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1.

Uma Luz na Escuridão

“A tua palavra é lâmpada para os meus pés


e luz para o meu caminho.”
— Salmo 119:105

Para as crianças pequenas, a escuridão pode trazer ansiedade e medo. Mas a escuridão
também pode afetar os adultos, nos fazendo perder o rumo e nos expondo ao perigo.

Conheço caminhantes que foram obrigados a passar a noite ao relento nas Montanhas
Rochosas porque o sol se pôs rapidamente, mergulhando tudo em escuridão e apagando
qualquer sinal da trilha. Aqueles que se aventuram pelos invernos congelantes do Alasca
enfrentam ainda mais escuridão. Lá, o sol não aparece por dias, deixando os exploradores
mais vulneráveis e confundindo até os que estão em segurança, tentando descobrir se é
manhã ou noite.

Mesmo mais perto de casa, um breve apagão pode transformar um cômodo familiar em
uma área cheia de perigos, com obstáculos que parecem saltar para bater nas suas canelas
ou na sua cabeça. E quem nunca passou por aquele susto repentino ao acordar durante a
noite, no escuro total, ao ouvir um barulho estranho no corredor?

Existe uma tribo na América do Sul que viaja apenas à noite. Para não se perderem ou
caírem de um dos muitos penhascos da região, os homens e mulheres dessa tribo usavam
pequenas velas presas em cordões. As velas iluminavam apenas um ou dois passos à
frente, mas isso já era o suficiente.

Nossas vidas muitas vezes parecem uma jornada por trilhas difíceis em terras escuras e
perigosas. Mas a Palavra de Deus é como uma vela que clareia nosso caminho e nos
mostra para onde ir.

Existem muitos livros no mundo, mas apenas um é supremo. A Bíblia é a revelação


incomparável de Deus para nós. Desde a invenção da prensa de Gutenberg, há mais de
cinco séculos, a Bíblia tem sido o livro mais vendido do mundo.

Por milhares de anos, as pessoas copiaram seu conteúdo em papiros, pergaminhos e


papéis para compartilhar suas palavras sábias com outros. Tradutores e missionários
levaram sua mensagem para centenas de idiomas. Pessoas corajosas arriscaram suas
vidas para espalhar seu conteúdo e, em alguns casos, morreram sem negar seus
ensinamentos.

Por que tantas pessoas fizeram tanto esforço por este único livro durante tanto tempo?
Como sugere o versículo do Salmo 119, a Bíblia é uma fonte de luz segura em um mundo
frequentemente escuro e confuso.

O Salmo 119, o capítulo mais longo da Bíblia, oferece muitas razões pelas quais as
pessoas ao longo dos séculos têm buscado este livro único. Intitulado “Louvor à Palavra de
Deus”, o salmo lista benefícios de estudar e aplicar a Bíblia: ela nos ajuda a caminhar de
acordo com a lei de Deus; encoraja-nos a sermos firmes e puros; ensina-nos a diferenciar
verdade de mentira, certo de errado; e fortalece almas cansadas, trazendo esperança,
conforto e coragem.

George Fox, um pregador inglês do século XVII e fundador da Sociedade dos Amigos, ou
Quakers, falou sobre a luz do amor de Deus em um de seus sermões:
“Vi também que havia um oceano de escuridão e morte, mas um oceano infinito de luz e
amor que fluía sobre o oceano de escuridão.”

Deus nos deu a Bíblia, e com sua luz podemos enfrentar a escuridão deste mundo.

Deus, obrigado por compartilhar Tua Palavra conosco. Que suas palavras encontrem
morada em meu coração e iluminem meu caminho.

2.

“Portanto, vigiem, porque vocês não sabem o dia nem a hora.”


— Mateus 25:13

Os cristãos têm discutido há séculos sobre quando e como Cristo voltará à Terra e
encerrará o tempo como o conhecemos — um cenário previsto por diversos livros da Bíblia.

“Esta geração verá o clímax da história, como os profetas previram”, disse Hal Lindsey, um
dos autores mais famosos sobre o fim dos tempos no século XX. Seu livro de 1970, The
Late Great Planet Earth (A Grande Planeta Terra em Declínio), vendeu 30 milhões de
cópias e causou temor em muitos leitores que começaram a se perguntar se estavam
prontos para a volta de Cristo.

Ao longo dos anos, autores têm criado incontáveis teorias para tentar interpretar passagens
complexas do livro de Daniel, no Antigo Testamento, e do Apocalipse, no Novo Testamento.

Para Lindsey, o "relógio do Armagedom" começou a contar em 1948, com a criação do


Estado de Israel. Ele chegou a prever que a segunda vinda de Cristo aconteceria até 1988.

Mas Lindsey não foi o primeiro a definir uma data para a volta de Cristo. Previsões
detalhadas vieram dos Shakers, Alexander Campbell e os Discípulos de Cristo, William
Miller e os Adventistas do Sétimo Dia, Chuck Smith (fundador da Calvary Chapel), o
televangelista Jack Van Impe, e o autor Edgar C. Whisenant, que escreveu 88 Razões para
o Arrebatamento em 88. Muitos cristãos também acreditaram que o bug do milênio, o Y2K,
traria o fim do mundo. O jornal USA Today chegou a reportar que cerca de 100 livros sobre
o fim dos tempos seriam publicados no ano anterior a 1º de janeiro de 2000.

Ainda assim, estamos aqui, e os autores dessas previsões continuam revisando suas datas.
Curiosamente, o interesse no fim dos tempos só cresce. Os best-sellers da série Deixados
para Trás, de Tim LaHaye e Jerry Jenkins, inspiraram uma nova onda de especulações
apocalípticas. Esses livros mostram o caos que pode ocorrer após o arrebatamento dos
cristãos e a luta dos que ficam para sobreviver sob o domínio do Anticristo. Apesar de
críticas teológicas, a série já vendeu cerca de 50 milhões de cópias, segundo a editora
Tyndale House.

Mas muitos cristãos bem-intencionados, ao dedicarem tanto tempo à questão da segunda


vinda, parecem ter ignorado um ponto essencial. O próprio Cristo nos disse que deveríamos
focar não no dia ou na hora de sua volta, mas no estado de nossas almas.

Estar vigilante significa viver de forma que, se Cristo voltasse hoje, ele nos encontraria
agradáveis aos seus olhos. Se eu soubesse que enfrentaria Jesus antes do pôr do sol,
começaria confessando meus pecados a Deus, à minha família, colegas de trabalho e
vizinhos, pedindo perdão pelas minhas falhas. Ligaria para pessoas queridas,
demonstrando preocupação com elas e compartilhando a mensagem do amor de Cristo. Se
tivesse tempo, revisaria minhas finanças para garantir que cumpri compromissos feitos a
igrejas e instituições de caridade.

Ser vigilante também significa usar nosso tempo, energia e recursos para expandir o Reino
de Deus, compartilhando o evangelho e promovendo valores de justiça e retidão em nossa
cultura.

E, acima de tudo, significa ser fiel a Cristo em cada momento, independentemente de ele
voltar no minuto seguinte ou muito depois de termos partido.

Pai, ajuda-me a evitar a paranoia sobre o fim dos tempos e, em vez disso,
desenvolver uma prontidão constante para a Tua volta.

3.

O Maior Mandamento

“Ouça, ó Israel: O SENHOR, o nosso Deus, é o único SENHOR. Ame o SENHOR, o seu
Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças.”
— Deuteronômio 6:4–5

Jesus não chama as pessoas para um movimento social ou político, nem para uma vida de
religiosidade ou ética. Acima de tudo, ele nos chama a amar a Deus — um chamado que as
leis de Moisés estabeleceram pela primeira vez.

Durante seu ministério terreno, Jesus repetidamente afirmou que esse é o maior
mandamento. “Deus é amor”, escreveu João, o Apóstolo. “Todo aquele que permanece no
amor permanece em Deus, e Deus nele” (1 João 4:16).

Séculos mais tarde, teólogos protestantes reafirmaram esse simples chamado para amar a
Deus. “Qual é o principal propósito do homem?” perguntaram na Confissão de Fé de
Westminster de 1646. “O principal propósito do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para
sempre.”

Ao longo da história cristã, muitos discípulos de Jesus descreveram o imenso amor de


Deus. Talvez ninguém tenha feito isso de forma tão eloquente quanto São Bernardo de
Claraval (1090–1153), um monge cisterciense que era tanto intelectual quanto místico. Seu
mosteiro na França influenciou o mundo inteiro. Sua obra mais famosa, Sobre o Amor a
Deus, contém estas palavras de sabedoria:

“Você quer que eu diga por que Deus deve ser amado e o quanto? Minha
resposta é esta: a razão para amar a Deus é o próprio Deus; e a medida do
amor que Lhe é devido é o amor sem medida. É claro?
Devemos amar a Deus por Ele mesmo, por dois motivos: nada é mais razoável,
nada é mais proveitoso. Quando alguém pergunta: Por que devo amar a Deus?
ele pode querer saber: O que há de amável em Deus? ou O que eu ganho ao
amar a Deus? Em ambos os casos, a causa suficiente do amor é a mesma, ou
seja, o próprio Deus.”

Bernardo argumentou que Deus merece nosso afeto completo e desinteressado:

“Embora Deus deva ser amado sem esperar recompensa, Ele não deixa o amor
sem recompensa. A verdadeira caridade não pode ser desamparada, mesmo
sendo altruísta e não buscando seus próprios interesses (1 Coríntios 13:5).
O amor é um afeto da alma, não um contrato: não pode surgir de um mero
acordo, nem é assim que deve ser conquistado. Ele nasce espontaneamente e,
no seu impulso, o amor verdadeiro é sua própria satisfação. Tem sua
recompensa; mas essa recompensa é o próprio objeto amado. Pois o que quer
que você pareça amar, se for por causa de algo além disso, o que você
realmente ama é esse “algo além”, e não o objeto aparente do desejo.”

Deus poderia ter criado robôs que “o amassem” por comando, mas Ele não fez isso.
Ele nos deu corações e livre-arbítrio para que pudéssemos decidir o que fazer com eles.
Ainda assim, como Bernardo expressou de forma tão bela, o amor é a única resposta
apropriada a Deus.

Eu te amo, Pai. Ajude meu amor por Ti a crescer.

4.

Feitos à Imagem de Deus

"Então disse Deus: 'Façamos o homem à nossa imagem...'


E Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou."
— Gênesis 1:26–27

Vivemos cercados por aparelhos tecnológicos que prometem simplificar nossas vidas
agitadas. De fato, carros são mais rápidos que carruagens, e micro-ondas preparam
refeições mais rapidamente que fornos convencionais. Mas quem nunca se frustrou ao
tentar resolver um problema no computador ou programar um aparelho eletrônico que
simplesmente não coopera?

Muitas vezes, esses dispositivos nos deixam perdidos, mesmo com os manuais de
instrução em mãos.

