casada
que sim. — Ela soa como uma mulher diferente daquela com quem fiz amor no sofá
perto da lareira algumas semanas atrás. Ela parece fraca, e eu realmente odeio isso.

— Um pedaço de papel dizendo que você pegou o nome dele não significa
nada. O que temos…

— Ele quer que comecemos a tentar. — Ela força as palavras para fora de
sua boca, e elas me atingem nas entranhas como uma debandada.

— Você está maluca? Já não é ruim o suficiente você estar presa no


inferno, você também quer arrastar uma criança para essa merda? — Eu não deveria
gritar com ela, Aubrey sempre foi sensível, mas estou com raiva e sofrendo. Nos
últimos dezoito meses, esses encontros foram o motivo pelo qual vivi.

— Não há necessidade de ser cruel. — Odeio o olhar que ela me dá e odeio


a maneira como isso me faz sentir.

— A vida é cruel, Aubrey. Aprendi isso no dia em que você se casou com
um Mason.

— Você nunca me pediu em casamento. — Ela fala amargamente. Acho


que é a primeira vez em todos os anos que a conheço que a ouço usar esse tipo de
tom. Aubrey é suave e gentil. Ela é doce e gentil. Ela é tudo que eu não sou.
— Não finja que não há mais do que isso. — Balanço a cabeça e caminho
até à porta para impedi-la de sair por ela.

— Saia do meu caminho, Cole. — Ela olha além de mim como se estivesse
com medo de olhar nos meus olhos.

— Não até que você me diga por quê. — Continuo a bloqueá-la.

— Você prometeu que nunca me perguntaria. — Ela mantém aquele olhar


severo em seu rosto, e isso não combina com ela. Algo não está certo.

— Sim, bem, estou perguntando agora. Se você vai partir meu coração de
novo, preciso saber o motivo.

— Quando começamos isso, você me disse que não tinha um coração para
quebrar, — ela me lembra quando seus olhos encontram os meus novamente.

— Bem, eu descobri que sim. — Eu seguro seu olhar, e quando parece que
ela não vai desistir, eu a beijo novamente.

Espero que isso a lembre por que começamos isso e coloque algum sentido
de volta em sua cabeça.

— Só vai tornar mais difícil, — ela me diz, mas não se afasta, então eu a
ignoro, levantando-a e carregando-a até à mesa.

— Diga-me para parar. — Eu levanto a saia longa que ela está usando e
tiro meu pau para fora da calça jeans. Aproximando-me dela, enfio um dedo em sua
calcinha e a arrasto para o lado, abrindo caminho para que eu possa entrar nela. Ela
agarra a frente da minha camisa e, em vez de me empurrar para trás, ela se deita na
superfície da mesa e me arrasta para baixo com ela. Eu empurro para dentro dela,
pegando suas duas mãos nas minhas, apertando-as com força e usando-as para
prendê-la na mesa.

Enquanto ela usa seus olhos para me prender, eles se ancoram em minha
alma e sangram toda a sua dor em meu peito. Eu nunca vou saber porque ela o
escolheu, e ela me disse há muito tempo que nunca o deixaria. Ela me prometeu que
não é porque ela o ama. Ela me diz que gostaria que as coisas pudessem ser
diferentes, e eu sei pelo jeito que ela me dá seu corpo que fala sério. Quando estamos
sozinhos, fechamos o mundo, e ela me dá tudo o que deveria ser meu. A única coisa
que ela não me dá são respostas. Isso me frustra, mas essas eram as condições dela,
e se eu conseguir tê-la, mesmo que só um pouquinho, é um preço pequeno a pagar.

Aubrey gosta que eu olhe para ela quando transamos, e muitas vezes me
pergunto se Joe faz o mesmo. Eu me pergunto se ele a faz gozar da mesma forma
que eu, e me pergunto se ele a segura depois. Veja, essa é a diferença entre mim e
meus irmãos, somos todos sombrios à nossa maneira, mas Garrett e Wade podem
ser arrastados para a luz. Eu, eu me agarro às sombras. Eu gosto de machucar por
dentro e por fora. Eu acolho a dor, e não há nada mais doloroso do que imaginar ele
e ela juntos.

Acelero, empurrando-a com tanta força que a mesa começa a se mover


pela sala, e a doce e inocente mulher por quem estive apaixonado por toda a minha
vida olha para mim, desafiando-me a fodê-la com mais força.
Esta é a mulher que mantenho na minha cabeça quando estamos
separados. Uma mulher que, quando estamos sozinhos, se deixa cair no escuro
comigo.

Lá fora ela tem que ser perfeita, ficar de pé que nem cachorrinho, mas aqui
comigo ela pode ser quem quiser. Ela pode ser a adolescente que deu seu coração a
um garoto que não merecia. Ela pode ser a pobre e trágica dona de casa que tentou
seguir em frente, mas nunca deixou aquele menino ir. Ou ela pode ser a prostituta,
que fode o empregado do rancho do marido.

Tudo o que eu sempre quis que ela fosse é minha.

É o meu nome que ela grita quando o orgasmo a atinge, e as lágrimas que
ela chora são para mim também, porque ela também não quer que isso seja o nosso
fim.

Eu puxo meu pau para fora antes de gozar e a arrasto para fora da mesa de
joelhos, pegando sua cabeça em minhas mãos e fodendo sua boca para que eu possa
terminar lá dentro. Hoje à noite, quando aquele canalha do Mason lhe der um beijo
de boa noite, ela pode pensar em mim enquanto ele o faz. Seus dedos agarram a
cintura da minha calça jeans enquanto eu saio de entre seus lábios, e quando ela olha
para mim, parece estar rezando.

— Eu sei que você não entende, mas preciso que você me perdoe. Não
posso permitir que você me odeie. — As lágrimas estão escorrendo por seu rosto, e
vê-la sofrendo me dá vontade de pegá-la e absorver toda a sua dor. Até me dá
vontade de chorar um pouco. Mas não. Eu não me lembro de ter chorado. Não
quando minha mãe foi embora ou quando Breanna se matou. Certamente não
derramei lágrimas quando Papai morreu.

— Eu nunca poderia te odiar. — Eu franzo a testa e balanço a cabeça para


ela. Aí está o problema. Se eu pudesse odiar essa mulher, talvez pudesse me curar.
Há tanto ódio dentro de mim, que alguns dias eu acho que vou pegar fogo por causa
disso. Mas nada disso é para ela. Aubrey possui o pequeno fragmento da minha alma
que ainda está intacto. É a parte de mim que me permite me afastar dela e confiar
que ela sabe o que está fazendo. E nas noites em que penso em fazer tudo acabar de
vez, é o que me mantém vivo.

Muitas vezes me perguntei se as escolhas que ela fez tiveram algo a ver
com o acidente. As coisas nunca mais foram as mesmas para ela depois que ela
perdeu a amiga quando éramos mais jovens. Elas também nunca mais foram as
mesmas para nós.

Aubrey estava no carro na noite em que sua amiga foi morta. Nem era ela
quem dirigia, mas acho que ela nunca se perdoou por ter sobrevivido. Tentei fazê-la
passar por isso, tentei fazê-la falar com alguém, mas ela não deixou, ela me excluiu.
E foi assim que a perdi.

Não faz sentido, mas juro que ela se casar com Joe Mason foi para se punir
por não ter morrido naquele carro também.

— Não faça isso. — A coloco de pé, e não me importo com o quão fraco
eu pareço. — Você não quer isso; você não será feliz.
— Posso tentar viver sem que isso me lembre de como poderia ter sido,
— ela sussurra, deslizando a ponta do polegar sobre meu lábio inferior com tanta
ternura que faz meu coração parar.

— Volte para Copper Ridge comigo. Diga-me do que você tem medo, e
eu vou consertar isso, — sussurro, deixando-a ver toda a dor dentro de mim e
esperando que ela tenha pena de mim.

— Você não pode consertá-lo, Cole. — Mais lágrimas escorrem por seu
rosto, e eu engulo o nó na minha garganta.

— Posso sim. — Eu imploro para que ela confie em mim, e quando ela
sorri, não é feliz.

— Temos que crescer, Cole. Fazer o melhor das vidas que temos. Quero
que saia do rancho. Não consigo seguir em frente quando tenho de ver você todos os
dias. — Qualquer suavidade que eu tinha dentro de mim se transformou em pedra.

— Você não deveria seguir em frente. Você deveria fazer o que seu
coração diz, — eu rosno para ela.

— E é isso que seu coração está lhe dizendo para fazer? Foder a esposa de
outra pessoa? — A ardência de suas palavras e o rancor em seus olhos me fazem
querer dar um soco na parede. — Eu sou dele, Cole. Nós dois temos que aceitar isso.
— Quando ela vai passar por mim, agarro seu braço e a arrasto de volta, e ela me dá
um susto quando se vira e me dá um tapa no rosto.
— Se você realmente me ama, fará isso por mim. — Seus lábios estão
tremendo e seus olhos estão se afogando em tristeza.

— Não faça isso comigo, — eu imploro a ela.

— Desculpe. — Ela puxa seu pulso do meu aperto e se afasta, entrando


em seu carro e ligando o motor. Estou muito fraco para correr atrás dela, estou muito
fraco até mesmo para ficar de pé, e quando deixo cair minha bunda no degrau da
varanda e a vejo ir embora, sinto aquele último fragmento do bem em minha alma
partir com ela.
Deito na cama ouvindo a chuva no telhado e vendo-a bater contra a janela,
e penso na noite em que Bill Carson morreu e em como esperei Garrett voltar para
casa.

Descobri naquela noite que tipo de homem Garrett era. Do tipo do qual eu
deveria estar fugindo, mas enquanto estou deitada aqui, sabendo que ele está sozinho
no quarto ao meu lado, tudo em que consigo pensar é correr para ele.

Saio da cama e abro a porta, atravessando o corredor e abrindo


silenciosamente a porta para entrar. Eu não posso dizer se ele está acordado ou
dormindo porque rolou de lado de frente para a janela, mas eu rastejo mais perto,
levantando as cobertas e deslizando atrás dele de qualquer maneira. Eu deixo meus
dedos traçarem sobre seu ombro forte e largo, e quando ele se vira, e seus olhos
encontram os meus, sorrio para ele.
— Ei, — sussurro, e quando ele muda o resto de seu corpo para ficar de
frente para mim, ele pega meu rosto em suas mãos e beija meus lábios tão
suavemente que juro que sinto meu corpo flutuar para fora da cama. Ele coloca um
de seus braços em volta das minhas costas e me puxa para mais perto de seu corpo.
Descanso a cabeça em seu peito e, enquanto ele passa a mão pelo meu cabelo, noto
a cicatriz irregular em seu peito. Já vi o símbolo várias vezes para saber o que é, e o
observei marcando os bezerros alguns dias atrás com a mesma marca.

— Eu sempre quis que fosse você, — admito, achando muito mais fácil
dizer sem olhar para ele. Está escuro aqui, tudo o que temos é a luz da lua, mas
quando ele força minha cabeça a encará-lo, vejo o olhar confuso em seu rosto.

— Por quê? — Ele pergunta em um tom baixo e rouco que espalha calor
pelo meu peito.

— Eu me sinto segura com você. Sinto que te pertenço de alguma forma.


Você vai pensar que eu sou louca, mas sinto isso desde a primeira vez que olhou
para mim na varanda. E eu gosto. Gosto de como é. — Eu movo meu corpo para
ficar escarranchada em seus quadris, e os olhos de Garrett não saem dos meus. Nem
mesmo quando tiro a camiseta que estou usando e exponho a metade superior do
meu corpo para ele. Tudo o que estou usando agora é uma minúscula calcinha de
algodão, e posso sentir que ela estar encharcada, sabendo que seu pau está tão perto.
É difícil explicar como é possível desejar algo que nunca tive, e por mais que tenha
imaginado esse momento, continuo nervosa.
Pego a mão de Garrett na minha e a guio para me tocar, e quando sua
palma enorme e áspera cobre um dos meus seios, ele aperta suavemente e estreita os
olhos para mim.

— Não quero mais esperar. Já esperamos o suficiente, — digo a ele, e


quando ele se senta na cama para que seu corpo se pressione contra o meu, ele chega
atrás de mim, pega um punhado do meu cabelo e me beija com tanta força que perco
o fôlego.

— Aquele aviso que te dei antes de deixar você ir, eu quis dizer isso. Se
eu te tiver, nada neste mundo vai me impedir de ficar com você, — ele avisa, e tudo
que posso fazer é acenar de volta para ele. Eu sei que o que ele está dizendo é
verdade, e gosto do som disso. Garrett retorna meu aceno, e a mão que ele ainda tem
no meu peito desliza para descansar em volta da minha garganta quando ele me beija
novamente. Há uma possessividade em seu toque, mas permanece suave, e quando
ele rola nossos corpos, estou de volta no colchão e ele está em cima de mim e seus
beijos começam a descer.

Eu olho para o teto dele e me preparo para o que está por vir enquanto seus
lábios pressionam contra a minha pele, fazendo uma trilha lenta por todo o meu
corpo até que ele alcança minha calcinha e quando olha para mim com aqueles olhos
deliciosamente escuros, desejo sentir sua boca lá novamente. Ele tira o tecido dos
meus quadris e os joga por cima do ombro antes de me dar exatamente o que eu
preciso. Só que desta vez é diferente. Ele me beija lá da mesma forma que beijou
minha boca, e eu tenho que estender a mão para trás e segurar sua cabeceira para
sustentar a dor do que está crescendo dentro de mim.

Eu me sinto chegando mais perto, meus quadris começam a empurrar


contra sua boca, e é quando ele se afasta. Rastejando de volta pelo meu corpo, ele
desliza a calça de moletom que está vestindo de seus quadris, então seu pau duro e
pesado descansa entre minhas pernas.

Parece tão grande, e quando olho para ele, e seu cabelo escuro está caído
sobre o rosto, tudo de repente parece intenso. Estendo minha mão para cima,
afastando o cabelo de seus olhos, e ele beija meu pulso. É um gesto tão pequeno e
simples, mas faz meu pulso bater mais rápido e dá um friozinho na barriga.

— Você está assustada? — ele sussurra, e eu aceno com a cabeça para ele
porque parece inútil mentir.

— Você não tem motivos para ter medo. — Olho para baixo entre nós e
discordo, mas respiro fundo e sorrio para que ele saiba que estou pronta. Sua mão
desliza pela minha coxa e alcança minha bunda, levantando levemente minha perna
para que ele possa caber melhor entre minhas pernas, e quando sinto a ponta de seu
pau roçar em mim, suspiro.

— Vai ter que doer um pouco primeiro, mas não vai durar, — ele promete,
balançando lentamente os quadris para que seu pau grosso deslize entre os lábios da
minha boceta. É tão bom que alivia um pouco da tensão. Ele se move com tanta
facilidade, me deixando mais escorregadia, e quando meu corpo começa a relaxar
novamente e olho para ele, ele está olhando de volta para mim, segurando meu olhar
enquanto gradualmente se empurra para dentro de mim.

Prendo a respiração e aperto o topo de seus braços quando a pressão


começa a ficar desconfortável.

— Respire, — Garrett me lembra, pegando meu queixo em sua mão e


segurando-o com força. Tomo uma respiração profunda e aceno para que ele saiba
que estou pronta para ele continuar, e sinto a tensão em seus dedos aumentar um
pouco mais enquanto seu pau continua a me esticar.

— Você é perfeita, Maisie Wildman, — ele me diz, balançando a cabeça


como se houvesse algo que ele não entendesse. Isso me distrai da dor, e quando ele
puxa minha cabeça para encontrar seus lábios e me dá o resto dele, gemo em sua
boca e sinto aquele aperto que ele tem sobre mim me esmagar com mais força.

— Puta merda, — ele rosna, segurando-se dentro de mim por alguns


segundos antes de cuidadosamente recuar e empurrar novamente. Levanto os braços
e os envolvo em seu pescoço, balançando meus quadris contra os dele. Ele é gentil,
suave e todas as coisas que eu costumava pensar que ele era incapaz.

— Está doendo? — Ele pergunta, levantando a cabeça de onde ele estava


observando a si mesmo empurrar para dentro de mim.

— Um pouco, — eu admito e vejo a culpa em seus olhos.


— Eu vou consertar isso, — ele promete. Tomando dois de seus dedos,
ele os suga em sua boca, deixando-os cair entre minhas pernas e circulando-os contra
meu clitóris.

Não tira a dor, mas dá um novo prazer, e não demora muito para meus
quadris começarem a empurrar para cima para ele, desejando mais.
Estou louco por causa do prazer que estou tirando de seu sofrimento, mas
estar dentro dela e sentir meu pau esticar sua boceta para ser meu ajuste perfeito é
bom demais. Tento deixar isso o mais confortável possível, mas sei que ela está
sofrendo e gostaria de poder tirar essa parte fora do caminho para ela. Eu quis dizer
o que disse antes, Maisie Wildman não tem mais motivos para ter medo. Ela é minha.
Minha para cuidar. Minha para manter segura e minha para amar.

Eu nunca tive certeza de como seria, mas sinto agora enquanto a vejo dar
toda a sua inocência para mim.

Nunca quis nada mais na minha vida do que a ela, nem mesmo este rancho.

— Goze para mim, — eu digo, aplicando mais pressão em meus dedos e


empurrando dentro dela um pouco mais rápido. Posso sentir que estou chegando
perto e não vou terminar até que ela perceba como isso pode ser bom. Sua boceta
aperta meu pau como um vício. Um do qual eu não quero me livrar, e quando suas
bochechas ficam vermelhas e sua respiração começa a acelerar, eu admiro a maneira
como ela olha quando goza em meu pau. A tensão em meu corpo me paralisa
enquanto eu descarrego dentro de sua boceta recém-fodida e tento o meu melhor
para não esmagar sua mandíbula com minha mão.

Deslizo a mão sobre o suor em sua pele e estabilizo o tremor de suas coxas,
pressionando-as com mais força contra meus quadris, e quando ela olha para mim e
sorri, me sinto tão mal quanto o próprio diabo por querer tomá-la de novo.

— Você se sente como uma mulher agora? — Eu decido que quero fazê-
la rir também, e quando funciona, ela contrai o rosto como se isso lhe causasse dor
e me lembra que meu pau ainda está dentro dela.

Instantaneamente puxo para fora, envolvendo-a em meus braços e


deitando ao lado dela.

— Sinto muitas coisas agora, — ela responde à minha pergunta, olhando


para mim com um lindo brilho nos olhos.

— Percebe que seu quarto acabou de ficar vazio, certo? Você não vai
dormir em lugar nenhum a não ser aqui de agora em diante.

— Parece bom para mim, — seus dedos delicados traçam sobre o cabelo
no meu peito e ao redor da marca com a qual estou marcado.

— O que é? — ela pergunta sonolenta. — E não diga que não é nada, sem
segredos, lembra?
— Não é ‘nada’. É importante, — admito, pensando na noite em que a
peguei; cada homem que estava lá, fez o mesmo, não me decepcionou desde então.

— É uma promessa.

— Meio como um voto sagrado? — Ela de alguma forma consegue


bocejar e falar ao mesmo tempo.

— Exatamente assim. É o que vai garantir que este lugar continue de pé


muito depois de partirmos. — Observo seus dedos amolecerem sobre minha carne
marcada e cheia de cicatrizes e, quando seu corpo fica mais pesado e sua respiração
fica mais profunda, pego a coberta e a puxo de volta sobre nós, e adormeço.

***

Acordo na cama sozinho e espero não ter sonhado com o que aconteceu
na noite passada.

— Bom dia, caubói. — Ouço a voz de Maisie e levanto a cabeça do


travesseiro, esfregando o rosto para tirar a dureza do sol dos olhos.

— Você perdeu o café da manhã, — ela sorri, movendo-se da porta em


direção à cama e colocando uma bandeja no meu colo.

— Que horas são? — Questiono, me perguntando como diabos eu


consegui dormir depois do café da manhã.
— Acaba de passar das oito, — ela me diz, indo até à janela e olhando
para o pátio. — E você não vai acreditar, mas tudo parece estar funcionando sem
você. — Ela tem um sorriso inteligente no rosto quando olha para mim.

— Venha aqui. — Coloco a bandeja na minha mesa de cabeceira e estendo


a mão sobre a cama para agarrá-la pela cintura e puxá-la para mim. Começo a beijá-
la, mas ela se esquiva de meus braços e me segura.

— Você está tirando um dia de folga hoje, — ela me informa, batendo a


mão na minha boca para me impedir de discutir. — E essa é a última vez que fazemos
sexo sem usar proteção. Os dedos dos pés da Sra. Edwards se enrolariam se ela
soubesse o que fizemos ontem à noite.

— Quem diabos é a Sra. Edwards? — Eu a questiono.

— Minha professora de educação sexual. Ela me ensinou a colocar uma


camisinha em uma banana e, ontem à noite, tenho certeza de que fui reprovada no
primeiro exame. — Ela parece estar pensando seriamente agora, e eu rapidamente
intervenho antes que ela deixe isso arruinar seu humor.

— Não se preocupe com essa merda; eu vou cuidar disso, — prometo,


inclinando-me para a frente e me certificando de conseguir aquele beijo que eu
queria desde que abri os olhos.

Ela não parece me questionar, o que me agrada, e quando me obriga a


deitar na cama rastejando em cima de mim, tiro o longo cabelo loiro de seu rosto,
coloco atrás de sua orelha e pego alguns segundos para estudar seu rosto.
— Parece que você está prestes a dizer algo filosófico, — ela ri de mim, e
lambo os lábios e provo um traço da calda que ela deve ter comido em suas
panquecas antes de subir.

— Vamos, quero te mostrar uma coisa. — Pulo da cama e visto minha


calça de moletom, pegando a mão dela e arrastando-a escada abaixo. Esqueço que
Maisie está vestindo apenas uma das minhas camisas e uma calcinha até que vejo a
expressão no rosto de Dalton enquanto atravesso o pátio correndo.

— Se você quer manter os globos oculares em suas órbitas, você vai tirá-
los da minha garota, — o aviso enquanto passamos e quando chegamos lá, eu abro
a porta para o enorme celeiro.

— O que você está fazendo? — Maisie ri enquanto eu a arrasto para dentro


e a conduzo escada acima. Coloco minhas duas mãos sobre seus olhos, e quando ela
estende a mão para um corrimão, isso me lembra que preciso consertá-lo.

Consigo levá-la até ao topo da escada e, quando afasto as mãos, dou um


passo para o lado para poder ver a expressão em seu rosto.

Vê-la faz todas as horas que passei aqui, limpando o lugar e consertando,
valerem a pena.

— Garrett? — Ela olha ao redor do loft que eu converti em um estúdio


para ela com um sorriso chocado no rosto, que faz valer a pena toda a agonia que
senti quando pensei que nunca a teria de volta.
— Se houver alguma coisa que você não goste, eu posso mudar, e se a luz
não estiver certa, posso fazer Tate descobrir algo; ele é bom com eletricidade.

— Está perfeito. — Ela ainda parece surpresa enquanto se dirige para o


cavalete que está colocado ao lado da porta do sótão, lembrando-me de mostrar a ela
por que este foi o espaço que escolhi.

— Esta não é a melhor parte, — digo a ela, movendo o ferrolho da porta


e abrindo-a para que ela possa ver por si mesma.

Sua boca se abre e lágrimas, que presumo serem de felicidade, enchem


seus olhos enquanto ela olha para a vista.

— Acho que todos os artistas precisam de um bom plano de fundo. — Eu


passo por trás dela e envolvo meus braços em volta de sua cintura, descansando meu
queixo em seu ombro e apreciando a vista com ela. Daqui tudo o que você pode ver
são os campos abertos e as montanhas que os cercam. Haverá lindos pores do sol e
deslumbrantes amanheceres se eu deixá-la sair da cama cedo o suficiente para ver
um.

— Entendo. — Ela inclina a cabeça para olhar para mim, e eu franzo a


testa e tento entender o que ela quer dizer.

— Eu entendo porque você luta tanto por isso. É o paraíso na terra. Não
vi isso quando cheguei aqui, mas vejo agora. — Ela gira seu corpo em meus braços
e envolve seus braços em volta do meu pescoço. — Sou jovem. Mas eu sei o que
quero e quero estar aqui com você, para sempre, — ela me diz. Eu a levanto em
meus braços e a carrego até ao sofá que Wade me ajudou a trazer até aqui, para que
ela possa sentar e apreciar a vista enquanto faz suas pausas, e peço a Deus que ela
não esteja muito dolorida. porque estou prestes a mostrar à garota como será a
eternidade.

***

Sento-me à mesa em frente a Wade, esperando que Maisie saia do banho,


e ele me encara como se esperasse que eu dissesse alguma coisa.

— Dá o fora, — ele respira pesadamente, batendo os dedos na mesa.

— Este não é você, — eu digo a ele diretamente, sem besteira. Ele tem me
evitado desde a noite da festa de Leia Walker; na verdade, ele evitou todo mundo.

— Eu não acho que você está em posição de dizer a alguém que eles não
são quem são agora. — Ele levanta a sobrancelha e me dá um olhar crítico. — É
estranho o quanto você está sorrindo.

— É incrível o que pode acontecer a um homem quando ele engole seu


orgulho, — eu o aconselho, e o olhar frio que ele me dá de volta me diz que ele não
vai engolir o dele tão cedo.

— Se você não vai fazer nada sobre a questão Leia, vai precisar de um
foco diferente. Você precisa voltar a fazer o que ama, Wade, — digo-lhe seriamente.
Eu sei que ele está preso aqui por ela, mas também sei que ele fez isso por mim
também.

— Não é tão fácil. Você precisa de mim aqui.

— Eu vou descobrir um modo. Vou contratar mais ajuda; pedi a Maisie


que ajudasse com a papelada para que eu pudesse ficar mais tempo lá fora também.

— Garrett, você acabou de conseguir a mulher pela qual tem desejado há


três anos; você quer estar recuperando o tempo perdido, não se matando a trabalhar.
Você levou o fardo por aqui durante anos, quando papai ainda estava vivo. Eu me
diverti. Talvez seja hora de eu crescer e receber algum desse peso por você. — Ele
passa a mão na boca e olha para a mesa.

— Eu não vou deixar isso acontecer. Você vai fazer o que te faz feliz, e se
não vai ganhar coragem e dizer a Leia Walker como você se sente antes de ela se
casar com aquele filho da puta, então você vai voltar para os broncos. Eu sou o chefe
desta família, e isso é uma ordem, — sorrio para ele, apesar de estar muito sério, e
quando Maisie entra na sala, posso dizer pelo olhar em seu rosto que ela está nervosa
com o que tem a dizer.

— Posso pegar uma carona para algum lugar? — ela pergunta docemente,
girando nos calcanhares e agitando os cílios para mim, confirmando minhas
suspeitas de que não vou gostar do que se segue.

— Onde querida? — Eu me levanto e caminho até ela.

— Rancho Mason. — Ela olha para mim e sorri.


— Boa sorte com isso. — Wade me dá um tapinha no ombro e usa isso
como desculpa para interromper nossa conversa.

— E por que você iria querer ir para lá? — Eu a questiono, tentando não
mostrar como estou chateado com o pensamento disso.

— Bem, eu esqueci, com todas as coisas acontecendo entre nós e o


incidente do banheiro, mas Aubrey Mason convidou a mim e a Leia para
almoçarmos na casa dela hoje. Leia precisa que eu vá para torná-lo menos
constrangedor. — Ela espera pela minha resposta e, quando não dou nenhuma, ela
balança a cabeça.

— Quer saber, é uma ideia boba. Vou ligar para Leia e dizer que ela deve
ir sozinha. — Quando ela vai embora, agarro seu braço e a arrasto de volta. Sempre
ouço as pessoas dizerem que os relacionamentos são uma questão de compromisso.
Maisie é um vulcão; é uma das coisas pelas quais me apaixonei por ela. Não quero
que ela mude e se torne uma mulher fraca e arrasada como Aubrey Mason.

— Vou te levar, — digo, e quando ela grita e dá um beijo na minha


bochecha, não posso deixar de sorrir. Entendo o ponto de vista de Wade, sobre ser
assustador. Nunca fui muito sorridente, mas também nunca tive muito motivo para
sorrir.

— Basta estar em guarda; os Mason não são gente boa, pode parecer, mas
não são.
— Aubrey parece bastante inofensiva. — Maisie olha para mim como se
eu estivesse sendo cauteloso demais. Provavelmente estou sendo, mas quando se
trata dela, sempre serei.

— Aubrey é boa pessoa. Vai ser bom para ela ter uma amiga, — digo-lhe,
reprimindo todas as coisas que eu realmente quero dizer. — Só não se envolva
demais.

— Prometo. — Ela fica na ponta dos pés para me beijar de novo antes de
eu pegar meu chapéu e deixá-la me levar até à caminhonete.
Como fui eu que criei a regra do 'sem segredo', sinto-me culpada por
mentir para Garrett enquanto ele estaciona do lado de fora da casa de Joe e Aubrey
Mason. É muito menor do que a casa principal e, visto que fica bem em frente ao
barracão, me pergunto se verei Cole.

— Ligue quando você precisar que eu te pegue, — Garrett me diz quando


me inclino sobre o console para beijá-lo antes de sair.

— Tenho certeza que você tem coisas melhores para fazer do que correr
atrás de mim, — respondo, lembrando a mim mesma que o que estou fazendo aqui
é para o bem de toda a família Carson.

— Não consigo pensar em nada. — Ele balança a cabeça, e isso me faz


sorrir. — Aproveite seu almoço e lembre-se do que eu disse, — ele avisa antes de se
afastar, e posso dizer que ele não está feliz por me deixar aqui.
Eu me endireito e sigo em direção à porta da frente. Não faço ideia de
como Aubrey vai reagir à minha visita. O que eu disse a Garrett sobre ela me
convidar aqui foi uma mentira completa, mas eu sei que é a única maneira de vê-la
sozinha. Bato na porta, esperando que ela esteja, porque vou parecer muito estúpida
se tiver que chamar Garrett de volta para me buscar porque Aubrey não está aqui.

A porta se abre e ela parece chocada ao me ver.

— Ei, meu nome é Maisie. Fomos apresentadas na festa na outra noite. —


Sorrio calorosamente, mas o olhar preocupado em seu rosto não vacila.

— Eu lembro de você. Você é a namorada de Garrett Carson, certo?

— Sim. — Eu aceno com a cabeça, gostando muito do jeito que soa. —


Posso entrar? Há algo que eu quero falar com você. — Eu a observo se afastando da
porta e a abro um pouco mais, e quando entro, fico um pouco surpresa com o quão
básico é. Todo mundo sabe que os Mason têm dinheiro, então estou surpresa que
não haja nem mesmo uma televisão aqui.

— Com o que posso ajudar? — ela me pergunta curiosamente, indo até à


cozinha e colocando uma chaleira no fogão.

— Não quero deixar isso estranho, mas sei com quem Cole estava na noite
em que minha mãe foi morta.

— Como sabe disso? — ela estala, a preocupação em seu rosto delatando-


a também.
— Bem, eu não tinha certeza, até que você reagiu dessa forma, mas eu
estava bastante confiante sobre isso antes de vir para cá. — A mulher fecha os olhos
como se fosse chorar, mas de alguma forma ela se segura.

— Não sei o que está pensando, mas...

— Não é importante o que eu penso. O importante é que Cole não vá para


a cadeia por algo que não fez. Ele está se recusando a dizer à polícia que estava com
você. Ele não tem outro álibi e muitos motivos para querer minha mãe morta. Não
te conheço e sei que é pedir muito. Posso imaginar o problema em que isso pode te
meter. Mas aqueles irmãos Carson perderam muito. Não posso deixar que se percam
também.

Aubrey se senta e cobre o rosto com as mãos.

— Olha, tenho certeza que você pode inventar uma razão para vocês dois
estarem juntos naquela noite. Você poderia dizer que algo precisava ser consertado
ou que você teve problemas com o carro. Ele trabalha aqui, pelo amor de Deus.

— Não é tão fácil; nós temos uma história. Uma história que todos nesta
cidade conhecem. — Ela balança a cabeça, parecendo impotente.

— Você tem medo do seu marido? — Eu pergunto a ela sem rodeios, não
adianta me segurar.

— Não, não tenho. — Ela olha para mim e faz uma careta.
— Agora diga isso de novo e tente soar mais convincente. — Eu não me
importo se estou sendo uma vadia, ela precisa fazer o que é certo e não apenas por
Cole, mas por si mesma também.

— Eu não acho que o marido de ninguém ficaria bem com a esposa


sozinha com um homem por quem ela esteve apaixonada.

— Esteve apaixonado por? — Eu questiono, descansando minhas mãos


em sua mesa. — Se você ainda tem algum desse amor por ele, você não vai deixá-
lo cair por isso. — A deixo com isso e vou para a porta, mas antes de abri-la, há algo
mais que preciso perguntar.

— Leia vai ficar bem? — Todos os irmãos Mason parecem ter uma
vantagem sobre eles. Acho que a maioria diria isso sobre os irmãos Carson também,
mas não gosto da maneira como Aubrey Mason mantém os olhos no chão como se
estivesse com medo de olhar para cima.

— Ela vai se acostumar com isso. — A tristeza em seu tom me deixa ainda
mais determinada a fazer Wade falar com ela. Inferno, eu mesma falarei com ela se
for preciso.

— Talvez você deva ser quem tem de tomar cuidado, — Aubrey grita para
mim antes que eu possa sair.

— Garrett nunca me machucaria. — Olho para ela com pena. Não consigo
imaginar por que alguém se comprometeria com uma vida inteira de miséria.
— Talvez não, mas há muitas pessoas que querem machucá-lo, e você
seria um bom alvo para começar. — Ela parece ter pena de mim também, e suas
palavras causam um arrepio na minha espinha. Aceno com a cabeça em gratidão e
espero que ela pense sobre o que eu disse quando eu sair.

Atravesso o pátio em direção à saída. Não posso ligar para Garrett, faz
pouco tempo e ele saberá que menti, então pego meu celular e ligo para Leia.

— Você parece estar no rancho errado! — Uma voz me chama e, quando


me viro e vejo Joe Mason saindo do estábulo, começo a entrar em pânico.

— Acabei de visitar a sua esposa para ver como ela estava. — Abro um
sorriso e ajo casualmente.

— Isso é legal, muito legal, não é, Seth? — Quando me viro e olho por
cima do ombro, o cara enorme que Garrett amarrou na floresta aparece atrás de mim
e, de repente, me sinto presa.

— Bem, você sabe, eu sou nova na cidade e só quero fazer alguns amigos.

— Pensamento sensato; o Rancho Carson poderia fazer alguns desses.

— Maisie! — Sinto-me aliviada quando um grito agudo vem do estábulo


e vejo Cole marchando em nossa direção.

