QUEIROZ_2011

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v10n3p257-266

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES E DOSES DE NITROGÊNIO


NA ADUBAÇÃO DA CULTURA DO MILHO (Zea mays L.)

ANDRÉ MARTINS DE QUEIROZ1, CARLOS HENRIQUE EITERER DE SOUZA2,


VANESSA JUNIA MACHADO3, REGINA MARIA QUINTÃO LANA4,
GASPAR HENRIQUE KORNDORFER4 e ADRIANE DE ANDRADE SILVA5

1
Engenheiro Agrônomo, Patos de Minas, MG, Brasil, [email protected]
2
Professor, Centro Universitário de Patos de Minas, Patos de Minas, MG, Brasil, [email protected]
3
Mestranda em Fertilidade do Solo, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil, [email protected]
4
Professor (a) Titular, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil, [email protected], [email protected]
5
Professora, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil, [email protected]

Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.10, n.3, p. 257-266, 2011

RESUMO - A adubação nitrogenada é um dos principais responsáveis pelo acréscimo de produtividade, mas também
é o nutriente com maiores índices de perdas, principalmente quando aplicado em superfície. O objetivo deste trabalho
foi avaliar diferentes fontes e doses desse nutriente e seu efeito na produção do milho e no peso de 1.000 grãos. O
experimento foi realizado em Patos de Minas, MG, na safra 2009/2010. O delineamento utilizado foi o de blocos
casualizados, no esquema fatorial 3 x 4 + testemunha, constituindo 13 tratamentos e quatro repetições. As fontes
utilizadas foram ureia, nitrato de amônio e ureia polimerizada e as doses de N em cobertura foram de 0, 40, 80, 120
e 160 kg.ha-1; as parcelas foram colhidas e o milho foi pesado e convertido para a umidade de 13%, a massa de 1.000
grãos foi determinada por amostragem da quantidade total de cada parcela. Na condição estudada, não se observou
diferença significativa entre as fontes utilizadas, porém, o incremento das doses, em todas as fontes, apresentou
acréscimo tanto na produção (11,083 kg para cada kg.ha-1 de N acrescentado) como na massa de 1.000 grãos (0,1025
g para cada kg.ha-1 de N).
Palavras-chave: fertilizantes, liberação gradativa, nitrogênio, Poaceae.

EVALUATION OF DIFFERENT SOURCES AND RATES OF NITROGEN


FERTILIZATION IN MAIZE (Zea mays L.)

ABSTRACT - Nitrogen fertilization is a major contributor to the increase in productivity, but also is the nutrient with
the highest rates of loss, especially when applied to the surface. The aim of this study was to evaluate different sources
and levels of this nutrient and its effect on maize production and weight of 1000 grains. The experiment was conducted
in Patos de Minas, MG, in the 2009/2010 growing season. A randomized blocks design was used, in a factorial scheme
3 x 4 + control, with 13 treatments and four replications. The sources used were urea, ammonium nitrate and slow
release urea, and doses of nitrogen applied as topdressing were 0, 40, 80, 120 and 160 kg.ha-1. After harvest, maize was
weighed and converted to 13% moisture; the mass of 1,000 grains was determined by sampling the total amount of
each plot. No significant difference was observed between nitrogen sources at the studied conditions, however increase
in doses of all sources increased production (11,083 kg for each kg.ha-1 of N added) and mass of 1000 grains (0.1025
g for each kg.ha-1 of N).
Key words: fertilizers, slow release, nitrogen, Poaceae.

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258 Queiroz et al.