Mas e se pensarmos na Bíblia como o manual de instruções divino para operar e


compreender a vida humana? Embora algumas partes sejam complexas, passagens como
esta de Gênesis são claras e poderosas, oferecendo três lições essenciais:

1. Deus é um "nós", não um "eu".


Deus é uma união: Pai Celestial, Espírito Santo e Filho unigênito. Esse conceito,
conhecido como Trindade, nos revela a plenitude e a relação perfeita que existem
em Deus.
2. Somos feitos à imagem de Deus.
Ao criar a humanidade, Deus fez algo único. Ele nos deu criatividade — um reflexo
direto de sua própria natureza criadora. Criamos música, arte, poesia, tecnologia,
entre tantas coisas. Essa capacidade de criar é um presente divino.
3. Homem e mulher foram criados distintos, mas iguais.
Deus nos fez diferentes, mas complementares. E mais importante: Ele ama homens
e mulheres igualmente, sem superioridade de um sobre o outro.

Os manuais do mundo podem falhar em nos ajudar com nossos aparelhos, mas o manual
divino nos ensina quem somos e como Deus deseja que vivamos.
Senhor, mesmo quando a vida é caótica e a tecnologia parece tornar as coisas mais
complicadas, agradeço por nos ter criado de forma tão especial e por nos amar com
tamanha perfeição.

A Porta do Coração

"Vocês ouviram o que foi dito: 'Não adulterarás'. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar
para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela em seu coração."
— Mateus 5:27-28

O ser humano é uma criação fascinante de Deus, especialmente em sua mente. Este
versículo destaca como o coração pode ser influenciado pelo que permitimos entrar em
nossos pensamentos. Em um mundo repleto de tentações, onde roupas reveladoras e
imagens provocantes dominam a cultura, fica claro como nossas mentes podem ser
facilmente desviadas.

Jesus foi direto ao apontar que não é apenas o ato físico do adultério que é pecaminoso,
mas também os pensamentos que alimentam esse comportamento. Isso acontece porque a
mente, o coração e a alma estão profundamente conectados.

A jornada para o pecado frequentemente começa com algo pequeno: um pensamento.


Quando um homem olha para uma mulher com desejo, ele enfrenta uma escolha crucial.
Permanece nesse pensamento ou o substitui por algo puro? Se ele deixar o pensamento
persistir, pode se transformar em sentimentos emocionais. Esses sentimentos, se
cultivados, podem levar a ações — e, eventualmente, a consequências dolorosas como
traição, mágoa e desconfiança.

O ponto de Jesus é claro: lidar com o pecado apenas quando ele se manifesta é agir tarde
demais. Ele nos chama a examinar nossos corações, a identificar e arrancar os
pensamentos e desejos que, se deixados sem controle, podem florescer em
comportamentos destrutivos.

Assim como outros mandamentos — idolatria começa com a falta de fé; assassinato, com a
raiva; roubo, com a cobiça — o adultério começa no coração. Jesus desafia cada um de nós
a cultivar uma mente disciplinada, orientada por pensamentos e atitudes piedosos.

Pai, ajuda-me a identificar e eliminar os pecados que crescem em meu coração, antes
que se transformem em atos. Ensina-me a disciplinar minha mente e a pensar coisas
que te honrem.

A Vida É Uma Aventura de Aprendizado

"Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro como em espelho; mas, então,
veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da
mesma forma como sou plenamente conhecido."
— 1 Coríntios 13:12
Certa vez, uma jovem procurou ajuda na igreja para resolver um impasse com seu marido.
Ambos estavam convencidos de que tinham recebido uma orientação divina, mas suas
percepções eram conflitantes. Essa situação ilustra bem como, muitas vezes, nossa
compreensão de Deus pode ser limitada e confusa.

No tempo em que Paulo escreveu aos Coríntios, os espelhos eram feitos de metal polido,
como bronze, e refletiam imagens desfocadas e distorcidas. Paulo usa essa metáfora para
nos mostrar que, neste lado da eternidade, nossa visão de Deus é incompleta.

Isso me faz lembrar dos primeiros anos do casamento de uma amiga. Pensou que conhecia
bem seu marido antes de casar.. Porém, no decorrer da vida a dois, foi surpreendida
inúmeras vezes por suas reações, ideias e respostas. Era como se o conhecesse apenas
através de um reflexo turvo.

Essa descoberta contínua não é incomum nos relacionamentos. À medida que aprendemos
mais sobre o outro, podemos nos conectar de forma mais profunda. E o mesmo acontece
em nosso relacionamento com Deus. Conforme caminhamos com Ele, aprendemos mais
sobre Seu caráter e Sua Palavra.

No entanto, mesmo com esse aprendizado progressivo, ainda há mistérios. Mas um dia,
essa limitação desaparecerá. Veremos Deus face a face e o conheceremos plenamente,
assim como Ele já nos conhece completamente. Que promessa incrível!

Enquanto esse dia não chega, enfrentamos os desafios da compreensão, buscando


sabedoria por meio da oração, do diálogo e da humildade. A clareza plena virá, mas até lá,
podemos nos alegrar nas pequenas revelações de Deus em nossas vidas diárias.

Pai, obrigado pelas pequenas percepções de Ti que nos dão um vislumbre do que
está por vir. Ansio pelo dia em que verei Tua glória plenamente e Te conhecerei como
Tu me conheces. Amém.

Passando a Responsabilidade

"O homem disse: 'A mulher que tu me deste por companheira—ela me deu do fruto
da árvore, e eu comi.' Então o Senhor Deus disse à mulher: 'O que é isso que você
fez?' E a mulher disse: 'A serpente me enganou, e eu comi.'"
— Gênesis 3:12–13

Em um dia quente de primavera — quando você preferiria estar em qualquer lugar menos
na aula de matemática — a professora olhou diretamente nos seus olhos e perguntou onde
estava a sua lição de casa.

Você se contorceu desconfortavelmente na cadeira, vasculhando sua mente em busca de


uma desculpa plausível, até que inventou a seguinte: "Meu cachorro comeu."

O problema era que você não tinha cachorro. E, mais importante ainda, não tinha lição de
casa para um cachorro imaginário comer. Mesmo assim, você deu sua desculpa
esfarrapada e rezou para que sua professora não ouvisse seu coração bater forte ou visse
os rios de suor descendo pela sua testa.

Ela respondeu: "Bem, espero que você faça a tarefa novamente e traga amanhã."
Vinte e cinco anos depois, você se viu novamente na linha de frente, mas agora era seu
chefe quem exigia ver o relatório de vendas trimestral para a reunião do dia seguinte. Por
um momento, você considerou ressuscitar a desculpa do cachorro, mas pensou melhor.

"Estou aguardando um número final do nosso escritório em Hong Kong", você disse,
esperando que seu chefe acreditasse dessa vez.

O presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, tinha uma placa manuscrita em sua mesa
que dizia: "A responsabilidade está aqui." Mas para muitos de nós, passar a
responsabilidade é mais o estilo.

Passar a responsabilidade é uma atividade popular que remonta ao início da história


humana. Adão, o primeiro homem criado por Deus, foi também o primeiro a evitar assumir a
responsabilidade por suas falhas.

Depois que Deus criou a terra, Ele disse a Adão e Eva para não comerem do fruto da árvore
no meio do jardim. "Não toquem nele, pois morrerão", disse Deus (Gênesis 2:17). Mas a
serpente enganou Eva a comer. Depois, Eva persuadiu Adão a comer também. Esse foi o
começo do pecado — uma tragédia conhecida pelos teólogos como a queda da
humanidade.

Quando Deus perguntou a Adão e Eva o que havia acontecido, eles tentaram enganar o
Criador do universo com uma desculpa frágil.

"Eva me deu", disse Adão.


"A serpente me enganou", disse Eva.

As coisas poderiam ser muito diferentes hoje se Adão tivesse dito: "Deus, eu confesso. Eu
errei. Sinto muito."

Ele não fez isso, e pagou o preço por isso. E nós também pagamos.

Deus, ajuda-me a assumir meus erros e pedir desculpas àqueles que posso ter
magoado. Ajuda-me a assumir a responsabilidade pelos meus pecados, em vez de
passar a responsabilidade para os outros.

Você não é tão inteligente quanto pensa

“Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes a seu próprio ver!”
— Isaías 5:21

Se você ler os sermões de profetas do Antigo Testamento como Isaías, Jeremias e Daniel,
encontrará muitos versículos que começam com aquela palavra assustadora: "ai".

Um psicoterapeuta poderia dizer que esses profetas sofriam de algum tipo de psicose,
depressão ou transtorno dissociativo. Mas a Bíblia tem uma explicação diferente para as
suas declarações muitas vezes duras. Deus chamou os profetas para transmitir suas
mensagens ao mundo. E algumas dessas mensagens indicavam a frustração de Deus com
a maneira como os seres humanos frequentemente bagunçam suas próprias vidas.
Uma das falhas humanas que aparece frequentemente nas mensagens de Isaías e dos
outros profetas é o pecado do orgulho intelectual. Deus não tem problemas com as pessoas
sendo inteligentes. Afinal, foi Deus quem criou os cérebros. O que incomoda a Deus é
quando as pessoas que Ele criou pensam que são tão inteligentes que podem viver a vida
sem a ajuda d'Ele. Se esse cenário soa familiar, é porque faz parte de um padrão
recorrente.

No Jardim do Éden, Adão e Eva decidiram que poderiam desobedecer aos mandamentos
de Deus sobre não comer o fruto de uma árvore específica. Através de seu ato de orgulho
intelectual, o primeiro casal da humanidade introduziu o pecado para toda a raça humana.

Ainda antes, o orgulho havia causado a queda de um ser angelical que declarou: "Subirei
ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono" (Isaías 14:13). Deus baniu esse
anjo orgulhoso do céu. Hoje, ele é conhecido como Satanás.

O orgulho—e seu parente próximo, a rebelião—aparece com frequência nas páginas das
Escrituras. Estava lá quando os ancestrais de Noé construíram a Torre de Babel. Estava lá
quando os israelitas criaram o bezerro de ouro e o adoraram em vez de a Deus. Estava lá
quando Davi teve um caso ilícito com Bate-Seba e matou o marido dela para esconder sua
vergonha. E estava lá quando um discípulo chamado Judas entregou Jesus por trinta
moedas de prata.

Não é que Deus queira que as pessoas sejam ignorantes. No início do século 20, um
famoso evangelista chamado Billy Sunday disse: "Não sei nada mais sobre teologia do que
um coelho sabe sobre Ping-Pong, mas estou a caminho da glória!" Na verdade, Deus está
bem com o aprendizado, a erudição e a inteligência. O problema surge quando pensamos
que somos espertos o suficiente para seguir sozinhos e, ao fazer isso, cruzamos a linha e
experimentamos o "ai".

Pai, obrigado por me dar uma mente incrível e pela graça de saber que não sou tão
inteligente quanto eu penso.

Melhor que uma maratona

"O exercício físico tem algum valor, mas a piedade tem valor para todas as coisas,
prometendo vida presente e a futura."
— 1 Timóteo 4:8

Muitos países do Primeiro Mundo estão imersos em uma verdadeira febre de fitness.
Programas de exercícios na internet estão disponíveis vinte e quatro horas. Academias de
ginástica de todos os tipos estão espalhadas pelas cidades e vilarejos.