— O que está fazendo aqui? — ele pergunta, puxando meu braço. Eu


posso dizer pelo olhar em seu rosto que ele não está feliz por eu estar aqui.

— Ela veio para fazer amizade com Aubrey, — Joe responde-lhe, fazendo
minha desculpa por estar aqui soar tão patética.
— Garrett sabe que você está aqui? — ele confere.

— Garrett não é meu guardião. Sou uma mulher livre, como todas as
mulheres deveriam ser. — Certifico-me de que estou olhando Joe Mason bem nos
olhos dele quando digo isso, e ele não deixa o sorriso falso cair de seus lábios.

— Vamos, eu te levo para casa. — Cole me puxa em direção a um dos


caminhões que estão no pátio.

— Vou descontar uma hora do seu salário pelo problema! — Joe chama
por ele enquanto me arrasta passando por Seth, e a besta de um homem levanta o
chapéu para mim e sorri. — Vejo você por aí, senhora, — ele acena antes de colocá-
lo de volta.

— Que porra você está fazendo aqui, Maisie? — Cole me repreende,


enquanto sai do pátio.

— Garrett sabe que você está aqui?

— Garrett me deixou aqui, — digo, deixando de fora a parte que menti


para ele sobre o motivo e tentando ser inteligente.

— Ele o quê? — Cole quase nos desvia da estrada.

— Eu disse a ele que Aubrey convidou Leia e eu para almoçar, — admito,


imaginando que a verdade acabará sendo revelada.

— Inferno, ele vai ficar louco. — Cole balança a cabeça e suspira.

— Não, se não lhe contarmos. Eu estava apenas tentando ajudar.


— Ajudar como? — ele estala, e agora vou ter que contar outra mentira,
mas pelo menos está tem um pouco de verdade,

— Minha melhor amiga vai se casar com um desses idiotas. Eu queria


falar com Aubrey e verificar se ela vai ficar bem.

— Oh, você é do tipo intrometida, não é? — Ele respira de forma


cansativa, acelerando pela estrada aberta tão rápido que minha cabeça quase bate no
teto por causa dos solavancos que damos.

— Eu não chamaria isso de intromissão. Eu só gosto de cuidar das pessoas


de quem gosto.

— Bem, Garrett também, e é exatamente por isso que eu não quero ver
você no Rancho Mason novamente.

— Venha para casa, Cole, você não pode gostar de trabalhar lá, — eu digo
a ele baixinho, e ele me ignora. — Ela nunca vai deixar o marido, e você está se
torturando por estar lá e assistindo. Você tem uma família. Garrett e Wade te amam.
Apenas volte para casa e deixe-se curar.

— Parece-me que Copper Ridge está finalmente começando a recuperar


um pouco de sua felicidade. Acredite em mim, você não me quer lá, — ele me diz
tristemente, e a atmosfera que isso cria faz com que a discussão pareça inútil.

Quando ele finalmente estaciona no portão, eu me viro e o encaro.

— Não se preocupe, vou manter seu segredo. A última coisa que você quer
é Garrett ficando todo protetor com você, — ele meio que sorri para mim.
— Venha jantar amanhã à noite. Vai ser bom ter todos vocês juntos.

— Convença Josie a fazer sua lasanha, e você tem um acordo, — ele meio
que sorri enquanto eu abro a porta da caminhonete e deslizo para fora.

— Você se lembra do que eu disse. Fique fora disso, ok? Eu gosto de você,
você é boa para o meu irmão, e é boa para este lugar. — Ele olha para o portão com
a placa Copper Ridge.

— Eu te vejo amanhã, — sorrio, fechando a porta e deixando-o ir embora.


— Isso é legal. —Maisie olha para mim. Não estamos fazendo nada de
especial, apenas assistindo a um filme, mas ela parece feliz, e isso é tudo que me
importa. Não consigo me lembrar da última vez que assisti a um filme, e realmente
não estou assistindo a este. É difícil me concentrar quando a vejo sentada no chão
entre minhas pernas, vestindo uma das minhas camisas e um par de meias fofas.
Adoro a maneira como seus lábios se movem quando ela ri e como ela fica olhando
para cima para ver se eu também acho engraçado. Eu até adoro os barulhos de
mordiscada que ela faz ao comer da grande tigela de pipoca que tem no colo.

— Tem certeza que não quer? — Ela levanta a tigela e eu pego de suas
mãos, coloco ao meu lado e a arrasto para sentar no meu colo.

— Assim é melhor, — eu beijo sua bochecha e volto a assistir ao filme,


alisando minhas mãos sobre suas coxas, e quando a porta se abre e Cole irrompe por
ela, eu sei que minha noite perfeita está prestes a ser arruinada.
— Por que você não atende o telefone? — ele grita comigo.

— Está carregando na cozinha. Qual é o problema? — Cole olha ao redor


da sala, como se estivesse assustado com o que está vendo.

— É Wade. Noah acabou de ligar, ele estava em Cahoots mais cedo


procurando uma briga e, quando ninguém estava pegando, ele foi procurar outro
lugar.

— E eles o deixaram sair? — Tiro Maisie do meu colo para poder me


levantar.

— Não, eles estão seguindo-o. Ele está indo em direção a Columbus, mas
eles pensaram que seríamos melhores em convencê-lo do que eles.

— Merda. — Balanço a cabeça e olho para Maisie com ar de desculpa.

— Você precisa encontrá-lo, — ela me diz, — posso pausar o filme.

Eu quero dizer-lhe que não é o filme que estou chateado por perder, mas
se eu fizer isso na frente do meu irmão, nunca vou ouvir o fim.

— Vou me trocar. — Subo direto para o andar de cima para vestir um


jeans e uma camisa. Maisie me garantiu que eu não conseguiria relaxar e assistir a
um filme direito a menos que eu ficasse confortável na minha calça de moletom, e
devo admitir que gostei da sensação de me sentir confortável com ela.

Eu me visto rapidamente, sabendo como Wade pode ficar de cabeça


quente quando ele está assim, e quando desço as escadas, encontro Maisie e Cole
parados em silêncio.
— Tome cuidado. — Maisie chega ao pé da escada para me dar um beijo
de despedida enquanto Cole se dirige para a porta. Eu a beijo novamente antes de
pegar meu chapéu e sair pela porta.

— Você sabe que está virando um docinho, certo? — Cole balança a


cabeça para mim quando pulo no banco do passageiro e ele fica atrás do volante.

— Vá se foder. — Eu respondo, verificando se ele tem uma arma no porta-


luvas para garantir.

***

Chegamos ao bar onde os River Boys seguiram Wade e entramos no caos.


Wade está batendo em um cara no chão, e os River Boys também estão socando. Há
banquetas quebradas, garrafas quebradas e sangue, e eu atravesso a carnificina para
puxar meu irmão de cima do cara que ele está atacando. Algum palhaço vem até
mim com um taco de beisebol, e eu arranco a coisa de sua mão antes que ele possa
me acertar, então uso para esmagá-lo em seu próprio rosto.

Estendo a mão até onde Wade está de joelhos, dando golpe após golpe no
cara no chão e, agarrando-o pela nuca, o arrasto. Ele se vira e tenta me acertar, mas
quando vê quem está segurando-o, ele se retrai.

— Que porra é essa? — Eu grito com ele por causa do barulho. Ele não
responde a minha pergunta, apenas olha para mim com veneno.
— Venha, vamos para casa. — Eu o arrasto até ao bar e o entrego a Cole,
tirando minha carteira do bolso de trás. Bato o cartão de visita do rancho no bar.

— Você manda a conta de qualquer dano aqui. Desculpe pela interrupção


— digo à garçonete de aparência perturbada antes de procurar Noah e acenar com a
cabeça para a porta, deixando-o saber que é hora de irmos embora. Eu saio, e quando
Cole me segue, ele empurra Wade para fora da porta, então ele tropeça no chão.

— Recomponha-se; temos merda o suficiente para lidar sem procurar


brigas! — ele grita com ele.

— Que porra você sabe sobre a merda que esta família tem que lidar, Cole?
Está muito ocupado fodendo a esposa de outra pessoa, — Wade cospe de volta para
ele, e não há nada que alguém possa fazer para parar o soco que Cole joga em seu
rosto.

— Ei, vamos lá. — Eu passo entre eles quando Wade vai retaliar, e fico
surpreso, mas aliviado quando Cole recua.

— Wade, você está decepcionando a família e fazendo papel de bobo


agora. — Eu mantenho minha voz calma e tento argumentar com ele. Ele balança a
cabeça para mim e ri antes de arrancar a camisa e bater com a palma da mão sobre
o local em seu peito onde foi marcado.

— O que estou fazendo é levar essa merda a sério! — ele grita, seus olhos
cheios de raiva e todos os músculos de seu corpo tensos. — Você está em casa
brincando de feliz para sempre, e sendo alguém que você não é, enquanto aquele
boceta que engravidou nossa irmãzinha está lá fora respirando. Você pode ter
desistido de encontrá-lo, mas eu não. — Ele termina seu discurso com o peito
subindo e descendo rapidamente, e posso me relacionar com toda a dor e raiva que
ele está sentindo. Nunca desisti de obter respostas. Penso em Bree e no fato de que
ela não está mais aqui todos os dias, mas abrir caminho em todas as cidades da porra
de Montana não vai nos trazer respostas, e sei que Breanna não é o motivo de ele
estar aqui esta noite. Ele precisa sentir um tipo de dor diferente daquela que está em
seu coração, e eu também posso me identificar com isso.

— Isso não é sobre Breanna, e você sabe disso. Isso é sobre Leia Walker
se casar com um homem que não é você. Isso é sobre todos os sentimentos que você
tem aí dentro e com os quais não sabe o que fazer. Você pode entrar em um bar e
dar socos para provar que é um homem, mas isso não muda o fato de que você não
é homem o suficiente para fazer nada a respeito sobre dela. — Ele agarra a frente da
minha camisa e puxa o punho para trás como se fosse me bater, mas eu não recuo.

— Vá em frente, se você acha que isso vai fazer você se sentir melhor.
Mas posso te garantir que não. A única coisa que vai fazer toda essa dor ir embora é
pegar o que você quer.

— Eu nem estou no radar dela. — Wade me solta e abaixa a mão.

— Você não sabe disso até lhe contar, — eu aponto, percebendo que uma
multidão se reuniu ao nosso redor, e os River Boys também estão assistindo.
— Vamos, vamos para casa. — Eu aceno com a cabeça para os River Boys
para agradecê-los por seus esforços esta noite antes de abrir a porta do passageiro da
caminhonete, para que Wade possa entrar.

— Sinto muito por ter batido em você, — Cole rosna baixinho enquanto
estamos dirigindo para casa.

— Sinto muito pelo que disse a vocês dois. — Wade mantém a cabeça
baixa e seus ombros batem entre os meus e os de Cole enquanto ele se senta no meio
de nós. — E aquele soco de colegial não doeu mesmo. — Ele levanta a cabeça e um
pequeno risinho surge em seus lábios.

— Talvez eu devesse bater em você com outro e calar a sua boca, — Cole
zomba com uma risada, e assim tudo está certo entre nós novamente. É do jeito que
sempre foi e do jeito que vai ser.

***

Quando voltamos para o rancho, Cole concorda em passar a noite e sobe


as escadas, enquanto Wade vai ao banheiro para limpar o sangue. Ele tem alguns
cortes e hematomas, mas nada que precise de pontos. Vou para a cama, parando no
batente da porta e sorrindo quando vejo Maisie dormindo na minha cama. Eu não
me importo que ela esteja do meu lado. Eu vou fazer um novo lado. Há muitas
mudanças que estou preparado para fazer por aquela garota. Despindo-me o mais
silenciosamente que posso, deslizo ao lado dela, envolvendo meus braços em torno
dela e puxando-a para perto. Ela se mexe um pouco, mas não acorda, e enquanto
estou deitado no escuro com ela em meus braços, sentindo sua respiração, me sinto
um pouco culpado. Meus irmãos também merecem isso. Todos nós já passamos por
nosso quinhão de merda, e tenho certeza de que haverá muito mais por vir. Quero
que sejam felizes, os dois sabem amar, isso não há dúvida. Mas eles devem saber
como é amar sem machucar.

— Estão todos bem? — Maisie pergunta sonolenta.

— Está tudo bem, bebê. Volta a dormir. — Eu beijo o topo de sua cabeça
e a seguro um pouco mais forte.

— Foi por causa de Leia? — ela pergunta, estendendo a mão para acender
a lâmpada, então se apoiando no meu peito.

— O que você acha? — Inclino a cabeça e franzo as sobrancelhas.

— Nós vamos ter que consertar isso. Vou falar com Leia para ver se ela…

— Você tem que deixá-los descobrir por si mesmos, da mesma forma que
fizemos.

A última coisa que quero é Maisie envolvida em qualquer drama Mason.


Não fiquei feliz por ela ter ido almoçar com Aubrey mais cedo, mas descobri que
não se pode cortar as asas dessa garota e, mesmo que pudesse, não o faria.

— Você acha que descobrimos? — ela pergunta, com aquele sorriso suave
nos lábios.
— Você está aqui, não está? E isso pode ser novo para nós, mas já o
queremos há tempo suficiente para garantir que funcione. — Maisie parece satisfeita
com minha resposta.

— Então, o que está incomodando você? — Ela prova que sou péssimo
em esconder minhas emoções.

— Wade mencionou Breanna esta noite. — Deixo escapar um suspiro


pesado e permito que a dor se afunde. Ele está certo, já faz tanto tempo, e não
estamos mais perto de descobrir quem engravidou minha irmã. O que ele está errado
é em pensar que eu desisti. Penso noite e dia em encontrar o filho da puta e fazê-lo
pagar.

— Quer falar sobre isso? — Ela parece preocupada, e não quero


sobrecarregá-la com isso, mas ouvi dizer que falar merda ajuda, e Maisie não quer
segredos entre nós, então vou tentar.

— A razão pela qual Ronnie Mason foi procurar o relatório da autópsia de


Bree é porque ele pegou Aubrey procurando online. Isso me parece estranho, não é
para você?

— É certamente suspeito. Elas eram amigas? Achei que Aubrey tinha a


idade de Cole.

— Ela tem, mas a mãe dela e a minha eram próximas, e Breanna cresceu
com três irmãos mais velhos. Ela via Aubrey como uma irmã.
— Então, você acha que ela sabia sobre o bebê? — O interesse de Maisie
é despertado, posso dizer. Acho que não sabe, mas ela é uma consertadora. — Porque
mesmo que ela soubesse, procurar o relatório da autópsia ainda é meio estranho.

— Você está certa, aí; talvez Wade tivesse razão antes. Não estou tentando
o suficiente para encontrar o filho da puta que a engravidou.

— Garrett, você tem muito com o que lidar por aqui. Você está fazendo
tudo o que pode e, mesmo que descubra quem era o pai, o que vai fazer a respeito?
— Eu olho para seu rosto inocente e seus grandes olhos azuis desejando ter uma
resposta diferente para ela.

— Sem segredos? — Eu verifico se ela ainda quer manter essa regra em


vigor, especialmente quando se trata desse tipo de merda.

— Sem segredos, — ela confirma, com um sorriso.

— Eu vou matá-lo. — Minha voz sai rouca. Vou abrigar e proteger Maisie
de qualquer coisa, mas não vou mentir sobre quem sou. Se vou esperar que essa
garota passe o resto da vida comigo, ela merece honestidade.

Ela não diz nada de volta, apenas sorri para mim com tristeza, então me
beija para me deixar saber que está tudo bem.
Dalton está me ajudando a colocar as compras na caminhonete quando
noto Aubrey Mason saindo do posto do outro lado da rua. Ela olha em volta com
cautela enquanto se dirige para o carro, como se estivesse com medo de que alguém
pudesse vê-la, e pensando no que Garrett me disse ontem à noite, peço licença a
Dalton para correr e falar com ela.

— Ei! — Eu a chamo antes que ela possa entrar. Ela não parece nem um
pouco feliz em me ver, mas não posso deixar isso me incomodar.

— Eu fiz isso, ok? Falei com o xerife Nelson e disse-lhes onde Cole estava
naquela noite. — Sua confissão me pega de surpresa e não consigo me conter.
Lanço-me sobre ela e abraço-a ali mesmo, na rua.

— Obrigada. — Eu me afasto quando percebo que provavelmente a estou


deixando desconfortável e sorrio sem jeito.
— Eu o amo, você sabe, — ela sussurra tristemente, e eu vejo sua
sinceridade.

— Eu sei, — sorrio de volta para ela com tristeza. Desde que voltei para
a cidade, fiquei tão arrebatada por Garrett e sua mudança de opinião que quase
esqueci como é estar com o coração partido.

— Isso vai te colocar em apuros? — Eu verifico. A última coisa que quero


é que isso a coloque em apuros com o marido e a família dele.

— Não sei. — Ela tenta parecer corajosa, e posso ver como está assustada.

— Você fez a coisa certa, e se você se encontrar em apuros, eu sei que


Cole vai cuidar de você. Garrett também. — Espero que isso lhe traga alguma
segurança.

Minhas palavras não parecem confortá-la e, quando entra no carro e se


senta ao volante, seguro a porta para impedi-la de fechá-la.

— Por que estava procurando a autópsia de Breanna no computador do Sr.


Mason? — Eu deixo escapar a pergunta que está dando voltas e voltas na minha
cabeça desde que falei com Garrett na noite passada. Ele precisa de respostas, e se
houver alguma maneira de conseguir para ele, eu o farei.

— Como você…?

— O Sr. Mason encontrou o relatório da autópsia e deu para Garrett, —


eu a informo, fazendo-a parecer ainda mais confusa.
— Como ele...? Por que ele teria dado isso a Garrett? —ela pergunta,
muito perplexa para responder a minha pergunta original.

— Eu não sei, mas preciso saber por que você estava procurando por isso.
Imagine perder uma irmã. Você não gostaria de respostas também?

— Eu perdi uma irmã. — Ela fecha os olhos e respira fundo, e me sinto


mal por esquecer o quão próximas Garrett me disse que elas eram.

— Procurei o relatório na casa de Ronnie porque não temos computador.


Joe odeia tecnologia e eu precisava saber se ela tinha ido em frente com isso.

— Em frente com o quê? — Tenho uma ideia do que ela quer dizer, mas
preciso ouvir dela.

— Ela veio até mim e me disse...

— Sobre o bebê? — Eu intervenho quando vejo que ela está achando


difícil falar sobre isso. Aubrey acena com a cabeça e mastiga a parte interna da
bochecha.

— Eu sei que deveria ter contado a Cole, mas ela confiava em mim e eu
estava preocupada com o que ele poderia fazer.

— Você sabe quem era o pai? — Sinto que poderia estar chegando a algum
lugar aqui e me pergunto o que diabos farei se estiver. Compartilhar a informação
com Garrett seria condenar um homem à morte. Não sei se quero isso na minha
consciência.
— Ela não quis me contar, mas eu tinha suspeitas. — Aubrey desvia o
olhar como se estivesse envergonhada.

— Quem? — Pego seu braço e o agarro desesperadamente. Aubrey é


imprevisível; ela pode se calar a qualquer momento.

— Olha, Maisie, você parece uma garota muito legal, então vou te fazer
um favor e te avisar para ficar fora disso. — Ela estende a mão para a maçaneta para
tentar fechar a porta, mas eu a seguro com firmeza.

— Diga-me. — Meu tom muda de amigável para desesperado.

— Ela estava fazendo um aborto porque o homem com quem ela estava
saindo era casado e se recusava a deixar a esposa. Eu queria verificar o relatório para
ver se ela tinha ido em frente com isso porque, se não tivesse, eu questionaria se ela
pulou de Blackdrop Point ou se foi empurrada. — O olhar frio que ela me dá de
repente deixa tudo claro.

— Você acha que foi Joe, — falo meus pensamentos em voz alta, recuando
em estado de choque, e ela se aproveita do meu choque e puxa a maçaneta com força,
fechando a porta e ligando o motor. Eu fico na estrada e vejo ela se afastar, e não é
até que eu ouço uma buzina alta e sinto mãos em meus ombros que percebo que
estou bloqueando o tráfego.

— Você está bem? Isso pareceu meio aceso. — Dalton levanta a mão
pedindo desculpas ao carro enquanto me ajuda a atravessar a rua e voltar para a
caminhonete.
— Estou bem. — Eu tento afastar o sentimento de medo que acabou de
me invadir. Joe Mason não pode ser a pessoa que engravidou Breanna. Eu esperava
que fosse alguém da minha idade, algum universitário. Não um homem casado. Eu
até suspeitei de Dalton algumas vezes.

— Você conheceu Breanna, gostou dela, certo? — Pergunto-lhe.

— Sim, eu gostava dela. Eu gostava muito dela, — ele me diz, procurando


uma explicação em meu rosto.

— Você sabia que ela estava grávida quando morreu? — Eu verifico. Não
sei se Garrett contou a mais alguém sobre o relatório e não me importo se vou ter
problemas por causa disso. Garrett não pode ficar com raiva de mim por muito tempo
de qualquer maneira, e eu preciso chegar ao fundo disso.

— Eu deveria levar você de volta para casa. — O rosto de Dalton se altera


e ele rapidamente contorna a caminhonete para se sentar ao volante.

— Dalton, diga-me. — Sento no banco do passageiro ao lado dele, não


estou preparada para desistir disso.

— Cale-se! — ele grita comigo cruelmente, e isso me choca como o


inferno. — Merda! Me desculpe, eu não queria gritar com você. — Ele olha para
mim com o rosto vermelho e um sorriso de desculpas.

— Eu sei que você se importava com ela. Eu só estava pensando.


— Não era meu, se é isso que você estava pensando. — Ele liga a
caminhonete e sai, e vendo como ele parece triste de repente, decido ficar de boca
fechada pelo resto da viagem de volta para casa.

***

Wade não volta para casa para jantar, então somos apenas eu e Garrett, e
tento julgar seu humor antes de começar a questioná-lo. Tive a tarde toda para pensar
na minha conversa com Aubrey, e é tudo o que está girando na minha cabeça.

— Como foi o seu dia? — Pergunto, enfiando o garfo na salada que pedi
que Josie fizesse para mim. Juro que se eu comer carne vermelha de novo esta
semana, vou começar a mugir.

— Bom, eu tenho um ajudante de rancho. Ele é verde, mas parece que tem
algum trabalho nele, — Garrett me assegura, pegando sua taça de vinho e tomando
um gole. — Ouvi dizer que você estava falando com Aubrey Mason hoje, — ele
menciona casualmente, mas posso dizer por sua carranca que não há nada de casual
nisso.

— Isso é crime? — Sorrio para ele sedutoramente.

— Não, não é. Vocês duas parecem estar se aproximando, — ele aponta,


limpando a garganta antes de voltar a comer.
— Acho que ninguém se aproxima de Aubrey, bem, ninguém exceto Cole,
de qualquer maneira. — Eu noto o pequeno sorriso que ele dá e percebo que não está
completamente furioso.

— Dalton me denunciou? — Eu pergunto, tentando não parecer chateada


com isso. Embora eu pensasse que Dalton era meu amigo.

— Não o culpe, está na descrição de seu trabalho. — Garrett coloca a faca


e o garfo no prato quando termina, então se inclina sobre eles, fechando as mãos e
apoiando o queixo nelas. O olhar que ele me dá do outro lado da mesa sugere que
ele está esperando uma explicação.

— Ok, posso ter perguntado a ela por que ela estava procurando o
relatório... mas apenas porque quero ajudá-lo. Eu pude ver como você estava tenso
ontem à noite, e se isso é outra coisa que está impedindo Wade de ir ao rodeio, eu
queria fazer o que pudesse. — Falo rápido antes que ele possa me interromper.

— Maisie, não quero você envolvida nisso, — ele me diz, balançando a


cabeça e parecendo frustrado.

— Bem, eu estou envolvida. — Me levanto da cadeira e vou sentar em seu


colo. — Eu te amo. — Decido que é hora de lhe contar, embora tenha certeza de que
ele já sabe. Dificilmente estou jogando o jogo difícil de conseguir que pretendia.

— Sabe, eu planejava te contar isso primeiro. — Ele olha para mim e sorri.

— Bem, você demorou muito, parece ser um hábito seu. — Eu balanço


minhas sobrancelhas para ele sarcasticamente.
— Eu amo, no entanto. Eu te amo. Tudo em você. Até mesmo a parte
chata, persistente e intrometida. — Ele coloca uma mecha de cabelo atrás da minha
orelha e me olha sério. — É exatamente por isso que eu tenho que pedir para ficar
fora disso, — ele sussurra.

— Garrett, eu entendo que você se importa comigo, e adoro isso. Mas não
sou essa garota indefesa e inocente que você acha que precisa ser embrulhada em
algodão. Quero ajudar esta família a se curar. — Deslizo a mão na frente de sua
camisa e toco a cicatriz irregular em seu peito. — Eu sei o quanto tudo isso significa
para você e quero fazer minha parte nisso.

A mão de Garrett levanta e agarra a minha através de sua camisa.

— Meu trabalho é proteger você. Por favor, apenas confie em mim sobre
isso. Fica fora desse assunto. — Suas sobrancelhas franzem como sempre fazem
quando ele está preocupado. — Além disso, você fez o suficiente quando conseguiu
que Aubrey falasse com o xerife. — Ele levanta as sobrancelhas para mim, e acho
que é inútil eu negar.

— Como descobriu isso? — Eu suspiro.

— O xerife ligou cerca de uma hora atrás, disse que Aubrey entrou e disse
que Cole estava com ela naquela noite. Achei que fosse coincidência, já que você só
almoçou com ela ontem.

— Jesus, há alguém nesta cidade que não pula ao seu comando? — Reviro
os olhos e vou me levantar, mas Garrett me segura firme. Ele empurra o prato para
o lado e, em seguida, estende a mão sobre a mesa para pegar o meu, arrastando-o na
minha frente e pegando meu garfo.

— Termine sua comida, — ele ordena, segurando o garfo e estendendo-o


para mim, e quando eu o pego de sua mão antes de espetá-lo na minha salada, eu
respondo à minha própria pergunta.
Espero até que Maisie esteja em um sono profundo antes de sair da cama,
vestir algumas roupas e descer as escadas.

— Está tarde. Para onde você está indo? — Wade pergunta do sofá quando
passo por ele a caminho da porta.

— Recebi uma mensagem de Noah mais cedo esta noite. Zayne conseguiu
fazer seu trabalho e hackear os arquivos de Swann. — Mantenho a voz baixa
enquanto visto a jaqueta e coloco o chapéu.

— Quer que eu vá junto? — Ele já está de pé, mas balanço a cabeça.

— Não, quero que você fique aqui e de olho em Maisie. Não gosto de
deixá-la sozinha.

— Você está preocupado que alguém queira machucá-la? — Wade


também parece preocupado, ele e Maisie sempre foram próximos.
— Não sei, mas alguém matou Cora. — Eu dou de ombros, deixando-o
saber que não vou correr nenhum risco.

— Vamos Garrett, há muitas pessoas que queriam Cora morta. Ela está
irritando as pessoas desde que chegou à cidade. Se você não tivesse dinheiro e poder,
ela te tratava como merda, e se tivesse, a mulher era implacável. Ela tentou o
suficiente com você, para você saber disso.

— Você vai calar a boca? — Eu sussurro para ele, verificando o patamar


para ter certeza de que Maisie não está ouvindo.

— Por que importa se Maisie sabe ou não? Não é como se você tivesse
agido sobre isso. Você colocou aquela prostituta bem no lugar dela.

— É importante porque é a mãe dela e acredite em mim quando digo que


ninguém a odiava mais do que eu, mas ela merece ter boas lembranças. — Eu relaxo
um pouco quando ele acena com a cabeça como se entendesse.

Eu dirijo até à casa do lago onde Noah mora, e não fico surpreso quando
ouço a música forte e vejo que ele tem uma casa cheia de gente. Os River Boys
sabem festejar; eles são jovens e estão se divertindo, e não posso culpá-los por isso.
Embora Noah esteja sempre presente, ele não é como os outros dois. Sua casa pode
ser o ponto de encontro, mas ele está sempre distante da diversão. Não sei de onde
ele veio ou como acabou fazendo o trabalho sujo do prefeito, mas o que sei é que ele
é um baita triunfo.
— Boa noite — Eu inclino o queixo para ele quando o encontro parado
em sua varanda sozinho.

— E aí? — Ele sopra uma espessa nuvem de fumaça e oferece o baseado


que está usando.

— Não uso essa merda há anos. — Balanço a cabeça em recusa.

— Talvez devesse, pode acalmá-lo um pouco. — A merda arrogante ri de


mim antes de começar a falar sobre o que eu vim fazer aqui.

— Aqui. — Pego o pendrive que ele me entrega. — Ele conseguiu todos


os arquivos do caso, — garante.

— Quanto? — Eu pergunto, sabendo que isso levaria algum tempo e


talvez até uma fonte externa. Zayne é bom quando se trata desse tipo de merda, mas
hackear investigadores é outro nível.

— Você não deve nada. — Noah franze a testa e bate no peito sobre a
camiseta preta justa que está usando.

Eu aceno minha apreciação. Quando ofereci a marca aos River Boys em


troca de minha ajuda, questionei se era ou não a coisa certa a fazer. Eles continuam
me provando que eu estava certo em confiar no meu instinto.

— Você olhou por si mesmo? — Eu pergunto, deslizando o USB no meu


bolso.

— Tive que verificar se eu mesmo não era um suspeito; a cadela com


certeza me questionou quando ela veio aqui, — responde Noah.
— E?

— Estamos todos limpos, — ele me assegura, — seu irmão ainda está


marcado, mas presumo que a visita de Aubrey a Nelson o tenha deixado livre.

— Como você ouviu sobre isso?

— Você acha que é o único que tem Nelson no bolso? Ele é um homem
sábio, — Noah sorri habilmente antes de dar outra tragada em seu baseado.

— Então, quem são os suspeitos? — Sei que tenho os recursos para


descobrir por mim mesmo agora, mas estou impaciente.

— Oh, você vai gostar deste... Jason, fodido, McIntyre, — Noah bufa uma
risada.

— E a menos que ele tenha se desenterrado, nós dois sabemos que não é
ele. — Ele se inclina para a frente para descansar os braços na grade da varanda e
olha para o lago. — Você descobrirá por si mesmo quando examinar os arquivos,
mas posso lhe contar agora. A razão pela qual ele é um suspeito é porque houve uma
grande transferência de dinheiro de Cora para ele alguns anos atrás, e seus registros
telefônicos mostram que recentemente ela estava tentando entrar em contato com
ele.

— Cora e Jason? Isso não faz sentido.

— Ela pagou a ele cinco mil por semana antes de seu pai ter o escritório
dele saqueado. — Eu giro a cabeça quando descubro o que ele está me dizendo, e o
pior é que não me surpreende.
— Vadia sorrateira! — Eu balanço a cabeça e tento abater a raiva
crescendo dentro de mim. Tenho que ir para casa, para Maisie, e não posso levá-la
comigo.

— Como a polícia não consegue encontrá-lo e seu irmão está limpo, acho
que eles estão um pouco presos. — Noah joga seu baseado acabado em um dos
arbustos e se vira para mim.

— Você sabia que Cora estava passando muito tempo com o velho Mason
antes de morrer? — ele me informa.

— Estou começando a me perguntar se você é tão ruim quanto Dolores.


— Eu rio.

— Não, o prefeito Walker me faz ficar de olho no velho de vez em quando.


Eu não acho que ele confia nele tanto quanto todos pensamos. Ou isso ou ele estava
com ciúmes.

Todos em Fork River suspeitam que Cora e Walker tinham algo, e embora
ele nunca tenha feito nada para esconder sua afeição por ela, ninguém jamais o
acusaria disso. Ele tem uma reputação completamente limpa que trabalha muito para
manter. Escondido por trás de toda a política, ternos chiques e a família perfeita, está
um homem que, no fundo, não é melhor do que nós. Walker fecha os olhos para
coisas que eu e minha família fazemos, e sei que é porque ele acha que um dia pode
precisar de nós.
Noah não precisa compartilhar essa informação comigo, e o fato de que
ele precisa me faz confiar ainda mais nele. Alguns podem chamá-lo de canhão solto,
mas tudo o que consegui dele foi lealdade.

— Ele também é suspeito?

— Quem, Walker? — Noah ri e balança a cabeça. — Você sabe que aquele


homem não suja as mãos e tem um álibi firme. Ele era o leiloeiro em algum baile de
caridade oferecido pela faculdade de Kristen.

— Eu não estava, por um segundo, pensando que ele tinha feito isso
sozinho. — Dou a Noah um olhar suspeito.

— Posso dizer que, nesta ocasião, minhas mãos também não estão sujas.
Swann está procurando alguns de seus ex-maridos, no entanto. Acontece que Cora
deixou alguns deles com problemas financeiros, — acrescenta.

— Bem, eu não me importo com quem a matou, contanto que Swann não
pense que foi algum de nós, e quem quer que tenha sido, não vai vir atrás de Maisie.

— Eu acho que você está claro sobre isso, Cora tinha muitos inimigos,
mas não vejo razão para eles quererem machucar sua garota. — Empurrando-se para
fora do trilho para ficar em pé. — Você quer ficar por aqui para tomar uma cerveja?
— ele oferece.

— Nah, tenho que voltar, mas agradeço, no entanto. — Eu o deixo para


voltar para sua festa e volto para minha caminhonete.
Quando chego em casa, fico surpreso ao encontrar Maisie acordada,
sentada no sofá e assistindo TV. Ela pega o controle remoto e aponta para a tela para
desligá-la antes de correr em minha direção. Pulando no meu corpo, ela envolve os
braços em volta do meu pescoço e as pernas em volta dos meus quadris.

— Para onde você se esgueirou? — Ela pede tão docemente que eu quero
devorá-la. Bem aqui, agora, no chão da minha sala.

— Onde está Wade? — Eu dou uma olhada em volta para qualquer sinal
dele enquanto a carrego até ao balcão de bebidas e descanso sua bunda em sua
superfície.

— Ele foi para a cama pouco depois de eu acordar. — Ela tira o chapéu
da minha cabeça e o joga no sofá antes de eu deslizar a camiseta enorme que ela está
usando para cima de suas coxas e beijar seus lábios.

— Sentiu minha falta? — Eu me afasto para perguntar, e quando ela


balança a cabeça, aperto seus quadris com tanta força que ela grita.

— Ok, talvez eu tenha sentido um pouco sua falta, — ela admite, e como
uma recompensa para ela honestamente, eu deixo minha mão deslizar entre suas
pernas. Quando descubro que ela não está usando calcinha, levanto as sobrancelhas
para ela e deslizo o dedo provocativamente entre a fina mecha de cabelo que ela tem
nos lábios de sua boceta.

