4bAula4Torroes_de_argila_rev3 (2)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

Práticas - Materiais de Construção Civil II

Determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis –


ABNT NBR 7218:2010

1. INTRODUÇÃO

Os agregados naturais, isto é, aqueles que são retirados da natureza e utilizados no concreto,
sem passar por processos industriais, podem conter torrões de argila ou, em termos mais gerais,
os chamados materiais friáveis.

Materiais friáveis são aqueles formados por um conjunto de pequenas partículas unidas
fisicamente e, por isso mesmo, a ligação entre elas é fraca. Devido a isso, os materiais friáveis
se desintegram com pequenos esforços atuantes sobre eles. A argila em forma de torrões é
considerada um tipo de material friável.

Os materiais friáveis causam aparecimento de vazios e, quando na superfície das peças em


concreto, diminuem a resistência do concreto às intempéries, tornando-o menos durável. Ao
sofrer desagregação, devido à elevada superfície específica, as partículas exigem maior
quantidade de água para elaboração do concreto, o que diminui sua resistência e durabilidade.
Obviamente, isso acontece quando esses materiais estão em quantidade excessiva.

A norma ABNT NBR 7211:2009 (versão corrigida:2019) estabelece como limite


máximo aceitável:
- 3% de torrões de argila e outros materiais friáveis em relação à massa de
agregado miúdo;
- No caso de agregados graúdos, não deve haver mais que 3% de materiais
friáveis;
- Quando o concreto estiver sujeito a desgastes superficiais e tiver sobre ele
alguma proteção, o limite será de 2%;
- Em concretos aparentes o limite é ainda menor: 1%.

2. OBJETIVO

Quantificar a presença de torrões de argila e outros materiais friáveis presentes nos agregados
seguindo as orientações da ABNT NBR 7218:2010.

3. APARELHAGEM (MATERIAIS E EQUIPAMENTOS)

I. Balança - com resolução de 0,1 % da massa da amostra a ser ensaiada;

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS FRIÁVEIS 1


Práticas - Materiais de Construção Civil II

II. Estufa - capaz de manter a temperatura no intervalo de (105 ± 5) ºC;


III. Peneiras - da série normal, com tampa e fundo de acordo com a ABNT NBR NM
248, que atendam aos requisitos da ABNT NBR NM ISO 3310-1;
IV. Bandejas metálicas – inoxidáveis, de bordos rasos, com dimensões e forma que
permitam espalhar a amostra em uma camada delgada sobre seu fundo.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

A amostra de agregado a ser ensaiada deve ser coletada e reduzida conforme o que indica a
ABNT NBR NM 16915:2021.

– OBSERVAÇÃO –
Tanto a ABNT NBR NM 26 como a ABNT NBR NM 27 foram substituídas pela
ABNT NBR NM 16915:2021, que traz em seu texto os procedimentos a serem
seguidos da coleta e redução até o armazenamento e transporte das amostras
representativas. Para mais informações consultar a nova norma.

Além disso, a amostra deve ser manuseada de forma que os torrões de argila eventualmente
presentes não sejam triturados e seca em estufa à temperatura de (105 ± 5) °C, até que seja
atingida a constância de massa.

I. Determinar a composição granulométrica da amostra, seguindo procedimentos


constantes na ABNT NBR NM 248.
II. Determinar o teor de argila em torrões e materiais friáveis da amostra, considerando-se
os intervalos granulométricos e a massa mínima da amostra, conforme indicado na
Tabela 1.

Tabela 1 – Intervalos granulométricos e massa mínima de amostra para ensaio


Intervalos granulométricos Massa mínima de amostra para
ensaiados, 𝐼𝑛𝑡 (mm) ensaio de cada intervalo (g)
1,18 ≤ Int < 4,75 200
4,75 ≤ Int < 9,50 1000
9,50 ≤ Int < 19,0 2000
19,0 ≤ Int < 37,5 3000
𝐼𝑛𝑡 ≥ 37,5 5000
Fonte: Adaptado de ABNT NBR 7218:2010.

– OBSERVAÇÃO –
Os intervalos granulométricos que representarem menos de 5 % da amostra
total não precisarão ser ensaiados.

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS FRIÁVEIS 2


Práticas - Materiais de Construção Civil II

III. Espalhar a massa da amostra de cada intervalo granulométrico (𝑚𝑖 ) em bandejas


adequadas, formando uma camada delgada.
IV. Cobrir a amostra com água destilada, deionizada ou da rede de abastecimento e deixá-
la em repouso durante (24 ± 4) h.
V. Após o período de repouso, identificar as partículas com aparência de torrões de argila
ou materiais friáveis e pressioná-las entre os dedos, de modo a desfazê-las.

– OBSERVAÇÃO –
Não se deve usar as unhas, as paredes ou o fundo do recipiente para quebrar
as partículas.