Uma das motivações por trás desses esforços físicos é combater o processo de
envelhecimento. Com certeza, uma qualidade de vida melhor é um benefício de praticar
atividades físicas, mas muitos programas de fitness exploram nosso desejo de viver mais.
Somos informados de que podemos adicionar anos às nossas vidas com regimes fiéis de
exercícios, e os estudos parecem mostrar anos melhores e mais longos para os fisicamente
ativos.
O exercício tem poder.

Este versículo de 1 Timóteo nos diz que a santidade tem um valor ainda maior. Ele nos diz
que o poder da piedade impacta "todas as coisas". Talvez a analogia entre a aptidão física e
a justiça seja válida quando se trata do trabalho de "músculos" para manter um estado
desejado.

Uma pessoa fisicamente em forma perderá sua constituição magra se negligenciar os


exercícios. Ela pode estar em excelente forma em um dia, mas verá seus músculos se
tornarem flácidos se passar de jogar futebol para apenas assisti-lo pela televisão.

A aptidão espiritual está sujeita ao mesmo tipo de construção ou deterioração. Não importa
o quão maduros sejamos, precisamos praticar as disciplinas da fé que constroem o
"músculo espiritual". A oração, a leitura da Bíblia, a meditação, o culto e a comunhão são
algumas das maneiras de ganharmos e mantermos a saúde espiritual.

Este versículo de 1 Timóteo nos diz que a piedade nos traz grandes recompensas, até
mesmo maiores do que os benefícios físicos do exercício.

Talvez o benefício mais óbvio seja que nos aproximamos mais de Deus. Ao estar com Ele e
ler Sua Palavra, ampliamos nossa sabedoria. Isso, por sua vez, leva a escolhas melhores
em todas as áreas de nossas vidas. Nosso pensamento se transforma à medida que
crescemos espiritualmente. Vemos a vida da perspectiva de Deus e não através da lente da
impiedade. Tornamo-nos capazes de resistir à tentação, pois nossa disciplina em obedecer
a Deus está bem afinada. Assim, não sofremos as consequências de ceder às artimanhas
do tentador.

Acima de tudo, nos tornamos mais parecidos com Jesus. Refletimos Sua luz em um mundo
sombrio e tocamos os outros com o poder do Seu amor—realmente a coisa mais saudável
que podemos fazer.

Pai, ajuda-nos a cuidar tanto do nosso corpo físico quanto da nossa alma espiritual.

10

Medos Desaparecidos

"A tristeza segundo Deus gera arrependimento que conduz à salvação e que não traz
remorso, mas a tristeza do mundo gera morte."
— 2 Coríntios 7:10

Quase todo mundo que já usou um martelo já acertou, por engano, o próprio polegar. Para
a maioria de nós, fazer isso uma ou duas vezes é o suficiente, e da próxima vez tomamos
mais cuidado. Mas coitado da pessoa que constantemente acerta a si mesma com o
martelo.
As palavras sábias de Paulo têm muito a dizer sobre a dor emocional e espiritual que muitos
de nós parecemos infligir a nós mesmos. Na visão dele, há dois tipos de dor interna: a dor
que leva à vida e a dor que leva à morte.

Todos nós causamos dor a nós mesmos e aos outros. Alguns de nós fazem isso com
bastante regularidade, e outros nem sequer sabem quando estão machucando alguém.
Mas, independentemente disso, há dor o suficiente para todos.

O que Paulo tentava nos ensinar é que a tristeza segundo Deus é o tipo de dor que nos faz
refletir sobre nossas vidas e mudar o rumo para que não a experimentemos novamente.
Esse tipo de tristeza leva ao arrependimento, uma palavra que aparece em toda a Bíblia e
significa "voltar atrás".

A pessoa que acerta o polegar com o martelo e diz: "Ai, isso dói", e depois decide encontrar
uma forma mais produtiva de pregar os pregos, se arrependeu. Ela se afastou das práticas
antigas e decidiu tentar algo de maneira diferente.

Mas a pessoa que não muda seu comportamento, e continua martelando enquanto o
polegar se transforma em uma massa pulsante, está seguindo um caminho que Paulo disse
que leva à morte.

A menos que você seja um carpinteiro ou construtor profissional, seu principal problema na
vida provavelmente não tem nada a ver com um martelo. Talvez seja o seu ego que você
balança como um instrumento cego, acertando todos ao seu redor e causando dor. Ou
talvez suas fraquezas e desejos sejam os que te colocam em problemas. Você quer fazer a
coisa certa, mas sucumbe à tentação, quebrando os laços de confiança e amor que são tão
importantes nas relações humanas.

Independentemente de qual seja sua vulnerabilidade específica, as palavras de Paulo nos


ensinam uma lição importante. A dor não é o principal problema que enfrentamos na vida,
mas sim como vamos reagir à tristeza e ao sofrimento abundantes da vida.

Se a dor e a tristeza são simplesmente pequenos obstáculos em nosso caminho, e


decidimos passar por cima deles rapidamente em direção ao nosso destino, é provável que
a dor se torne nossa companheira constante na vida e não aprenderemos suas valiosas
lições.

Mas se recebermos a dor como uma mensagem importante de Deus e nos arrependermos,
nossa tristeza e frustrações podem nos levar à vida.

Pai, obrigado pela maneira poderosa com que a dor pode nos despertar. Usa a dor
que experimento para me conduzir à vida.

11

Inocência no jardim de Deus

"Então ele disse: 'Filha, a tua fé te curou. Vai em paz.'"


— Lucas 8:48

Enquanto Jesus caminhava, multidões de pessoas o cercavam, quase o esmagando (Lucas


8:42). No meio da multidão estava uma mulher que havia sangrado por doze anos. Ninguém
conseguiu curá-la, e ela havia sido cerimonialmente impura (Lev. 15:25–30) todo esse
tempo. Na cultura de Israel, uma mulher cerimonialmente impura tinha que viver separada
dos outros e era considerada uma excluída social. Ninguém deveria tocá-la ou qualquer
coisa que ela tocasse.

Quão solitária e desesperada ela deveria se sentir. De alguma forma, ela concluiu que, se
pudesse apenas tocar a borda de seu "manto", seria curada. Assim que tocou sua
vestimenta, o sangramento parou.

Jesus quis tornar sua cura conhecida e perguntou à multidão: "Quem me tocou?" (Lucas
8:45). Os discípulos começaram a falar sobre a multidão que empurrava Jesus, mas Ele
distinguiu aquela proximidade do toque da mulher, pois sentiu seu poder sair para ela. A
mulher, temerosa, se aproximou de Jesus e disse que havia tocado seu manto e sido
instantaneamente curada.

Podemos até imaginar como essa mulher se sentiu? Ela foi uma "excluída" sem culpa,
sofrendo não só fisicamente, mas também emocionalmente. Então, foi instantaneamente
curada e o objeto de sua fé estava a chamando. Ela deveria estar completamente
sobrecarregada.

Jesus então a chamou carinhosamente de "filha". Esse endereço não aparece em nenhum
outro lugar nas palavras registradas de Jesus. Ele disse a ela e à multidão que sua fé a
havia curado.

Essa história me intriga. Eu me pergunto o que teria feito se fosse aquela mulher. Eu teria fé
suficiente em Jesus para acreditar que, simplesmente tocando a borda de sua vestimenta,
eu seria curada?

Ainda mais, tenho fé suficiente hoje para acreditar que meu relacionamento com Jesus é
tão profundo que posso "tocá-lo" e experimentar o fruto da fé?

Eu, claro, já ouvi histórias de pessoas sendo repreendidas por falta de fé, resultando em
doenças não curadas. E todos nós conhecemos santos de Deus que morreram lutando
contra doenças.

Onde está o poder deste versículo para nós?

Acredito que está na fé da mulher em sua situação específica. Ela foi curada e, talvez ainda
mais importante, ela foi embora em paz. O poder da fé resulta em paz, mesmo quando as
circunstâncias não mudam.

Quando nos aproximamos de Jesus em meio aos nossos mundos abarrotados e


estendemos nossas mãos para ele, confiantes de que Ele responderá, experimentamos sua
paz. Nossa fé cura nossas almas, mesmo quando as circunstâncias não mudam.

Pai, somos lentos em confiar plenamente em Ti. Amplia nossa crença. Cura nossas
almas. Ajuda-nos a confiar em Ti e a nos aproximarmos de Ti.

12

O que Deus pede


"Ele te mostrou, ó homem, o que é bom. E o que o Senhor exige de ti? Praticar a
justiça, amar a misericórdia e andar humildemente com o teu Deus."
— Miquéias 6:8

Ao longo dos séculos, as pessoas desenvolveram uma variedade impressionante de formas


de adorar a Deus.

Nas igrejas Ortodoxas Orientais, o incenso e os ícones ajudam os crentes a entrar em


contato com os mistérios de Deus.
Nas igrejas Católicas, a celebração da Missa permite que os crentes experimentem a
presença sacramental de Cristo no meio deles.
Os Protestantes adoram a Deus de maneiras surpreendentemente diversas. Em muitas
igrejas Batista, a ênfase está nos sermões que ilustram lições da Palavra de Deus. Nas
congregações Pentecostais e carismáticas, a congregação dá espaço ao Espírito Santo
para agir. E em muitas igrejas mais novas, as pessoas vestem jeans e cantam coros de
louvor contemporâneo, com elementos de música pop e rock.

No livro de Miquéias, um dos últimos do Antigo Testamento, o povo se perguntava sobre os


tipos de observância que Deus exigia quando se reuniam para adorar. Principalmente,
estavam preocupados sobre como demonstrar o devido arrependimento pelos muitos
pecados.

Miquéias falou pelo povo, perguntando o que Deus exigia: "Com o que me apresentarei
diante do Senhor, e me inclinarei diante do Deus altíssimo?
Virei diante dele com holocaustos, com bezerros de um ano?
Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite?
Oferecerei o meu filho primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo
pela alma do meu pecado?" (Miquéias 6:6-7)

Mas Deus não estava preocupado principalmente com demonstrações externas de


reverência. Holocausto e sacrifícios rituais não eram o que Ele queria ver.
Em vez disso, Deus exigia um compromisso mais profundo. Ele queria que as pessoas o
adorassem do fundo de seus corações e vivessem suas vidas de maneira que suas ações
diárias revelassem o amor por Deus: "E o que o Senhor exige de ti? Praticar a justiça,
amar a misericórdia e andar humildemente com o teu Deus."

Deus ordenou que seu povo agisse com justiça: Não engane seu vizinho e depois venha ao
meu altar fazer um sacrifício. Não explore seus trabalhadores e depois faça algum tipo de
demonstração religiosa superficial.

Deus também ordenou que seu povo amasse a misericórdia: Quando você ver alguém em
necessidade, estenda a mão com amor e compaixão. Quando alguém estiver sem
esperança ou cansado, ofereça força e coragem.

Por fim, Deus ordenou que seu povo o adorasse com humildade: Crucifique seu orgulho.
Coloque seu ego no altar. Venha diante de mim reconhecendo que Eu sou Deus e você não
é.