— Parece que você sentiu minha falta mais do que só um pouquinho, —


eu indico quando ela encharca meu dedo.
Ela dá de ombros, e o sorriso fofo em seu rosto faz meu coração doer.
Tudo isso parece bom demais para ser real. Estou apenas esperando que me seja
arrebatado e não sei como consertar isso. Ainda assim, parece um pequeno sacrifício
quando o comparo com a dor de não a ter.

— Preciso ir ao médico, — ela deixa escapar, me pegando de surpresa e


instantaneamente me deixando preocupado.

— Está doente? — Eu dou um passo para trás para que possa verificá-la.

— Não, mas se continuarmos fazendo isso, algo provavelmente vai


acontecer, e eu deveria tomar uma daquelas injeções que evitam isso. Eu sei que
você disse que iria resolver, mas... — Eu bato minha boca sobre a dela para impedi-
la de falar. Ela está certa, prometi-lhe há alguns dias que cuidaria do controle de
natalidade, e não o fiz. A verdade é que não gosto da ideia de impedir que isso
aconteça. Eu tive uma visão por três anos de como eu queria que minha vida fosse,
e já perdi muito tempo.

Afasto sua mente de médicos e injeções acariciando seu clitóris, e quando


ela começa a se atrapalhar com meu cinto para me libertar, sei que tive sucesso. Eu
a ajudo a tirar meu pau, acariciando-o na palma da minha mão enquanto me
aproximo de sua entrada, e quando ela aperta suas pernas em volta de meus quadris,
eu empurro para dentro dela.

Eu a tomo com muito mais força do que antes. Seu corpo está começando
a se acostumar comigo agora, não preciso ser tão gentil com ela, e a julgar pelos
barulhos que está fazendo, suponho que ela goste.
— Shhh! Você vai acordar Wade. — Bato minha mão sobre sua boca,
pressionando minha testa contra a sua enquanto empurro profundamente dentro dela.
Meu outro braço envolve seus quadris, empurrando-a com mais força contra mim
para garantir que receba cada centímetro.

Eu a fodo rápido e forte, e quando ela goza, afunda os dentes na palma da


minha mão e olha ferozmente nos meus olhos. Posso sentir minha própria libertação
chegando e sei que devo desistir. Maisie acha que ainda não está pronta, não devo ir
contra a vontade dela, mas a ideia de engravidá-la me faz empurrar meus quadris
ainda mais fundo.

— Sem limites. — Não percebo que disse meus pensamentos em voz alta
até ver a confusão em seu rosto, e quando sinto os espasmos do meu pau, pulsando
esperma quente profundamente em sua boceta desprotegida, sei que não importa o
quanto eu tente, eu nunca serei realmente um bom homem.

— Sem limites para quê? — ela pergunta quando eu coloco minha cabeça
em seu ombro e tento recuperar o fôlego.

— Sem limites para o que eu faria para manter você. — Eu consigo dizer,
levantando a cabeça para ver sua reação. Eu não sei se ela entende o que isso
significa para ela ou não, mas não protesta quando eu seguro suas pernas firmemente
ancoradas em meus quadris, então meu pau permanece enraizado tão profundamente
dentro dela quanto eu consigo.
— Por favor, eu amo a feira, — imploro a Garrett enquanto cavalgamos
de volta para o pátio. Insisti em cavalgar com ele esta manhã, e se vou fazer deste
meu lar permanente, vou ter que saber um pouco sobre como o lugar funciona.
Também preciso conversar com Garrett sobre a situação do controle de natalidade.
Estamos jogando um jogo arriscado, mas posso sentir que ele não está de bom humor
hoje. Então, em vez de tocar no assunto, tento animá-lo. Todo mundo ama a feira,
né?

— Assim como todos os meninos do barracão. Eu dou-lhes folga todos os


anos, o que significa que este lugar precisa de mim aqui.

— Ei, vocês vão à feira hoje à noite? — Dalton levanta os olhos do cavalo
que está preparando para nos convidar, e não perco o jeito que Garrett revira os olhos
enquanto pula de Thunder.
— Obrigado por isso, — ele rosna para Dalton antes de entregar-lhe as
rédeas e estender os braços para me levantar de Darcy. Certifico-me de que meu
corpo roça no dele enquanto deslizo.

— Não podemos ir, Garrett está ocupado, — eu reviro os olhos antes de


levar Darcy para o estábulo.

Está escurecendo lá fora, e passei a tarde inteira organizando a


administração do rancho em um sistema com o qual posso trabalhar. Liguei para
Savannah e disse-lhe que não voltaria para Los Angeles. Não quero deixá-la em
dificuldades, então ofereci-me para pagar mais alguns meses pela renda enquanto
ela procura alguém que ocupe o meu quarto, mas ela assegurou que tem tudo sob
controle.

Ela provavelmente está aproveitando todo esse tempo que está ficando
sozinha com o namorado sem me ter deprimida por lá.

— Está pronta? — Eu olho para cima quando vejo Garrett parado na porta,
ele parece tão bonito na camisa preta e jeans que está vestindo, e está usando seu
chapéu preto também.

— Pronta para quê? — Eu não o vi o dia todo. Achei melhor deixá-lo


sozinho, pois ele claramente tem algo em mente.

— Para ir à feira, é onde você quer ir, não é? — Sinto o sorriso em meus
lábios, mas não corro para abraçá-lo como gostaria.
— Eu pensei que você estava muito ocupado? — Dou de ombros como se
isso não me incomodasse de qualquer maneira.

— Wade se ofereceu para cuidar das coisas, e como você ficou toda
amuado comigo no pátio, achei melhor aceitar isso.

— Eu não estava amuada. — Quando cruzo os braços sobre o peito e bufo,


ele ri de mim.

— Vamos querida, a feira só acontece uma vez por ano. — Ele faz um
gesto com a cabeça em direção à porta da frente, e eu desisto de fingir que não estou
desesperada para ir fechando rapidamente o laptop e pegando meu telefone antes
que ele mude de ideia.

A Grande Feira de Fork River não é uma fração do tamanho das que temos
em Los Angeles, mas há muito o que fazer, e acho que até Garrett está se divertindo
um pouco. Ele ri de mim quando eu tento ficar no cavalo, então aumenta a multidão
quando ele mesmo assume a sela e mostra que não estava brincando quando disse
que costumava ser bom nisso. Então, finalmente, depois de lhe pedir a noite toda,
ele concorda em me levar na roda-gigante.

— Este seria um bom momento para dizer a uma garota que você a ama,
— digo, me sentindo no topo do mundo quando chegamos ao cimo e temos todas as
luzes brilhantes abaixo de nós.

— Preciso te dizer? — Ele me beija e prova que as ações falam mais alto
que as palavras.
— Ainda assim, não custa dizer. Acho que nunca me cansarei de ouvir
você dizer essas palavras para mim.

— Eu te amo, — ele me diz, com um olhar sério em seus olhos.

— Por que tenho a impressão de que essas palavras te assustam? — Eu


pergunto.

— Porque assustam. Elas me petrificam, — ele admite, e o braço que tem


em volta do meu ombro aperta um pouco mais.

— É por isso que suas palmas estão suando? — Eu rio, liberando a mão
que coloquei sobre meu ombro para que possa segurar a dele e enxugá-la em seu
jeans.

— Não, elas estão suando porque eu odeio alturas! — ele confessa, e


quando caio na gargalhada, isso faz o carrinho balançar, e Garrett agarra a barra de
segurança. Claro, ele estava adiando entrar aqui desde que chegamos, mas não
demonstrou medo quando entramos.

— Então o que diabos você está fazendo a mais de 60 metros de altura,


andando em uma roda-gigante? — Eu pergunto-lhe, ainda sorrindo.

— Porque a garota que eu amo quis. — Ele toca a palma da mão fria e
suada na minha bochecha e me beija. — E estou superando meus medos hoje em
dia. — O olhar que ele me dá faz com que a sensação de calor no meu peito se
espalhe pelo resto do meu corpo, e eu me aconchego em seu peito e aproveito o resto
do passeio.
Estou carregando o enorme urso que ele ganhou para mim no campo de
tiro quando nos deparamos com Leia e Caleb. Ele anda com arrogância, olhando
com desprezo para as pessoas como se fosse melhor do que elas, e embora seja
apenas alguns anos mais velho que eu, ele parece tão deslocado aqui no meio de toda
essa diversão. — Ei, — Leia parece animada em me ver, e quando me puxa para um
abraço, ela quase suga todo o ar dos meus pulmões.

— Vocês querem sair? — Ela parece tão esperançosa, e estou prestes a


dizer sim quando Garrett me interrompe.

— Na verdade, estávamos prestes a voltar para casa. Não posso deixar


Wade fazer tudo sozinho esta noite.

— Estou surpresa que ele não esteja aqui. Wade adora a feira. Geralmente
nos reunimos. — Leia parece um pouco triste, e Caleb tem um olhar presunçoso no
rosto que eu realmente odeio.

— Sim, bem, Wade não se importa em fazer um sacrifício de vez em


quando, — Garrett responde em um tom hostil enquanto encara Caleb Mason bem
nos olhos. Agarro sua mão e a aperto com força, esperando que ele se lembre de que
esse é o noivo da minha amiga.

— Mas vocês tenham uma ótima noite, — digo a Leia, esperando que essa
coisa estranha que os Carson têm com os Mason não vá arruinar nossa amizade.

Demoramos um pouco para sair, Garrett parece conhecer todos na cidade


e todos querem falar com ele.
— Bem, me belisca e fala que eu não estou sonhando. O que é isso que eu
vejo? Garrett Carson cortejando? — Uma velha de cabelos grisalhos e óculos sorri
calorosamente para ele enquanto passamos pelos portões voltando para a
caminhonete.

— Maisie, esta é Dolores, — ele nos apresenta, lançando-me um olhar que


me diz para agradá-la.

— Lembro que você costumava ir à lanchonete quando estava na cidade


alguns verões atrás, — ela me diz.

— Eu ia. Não pensei que você se lembraria de mim, — dou uma risada.

— Dolores não se esquece de nada, — Garrett levanta as sobrancelhas, e


isso lhe rende um forte empurrão do cotovelo da mulher.

— Bem, é bom ver alguém colocando um sorriso no seu rosto. — Ela


acena com a cabeça para mim enquanto seguimos em frente e quando chegamos à
caminhonete, jogo o urso na parte de trás e agarro Garrett pela mão. Ele é pego de
surpresa quando o arrasto para as sombras atrás da porta traseira da caminhonete,
beijando-o enquanto começo a desamarrar seu cinto.

— O que você está fazendo? — Ele pergunta, verificando ao nosso redor


no caso de alguém estar por perto.

— Você já teve um boquete na feira antes? — Olho para ele enquanto me


ajoelho na frente dele e penso no que ele fez comigo no banheiro do prefeito.
— Não. Você já deu? —O olhar questionável em seu rosto me diz que ele
não gosta da ideia disso, e eu sinto prazer nessa possessividade ciumenta que ele
tem. Balanço a cabeça antes de pegar seu pau em minha mão e começar a trabalhá-
lo em meu punho. Ele já está duro, mas cresce ainda mais em tamanho enquanto o
bombeio lentamente e o arrasto em direção aos meus lábios.

— Puta que pariu! — ele amaldiçoa, amassando meu cabelo em seu


punho enquanto tomo tanto dele quanto consigo, puxando-o para trás lentamente e
chupando-o com força. Não tenho ideia se o que estou fazendo é certo, nunca tive o
pau de um homem na minha boca antes, mas quando Garrett começa a gemer da
mesma forma que faz quando está dentro da minha boceta, acho que estou fazendo
algo certo.

Tento levá-lo inteiro, mas ele é muito grande, e eu acabo engasgando.


Garrett parece realmente gostar disso também, porque ele segura minha cabeça com
as duas mãos e assume o controle, certificando-se de que eu engasgo, de novo e de
novo.

— Você é uma garota má, Maisie Wildman. — Ele agarra meus braços e
me levanta do chão, em seguida, passando seu corpo ao redor do meu para que ele
fique atrás de mim, ele pega minhas mãos e as coloca no topo da porta traseira.

— Segure firme nisso, — ele sussurra, deslizando as mãos pelo meu corpo
e abrindo o botão da minha calça jeans. Ele as força até aos joelhos, e um arrepio
lateja dentro de mim quando sei o que está por vir.
— Isso vai ser rápido e forte, porque não há como esperar até voltarmos
para casa, — ele fala em meu ouvido atrás de mim. — Mas, eu prometo que quando
te colocar na cama, vou retribuir o favor. — Agarro a porta traseira com força
enquanto ele me enche com um empurrão lento e agonizante. Então, depois de se
segurar dentro de mim por alguns segundos e sentir o jeito que eu pulso ao seu redor,
ele começa a bombear seus quadris. Ele empurra em mim tão forte e rápido que eu
esqueço que estamos em um campo cheio de carros quando gozo, e realmente grito.

— Desculpe, — sussurro, recuperando o fôlego e mordendo o lábio


quando ele começa a me levar a outro orgasmo.

— Grite o mais alto que quiser querida, eu quero que toda, maldita cidade
saiba que você é minha, — ele rosna em meu ouvido antes de mordê-lo, e depois
que eu gozo pela segunda vez, ele passa o braço pelo meu corpo e aperta a mão em
volta da minha garganta enquanto ele goza. Ele não parece se importar que eu esteja
desprotegida. Tenho a impressão de que ele meio que gosta disso, e quando me gira
e segura meu rosto com as duas mãos, beijando-me com tanta força que fico tonta,
percebo que também não me importo.

***
Quando voltamos para o rancho, Garrett está de ótimo humor; ele até
cantou um pouco com a música que estava tocando na caminhonete, batendo o
volante no ritmo e me fazendo rir.

Garrett abre a porta da frente para mim e pendura o chapéu antes de me


beijar e me levantar sobre seu corpo. Ele começa a me carregar escada acima, e eu
pressiono beijos em seu pescoço enquanto ele dá cada passo. Quando para
abruptamente, levanto a cabeça para ver o que o está incomodando.

— Isso é estranho. — Ele me coloca de pé novamente e se dirige para a


porta do outro lado do patamar.

— O quê?

— A porta do quarto de Breanna está aberta. — Vejo raiva em seu rosto


quando ele olha para dentro, e quando passo ao lado dele e vejo a bagunça que foi
feita, um arrepio passa pela minha pele.

— Que diabos? — Ele passa por cima das gavetas que foram puxadas para
fora e para o meio delas, e eu rapidamente corro para verificar os outros cômodos.
O meu está exatamente como o deixei, e o quarto que divido com Garrett agora
também parece intocado, mas quando abro a porta e vejo a bagunça do antigo quarto
de Bill e mamãe, suspiro.

— Este era o quarto da sua mãe, — Garrett entra atrás de mim enquanto
olhamos em volta todas as roupas e caixas de sapato que estão espalhadas pelo chão,
junto com os móveis quebrados. De repente me sinto mal por nem pensar em
perguntar onde estavam as coisas dela e querer mexer nelas.

Mas não tenho tempo para pensar nisso porque o olhar distante no rosto
de Garrett e a maneira como as veias em seu pescoço estão pulsando me dizem que
todos os meus esforços precisam ser feitos para mantê-lo calmo.

— Está tudo bem, podemos esclarecer isso e vamos verificar o resto da


casa para ver o que foi levado.

— Não estou preocupado com o que quer que essa pessoa tenha levado.
Estou preocupado com o fato de eles terem estado aqui. Em sua casa.

— Nossa casa, — eu o lembro, me aproximando para envolver meu braço


em volta dele e segurar sua mão. Posso sentir seu pulso batendo e suas narinas
dilatadas como um touro prestes a atacar.

— E se você estivesse aqui, como naquela noite em que papai... — Eu o


observo engolir em seco enquanto ele relembra a memória.

— Eu não estava, no entanto. Estava com você, segura. — Eu o agarro um


pouco mais apertado, tentando esconder o fato de que estou assustada com a ideia
disso também. E saber que alguém esteve aqui está me deixando desconfortável.

— Por quê. Por que eles estavam aqui? — ele me pergunta com olhos
estreitos que brilham com perigo.

— Eu não sei, mas parece que estavam procurando por algo. — Saio para
o corredor e dou uma olhada rápida nos outros quartos, nenhum deles parece ter sido
revirado, e quando volto para o antigo quarto de mamãe onde o deixei, encontro-o
sentado na cama, respirando pesadamente. Eu só o vi parecer tão louco algumas
vezes antes, e da última vez ele acabou matando.

— Como foi a feira? — Ouço a voz de Wade chamar pela casa e me inclino
sobre o corrimão.

— É melhor você subir aqui, — digo, observando-o subir as escadas


correndo quando percebe o olhar sério em meu rosto.

— Que porra é essa? — Ele parece tão chocado quanto Garrett quando vê
o estado do antigo quarto da minha mãe.

— O quarto de Breanna está igual. Você não viu ou ouviu nada? — Garrett
verifica.

— Não, estive no barracão jogando hold'em com Mitch e Otis. Eles


levaram alguma coisa? — ele pergunta.

— Como vou saber se toda essa porcaria pertencia a Cora? — Garrett sai
furioso do quarto e eu o sigo enquanto ele desce as escadas direto para o armário de
bebidas.

Ele se serve de uma bebida e engole de uma só vez.

— Puta merda! — Ele joga o copo na parede, me fazendo pular.

— Ei, acalme-se. Por que você está com raiva dela? Isso não é culpa dela.
Ela está morta. — Eu vou até ele para tentar confortá-lo, mas ele continua rígido.
— Você poderia estar aqui, — ele repete, rosnando entre dentes como se
isso fosse tudo o que importasse.

— Mas eu não estava. Vai ficar tudo bem.

— Não, não vai. E se quem fez isso voltar e eu não estiver aqui? Quem
quer que seja, está claramente procurando respostas, e sei o quão perigoso isso pode
tornar um homem. — Ele balança a cabeça para mim. — Maisie, você não tem ideia
do tipo de pessoa que sua mãe era. Ela era cruel e implacável. Ela pagou Jason
McIntyre para invadir na noite em que meu pai morreu, e ela mal esperou até que
ele estivesse frio antes de tentar se meter na minha cama.

De repente, vou para trás e coloco algum espaço entre nós porque não
posso acreditar no que estou ouvindo.

— E você? — A pergunta treme em meus lábios.

— Não. — Garrett parece irritado enquanto balança a cabeça. — Só estou


dizendo que ela não pararia até conseguir o que quer.

— Você a matou? — Eu pergunto-lhe novamente. Eu sei que ele disse que


não, e sim, ele tem um álibi, mas Garrett me prometeu que não haveria segredos, e
o que ele acabou de revelar são alguns segredos bonitos, pesados e fodidos e uma
boa razão pela qual ele a podia querer morta.

— Por que acha que eu faria isso, porra? Posso não ser um maldito santo,
mas tenho moral.

— Talvez não, mas e eles? — Sinto as lágrimas crescerem em meus olhos.


— Quem?

— Os homens que usam sua marca. Já ouvi falar deles. Eu ouvi como seu
pai parou com ela, e então você a trouxe de volta. Até onde esses homens iriam por
você?

Garrett me choca quando ele fecha o espaço entre nós, olhando para mim.

— Até onde eu lhes pedisse, — ele me diz, com uma ponta de escuridão
em seu tom. — Mas essa não é a pergunta que você deveria estar fazendo aqui. Sim,
eu odiava sua mãe com todas as partes da minha alma podre. Eu pensava em matá-
la todos os dias, e isso foi antes de descobrir que ela era a pessoa que planejou a
invasão de domicílio que matou meu pai. E devo lhe dizer por que nunca agi de
acordo com esses pensamentos? — Ele agarra meu braço como se estivesse com
medo de que eu fuja dele, mas ele deveria saber melhor. Eu o amo, mesmo com essa
alma podre.

Balanço a cabeça lentamente e tento segurar as lágrimas enquanto espero


por sua resposta.

— Porque eu sabia que, se o fizesse, nunca mais seria capaz de te olhar


nos olhos. E eu preferia dormir com o diabo na minha porta do que desistir da
esperança de ter você.

Ele me solta e marcha para fora da porta na direção do pátio, batendo-a


com tanta força atrás de si que as vigas estremeceram.
Saio pela porta precisando soltar essa raiva. Eu tenho que encontrar uma
maneira melhor de conter minha raiva. Não deveria ter levantado a voz para ela;
nada disso é culpa dela. Tudo isso recai sobre Cora e quem ela irritou o suficiente
para querê-la morta.

— Garrett! — Mitch me chama do outro lado do pátio e provavelmente


pode dizer, pelo jeito que estou andando, que estou chateado. Ele joga a fumaça no
chão antes de começar a caminhar em minha direção, e eu tento me acalmar o
suficiente para explicar o que aconteceu.

— Alguém esteve na casa. — Cerro os punhos e me lembro de respirar.

— O que você quer dizer? Eu, Wade e Otis estivemos aqui a noite toda.
— Mitch balança a cabeça como se pensasse que eu estava inventando.
— Quero dizer, alguém esteve na porra da minha casa! — Eu bato nele
também, e quando pego meus cigarros, minhas mãos tremem de tanto dano que eles
querem fazer.

— Eles destruíram o quarto de Bree e o de papai também. Eles estavam


procurando por algo. — Consigo tirar uma faísca do meu isqueiro e dou uma tragada
forte, esperando que o fumo que enche meus pulmões alivie a tensão. Não posso
voltar para dentro, não enquanto estiver com essa porra de raiva.

— Eles levaram alguma coisa? — Ele esfrega a mão na barba, como


sempre faz quando está pensando em alguma coisa, e espero que esteja pensando
com alguma porra de lógica. Porque eu com certeza não estou!

— E se ela estivesse aqui sozinha? — Eu ignoro sua pergunta e me


concentro no que importa, lutando muito para conter a fúria dentro de mim.

— Improvável, você mal saiu do lado daquela garota desde que ela voltou
para a cidade, — Mitch sorri, e eu jogo meu punho na porta do celeiro em frustração.

— Mas haverá momentos, — eu indico, sabendo que não posso estar


sempre por perto para protegê-la. — Tem estado quieto ultimamente, mas e quando
não está? — Sento-me em um dos caixotes, pressiono a nuca contra o revestimento
de madeira e olho para as estrelas.

— Você não pode mantê-la sob vigilância 24 horas. — Mitch parece muito
mais sério quando se senta ao meu lado. — Ela é obstinada demais para isso, mesmo
que você pudesse.
Ele tem razão, sinto que já a sufoquei o suficiente desde que ela voltou,
mas ele não entende como foram esses três anos sem ela. Ninguém sabe porque eu
guardei para mim.

— Eu me arrependi de deixá-la ir no segundo em que ela saiu, e nunca


pensei que ela me daria uma segunda chance. Eu não sei como... — Me esforço para
pronunciar as palavras porque elas soam tão patéticas.

— Alguns homens não foram colocados nesta terra para amar, Garrett.
Eles simplesmente não têm isso em si. Eu conheci muitos desses homens, e você não
é um deles.

— E eu acho que você pensa que é, certo? — Eu dou uma risadinha apesar
do fato de meu coração estar bombeando veneno.

— Bem, tenho cinquenta e um anos e moro naquele barracão desde os


quinze. Não há nenhuma mulher que eu tenha conhecido ainda, para me tirar disso.
— O olhar inteligente em seu rosto sugere que ele está orgulhoso desse fato. — Você
não tem muito o que admirar em relação a relacionamentos saudáveis, admito. Mas
isso não significa que você não tenha chance nisso.

— Eu só quero prendê-la longe de todo o mundo e mantê-la segura. —


Tento explicar como é, desistindo de me preocupar com o quão fraco isso me faz
parecer. — Coisas ruins tendem a acontecer com as pessoas de quem gosto, e não
posso correr riscos com ela. Sou egoísta por trazê-la para tudo isso, mas não consigo
deixá-la ir.
— Pare de se odiar. A vida é para ser vivida, filho, e pelo que parece, você
teve uma segunda chance. Não perca um segundo temendo o que ainda não
aconteceu.

Mitch sempre teve um jeito de me fazer colocar a cabeça no lugar.

— A pessoa que esteve aqui esta noite só passou por esses dois quartos.
Isso não faz sentido. Não há conexão entre Cora e Breanna; elas nunca se
conheceram. Bree morreu mais de um ano antes de papai se casar novamente. — Eu
falo meus pensamentos em voz alta. Se eu tentar entender tudo isso, posso chegar
mais perto de descobrir quem é o responsável.

— Talvez eles estivessem passando por todos os cômodos e ficaram


perturbados? — Mitch dá de ombros.

— Nah, é muita coincidência, eles teriam que passar pelo meu antigo
quarto e pelo de Cole para se meter entre eles. E por mais que eu não queira pensar
nisso, tenho que levar em consideração o fato de que a pessoa que matou Cora pode
querer machucar Maisie também. — Odeio até mesmo dizer essas palavras, e odeio
não ter ideia de quem está por trás de tudo isso ou de seus motivos. Mas acima de
tudo, eu odeio ter a cabeça muito alta nas nuvens para ver isso chegando.

— Cora entendeu o que estava por vir, mas não acredito nem por um
segundo que quem apagou as luzes dela iria querer machucar sua garota. — Mitch
balança a cabeça, batendo na minha perna enquanto se levanta para voltar para o
barracão.
— Foi você? — Pergunto, sabendo que não há nada que Mitch não faria
pelo bem deste rancho. Ele viu o veneno naquela mulher e viu que ela era o único
obstáculo que tínhamos. Ela estava constantemente procurando por qualquer
atividade ilegal que pudesse usar para nos derrubar.

— Fiquei no barracão a noite toda, você sabe disso. — Ele se vira, tirando
o chapéu, empurrando para trás o cabelo prateado e selvagem antes de recolocá-lo
no lugar.

— Só porque é isso que todo mundo está dizendo. Você está me dizendo
que nenhum de vocês jamais mentiu um para o outro antes? — Eu ergo as
sobrancelhas, esperando por uma resposta honesta.

— Muito, mas nunca para você, chefe. — Ele acena com a cabeça para
mim e sorri antes de seguir seu caminho.

Eu fico do lado de fora um pouco mais, deixando o ar fresco da noite


diminuir o calor do meu humor. Mitch está certo sobre um monte de coisas, mas ter
alguém aqui esta noite me enerva. Preciso descobrir quem fez isso, e preciso fazer
algo para manter Maisie segura quando não puder estar aqui. Nos últimos meses,
Mitch tem cantado elogios a Otis, sugerindo que ele seja um pouco mais profundo.
Talvez esta seja uma oportunidade para ele provar a si mesmo. Falarei com ele
amanhã e verei se ele quer assumir algumas responsabilidades extras.

Por fim, volto para dentro e encontro Maisie no quarto de Breanna. Ela
não me nota imediatamente; está muito ocupada pegando coisas do chão.
— Venha aqui. — Eu a faço pular quando falo, provando que apesar dela
estar tão calma, ela está um pouco assustada com o que aconteceu aqui esta noite.

Ela não vem até mim, apenas fica parada e olhando, segurando o urso que
Breanna sempre carregava com ela quando era mais jovem. Mesmo quando ela tinha
dezesseis anos, ela não conseguia se desfazer daquela coisa velha e esfarrapada e
ainda a mantinha em seu travesseiro.

— Sinto muito, — eu digo as palavras baixinho, e com sentimento porque


os homens Carson não têm o hábito de se desculpar, então dando um passo em
direção a ela, pego o urso de sua mão. Quando olho para ele e me lembro de como
minha irmã cuidou dele, sinto um arrepio no fundo da garganta. Breanna se
importava com todos. Quando mamãe foi embora; ela foi mais forte do que qualquer
um de nós. Ela era a única coisa que nos mantinha decentes. Eu e meus irmãos
podemos ter nossas divergências, mas a única coisa em que todos concordamos foi
em protegê-la. Isso nos aproximou em um momento em que precisávamos uns dos
outros mais do que nunca, e o mais triste disso tudo é que falhamos com ela.

— Ela adorava essa coisa. — Eu dou uma risada triste quando o coloco de
volta na cama onde ele pertence, e então passo meus olhos sobre o quadro de avisos
que está pendurado acima de sua cômoda. Está cheio de fotos, principalmente dela
fazendo caretas com a irmã mais nova de Leia, Karina, e alguns de seus outros
amigos. Há uma foto de nós quatro que foi tirada no aniversário de papai, cerca de
uma semana antes de ela morrer. Olhar para ela agora e saber que ela estava grávida
quando foi tirada deixa um gosto amargo na minha boca. E quando olho para ela e
Darcy e vejo Dalton ao fundo, o olhar em seu rosto coloca um pensamento inquieto
em minha cabeça.

— Está perdoado. — Maisie chega atrás de mim e beija o topo do meu


braço antes de admirar as fotos comigo. Acho que ela nunca viu Breanna antes. Papai
tirou todas as fotos da casa e, por mais curiosa que Maisie possa estar, acho que ela
nunca esteve aqui até hoje à noite.

— Leia me contou algumas coisas sobre ela. Você acha que ela teria
gostado de mim? — ela pergunta baixinho, deslizando o dedo sobre a foto de
Breanna nas costas de Wade. Ele era, sem dúvida, seu irmão favorito; talvez fosse
porque eles eram mais próximos em idade ou porque ele estava sempre procurando
se divertir.

— Acho que ela teria amado você. —Sinto um nó na garganta quando


penso no fato de que elas nunca vão se encontrar, mas tenho que me concentrar no
que é importante. Preciso encontrar esta ligação. Não sei o que o intruso desta noite
estava procurando, mas esperavam encontrá-lo aqui ou no quarto de Cora.

— Você viu Dalton hoje à noite? — Eu pergunto, tentando não parecer


suspeito. Sei o quanto Maisie gosta dele. Gosto dele também. Confio nele, é por isso
que ele usa a marca, mas vê-lo naquela foto me lembra o jeito que ele olhava para
Breanna. Eles sempre andavam juntos, e acho que era porque eram amigos, mas e se
fossem mais?

— Na feira? — Maisie pergunta, parecendo confusa. — Todos os meninos


do barracão estavam lá.
— Sim, mas você viu Dalton?

— Eu... eu não sei. Garrett... você está...?

— Ele gostava dela, — eu falo sobre ela, lembrando a maneira como Wade
costumava provocá-lo por isso. — Preciso falar com ele. — Quando me dirijo à
porta, Maisie me puxa para trás.

— Hoje não, você está com muita raiva, e eu preciso de você aqui comigo.
— A preocupação em seus olhos me mantém exatamente onde estou, e eu a pego em
meus braços e a puxo para perto.

— Eu fico com você, — eu prometo, beijando o topo de sua cabeça e


respirando o cheiro de seu cabelo. — Vamos, vamos para a cama. Foi uma longa
noite. — Eu a conduzo para fora do quarto da minha irmã, então, dando uma última
olhada ao redor, apago a luz e fecho a porta.

***

O sol ainda nem nasceu quando arrasto minha bunda para fora da cama e
deixo Maisie dormindo. O que preciso perguntar a Dalton esteve em minha mente a
noite toda. Eu sei que ele já estará de pé; ele é sempre o primeiro a sair do barracão
e o último a voltar. Trabalha tanto quanto o tio.

— Bom dia, chefe. — Ele inclina a cabeça para mim quando entro no
estábulo.
— Você foi à feira ontem à noite? — Eu vou direto ao ponto, tentando
manter minha voz casual.

— Não, senhor. — Ele se concentra no feno que está juntando.

— Onde você estava? — me inclino contra a porta do estábulo e o estudo


com atenção. Dalton não me parece alguém capaz de contar uma boa mentira.

— Você só vai rir de mim, — ele suspira antes de passar por mim para
pegar o carrinho de mão.

— Me teste. — Estou achando cada vez mais difícil não arrancar dele a
resposta.

— Estive conversando com essa garota em um desses aplicativos e a


encontrei ontem à noite, mas acho que não a verei novamente. — Se essa for a
verdade, ele parece desapontado com isso.

— Vou te fazer uma pergunta, e não quero uma resposta idiota, — eu o


aviso, e quando ele olha para mim e acena com a cabeça, eu rezo por ele para que
ele não me dê aquela que tenho suspeitado.

— Você tinha sentimentos por minha irmã? — Enrugo a testa e coloco


meus olhos nos dele, desafiando-o a mentir.

— Sim. — Choca-me que ele não tenha vergonha ou medo quando


responde.

— E você agiu sobre isso? — Eu posso sentir meu sangue começando a


bombear um pouco mais rápido.
— Pensei bastante nisso, mas nunca o fiz, senhor. Seu pai garantiu isso.
— Ele também parece desapontado com isso.

— Papai? — Estou surpreso com sua resposta, meu pai era muitas coisas,
mas ele não era do tipo superprotetor. Ele nunca deu toques de recolher a Breanna
como eu costumava dizer que ele deveria. E eu com certeza não consigo imaginá-lo
alertando ninguém sobre ela, nem mesmo Dalton.

— Levei sua irmã a uma festa cerca de um ano antes de ela morrer. A ideia
foi dela, não minha. Karina não pôde ir porque ficou de castigo, e ela não queria ir
sozinha então ela…

— Vá direto ao ponto, Dalton, — eu interrompo sua divagação.

— OK. Então, quando voltamos, seu pai estava esperando na varanda, e


eu não percebi o quão bravo ele estava até ele mandar Bree para a cama e me dizer
para vir aqui. Quando eu vim... — Os olhos de Dalton caem como se ele estivesse
com vergonha de me contar o que aconteceu.

— Fala. — Sinto que estou perdendo a tolerância.

— Ele ordenou que eu ficasse de frente contra aquela viga e me espancou


até eu sangrar com o chicote de treinamento.

— Ele o quê? — Não posso esconder o fato de que estou atordoado. O


que ele afirma que aconteceu não se parece em nada com o comportamento do meu
pai. O homem não tinha um osso violento em seu corpo.
— É verdade, senhor. Não tenho motivos para mentir para você. Você tem
minha palavra. Não vou fingir que não sentia nada por sua irmã. Eu amava, eu a
amava, mas posso jurar a você que nunca agi sobre isso. Seu pai deixou claro que
haveria consequências se eu o fizesse. — O olhar triste em seu rosto me faz sentir
um pouco de pena dele.

— Você sabia que ela estava grávida? — Eu pergunto, descansando meu


braço no topo da cabine e esperando sua resposta.

— Tive um palpite de que algo estava errado, costumávamos conversar


muito, mas nos últimos meses ela me excluiu. — Posso ver como ele está magoado,
e isso me faz esquecer de ficar bravo com ele por gostar da minha irmã. A verdade
é que ela poderia ter feito muito pior do que estar com um homem como ele.

— Alguém invadiu a casa, destruiu o quarto dela. Eu pensei... — Tenho


vergonha até de terminar a frase. Dalton usa a marca, então eu nunca deveria ter
duvidado dele.