O milho (Zea mays L.) é considerado uma caracteriza por possuir um dos maiores índices
das principais espécies utilizadas no Brasil, visto que, de perdas, as quais podem ocorrer por lixiviação,
anualmente, são cultivados cerca de oito milhões de escorrimento superficial, erosão, volatilização de
hectares, os quais contribuem para a produção de, amônia e desnitrificação. O maior ou menor índice de
aproximadamente, 54 milhões de toneladas de grãos perda pode ser contornado pela forma de aplicação,
(Abramilho, 2011). Assim, mostra-se premente a manejo e fonte do nutriente a ser utilizada.
ampliação do conhecimento da planta de milho e do A forma de aplicação do N pode influenciar
ambiente de produção, aliada à avaliação presente e o seu aproveitamento pelas plantas. A aplicação de
futura dos cenários agrícolas local e mundial, para o ureia a lanço sobre o solo forma comumente usada
estabelecimento de sistemas de produção eficientes pelos produtores na região dos Cerrados, devido
e racionais, objetivando a obtenção de resultados à maior facilidade de aplicação e ao rendimento
satisfatórios quanto a produtividade, qualidade do operacional, pode resultar em grandes perdas de N,
produto, sustentabilidade da atividade e lucros. por volatilização de amônia (Cantarella, 1993) e danos
Atualmente, o aspecto mais importante no manejo da foliares, podendo causar queima nas folhas (Yamada,
adubação nitrogenada na cultura do milho, inserida 1996). Pode ocorrer, também, maior imobilização do
no sistema plantio direto, refere-se à época de N mineral pelos microrganismos quimiorganotróficos,
aplicação da cobertura nitrogenada, a necessidade de para a decomposição dos resíduos vegetais presentes
seu parcelamento e a fonte a ser utilizada (Fancelli et no solo (Silva et al., 2001).
al., 2002). Com o recobrimento dos fertilizantes
O nitrogênio é um dos nutrientes que tradicionais por substâncias orgânicas, inorgânicas
apresentam os efeitos mais expressivos no aumento ou resinas sintéticas, esses fertilizantes liberam
da produção de grãos, na cultura do milho. Tem nutrientes de forma gradual. Essas substâncias são,
grande importância como constituinte de moléculas em sua maioria, derivadas de ureia, como poliamidas,
de proteínas, enzimas, coenzimas, ácidos nucleicos enxofre elementar ou, ainda, polímeros das mais
e citocromos, além de sua importante função como diversas naturezas. O processo de encapsulação
integrante da molécula de clorofila (Gross et al., influi no mecanismo e na intensidade do processo de
2006). liberação. A espessura e a natureza química da resina
Segundo Andreucci (2007), o nitrogênio é um de recobrimento, a quantidade de microfissuras em
dos elementos mais exigidos e fornecidos em sistemas sua superfície e o tamanho do grânulo do fertilizante,
agrícolas. O manejo de adubações nitrogenadas é um também contribuem para determinar a curva de
dos mais complexos, devido a fatores relacionados ao liberação de nutrientes ao longo do tempo (Girardi &
custo dos fertilizantes nitrogenados - decorrente de Mourão Filho, 2003).
problemas na eficiência de algumas fontes (Menezes, Com o advento do aumento de utilização de
2004) e da grande quantidade de energia demandada tecnologia e de produção em extensas áreas, torna-se
para a sua obtenção (Vitti et al., 1984) - e ao potencial necessária a busca por fontes de N que possam ser
poluente desse elemento, tanto para as águas de aplicadas a lanço, que promovam maior rendimento
superfície quanto subterrâneas. Esse nutriente se operacional e minimizem as perdas desse nutriente.

Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.10, n.3, p. 257-266, 2011


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Avaliação de diferentes fontes e doses de nitrogênio... 259

O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência da vegetativo V5, aplicada em superfície, época em que
adubação nitrogenada revestida com polímeros, em foram determinadas as parcelas experimentais com os
diferentes doses, quando comparada com outras tratamentos.
fontes de nitrogênio. O delineamento utilizado foi em blocos
O experimento foi conduzido na Fazenda casualizados. As parcelas experimentais foram
Mata dos Fernandes, no município de Patos de constituídas de oito linhas de 10 m, no espaçamento de
Minas, Minas Gerais, Brasil, na safra agrícola de 0,8 m, considerando como área útil apenas as quatro
2009/2010. A área do experimento apresentava um linhas centrais, desprezando 1 m em cada lateral. Os
histórico de cinco anos de cultivo, sendo os dois tratamentos foram determinados em fatorial 3 x 4 +
últimos com cultivo mínimo e plantio de milho sobre 1 (tratamento adicional), referentes a três fontes de
milho. Antes da implantação do experimento, foi feita nitrogênio, e quatro doses de N aplicadas em cobertura,
a amostragem do solo e posteriores análises químicas constituindo de 13 tratamentos e quatro repetições. As
(Tabela 1). fontes utilizadas foram ureia 45%, nitrato de amônia

TABELA 1. Resultados da análise do solo da lavoura de milho sequeiro, sob cultivo mínimo, safra 2009/2010,
Fazenda Mata dos Fernandes, Patos de Minas, MG1.