As pessoas podem adorar a Deus de várias formas, mas os princípios da adoração nunca
mudam. Deus quer que vivamos vidas de justiça, misericórdia e humildade.

Se essas virtudes se enraizarem em sua vida, Deus aceitará graciosamente sua adoração,
não importando qual forma externa ela tome.

Deus, ajuda-me a ser o servo justo e misericordioso que Tu queres que eu seja.
13

"Pois decidi não saber de nada enquanto estivesse entre vocês, exceto de Jesus
Cristo, e este crucificado."
— 1 Coríntios 2:2

Paulo escreveu esta carta aos crentes de Corinto após ouvir sobre problemas dentro da
comunidade. A igreja era dotada de dons espirituais (1:4-7), mas imatura e carnal (3:1-4).
Sofriam com divisões, imoralidade, disputas legais nos tribunais pagãos e desrespeito na
participação da Ceia do Senhor.

Dado o ambiente de Corinto, Paulo poderia ter sido tentado a recorrer a argumentos
mundanos. A cidade era um centro de importância estratégica. Localizada no estreito que
liga o continente grego ao Peloponeso, Corinto dominava o comércio mundial. Com dois
portos e sendo um ponto de passagem para viajantes e mercadores, era um local vibrante e
cosmopolita.

Os habitantes de Corinto valorizavam muito a sabedoria e estavam sempre interessados


nas filosofias dos estudiosos gregos. A cidade também era um centro religioso com pelo
menos doze templos, sendo o mais famoso o templo dedicado a Afrodite, a deusa do amor.
Corinto era tão conhecida por sua prática de imoralidade sexual ligada ao culto de Afrodite
que o termo "corintianizar" passou a ser usado para descrever a prática de imoralidade
sexual.

Paulo sabia do poder de conhecer Jesus para transformar as pessoas, até mesmo em uma
cidade cheia de ímpios. Em 1 Coríntios 1, Paulo apresentou seu argumento contra a
"sabedoria" dos homens, incluindo os filósofos gregos. Em 1 Coríntios 2, ele fez um
esclarecimento para que ninguém pensasse que ele tentava persuadir os outros da mesma
maneira que os filósofos gregos. "Minha mensagem e minha pregação não foram com
palavras de sabedoria e persuasão, mas com uma demonstração do poder do
Espírito, para que a vossa fé não repousasse na sabedoria dos homens, mas no
poder de Deus."

A verdade sobre a crucificação e a ressurreição confundia a sabedoria mundana da época,


e isso continua sendo verdade hoje. Vivemos em uma sociedade avançada que valoriza
grandemente o intelecto e a riqueza. Estamos saturados por persuasões para comprar
mais, sermos melhores que os outros, descobrir a si mesmos e nos entregar aos nossos
desejos. É tentador falar sobre a fé de uma maneira que prometa a mesma satisfação
aparente que o mundo oferece. Mas Paulo nos disse que o foco em Jesus e no que ele fez
por nós é a forma de penetrar mentes cheias de mentiras.

A primeira carta de Paulo aos Coríntios exalta Cristo e ensina que sua sabedoria tem o
poder do Espírito Santo por trás dela.

Pai, vivemos em um mundo cheio de tentações, assim como Corinto. Ajuda-nos a


guardar nossos corações e a focar em Jesus.

14

Escolhido por Jesus


"Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens"
— Mateus 4:19

Pedro e André eram dois pescadores humildes que deixaram tudo para trás quando Jesus
os chamou para segui-lo. A Bíblia não nos diz como reagiram suas famílias ou amigos a
esse comportamento estranho, mas podemos imaginar que a repentina partida de Pedro e
André de sua profissão tenha sido um pouco surpreendente.

O que deve ter sido ainda mais impressionante foi a habilidade de Jesus em inspirar uma
devoção tão total. Deve ter sido incrível ser tão atraído por Jesus a ponto de deixar para
trás o trabalho da vida e segui-lo. E o termo "pescadores de homens" devia parecer
extremamente estranho para aqueles primeiros discípulos.

Mas eles foram. E, à medida que ele começou a ensinar, outros também o seguiram. Os
discípulos eram pessoas comuns que o ouviram e creram em sua mensagem. Como peixes
reunidos em uma rede, eles se aproximaram.

Os discípulos se sentaram aos seus pés e aprenderam como também poderiam falar aos
outros sobre ele e comunicar-se com poder. Eles devem ter se perguntado às vezes por
que Jesus os escolheu. Eram os mais comuns dos homens.

De muitas maneiras, os discípulos eram como nós hoje. Ouvimos falar de Jesus, somos
atraídos por ele, o aceitamos como nosso Salvador e, então, aprendemos que também
devemos ser pescadores de homens.

Lembro-me da primeira vez em que me disseram que eu poderia ser uma testemunha de
Jesus. “Eu? Não!” eu disse. Não era por ser tímido, mas por ter muito medo. Não conseguia
imaginar alguém como eu, sem treinamento formal na Bíblia, sem formação acadêmica ou
seminário, falando aos outros sobre Jesus com habilidade suficiente para mudar suas
mentes.

Mas eu aprendi a pescar homens. E cresci entendendo que o que aprendi não tinha valor
algum, a menos que o Espírito Santo estivesse presente em cada encontro e tocasse o
coração do ouvinte.

É emocionante perceber que Deus escolheu homens e mulheres comuns, como os


primeiros discípulos, para ser instrumentos de sua misericórdia; para ser ferramentas na
salvação de almas desde o tempo dos discípulos até a eternidade.

O Salvador do mundo, que caminhou ao lado do Mar da Galileia e chamou seus primeiros
seguidores, caminha conosco hoje e nos chama para um relacionamento com ele. Ele nos
dá o poder de tocar o coração dos outros e experimentar a alegria de vê-los aceitá-lo.

Que humilde privilégio.

Pai, obrigado por nos atrair, nos chamar e nos usar em teu serviço. Sabemos que
você poderia ter escolhido outras maneiras de levar a mensagem da salvação ao
mundo, mas somos gratos por, às vezes, nos abençoar com esse privilégio.
15

Tomando a Sua Cruz

"Então, chamou a multidão e seus discípulos e lhes disse: 'Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua
vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a
salvará.'"
— Marcos 8:34–35

Aqui está como o pastor alemão Dietrich Bonhoeffer resumiu o ponto principal da vida
cristã: "Quando Cristo chama um homem, ele o convida a vir e morrer."

Bonhoeffer sabia exatamente do que estava falando. Ele viveu na Alemanha durante o
período turbulento em que Hitler estava se tornando cada vez mais poderoso e o temido
Terceiro Reich estava recriando a sociedade alemã à sua imagem maligna. Muitos pastores
apoiaram Hitler, em parte porque era mais fácil fazer parte da igreja oficialmente aprovada.
Mas Bonhoeffer conseguiu ver o que muitos outros não viam: que Hitler era maligno, e que
a colaboração com o Terceiro Reich significaria a perdição.

Bonhoeffer foi um dos líderes do Movimento da Igreja Confessante, uma rede clandestina
de igrejas e seminários que tentaram permanecer fiéis à mensagem do evangelho em uma
época de intensa pressão para ceder e comprometer-se.

À medida que o tempo passava e o mundo se aproximava cada vez mais da Segunda
Guerra Mundial, Bonhoeffer foi convidado a ficar na América, em vez de retornar para o
caos e a turbulência da Alemanha de Hitler. Mas ele decidiu retornar e sofrer ao lado de
seus compatriotas.

Finalmente, Bonhoeffer se envolveu em uma conspiração para assassinar Hitler. O plano foi
descoberto, e Bonhoeffer foi preso em 1943. Os nazistas o enforcaram em 9 de abril de
1945, três dias antes das tropas aliadas libertarem o campo de prisioneiros onde ele foi
morto.

Antes de enfrentar a morte, Bonhoeffer escreveu sobre tomar a cruz em seu livro mais
famoso, O Custo do Discipulado: “A graça barata é a inimiga mortal da nossa igreja”,
escreveu ele. “Hoje estamos lutando pela graça cara.”

Bonhoeffer deu uma descrição mais detalhada do que ele queria dizer com graça barata: “A
graça barata significa graça vendida no mercado como mercadoria barata. Os sacramentos,
o perdão dos pecados e o consolo da religião são descartados a preços baixos. A graça é
apresentada como o tesouro inesgotável da Igreja, de onde ela despeja bênçãos com mãos
generosas, sem fazer perguntas ou fixar limites. Graça sem preço; graça sem custo!”

Hoje, a graça barata pode ser encontrada em cristãos que se voltam para Jesus buscando o
que ele pode fazer por eles, e não o que eles podem fazer por Ele. A graça barata também
pode ser encontrada em sermões que enfatizam “Deus tem um plano maravilhoso para a
sua vida”, mas minimizam os custos que vêm com o compromisso verdadeiro.

A graça barata também pode ser vista quando pedimos a Cristo que nos conceda o poder
de sua ressurreição sem suportar a dor de sua crucificação. Como Bonhoeffer nos lembrou,
“ele nos convida a vir e morrer.”

Jesus, você foi para a cruz por mim. Ajude-me a tomar minha cruz e servir a você
com minha vida.
16

Se Deus Está Nisso, Afaste-se!

"Deixem esses homens em paz! Deixem-nos ir! Pois, se o propósito ou a atividade


deles tem origem humana, falhará."
— Atos 5:38

A pessoa que falou essas palavras em Atos 5 foi Gamaliel, um fariseu respeitado e um dos
mestres da Lei mais famosos. Saulo foi um de seus discípulos (Atos 22:3).

O motivo da declaração foi a aparição dos apóstolos (Pedro e seus companheiros, Atos
5:29) diante do Sinédrio para serem questionados pelo sumo sacerdote.

Nos dias anteriores, os apóstolos haviam curado muitas pessoas, e sua fama se espalhou
por toda a terra. O número de crentes em Jesus multiplicou-se à medida que os apóstolos
pregavam o evangelho. Os saduceus, sacerdotes que controlavam o templo, estavam com
inveja dos apóstolos e os prenderam.

Imagine a surpresa do sumo sacerdote e seus colegas quando chamaram os apóstolos


para serem trazidos, mas os apóstolos não estavam em nenhum lugar. As portas da prisão
estavam firmemente trancadas, e os guardas ainda estavam de plantão. Mas,
surpreendentemente, as celas estavam vazias.

Enquanto o Sinédrio tentava entender o que havia acontecido, outra pessoa correu até eles
e contou que os apóstolos estavam no pátio do templo ensinando o povo. Os guardas
trouxeram os apóstolos de volta para aparecer diante do sumo sacerdote.

Um anjo do Senhor havia libertado milagrosamente os apóstolos da prisão na noite anterior.


Claro, o Sinédrio não sabia sobre o anjo e continuava perplexo quanto à forma como os
apóstolos haviam escapado, apenas para falar publicamente como nunca sobre Jesus.