— Você pensou que era eu quem a tinha colocado em apuros. — Ele me


faz a cortesia de terminar para mim.

— Eu só quero respostas, Dalton. — Balanço a cabeça e tento não mostrar


o quanto tudo isso está me afetando.

— Segredos sempre aparecem no final. Você descobrirá em algum


momento e terá que descobrir o que fará a respeito quando chegar a hora.
— E ela nunca mencionou nenhum menino para você? Você sabe, quando
vocês conversavam?

— Garrett, se eu tivesse alguma ideia de quem era, eu mesmo o encontraria


e o mataria. — Ele pega o ancinho na mão novamente e volta ao trabalho, e eu sei
pela expressão em seu rosto que ele quis dizer cada palavra que acabou de dizer.
Sento na mesa da cozinha e olhar para o envelope com o nome de Cole
nele. Joe não voltou para casa ontem à noite, então tirei um tempo para tentar colocar
tudo o que preciso dizer em palavras.

É inútil tentar falar com Cole. Ele não entende como tudo é complicado.
Se fosse simples e eu pudesse estar com ele, eu estaria. Nunca deixei de amá-lo e
agora percebo que é por isso que recomeçarmos tudo de novo foi um erro. É apenas
uma questão de tempo até que se espalhe a notícia de que contei a verdade sobre
com quem eu estava na noite em que Cora morreu. E a desculpa esfarrapada que usei
para explicar por que eu e Cole estávamos juntos pode ter sido aceita pelo inspetor
Swann, mas não será aceita por esta família. Do jeito que vejo, só tenho uma opção,
é a que eu deveria ter escolhido anos atrás. Talvez se eu tivesse, não teria colocado
a mim, ou a Cole, na dor que estamos sofrendo agora.
Não uso o jeans que encontro no fundo do armário desde que cheguei aqui
e, ao deslizá-lo sobre os quadris, percebo quanto peso perdi ao longo dos anos.
Folheio os cabides de vestidos e blusas que nunca gostei e que usava no dia-a-dia,
até encontrar um suéter que usava antes de casar. Um do qual eu não poderia me
desfazer porque sabia que era o favorito de Cole.

Não tenho ideia de quando Joe estará em casa, mas como o sol já nasceu,
presumo que ele irá direto para o trabalho quando chegar. É por isso que preciso agir
rápido. Não quero vê-lo antes de partir.

Ajoelho-me e puxo o tapete do canto do armário, levantando a tábua solta


do chão e alcançando a caixa de madeira que mantenho guardada aqui. Cole fez isso
para mim quando éramos mais jovens e, embora não seja exatamente um trabalho
artesanal perfeito, tem meu nome gravado na frente e sorrio sempre que olho para
ele. Deslizando meus dedos sobre a madeira lisa, lembro-me do dia em que ele me
deu e como me senti feliz.

Tenho algum dinheiro guardado aqui, não muito, mas o suficiente para me
levar para longe da cidade e me manter viva por algumas semanas enquanto procuro
emprego. Levei anos para juntá-lo, especialmente porque não tenho dinheiro
próprio. Joe não queria que eu tivesse um emprego, aparentemente, não é o jeito da
família dele. Em vez disso, recebi uma mesada para tarefas domésticas e economizei
o que pude em todas as oportunidades que tive.

Pegando as notas de dólares enroladas e enfiando-as na sacola que levarei


comigo, escolho a fotografia minha e de Cole que guardo lá também.
É uma selfie dele beijando minha bochecha, e o sorriso no meu rosto é
real.

As memórias podem doer como o inferno; descobri isso ao longo dos anos
em que estivemos separados. Achei que fazer o que temos feito nos últimos dezoito
meses ajudaria, mas não ajudou. Só me fez perceber o quanto eu estraguei tudo.

Eu me sinto mal por nunca ter me explicado para Cole, e o fato de ele
nunca ter me pressionado a dizer, só prova o quanto ele realmente me ama. Duvido
que ele se sinta assim depois de ler minha carta. Só posso esperar que a dor da
verdade me faça machucá-lo um pouco menos. Meu peito dói com a culpa que
carrego quando fecho os olhos e penso na noite que tudo mudou. Na mesma noite,
percebi que a vida não era perfeita e que eu também não era perfeita.

— Venha, vamos tomar outro. — Zoe enche meu copo com as margaritas
que preparou no liquidificador da mãe. Os pais dela estão fora da cidade e estamos
aproveitando ao máximo uma casa livre. Tomo um gole e rio quando ela percebe
que não há mais nada no liquidificador para ela.

— Acho que vou ter que fazer mais, — ela encolhe os ombros,
levantando-se do chão onde estamos sentadas e indo em direção à ilha da cozinha.
Eu a sigo, sento em um banquinho e pego meu telefone quando ele vibra no meu
bolso. É uma mensagem de Cole, dizendo que sente minha falta.
— Desligue esse telefone. — Zoe o arranca de minhas mãos e revira os
olhos ao ler a mensagem. — Vocês dois não podem deixar um ao outro sozinhos
por um segundo?

— Um dia, quando você souber como é estar apaixonada, eu vou te


lembrar disso. — Pego meu telefone de volta e digito uma resposta rápida antes de
colocá-lo de volta no bolso.

— Estou apaixonada. Por Garrett Carson. Ele só não sabe disso ainda, —
Zoe suspira sonhadoramente, e eu balanço a cabeça e rio.

— Você não tem chance. Garrett Carson não tem tempo para garotas e,
mesmo que tivesse, é sério demais para alguém como você.

— Discordo. Os opostos se atraem, — ela pisca antes de apertar o botão


no liquidificador e nos misturar outro lote.

— Você realmente acha que você e ele são para sempre? — Zoe pergunta
pensativa enquanto enche nossos copos.

— Claro que eu sim. Temos tudo mapeado. — Eu volto para a sala,


descansando minha cabeça no sofá.

— E quando você for para a faculdade? Você sabe que ele não vai deixar
aquele rancho para ir com você. Você acha que vão lidar com longa distância? —
Ela faz uma cara insinuando que não.

— Claro que vamos. Esses somos nós. — Eu e Cole estamos juntos desde
os treze anos, e não há nada que possa nos separar.
— Longa distância não é para todos; pode desaparecer, — Zoe dá de
ombros, tomando outro gole de sua bebida.

— Não seja ridícula, já planejamos. Vou voltar para casa uma vez por mês
e ele vai me visitar sempre que puder. Nós vamos fazer funcionar, — eu asseguro,
não gostando da reviravolta no meu estômago que suas palavras estão causando.

— Você realmente acha que você e ele são para sempre? Vocês só se
conhecem um ao outro. E se você quiser experimentar outro? — Não espero que
Zoe entenda; ela fica com coceira nos pés depois de um primeiro encontro, pelo
amor de Deus.

— Eu sei que somos para sempre. Conversamos sobre onde vamos morar
e quantos filhos teremos o tempo todo. — Aí desliguei, começando a ficar chateada
com sua negatividade.

— Isso é doce. — Zoe sorri de forma pouco convincente.

— Você não acredita em nós, não é? Você é como minha mãe. Mamãe
está sempre me dizendo que Cole não vai esperar por mim. Eu juro que é o jeito dela
tentar me manter aqui, ela mesma. Ela está sozinha agora que papai a deixou, e não
é como se ela tivesse mais a mãe de Cole, Teresa, por perto como companhia. A
maioria dos pais quer que seus filhos façam faculdade, mas ela não. Ela tem muito
medo de ficar sozinha para me encorajar a perseguir meus sonhos.
— Eu acredito. Só estou dizendo que não vai ser fácil. Haverá alguns
universitários gostosos em Washington que vão te surpreender, e não é como se
vocês dois estivessem comprometidos um com o outro.

— E se estivéssemos comprometidos? — Levanto-me enquanto suas


palavras são absorvidas. Eu e Cole conversamos sobre nosso futuro o tempo todo.
Eu sei que ele quer se casar comigo. Por que temos que esperar até eu voltar? Se eu
partisse daqui para Washington, como sua esposa, provaria a qualquer um que
duvidasse de nós que o que temos é real.

— Vamos. — Pego as chaves do carro de Zoe na mesa e vou até à porta.

— Ir aonde? — ela ri enquanto me persegue para fora de casa.

— Vou pedir Cole Carson em casamento, — digo por cima do teto do


carro.

— Garota, você está falando maluquices. Não pode dirigir. Você andou
bebendo e, caso não tenha percebido, este é o meu carro.

— Zoe, eu odeio te dizer isso, mas suas margaritas são um lixo. Eu mal
conseguia sentir o gosto da tequila. — Zoe não se incomoda em discutir, ela apenas
revira os olhos para mim novamente antes de entrar no banco do passageiro.

É uma viagem de vinte minutos da casa dela até ao rancho Copper Ridge,
e eu aumento o som para que possamos cantar o mais alto que pudermos enquanto
dirijo pelas estradas.
— Então, o que vai fazer quando chegar lá? Basta bater na porta e cair de
joelhos quando ele atender? — Zoe grita por cima da música.

— Não, eu não vou ficar de joelhos, isso só acontece quando o cara faz
isso. — Concentro-me mais na estrada quando os faróis vindo em nossa direção
parecem embaçados.

— E que tal um anel? Você não pode propor sem um anel, — Zoe aponta
quando os faróis se aproximam, e quando eu ouço a buzina alta, eu percebo que eles
estão vindo em nossa direção. Zoe grita enquanto eu tento desviar do caminho, e
quando esse grito é silenciado pela derrapagem de pneus e vidros estilhaçados, eu
sei que estamos realmente em apuros.

***

— Acorde! — Sinto meu corpo tremendo e meus ouvidos zumbindo.


Demoro um pouco para abrir os olhos e, quando o faço, é o rosto do Sr. Mason que
vejo pairando sobre mim. — Vamos, temos que tirar você daqui. — Ele dá um tapa
em meu rosto com a mão para me tirar do transe antes de arrastar meu corpo para
me tirar do carro.

— Zoe, — eu de alguma forma consigo torcer meu corpo e estendo a mão


para acordá-la.
— Ela se foi. — O Sr. Mason continua tentando me arrastar para longe
dela.

— Não! — Eu luto contra ele, destravando seu cinto de segurança e me


preparando para arrastá-la conosco.

— Confie em mim, ela está morta! — ele grita comigo, e quando eu olho
para minha amiga e vejo o sangue que está saindo de seu nariz e a imobilidade de
seus olhos, eu sei que ele está dizendo a verdade.

— Não! — Eu grito histericamente, uma e outra vez, até minha garganta


ficar em carne viva.

— Vamos. Não sei se isso vai subir. — O Sr. Mason puxa com mais força,
segurando-me firmemente sob meus braços e me puxa para fora.

— Isso é tudo culpa minha, ela me disse para não dirigir. Eu disse que
estava bem. Eu a matei! — Eu surto, lutando contra ele para tentar chegar à minha
amiga. Ela não pode estar morta. A vida dela nem começou. Ela quer ir para a
Europa neste verão.

— Por que ela disse para você não dirigir? — O Sr. Mason me segura
pelos ombros e me encara nervosamente.

— Estávamos bebendo, eu estava... pensei que estava bem. — Comecei a


chorar, segurando meu estômago e me dobrando para tentar gritar toda a dor dentro
de mim.
— Puta merda! — O Sr. Mason suspira pesadamente, seus olhos olhando
para cima e para baixo na estrada antes de me soltar e correr de volta para o carro.

— O que você está fazendo? Você acha que ela ainda pode estar viva? —
Fico com um pouco de esperança quando ele começa a puxar o corpo dela pelo
console.

— Ela vai ficar bem? — Eu pergunto, ignorando a dor em minhas costelas


quando manco para ver o que ele está fazendo.

— Não! — ele se vira e estala.

— Eu a verifiquei antes de chegar até você. Sem pulso, sem batimentos


cardíacos. Você vê aquele corte enorme na testa dela? Provavelmente é da cabeça
dela, acertando o painel a 60km/h. Ela está morta, mas você não. — Ele volta ao
trabalho e, quando vejo o que está fazendo, o encaro confusa.

— Por que você está colocando-a lá? Tire-a daqui. — Balanço a cabeça
quando vejo que ele a colocou atrás do volante.

— A polícia vai estar aqui em breve, e se eles souberem que você estava
dirigindo, você vai ter um monte de problemas. Por mais triste que seja, a vida
daquela garota já acabou. Esta é uma cidade pequena, querida. Se as pessoas por
aqui souberem que você é responsável por isso, a sua também estará acabada — ele
me diz, e caio de joelhos e fecho os olhos. Sempre me perguntei se rezar na igreja
no domingo era inútil. Mas eu rezo agora. Rezo para que isso seja apenas um sonho
e que eu acorde dele logo.
— Levante-se. — Eu me encolho de dor quando o Sr. Mason me coloca
de pé. — Você vai ter que se recompor. — Ele se deita no chão e puxa um canivete
suíço do bolso, depois se deita para alcançar debaixo do carro e, com as duas mãos,
usa-o para cortar alguma coisa.

— Vai para trás. — Ele me enxota enquanto se levanta, apontando a


cabeça para a beira da grama na beira da estrada. Antes que eu tenha a chance de
perguntar o que ele está fazendo, ele se afasta de mim, acende um fósforo e o joga
no carro. A explosão é quase instantânea, e eu grito, correndo para chegar até Zoe e
colido com o peito do Sr. Mason. Ele me segura firmemente em seus braços e me
arrasta para uma distância mais segura, e eu fico fraca demais para lutar. Eu fico
fraca demais para fazer qualquer coisa.

— Vai ficar tudo bem. — Sinto cheiro de gasolina na mão que ele acaricia
meu cabelo enquanto observo as chamas crescerem e me pergunto como vou viver,
sabendo que tudo isso é minha culpa.

Eu e Ronnie Mason somos as únicas pessoas que sabem o que realmente


aconteceu naquela noite. Ele afirma ter salvado minha vida, mas eu discordo. Alguns
dias, ter que viver com a culpa me faz desejar ter morrido também. Por um tempo,
pensei que o que testemunhei naquela noite de Ronnie Mason foi um raro ato de
bondade. Eu estava errada.

Eu nunca cheguei à faculdade. Alguns dias, eu não conseguia nem sair da


cama. Lutei para passar cada dia porque Zoe estava em minha mente 24 horas por
dia, 7 dias por semana. Não havia ninguém com quem eu pudesse conversar, estava
muito envergonhada, então carreguei essa culpa sozinha. Eu estava no funeral da
minha amiga e deixei seus pais me abraçarem. Eu ouvi o resto da cidade me dizer
que eu era abençoada por ainda estar viva quando tudo que eu realmente queria era
morrer. Cole tentou me fazer melhorar, mas ele não sabia a verdade. Se soubesse, eu
também o teria perdido.

Senti como se estivesse vivendo em um mundo ao qual não pertencia até


ao dia em que Ronnie Mason apareceu na minha porta.

Ele decidiu que era hora de usar aquele ato de bondade como alavanca e,
por mais que eu o odiasse por isso, vi isso como um sinal. Zoe morreu naquela noite
por minha causa; tirei uma vida inteira dela. Eu com certeza não merecia ter a vida
que queria. Eu estava segurando Cole com minha miséria, enganando-o para que se
estabelecesse com uma garota que ele nunca conheceria de verdade porque a garota
que ele amava morreu naquela noite no carro com Zoe. Eu sabia que me casar com
Joe Mason partiria seu coração, mas achei que era melhor do que a alternativa. Cole
amava o velho eu, a garota sem segredos. Não o naufrágio em que me tornei.

Me levanto e enfio a foto de nós dois juntos na parte de trás da minha calça
jeans, e deslizo a bolsa que carrega meu dinheiro e algumas roupas sobressalentes
no meu ombro, pego a carta que escrevi para Cole e saio pela porta.

O pátio está vazio e todos os vaqueiros, incluindo Cole, estarão movendo


o rebanho, mas eu ainda procuro sinais de alguém antes de entrar no barracão.
Já sei qual é o beliche de Cole. Ele me disse que venceu Wes no pôquer
para poder ficar com a cama de solteiro perto da janela que dá para a minha cabana
e a de Joe. Eu levanto seu travesseiro e o beijo antes de colocar a carta em seu
colchão e colocá-lo de volta para cobri-la.

— Sinto muito, — sussurro as palavras que gostaria de poder dizer a ele


pessoalmente antes de sair, e quando volto para o pátio com lágrimas nos olhos e
dor no coração, suspiro quando uma mão firme agarra meu pulso e a bolsa que estou
carregando é levantada do meu ombro.

— Você vai a algum lugar, querida? — A voz me faz estremecer, e quando


olho em seus olhos frios, faço outra oração impotente.
Acordei mais cedo do que o normal e, como Garrett já estava acordado,
decido voltar a limpar a bagunça nos quartos de mamãe e Breanna. Acho que,
enquanto estou nisso, devo encaixotar algumas das coisas de mamãe e, depois de
algumas horas, tenho dez caixas cheias prontas para ir para a caridade. Todas as
roupas de mamãe eram de grife, e tenho certeza de que as joias dela também valem
uma fortuna, mas nada disso parece sentimental. Eu não quero nada disso. A mulher
era uma sanguessuga, fazia fortuna fazendo os homens se apaixonarem por ela. Ela
estar ausente da minha vida por três anos é triste, mas torna compreensível o fato de
eu não sentir falta dela.

Vou para o outro lado do corredor e começo a trabalhar no quarto de


Breanna. Eu poderia dizer pela maneira como Garrett olhou para a bagunça ontem
que isso lhe trouxe dor, e embora não saiba onde tudo pertence, posso pelo menos
fazer com que pareça arrumado novamente. Pego suas roupas e as penduro de volta
no guarda-roupa. Coloco tudo o que foi derrubado de lado em sua penteadeira de
volta, e então eu empilho os livros de volta em sua estante. Sorrio quando noto a
velha cópia gasta de Orgulho e Preconceito; lembro-me de que, no ensino médio,
tive que fazer uma tarefa para literatura inglesa e agora sei de onde Darcy tirou o
nome dela. Estudo o livro um pouco mais, é uma edição antiga, provavelmente vale
algum dinheiro, e quando o abro e leio a mensagem na primeira página, fico
instantaneamente intrigada.

Breanna

Amor de

seu Fitzgerald

Leio as palavras várias vezes e finalmente me lembro que Fitzgerald era o


nome do Sr. Darcy.

'Seu Fitzgerald' indica que quem deu este livro a Breanna estava
romanticamente envolvido com ela, e me pergunto se é uma pista que eu poderia
usar enquanto coloco o livro de volta na prateleira e volto ao trabalho. Isso passa
pela minha cabeça a manhã toda, e quando tudo está em ordem de novo e desço para
almoçar, me pergunto se devo tocar no assunto com Garrett.

Estou sentada no balcão da cozinha, esperando por ele, quando ele entra
pela porta, e observo enquanto vai direto para a pia para lavar as mãos.

— Você tem esse olhar em seu rosto, — ele me diz com um leve sorriso
nos lábios.
— Que tipo de olhar? — Eu me levanto e caminho em direção a ele. Ele
fica tão bonito quando está sujo que é difícil manter minhas mãos para mim.

— O olhar esperto que você tem quando faz algo errado.

— Eu não fiz nada de errado, não desta vez de qualquer maneira, — eu


asseguro, estendendo a mão para beijá-lo.

— Garrett! — Wade corre para a cozinha. — Cole acabou de ligar; ele


precisa de nós.

— O que aconteceu? — Garrett imediatamente levanta sua guarda, seus


músculos tensos e suas sobrancelhas franzidas enquanto ele espera a explicação de
Wade.

— É Aubrey; ela está desaparecida. Os Mason organizaram uma busca


para cobrir seu rancho, mas há muitos acres para cobrir.

— Faça com que os meninos carreguem os cavalos, — Garrett o instrui,


já entrando em ação.

— Espere, o que você quer dizer com desaparecida? — Um palpite


enervante começa a rastejar dentro de mim.

— Eu não sei, mas Cole está pirando pra caralho. Tudo o que consegui
dele foi que ninguém a viu desde ontem à noite. — Wade corre para dar as instruções
de Garrett aos outros, e posso dizer pelo olhar de preocupação no rosto de Garrett
que ele também está preocupado.
— Eu quero ir, — deixo escapar, olhando para ele e avisando-o com meus
olhos para não me desafiar.

— Maisie, o Rancho Mason é enorme e...

— Estou indo, — eu falo para ele. Não vou ficar aqui de jeito nenhum
enquanto eles estão procurando. Tenho um mau pressentimento sobre isso, um
enorme mau pressentimento.

Garrett balança a cabeça e solta um suspiro antes de pegar minha mão e


me arrastar para fora da porta.

— Carregue Darcy também, — ele instrui Finn, que já está conduzindo


um Thunder desobediente em direção ao trailer do cavalo quando passamos por ele
no caminho para a caminhonete. Quando chegamos lá, Garrett não abre a porta para
mim; em vez disso, ele me gira e me prende com os quadris.

— Você fica perto de mim, e se eu disser para você fazer alguma coisa,
você não questiona. — Seu dedo aponta um aviso para mim, e fico tentada a morder
o final, mas a gravidade da situação me impede.

— Eu prometo, — sussurro de volta para ele, e parecendo satisfeito com


a minha resposta, ele beija meus lábios com força antes de abrir a porta para mim.

Quando chegamos ao pátio dos Mason, todo o lugar está um caos, e


procuro entre todos os cavalos e cavaleiros que estão selados prontos para cavalgar,
tentando encontrar Cole.
— Lá está ele, — Garrett aponta a cabeça para o curral onde o velho
Mason está parado com um mapa aberto. Ele está apontando suas instruções e
enviando equipes, e Cole está olhando para ele como se o quisesse morto.

— Ronnie, estamos aqui para ajudar. Tenho Wade e mais três dos meus
homens a caminho com cavalos. — Garrett fala com o velho Mason enquanto eu
vou até Cole.

— Você está bem? — Eu mantenho a voz baixa, para não chamar atenção.

— Não, eu não estou nada bem porra! Ninguém a viu desde que ela voltou
da cidade ontem. — Ele não tira o olhar do velho Mason enquanto fala, e eu posso
sentir como ele está nervoso.

— E onde está Joe? — Olho ao redor do pátio e tento localizar o marido


de Aubrey.

— Ele voltou de Utah apenas algumas horas atrás, está lá dentro


conversando com o xerife Nelson. — Fecho os olhos e engulo minha culpa quando
me lembro de que posso ter causado tudo isso.

— Talvez ela precisasse sair um pouco da cidade, visitar uma amiga. Pode
haver uma explicação lógica para tudo isso.

— Ela não tem amigas, porra, Maisie! Ela não pegou o carro, não tem
telefone celular e tenho certeza de que esses filhos da puta garantiram que ela não
tivesse acesso a nenhum dinheiro.
— Vamos, — Garrett nos interrompe, — estamos tomando o rio na
fronteira norte. Wade, Finn, Tate e Mitch estão voltando para a floresta. — Bem na
hora, o caminhão puxado por cavalos para e Wade corre para seu irmão, não dando
a mínima para o fato de Ronnie Mason estar parado ao lado dele.

— Não se preocupe, mano, vamos encontrá-la. — Ele dá um tapa no


ombro de Cole com entusiasmo, dando ao Sr. Mason um olhar frio antes de começar
a descarregar os cavalos.

Cavalgamos ao longo do rio com Cole, nossos olhos procurando por


qualquer pista de que Aubrey tenha passado por aqui.

— O rifle é realmente necessário? — Eu pergunto a Garrett. Percebi que


ele o colocou na tipoia da sela antes de sairmos.

— Aqui, um rifle é sempre necessário, — ele me diz, parando Thunder


quando Cole, que está um pouco à frente de nós, para.

— Você tem alguma coisa? — Garrett chama, e quando Cole olha para
nós por cima do ombro, ele parece nervoso.

— Eu não tenho merda nenhuma, mas continuo me perguntando por que


ele não está aqui olhando também. Ele também não estava por perto ontem à noite.

— Joe Mason nunca foi de sujar as mãos, você sabe disso. Vamos,
continuemos procurando. — Garrett puxa Thunder.

— Não falta nenhum cavalo no estábulo, então onde quer que ela fosse,
ela foi a pé. Até onde ela pode ter chegado, Garrett? — Cole questiona impotente
antes de virar seu cavalo e cavalgar de volta para o rancho. — Preciso falar com Joe,
— ele nos diz com as narinas dilatadas e os olhos arregalados de raiva.

— Cole, isso é uma má ideia, você está com raiva e com medo. Vamos
cobrir nosso terreno e depois voltaremos. Pelo que sabemos, ela pode nem estar aqui,
ela poderia ter pulado em um ônibus e saído da cidade. Deixe a polícia fazer seu
trabalho verificando o CCTV na cidade, e faremos o nosso aqui. — Garrett tenta
falar com ele, mas Cole balança a cabeça.

— E se ele descobriu? — Sinto a culpa que já carrego se multiplicar


quando Cole sugere isso.

— Cole, continuemos procurando. — Garrett lança-lhe um olhar de


advertência e eu olho entre os dois irmãos e me pergunto quem vai ganhar o
confronto direto.

— Tudo bem. — Cole me surpreende quando finalmente cede,


redirecionando seu cavalo e avançando conosco.
Estamos a pelo menos cinco quilômetros do Rancho Mason agora, e ainda
não há sinal de Aubrey. Posso ver Maisie ficando cada vez mais preocupada
enquanto Cole fica cada vez mais zangado. Percebo algo rio acima e estendo o braço
para deter Maisie e Darcy. Cole cavalgou muito mais à frente depois de reclamar
que ela estava nos atrasando. Aproximo Thunder um pouco mais do rio, avisando
Maisie para ficar para trás, e peço a Deus que, nesta ocasião, ela me escute porque o
que eu acho que estou vendo pode ficar com ela se ela não o fizer.

— Cole! — Eu chamo o nome do meu irmão enquanto deslizo das costas


de Thunder e caminho o resto do caminho a pé.

— Ele não pode te ouvir. O que é? — Maisie pergunta com um tremor na


voz.
Coloco dois dedos na boca e assobio. — Cole! — Eu chamo de novo, desta
vez mais alto. O que estou vendo agora é inconfundível. É um corpo e não está se
movendo.

Eu rapidamente amarro Thunder a uma árvore e desço o terreno


acidentado em direção a ela, e Cole aparece de repente, descendo a margem um
pouco mais rio acima.

— Aubrey? — Não sei se é esperança ou medo que ouço em sua voz, mas
seja o que for, sinto no fundo do peito.

— Garrett. O que é? — Eu olho para cima e vejo Maisie olhando para


mim.

— Volte. Agora mesmo, Maisie! — Eu grito com ela, segurando meu


braço como uma barreira. — Por favor. — Rezo para que ela não discuta, não agora.

— Aubrey! — O grito de Cole desvia minha atenção e, esperando que


Maisie preste atenção ao meu aviso, desvio das pedras e corro até ele.

— Ela não está se movendo, Garrett, e está com frio. — Cole engasga com
a respiração enquanto tira a jaqueta e a coloca sobre as costas dela, esfregando-a
com força e tentando aquecê-la, mas no segundo em que ele a rola, sei que não há
esperança para ela.

— Cole. Afaste-se dela, — eu aviso, vendo que seu rosto está preto e azul,
e então notando a pedra que está coberta de sangue no chão ao lado dela.
Não suporto o fato de que Cole está olhando para mim como se esperasse
que eu fizesse algo para consertar isso.

— Ela se foi. — Coloco minha mão em seu ombro, mas ele a empurra
para longe.

— Você está falando merda! — ele late para mim, agarrando o corpo dela
em seus braços e arrastando-a para seu peito, e quando o braço dela cai mole, ele age
como se não percebesse.

— Acorde, querida, vamos lá. — Ele bate na bochecha dela com a mão e,
quando ela não responde, ele olha para o céu com lágrimas enchendo seus olhos.

— Cole, ela está morta. — Odeio dizer essas palavras, e odeio a expressão
dolorosa que surge em seu rosto enquanto ele as deixa afundar. Ele me poupa disso
quando deixa cair a cabeça sobre a dela, e observo seus ombros tremerem enquanto
ele soluça.

Não me lembro de ter visto Cole chorar, nem mesmo quando mamãe nos
deixou ou quando perdemos Breanna. Sempre achei que faltava muito a ele quando
se tratava de emoção, e o invejava por isso. O que estou vendo na minha frente agora
é ele rasgando as costuras, e não vou fingir que não estou com medo do que isso
pode desencadear.

Fico em silêncio por um tempo e o observo. Ele precisa saber que estou
aqui para ajudá-lo sempre que estiver pronto, e quando finalmente olha para mim
com os olhos avermelhados cheios de dor, vejo suas narinas dilatarem enquanto toda
aquela agonia se transforma em raiva. Ele se levanta, levantando-a com ele, e eu
balanço a cabeça.

— Cole, você não pode movê-la, esta é uma cena de crime. Vou chamar o
xerife.

— Você não vai conseguir um sinal por quilômetros, e eu não vou deixá-
la aqui. — Ele move o corpo de Aubrey mais para cima, para que ela se acomode
em seus braços e começa a se dirigir para uma parte menos íngreme da margem.
Observo-o lutando para escalá-lo, sabendo que não aceitará minha ajuda, mesmo que
eu a ofereça, e então ouço o soluço alto de Maisie quando ele chega ao topo.

— Não. Oh meu Deus… não! — ela grita em pânico, e eu corro até à


margem para tentar confortá-la.

— Venha aqui, querida. — Eu a puxo para perto e seguro seu rosto


apertado contra meu peito para protegê-la da visão do corpo inerte de Aubrey nos
braços de meu irmão. Estou tão grato por sentir seu peito batendo contra o meu,
mesmo que seja frenético, e dói demais imaginar como eu me sentiria agora se fosse
ela. Eu destruiria o mundo, e enquanto observo meu irmão colocar Aubrey sobre sua
sela, me enerva o quão calmo ele está sendo. Ele deve estar em algum tipo de choque.

Lentamente, ele começa a conduzir o cavalo de volta ao rancho, e eu o


deixo ganhar uma boa vantagem, sabendo que ele precisa de seu espaço. Podemos
alcançá-lo em alguns minutos.
— Garrett, isso é tudo culpa minha, — Maisie grita, e eu puxo sua cabeça
para trás e uso meus polegares para enxugar suas lágrimas.

— Nada disso é sua culpa. — Eu estreito meus olhos para ela. — Temos
que estar lá para ajudar Cole, — eu aviso, sabendo que o que vem a seguir vai ser
difícil. Meu irmão amava aquela mulher o suficiente para continuar trabalhando em
uma fazenda onde era tratado como merda e humilhado diariamente. Ele nunca
seguiu em frente porque ela era a pessoa com quem ele deveria estar. Ele manteve a
esperança, e agora toda essa esperança se foi.

— Eu posso fazer isso. — Ela recupera o fôlego e acena para mim


corajosamente.

— Essa é minha garota. Agora volte para o seu cavalo e vamos garantir
que ele não faça nada estúpido. — Eu beijo sua testa.

Quando alcançamos Cole, certifico-me de manter alguns metros atrás.


Posso imaginar algumas das coisas que estão passando pela cabeça dele e só posso
prever como ele vai reagir quando voltarmos ao pátio dos Mason. Tento ligar para
Wade e os outros, mas Cole estava certo; não há recepção aqui.

— Quando voltarmos, preciso que você entre direto na caminhonete, —


digo a Maisie, esperando que haja alguém lá que eu possa chamar para levá-la direto
para casa. Eu não quero ver, ou estar por perto, a tempestade de merda que eu sei
que vai acontecer.
— Você não pode deixá-lo fazer nada estúpido, Garrett. — Os olhos da
minha garota parecem tão tristes quando ela olha para mim.

— É um pouco tarde para isso, — eu digo a ela impotente, alcançando sua


sela e pegando sua mão enquanto seguimos Cole através do pasto e para o pátio dos
Mason.

Joe e seu pai estão na varanda, conversando com Kerry Winters, ela é uma
repórter do Billings, e sinto que Cole está prestes a contar uma história e tanto. Há
um monte de gente reunida no pátio, e eles abrem caminho para Cole quando ele
passa direto por eles com o corpo de Aubrey pendurado em sua sela. Joe Mason fica
branco quando vê o que está vindo em sua direção, e seu pai fica de pé e compartilha
o mesmo olhar assustado quando Cole levanta Aubrey e a carrega em seus braços
em direção à varanda.

— Garrett, — Maisie se vira para olhar para mim com preocupação, e nós
dois observamos enquanto ele a coloca suavemente no topo da escada aos pés deles.
Ele mantém o olhar severo em seu rosto enquanto se levanta, encarando os dois
como se seus olhos fossem feitos de aço.

— Está feliz agora? — ele pergunta calmamente, e eu aperto a mão de


Maisie enquanto ele lentamente se afasta deles. Quando ele vem em nossa direção,
vejo aquela amargura em seus olhos e sei que ele chegou a um ponto sem volta.

Ele pula para trás em seu cavalo, puxando as rédeas e trotando para mais
perto de nós.
— Eu vou matar todos eles, — ele murmura baixinho para mim antes de
galopar e nos deixar para explicar a todos o que aconteceu.
— Ei, hora de acordar. — Sinto uma cutucada e, quando abro os olhos e
vejo Garrett olhando para mim, sorrio. Então a realidade do que aconteceu ontem
me atinge. Nós dois tivemos que prestar declarações ao xerife Nelson, e eu fiquei no
Rancho Mason com Tate e Finn me protegendo como cães rosnando enquanto
Garrett o levava para o local onde encontramos Aubrey. Estava lá quando a
ambulância particular veio e a levou embora, e apesar de querer gritar, consegui ficar
em silêncio.

Joe Mason andava de um lado para o outro na varanda como um marido


desesperado e de luto, ele até conseguiu chorar algumas vezes enquanto eles a
levavam na maca, e enquanto eu o observava em sua exibição, não pude deixar de
esperar que o que quer que Cole tenha planejado para ele seja brutal.

— Cole voltou para casa? — Eu pergunto, esticando os braços e


lembrando como todos nós ficamos preocupados quando ele não voltou na noite
passada. Não há como ele ficar no rancho Mason, não agora. E ver como ele estava
bravo quando saiu me deixou preocupada com o que ele poderia fazer.

— Sim, Wade o encontrou; eles voltaram cerca de três horas atrás.

— Ele deve ter ficado procurando a noite toda. Você deveria ter ido com
ele. — Vou me sentar, mas Garrett me ajuda a sentar.

— Eu queria estar aqui com você. O que aconteceu ontem foi muito para
absorver.

— Estou bem. Devíamos ficar com Cole.

— Cole não está em um bom lugar agora, ele precisa de seu espaço, —
explica ele, massageando suavemente a mão em meu ombro. — Além disso, tenho
planos para nós.