VI. Em seguida, transferir a massa da amostra de cada intervalo granulométrico das


bandejas para as peneiras com aberturas indicadas na Tabela 2. Proceder ao
peneiramento por via úmida para a remoção das partículas de argila e materiais friáveis,
agitando cuidadosamente a amostra com as mãos durante o fluxo de água de lavagem.

Tabela 2 – Peneiras para a remoção das partículas de argila e materiais friáveis


Intervalos granulométricos
Abertura das peneiras
ensaiados, 𝐼𝑛𝑡 (mm)
1,18 ≤ Int < 4,75 600 m
4,75 ≤ Int < 9,50 2,36 mm
9,50 ≤ Int < 19,0 4,75 mm
19,0 ≤ Int < 37,5 4,75 mm
𝐼𝑛𝑡 ≥ 37,5 4,75 mm
Fonte: Adaptado de ABNT NBR 7218:2010.

VII. Remover cuidadosamente as amostras de cada uma das peneiras, secando-as em estufa
à temperatura de (105 ± 5) °C, até a constância de massa.
VIII. Determinar a massa do material retido (mf), após o resfriamento.

5. PROCEDIMENTO DE CÁLCULO

➢ Calcular o teor de argila em torrões e materiais friáveis (𝑚𝑡 ) de cada intervalo


granulométrico, através da seguinte equação:
𝑚𝑖 − 𝑚𝑓
𝑚𝑡 = ( ) ∙ 100
𝑚i

onde:
𝑚𝑡 é o teor de argila em torrões e materiais friáveis, em porcentagem (%).
𝑚𝑖 é a massa inicial do intervalo granulométrico, em gramas (g);
𝑚𝑓 é a massa após peneiramento via úmida, em gramas (g).

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS FRIÁVEIS 3


Práticas - Materiais de Construção Civil II

– OBSERVAÇÃO –
O resultado deve ser arredondado ao centésimo mais próximo.

➢ Calcular o teor parcial de argila em torrões e materiais friáveis, multiplicando a


porcentagem determinada em cada intervalo granulométrico (𝑚𝑡 ) pela porcentagem retida
individual desse intervalo granulométrico (obtida no ensaio de determinação da
composição granulométrica pela ABNT NBR NM 248) e dividir por 100.

– OBSERVAÇÃO –
Os intervalos granulométricos que representaram menos de 5 % da massa da
amostra total, apesar de não terem sido ensaiados devem ser considerados no
cálculo, arbitrando-se o mesmo valor percentual de torrões de argila e de
materiais friáveis presente no intervalo granulométrico imediatamente superior
ou inferior ao não ensaiado.

➢ Calcular o teor de argila em torrões e materiais friáveis presentes na amostra total, pelo
somatório dos teores parciais encontrados.

– OBSERVAÇÃO –
O resultado final deve ser arredondado ao décimo mais próximo.

6. EXPRESSÃO DO RESULTADO

No relatório de ensaio deve constar:


• tipo e procedência da amostra;
• composição granulométrica;
• teores parciais de argila em torrões e materiais friáveis por intervalo granulométrico;
• teor de argila em torrões e materiais friáveis da amostra total.

7. EXERCÍCIO PARA RELATÓRIO DESTA PRÁTICA

Calcular o teor de argila em torrões e materiais friáveis de uma areia proveniente do rio X para
a qual foi realizado o ensaio em conformidade com a norma ABNT NBR 7218:2010, cuja
granulometria segue abaixo.

Tabela 3 – Distribuição granulométrica da amostra

Abertura da peneira (mm) % retida Abertura da peneira (mm) % retida


6,3 0 0,600 38
4,75 2 0,300 13
2,36 10 0,150 4
1,18 30 Fundo 3
Fonte: Os autores (2021).
DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS FRIÁVEIS 4
Práticas - Materiais de Construção Civil II

Na realização do ensaio utilizaram-se as seguintes quantidades iniciais de material seco:


➢ 1,18 mm ≤ Int < 4,75 mm → 256,7 g;
➢ 4,75 mm ≤ Int < 9,50 mm → 1386,9 g.
Após a desagregação dos torrões de argila e dos outros materiais friáveis contidos no agregado,
secagem e esfriamento dos grãos remanescentes, foram obtidos os seguintes pesos:
➢ 1,18 mm ≤ Int < 4,75 mm → 255,8 gf;
➢ 4,75 mm ≤ Int < 9,50 mm → 1384,7 gf.

Sendo você o engenheiro responsável pela análise dos resultados, responda o que segue.:
a) O ensaio está de acordo com a norma pertinente? Mostre um a um os requisitos desta
norma.
b) Havia necessidade de se fazer o ensaio na faixa (intervalo) entre 4,75mm e 9,50mm?
c) Determine os teores parciais de argila em torrões e materiais friáveis por intervalo
granulométrico.
d) Calcule o teor de argila em torrões e materiais friáveis da amostra total.
e) Em que tipo de concreto essa areia pode ser utilizada? (Consultar a norma NBR 7211)

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ARGILA EM TORRÕES E MATERIAIS FRIÁVEIS 5

Você também pode gostar