O Sinédrio ficou furioso quando os apóstolos falaram abertamente sobre suas atividades.
Os seguidores de Jesus estavam abertos sobre seus planos de continuar a contar ao povo
sobre o Salvador e não tinham medo das consequências. Eles disseram ao sumo sacerdote
que deveriam obedecer a Deus em vez dos homens (Atos 5:29).

O Sinédrio queria matar os apóstolos, mas Gamaliel aconselhou contra tal ação.

Gamaliel argumentou: "Pois, se o propósito ou a atividade deles tem origem humana,


falhará. Mas, se é de Deus, vocês não poderão impedir esses homens; vocês só estarão
lutando contra Deus" (Atos 5:38-39).

Este famoso fariseu reconheceu o poder de Deus, embora os apóstolos estivessem


ensinando uma doutrina que os líderes da comunidade judaica haviam proibido.

O Sinédrio libertou os apóstolos depois de os terem açoitado e ordenado mais uma vez que
não falassem em nome de Jesus. Claro, os apóstolos ignoraram a ordem e continuaram,
com alegria, a falar ao povo sobre Jesus. Gamaliel estava certo: Deus estava com esses
homens, e ninguém poderia detê-los.

Pai, ajude-nos a ser ousados em nosso próprio testemunho da sua verdade.


17

Um Milagre e Uma Refeição

"Quando Jesus entrou na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada com febre. Ele
tocou a mão dela, e a febre a deixou. Ela se levantou e começou a servi-los."
— Mateus 8:14–15

Alguns milagres bíblicos parecem feitos para brilhar nas telas dos cinemas. O filme Os Dez
Mandamentos, de Cecil B. DeMille, ganhou um Oscar pelos efeitos especiais usados para
mostrar a divisão do Mar Vermelho e a escrita dos Dez Mandamentos. Outros épicos
bíblicos retratam momentos mais dramáticos da vida de Jesus: a vez em que ele andou
sobre as águas, o dia em que alimentou cinco mil pessoas com alguns peixes e pães, e
seus quarenta dias de tentação no deserto.

Aqui, Mateus nos apresenta uma passagem tão pequena e tranquila que quase a deixamos
passar despercebida. Nessas duas passagens, o milagroso e o mundano acontecem
simultaneamente. É por isso que você não verá esse trecho sendo retratado em filmes
grandes; ele é simplesmente comum demais.

Nos capítulos anteriores, Jesus entregou o Sermão da Montanha, um dos sermões mais
importantes já proferidos. Então, nos capítulos seguintes, Jesus demonstrou o que seria seu
novo reino ao realizar vários milagres. Depois de curar um leproso e o servo de um oficial
romano, Jesus fez algo com o que todos podemos nos identificar. Ele foi à casa de Pedro
para um momento de descanso e relaxamento. Talvez Jesus precisasse sentar e descansar
seus pés cansados. Quem sabe fosse um copo de água o que ele mais precisava. Ou
talvez ele só quisesse alguns momentos longe das multidões que sempre o cercavam.

Pedro foi um dos primeiros a aceitar seguir Jesus, mas ele ainda tinha uma família. Esse
breve trecho não nos dá muitos detalhes sobre a vida familiar dos discípulos, mas suspeito
que a casa de Pedro fosse muito parecida com a minha e a sua: bagunçada, ativa e
barulhenta.

Mas mesmo no meio dessa cena doméstica privada, Jesus teve a oportunidade de
demonstrar seu poder divino. A sogra de Pedro estava de cama com febre, então Jesus
tocou a mão dela e a curou. Se isso fosse um filme, esperaríamos que alguns anjos
aparecessem pairando acima dela, batendo suas asas enquanto os violinos da trilha sonora
tocavam em crescendo. Em vez disso, a mulher se levantou e começou a servir a Jesus.
Talvez ela até tenha feito uma fornada de seus biscoitos favoritos para ele.

Esses dois versículos são pouco mais que uma breve pausa na ação. Logo, as multidões
voltarão a se reunir, e Jesus realizará mais milagres fantásticos, como curar os doentes e
expulsar demônios.

Os filmes sempre vão se concentrar nessas cenas dramáticas, mas a visita de Jesus à casa
de Pedro revela outro lado do Salvador. E por meio desse episódio humilde no ambiente
familiar, ele nos mostra que Deus não nos ama apenas nos nossos momentos mais
"religiosos", mas também quando estamos apenas relaxando na sala de estar com nossa
família.

Jesus não é uma divindade distante e insensível à realidade cotidiana de nossas vidas. Ao
contrário, ele entra em nossa vida diária e transforma a existência mundana em algo
miraculoso.
Jesus, agradeço por ter vindo à terra em forma humana, e te peço para transformar
minha vida diária em uma ocasião para o milagroso.

18

Adotados na Família de Deus

"Consequentemente, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas cidadãos


do povo de Deus e membros da sua família."
— Efésios 2:19

Os judeus eram o povo escolhido de Deus. Nos tempos do Antigo Testamento, apenas os
filhos de Israel desfrutavam dos benefícios de um relacionamento de aliança com o único
Deus verdadeiro. Os gentios estavam fora das promessas de Deus e sem esperança.

Então, por meio do sangue redentor de Jesus, os incircuncisos se tornaram parte da família
de Deus.

Este versículo tem um significado particular para mim, porque fui adotado pela minha
própria família. Eu não sei quem eram meus pais biológicos, mas sei que meus pais
adotivos me amaram com todo o coração. Eles me amaram não porque eu tivesse nascido
deles, mas porque me tornei parte da sua família. Eu desfrutava de todos os direitos e
privilégios que os filhos biológicos deles teriam. Eles nunca me discriminavam por eu ser
adotado.

O mesmo é verdade para nós. Deus nos ama, gentios, tanto quanto aos filhos de Israel, e
nos acolheu em sua família no tempo de Cristo.

É difícil para nós apreciarmos plenamente o que significa essa adoção, já que a maioria de
nós tem pouca experiência com a sensação de ser estrangeiro ou forasteiro.

Que incrível é o fato de que Ele escolheu nos enxertar em sua árvore genealógica e nos
conceder todas as bênçãos de seus filhos. O poder da cruz foi para o perdão dos pecados
tanto para o judeu quanto para o grego, homem e mulher, todos os que creem em seu
nome.

Pai, somos tão gratos por você ter escolhido incluir todos os que creem em Jesus
como parte de sua família.

19

Uma Benção Divina

"O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer sobre ti o seu rosto e
tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz."
— Números 6:24–26

Foi uma jornada longa e difícil. Durante quarenta anos, os israelitas vagaram pelos desertos
escaldantes do Oriente Médio enquanto procuravam a nova terra prometida por Deus.
Moisés, seu líder divinamente ordenado, alegava estar seguindo as ordens de Deus. Mas,
ao longo dessas quatro décadas, houve muitos momentos em que ele parecia mais perdido
do que todos os outros.

Quando os israelitas chegaram ao Monte Sinai, a montanha santa onde Moisés recebeu os
Dez Mandamentos de Deus, eles já eram mais de um milhão de almas (Nm. 1:46). Para
comemorar os esforços até aquele ponto, Deus lhes deu uma benção especial.

Deus comunicou esses versículos registrados em Números a Moisés, que os transmitiu ao


seu irmão Aarão e aos filhos de Aarão, que serviam como os primeiros sacerdotes dos
hebreus. Aarão e seus irmãos então comunicaram a benção de Deus ao povo. Após anos
de cativeiro no Egito e mais anos vagando pelo deserto, o povo recebeu essa benção divina
como um alívio bem-vindo.

A Bíblia é um livro repleto de bençãos. Algumas vêm diretamente da boca de Deus. Muitas
outras são bençãos humanas. Mas o que todas têm em comum é que foram criadas para
conferir uma sensação de graça e inspiração à pessoa que as recebe.

No Salmo 118:26, Davi disse: "Bendito aquele que vem / em nome do Senhor." A multidão
repetiu essas palavras do Antigo Testamento quando Jesus entrou na cidade de Jerusalém
no primeiro Domingo de Ramos (João 12:13).

Nas Bem-Aventuranças, Jesus baseou uma das falas mais importantes de seu ministério
terreno em uma série de bençãos: "Bem-aventurados os pobres de espírito"; "Bem-
aventurados os que choram"; "Bem-aventurados os pacificadores" (ver Mateus 5).

Muitos de nós perdemos o contato com a prática antiga de abençoar os outros, embora
certamente precisemos ser abençoados tanto quanto as pessoas do passado. Se alguém
espirra, você pode ouvir outra pessoa dizer: "Deus te abençoe", mas muitos de nós
passamos grande parte de nossas vidas sem receber bênçãos ou dar bênçãos às pessoas
ao nosso redor.

Se você quer mudar isso, tente abençoar seus entes queridos ou familiares sempre que se
encontrarem. Isso pode ser uma oração não falada por eles ou uma breve, mas sincera,
palavra: "Deus te abençoe."

Praticamente qualquer pessoa ou coisa pode ser abençoada, e as bênçãos podem ser
oferecidas de formas informais ou formais. Muitas pessoas buscam as orações e bênçãos
de amigos antes de iniciar um novo empreendimento, como um novo emprego ou uma
mudança para uma cidade distante. Em tais casos, as bênçãos podem ser uma poderosa
fonte de conforto e segurança. Algumas igrejas realizam serviços mais formais para
abençoar uma nova casa ou um novo espaço de trabalho. Nesses casos, um sacerdote
visita o local e conduz os ocupantes por um ritual prescrito. E uma vez por ano, muitas
igrejas anglicanas e episcopais realizam serviços de bênção dos animais para honrar o
legado de São Francisco de Assis, o santo italiano que tinha um profundo amor pela
criação.

Em sua própria vida, você pode até querer tentar abençoar o colega de trabalho ou o chefe
que o irrita, ou o motorista que corta sua frente na estrada.

Isso pode parecer muito trabalho no começo, mas, uma vez que você entre no ritmo das
coisas, abençoar os outros — e ser abençoado também — se tornará uma parte maior de
sua vida. E, como os israelitas, você encontrará as palavras gentis como um bálsamo
curador durante uma jornada difícil.

Obrigado, Deus, por nos abençoar, e me ajude a ser uma bênção para os outros.
20

"Disse o Senhor a Moisés: ‘Quem fez a boca do homem? Quem faz o mudo ou o
surdo? Quem dá a visão ou faz o cego? Não sou eu, o Senhor? Agora vai, eu te
ajudarei a falar e te ensinarei o que deves dizer.’"
— Êxodo 4:11–12

Foi uma tarefa difícil que Deus deu a Moisés, um homem tímido e quieto que tinha
dificuldade em se imaginar como um orador público, comandante militar ou líder político
carismático.

Faraó manteve a nação de Israel — o povo do próprio coração de Deus — prisioneira no


Egito por anos. Eles estavam escravizados e oprimidos. Mas Deus viu as tristezas de suas
vidas e o trabalho árduo que suportavam. Ouviu seus clamores e suas orações sinceras por
ajuda.

Agora, finalmente, Deus planejava livrá-los do Egito e levá-los a "uma terra que mana leite e
mel" (Êxodo 3:8). A única coisa necessária era um colaborador humano disposto. Por algum
motivo desconhecido, Deus escolheu Moisés.