— Que tipo de planos? — Eu sorrio, me perguntando se eles são iguais


aos meus. Preciso me distrair daquela sensação horrível que me diz que tudo isso é
resultado da minha intromissão.

— Preciso que você se vista, vou levar você para o Billings para almoçar
e depois vamos nos casar. — Ele se empurra para fora da cama e vai até ao guarda-
roupa, revirando os cabides e tirando o terno que usou no funeral de minha mãe.

— Você disse que vamos nos casar? — Eu verifico se ouvi direito, e


quando ele se vira para me encarar, a maneira casual como ele acena com a cabeça
me deixa confusa.
— Dê-me um segundo para acordar aqui. — Sento-me na cama e esfrego
minhas têmporas. — Você está me pedindo em casamento? — Por mais loucas que
essas palavras pareçam, não posso deixar de sorrir para elas. Garrett pendura seu
terno na frente do guarda-roupa e se move para se sentar no colchão na minha frente.
Quando ele pega minha bochecha em sua mão, noto que seus olhos estão muito mais
suaves do que o normal, e o fato de ele estar apenas vestindo jeans me deixa em
completa desvantagem para qualquer argumento que ele vá apresentar.

— Não, querida. Uma proposta significaria que você tinha uma escolha
no assunto. Não estou pedindo que case comigo, estou insistindo nisso. — Aquele
pequeno sorrisinho pelo qual me apaixonei surge em seus lábios, e por mais que eu
queira atacá-lo e beijá-lo, tenho que colocar minha cabeça no lugar.

— Garrett, você não pode simplesmente acordar e decidir se casar! — Eu


o observo enquanto ele se levanta e troca o jeans pela calça do terno, afivelando o
cinto que usa em ocasiões especiais.

— Eu não acordei e decidi. Eu tenho a licença desde que soube que você
estava voltando para a cidade, — ele menciona com naturalidade enquanto abotoa a
camisa.

— O quê! Como? Tenho certeza de que são necessárias duas pessoas para
assinar uma licença, sem mencionar toda a papelada. Mamãe teve que fazer um
maldito exame de sangue quando se casou com seu pai. — Eu saio da cama e ando
no chão em frente a ele, de repente me sentindo muito acordada.
— Ei, venha aqui. — Garrett fica na minha frente e me mantém imóvel.
— Pare de surtar.

— Como não vou surtar? O cara com quem estou saindo há uma semana
acabou de me dizer que vamos nos casar, com alguma licença obtida magicamente
e…

— E o quê? — Ele inclina a cabeça e espera que eu lhe dê outro motivo


pelo qual isso é uma má ideia.

— E nós não podemos. — Eu odeio dizer-lhe não, especialmente porque


é o que eu queria há tanto tempo, mas não é o momento certo.

— Garrett, seu irmão acabou de perder a mulher que amou por toda a sua
vida, — aponto.

— É exatamente por isso que decidi que hoje tem que ser o dia. Eu ia
tentar pensar em uma maneira elegante de te perguntar, mas depois do que aconteceu
ontem, não vou perder mais um dia sem você ser minha esposa. Iremos ao tribunal
para legalizá-lo, e então podemos ter uma bênção na igreja e dar qualquer tipo de
festa que você quiser. — Seu polegar passa por meu lábio inferior e quase me perco
na fantasia de tudo isso.

— Não podemos, é insensível e, de qualquer maneira, não estou roubando


os holofotes de Leia assim. Ela está planejando seu casamento há meses. Que tipo
de amiga eu seria se me casasse antes dela? — Balanço a cabeça porque, por mais
que goste da ideia, não é plausível.
— Em primeiro lugar, não há ninguém no mundo agora que entenderia
meu desejo de fazer isso mais do que Cole. Sim, ele acabou de perder a mulher que
amava e pode ser um bastardo duro às vezes, mas acredite em mim quando digo que
ele vai conseguir. Em segundo lugar, o casamento de Leia é uma farsa completa, e
você sabe disso.

— Farsa ou não, é o grande dia dela e não vou estragá-lo. Eu me casarei


com você, Garrett Carson, mas não hoje. — Eu me viro, pronta para voltar para a
cama, mas ele me arrasta de volta, envolvendo suas mãos em volta das minhas coxas
e me levantando contra seu corpo.

— Esse casamento está a meses de distância! Não vou esperar tanto, —


ele me diz severamente.

— Não vale a pena esperar? — Arregalo os olhos.

— Ah, vale a pena esperar, mas não vou esperar para engravidar você, e
realmente gostaria de colocar um anel em seu dedo antes que isso aconteça. — Eu
deveria estar chocada com sua resposta, mas não estou.

— Pelo que sabemos, isso já pode ter acontecido, — dou de ombros,


pensando em todas as vezes que estivemos juntos sem usar proteção. Eu realmente
me joguei, mas eu ousaria qualquer um a não se apaixonar por este homem e querer
dar-lhe tudo.

— Com alguma sorte. — Ele franze as sobrancelhas e confirma que é o


que ele queria desde o início.
— Eu não estou cedendo sobre isso. Não vou me casar antes de Leia. —
Eu fico firme até que ele abaixa a cabeça e deixa uma trilha de beijos no meu
pescoço.

— Então, que tal um compromisso? — ele sussurra em meu ouvido.

***

— Você parece assustada. — Garrett parece presunçoso enquanto nos


sentamos na sala de espera do tribunal.

— Eu estou. Estou com a terrível sensação de que estou prestes a cometer


um crime. — Eu mantenho minha voz baixa para que ninguém possa ouvir. — Você
ainda não explicou como conseguiu essa licença. Então, estou assumindo que não é
legal. — Eu estudo seu rosto em busca de uma fraqueza, mas não consigo nada.

— A licença é legal, — ele me garante, — como a obtive, nem tanto, —


ele encolhe os ombros e pigarreia quando um membro da equipe sai de trás da mesa
da recepção e passa por nós a caminho de um dos escritórios.

— Garrett. — Dou uma cotovelada nele com força e observo o sorriso em


seu rosto crescer. — Você sabe que essa é uma contradição, não sabe?

— Você está aqui, não está? — ele me diz arrogantemente.


— Eu tenho a ideia de sair por aquela porta, — aviso, e a risada baixa e
rosnada que ele dá quando se inclina para mim me faz apertar as coxas.

— Tente. Veja o que acontece, — ele avisa, mordendo o lóbulo da minha


orelha antes de se afastar.

— Sr. Carson e Srta. Wildman. — O registrador vem até à porta e nos


chama; Garrett se levanta, abotoando o paletó e estendendo a mão para mim.

— Está pronta? — Ele pergunta, enrolando seus dedos em torno dos meus
e me puxando para os meus pés.

— Você vai manter sua promessa? — Eu verifico, lembrando-o do acordo


que fizemos antes de deixarmos o rancho.

— Ninguém vai descobrir até depois do grande dia de Leia, — ele me


garante, então acena para o casal que arrastou da rua para serem nossas testemunhas,
para nos seguir.
Assisto a nova Sra. Carson caminhar em direção à caminhonete, e eu tenho
que beijá-la. Puxando-a e batendo suas costas contra a porta do passageiro, eu beijo
seus lábios com força e agarro sua mandíbula com força em minha mão.

— Deixe-me abrir a porta para você, Sra. Carson, — digo, tentando


controlar o sorriso presunçoso que estou usando. Ela não se parece muito com uma
noiva, mas ainda é linda pra caralho. Está usando um vestido floral curto com botas
de vaqueira e uma jaqueta jeans. A aliança de ouro no dedo dela, que era da minha
avó, fica perfeita ali.

— Você sabe que não posso continuar com isso. — Ela estende a mão e a
admira enquanto dirigimos de volta para Fork River.

— Claro que pode. — Eu já não gosto da ideia dela a tirando, mas acho
que uma promessa é uma promessa.
— Então, você vai me contar como conseguiu a licença? — ela muda de
assunto. — E enquanto está nisso, pode me dizer como conseguiu que essas ações
fossem transferidas para o meu nome sem que eu soubesse também.

Ainda não consigo entender por que gosto tanto quando ela fica mandona.

— Você se lembra de Miles? — Eu pergunto, tirando meus olhos da


estrada para olhar para ela novamente. É difícil acreditar que depois de todo esse
tempo, ela é realmente minha.

— O advogado desonesto que te livra das acusações de assassinato? Claro,


eu me lembro dele, — ela ri.

— Bem, ele lidou com as ações. Uma assinatura não é difícil de falsificar.

— E a licença? — Ela empurra para mais.

— Isso foi mais complicado. Eu tive que chamar uma fonte externa para
isso. — Eu não quero falar do meu tio e da gangue de motoqueiros que ele dirige
com ela agora; ela já sabe que não se casou com um homem cumpridor da lei, mas
não quero assustá-la completamente.

— Que tipo de fonte externa? — Ela tem um olhar intrigado em seu rosto
agora, e quando desliza pelo banco para ficar mais perto de mim, tiro uma mão do
volante e a coloco em volta de seu ombro.

— Tenho um tio no Colorado que conhece uma garota que pode fazer todo
tipo de merda com um computador; conseguir aquela licença foi um trabalho de
cinco minutos para ela, — eu explico.
— Bem, estou feliz que você fez isso. Por mais louco que tudo isso seja,
eu gosto de ser a Sra. Carson. — Ela beija minha bochecha e aquece todo o meu
corpo porque eu também gosto muito.

Quando voltamos para o rancho, dou a volta na caminhonete para abrir a


porta para ela e, verificando se há alguém observando, pego-a e a carrego até à
varanda.

— O que está fazendo? — Ela enfia a cabeça no meu pescoço e suas


risadas fazem cócegas na minha pele.

— Estou carregando minha esposa além da soleira, — eu explico, e ela


rapidamente me silencia pressionando seu dedo sobre meus lábios.

— Nosso segredo, lembra? — ela me lembra e eu aceno com a cabeça e


consigo abrir a porta antes de carregá-la para as escadas.

— Onde estamos indo? — Ela ri quando começo a subir as escadas.

— Para começar com todos aqueles bebês que vamos fazer. — É um alívio
que ela saiba onde estou com isso agora. Parecia meio enganador antes. Mas
ultimamente, fiquei obcecado com a ideia.

Abro a porta com um chute e deito minha esposa no colchão. Eu já decidi


que as lindas botas de vaqueira que ela está usando vão ficar, com certeza, e observo
o sorriso sedutor surgir em seus lábios quando chego por baixo do vestido e puxo
sua calcinha pelas pernas. As puxo sobre suas botas e as jogo de lado, em seguida,
amassando aquele lindo vestidinho em meu punho, eu o empurro para cima de seu
corpo e coloco a cabeça entre suas coxas. Beijo os lábios de sua boceta e acaricio-a
com minha língua, saboreando-a enquanto ela fica mais molhada para mim.

Maisie faz os sons mais doces quando está satisfeita, e quando deslizo um
dedo dentro dela, ela geme ainda mais alto. Nunca estudei a arte de fazer bebês antes,
mas acho que quanto mais macia eu deixar sua boceta, maiores serão as chances.
Tiro o paletó e afrouxo as calças antes de subir em seu corpo e deixar meu pau
esfregar contra sua carne sensível. Absorvo cada expressão que ela faz enquanto
sente prazer com isso, e quando naturalmente encontra seu caminho para sua entrada,
sinto o salto daquelas botas que ela está usando cravando em minha bunda enquanto
ela me puxa mais fundo.

— Eu quero te dar o mundo, Maisie Carson. — Desmorono sobre ela


quando ela está cheia com o meu pau, e eu amo o jeito que seus olhos ainda
lacrimejam um pouco sempre que o leva.

— Você já deu. — Agarrando minha camisa, ela me puxa para baixo em


seus lábios e libera aqueles minúsculos gemidos em minha boca enquanto eu
empurro dentro e fora dela, embalando seu rosto e certificando-me de ter toda a
atenção de seus lindos olhos azuis. Não demora muito para ela gozar, o que é bom
porque saber que ela é minha e que nada pode tirá-la de mim agora me deixa bem
perto de gozar. Seu corpo fica tenso, e ela aperta meu peito enquanto bombeio dentro
dela, profundo e duro, agarrando o longo cabelo loiro que ela tem espalhado sobre o
colchão enquanto encho sua boceta com esperma.
— Agora é um bom momento para dizer que te amo? — Eu pergunto, me
perguntando se eu sempre sentirei aquela dorzinha que vem com isso.

— É o momento perfeito. — Seu dedo traça sobre o 'CR' no meu peito


antes de ela olhar para mim novamente.

— Eu te amo. — Semicerro os olhos para ela para ter certeza que sabe que
eu quero dizer cada palavra.

— E eu te amo também. — Aquele sorriso fofo brilha de volta para mim,


e eu tenho que beijá-la para acreditar que é real.

— Garrett. — Uma batida na porta e eu coloco a cabeça em seu ombro.

— Juro por Deus que vou castrá-lo. — Deslizando para fora dela, eu puxo
as calças em volta dos meus tornozelos e espero que ela se endireite antes de abrir a
porta.

— Desculpe interrompê-lo, mas o xerife Nelson está lá embaixo, — Wade


me diz, olhando por cima do meu ombro e levantando o chapéu para Maisie. Ela
rapidamente se senta em sua mão, preocupada que ele possa notar o anel.

— Diga-lhe que desço em um minuto.

— Na verdade é Cole que ele veio ver, mas achei melhor você estar lá.
Cole está um pouco cabeça-quente agora. — Wade mastiga o lado de sua bochecha,
e isso me traz de volta à terra com um baque quando vejo como ele está preocupado.

— Me dê cinco — explico, virando-me para encarar Maisie.


— E você, fique aí mesmo. — Eu aponto meu dedo para ela antes de ir
para o quarto da minha irmã.

Volto alguns minutos depois e vejo que Maisie fez o que ela disse.

— Me dê o anel. — Eu estendo minha palma para ela, e ela olha para ela,
confusa.

— Você quer pegar de volta já? — Ela olha para mim habilmente enquanto
o desliza de seu dedo e o coloca na minha mão.

— Não, eu não quero que você tire isso nunca, então eu vim com outro
compromisso.

Tirando a fina corrente de ouro do bolso, coloco o anel nela e seguro na


frente dela.

— Esta era de Breanna. Comprei para o aniversário de dezesseis anos dela.


— Subindo na cama atrás dela, penduro o colar na frente dela, e ela joga o cabelo
para o lado para que eu possa prendê-lo em volta do pescoço. — Acho que ela
gostaria que você ficasse com ele. — Eu beijo seu ombro antes de me afastar, pronto
para descer e enfrentar o xerife Nelson. Maisie se vira para olhar para mim,
segurando o anel e a corrente com força contra o peito.

— Você é um homem lindo, sabia disso? E não apenas por fora. Por dentro
também. — Ela parece tão feliz quando pula em cima de mim e me aperta com força.
E por melhor que pareça, não posso deixar de me perguntar se ela ainda acreditaria
nisso se soubesse de todas as coisas que fiz e das coisas que estou preparado para
fazer, porque vê-la tão feliz só confirmou que realmente não há limites para o quão
longe eu iria.

Deixo Maisie em nosso quarto e desço as escadas, onde encontro Cole,


Wade e o xerife Nelson na sala de estar. Cole parece furioso, com os olhos fixos no
chão, mal trocamos uma palavra com ele desde que encontramos Aubrey, e não
consigo imaginar a dor que ele deve estar sentindo.

— O que podemos fazer por você, xerife? — Vou até ao armário de


bebidas, sim, é cedo, mas não é todo dia que um homem consegue a mulher que ama
para casar com ele, e não é todo dia que um homem perde a dele, como Cole. Sirvo
para mim e para meus dois irmãos, e quando ofereço um para Nelson, ele balança a
cabeça e recusa.

— Preciso que Cole vá até à delegacia para que possamos tirar suas
impressões digitais, — ele nos informa.

— Isso é mesmo necessário? — Permaneço calmo enquanto tomo um gole


do meu uísque.

— Aubrey Mason foi assassinada, — Nelson nos conta algo que já


imaginamos, — tenho que descartar todas as eventualidades, especialmente com
Swann rastejando por aí. Dois assassinatos em uma escala de tempo tão pequena, ela
está tentando ligá-los, — ele explica, parecendo exausto.
— Todos nós sabemos quem a matou. Ela veio à delegacia para me dar
um álibi e, em 24 horas, foi encontrada morta. Não é preciso ser um maldito detetive
para descobrir isso. — Cole levanta os olhos do chão e prende Nelson com eles.

— Eu sei que não foi você, Cole, mas este não é o meu pedido. Apenas
venha, me dê as impressões digitais e deixe-os descobrir.

— Esse é o problema, no entanto. Eu não quero que eles descubram. Eu


mesmo quero matar aquele filho da puta, e aviso a todos, não dou a mínima se cair,
vou com prazer. — Cole vira a bebida e bate o copo na mesinha de centro.

— Temos o Sr. Mason sob custódia, ele está sendo interrogado, — Nelson
nos informa.

— Bem, isso não é ótimo? — Cole se levanta e pisa em seu rosto.

— Vamos, agora, — Wade coloca o braço entre eles, mas Cole não está
recuando.

— Esse homem precisa pagar pelo que fez, e a prisão seria muito gentil.

— Como eu disse, está fora das minhas mãos. — O xerife Nelson se


mantém firme, mostrando que não tem medo do meu irmão.

— Eu mesmo o levarei até à delegacia, — asseguro a Nelson, movendo-


me calmamente na direção deles e insistindo com firmeza para que o xerife saia pela
porta. Espero até que ele esteja em sua viatura antes de fechá-la e atacar meu irmão.
— Cole, eu entendo que está com dor, mas você tem que ser mais esperto,
— eu o advirto, esfregando a mão sobre o meu rosto antes de ir para o bar para me
servir de outra bebida.

— Ela está morta, Garrett, e todos nós sabemos quem fez isso! — meu
irmão grita comigo do outro lado da sala, e Wade se senta, mantendo a cabeça baixa.

— Sim, nós sabemos, todos nós sabemos, mas ele está sob vigilância
policial, e eu não vou deixar você ir para a prisão por causa daquele canalha. Está
me ouvindo?

— Não sei se é a hora... — Wade se inclina para a frente e tira um envelope


do bolso de trás, entregando-o a Cole.

— Fui ao rancho esta manhã para limpar seu beliche, já que imaginei que
você não voltaria. Encontrei isto debaixo do seu travesseiro.

Cole olha para o envelope em sua mão e engole em seco.

— Essa é a caligrafia de Aubrey. — Sua voz sai fraca, e quando ele cai na
cadeira atrás dele, noto suas mãos tremendo enquanto ele abre.

Eu olho para Wade do outro lado da sala, e nós dois compartilhamos a


mesma tristeza enquanto ficamos em silêncio e vemos os olhos de nosso irmão se
encherem de lágrimas enquanto ele examina a carta.

— Isto só o prova. — Ele coloca a carta na mesa de centro quando termina,


recostando-se na cadeira e passando o dedo pelo lábio inferior.
— Você se importa se eu...? — Pego a carta e Cole acena com permissão
antes de eu pegá-la.

Cole,

Não sei como começar, parece impossível colocar em palavras.


Especialmente aquelas que eu posso esperar que você entenda. Então, vou direto ao
assunto.

Estou deixando Fork River, estou deixando Joe, e por mais que isso parta
meu coração, estou deixando você também.

Por muito tempo, guardei um segredo, aquele que abriu caminho para
nossa dor de cabeça e nos trouxe até aqui. Não espero seu perdão pelo que nos fiz
passar. Eu não mereço isso, mas o que você merece é uma explicação.

A noite em que Zoe morreu; eu estava a caminho de sua casa para


perguntar se você se casaria comigo. Sim, tínhamos apenas dezessete anos, e sim,
eu estava sendo louca, mas a ideia de deixar você e ir para a faculdade sem me
comprometer a ser sua me fez não querer ir embora de jeito nenhum. Eu e Zoe
tínhamos bebido naquela noite, e fui eu que sentei ao volante. Achei que estava bem,
mas não podia estar porque nos tirei da estrada.

Ronnie Mason foi a primeira pessoa a chegar, ele me arrastou para fora
do carro e, quando percebeu que Zoe já estava morta, elaborou um plano para
colocá-la no banco do motorista.
Eu gostaria de ter recusado porque, pelo menos assim, eu poderia ter
sofrido a culpa abertamente. Em vez disso, vivi na sombra de uma mentira. Eu não
podia te contar porque temia perder você, e sempre amei o jeito que você olhava
para mim como se eu fosse perfeita.

Eu já estava quebrada quando Ronnie veio até mim um ano depois para
cobrar o favor que ele decidiu que eu lhe devia, então, naquela época, eu já estava
me sentindo culpada por ter minha vida quando ela não. Pareceu ser justo que eu
vivesse o resto da vida sem amor. Então, concordei com suas exigências e me casei
com Joe.

Provei como sou egoísta ao passar esses últimos dezoito meses com você,
lembrando-nos de tudo o que perdemos e como poderia ter sido. Mas agora tenho
que deixar o passado para trás, e tenho que deixar você com ele, porque você merece
mais do que eu.

Por favor, não tente me encontrar. Não sou a garota por quem você se
apaixonou tantos anos atrás, e não sou a mulher que você acha que perdeu.

Nem todo mundo fica feliz para sempre, mas o tempo que tivemos antes
de o mundo ficar cinza foi o mais próximo que já cheguei.

Sua para sempre,

Aubrey.
— Merda, — eu passo a carta para Wade e pego o copo de Cole para que
eu possa enchê-lo.

— Aquele filho da puta a chantageou. — Cole olha para um espaço vazio


no chão e balança a cabeça. — Ela o estava deixando e eles decidiram que ela deveria
ser detida.

— Nós vamos fazê-los pagar, — eu prometo, e quero dizer isso. Todo


mundo na cidade sabe que Ronnie Mason é um babaca, mas ele é um babaca com
muito dinheiro e tem todas as conexões certas. Eu estava limitado em quanto eu
poderia progredir, com Cora pendurada nos bastidores esperando que eu estragasse
tudo. Mas Cora não está aqui agora, e meu irmão está sofrendo. Se matar aqueles
idiotas é o que vai fazer para que essa dor desapareça, então é isso que tem que
acontecer.

Meu celular começa a tocar e, quando vejo o nome do xerife Nelson,


atendo imediatamente.

— Só estou avisando, acabei de receber uma ligação de Swann. Eles


libertaram Joe Mason.

— O quê? — Eu assobio na linha. Pelo menos ter aquele filho da puta


atrás das grades por um tempo teria me permitido algum tempo para pensar em sua
execução. Saber que ele está livre vai deixar Cole entusiasmado.

— Ele tem um álibi para a hora da morte que o legista nos deu.

— Quem? — Eu aperto o celular com mais força na mão.


— Algum vaqueiro que trabalha para ele, Laurie Cross, — ele admite
parecendo desanimado.

— Certamente isso não é sólido, ele trabalha para ele, pelo amor de Deus,
e Laurie Cross é um mentiroso profissional.

— Como eu disse…

— Fora das suas malditas mãos. — Eu termino a frase por ele e desligo,
jogando o celular no sofá e indo para o bar, desta vez para me servir a porra de uma
bebida.

— O que ele disse? — Cole pergunta, e levo alguns segundos para me


preparar antes de lhe dizer.

— Eles libertaram Joe. Aparentemente, ele conseguiu um álibi. — Eu


bebo meu uísque.

— Deve ser meu dia de sorte. — Cole me encara friamente enquanto se


levanta da cadeira e se dirige para o escritório. Eu marcho atrás dele sabendo
exatamente para onde está indo.

— Pare! — Eu corro ao redor dele e o impeço de chegar ao armário de


armas. — Concordo que Joe Mason precisa morrer, mas não permitirei que você seja
preso por isso. Subjugamos muitos homens, mas nunca fomos pegos, e sabe por que
nunca fomos pegos? — Eu aponto meu dedo em seu rosto e mostro alguma
autoridade na esperança de que isso o faça recuar. — Porque somos espertos sobre
isso.
— Quem é o álibi? — ele pergunta com lágrimas furiosas inundando seus
olhos.

— Laurie Cross, — falo o nome de um dos poucos homens que nos traiu
e viveu para contar a história. Ele permaneceu vivo porque tinha um propósito, mas
não é mais assim.

— Dê-me uma boa razão para eu não explodir cada uma das cabeças dos
Mason? — Cole tensiona o maxilar e espera que eu responda.

— Porque somos mais espertos do que isso, somos mais espertos do que
eles, e se você fizer isso, nenhum deles vai sofrer de verdade. — Eu observo seus
ombros caírem enquanto ele absorve o que eu digo, ele está respirando como um
touro, e posso sentir sua frustração, mas ele sabe que estou certo.

— Então, o que você sugere? — ele pergunta.

— Wade, convoque uma reunião. Eu quero todos os homens marcados no


Long Camp às 20h, — eu aceno na direção do meu outro irmão.

— E também quero Laurie Cross lá. — Virando a cabeça de volta para


Cole, eu sorrio para ele sombriamente. — Vamos começar por baixo, certo?
Estou de pé na varanda nos fundos da casa, observando o céu alaranjado
enquanto o sol se põe sobre as montanhas, quando Garrett aparece atrás de mim. Ele
coloca uma taça de vinho na minha mão antes de colocar um cobertor sobre meus
ombros e me envolver em seus braços.

— Se eu não o conhecesse melhor, diria que você está me bajulando. —


Continuo olhando para o céu brilhante e alaranjado enquanto ele descansa o queixo
no meu ombro e o admira comigo.

— Tenho que sair por algumas horas mais tarde, — ele admite, apertando
seus braços um pouco mais apertado em volta da minha cintura como se esperasse
que eu fugisse.

— Você se importa?

— É por Cole? — Eu pergunto. Todos estão cautelosos desde que o xerife


Nelson saiu, e ainda não vi Cole. Tanto Wade quanto Garrett me garantiram que ele
está melhor sozinho, mas odeio a ideia de ele não ter ninguém com ele enquanto está
de luto.

— Sim, querida, é por Cole, — ele sussurra, deslizando o nariz na minha


bochecha e beijando minha têmpora. Adoro quando Garrett é gentil, especialmente
quando sei o quão brutal ele pode ser.

— Então eu não me importo. — Equilibro meu copo na grade de madeira


à minha frente e me viro, passando os braços em volta do pescoço dele.

— Dificilmente uma maneira de uma noiva passar a noite de núpcias, no


entanto. — Ele parece desapontado consigo mesmo, e eu odeio isso. Eu não quero
que ele se sinta dividido entre mim e seus irmãos, nunca. Pelo que vejo, hoje cedo,
casei-me com alguém desta família e, assim como eles, lutarei para nos manter
juntos. Não fui criada para ter valores familiares, minha mãe quase nunca estava por
perto e minha figura paterna era quem ela estava enganando na época, talvez seja
por isso que eu quero tanto tudo isso agora.

— Tenho certeza que você vai me compensar. — Eu lambo meus lábios


sedutoramente antes de beijá-lo, e quando ele se afasta de mim e sorri, posso dizer
que já tem algo planejado.

— Eu liguei para Leia, ela está vindo para te fazer companhia.

Apenas quando eu não acho que posso me apaixonar mais por este
homem, ele prova novamente o quão atencioso é. Foram dias avassaladores e,
embora eu não vá contar -lhe sobre o casamento, será bom falar sobre alguns dos
outros eventos com Leia. Percebi ontem no rancho Mason como ela parecia
deslocada. Leia é divertida e cheia de vida, seus pais podem ser ricos e ter uma
reputação a defender, mas eles abraçam sua personalidade. Os Mason têm valores
diferentes, e ver o que aconteceu com Aubrey me deixa ainda mais determinada a
fazer que minha amiga veja a razão.

— Certifiquei-me de que Josie estocasse vinho; tem bastante na geladeira,


e Leia está trazendo pizza, — ele me garante.

— Você odeia pizza, — eu o lembro.

— Eu não estou comendo isso. Vou pegar algo antes de sair. Então... você
me perdoa por abandoná-la em nossa noite de núpcias? — ele verifica, parecendo
como se minha resposta realmente importasse para ele.

— Você está fazendo um bom começo. — Eu o deixei saber que está tudo
bem, beijando-o novamente.

— O que vocês dois estão planejando? — Wade sai para se juntar a nós,
acendendo um cigarro e olhando para a vista.

— Merda, me desculpe. Eu estraguei um momento ou algo assim. —ele ri


e nos faz rir também. Embora os nossos rostos fiquem sérios novamente quando
notamos Cole cavalgando em direção ao pátio.

— Vocês precisam estar lá para ele, — eu digo a ambos algo que eles
provavelmente já sabem. — Aprendi muito rápido que os homens Carson são uma
merda quando se trata de pedir ajuda. — Pego minha taça de vinho e beijo meu
marido na bochecha, depois beijo Wade na dele também, antes de voltar para casa e
me preparar para Leia.

***

— Caleb jura que não foi Joe, Maisie, e agora esse álibi prova isso. —
Leia enche seu copo e se junta a mim no sofá. Decidi que seria divertido para nós no
estúdio esta noite, e acho que Garrett está sendo muito cauteloso ao insistir que Otis
fique de guarda no andar de baixo. Ainda assim, eu não discuti com ele, ele já tem o
suficiente em mente sem eu agir como uma pirralha.

— Claro, você vai dizer isso; ele é seu irmão, — eu indico, não comprando
a besteira dos Mason. Eu vi como Aubrey estava com medo de seu marido. — Tem
alguma coisa errada. Quem mais iria querer ela morta? Você via como ela era,
sempre olhando para o chão, ela o temia. É coincidência demais. Garrett me disse
que esse cara que diz que estava com ele trabalha no rancho; ele poderia ter sido
pago para dizer que Joe estava com ele.

— Você não acha que deveria se concentrar em resolver um assassinato


diferente? — Não sei se o olhar que Leia está me dando é compreensivo ou crítico,
mas de qualquer forma, não gosto disso.
— Prefiro me concentrar nas pessoas de quem gosto, além disso, como
sabemos que Joe não matou minha mãe também? Ele tem a aparência de serial killer
sobre ele, — tomo um gole do meu vinho e dou de ombros.

— Você realmente tem uma imaginação louca. — Leia revira os olhos.

— Sério Leia, você não está preocupada em se casar com tudo isso? Não
olha para Aubrey e se preocupa pensando que é no que você pode se tornar. —Estou
correndo um risco aqui, a última coisa que quero fazer é afastar minha amiga, mas
tenho que fazê-la pensar sobre isso.

— Eu e Caleb fazemos sentido. — Sua resposta não é nada convincente,


e a maneira como ela se mexe desconfortavelmente na cadeira me faz sentir mal pelo
fato de que não vou deixá-la sair dessa conversa que estamos prestes a ter.

— Você vai se casar com ele porque faz sentido? — Agora é hora de eu
parecer julgadora.

— Jesus, Maisie, está de volta à cidade há cinco minutos, você realmente


vai começar a se intrometer?

— Se intrometer é o que é preciso para garantir que minha melhor amiga


seja feliz, então sim. Estou me intrometendo. — Nós duas rimos, e pelo menos isso
mostra que não a ofendi.

— Olha, eu e Caleb, nós dois tivemos o mesmo tipo de criação, temos pais
ambiciosos e meio que nos encaixamos. Nem todos os casais vivem como você e
Garrett. — Ela me cutuca de brincadeira para tentar me distrair da tristeza em seus
olhos.

— Mas e se você pudesse ter isso? E se houvesse esse cara, alguém muito
próximo, que tivesse sentimentos cruéis e avassaladores por você que ele não
pudesse controlar, mas estivesse com muito medo de admitir? — Tento colocar em
palavras, mas ela começa a rir de novo.

— Maisie Wildman, você está lendo romances demais.

— Estou falando sério aqui, e se você se contentar com Caleb porque 'faz
sentido’, — cito ela com meus dedos, — e isso te impedir de encontrar o amor
verdadeiro?

— Maisie, querida, vou te contar um segredinho, — Leia se aproxima e


sussurra, — amor de verdade, não existe.

Eu toco a corrente em volta do meu pescoço e tenho que discordar dela.


Eu senti a dor do amor verdadeiro por três anos, e agora estou sentindo o bem disso.

— Eu discordo, — argumento. — E se você se casar com Caleb Mason,


você estará negando isso a si mesma.

— Com quem? — ela ri de mim. — Maisie, já tive vários namorados, e


todos são babacas. Quando você nasce com dinheiro e poder, ninguém realmente vê
além disso.

— Mas e se alguém o fizesse? E se alguém te amasse pelo jeito que você


sorri ou pelo jeito que você o faz rir?
— Alguém como quem? — ela balança a cabeça para zombar de mim
enquanto pega outra fatia de pizza.

— Eu não sei, alguém como Wade. — Eu deixo escapar e tenho que


encontrar rapidamente uma maneira de me recuperar. — Você sabe, apenas como
um exemplo.

— Wade? — Agora ela está realmente rindo. Na verdade, ela está quase
dobrada. — Wade, o garoto que colocou um sapo no meu maiô quando fomos nadar
no lago quando crianças? O cara que cresceu puxando minhas tranças e colocando
aranhas na minha lancheira?

— Não, eu estou falando sobre Wade, que quase quebrou o cérebro de


Tyler Phillips na fonte do seu pai quando ele colocou algo em sua bebida. — Eu
aponto muito seriamente, na esperança de que ela possa finalmente entender.

— Eu e Wade, não somos assim. Ele sempre esteve lá para mim, é apenas
o jeito dele. — Ela sorri para mim com tristeza, e cada instinto dentro de mim quer
dizer-lhe que está errada.

— De qualquer forma, chega de falar da minha vida amorosa. Quero que


me conte tudo sobre a sua. —Ela mexe as sobrancelhas animadamente.

— Não há nada para contar. — Eu me sinto péssima por lhe mentir, mas
ainda não estou pronta para que as pessoas saibam sobre o casamento. Elas não
entenderiam. E sei o quanto esse casamento significa para Leia, mesmo que não seja
com um cara que ela ama.
— Mentira! — ela me acusa com uma carranca, e quando penso que me
pegou, ela sorri. — Todo mundo em Fork River estava falando sobre como deve ter
sido Garrett quem matou sua mãe, e agora tudo o que eles estão falando é sobre você.

— Eu, o que eu fiz?

— Você coloca um sorriso no rosto dele, e isso é uma coisa rara, acredite
em mim.

A ideia disso me deixa muito feliz, tão feliz que meu peito parece que vai
explodir e, de repente, me sinto culpada.

— Eu não deveria me sentir tão feliz, não depois do que aconteceu com
Aubrey. — Baixo os olhos para o meu copo, envergonhada de mim mesma quando
penso na carta que Garrett me mostrou antes. Certamente explicou muito.