pH M.O. P-Me1 Prem K Ca2+ Mg2+ Al2+ S-SO4


H2O dag g-1 mg dm-3 cmolc dm-3 mg dm-3

5,49 2,17 32,63 7,09 27 1,46 0,51 0,05 9,78

H+Al CTCT V% B Zn Fe Mn Cu

cmolc dm-3 % mg dm-3

3,91 5,95 34,29 0,12 5,9 72,4 75 26,9


1
Extratores: P, K, Fe, Zn, Mn, Cu em Mehlich 1; Ca, Mg, e Al trocáveis em KCl -1N; H+Al em solução SMP; B em água
quente; S em fosfato de cálcio 0,01 mol L-1; pH em água; MO por oxidação: Na2Cr2O7 4N + H2SO4 10N; Prem, fósforo
remanescente em solução de CaCl2 10 mmol L-1 e 60 mg L-1 de P 1:10.

A correção realizada foi baseada na análise de 31% e a ureia polimerizada 41%, as doses em cobertura
solo, sendo aplicada a dose de 1.800 kg.ha-1de calcário variaram de 40, 80, 120 e 160 kg.ha-1 de N e o tratamento
dolomitico, 60 dias antes do plantio. A semeadura foi adicional, considerado como controle, consistia na não-
realizada em dezembro de 2009, o híbrido utilizado foi aplicação de adubação nitrogenada em cobertura.
o Riber RB 9308 YG, com uma população de 62.500 A área experimental foi conduzida de acordo
sementes.ha-1. A adubação foi realizada seguindo com as práticas usuais adotadas numa lavoura
a recomendação de 400 kg do fertilizante 08-28-11 comercial, assim como o restante da lavoura, com
+ 5% S, + Micro e 180 kg de KCl, em pós-plantio, exceção da adubação nitrogenada de cobertura, a qual
a cobertura foi realizada com o milho no estádio foi realizada manualmente.

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260 Queiroz et al.

A colheita foi realizada manualmente e cada determinada a dose de melhor retorno econômico.
parcela foi debulhada separadamente e pesada, para Como base de valores, utilizaram-se: saca de 60 kg
determinação da produtividade. De cada parcela, foi de milho a R$ 22,00, kg de N da ureia a R$ 2,41, kg
retirada uma amostra, para determinação da umidade e, de N da ureia polimerizada a R$ 3,41 e kg de N do
posteriormente, da massa de mil grãos e a produtividade, nitrato de amônio a R$ 3,26. Esse levantamento de
corrigindo a umidade de todos para 13%. preços foi realizado em 06/06/2011, no município de
Os dados obtidos foram submetidos a análise Patos de Minas.
de variância, em que, para os fatores de natureza Os resultados observados na avaliação da
quantitativa, realizou-se a análise de regressão e, massa de mil grãos mostraram-se não-significativos,
para as características de caráter qualitativo, foi quando comparadas às fontes utilizadas, mas
realizado o teste de Tuckey (p < 0,05), com o auxílio mostraram efeito positivo, com incremento de 102 mg
do sistema computacional SISVAR, desenvolvido para cada kg.ha-1 de N utilizado (Figura 1), o que, em
por Ferreira (2000). termos percentuais, representa incremento de 4% em
Para cada tratamento, em função das doses relação ao controle. Costa (2001) também observou
e fontes de fertilizantes, foi calculado o faturamento resultados semelhantes, em que se verificou, para
bruto, de acordo com a produção de milho obtida. a maioria dos casos, efeito significativo da dose de
Com os valores dos custos dos fertilizantes foi nitrogênio.

FIGURAFIGURA
1. Modelo de regressão ajustado para massa de mil grãos de milho, em função da aplicação de doses
1. Modelo de regressão ajustado para massa de mil grãos de milho, em função da aplicação
de nitrogênio, em cultivo mínimo, em lavoura comercial de sequeiro, Fazenda Mata dos Fernandes, Patos de
de doses de nitrogênio, em cultivo mínimo, em lavoura comercial de sequeiro, Fazenda Mata dos
Minas, MG, safra 2009/10.
Fernandes, Patos de Minas, MG, safra 2009/10.
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Avaliação de diferentes fontes e doses de nitrogênio... 261

Resultado contrastante foi encontrado por Pereira (1999), realizando experimentos em