Moisés ouviu enquanto Deus explicava sua missão. Moisés deveria ir até Faraó, o líder
mais poderoso do mundo, e ordená-lo que libertasse os israelitas. Depois, Moisés os
conduziria, atravessando o deserto árido, até o lugar que Deus escolhera para eles.

Moisés ficou cético. "E se não acreditarem em mim ou não me ouvirem e disserem: ‘O
Senhor não te apareceu’?" (Êxodo 4:1).
Sem problemas, disse Deus, mostrando a Moisés todo o poder milagroso que estaria à sua
disposição.

Ainda incerto, Moisés levantou outra objeção: "Ó Senhor, eu nunca fui eloquente... sou
pesado de boca e língua" (Êxodo 4:10).
Cansado das objeções e da falta de fé de Moisés, Deus respondeu: "Quem fez a boca do
homem?" E então confortou Moisés com a seguinte promessa: "Eu te ajudarei a falar e te
ensinarei o que dizer."

Você já sentiu Deus chamando você para fazer algo que parecia estar além de suas forças
ou habilidades?
Talvez sua missão divina não tenha sido tão assustadora quanto a de Moisés. Talvez tenha
sido algo tão simples quanto um impulso no coração para ajudar uma pessoa em situação
de rua, em vez de passar por ela tentando evitá-la. Ou talvez sua missão tenha surgido
durante um intervalo no trabalho, quando um colega falou sobre a dor causada por uma
recente perda, e você se sentiu motivado a oferecer palavras de conforto e sabedoria
espiritual.

Nossas missões divinas nem sempre precisam ser grandes e complicadas. É fácil fazer
uma ligação para uma amiga na véspera de uma consulta médica, mas o conforto que você
pode proporcionar pode ajudá-la a dormir tranquila naquela noite. Em outros casos,
podemos servir melhor os outros ouvindo o que eles têm a dizer. O dom de ouvir é algo que
todos possuímos, mas a maioria de nós está ocupada demais falando a maior parte do
tempo, em vez de tentar realmente ouvir o que os outros têm a dizer.
Missões divinas também podem surgir das nossas experiências de vida. Quando você
passa por uma prova específica e sai dela seguro, você tem uma habilidade única de
fornecer inspiração e orientação para aqueles que enfrentam desafios semelhantes.

Muito frequentemente, muitos de nós somos como Moisés, que respondeu ao seu chamado
divino dizendo: "Ó Senhor, envia outra pessoa" (Êxodo 4:13).

Mas há algumas missões que ninguém além de você pode cumprir. Elas nem sempre serão
fáceis, mas como Deus lembrou Moisés, Ele nos dará a ajuda de que precisamos para
realizar o que Ele nos chamou para fazer.

Pai, aqui estou. Usa-me para fazer a tua vontade, e dá-me a força necessária para
realizá-la.

21

A Escolha É Sua

"Hoje tomo os céus e a terra como testemunhas contra vocês, de que coloquei diante
de vocês a vida e a morte, as bênçãos e as maldições. Agora escolham a vida, para
que vocês e seus filhos possam viver e possam amar o Senhor, seu Deus, ouvir a sua
voz e se apegar a ele."
— Deuteronômio 30:19–20

A vida está cheia de escolhas, como qualquer um pode perceber ao dar uma rápida olhada
em um restaurante fast-food.
Você gostaria do seu hambúrguer bem passado ou mal passado? Pão com gergelim ou de
sourdough? Molho picante ou molho suave? E as batatas fritas, você prefere batatas fritas
normais ou batatas fritas com queijo e molho?

Escolhas semelhantes se apresentam quando você vai ao supermercado. Tentar escolher


um cereal para o café da manhã pode se tornar um processo de decisão complexo,
exigindo uma seleção entre centenas de opções variadas.

Até mesmo assistir à televisão envolve escolhas. Décadas atrás, havia três canais principais
de transmissão. Hoje, a maioria dos serviços de TV a cabo oferece dezenas de opções, e
alguns sistemas de TV por satélite oferecem centenas.

Os sociólogos têm um termo para descrever a abundância de opções em tudo, desde


comida até TV, passando por caminhos espirituais e "opções de estilo de vida". Eles
chamam isso de "excesso de escolhas", uma condição que afeta as pessoas do século XXI.

Algumas escolhas não são muito importantes. Pode haver dois ou mais caminhos diferentes
que você pode seguir para chegar à loja ou à escola dos filhos, mas de qualquer maneira
você chegará ao seu destino, mais cedo ou mais tarde.

Em outros casos, as decisões que tomamos têm consequências importantes e,


possivelmente, até transformadoras. Alguns programas de TV são divertidos e até mesmo
pensativos. Outros são exercícios de brutalidade, exploração e vazio, que empobrecem
nossa alma.

Talvez as escolhas mais importantes que enfrentamos sejam aquelas recorrentes, em que
devemos decidir entre a vida e a morte, bênçãos e maldições.
Será que a forma como você pune seu filho vai ensiná-lo a honrar e obedecer a autoridade,
ou vai gerar ressentimento e rebeldia?
A maneira como você administra seu negócio será um testemunho de sua dependência de
Deus, ou será uma declaração de que você está completamente dedicado a cuidar apenas
de si mesmo?
Suas decisões sobre tudo, desde o destino de crianças não-nascidas até a saúde do meio
ambiente, refletirão sua preocupação com a vida, ou você usará inconscientemente seu
livre arbítrio para apoiar uma cultura da morte?

As opções estão claras, e as consequências — ao contrário das escolhas no fast-food —


são significativas. Agora, a decisão é nossa.

Deus, obrigado pelo dom do livre arbítrio. Ajuda-me a usá-lo sabiamente, fazendo as
escolhas certas.

22

A Maior Coisa

"Agora, permanecem a fé, a esperança e o amor. Mas o maior destes é o amor."


— 1 Coríntios 13:13

Músicos como o astro da música country Alan Jackson e o roqueiro Bruce Springsteen
escreveram canções sobre a dor e o luto causados pelos ataques terroristas ao World
Trade Center de Nova York. O álbum Drive de Jackson incluiu a música "Where Were You
(When the World Stopped Turning)?", enquanto o álbum The Rising de Springsteen,
permeado de temas cristãos, trouxe a canção "Into the Fire", que elogiava a bravura e o
sacrifício daqueles que entraram nos prédios do World Trade Center para salvar outras
pessoas.

Ambas as canções citam 1 Coríntios 13, provavelmente um dos passagens mais


comoventes e conhecidas de toda a Bíblia.

Paulo escreveu 1 Coríntios por volta do ano 56 d.C., sendo uma das várias cartas que ele
enviou às novas congregações cristãs que surgiram nas décadas seguintes à morte e
ressurreição de Jesus. Se existe algo como uma igreja perfeita, ela não aparece nas
páginas do Novo Testamento. O Livro de Atos registra a dedicação dos primeiros crentes e
os muitos milagres poderosos que eles realizaram. No entanto, dentro de poucos anos,
brigas internas e discussões sobre detalhes minúsculos da fé e prática destruíram essas
congregações antes tão dinâmicas.

Em 1 Coríntios, Paulo repreendeu os crentes de Corinto por sua imoralidade sexual


(incluindo adultério e incesto), seus argumentos sobre a permissão ou não de comer carne
sacrificada aos deuses pagãos, e as disputas que surgiram em torno de um dos rituais
cristãos mais importantes — a Ceia do Senhor.

Como se esses problemas não fossem suficientes, os cristãos também estavam se


zangando uns com os outros sobre o uso de dons espirituais como profecia e línguas, que
eram comuns na época. Eles queriam saber quais dons eram mais importantes (e talvez,
quais cristãos também eram mais importantes).
Paulo tentou amenizar sua competitividade infantil: "Se eu falar as línguas dos homens e
dos anjos, mas não tiver amor, sou como o metal que soa ou o sino que tine" (1 Cor. 13:1–
2), mostrando que o mais importante não é o dom, mas como ele é usado.

"Love é paciente," ele continuou, descrevendo as características chave dessa virtude tão
importante. "Love é bondoso, não inveja, não se gaba, não é orgulhoso" (v. 4). Paulo até
argumentou que o amor era mais importante que a fé e a esperança, duas virtudes que a
Bíblia celebra ao longo de suas páginas.

Se não fosse a fé, não poderíamos crer em Deus e ver Sua obra em nossas vidas. Se não
fosse a esperança, não poderíamos aplicar essa fé transformadora à vida cotidiana. Ainda
assim, é o amor que une todo o pacote de uma forma que agrada a Deus e é útil aos
outros.

Deus, ajuda-me a perceber que o Senhor se importa não apenas com o que faço, mas
com o motivo pelo qual o faço.

23

Uma Fé Que Transforma

"Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a convicção de fatos que não vemos.
Foi por meio dela que os antigos receberam bom testemunho."
— Hebreus 11:1

O que é fé? Um homem deu essa resposta curiosa: "Fé é acreditar em algo que você sabe
que não é verdade."

Para algumas pessoas, a fé é algo que usam como uma defesa irracional contra um mundo
frio e cruel. Esse tipo de fé pode ajudar um insone a enfrentar mais uma noite sem dormir,
mas não é o tipo de fé que transformará nossas vidas ou agradará a Deus, que deseja que
seus seguidores confiem nele com abandono infantil.

Francis Schaeffer foi um influente pensador cristão que viveu muitos anos nos Alpes
Suíços. Então, quando ele tentou explicar a fé em seu livro, ele o fez de uma forma que
fazia sentido para ele: Suponha que você tenha feito uma caminhada nas montanhas
quando uma nevasca surja de repente. À medida que a neve e o vento o cercam em um
nevoeiro cegante, você se encontra em uma pequena plataforma rochosa, sem saber para
onde ir.

Se, de repente, você tiver uma estranha ideia na cabeça de que o caminho de volta para
casa está alguns metros abaixo de você e pular, baseado na sua fé nessa ideia, isso é fé
cega. Sua fé pode ser forte, mas isso não significa que você vai aterrissar em segurança.

Por outro lado, suponha que você esteja sentado na sua plataforma rochosa, tremendo de
frio, e ouça uma voz chamando. A voz diz: "Olá, você não pode me ver, mas eu sei onde
você está e sei como você pode chegar à segurança. Você precisa caminhar até a beira da
plataforma e pular. Quando você aterrissar, eu estarei lá para cuidar de você e levá-lo de
volta para casa em segurança."
Neste caso, pular ainda exigiria um ato de fé, mas não seria um salto cego para a
escuridão. Seria uma fé fundamentada de que o homem que lhe chamou está realmente lá
e que ele cumpre o que diz.

Como podemos ter certeza de algo que não vemos? Como podemos ter esperança em algo
que não tocamos? Esse é o tipo de fé que Deus quer de nós. Embora não possamos vê-lo,
ele quer que confiemos nele. E, embora não possamos tocá-lo, ele deseja que nos
coloquemos em seus braços estendidos.