— Pare com essa merda agora. Você merece ser feliz. Cante do telhado,
garota. — Leia parece genuinamente satisfeita por mim.

Eu me pergunto se ela pensaria igual se soubesse que fui eu quem fez


Aubrey mudar sua declaração, mas para dizer isso a Leia, teria de revelar um segredo
que não é meu para compartilhar.

— Quero saber tudo o que há para saber sobre Garrett Carson e seus
movimentos. — Ela sorri diabolicamente por cima de sua taça de vinho.

— Ele não tem nenhum movimento. — Balanço a cabeça.


— Oh sim, então o que vocês dois estavam fazendo no banheiro na noite
da minha festa de noivado? Sawyer West me disse que você saiu parecendo muito
perturbada.

— Ok, talvez ele tenha alguns movimentos. — Eu tento esconder meu


sorriso, mas minhas bochechas doem muito, e quando eu finalmente desisto e
divulgo alguns segredos meus, eu faço minha nova melhor amiga corar.
— Então, o que vocês acham? — Pergunto a Noah depois que Sawyer e
Zayne seguem Mitch até à cabana para pegar uma cerveja.

— Você quer saber meus pensamentos? — O garoto quase parece


surpreso. Eu não consigo descobrir o porquê. Ele é inteligente e fica muito parado e
observando. Ele pode estar na cidade há apenas cinco anos, mas tenho certeza de
que já conhece todo mundo.

— Cora, agora Aubrey, você acha que está relacionado? — Eu tomo meu
cigarro de volta e olho para o fogo na nossa frente.

— Não consigo ver por que Joe iria querer acabar com Cora. — Ele franze
os lábios e dá de ombros. — Mas então coisas estranhas aconteceram, especialmente
nesta cidade.

— Vocês conheciam minha irmã; você acha que Joe pode ter sido quem a
engravidou? — O pensamento faz meu sangue queimar sob minha pele. Breanna era
tão jovem, mal tinha dezesseis anos quando morreu. Já é difícil imaginar um cara da
idade dela engravidando-a, mas um homem adulto…

— Eu acho que aqueles homens Mason são capazes de quase tudo, —


Noah suspira, pegando a cerveja que Sawyer passa por cima do ombro quando ele
retorna.

— Então, qual é o plano para Cross? — Sawyer pergunta, sentando-se ao


lado de Zayne, que começou a enrolar um baseado.

— Ele está alegando que estava com Joe na hora em que Aubrey foi morta.
Precisamos descobrir se isso é verdade.

— E se não for? Da última vez que verifiquei, você não gostava de


espancar homens inocentes. — Zayne olha para cima do que está fazendo para
levantar a sobrancelha.

— Laurie Cross não é inocente; ele nos roubou há alguns anos.

— E ainda está respirando? — Sawyer ri.

— Ele teve um propósito. Eu o coloquei para trabalhar no Rancho Mason


para que eu pudesse me manter atualizado.

— Cole trabalhou lá, com certeza se você precisa saber de algo…

— Os Mason nunca contariam merda nenhuma ao meu irmão. Eles só o


mantiveram empregado para poder humilhá-lo, — o interrompo, lembrando-me de
como deve ter sido difícil para ele. Cole sempre teve um jeito de dificultar as coisas
para si mesmo.
— Aposto que Ronnie Mason ficou de pau duro com essa merda, — Mitch
lança do outro lado do fogo, — e falai do diabo. — Sua cabeça aponta para os faróis
quando a caminhonete de Cole estaciona. Quando ele sai e bate à porta, vejo que
toda aquela raiva e dor ainda estão com ele. A verdade assustadora é que não consigo
ver isso indo embora agora. Cole provou o quanto amava Aubrey por sua
persistência em ficar no rancho de Mason. Ele nunca iria seguir em frente com ela.
Não consigo ver o fato de ela estar morta mudando isso.

— Você o pegou? — ele pergunta, sentando-se no tronco ao lado de Mitch.

— Dalton, Finn e Tate estão voltando com ele agora, — asseguro.

— Vou pegar uma cerveja para você. — Mitch vai se levantar, mas Cole
balança a cabeça,

— Eu quero cabeça boa para isso.

— Vamos levar isso até ao fim? — Zayne acende a ponta de seu baseado,
chupando com força para começar.

— Não vejo nenhuma utilidade para ele agora, — Cole estala os nós dos
dedos e se concentra nas chamas que lambem o ar entre nós.

— Ele é um pai, — eu lembro a todos. Esse fato tem passado pela minha
cabeça a tarde toda.

— E também metade dos homens que você colocou debaixo de terra. O


que quer dizer? — Cole responde de volta para mim.
— O que quero dizer é que os filhos dele ainda são pequenos e ele pode
ser um saco de merda inútil, mas essas crianças não deveriam sofrer por isso.

— Faz um favor a eles, se quer que lhe diga, — Noah se levanta e coloca
outra lenha no fogo. Deduzo pela aspereza em seu tom de voz que ele nunca teve
muito relacionamento com o pai. Ninguém realmente sabe nada sobre quem ele era
antes de vir para cá, mas quase posso garantir que foi difícil para ele.

Wade é o próximo a aparecer. Ele estaciona sua caminhonete ao lado da


de Cole e segue em frente, agarrando nosso irmão pelos ombros e sacudindo-o.

— Você está bem? — ele verifica, e quando Cole acena com a cabeça,
isso não convence ninguém.

Passa-se mais meia hora antes que mais faróis apareçam à distância, e nós
seis nos levantamos e esperamos para cumprimentar nosso convidado.

Finn sai primeiro da van preta, abrindo as portas traseiras, e Laurie Cross
sai correndo como um pônei assustado. Infelizmente para Laurie, ele corre direto
para Wade, que o joga no chão e o levanta para nos enfrentar.

— Jesus, Finn, por que diabos ele está nu? — Meu irmão não parece
impressionado enquanto se esforça para manter Laurie imóvel.

— Tive que tirá-lo do chuveiro, — Finn dá de ombros com uma pitada de


diversão em seu rosto.

— Vocês três foram para o barracão de Mason? — Mitch franze as


sobrancelhas.
— Nah, nós perguntamos por aí e descobrimos que Laurie aqui, é um
cliente regular do motel na 310. Gosta de gastar todo o seu dinheiro suado com uma
prostituta nojenta, não é? — Finn bagunça o cabelo de Laurie fazendo-o carrancudo.

— Achei que ela estava bem, — Dalton fala, e Tate revira os olhos
enquanto fecha as portas da van.

— Você cuidou da prostituta? — Eu me aproximo e verifico,

— Dei-lhe cem, — ele me garante, acendendo um cigarro e apoiando o


ombro no painel lateral. — Mas Dalton aqui queria dar-lhe muito mais. — Seus
lábios se curvam levemente, antes de eu me virar e encarar o homem com quem
precisamos falar.

Normalmente é aqui que eu assumo a liderança, mas esta é a festa de Cole.

— Eu não tenho muita tolerância, então vou te perguntar desta vez, e quero
que uma resposta direta. Você está mentindo sobre estar com Joe Mason enquanto
sua esposa estava sendo assassinada? — Cole pergunta. Ele está tentando manter a
calma, mas posso ouvir a tensão em sua voz.

Laurie engole em seco enquanto olha ao redor do círculo que formamos


ao seu redor.

— Sim. — Ele baixa os olhos para o chão de vergonha, e Cole saca seu
revólver e, sem nenhum aviso, atira direto entre as pernas dele. Wade deixa Laurie
cair no chão para que ele possa agarrar seu saco e gritar de agonia. Além de Cole,
que parece sem remorso, não há um homem em pé que não tenha um arrepio no
rosto.

Cole se agacha na frente de Laurie, observando-o se contorcer.

— Meu irmão aqui diz que não tenho permissão para te matar porque você
tem filhos. Eu só queria garantir que você não tenha mais.

— Seu filho da puta! — O catarro sai da boca de Laurie e Cole dá uma


risada fria e sádica que mostra como ele pode ser imprevisível.

— Coloque-o de pé. — Ele se afasta para que Dalton e Sawyer possam


começar a trabalhar, levantando Laurie de suas axilas e segurando-o. Isso nos dá
uma visão completa da bagunça que Cole fez com seu pau, e não vi muito Zayne
intimidado, mas ele desvia o olhar e engasga quando vê que sua bola esquerda está
completamente destruída.

— Vou fazer essa pergunta novamente. Você estava com Joe Mason
quando a esposa dele morreu?

Laurie parece que está prestes a desmaiar de dor e, quando sua cabeça cai
para a frente, Cole enfia a arma sob o queixo para empurrá-la de volta. Laurie olha
para o cano com puro terror em seus olhos.

— Esqueci de te contar; nem sempre ouço o que meu irmão me diz, —


adverte Cole. Quando Wade me lança um olhar que pergunta se ele deve intervir,
balanço a cabeça sutilmente para ele e respiro fundo.
— Não, eu não estava, — Laurie confessa, e Cole puxa a arma, dando um
passo para trás e atirando nos pés de Laurie. Isso o faz dançar, e o filho da puta grita
como um bebê antes de cair de joelhos.

— Aí está a porra da sua resposta. — Cole coloca a arma de volta no coldre


e passa por mim, entrando em sua caminhonete.

— Vamos cuidar disso! — Wade grita atrás dele sarcasticamente, e


quando faço um gesto com a cabeça para ele seguir nosso irmão para verificar se ele
não faz nada estúpido, ele rapidamente corre atrás dele. Apesar dos protestos de
Cole, Wade senta no banco do passageiro e eles derrapam.

— O que você quer fazer com ele, chefe? — Dalton pergunta, olhando
para o homem quebrado no chão com o que parece muito com simpatia. Eu o ignoro,
dando um passo em direção a Laurie e me abaixando até ao nível dele.

— Você ainda está respirando por causa daqueles seus dois meninos. Eu
te dei muitas chances de fazer melhor. — Eu mantenho a voz baixa e observo seus
olhos perderem a luta. O fato de ele não estar mais gritando me diz que seu corpo
entrou em choque com toda a dor que ele deve estar sentindo.

— Foda tudo de novo, e eles não serão suficientes para protegê-lo. — Eu


me levanto e sigo em direção a Sawyer.

— Você acha que sua avó pode lidar com isso? Se o deixarmos no hospital,
é provável que ele grite.
— Ela vai cuidar disso, — ele me garante, acenando com a cabeça em
direção a Zayne para ajudá-lo a carregar o idiota mentiroso em sua caminhonete.
Mitch fala com Finn, Tate e Dalton, sem dúvida verificando se eles cobriram todas
as bases no motel, e Noah vem até mim.

— Você quer que eu chame o xerife Nelson quando ele estiver melhor?
Acho que você vai querer que ele faça uma nova declaração.

— Essa é a última coisa que eu quero, — digo, tirando outro cigarro da


minha jaqueta e acendendo-o. O garoto parece confuso e, como os homens marcados
não escondem as coisas uns dos outros, dou-lhe uma pista.

— Se Laurie mudar sua declaração, a polícia prenderá Joe novamente, e


Cole vai lutar para pegá-lo se ele estiver atrás das grades.

Noah balança a cabeça como se entendesse minha lógica.

— Fizemos alguns sucessos nos últimos anos, mas Joe Mason é um dos
grandes, — ele aponta algo que eu já sei.

— O quão grande ele é não importa, não há nada que eu possa fazer para
impedir Cole de matá-lo, não há nada que me impediria também se fosse minha
garota que encontramos no rio.

— Você sabe onde estamos ser precisar. — Noah dá um tapa no meu


ombro antes de sair para se juntar a seus amigos.

— Bem, isso foi curto e doce. — Mitch ri enquanto bate na van e manda
o resto dos meninos embora.
— Esperando mais ação? — Eu rio para ele, sentando-me na lenha perto
do fogo e fumando meu cigarro.

— Vamos ter que ficar de olho naquele seu irmão, garantir que ele não
perca a cabeça. — Ele parece preocupado e muito sério.

— Acho que você e eu sabemos que Cole perdeu a cabeça há muito tempo.
— Eu tento fazer pouco disso, mas as palavras que falo são verdadeiras. Cole não
está bem desde que mamãe foi embora. Acho que ele lutou com o fato de serem tão
próximos e ela o abandonar sem nenhuma explicação. Tudo aconteceu tão perto da
hora em que meu avô se enforcou. Achei difícil aceitar.

Também me senti enganado. Eu apenas me recusei a deixar isso me


destruir.

— Vou mantê-lo sob controle, enquanto isso, esteja pronto, — digo a


Mitch, me levantando e indo em direção a minha caminhonete. Como Cole não
perdeu tempo, acho que posso dar a minha esposa aquela noite de núpcias, afinal.
Leia teve que sair quando a irmã a chamou pedindo uma carona, e como
ainda é cedo, decido ficar no meu ateliê e terminar a garrafa de vinho que abrimos.
Parece que faz uma eternidade desde a última vez que pintei qualquer coisa e estar
aqui pode me inspirar a criar meu próximo projeto. Deito a cabeça no encosto do
sofá e olho para as luzes suaves e quentes que estão em volta das vigas. Pensar em
Garrett fazendo tudo isso para mim me faz sorrir, e quando me levanto e caminho
até à janela olhando para a brilhante noite estrelada, isso me faz pensar o que ele está
fazendo esta noite.

Este lugar realmente é o paraíso. Nunca vi isso quando cheguei aqui. Eu


estava muito ocupada sentindo pena de mim mesma, mas agora entendo por que
Garrett trabalha tanto para mantê-lo e até onde ele fará para protegê-lo. Toco a tela
em branco que está sobre o cavalete, esperando visualizar o que vou pintar. A
paisagem é tão bonita; acho que seria bom levar para dentro de casa. Poderíamos
pendurá-lo na sala de estar; tenho certeza que Garrett não se importaria, ele está
sempre me lembrando que este lugar é minha casa agora.

Eu ouço a escada ranger e espero ver Otis quando me virar, mas em vez
disso, é Garrett que está com os braços apoiados no corrimão superior enquanto me
observa.

— Quanto tempo você esteve lá? — Eu sorrio.

—Tempo o suficiente. — Ele sorri de volta para mim.

— E como sabia que eu estava aqui? — Corro para beijá-lo porque, por
mais patético que pareça, parece que estamos separados há muito tempo.

— Vi as luzes acesas. — A maneira como ele embala minha cabeça em


sua mão tão gentilmente quase me faz não querer fazer minha próxima pergunta,
mas sou curiosa por natureza.

— Como foi? — Eu sorrio, esperando que ele saiba que, por pior que seja,
ele pode compartilhar comigo.

— Você realmente quer saber? — Passando por mim, ele se senta no sofá
que está voltado para as estrelas e bate em seu colo para que eu me sente.

— Sim, você sabe que não quero que tenhamos segredos. — Eu me enrolo
em seu colo e beijo sua mandíbula barbada.

— Laurie mentiu sobre ser o álibi de Joe, — ele me informa, deixando


escapar um suspiro longo e exausto.
— Como você sabe disso? — Eu recuo em estado de choque.

— Porque acabamos de conversar com Laurie Cross, — ele explica,


tirando o chapéu e colocando-o no assento ao nosso lado.

— Que tipo de conversa? — Eu mordo meu lábio e olho para baixo para
verificar as mãos de Garrett; elas parecem limpas o suficiente.

— O tipo que fez Cole explodir sua bola esquerda. — Se ele não tivesse
um olhar tão sério em seu rosto, eu pensaria que ele estava brincando.

— Caralho. — Respiro fundo e fecho os olhos.

— Ei, você é quem não quer segredos. — Ele levanta as mãos em defesa.
— Por aqui a verdade pode ficar bem feia. — Ele sorri tristemente. — Onde está
Leia? — ele olha em volta como se tivesse acabado de perceber que ela não está
aqui.

— Ela teve que ir buscar Karina em uma festa. Então, eu fiquei aqui fora
para obter alguma inspiração. Eu disse a Otis que ele poderia sair, mas ele insistiu
em ficar lá em guarda.

— Isso é porque ele é sensato, — Garrett me diz, e tanto quanto me


preocupa que ele sinta a necessidade de me manter guardada, eu decido não deixar
transparecer.

— Estou pensando em pintar a vista para pendurar na sala. — Mudo de


assunto, aninhando minha cabeça em seu pescoço e pegando sua mão na minha para
poder brincar com seus dedos.
— Você gosta daqui? — ele pergunta depois de alguns minutos de
silêncio.

— Eu amo isso. Amo ainda mais que você tenha feito por mim antes
mesmo de eu voltar, — admito, correndo meus dedos sobre as crostas e cicatrizes
em suas mãos.

— Eu tive que fazer, um homem precisa ter alguma esperança.

— Você poderia ter apenas ligado. — Olho para ele através de meus cílios,
e quando ele me dá uma carranca severa, eu rio.

— Você quer saber o que me inspirou a fazer isso? — Ele pergunta


naquela voz baixa e rouca que puxa minhas entranhas.

— Claro que quero. — Garrett é um livro fechado, você nunca pode ter
certeza do que está acontecendo em sua cabeça, então dar uma olhada dentro dela
parece atraente.

— Eu tive uma visão. — Ele passa o polegar sobre meu lábio inferior e
olha profundamente nos meus olhos.

— Uma visão? — Eu sinto a boca afrouxar. Não quero parecer duvidosa,


mas nunca considerei Garrett do tipo supersticioso.

— Sim, como no meu sono.

— Você quer dizer um sonho, — eu o corrijo.


— Chame do que quiser, acabei de ver e, quando vi, percebi que era o que
eu mais queria no mundo.

— Vai me contar sobre isso? — Agora estou intrigada.

— Eu estava trabalhando no pátio em uma manhã quente de primavera,


olhei para cima e lá estava você, parada bem na porta, — ele redireciona seus olhos
para a porta do sótão à nossa frente. — Você estava parada ao lado de seu cavalete
com uma barriga grande e inchada e tinha o sorriso mais brilhante no rosto quando
olhou para mim. Foi a coisa mais linda que já vi. — Ele olha para onde sua palma
está deslizando em meu estômago plano com um sorriso próprio.

— E então você tem que fazer isso? — Estendo a mão e torço uma mecha
de seu cabelo escuro em volta do meu dedo, desejando que não tivéssemos
desperdiçado aqueles três anos separados.

— Eu costumava assistir a um filme com meu avô sobre um cara que


construiu um campo de beisebol em seu milharal.

— Campo dos Sonhos 2 , — lembro-me bem. Um dos ex-maridos da


mamãe era um grande fã de beisebol. Era seu filme favorito.

— É esse mesmo. Você se lembra dessa frase? Construa e ele virá. — Eu


amo o jeito que ele cora um pouco; não é sempre que você pega Garrett
envergonhado.

2 Field of Dreams no original, com Kevin Costner.


— Lembro. — Eu luto para esconder o sorriso enorme que eu quero fazer.

— Bem, eu meio que coloquei toda a minha fé nisso.

— Eu te amo, — digo, sentindo vontade de chorar quando toda a felicidade


dentro de mim atinge meus olhos.

— E não quero que pense que eu tomo isso como garantido. — Ele beija
as costas da minha mão. — Eu esperava muito de você desde que voltou, muito mais
do que eu mereço. Estabeleci o ritmo e mal te deixei respirar, e me desculpe se às
vezes eu te assusto, mas eu nunca quis algo do jeito que te quero, e não vou te deixar
escapar por entre meus dedos novamente. — Quando ele se move para me beijar, de
repente me lembro de um detalhe de sua visão e rapidamente pressiono minha mão
em seu peito para segurá-lo.

— Nesta sua visão, quando você disse que eu estava grande, de que
tamanho estamos falando? — Eu faço beicinho enquanto espero por sua resposta.

— Oh, você estava muito grande, — seus olhos se arregalam, — Mas


estava gostosa como o inferno. — Eu faço uma tentativa idiota de empurrá-lo para
longe, mas ele agarra meu pulso e move nossos corpos, então estou deitada no sofá
com ele pairando sobre mim.

Ele parece faminto quando olha para mim, e antes que me devore
completamente, há algo que eu preciso que ele saiba.
— Gosto da ideia de carregar algo seu dentro de mim. — Sentada nos
cotovelos, certifico-me de que meus lábios roçam sua mandíbula. — Você não me
assusta, Garrett Carson, — sussurro.
Faz um mês desde que Aubrey morreu, e meu irmão ainda está tão
zangado quanto no dia em que aconteceu. Ele voltou para casa e agora passa todas
as horas do dia trabalhando no rancho e todas as noites bebendo.

Joe Mason ainda está respirando milagrosamente, mas isso é apenas


porque não houve oportunidade. Cole fez uma cena no funeral e praticamente disse
a toda a cidade que ia matar Joe Mason, e com Swann ainda farejando pela cidade,
não podemos dar-lhe uma terceira vítima de assassinato para adicionar à sua
contagem, não agora que ela sabe exatamente a quem procurar se algo acontecer
com Joe. Tudo isso está se tornando irrelevante para Cole, porém, ele é como uma
granada com o pino puxado. Ele pode explodir a qualquer segundo.

— Bom dia, querido — Maisie entra alegremente na sala de jantar e


quebra o silêncio, e Cole acena com a cabeça educadamente para ela, voltando a
comer seus ovos.
— Bom dia, querida, — eu aceno também, resistindo ao desejo de arrastá-
la para o meu colo e fazê-la comer seu café da manhã de lá. Parece insensível ser
assim com ela enquanto Cole sofre. Tenho me contido e mantido minhas mãos para
mim quando ele está por perto, mas é difícil quando você tem uma esposa tão gostosa
quanto a minha. Ela se senta à mesa vestindo uma das minhas camisetas sobre o
lindo short de pijama que ela adora, e há um enorme sorriso em seus lábios antes de
morder a maçã em sua mão.

— Você não quer nada cozido? Tenho certeza de que Josie faria ovos
frescos para você. — Sugiro.

— Não esta manhã, — ela balança a cabeça e mantém o sorriso adorável


em seu rosto.

— Está se sentindo bem? — Eu verifico, sabendo muito bem que há algo


acontecendo. O café da manhã é, sem dúvida, a refeição favorita de Maisie.

— De jeito nenhum. Estou me sentindo ótima.

— Ótimo, — eu aceno de volta e sorrio para ela.

— Na verdade, estou muito animada. Leia vai me buscar em uma hora, e


estamos indo para aquela festa de casamento que ela deveria ir com Caleb, — ela
aponta, e isso faz o sorriso cair dos meus lábios.

— Isso não é algo que o noivo deveria estar fazendo com ela? — Wade
entra, indo direto para a mesa de comida e colocando uma enorme colherada de ovos
em seu prato. Depois de colocar também algumas salsichas, ele coloca o prato no
espaço ao lado de Maisie, e a maneira como ela torce o nariz ao olhar para o prato
dele só confirma minhas suspeitas.

— Bem, hoje é o trabalho de uma dama de honra.

Wade faz o possível para não parecer que se importa enquanto enfia o
garfo na salsicha e morde a ponta. Eu pensei que ver Cole perder Aubrey o faria agir
em toda a situação de Leia, mas parece tê-lo puxado na direção oposta. Não faz
sentido, e estou começando a acreditar que ele realmente vai deixar a garota
continuar com o casamento.

— Vou pedir para Otis te levar.

Maisie vira a cabeça para mim e, se um olhar matasse, eu cairia no chão.

— Eu não preciso ser escoltada, — ela me diz. Aquele lindo sorriso que
ela estava usando alguns segundos atrás de repente se tornou venenoso.

— Eu discordo, e é por isso que Otis está indo com você, — eu a informo,
esperando que ela não faça uma cena na frente dos meus irmãos; ela está ficando
progressivamente chateada com o fato de eu ter Otis cuidando dela sempre que não
posso estar por perto. Mas desde a noite em que um filho da puta entrou em minha
casa e mexeu nas coisas da minha irmã, não vou correr nenhum risco.

Em vez de discutir comigo como eu esperava que ela fizesse, ela se levanta
da mesa e faz o possível para segurar as lágrimas enquanto marcha para fora da sala.

Levanto-me para segui-la e, quando Wade começa a rir, dou-lhe um tapa


forte na nuca ao passar por ele.
Subo as escadas correndo e encontro Maisie na cama soluçando.

— Querida, não chore, — pareço estar implorando porque estou. Odeio


vê-la chateada e, pior de tudo, não sei como lidar com isso. — Só estou tentando te
manter segura.

— É sufocante, Garrett. E se eu e Leia quisermos ter uma conversa


particular? Eu entendo que você quer me manter segura, e eu te amo por isso, mas
você não acha que está sendo um pouco arrogante? — Quando ela olha para mim e
funga para conter as lágrimas, eu me movo com cautela e sento no colchão ao lado
dela.

— Você sabe que está aqui há quase dois meses e ainda não teve seu
período, — eu aponto, me perguntando se há algo mais causando essa reação. Eu fiz
algumas pesquisas sobre os primeiros sinais de gravidez desde que estou tentando
engravidá-la, e acho que podemos marcar com segurança as explosões emocionais
da lista de verificação.

Ela solta um suspiro pesado e se levanta, se afastando de mim e olhando


pela janela.

— Você não deveria ter muitas esperanças! — ela estala, recusando-se a


fazer contato visual comigo.

— Por que não, é o que queremos, não é? — Eu vou até ela, envolvendo
meus braços em volta de sua cintura e me recusando a deixá-la me ignorar.
— Sim, é o que queremos. — Há uma pequena sugestão de seu sorriso
quando ela finalmente olha para mim.

— Ok, então correndo o risco de levar um tapa na cara aqui, você acha
que pode estar exagerando um pouco? — Eu indico.

— Eu não acho que você deve julgar uma reação exagerada, — ela olha
para mim com uma expressão vazia.

— Ok, você me pegou nisso. Mas até que a pessoa que matou sua mãe
seja presa, vou exagerar e ser arrogante.

— Garrett, nós dois temos que encarar o fato de que isso pode nunca
acontecer. A polícia não tem nada. Então, qual é o seu plano? Me enrolar em algodão
pelo resto da vida?

— Custe o que custar, — eu tento fazer pouco do fato de que é exatamente


o que eu planejo fazer, mas ela não está cedendo sobre isso.

— Temos que encarar o fato de que talvez nunca saibamos quem matou
minha mãe.

Ela parece um pouco triste e, de uma forma estranha, isso me traz algum
alívio. Ela está tão entorpecida com a morte de sua mãe que estou preocupado com
ela.

— Eu vou descobrir, — prometo, deslizando minha mão por sua bochecha


e puxando sua cabeça para cima para que seus lábios encontrem os meus. Ela tem
gosto da maçã que ela comeu lá embaixo, e isso me faz querer provar mais dela.
— Garrett, — ela me empurra com um olhar muito sério em seu rosto, —
eu vou vomitar. — Ela engasga um pouco antes de correr para o banheiro. Eu a sigo,
apoiando meu ombro contra o batente da porta e observando-a se jogar no banheiro.

— Tire esse sorriso presunçoso do rosto, Garrett Carson! — Ela grita, sem
nem mesmo se virar, e quando estende a mão para pegar alguns lenços e se vira para
olhar para mim, eu deixo aquele sorriso presunçoso que ela me acusou crescer ainda
mais.

— Você vai me deixar ter esperanças agora? — Pergunto.


— Então, vai fazer um teste? — Leia parece animada enquanto voltamos
para o carro, onde Otis está esperando por nós.

— Você vai manter sua voz baixa. Eu disse que era segredo, — digo,
esperando que Otis esteja longe o suficiente para não ter ouvido. Eu não deveria ter
contado a Leia, mas ela é minha melhor amiga, e acho que é uma grande coisa para
manter para mim mesma.

— Então você vai? — ela pergunta novamente.

— Sim, Garrett disse que pegaria um hoje, e poderemos fazê-lo juntos esta
noite.

— E vai me ligar assim que tiver certeza? — Os olhares que ela está me
dando me desafiam a não o fazer.

— Claro que vou.


— Você percebe que vai ficar do tamanho de uma baleia no dia do meu
casamento? Pelo menos eu sei que não há chance de você me ofuscar. — Ela me
bate com o quadril.

— Leia, com o depósito que você acabou de fazer naquele maquiador,


posso garantir que ninguém vai ofuscar você. — Nós duas rimos quando Otis abre a
porta para nós entrarmos atrás.

***

Estamos muito mais atrasados do que pensávamos e escureceu bem


rápido. Ainda estamos a cerca de meia hora de casa e, por mais empolgada que esteja
para fazer o teste quando chegar lá, não posso deixar de me sentir um pouco nervosa.
Estou vendo os sinais há cerca de uma semana, mas nos últimos dias eles parecem
ter me atingido com força. Fico enjoada de manhã, cansada o tempo todo e, por mais
que eu odeie admitir, Garrett estava certo sobre minha explosão esta manhã. Sei que
ele só se preocupa comigo e, depois do que aconteceu com a irmã dele, não o culpo
por querer me proteger. Acho que se o teste der positivo, vou ter que me preparar
para ele piorar.

— Então, você já está entediado de ser o guarda-costas pessoal de Maisie?


— Leia se inclina no banco do meio para perguntar a Otis.
Otis é bastante amigável e nunca age como se me vigiar fosse um fardo.
Imagino que Garrett deve confiar nele mais do que em muitos outros caras do
barracão para lhe dar o trabalho de ser meu guarda-costas. Isso e o fato de ele ser
construído como uma montanha.

— De jeito nenhum. — Ele olha para o espelho retrovisor e sorri.

— Ainda assim, aposto que você prefere estar perseguindo gado por aí.
Não é isso que os vaqueiros devem fazer?

— Um caubói de Copper Ridge faz o que for necessário, — ele aponta,


lembrando-me da marca que Garrett tem em seu peito. Eu me pergunto se Otis
também tem uma.

— Olha aquele tolo. — Ele balança a cabeça quando um Dodge corre para
nos ultrapassar. Há faróis vindo do outro lado da estrada, e ele mal consegue passar
pela brecha. Isso me faz pensar em Aubrey e na noite em que sua amiga morreu.
Não sei se posso compartilhar as informações com Leia. Eu deveria, considerando
que está prestes a se casar com alguém daquela família, mas ela parece estar
decidida, e a última coisa que quero fazer é afastá-la. Se a verdade não vier logo,
vou ter que intervir.

Meu celular começa a tocar, e quando vejo o nome de Garrett piscando,


sinto um sorriso bobo em meus lábios quando atendo.

— Olá?
— Ei, querida. — Eu posso dizer imediatamente que algo está errado, há
uma tensão em seu tom que ele está tentando acalmar. — Onde você está?

— Estamos a cerca de vinte minutos de casa, — asseguro-lhe, sabendo o


quanto ele está ansioso para fazer esse teste.

— Ótimo, mas eu odeio dizer isso. Não estarei aqui quando você voltar.
Eu tenho que lidar com algo. —Ele parece mais triste do que zangado, e não posso
deixar de me sentir um pouco desapontada.

— Está tudo bem? — Começo a me preocupar, seja lá o que for deve ser
sério. Garrett odeia estar longe do rancho ultimamente.

— Sim, está tudo bem, e não vou demorar. Apenas diga a Otis para ficar
por aqui até eu voltar. Eu não quero você em casa por toda... — Eu apenas pego o
que ele diz antes de meu celular ser cortado.

— Garrett?

— Isso deve ser a recepção. Você não consegue merda por aqui; receberá
sinal de novo quando passarmos a colina, — Otis me garante, sacudindo os olhos
para o espelho novamente.

— Está tudo bem, consegui entender o que ele disse, e sinto lhe dizer, mas
você está preso comigo mais um pouco. Garrett tinha que cuidar de algo.

— Não é um problema, não é muito frequente eu ter a companhia de uma


mulher bonita e, embora Garrett pudesse tirar meus olhos por isso, ele não está por
perto para me pegar apreciando-os. — Otis pisca, fazendo eu e Leia rirmos dele.
— Veja, não te levou a lugar nenhum, não é, idiota! — Ele grita quando
vê o Dodge que passou voando por nós estacionado na beira da estrada à frente com
o capô levantado.

— Parece que eles estão tendo problemas com o carro. — Olho para trás
pela janela traseira. Começou a chover forte desde que estamos na estrada, e a visão
está embaçada pelo vidro, mas posso ver uma figura olhando para dentro do capô.

— Bem, o filho da puta pode chamar um caminhão de reboque. Isso, bem


aí, é karma. — Otis ri.

— Otis, você tem que parar e ajudá-lo, pode haver crianças naquele carro,
e você mesmo disse que não há sinal de celular.

Pisando no freio e encostando, ele gira em seu assento para olhar para
mim.

— Você está determinada a me levar para o céu? — ele pergunta.

— É a coisa decente a fazer, e você sabe disso. Podemos chamar isso de


sua boa ação do dia.

— Acho que já fiz minha boa ação do dia quando fingi ser o noivo da Srta.
Walker para que ela pudesse entrar naquela competição de lua de mel. — Ele olha
para Leia, e ela cora ao se lembrar dele carregando-a pela pista de obstáculos
infláveis que uma das empresas de entretenimento montou. — Que nós teríamos
ganhado se você tivesse me deixado te agarrar do jeito que eu queria. Sobre o ombro
nunca falha.
— Todo o sangue estava subindo para a minha cabeça! — Leia se defende.

— Vocês duas fiquem aqui. Vou ver qual é o problema. — Otis solta um
suspiro antes de sair da caminhonete e bater à porta.

— Eu tenho que concordar com ele, você teria tudo na bolsa se não tivesse
insistido para que ele carregasse você do jeito que todos os outros casais estavam
fazendo. — Eu dou de ombros e Leia balança a cabeça antes de pegar seu celular e
movê-lo para tentar obter alguma recepção.

Nós duas pulamos quando ouvimos o estrondo alto, e quando olhamos


para trás pela janela traseira, é difícil ver através dos faróis brilhando em nós, mas
eu juro que Otis está no chão.

— Porra! — Leia engasga quando a figura alta em pé sobre ele com uma
arma dispara outra bala direto para ele. Sua atenção de repente se volta para o carro,
e quando ele começa a caminhar em nossa direção, sinto o medo subir pela minha
garganta.

— Temos que sair daqui. — Leia começa a subir no banco do motorista


enquanto eu permaneço estática. Muito assustada para me mover e muito chocada
para gritar.

— Vamos lá! — Leia tenta freneticamente ligar o motor, mas seus dedos
apenas se atrapalham com as chaves. Fecho os olhos e retiro cada palavra que já
disse sobre Garrett ser superprotetor e gostaria que ele estivesse aqui agora.
Outro tiro alto é disparado, me fazendo gritar e tampar meus ouvidos, mas
não bloqueia o som de outro disparo.

— Ele atirou nos pneus. — Leia olha horrorizada pelo espelho retrovisor.