Casagrande & Fornasieri (2002), os quais, avaliando dois locais diferentes e em duas safras consecutivas,
dois híbridos de milho em cultivo de safrinha, não não observou efeito significativo do N sobre o peso de
observaram efeito significativo entre as diferentes grãos, nos dois experimentos conduzidos em Viçosa,
doses de adubação nitrogenada. Soares (2003), em MG, Brasil, mas, nos dois experimentos conduzidos em
trabalho realizado em Piracicaba, SP, Brasil, também Coimbra, MG, Brasil, foram encontrados efeitos lineares
não observou diferença significativa na massa de mil e positivos somente com a aplicação de N. De maneira
grãos quando se aumentou a dose de N utilizada. semelhante, Silva (2009), trabalhando com a cultura
Valderrama et al. (2011) também não do trigo, avaliando a massa de mil grãos, também não
encontraram diferença significativa na massa de mil verificou diferença quanto às fontes avaliadas e a época
grãos, em trabalho no qual utilizaram três doses de de aplicação do fertilizante diferiu apenas da testemunha.
ureia, com e sem revestimento polimerizado. Aaplicação das doses de nitrogênio influenciou
Civardi et al. (2011), comparando ureia diretamente a produção de milho, a cultura apresentou
polimerizada aplicada a lanço e ureia convencional ganho em produtividade de forma linear ao aumento
incorporada, observaram que a massa de mil da dose de N aplicado, independentemente da fonte
grãos, onde a ureia foi incorporada, foi superior utilizada (Figura 2). De acordo com o modelo ajustado
aos tratamentos com ureia revestida, aplicados em de produção, em função da dose de N aplicada, houve
superfície, o que evidencia que a ureia incorporada foi incremento de 11,08 kg.ha-1 por kg de N aplicado e
mais propícia ao enchimento de grãos e ao aumento da 18% em relação ao controle. No tratamento com a
sua densidade, em comparação com a ureia revestida maior dose de N (160 kg.ha-1), a produtividade foi
aplicada em superfície. 1.773 kg.ha-1 superior à não aplicação de N.
Acredito que o modelo usado é de regressão múltipla, pois tem um fator, com vários níveis.

Incremento de 11kg veio da equação junto do x.

1.773kg.ha vieram da resolução da equação, substituindo o X pelas doses e fazendo a diferença


da produtividade na dose 160 com o controle.

FIGURA 2. Modelo de regressão ajustado para produção de milho, em função da aplicação de doses de
nitrogênio, em cultivo mínimo, em lavoura comercial de sequeiro, Fazenda Mata dos Fernandes, Patos de
Minas, MG, safra 2009/10.

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262 Queiroz et al.

A produtividade média estimada no avaliando fontes polimerizadas e convencionais de


tratamento em que não houve aplicação de nitrogênio adubação nitrogenada, na cultura do algodão, em
(T1) foi de 6.140,8 kg.ha-1 de milho, o que demonstra Neossolo Quartzarênico, no município de Mineiros,
haver disponibilidade de N no solo, proveniente de GO, Brasil, observaram resultados significativos entre
matéria orgânica no mesmo (Tabela 1), suficiente as fontes estudadas, onde o fertilizante polimerizado,
para suprir a demanda mínima de N, ou do N aplicado mesmo com dose reduzida, promoveu produtividade
na semeadura (32 kg.ha-1 de N). semelhante aos demais.
Meira et al. (2009) observaram que as perdas Barth (2009), em experimento com cana-
por volatilização de NH3, entre os vários fertilizantes, de-açúcar, no município de Piracicaba, também não
inclusive a ureia, não refletiram na produtividade do observou diferença significativa para a característica
milho. Assim, as maiores produtividades de grãos produção de colmos, quando comparou diferentes
foram obtidas quando o nitrogênio foi fornecido em fontes de nitrogênio, inclusive entre fontes com
doses maiores por ocasião da cobertura, ou seja, havia inibidor de urease e nitrificação, mas observou
N disponível na solução do solo no período em que aumento significativo na produção com o aumento da
a planta requer maior quantidade. Uma explicação adubação nitrogenada.
seria, provavelmente, devido ao fato de que o N Contin (2007), em trabalho com cana-de-
aplicado na semeadura já se encontrar na solução do açúcar, também não verificou diferenças entre as
solo e, quando acrescido do N em cobertura, a planta fontes de N utilizadas, porém, com a aplicação dos
ter maior quantidade do elemento para ser absorvido. fertilizantes, houve aumento do nitrogênio proveniente
Meira (2006), em trabalho realizado do fertilizante na folha e resposta significativa na
com milho, utilizando diferentes fontes de N produção de colmos.
Adubei com dose de 220 e 255kg para ter até mais de 9 t
(convencionais e especiais), também não observou Segundo Lange (2006), o nitrogênio é
diferença significativa para as variáveis produtividade extremamente necessário para o bom rendimento
e massa de mil grãos. Carvalho & Ferreira (2009), da cultura do milho. Para se obter produtividade de
trabalhando com a cultura do algodão (Gossypium 9.000 kg.ha-1, podem ser necessários até 190 kg.ha-1
hirsutum L.), também não observaram diferença entre de N. Segundo o mesmo autor, quando se manteve
fontes convencionais e fontes de liberação lenta de adequado suprimento de nutriente para a cultura do
nitrogênio em cobertura. milho, obteve-se uma produção diária de 245 kg.ha-1
Resultados semelhantes foram observados por de MS (massa seca); já na condição de extrema
Costa (2001), o qual, avaliando diferentes híbridos de deficiência de N, a produção foi reduzida para 82
milho, também verificou acréscimo de produção em kg.ha-1, evidenciando a grande necessidade da cultura
função do aumento na adubação nitrogenada. por esse nutriente.
Em trabalho realizado pelo CAT, no município Pereira (1999) observou altas produções
de Uberlândia, MG, Brasil, na safra 2008-09, não se de grãos de milho, mesmo nos tratamentos que
observou efeito significativo entre as fontes estudadas, não receberam adubação nitrogenada, em dois
para a característica de produção e também para a experimentos no 1º e 2º anos, nos municípios de Viçosa
massa de mil grãos (CAT, 2010). Melo et al. (2009), e Coimbra, Minas Gerais, Brasil. As produtividades