Quando as pessoas afirmam que Deus não existe, ele quer que creiamos nele e confiemos
nele. Quando parece que a vida é sem sentido e sem propósito, Deus quer que tenhamos fé
de que ele ainda está no controle e trabalhando nos bastidores para realizar sua obra. E
quando parece que estamos cercados pelo mal e parece que a escuridão prevalecerá, Deus
quer que confiemos em sua promessa de que o bem prevalecerá no fim.

Esse é o tipo de fé que Deus elogiou os crentes ao longo dos tempos. E é o único tipo de fé
que nos levará com segurança para casa.

Deus, há momentos em que eu gostaria de poder tocá-lo ou vê-lo face a face. Mas até
lá, ajude-me a crer e permanecer fiel.

4o mini

24

Sal e Luz para um Mundo Sombrio e Escuro

"Vós sois o sal da terra. Mas, se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Já não
serve para nada, a não ser para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a
luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.
Também ninguém acende uma candeia e a põe debaixo de uma vasilha, mas no
velador, e dá luz a todos os que estão na casa. Assim, resplandeça a vossa luz diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que
está nos céus."
— Mateus 5:13-16

A salvação através de Cristo é o mais alto propósito da nossa existência. Mas a vida não
termina aí. Ao contrário, conhecer Cristo é apenas o começo de uma nova vida que vivemos
com um propósito maior.

Deus não dá graça apenas para nosso deleite egoísta. Não é algo que devemos guardar e
esconder. Pelo contrário, a salvação é um presente divino que recebemos para que
possamos compartilhá-la com os outros.

Cristo explicou esse conceito de uma forma que seus ouvintes podiam entender. Hoje, o
composto conhecido como cloreto de sódio é uma substância facilmente disponível e barata
que usamos para dar sabor à comida. Mas nos tempos de Cristo, o sal era uma mercadoria
preciosa usada para preservar carne e alimentos. Em certos períodos da história, as
pessoas trocavam uma onça de sal por uma onça de ouro. Antigamente, as pessoas
estabeleceram rotas de caravanas que cruzavam o mundo antigo para transportar o sal de
um lugar a outro.
Às vezes, enquanto os comerciantes transportavam o sal por longas distâncias, outras
substâncias o adulteravam, ou a chuva ou uma enchente repentina o estragavam. Quando
isso acontecia, ele perdia seu valor. Seu valor preservador perdido, os comerciantes o
jogavam fora.

Hoje, a luz está sempre ao alcance de um interruptor. Graças à eletricidade abundante e ao


desenvolvimento de lâmpadas cada vez mais potentes, as pessoas podem iluminar suas
casas, empresas e estádios a qualquer hora do dia ou da noite.

Mas imagine que você acenda uma luz em um armário, feche a porta e se esqueça dela. A
luz ainda está acesa, mas ninguém pode vê-la ou se beneficiar dela.

Quando Cristo disse aos seus seguidores que eles eram sal e luz, ele queria que eles
tivessem um impacto transformador na sociedade ao seu redor. Como o sal, eles deveriam
preservar o bem na sociedade, impedindo que ela apodrecesse e se corrompesse. Como a
luz, eles deveriam iluminar a escuridão, permitindo que as pessoas vissem a verdade e a
seguissem.

Os dons de Deus são coisas maravilhosas de se desfrutar, mas nosso deleite não é o
objetivo final. Cristo nos salvou para que pudéssemos ajudá-lo a salvar outros. Só quando
agirmos como sal e luz no nosso mundo cumpriremos essa missão urgente.

Pai, ajuda-me a ser sal e luz neste mundo necessitado.

25

Sabedoria ou conhecimento?

"O muito estudar é enfado da carne. De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a
Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem."
— Eclesiastes 12:12–13

Nas últimas décadas, os computadores se tornaram menores, mais inteligentes e mais


rápidos. Meu primeiro computador era uma máquina robusta, com um monitor
monocromático pequeno, memória limitada e velocidades de processamento que mal
superavam uma tartaruga proverbial.

Nos anos 1990, os computadores começaram a se conectar pela Web. De repente, alguém
em Timbuktu poderia acessar mais dados do que um pesquisador de elite poderia reunir um
século antes. Houve até quem previsse que o volume de informação no mundo dobraria a
cada poucos anos graças à tecnologia. Com isso, alguns otimistas até imaginavam que a
paz mundial estaria ao alcance.

Salomão viveu milhares de anos atrás, sem a menor ideia do que seria um computador,
mas, ainda assim, é considerado por muitos como o homem mais sábio que já existiu. Ele
viveu em uma época em que o conhecimento humano crescia rapidamente, com filósofos
investigando os mistérios do cosmos e escrevendo sobre política e arte. Salomão
acompanhou os grandes debates intelectuais de sua época e, como sugere o texto de
Eclesiastes, sentiu o cansaço que isso podia trazer.
Se Salomão pudesse ver nossa revolução tecnológica, talvez ficasse maravilhado com as
possibilidades, mas também notaria que, assim como em seu tempo, muitos confundem
sabedoria com conhecimento. No Livro de Provérbios, Salomão alerta repetidamente sobre
os perigos da arrogância dos que sabem "tudo", mas carecem de discernimento.

Conhecimento é informação. É algo que você pode pesquisar em dicionários,


enciclopédias, ou hoje em dia, no Google. Pode te ensinar como construir uma bomba
nuclear ou um hospital.

Sabedoria, por outro lado, é o que te guia para decidir se deve construir a bomba ou o
hospital.

Vivemos na era da informação. Dizem que os microchips de nossos smartphones possuem


mais dados do que bibliotecas inteiras de algumas gerações atrás. Notícias, anúncios e
vídeos curtos nos bombardeiam a cada momento. Temos o mundo na palma da mão, mas
será que sabemos o que fazer com ele?

Salomão nos alertou há muito tempo: todo o conhecimento do mundo não substitui a
sabedoria que vem de Deus. Ele é a fonte da orientação necessária para navegar não
apenas pela sobrecarga de informações, mas também pelas decisões mais profundas da
vida.

Deus, dá-me a tua sabedoria para que eu possa discernir o que realmente importa em
meio ao excesso de informações deste mundo moderno.

26

Apenas Faça

"Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando a si mesmos."


— Tiago 1:22

A frase "Just do it", eternizada pela Nike, tornou-se um dos slogans mais conhecidos do
mundo. Com milhões investidos em campanhas publicitárias e celebridades como Michael
Jordan promovendo a marca, a mensagem simples e direta inspirava ação. Porém, para
muitos, a ação ficava apenas na compra do equipamento esportivo. As roupas eram usadas
para assistir a eventos esportivos no sofá, acompanhadas de salgadinhos e refrigerantes. O
resultado? Todo o investimento não gerava o benefício esperado porque faltava o principal:
o movimento.

De forma semelhante, Tiago, o irmão de Jesus, também sabia que não basta "vestir o
uniforme" da fé cristã — é necessário praticá-la. Em sua carta, ele confronta aqueles que
dizem ser seguidores de Cristo, mas não mostram evidências disso em suas vidas. Para
Tiago, a fé não é um conceito abstrato ou meramente intelectual, mas algo que transforma
atitudes, palavras e ações.

Ele reforça que:

● Controlar a língua é essencial para quem se diz cristão.


● Amar o próximo é prova concreta de amor a Deus.
● Demonstrar boas obras é o fruto natural de uma fé verdadeira.
Como bem expressou São Francisco de Assis: "Pregue sempre o Evangelho; se
necessário, use palavras." A vida cristã é mais eficaz quando é visível nas atitudes do que
quando está limitada a discursos.

Da mesma forma, Santo Inácio, um dos primeiros líderes da Igreja, escreveu:


"É melhor para um homem ser cristão em silêncio do que falar e não agir. Aquilo que
ensinamos deve ser refletido em nossas ações."

Tiago nos lembra que ser ouvinte da Palavra, mas não praticante, é como adquirir um par
de tênis de corrida e nunca dar um passo sequer. Fé verdadeira é movimento, ação e
transformação.

Assim como o slogan da Nike sugere, a vida cristã nos desafia a sair da teoria e ir para a
prática: just do it.

Pai, ajuda-me a transformar minha fé em ação, vivendo a tua Palavra em tudo o que
eu faço.

27

Não adore a criação de Deus

"Quando olharem para o céu e virem o sol, a lua e as estrelas — todo o exército dos
céus —, não se deixem seduzir a inclinar-se perante eles e a adorá-los, coisas que o
Senhor, o seu Deus, deu a todos os povos debaixo do céu."
— Deuteronômio 4:19

Há milhares de anos, as primeiras civilizações humanas começaram a refletir sobre os


mistérios da vida, da morte e do cosmos. Em sua busca por respostas, muitas sociedades
criaram monumentos impressionantes, como o Newgrange na Irlanda.

Mais antigo que Stonehenge, Newgrange é um túmulo monumental que revela a conexão
profunda de seus construtores com os ciclos da natureza. Durante o solstício de inverno, o
nascer do sol ilumina a passagem interna do túmulo, criando um espetáculo deslumbrante.
Esse evento sugere que esses povos reconheciam o sol como uma força vital e divina,
essencial para sua sobrevivência.

Embora admirar a natureza seja natural, há uma linha tênue entre honrar a criação de Deus
e colocá-la no lugar do Criador. Deuteronômio 4:19 adverte contra a tentação de adorar os
elementos do céu — o sol, a lua, e as estrelas. Esses astros, por mais fascinantes que
sejam, são obras das mãos de Deus e servem para apontar para Ele, não para tomar seu
lugar.

Nos dias de hoje, vemos algo semelhante em práticas espirituais que exaltam a natureza
sem reconhecer o Deus que a criou. Tais movimentos podem incluir cerimônias pagãs ou
objetos decorados com símbolos como o sol e as estrelas, que acabam se tornando objetos
de adoração.
Deus nos convida a admirar a beleza da criação como um reflexo da sua glória, mas nos
lembra que nossa devoção deve estar somente nele. A criação é uma testemunha da
grandeza de Deus, mas ela nunca deve ser o foco de nossa adoração.

"Pai, ajuda-me a ver a tua glória refletida na tua criação. Que eu admire o trabalho das
tuas mãos sem jamais perder de vista que Tu és o Criador, digno de toda adoração."

28

Ramos da Videira de Cristo

"Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele,
esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma."
— João 15:5

Durante três anos, os discípulos de Jesus viveram momentos extraordinários. Caminharam


ao lado de Cristo, ouvindo suas palavras e testemunhando milagres que revelavam o poder
de Deus. Mas agora, aquele tempo estava chegando ao fim. Jesus se preparava para
cumprir sua missão na cruz e explicou aos discípulos que, apesar de sua partida física,
permaneceria com eles espiritualmente, guiando-os por meio do Espírito Santo.

A confusão era evidente. Pedro, com sua típica ousadia, perguntou por que não podia
seguir Jesus de imediato (João 13:37). Tomé expressou a dúvida de muitos: “Senhor, não
sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” (João 14:5).

Para ajudá-los a entender, Jesus usou uma metáfora agrícola, algo simples e familiar. Ele
se descreveu como a videira verdadeira e explicou que seus discípulos eram os ramos.
Deus, o grande Jardineiro, podava os galhos improdutivos para que a videira desse mais
frutos.