— O que nós fazemos? — Preciso me lembrar de respirar, apesar de meu


peito parecer feito de concreto.

— Correr. Se sairmos da estrada, ele estará atirando no escuro. Vamos. —


Ela sobe no assento para o lado do passageiro e abre a porta para sair.

— Eu não quero levar um tiro, — eu grito para ela, mas quando minha
maçaneta começa a chacoalhar, eu percebo que não tenho escolha. Rastejo pelo
banco de trás para o outro lado e abro a porta, pulando na beira da grama e correndo
para o campo aberto. Olho ao meu redor para procurar Leia, mas não consigo ver
nenhum sinal dela e, apesar de não ter ideia de para onde estou indo, o medo me
mantém correndo.

A arma dispara novamente e, quando não sinto dor, rezo por Leia.

O chão sob meus pés é irregular, e eu tropeço enquanto corro para a


escuridão aberta, sem ter ideia de para onde estou indo ou se vou chegar lá.

O barulho de passos que vem atrás de mim me diz que, quem quer que
seja, está logo atrás. Não posso deixar o pânico tomar conta, especialmente se ele
me pegar. Vou ter que lutar, mesmo que doa.

— Volte aqui! — a voz grita comigo, e embora eu tenha coberto apenas


um pouco de terreno, posso sentir que estou ficando sem fôlego. Minhas pernas estão
fracas, meu coração bate como se estivesse prestes a explodir e, quando sinto um
grande empurrão atrás de mim, caio no chão.

Meu corpo fica virado, então estou deitada de costas, e quando uma mão
agarra minha garganta, ela bate minha cabeça com força no chão. O peso em cima
de mim me esmaga, e luto contra ele com toda a energia que me resta. Não é nada
em comparação com a sua força. Sua mão forte para de me sufocar para que ele
possa me prender na terra fria e úmida pelos meus pulsos e cuspir na minha cara.
Decido que preciso ver quem é esse homem, que pretende me machucar, e quando
olho para cima, posso apenas ver um rosto que reconheço na luz que a lua fornece.

— Eu disse que estaria olhando você. — Seth, o homem que vi na festa


de Leia com o velho Mason, dá uma risadinha enquanto luto contra ele.

— Saia de cima de mim! — Eu chuto minhas pernas, mas tudo parece tão
inútil.

— Você não vai a lugar nenhum. — Ele solta um dos meus braços para
poder colocar a mão entre nós, e quando ouço seu cinto começar a tilintar, grito tão
alto que juro que vou acordar os mortos.

— Cale-se! — Ele dá um tapa no meu rosto, fazendo meu cérebro


chacoalhar. E quando sua palma cobre minha boca e minhas narinas, mantendo meu
corpo preso e me sufocando ao mesmo tempo, eu o sinto começar a levantar o
vestido que estou usando. Provo a sujeira de seus dedos enquanto grito contra eles.
Sinto sua respiração na minha pele, e isso me dá vontade de vomitar.
— Sabe o que seu namorado fez comigo, querida? — Ele pergunta com
toda a pressão de seu corpo pesado em cima de mim e seu pau pressionando com
força contra minha calcinha enquanto ele me obriga a ouvir.

— Ele me espancou até sangrar e me amarrou a uma árvore. Ele me


humilhou na frente de todos aqueles garotos do barracão que prestam atenção em
cada palavra sua e me deixaram para morrer. E tudo porque sua cadela estúpida foi
vagar pela floresta sozinha. — Tento levantar o joelho para poder acertá-lo onde vai
doer, mas ele me segura com muita força.

— Agora vou mostrar a Carson o que acontece com as pessoas que fodem
comigo. Vou foder sua boceta nua e cortá-la ao meio. Então deixar você para os
lobos despedaçarem. — Ele cospe na minha cara de novo enquanto a mão que não
cobre minha boca rasga minha calcinha. Sinto seu pau pousar na minha pele, seu
punho úmido e frio sacudindo-o com força enquanto tenta localizar minha entrada,
fecho os olhos e rezo por um milagre.

Não sei se o gemido alto que ouço vem dele ou de mim, mas quando os
olhos de Seth ficam vagos e todo o peso de seu corpo cai sobre o meu, vejo Leia
parada sobre ele, segurando algo grande e metálico em sua mão.

— Papai está sempre me dizendo que eu deveria aprender a usar um


macaco de carro. — Ela o deixa cair no chão e apoia as mãos nos joelhos, tentando
recuperar o fôlego. — Você não tem ideia de como aquela coisa era pesada para
correr.

Eu uso o que resta de minhas forças para sair de debaixo de seu corpo.
— Vamos. — Leia se endireita e segura minha mão.

— Aposto que só o nocauteei e já assisti filmes de terror suficientes para


saber que ele vai voltar a nos perseguir a qualquer momento. Precisamos voltar à
estrada.

Segurando minha mão com força, ela me arrasta para uma corrida, e tenho
que ignorar o fato de que cada músculo do meu corpo está doendo enquanto
voltamos para o carro.

Continuo verificando por cima do ombro se há algum sinal dele nos


perseguindo, e quando finalmente chegamos à estrada, e não há sinal dele atrás de
nós, acho que ganhamos terreno suficiente para que eu recupere o fôlego.

— Oh meu Deus. — Eu caio de joelhos quando vejo Otis caído no chão


com uma bala entre os olhos.

— O que vamos fazer? — Eu olho para Leia impotente, me perguntando


como diabos ela está sendo tão forte.

— Bem, com certeza não vamos morrer. — Ela me arrasta de volta e me


leva em direção ao Dodge.

Pulo no banco do carona e dou um suspiro de alívio quando Leia liga o


motor e sai para a estrada. Agora que o pânico acabou, posso sentir um latejar na
parte de trás da cabeça e, quando estendo a mão para tentar afastá-lo, minhas mãos
ficam pegajosas. Não me lembro de ter batido a cabeça, mas quando estendo os
dedos à minha frente, vejo duas mãos em vez de uma e vermelhas, muito vermelhas.
— Merda, Maisie, você está bem? — Os olhos de Leia voam entre mim e
a estrada.

— Sim, eu só... — Tudo ao meu redor fica embaçado, escurecendo como


se eu estivesse correndo por um túnel estreito até que não haja nada além de preto e
o som da minha amiga gritando meu nome.
—Vocês não têm que estar aqui, sabem disso, — Cole lembra a mim e a
Wade enquanto nos sentamos ao lado dele no bar em Columbus. O mesmo bar em
que me lembro de chutar a bunda de Jason McIntyre pela primeira vez.

— Claro que sim. Somos seus irmãos. — Wade o lembra, virando sua
cerveja.

Ele está certo sobre isso, além disso, nós dois sabemos que Cole é muito
cabeça quente para estar aqui sozinho.

Quando ele recebeu uma mensagem de um dos peões com quem


trabalhava nos Mason, dizendo que tinha informações para ele, eu sabia que o que
quer que eu tivesse planejado para mim e Maisie esta noite teria que esperar. Eu
seguro minha garota em meus braços todas as noites e sei que ela está segura. Cole
nunca saberá como é isso, e é por isso que estou sentado aqui ao lado dele.
— Ali está ele. — Ele acena com a cabeça em direção à porta quando um
homem passa por ela. Ele é alto, largo e tem o tipo de aparência que deixa as
mulheres de joelhos, mas não me lembro de vê-lo pela cidade. Levantando o chapéu,
ele se senta e olha nervosamente para Cole do outro lado da mesa.

— O que você quer beber, querido? — A garçonete vem direto e ele pede
uma cerveja antes de cruzar as mãos sobre a mesa.

— O que tem para mim, Dexter? — Cole pula todas as amabilidades e vai
direto ao ponto.

— Eu sei o que você está planejando — Dexter fala, colocando uma frente
corajosa.

— Acredite em mim, sua imaginação mais selvagem não poderia inventar.


— Cole chama seu blefe e Dexter se mexe desconfortavelmente em seu assento.

— Eu sei que você quer matar Joe Mason. — Ele se inclina para a frente
e abaixa a voz para que as pessoas ao nosso redor não ouçam.

— Eu não quero matá-lo. Eu vou matá-lo. — Cole se inclina para frente


também, sussurrando sombriamente.

— Sim, bem, estou aqui para dizer que você entendeu tudo errado. —
Dexter parece esquivo, seus olhos continuam olhando para a porta como se esperasse
que alguém entrasse por ela, e isso me mantém em guarda.

— Joe não matou Aubrey. — Ele se concentra na cerveja que é colocada


à sua frente.
— Laurie Cross estava cantando a mesma música até que eu atirei em sua
bola esquerda, — aponta Cole, recostando-se em sua cadeira e cruzando os braços
sobre o peito com confiança.

— Joe conseguiu que Laurie mentisse por ele, porque não sabia dizer onde
realmente estava naquela noite. Joe é inocente, ele não matou nenhuma dessas
mulheres, e posso jurar porque ele estava comigo. — Dexter olha para meu irmão
do outro lado da mesa, sua postura mudou de repente, e o olhar em seus olhos é
perigoso, como uma mãe ursa protegendo seu filhote.

— Tem um lugar que a gente vai, um motel, e ele estava lá comigo. Na


noite em que a esposa de seu pai foi baleada e na manhã em que Aubrey foi morta.

Observo os olhos de Cole se arregalarem enquanto ele absorve o que


Dexter está tentando lhe dizer.

— Uau, fique firme. Você está me dizendo que você e Joe Mason são...?

— Isso é o que estou te dizendo, e se ele soubesse que eu estava aqui, ele
me amarraria por isso. Mas eu conheço sua reputação, vocês não são homens que
fazem ameaças sem vê-las, e não vou deixá-lo morrer só porque seu pai pensa que
ele é um pecador. — Dexter pega sua cerveja e toma um longo gole.

Estou tão atordoado quanto meus irmãos, mas estou começando a ver
como tudo isso pode se encaixar. Ronnie Mason sempre foi um idiota de mente
estreita. Se o que estamos ouvindo for verdade, não consigo imaginá-lo muito aberto
às escolhas de estilo de vida de seu filho. Isso me faz pensar se esta é a razão pela
qual Ronnie Mason estava tão empenhado em conseguir que Aubrey se casasse com
Joe.

— E você está dizendo que estava com ele quando Aubrey morreu? Isso
não é um disfarce porque, se for, farei mais do que atirar em um testículo.

— Eu posso provar. Assim que descobri sobre Aubrey, liguei para o motel
e pedi uma cópia das imagens do circuito interno de TV. Está claro o suficiente para
você nos ver saindo do carro e entrando no quarto. Também mostra quando saímos.
Joe simplesmente não vai usá-las.

— Por quê? — Cole balança a cabeça, tentando entender tudo.

— Porque Joe teve que esconder quem ele é a vida toda. Seu pai forçou
aquela pobre garota a se casar com ele, e todos os dias ele força Joe a ser alguém que
ele não é.

— Aubrey me disse que ela e Joe estavam tentando começar uma família.
— Cole ainda não está convencido.

— Porque o velho estava exigindo isso. Joe pode ser um idiota no pátio,
mas quando se trata de seu pai, ele não tem espinha dorsal. Cole, todos naquele
rancho sabiam que você amava a Sra. Mason. A maldita cidade inteira sabia disso.

— Porra, não a chame assim! — Cole sibila por entre os dentes, batendo
o punho com força na mesa.

— Eu entendo que, o que estou aqui pedindo para você acreditar, vai
contra tudo o que você tem visto por tantos anos que vem sofrendo, mas eu estou te
dizendo, é a verdade. O casamento de Joe e Aubrey foi uma farsa que Ronnie Mason
precisava que eles usassem porque ele tem vergonha do verdadeiro homem que seu
filho é.

Posso dizer pela paixão com que Dexter fala que ele está dizendo a
verdade e, pela primeira vez na minha vida, me pego sentindo pena de um irmão
Mason. Quem neste mundo tem o direito de dizer a outro ser quem ele pode amar?

— Eu quero falar com ele pessoalmente. — Cole se levanta, parecendo


impressionado com o que acabou de ser revelado.

— Ele não fará isso; ele nunca me perdoaria se pensasse que eu estava
aqui. Ele está petrificado por seu pai, — ele franze a testa, mostrando o quanto isso
sacode seu mundo.

— Diga-lhe, da minha parte, que ele não precisa esconder quem ele é de
nós. Não há julgamento aqui. Tudo que eu quero é a porra da verdade. Eu quero
saber quem matou minha garota, e se ele puder me olhar nos olhos e me contar que
sua história é verdadeira, então você pode ter salvado a vida daquele homem. —Cole
se levanta, nos avisando que é hora de sairmos, e Wade finalmente pega seu celular,
que está vibrando como um louco, do bolso enquanto saímos pela porta.

— Leia, Leia, acalme-se! Não consigo entender o que você está dizendo!
— ele grita, bloqueando o outro ouvido de todo o ruído de fundo.

— O quê! — Eu não gosto do choque em seu tom ou a maneira como ele


olha para mim enquanto ouve o que ela está dizendo.
— Ok, me escute. Fique calma, estamos indo ok? — Ele desliga e vem em
minha direção, sua expressão oscilando entre medo e preocupação.

— Garrett, preciso que você me dê as chaves da caminhonete. — Ele


estende a mão.

— Sobre o que foi aquela ligação? — Eu pergunto, sentindo que algo está
muito errado.

— Dê as chaves e eu te conto. — Ele estabiliza a respiração e tenta ficar


calmo, e eu o agarro pelo colarinho da camisa e o jogo contra a parede.

— Você me diga agora, porra, sobre o que era aquela ligação! — Eu aviso.

— Era Leia, ela está no hospital. — Ele fecha os olhos, e eu o sinto engolir
contra a mão que segura sua camisa.

— Onde está Maisie? — O medo me faz tremer enquanto aumento o


aperto.

— Ela também está lá. Ela é a razão de elas estarem lá. Eles foram
atacados na estrada a caminho de casa. Otis está morto, — ele me diz, e eu o largo
instantaneamente, correndo para a caminhonete.

— Garrett, Wade está certo, você não deveria dirigir. — Cole tenta ficar
no meu caminho, mas passo por ele para chegar ao volante.

— Garrett! — Ele volta para mim e me empurra contra a caminhonete. Ele


pressiona seu antebraço contra minha garganta enquanto sua outra mão tateia minha
jaqueta em busca das chaves.
— Estamos indo direto para lá, mas estou dirigindo, — ele me diz,
lentamente me soltando e ficando atrás do volante. Em vez de discutir, eu corro para
o outro lado e pulo no banco do passageiro, e Wade não perde tempo para ficar ao
meu lado.

Cole dirige como um maníaco para nos levar ao hospital, e quando ele
canta os pneus até parar do lado de fora do pronto-socorro, eu saio e corro para
dentro.

— Garrett. — Leia está parada no corredor, coberta de terra, com uma


expressão preocupada e os olhos inchados de tanto chorar.

— O que aconteceu? — Agarro seus dois braços como se fosse arrancar a


verdade dela, mas tudo o que ela faz é chorar.

— Diga-me! — Eu grito, sentindo uma mão apertar meu ombro e me


puxar para longe.

— Saia de cima dela. — Wade me força a recuar e tenta tirar controlá-la


enquanto procuro um médico.

— Ei você! — Bloqueio o caminho de uma mulher de jaleco branco.

— Estou procurando Maisie Carson. Quero dizer Wildman. Inferno, eu


não sei que nome ela usa, mas ela tem cabelo loiro e…

— Acalme-se, senhor. — Ela fala comigo em um tom condescendente que


só me deixa mais frustrado.

— Não consigo me acalmar. Preciso saber onde ela está.


— E quem é você, senhor? — ela pergunta.

— Eu sou o marido dela! — Eu estalo, notando com o canto do meu olho


que Wade e Leia ficaram em silêncio e estão olhando para mim em estado de choque.

— Marido? — Wade verifica se ouviu direito.

— Sua esposa está no quarto quatro. Me siga. — A médica sorri e se vira,


e eu deixo meu irmão e a mulher por quem ele está apaixonado, boquiabertos em
estado de choque, para segui-la.
— Seth? — Eu verifico se estou ouvindo direito enquanto Leia explica o
que aconteceu. Ela está tremendo, e tudo que eu quero fazer é envolvê-la em meus
braços e segurá-la do jeito que Garrett faz quando está perto de Maisie.

— E ele? — Cole para de andar em frente às cadeiras de plástico onde


estamos sentados.

— Não, eu cheguei bem na hora, derrubei-o com um macaco. — Ela sorri


um pouco, e fico com ciúmes da lágrima que escorre por sua bochecha e escorre por
entre seus lábios.

— Você o atingiu com um macaco? — Cole ri. Deve ser a primeira vez
que o vejo sorrir desde que Aubrey morreu, e isso me dá um pouco de esperança de
que ele não esteja completamente entorpecido.

— Tive que improvisar, ficou pesado pra caramba. Eu não sei como levei
isso tão longe, mas eu não ia deixar aquele idiota machucá-la. Era tarde demais para
Otis. — Seus olhos se erguem de volta para os meus, cheios de mais tristeza, e eu
puxo sua cabeça para baixo em meu ombro, acalmando-a com a mão sobre seu
cabelo enquanto olho para meu irmão. Ele acena com a cabeça. Ele sabe o que
precisa ser feito e, antes de sair, agacha-se diante de nós para falar com Leia.

— Onde isso aconteceu? — ele pergunta, soando estranhamente calmo.

— Na estrada entre Pillington Junction e Fork River, tivemos que deixar


Otis na estrada. Alguém já o teria encontrado, e não sei se bati em Seth com força
suficiente para que ele morresse. E se ele vier atrás de mim? — Ela começa a entrar
em pânico novamente.

— Não vai acontecer. Wade vai te levar para casa, e eu vou descobrir o
que aconteceu com Seth e cuidar disso. Ele não pode te machucar agora.

— Não vou embora até saber que Maisie está bem. Eles correram com ela
por aquelas portas, e ninguém está me dizendo nada.

— Shhh, não se preocupe. Podemos ficar até recebermos uma atualização ,


— asseguro, observando meu irmão se levantar e coçar a mandíbula.

— Ligue para o seu pai e conte-lhe o que aconteceu, ele vai querer saber
que você está bem. — Eu agarro Cole e o arrasto para fora do alcance da voz.

— Se aquele filho da puta ainda estiver vivo, Garrett vai querer que ele
seja pego.

— Vou reunir os rapazes e fazer acontecer. Nós o encontraremos. Você


apenas cuida da sua garota.
— Ela não é minha garota. — Eu olho para ela e respiro fundo, meu peito
parece que não consegue terminar. Ela está segura, um pouco abalada. Mas vai ficar
tudo bem. Ela está com o celular colado na orelha e até coberta de lama, com metade
do cabelo preso no rabo de cavalo, ela é linda.

— Nós dois sabemos que isso não é verdade, Wade. — Cole agarra o topo
do meu braço e sorri novamente antes de sair pelas portas de vidro para ir em busca
de Seth.

— Ei, — eu rapidamente corro atrás dele quando um pensamento vem à


minha mente.

— O que Dexter disse no bar, se for verdade…

— Se for verdade, eu e Aubrey não somos os únicos que estamos sofrendo.


O homem que o causou será quem pagará o preço.

— Eu gostaria que pudéssemos acabar com ele tão facilmente quanto


podemos com Seth. — Sinto por Cole, os Mason têm sido intocáveis desde que
Aubrey morreu, e sei que ele não vai nem começar a se sentir melhor até que a pessoa
que a matou pague.

— Isto é se ela já não acabou com Seth. — Percebo que ele dá uma
risadinha enquanto olha para Leia.

— Se ela acabou…

— Não se preocupe, eu cuido disso, mano, — ele promete, caminhando


em direção à caminhonete e já pressionando o celular no ouvido para pedir ajuda.
— Então, Maisie e Garrett são casados. — Ouço a voz dela e, quando me
viro, Leia está bem atrás de mim. Ela está tentando ser corajosa, mas posso dizer
pelo tremor de seus lábios que ainda está com medo.

— Sim, primeira vez que ouvi falar disso também, mas não é uma
surpresa. Garrett é um desses caras. Uma vez que ele sabe o que quer, ele não vai
parar até conseguir.

— E você, sabe o que quer desse mundo maluco? — Ela suspira, olhando
em meus olhos como se talvez pudesse ler os pensamentos por trás deles.

— Você não acreditaria em mim se eu te contasse. — Eu coloco o cabelo


que está caído em seu rosto atrás da orelha e deixo minha mão demorar um pouco
mais do que deveria.

— Me teste. — Seus lábios não estão mais tremendo, eles estão sorrindo,
e eu me pergunto se este não seria o momento. Aquele em que digo que a desejei
minha vida inteira.

— Eu…

— Leia! — A voz quebra nosso contato visual, e quando olho para as


portas e vejo Caleb correndo por elas, sinto a corrente estalar em volta do meu peito
enquanto engulo as palavras.

— Graças a Deus você está bem. — Ele pega Leia em seus braços e beija
o topo de sua cabeça, olhando para mim por cima dela com olhos frios que eu quero
enfiar na parte de trás de seu crânio.
— Estou bem, honestamente. É Maisie que está ferida. — Ela gentilmente
o afasta e sorri para mim sem jeito.

— Bem, estou aqui agora. Eu posso te levar para casa. — Caleb pega a
mão dela e percebo como os nós dos dedos dele ficam brancos quando ela tenta se
afastar.

— Não faça uma cena, — ele sussurra em seu ouvido, puxando-a para
mais perto e segurando-a com firmeza.

— Eu só quero verificar se Maisie está bem. — Ela consegue liberar o


braço e parece determinada enquanto olha para ele.

— Olha, você não quer passar a noite toda aqui. Meu pai conhece o
administrador do hospital, ele providenciará para que você receba atualizações.
Vamos.

— Não quero atualizações; quero ver minha amiga, — Leia argumenta, e


eu tenho que esconder o sorriso que estou tentando não mostrar debaixo da minha
mão.

— Tudo bem, vamos esperar aqui! — Mason rosna para mim enquanto
coloca os braços em volta dos ombros dela e a leva a se sentar. Eu não vou com eles.
Fico do outro lado da sala com meus ombros pressionados contra a parede,
observando a maneira como ele a mantém aconchegada na curva de seu braço e
desejando que eu fosse ele.
Sento ao lado da cama dela, esperando que ela acorde, com os dedos dos
pés batendo no chão e as mãos entrelaçadas porque não tenho ideia do que fazer com
elas. Os médicos me dizem que ela está bem, mas não vou acreditar até eu mesmo
vê-la acordada. Seu rosto está machucado, um de seus olhos está inchado e seu lábio
está rachado. Eu juro, quando descobrir quem é o responsável por isso, não vou
apenas matá-lo, vou garantir que ele sofra até ao inferno e sangre nos portões.

Ela se mexe, mas não de um jeito bom. Como se estivesse sendo


assombrada por algo e revivendo isso, e tudo o que posso fazer é estender a mão e
segurar a mão dela na minha.

— Garrett? — Eu levanto a cabeça quando ouço sua voz e observo seus


olhos piscarem enquanto se ajustam à luz.
— Maisie. — Eu me levanto e pego seu rosto em minhas mãos, forçando-
a a olhar para mim e me concentrar: — Você está bem? — Meu coração está batendo
fora de controle enquanto espero que ela diga mais alguma coisa.

— Eu penso que sim. Minha cabeça dói muito. — Ela levanta a mão que
não estou segurando até à cabeça e toca a bandagem que a envolve.

— A médica disse que você levou um golpe, mas vai ficar bem, — eu
asseguro-a, resistindo ao desejo de envolvê-la em meus braços caso eu a machuque.

— O que aconteceu? — Eu pergunto, tentando o meu melhor para manter


a calma. Leia disse a Wade ao telefone que eles foram atacados, mas é tudo o que
sei.

— Foi Seth, aquele cara que você despediu do rancho. — Ela desvia o
olhar de mim e cobre o rosto com a mão.

— Olhe para mim, me diga o que aconteceu. — Eu estabilizo minha


respiração, totalmente ciente de que não posso estar perdendo a cabeça agora.

— Ele matou Otis, então ele me perseguiu, e eu pensei que ele iria… —
Seus olhos se fecham e ela engole em seco. — Eu podia senti-lo ali, e então Leia me
salvou. — Ela desiste, e eu gentilmente seguro seu rosto delicado em minhas mãos
e me certifico de que aqueles olhos azuis olhem nos meus.

— Você está segura agora. Ele não pode te machucar, — eu prometo,


tentando não deixar a raiva dentro de mim fazer meus dedos ficarem tensos e
apertarem os dela e os esmagar.
— Não sei se ele está vivo ou morto, ele não nos perseguiu, mas...

— Shhh, você não precisa se preocupar com isso. Precisa se concentrar


em ficar melhor, — eu sussurro, tentando mantê-la tão calma quanto posso.

— Você mencionou o bebê para os médicos? E se…?

— Eu disse que suspeitávamos, mas não tínhamos certeza, e eles queriam


deixar você descansar um pouco. Disseram que mandariam alguém descer quando
você acordasse.

— E se algo aconteceu? — Ela morde os lábios enquanto um novo lote de


lágrimas transborda em seus olhos, e isso me faz querer destruir qualquer um com
quem o fodido Seth Granger já se importou.

— Nós não sabíamos ao certo, querida... — Eu tento tranquilizá-la.

— Eu sabia. Eu podia senti-lo, e acho que não sinto mais. — Posso vê-la
começando a entrar em pânico e não tenho ideia de como devo acalmá-la enquanto
estou à beira da destruição.

— Querida, você provavelmente está sentindo um monte de coisas que


substituiriam isso agora. — Eu tento parar minha mão de tremer enquanto passo
sobre sua bochecha e enxugo suas lágrimas.

— Eu preciso saber Garrett, por favor! — ela implora, e já que não há uma
única coisa neste mundo que eu não faria por ela, beijo sua testa e saio pela porta
para encontrar um médico.
***

É uma longa espera até que ouvimos uma batida suave na porta, e uma
mulher empurrando um computador, em um carrinho, entra.

— Maisie, sou ultrassonografista. A Dra. Harper me disse que você


suspeita que pode estar grávida? — Eu me levanto e observo enquanto Maisie acena
com a cabeça nervosamente.

— Posso dar uma olhada e ver o que está acontecendo.

— Sim, por favor. — Maisie estende a mão para a minha, apertando-a com
força e respirando fundo.

— Quando foi sua última menstruação? — a mulher pergunta,


descansando na beirada da cama e calçando umas luvas.

— Eu realmente não lembro bem.

— Ela está em Fork River há nove semanas e dois dias, e ela não teve
uma, — eu respondo por ela, ganhando um olhar chocado de ambas.

— Ok, vou usar esta sonda para fazer um exame interno. Tudo bem? —
ela verifica, e Maisie acena com a cabeça com entusiasmo, deslizando um pouco
mais na cama e abrindo os joelhos sob as cobertas para dar acesso à médica.
Observo enquanto ela olha para o teto e fecha os olhos como se estivesse
fazendo uma pequena oração, e quando percebo que ela quer isso tanto quanto eu,
fico ainda mais nervoso.

Ela mantém os olhos fechados, e eu beijo o topo de sua cabeça e aperto


sua mão com mais força enquanto esperamos.

— Teve algum sintoma? — A ultrassonografista pergunta com


curiosidade.

— Alguns, eu me senti mal. Eu estava doente esta manhã e estou um pouco


emocional. — Maisie cora um pouco quando olha para mim, e posso dizer pelo jeito
que ela está tentando não chorar que, seja agora ou mais tarde, Maisie Carson vai ser
uma mãe incrível.

— E você já fez algum tratamento de fertilidade? — Percebo o olhar


curioso que de repente cai no rosto da mulher.

— Não, ainda não tínhamos feito o teste, mas eu teria procurado um


médico logo depois, — garante Maisie, enquanto seus olhos azuis brilham com mais
preocupação.

— Eu estava me referindo a medicamentos para fertilidade ou fertilização


in vitro; é dado a casais que estão lutando para engravidar naturalmente.

— Oh, bem, nós apenas começamos a tentar. Você acha que eu preciso
disso? — Agora ela parece realmente preocupada, e eu gostaria de poder dizer algo
para fazê-la relaxar.
— Certamente não. Acho que o que estamos vendo aqui é o seu pequeno
milagre. — A ultrassonografista sorri e vira a tela para nós.

— Você vê isso? — Ela aponta para um pequeno aglomerado de sombras


em forma de feijão. — Todos os três têm bons batimentos cardíacos fortes.

— Três? — Eu me inclino para mais perto e estudo a tela.

— Sim, trigêmeos raramente são concebidos naturalmente, por isso


perguntei sobre tratamentos de fertilidade. No momento, eles estão medindo cerca
de sete semanas.

— E eles estão todos bem? — Maisie pergunta, parecendo chocada


enquanto ela mesma olha para os três pontos na tela.

— Todos parecem saudáveis. Vou avisá-la de que uma gravidez de


trigêmeos é considerada de alto risco e queremos ficar de olho em você mais do que
fazemos com algumas das outras mães sob nossos cuidados, mas, por enquanto, você
pode ter certeza de que seus bebês estão bem.

— Puta merda! — Solto um suspiro e caio no assento atrás de mim.

— Vou deixar você superar o choque e providenciar para que sua


enfermeira marque uma consulta de acompanhamento com um médico especializado
em múltiplos. — Ela arranca uma impressão da máquina e entrega para Maisie, que
olha para a foto, hipnotizada, enquanto a mulher pega o carrinho e nos deixa.
— Você está com medo agora? — Sento-me na cama ao lado dela e coloco
meu braço em volta de seu ombro, olhando para a imagem em sua mão e me
perguntando como diabos eu tive essa sorte.

— Três! — Ela olha para mim. — Três bebês, todos de uma vez.

— Bem, nós trabalhamos muito duro nisso. — Meu comentário me rende


uma cotovelada no estômago, mas não me importo. Não consigo me lembrar de uma
época em que tenha sido mais feliz.

— Como vamos lidar com isso? Algumas semanas atrás, eu estava em Los
Angeles odiando você e agora estamos…

— Tendo três bebês juntos, Sra. Carson. — Eu beijo seus lábios antes que
ela possa tentar me convencer de que isso é tudo menos perfeito.

— Podemos entrar? — A porta se abre e Leia enfia a cabeça por ela.

— Claro, — Maisie a chama para dentro, e quando ela é seguida de perto


por meu irmão, ele tem uma expressão tensa no rosto.

— Você está bem? — Wade vai direto para Maisie e beija sua bochecha.
— Posso dizer pelo alívio em seu rosto quando ela acena com a cabeça, que ele
também está preocupado com ela.

— E quanto ao...? — Leia lança um olhar para Maisie que confirma que
ela já disse que achava que estava grávida.

— Foi confirmado. — Maisie acena com a cabeça e seu sorriso animado


mostra que ela não tem dúvidas. Ela sabe que conseguimos.
— E está tudo bem? — Leia verifica.

— Estão todos bem. — Maisie entrega a foto, e Leia deve ter notado os
três feijões porque ela grita tão alto que dói meus ouvidos.

— Alguém quer me dar uma pista sobre o que diabos está acontecendo
aqui? — Wade olha para as meninas sem expressão.

— Você vai ser tio, — digo, observando seus olhos alternarem entre mim
e Maisie e um sorriso surgindo em seus lábios.

— Três vezes. — Leia entrega a ele a foto do ultrassom, e ele olha para
mim e balança a cabeça, surpreso.

— Você só pode estar brincando comigo?

Encolho os ombros e observo Wade abraçar Maisie com força antes de


estender a mão sobre a cama para me puxar para um também.

— Leia, fique de olho nela, ela não comeu nada desde que acordou. Vou
pegar alguma coisa para ela. — Aceno com a cabeça em direção à porta, para que
meu irmão saiba que deve me seguir, e levando-o para a máquina de venda
automática, mantenho a voz baixa.

— Seth Granger. — Forço o nome a sair da minha boca, odiando ter que
pensar nele em um momento como este.

— Já cuidei disso. Cole está procurando por ele enquanto conversamos.


— Ele ligou há alguns minutos, apenas um corpo foi encontrado no local; era Otis.
Ambos olhamos para o chão quando pensamos no fato de que Otis se foi. Ele era um
bom homem, e estou interpretando o fato de que ele está morto como um sinal de
que ele fez tudo o que pôde para proteger as garotas de quem gostamos.

— Quando ele for encontrado, faça com que Cole o leve para o
acampamento de linha. Coloque um saco na cabeça do filho da puta e amarre-o.
Quero-o sob supervisão 24 horas por dia até que possa chegar até ele. No momento,
Maisie é minha prioridade.

— Está pensando que pode ter sido ele quem matou Aubrey? Porque se
for, Cole não vai esperar por você, — Wade adverte.

— Ele estava com Cole e os outros na manhã em que ela morreu, não pode
ter sido ele, mas isso não significa que ele não matou Cora. Nós vamos obter nossas
respostas, — asseguro-o, selecionando a barra de chocolate favorita de Maisie antes
de voltar para seu quarto.

— Ei, parabéns pelo casamento, — Wade me diz antes de eu abrir a porta.

— Sinto muito por não poder contar, Maisie não achou apropriado pelo
que aconteceu com Aubrey e também não queria estragar o grande dia de Leia. —
Eu observo o sorriso no rosto do meu irmão desaparecer quando o lembro disso.

— Sim, bem, estou feliz por você. Muito feliz. — Ele dá um tapa nas
minhas costas e então agarra minha camisa antes de eu seguir em frente.

— Somente para referência. Eu teria sido o padrinho se você tivesse feito


tudo certo, certo?

— Claro, — eu aceno antes de correr de voltar para minha esposa.


— O que você está fazendo? — Garrett me assusta quando entra em seu
escritório.

— Apenas algumas pesquisas. — Eu tento sorrir para sair do problema,


mas a carranca severa com que ele olha para mim prova que não tive sucesso.

— Os médicos disseram que você deveria pegar leve; você está em casa
há menos de cinco horas. — Ele dá a volta na mesa para ver o que estou vendo, e eu
descanso na cadeira e espero que ele me repreenda.

— Maisie, você já tem merda o suficiente para se preocupar sem brincar


de detetive. — Ele suspira ao perceber que estou mexendo nos arquivos que foram
hackeados do computador do investigador Swann.

— Isso está me mantendo longe de problemas. — Eu o encaro


inocentemente.
— Eu duvido disso. — Ele não parece convencido.

— Não fique com raiva, apenas deixe-me continuar com isso, — eu


imploro. Estou ficando louca desde o ataque, minha cabeça está tentando juntar tudo,
e nada faz sentido.

— Eu não estou bravo, — Garrett me diz suavemente.

— Ótimo, porque tenho certeza que você não tem direito de ficar bravo
com a mulher que está gerando três de seus bebês. — Eu sorrio e coloco a mão na
minha barriga só para lembrá-lo.

— Você será a minha morte. — Ele revira os olhos. — Então tem alguma
coisa? — Ele volta a se concentrar na tela.

— Eu tenho todo mundo que não pode ser. — Suspiro, sentindo-me


desanimada.

— E qualquer coisa que ligue sua mãe a Aubrey? — ele confere. Não vejo
Cole desde que recebi alta do hospital, mas Garrett me contou tudo sobre o encontro
que tiveram com Dexter. E agora estamos de volta à estaca zero, sem nenhuma ideia
de quem matou minha mãe ou se os dois assassinatos estão relacionados.

— Estou mais do que certo de que o velho Mason está por trás de tudo, —
Garrett diz seus pensamentos em voz alta, e eu sei que não ter nenhuma evidência
para apoiar isso o está incomodando. — Ele não teria feito o trabalho sozinho, então
a polícia nunca vai culpá-lo.
— Então, o quê, ele simplesmente vai se safar? — Eu questiono, ficando
cada vez mais frustrada.

— Não, não há chance disso. — Cole tem uma marca na cabeça, mas não
pode atacar cedo demais.

— E quanto a Seth? Você tem uma marca na cabeça dele? — Estremeço


quando penso nele, não consigo fechar os olhos sem ver seu rosto, e por mais que
tente esconder isso de Garrett, sei que ele pode sentir isso. Ele está se esforçando
para não ficar com raiva quando está perto de mim, mas sei que toda a tensão dentro
dele vai ter que ser liberada algum dia.

— Nelson te contou; eles conseguiram a custódia dele, — ele me garante,


evitando contato visual e mudando rapidamente de assunto. — Você deveria parar
de olhar para essa merda e se concentrar em algo positivo. Você tem que comprar
coisas para três bebês, então por que não liga para Leia e pede que ela venha fazer
compras online?

— Se você o machucar, eu quero ver. — Eu coloco minha mão no braço


de Garrett. Não sei como, mas sei que chegará um momento em que Garrett fará
Seth pagar pelo que fez, e depois do que aquele homem me fez passar e das coisas
que poderia ter me custado, quero vê-lo sofrer.

— Não, você não vai. — Garrett balança a cabeça para mim e cerra o
maxilar.
— Vou. Quando eu estava naquele campo com ele em cima de mim,
pensei que fosse morrer. Eu quero ver aquele medo em seus olhos.

— Maisie, não vou apenas machucá-lo, vou matá-lo. E se você assistir


isso acontecer, vai ver um lado meu que eu preferiria que você não visse.

— Você não me assusta, — eu o lembro.

— Seu marido, o homem que você está olhando agora, que vai amar
nossos filhos de todo o coração e te dar um beijo de boa noite antes de te colocar em
seus braços, ele não te assusta. Mas o homem que me torno quando saio por aquela
porta e tenho que proteger todas as coisas com as quais me importo… — Ele dilata
as narinas — ...às vezes até eu tenho medo dele, — avisa, parecendo envergonhado.

Levantando-me, deslizo minha palma sobre sua bochecha e arrasto seus


olhos de volta para os meus.

— Eu não quero que você se esconda de mim, — digo, esperando que ele
tenha fé suficiente em mim para acreditar que posso lidar com isso.

— Estou tentando encontrar o equilíbrio, Maisie, e a única maneira de


conseguir isso é mantendo você separada dele. Por favor, dê-me isso. — Eu recuo
e aceno com a cabeça, tentando esconder minha decepção.

— Eu te chateei, e não queria fazer isso. Eu quero que você…

— Você não me chateou, você está me protegendo, e é uma ótima ideia


sobre Leia. — Eu sorrio para ele antes de me levantar de sua mesa para ligar para
ela.
— Espere. — Ele vem atrás de mim, agarrando minha mão e me girando
e quando eu olho para ele e espero o que ele tem a dizer, ele parece sem palavras.

— Eu te amo, — ele me diz, antes de me beijar, e tenho a impressão de


que ele desistiu de me dizer algo quando sorri tristemente e sai pela porta.

Subo as escadas e, em vez de ir para o nosso quarto para pegar meu celular
e ligar para Leia, vou para o quarto que minha mãe dividia com Bill. Seu perfume
caro ainda paira no ar, e quando me deito na cama e olho para a foto do casamento
no criado-mudo, me pergunto se houve um momento em sua vida em que ela já foi
feliz.

Não consigo me lembrar de um sorriso dela que não fosse falso, ou uma
risada genuína que ela tenha dado.

Meus olhos se enchem de lágrimas quando penso nisso, e não sei se são
os hormônios da gravidez que colocam uma dor no meu peito como se estivesse
sendo raspado, mas odeio que esteja lá. Minha mãe nunca conheceu o amor porque
estava sempre buscando algo melhor. Algo mais do que o homem com quem ela
estava e algo mais do que eu. Eu coloca a mão em minha barriga novamente e
prometo que meus bebês sempre serão suficientes.

— Lamento que você esteja morta. — Falo com a foto dela enquanto
minhas lágrimas caem em seu travesseiro. — Sinto muito que você nunca saberá
como é ser verdadeiramente feliz, mas acho que nunca poderei perdoá-la. — Fecho
os olhos para não ter que olhar mais para ela e, pela primeira vez desde que soube
que ela morreu, choro por ela.
***

— Querida. — Eu ouço a voz de Garrett quando ele me desperta do meu


sono e percebo que devo ter adormecido.

— O que está fazendo? Aqui? — Ele pergunta, beijando minha bochecha.

— Só estava com um pouco de pena dela, — confesso, olhando para a foto


de nossos pais.

— Quer falar sobre isso? — Ele pega minha mão na dele.

— Não, não há nada para falar. Ela é irrelevante agora.

— Você já se perguntou como eles poderiam ter sido como avós? —


Garrett ri, e ele fica com um lindo sorriso no rosto sempre que fala sobre os bebês,
um sorriso que faz meu coração palpitar e esquecer como tudo isso é impressionante.

— Desastrosos! — Eu também rio quando imagino minha mãe lidando


com três crianças malucas. — Você está se perguntando como vamos fazer isso? —
Eu pergunto a ele seriamente.

— Tenho certeza de que não vamos dormir por uns oito anos, e tenho
certeza de que vou ficar grisalho da noite para o dia, mas se você estiver bem com
isso, acho que vamos ficar bem.

— Acho que gostaria de você grisalho. — Eu rolo em cima dele e provoco


seus lábios com os meus, e quando ele agarra a parte de trás da minha cabeça e força
meus lábios com mais força nos dele, deslizando o outro na frente da minha calça
jeans, eu rapidamente me afasto.

— Deus, me desculpe, eu não estava pensando. Você está bem com isso?
Ele parece em pânico, e quando percebo que ele pensa que o parei por causa do que
aconteceu na outra noite, eu rapidamente balanço a cabeça.

— Não, eu quero que você faça isso, eu preciso que você o faça, mas não
podemos fazê-lo aqui. — Eu olho ao redor do quarto para lembrá-lo de onde
estamos, e um sorriso perverso surge em seus lábios.

— Maisie Carson, você é minha esposa, e eu posso transar com você em


qualquer lugar que eu quiser. — Ele puxa minha cabeça de volta para seus lábios
novamente e estende a mão para a foto na mesa de cabeceira, batendo-a com a face
para baixo antes de voltar a me fazer sentir inteira novamente.
— Não, saia! — Seus pés chutam, e quando eu estendo a mão para tocá-
la, ela está encharcada. — Pare, por favor, — ela implora, e eu a sacudo para tentar
acordá-la. Estamos em casa há três noites, e desde então ela tem tido um desses
terrores noturnos.

— Querida, acorde. — Sacudo-a com um pouco mais de força, tentando


tirá-la de seu inferno, mas ela mantém os olhos bem fechados e, quando agarra meu
braço e grita, sinto que vou explodir de tanta raiva que guardo dentro de mim. Não
saí do lado dela desde que tudo isso aconteceu. Eu não liberei toda a porra da fúria
que venho acumulando por Seth, e sei que não posso mantê-la por mais tempo.

— Maisie! — Eu grito o nome dela. Seus olhos se abrem e, quando ela me


vê, ela se agarra a mim como se o mundo estivesse girando e eu fosse sua âncora.
— Ele me prendeu no chão, — ela me diz sem fôlego, e o gosto enjoativo
na minha garganta me faz engasgar. Não posso me permitir imaginar isso; se eu o
fizer, nunca mais voltarei disso.

— Eu te protejo, — prometo, segurando-a com força e tentando me


acalmar. Nada está funcionando, não quando sei que ele está no acampamento de
linha, sentado e esperando que eu o coloque no inferno.

— E se ele conseguir fiança? E eles não o prenderão para sempre; pode


ser sua primeira ofensa. Acho que teremos sorte se ele pegar um ano. Se ele matou
minha mãe, não há como provar. — Ela não consegue falar rápido o suficiente, e
tudo que posso fazer é tentar dizer-lhe que vai ficar tudo bem.

— Volte a dormir, — eu me deito com ela, acariciando seu cabelo e


pensando em todas as maneiras que eu posso fazer Seth Granger sofrer enquanto
espero ela parar de tremer e dormir novamente.

São 3 da manhã quando finalmente deslizo meu braço por baixo de seu
corpo e me levanto. Vestindo algumas roupas, atravesso o corredor até ao quarto de
Wade para acordá-lo.

— Está na hora. — Pego suas botas e as lanço nele, depois mando uma
mensagem para Noah enquanto vou para o alojamento para acordar Tate, Finn,
Dalton e Mitch.
— Preciso de alguém para ficar aqui com ela, — digo a Mitch, pensando
em Otis e em como ele pagou com a vida para protegê-la. Ele não era um homem
marcado, mas será lembrado como tal.

— Cole está no acampamento de linha vigiando, ele não saiu do lado


daquele filho da puta. Você quer que eu fique com ela? Por mais que eu queira vê-
lo sofrer, acho que Wade vai querer vê-lo mais.

— Oh, eu vou me certificar de que você o veja sofrer. Vá para casa, faça
um café. Entrarei em contato.

Aceno para os outros me seguirem, e quando eles se dirigem para os


caminhões, eu os chamo de volta.

— Não vamos levar os caminhões.

— O quê? — Dalton ainda parece meio sonolento.

— Vocês são cowboys, não são? — Eu os redireciono para os estábulos e


começo a trabalhar montando Thunder.

São seis quilômetros até à cabana do acampamento de linha e, quando


chegamos lá, Cole vem até à porta e acende um cigarro para si.

— Já era hora, — ele me diz.

— Como foi? — Eu pergunto, sabendo que todos se revezam tentando


fazê-lo quebrar e confessar que ele está fazendo o trabalho sujo do velho Mason.
Estou convencido de que foi ele quem matou Cora.
— Não foi ele. Ninguém leva o pano e a água por tanto tempo sem chiar,
— Cole me assegura.

— Ok, — eu aceno, aceitando a decisão do meu irmão. Não podemos


mantê-lo vivo para sempre, e se ele não tem nada para nos dizer, ele não tem um
propósito.

— Então, o que você planejou? — ele pergunta, e vendo os faróis ao longe


vindo em nossa direção, eu sorrio e me preparo para lhe mostrar.

— É melhor alguém estar morrendo, porra. — Sawyer deixa os faróis


acesos enquanto sai do banco do motorista e vem em nossa direção. Ele é seguido
por Zayne e Noah, que parecem igualmente chateados.

— Desculpe te acordar tão cedo.

— Cedo? Ainda não tínhamos ido para a cama. — Zayne coça a nuca,
enquanto Noah escuta o que tenho a dizer.

— Pegou o que eu precisava? — Eu pergunto.

— Sim, — Sawyer sorri, enquanto ele e Zayne colocam algumas luvas e


vão para a traseira da caminhonete para retirar o rolo de arame farpado.

— Você só pode estar brincando, — Wade parece impressionado


enquanto os observa colocá-lo ao meu lado.

— Bem, não fique aí parado. Traga o convidado de honra, — digo.


Fico esperando, cheio de adrenalina, sabendo que toda aquela raiva que
tenho guardado está prestes a ser liberada.

Cole e Wade trazem um Seth Granger espancado e machucado para fora


da cabana com as mãos amarradas atrás das costas e um pano sujo na boca para
mantê-lo em silêncio.

Cole chuta a parte de trás de suas pernas para que ele caia de joelhos na
minha frente, e a primeira coisa que faço é enfiar meu joelho em seu rosto.

— Eu deveria ter acabado com você naquela noite, você é tão rançoso que
nem os lobos te quiseram. — Cole o levanta de volta. Desta vez, colocando-o de pé
para que fiquemos olho no olho.

— Que tipo de homem luta uma guerra com outro, machucando uma
mulher? Você está prestes a sentir como é estar desamparado, estar com medo e ter
sua vida nas mãos de outra pessoa. — Dou um passo para trás e tiro as luvas marrons
do bolso de trás enquanto todos os outros ficam de pé e assistem.

— Isso não faz de você um homem. — Eu as puxo sobre minhas mãos e


tiro a faca do meu cinto.

Seus olhos movem-se da esquerda para a direita, esbugalhados de medo


quando pressiono a ponta sob seu nariz.

— Você vai saber como é se sentir exposto e humilhado. — Eu rasgo o


que sobrou de sua camisa de seu corpo e rasgo a lâmina através de sua cueca,
observando as gotas de suor escorrerem de sua cabeça quando seguro o aço contra
seu pênis.

— Você realmente acha que vai foder minha esposa com essa coisa? —
Eu olho para ele e rio, agindo como se o pensamento não me fizesse querer arrancar
meu coração do peito para impedir que doa.

— Não é de admirar que você tem que estuprar uma garota para molhar
essa coisa, — eu sussurro, circulando ao redor dele e observando a humilhação
afundar cada vez mais fundo em sua cabeça.

— Tive quatro dias para pensar em como isso poderia acontecer. Quatro
dias de raiva e fúria que guardei para você. — Cuspo em seu rosto e observo minha
saliva escorrer por sua bochecha.

— Quando eu era menino, Mitch me contou sobre algo que ele e meu tio
fizeram a um homem que roubou gado uma vez. Eu era tão jovem que tinha
pesadelos com isso. E eu me lembro de pensar que você realmente teria que odiar
alguém para querer machucá-lo assim.

Dou um passo para trás e pego o arame farpado, e enquanto caminho em


direção a ele, ele deve descobrir o que está por vir, porque resmunga contra a
mordaça e faz uma tentativa idiota de se livrar das mãos de Cole.

Eu tomo meu tempo, começando com seus tornozelos e lentamente


envolvendo seu corpo. Ouvindo-o abafar em agonia enquanto perfura sua pele e
arrasta sua carne. O sangue já está escorrendo das incisões e, quando chego até os
ombros dele, me afasto e admiro meu trabalho prático.

Seth balança a cabeça, e eu gostaria que Maisie pudesse ver as lágrimas


de agonia saindo de seus olhos e o olhar petrificado em seu rosto.

Vou até Thunder e agarro minha corda, socando Seth com força no rosto
quando volto e o jogo no chão. Ele grita através da mordaça quando o metal afiado
corta mais profundamente sua pele, e eu me abaixo para amarrar seus tornozelos,
certificando-me de que a corda está segura antes de puxar a mordaça de sua boca.

— É melhor você ficar vivo, — eu sussurro antes de pisar em seu rosto e


pegar a corda frouxa.

Eu pulo na minha sela, amarrando minha ponta da corda na frente dela e


olho para os outros.

— Vamos levar esse filho da puta para um passeio, — digo, apertando


minhas pernas ao redor da barriga de Thunder e clicando nele para ir para o rancho.

Os gritos de Seth silenciam após o primeiro quilômetro, mas não paro para
verificar se ele ainda está vivo, continuo cavalgando. Os outros alcançam
rapidamente, e os River Boys buzinam. Eles batem com as mãos na lateral da
caminhonete, gritando como se estivessem pastoreando gado, quando desviam do
grupo que os segue para entrar na trilha que os levará à estrada.

Eu monto o mais rápido que Thunder consegue, esperando que Seth sinta
cada solavanco e cume do chão Carson por onde o arrasto.
Estou a apenas duzentos metros de casa e não preciso virar a sela para
saber que o filho da puta está vivo; posso ouvi-lo choramingando.

— O que você está fazendo, Garrett? — Wade parece duvidoso enquanto


cavalga ao meu lado.

— Ela me perguntou se podia assistir, — eu digo, descansando meu


cotovelo na frente da minha sela e tentando tomar uma decisão.

— Você está brincando comigo? — Ele abaixa a voz para que os outros
não possam ouvir.

— Eu pensei a mesma coisa que você, Wade. Eu nunca iria deixá-la ver
isso. — Olho para o rancho à minha frente, aquele em torno do qual quero que Maisie
construa todas as suas esperanças e sonhos, e meu peito aperta quando penso na dor
que ele ainda a faz passar.

— Ele a persegue, Wade. — Eu puxo minha corda para firmar Thunder,


tem sido uma longa viagem para ele, arrastando o peso de Seth, e ele está ansioso
para chegar em casa.

— Eu entendo isso, Garrett, mas isso... é muito. — Ele olha para o corpo
destroçado de Seth e tem razão. É horrível, provavelmente além de qualquer coisa
que Maisie já viu, e eu causei isso.

— Sim, é muito, mas ela precisa saber que não precisa mais temê-lo. —
O sol está nascendo agora, e o nascer do sol em Copper Ridge é sempre lindo. Eu
tenho tudo, bem do outro lado daquela cerca, e o que está deste lado pode facilmente
arruiná-la. Mas fiz uma promessa à minha esposa. Sem segredos, então a escolha
será dela, não minha.

Pego meu celular e ligo para ela. Ela demora um pouco para responder e,
quando o faz, parece tão sonolenta e meiga que quase me faz recuar.

— Garrett, onde você está? É cedo.

— Sim, querida, é cedo. — Eu sorrio para mim quando a imagino em


nossa cama. — Ouça, eu pedi ao xerife Nelson para lhe contar uma mentira outro
dia, e antes que você grite comigo por isso, quero que ouça por quê.

Surpreende-me que ela permaneça em silêncio e me deixe explicar.

— Eu sabia que Seth não poderia te machucar porque na manhã depois


que ele te atacou, Cole e os River Boys o encontraram. Eu o mantenho no
acampamento desde então. — Olho para a janela do nosso quarto e me pergunto que
cara ela está fazendo agora.

— Peguei ele bem aqui. — Eu engulo meu medo. — Ele está praticamente
morto, e não vou mentir para você, querida, não é bonito.

— Garrett, onde você está? — Não consigo entender se ela está


preocupada ou brava, mas conhecendo-a, provavelmente são os dois.

— Você me perguntou se podia assistir, e eu disse que não porque estou


com medo de que você nunca mais olhe para mim com aqueles olhos grandes, azuis
e inocentes da mesma maneira se vir que tipo de homem eu posso ser.

— Garrett…
— Mas, eu prefiro arriscar isso do que você sofrer o medo que este homem
colocou dentro de você, — eu a interrompo, antes de perder a coragem. — Eu não
estou trazendo essa merda para a nossa porta; merda ruim só acontece deste lado da
cerca. Então, se você tem certeza que isso é realmente o que você quer, e você precisa
olhar para o rosto dele e vê-lo dar seu último suspiro, você tem Mitch para trazê-la
aqui para mim. OK, querida?

Desligo quando minha voz fica fraca e, segurando meu punho, espero.

— Tem certeza disso? — Cole cavalga até meu outro lado.

— A escolha é dela. — Engulo o nó na garganta.

— Deixamos que eles pegassem demais. — Eu olho para tudo ao nosso


redor pelo qual lutamos. Eu pensei que isso significava muito para mim antes, mas
agora com três filhos chegando, eu me sinto ainda mais protetor com isso. Quero
que eles tenham alguma coisa, que façam parte da história da nossa família. Quero
que os filhos dos meus irmãos também tenham. — Nós os deixamos nos foderem
por muito tempo. — Penso em Cora e em quem a matou. Os Mason e quaisquer
outros filhos da puta, ao longo dos anos, se aproveitaram de nossa fraqueza.

— Acabou. Vamos descobrir quem engravidou Breanna, quem matou


Aubrey; e você cresce um pau e garante que aquela mulher que você amou a vida
toda, não se case com aquela família de merda. — Olho para Wade severamente.

— Não é tão fácil, — ele balança a cabeça.


— Nada que valha a pena é fácil, Wade. Olhe para este lugar. Isso levou
nosso avô à porra da corda. Mas é nosso, e você já viu um nascer do sol como esse
em outro lugar? — Eu questiono, enquanto olho para o cume alto atrás da casa sobre
o qual o sol está se aproximando.

— Ele tem que apontar, — Cole me apoia. — É tarde demais para começar
a bater em uma luta quando você já perdeu. Não deixe para muito tarde. — Eu vejo
a dor ainda crua em seus olhos por perder Aubrey e tenho que desviar o olhar.

— Parece que ela apareceu. — Wade olha para a caminhonete que está se
movendo em nossa direção, e quando ele para em frente ao portão e Maisie sai, eu
entrego as rédeas de Thunder para Cole e deslizo de sua sela.

— Ei. — Ela sorri para mim nervosamente, enquanto eu dou um passo em


sua direção e pego sua mão.

— Tem certeza disso? — Eu verifico, uma última vez.

— Não fiquem aí sentados olhando, voltem para o rancho. Finn, Dalton...


peguem algumas pás, vão cavar, — ouço Mitch dando sua ordem.

Quando Maisie acena com a cabeça para mim, lentamente a conduzo ao


redor dos cavalos, para que ela possa ver por si mesma por que nunca mais precisa
de passar uma noite sem dormir.

Seus olhos captam a horrível bagunça que ainda resta de Seth Granger, e
o olhar em seu rosto é ilegível. Quando ele solta outro gemido fraco, lembrando a
todos que ainda está vivo, a pele dela fica pálida e ela engasga. Virando o corpo para
longe de mim, ela vomita na grama.

— Você está bem? — Eu esfrego suas costas, tentando confortá-la,


preocupado que isso seja uma má ideia.

— Estou bem. — Ela levanta a mão e recupera o fôlego, então se virando,


ela mantém os olhos fechados e respira fundo antes de olhar para ele novamente. Há
algo diferente em sua expressão agora, algo forte e obstinado. Algo aceitando.

— Você tem uma arma? — Ela se vira para olhar para mim e, quando
balanço a cabeça, ela volta sua atenção para meu irmão.

— Você... você tem uma arma? — ela olha para Cole, que move os olhos
para mim antes de responder. Quando eu aceno, ele monta seu cavalo para ficar ao
lado dela, tirando-o do coldre e entregando-o a ela.

— Você sabe como usá-lo? — ele confere.

— Apontar e puxar. — Ela pega o revólver dele com as mãos trêmulas e


aponta para a cabeça de Seth, puxando a trava de segurança. Seus olhos se fecham
com força e seus braços tremem quando ela o segura à sua frente. Justo quando penso
que ela está prestes a desistir, seus olhos se abrem novamente, atingindo os dele
como um relâmpago quando ela puxa o gatilho. O eco do tiro soa no silêncio ao
nosso redor, e um corvo grita à distância enquanto todos nós olhamos para o homem
morto no chão.
— Custe o que custar, certo? — Maisie deixa cair a arma no chão antes de
se virar para mim e meus irmãos. Usando as costas da mão para limpar o sangue que
respingou em sua bochecha, ela fica na ponta dos pés e pressiona seus lábios contra
os meus. — Obrigada, — ela sussurra, antes de se afastar e começar a caminhar de
volta para casa.

— Ah... — ela se vira, então ela está voltando atrás. O sorriso em seu rosto
é tão bonito e inocente quanto no dia em que a vi pela primeira vez — ...todos vocês
estejam de volta em casa às oito e meia. Estamos tomando um café da manhã em
família. — Ela puxa a manga do suéter ombro a ombro que está usando e se vira.

— Claro, querida, — eu sorrio um pouco, enquanto lhe respondo.


Ignorando o olhar chocado no rosto de Mitch e dos meus irmãos, volto para Thunder.

— Você se casou com uma psicopata. — Wade permanece boquiaberto


enquanto a observa caminhando pelo campo em direção à casa.

— Aqui, me ajude a carregar esse filho da puta na traseira da caminhonete,


vamos dar-lhes uma refeição quente para variar, — Mitch ri para Wade enquanto ele
desamarra a corda da frente da minha sela, e quando Wade sai do Hooter e começa
a trabalhar, Cole cavalga lentamente de volta para casa comigo.

— Você não deveria ter escondido o fato de que se casou com ela por
minha causa, — ele me diz. Esta é a primeira vez que o vejo desde que todos
descobriram. Ele está dormindo no barracão e ainda não me explicou por quê.

— Sim, bem…
— Bem, nada. Eu sou seu irmão, tudo que eu sempre quero é que você
seja feliz. — Ele continua olhando para a frente, tentando esconder a emoção em
seus olhos. — Ela é uma boa menina, mais forte do que acreditamos.

— Estou aprendendo isso, — eu solto uma risada; aquela garota nunca


deixa de me surpreender.

— Eu vou te compensar, — ele solta um suspiro pesado.

— Me compensar? — Eu o questiono, imaginando do que diabos ele está


falando.

— Três anos atrás, eu fiz uma promessa em torno daquela fogueira, e não
tenho feito a minha parte. Deixei você e Wade para levar o peso por aqui também,
porque não podia deixá-la. Mas estou de volta agora, e tudo isso está mudando.

— Cole, você não precisa…

— Você vai me deixar terminar? — Ele me encara com frustração. — Eu


nunca vou ser o tipo de tio que Wade vai ser para aqueles filhos que você está tendo.
Não vou pegá-los e bagunçar seus cabelos. Não terei paciência para ensiná-los a
cavalgar ou ajudá-los com o dever de casa. Mas... posso garantir que eles tenham o
tempo que merecem com o pai. Posso garantir que sua esposa não acabe querendo
se divorciar de você porque você nunca chega em casa a tempo para o jantar, e posso
ajudá-lo a proteger este lugar; então daqui a trinta anos eles estão ensinando seus
filhos a amarrar um bezerro naquele curral. Não sou muito bom irmão, mas não vou
te decepcionar de novo. — Ele aperta as rédeas com força em seu punho.
— Você nunca me decepcionou, — digo, sentindo um nó na garganta. —
E os homens Carson não dormem no barracão. Você pertence à sua família.

— Ok, — Cole acena com a cabeça e sorri. — Agora, entre naquela casa
e dê à sua esposa gostosa e psicopata algo para sorrir durante o café da manhã. —
Ele inclina a cabeça em direção à casa, rindo, e eu estalo a língua para fazer Thunder
se mover para que eu possa fazer exatamente isso.

— Ei! — Eu só tenho alguns passos à frente quando Cole me chama.

— Sobre aquele seu casamento secreto?

— O que tem? — Eu grito de volta.

— Eu seria o padrinho, certo?

— Claro, — eu rio para mim, enquanto corro todo o caminho de volta para
o pátio.

Pulo das costas de Thunder, jogando as rédeas para o novo ajudante do


rancho, antes de correr para dentro e chamar o nome dela. Não obtenho resposta e,
quando ouço o som de água corrente vindo do andar de cima, sigo o som até ao
banheiro.

Maisie está de costas para o vidro, enxaguando o xampu do cabelo. Eu


lentamente rastejo por trás dela, tirando minha camisa, deslizando lentamente para
fora de minhas botas e tirando a calça jeans.

Ela dá um pulo quando dou a volta no vidro e pego aquele rostinho lindo
dela em minhas mãos, para que eu possa beijá-la.
— Você não deveria assustar uma mulher grávida assim, — ela se afasta,
para me dizer.

— Há muitas coisas que você não deve fazer com uma mulher grávida que
eu vou fazer, — a advirto.

— Então, você ainda pode me olhar nos olhos? — ela olha para mim,
curiosamente.

— Do que diabos você está falando? — Balanço a cabeça, confuso.

— Acabei de atirar em um homem bem na sua frente e de seus irmãos.


Você ainda me ama? — Ela está falando muito sério, e faz meu coração afundar ao
pensar que ela duvidaria que eu não pudesse.

— É claro que ainda te amo, Maisie. Não há nada neste mundo que possa
mudar isso.

— Então, por que achou que isso mudaria para mim? — Ela está com
aquela expressão esperta no rosto, e pressiono a palma da mão contra o vidro atrás
dela e abaixo a cabeça quando entendo o que ela quer dizer. — Você duvida dos
meus sentimentos por você?

— Não, querida, não duvido. — Eu levanto a cabeça de novo.

— Ótimo. — Ela desliza o cabelo molhado, que caiu sobre meus olhos,
para o lado e acaricia minha bochecha com o polegar.

— Então, você acabou de matar um homem para provar um ponto?


— Não Garrett, eu matei aquele homem porque ele merecia estar morto.
Ele tentou tirar algo de mim que eu não estava disposta a dar e ele poderia ter
machucado nossos bebês antes mesmo de nascerem. Atirei na cabeça daquele
homem e não senti remorso. Não sinto culpa agora, apenas paz e faria tudo de novo
para proteger nossa família... mas, ao mesmo tempo, isso me ajudou a provar um
ponto, — ela sorri para mim.

— Sabe, você vai se encaixar muito bem por aqui. — Eu a levanto em


meu corpo, deixando meu pau deslizar entre suas pernas para provocar sua entrada.

— Isso é bom, porque pretendo ficar por aqui, — ela sussurra, agarrando
meu cabelo enquanto empurro para dentro dela.
Cinco meses depois

Deito na cama e observo a enorme barriga de Maisie rolar em todos os


tipos de formas engraçadas.

— Qual deles foi esse? — Eu pergunto quando algo sacode, e ela se


encolhe.

— Essa deve ser sua filha, mandando nos irmãos, — ela me diz, mudando
na cama para uma posição mais confortável.

— Bem, nesse caso, continue, querida. — Eu me abaixo e a beijo ali, antes


de sair da cama e começar a me vestir.

— Pensei em pintar mais um pouco hoje para terminar a peça que o pai de
Leia quer para seu escritório.

— Pensei que tínhamos concordado em levar as coisas com calma? — Eu


franzo a testa para ela, enquanto abotoo minha camisa.
— Eu não estou pulando em Darcy e entrando em um Kentucky Derby,
Garrett. Estou pintando, — ela bufa para mim, antes de tentar sair da cama.

— Sim, eu entendo isso, mas o médico disse que você tem que começar a
pegar leve agora. Quanto mais tempo de gravidez passa, mais fortes os bebês estarão
quando nascerem, — eu a lembro, enquanto dou a volta na cama para ajudá-la a se
levantar.

— Eles se sentem fortes o suficiente. — Ela demora um pouco para


encontrar o equilíbrio e olha para mim com um beicinho.

— Você sabe o que o Dr. Handly disse. Uma em cada cinco mulheres
grávidas de trigêmeos acaba passando as últimas semanas de gravidez em uma cama
de hospital. Você quer ser aquela em cinco?

— Não, não é isso que eu quero, — ela solta um suspiro descontente, antes
de caminhar até à porta para ir ao banheiro.

— Vou trazer seu cavalete e todos os seus suprimentos para dentro de casa
para que você possa trabalhar daqui, — digo quando ela volta alguns minutos depois.

— Ok, é hora de fazer concessões. — Ela pega um de seus vestidos do


guarda-roupa e o estica sobre o corpo antes de me deixar ouvir o que é esse
compromisso.

— Deixe-me ficar mais um dia no estúdio e depois farei o que você quiser
até que esses bebês cheguem. Vou até deixar você me alimentar com chocolate. —
Ela tem um olhar sarcástico em seu rosto que me faz querer jogá-la na cama e foder
com ela, mas foi aconselhado que não façamos isso também.

— Negócio fechado. — Acaricio seu vestido com minhas mãos antes de


lhe dar um beijo de despedida e sair para o trabalho.

***

Já passa do meio-dia e estou consertando a grade do curral em que Wade


colidiu com seu novo projeto de treinamento, esta manhã. O tempo está passando, o
casamento de Leia está se aproximando e ele ainda não fez nada a respeito. Maisie
está preocupada por não conseguir aguentar o tempo suficiente para ser sua dama de
honra, e espero que não haja um casamento para esperar. Eu tentei falar com ele,
mas ele parece negar a coisa toda. Atribuo isso ao fato de que está com medo, talvez
ele não queira colocar seu coração em risco caso seja quebrado, mas ele só tem cinco
semanas para decidir se esse medo valerá a pena perdê-la.

O sol está brilhando forte para uma tarde de março, e quando tenho a
sensação de que já vi tudo isso antes, meus olhos se erguem automaticamente para
a porta do estúdio de Maisie como se soubessem o que esperar. Ela está lá como eu
sabia que estaria, só que desta vez não é uma visão, é real. Minha linda esposa está
de pé ao lado de seu cavalete, com o ventre inchado com nossos três bebês crescendo
dentro dele e ela tem o sorriso mais feliz no rosto quando ela olha de volta para mim.
— Jesus Cristo, você realmente está ficando mole, — Wade me
interrompe, arrancando o martelo da minha mão para que ele possa assumir.

— Vá em frente, suba lá e beije-a ou algo assim. — Ele balança a cabeça


antes de começar a trabalhar, e é exatamente para onde estou indo quando esbarro
em Cole.

— E aí? — Eu paro no caminho quando percebo o olhar em seu rosto.

— Estamos esperando alguém? — Eu sigo sua linha de visão por cima do


meu ombro e noto o carro preto brilhante estacionado na frente da casa.

— Não. — Balanço a cabeça, vendo que Wade parou o que estava fazendo
e também está prestando atenção. Quando a porta do motorista se abre e uma mulher
bem vestida sai, não estou preparado para o que vejo.

— Parece que vocês dois viram um fantasma. — Maisie sai do palheiro e


ri. Pego sua mão na minha, trazendo-a para perto enquanto caminho em direção à
nossa visitante, com meus irmãos ao meu lado.

Talvez isso não seja realidade; talvez seja apenas mais um sonho, porque
se o que estou vendo na minha frente for real, alguém terá que explicar muito.

— Ei, rapazes. — Ela sorri ao sair de trás da porta do carro e, ao vir em


nossa direção, todos permanecemos em silêncio.

— Eu ouvi suas notícias. Parabéns. — Ela se aproxima de Maisie,


estendendo a mão como se estivesse prestes a tocar sua barriga.
— Não toque nela, porra! — Eu aviso, rosnando entre os dentes, e quando
Maisie aperta minha mão com um pouco mais de força, percebo como ela deve estar
confusa.

— Vamos lá, Garrett, eu criei você melhor do que isso. Isso não é jeito de
receber sua mãe em casa. — A mulher que nos abandonou, há quase vinte anos,
sorri como se nunca tivesse partido.

Fim

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