Jesus destacou que a vitalidade dos ramos dependia de sua conexão com a videira. Um
ramo separado não poderia dar frutos; ele murcharia e seria descartado. Assim, ele deixou
claro que sua mensagem não era um conjunto de regras, mas um convite para um
relacionamento vivo e contínuo com Deus.

Assim como os discípulos, muitas vezes não entendemos plenamente o que Jesus nos
ensina. Podemos nos sentir confusos ou desorientados. Porém, se permanecermos
conectados a ele, nossa vida será fecunda, cheia de propósito e significado.
"Pai, ajuda-me a permanecer ligado à tua videira, recebendo tua vida e produzindo
frutos para tua glória."

29

Desanimado mas não derrotado

"De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos,
mas não desesperados."
— 2 Coríntios 4:8

Não seria maravilhoso viver em um mundo onde nunca nos sentimos pressionados ou
perplexos? A realidade, porém, é que enfrentamos desafios constantes. As dificuldades da
vida nos desgastam, e muitas vezes ficamos tentados a buscar formas de escapar do
sofrimento.

O apóstolo Paulo, no entanto, nos apresenta uma perspectiva surpreendente nesta


passagem. Ele não buscava evitar as pressões ou as perplexidades, mas enxergava nelas
uma oportunidade de refletir a luz de Cristo. Ele sabia que viver em um mundo cheio de
trevas era inevitável, mas escolhia apontar para Jesus mesmo em meio às dificuldades.

Como Paulo conseguia isso? Aqui estão algumas lições:

1. A Compreensão do Propósito
Paulo entendia que seu sofrimento tinha um propósito: levar outros a conhecer
Jesus. Sua carta não tem um tom de lamento, mas de encorajamento. Ele
sacrificava seu conforto por algo maior, mostrando que a luz de Cristo brilha ainda
mais forte em tempos de escuridão.
2. A Fonte de Força
A capacidade de Paulo para suportar as dificuldades vinha de seu relacionamento
com Jesus. Não era algo que ele alcançava por esforço próprio, mas uma força
sobrenatural que fluía de sua comunhão com Deus.
3. A Escolha de Focar na Luz
Em vez de se resignar à dor ou se tornar uma vítima, Paulo escolhia acreditar que
Jesus estava presente em sua vida, moldando seus pensamentos e emoções. Essa
confiança o permitia ver além das circunstâncias e encontrar paz mesmo no
sofrimento.
Assim como Paulo, também podemos experimentar a paz de Deus em meio às dificuldades.
Isso não significa que devemos ignorar a dor, mas sim que podemos enfrentar os desafios
com esperança e propósito. Nossa fé se torna um testemunho vivo quando, mesmo
pressionados, permanecemos firmes, apontando para Jesus como a fonte da nossa força.

"Pai, em meio aos momentos difíceis, ajuda-me a encontrar conforto em tua


presença. Dá-me paz e força para perseverar e refletir tua luz para os que estão ao
meu redor."

30

Fugindo de Deus

"Jonas, contudo, fugiu da presença do Senhor."


— Jonas 1:3

A história de Jonas é uma das mais marcantes da Bíblia. Apesar de ser breve, com apenas
quatro capítulos, ela é rica em ação, drama e, acima de tudo, uma lição poderosa sobre a
obediência e o amor de Deus.

Jonas foi chamado por Deus para levar Sua mensagem a Nínive, uma cidade conhecida por
sua maldade. Em vez de obedecer, ele fugiu na direção oposta, embarcando em um navio
para Társis. Sua tentativa de escapar de Deus foi rapidamente frustrada por uma
tempestade enviada pelo Senhor, que revelou aos marinheiros que Jonas era o
responsável. Mesmo relutantes, eles o lançaram ao mar para salvar suas vidas, e a
tempestade cessou.

Jonas, no entanto, não encontrou o fim ali. Deus enviou um grande peixe para engoli-lo, e
dentro daquele ventre, Jonas orou fervorosamente. Após três dias e noites, o peixe o
vomitou em terra firme. Diante de uma segunda chance, Jonas finalmente obedeceu ao
chamado de Deus, pregando em Nínive.

A resposta dos ninivitas foi impressionante: eles se arrependeram, jejuaram e buscaram o


perdão de Deus. Em vez de destruir a cidade, Deus demonstrou misericórdia.

Mas o coração de Jonas ainda estava em conflito. Ele ficou ressentido com a compaixão de
Deus, desejando ver a destruição de Nínive. Deus, pacientemente, ensinou a Jonas uma
última lição sobre Sua natureza amorosa e o desejo de salvar, não condenar.

Reflexões para nós:

1. Fugir de Deus nunca é a solução. Como Jonas descobriu, não importa o quanto
tentemos escapar, Deus nos encontra onde estamos.
2. Deus é um Deus de segundas chances. Mesmo quando falhamos, Ele nos dá
novas oportunidades para cumprir Sua vontade.
3. O coração de Deus está voltado para a misericórdia. Ele prefere ver o
arrependimento e a transformação do que a destruição.
"Pai, ajuda-me a reconhecer tua voz e a obedecer prontamente. Que eu veja os outros
com o mesmo amor e compaixão que tu tens por todos nós."

31

Contrário a Cultura

"Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da


sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus."
— Romanos 12:2

Esse versículo traz duas verdades que podem revolucionar nossa vida espiritual: a
possibilidade de sermos profundamente transformados e a capacidade de discernir a
vontade de Deus.

Vivemos em um mundo que muitas vezes valoriza o relativismo, onde toda crença é
considerada igualmente válida, e o individualismo é exaltado. Essa cultura tende a rejeitar
absolutos morais e busca validar escolhas pessoais, desde que não prejudiquem
diretamente os outros. No entanto, como seguidores de Cristo, somos chamados a um
padrão diferente.

O “padrão deste mundo” frequentemente nos empurra para pensamentos centrados em nós
mesmos, enquanto o evangelho nos convida a uma transformação profunda, que começa
pela renovação da mente. Essa renovação não é um simples ajuste de ideias; é um retorno
constante à graça e misericórdia de Deus, lembrando-nos do poder do sacrifício de Cristo
na cruz.

Transformação e Discernimento

● Transformação: O termo “renovação” no original grego implica um processo


contínuo de lembrar, reaprender e reorientar nossos pensamentos em direção a
Cristo. Isso nos ajuda a afastar-nos de padrões culturais que vão contra a Palavra
de Deus.
● Discernimento: Uma mente renovada nos permite perceber e aceitar a vontade de
Deus como “boa, agradável e perfeita”. Em vez de nos conformarmos com os
valores do mundo, somos chamados a uma vida que reflete a verdade e a sabedoria
de Deus.

Crescimento Espiritual
Essa transformação não acontece instantaneamente. Requer disciplina, tempo e a prática
constante de buscar a Deus por meio de Sua Palavra, oração e comunhão com outros
cristãos.

Oração:
"Pai, ajuda-me a não me conformar com os padrões deste mundo. Renova minha mente
para que eu possa discernir tua vontade e viver de forma que agrade a ti. Que minha vida
reflita tua graça e verdade em um mundo que tanto precisa de ti."

32

Sem choro, por favor

"Disse o Senhor a Josué: 'Levante-se! Por que você está aí prostrado?'"


— Josué 7:10

Após a grande vitória em Jericó, o povo de Israel enfrentou uma inesperada derrota contra a
cidade de Ai. Josué, perplexo e angustiado, prostrou-se diante de Deus, lamentando a
situação. Porém, Deus o repreendeu com um comando direto: "Levante-se!"

Reflexão
A atitude de Josué reflete como muitos de nós reagimos diante de frustrações. Quando algo
dá errado, especialmente quando não parece ser nossa culpa, tendemos a reclamar,
buscando respostas rápidas ou culpando as circunstâncias. No entanto, Deus, em Sua
sabedoria, chamou Josué à responsabilidade e à ação.

Josué precisava perceber que havia algo errado no acampamento de Israel: o pecado de
Acã, que desobedecera às ordens de Deus ao pegar para si itens consagrados de Jericó.
Antes de lamentar, era necessário enfrentar e corrigir o problema.

Aplicação Pessoal
Quando me pego reclamando ou me sentindo paralisado diante das dificuldades, lembro-me
deste versículo. Deus nos permite expressar nossos sentimentos e buscar consolo Nele,
mas também nos chama à ação responsável e à autocompreensão.

Algumas lições que extraio:

1. Examinar as causas: Assim como o pecado de Acã trouxe consequências para


toda a nação, preciso analisar o que em minha vida pode estar contribuindo para a
situação atual.
2. Evitar a autopiedade: Permanecer prostrado em lamentação não resolve o
problema.
3. Reavaliar prioridades: Às vezes, o caos surge porque assumimos mais do que
podemos manejar ou negligenciamos nossa comunhão com Deus.
4. Buscar perdão e agir: Deus nos convida a nos levantar, corrigir erros e seguir em
frente com Sua direção e força.

Oração:
"Pai, perdoa-me pelas vezes em que me perco em lamentações, esquecendo-me de confiar
em Ti e agir com sabedoria. Ensina-me a discernir o que preciso mudar e a depender da
Tua força para corrigir o que está errado. Obrigado por sempre estar comigo, mesmo
quando me sinto perdido."
33

Servir aos outros é servir a Cristo

"Porque tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de
beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me
vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me
visitaram."
— Mateus 25:35–36

Jesus deixou claro que nossa fé não é apenas sobre crenças ou palavras, mas sobre ações
concretas de amor e compaixão. No cenário do julgamento descrito em Mateus 25, ele
mostra que servir ao próximo é servir a ele diretamente.

Reflexão
Essa passagem é um lembrete poderoso de que Deus nos chama a amar de forma prática.
Alimentar os famintos, acolher os excluídos, cuidar dos doentes e visitar os prisioneiros são
exemplos do tipo de serviço que ele espera de nós.

O que torna essa mensagem ainda mais surpreendente é a identificação de Jesus com "os
menores" — aqueles que muitas vezes são esquecidos ou marginalizados. Ele não está
apenas ao lado deles; ele se vê neles. Quando ajudamos os necessitados, estamos
servindo o próprio Cristo.

Aplicação Pessoal

1. Ação prática: Como posso ser mais ativo em ajudar os necessitados? Seja doando
meu tempo, recursos ou simplesmente oferecendo atenção, há sempre algo que
posso fazer.
2. Amor sem julgamentos: Muitas vezes, somos rápidos em justificar a inação com
julgamentos sobre por que alguém está em uma situação difícil. Jesus nos chama a
amar e ajudar, não a julgar.
3. Enxergar Cristo no próximo: Isso muda a forma como vejo as pessoas ao meu
redor. Cada ato de bondade é uma oportunidade de servir a Jesus diretamente.

Oração:
"Pai, ensina-me a enxergar o Teu Filho em cada pessoa que encontro. Ajuda-me a viver
uma fé prática, alcançando os necessitados com amor e compaixão. Que minhas ações
reflitam o Teu coração e tragam glória ao Teu nome."

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