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Avaliação de diferentes fontes e doses de nitrogênio... 263

alcançaram, no 1º e 2º anos, 8.568 e 8.482 kg.ha-1, em de retorno financeiro em função das doses, em que o
Viçosa, e 6.838 e 4.966 kg.ha-1, de milho em Coimbra, aumento relativo foi observado até a dose de 120 kg.ha-1
produtividades consideradas altas em relação à média de N, que também apresentou o maior valor, R$ 47,93
de produtividade da cultura de milho no estado de por ha (Tabela 2). A partir daí, houve decréscimo no
Minas Gerais, que é de 5.113 kg.ha-1 (IBGE, 2009). retorno, já que a dose de 160 kg.ha-1 de N apresentou
As médias de produtividade de milho valor de R$ 43,70 por ha, ou seja, o retorno financeiro
estimadas no trabalho, em todos os tratamentos, em função da produtividade e de custo do fertilizante
foram superiores à média do Estado, inclusive a foi inferior ao obtido com a dose de 120 kg.ha-1 de N.
obtida no tratamento controle, sem aplicação de N Como não houve diferença entre as fontes
em cobertura, 6.140,8 kg.ha-1, e na dose mais elevada utilizadas, dentre elas, a melhor opção para utilização
(160 kg.ha-1 de N em cobertura), 7.914 kg.ha-1. pelo produtor seria a ureia convencional, uma vez
Resende et al. (1990) afirmaram que, em que apresenta o menor custo por kg de N aplicado
média, para a cultura do milho, o solo tem capacidade (Tabela 3).
de suprimento de nitrogênio para produção de 3.000 Civardi et al. (2011) concluíram que a
kg.ha de grãos. Além disso, a utilização de altas aplicação de N, na dose de 120 kg.ha-1, com ureia
-1

doses de P e K, aplicadas como adubação básica, comum, propiciou maior rendimento de grãos de
pode propiciar melhor aproveitamento do N presente milho e maior lucratividade, quando comparada a
no solo. outras fontes nitrogenadas, como a ureia revestida
De acordo com os resultados obtidos e com polímeros.
apresentados nas Tabelas 2 e 3, a dose de 120 kg.ha-1 Não foi observado efeito das diferentes fontes
de N apresentou melhor retorno financeiro. Essa de N na produção de grãos e na massa de mil grãos,
afirmativa é constatada pelos valores da diferença inclusive fertilizantes de liberação gradativa.
TABELA 2. Relação de custo em função da dose de N aplicada e retorno financeiro do investimento Fazenda
Mata dos Fernandes, Patos de Minas, MG.
Dose de N Produção Faturamento Investimento com Retorno DIF
(kg.ha-1) (kg.ha-1)2 (R$.ha-1)1 Cobertura (R$)3 (R$.ha-1)1 (R$.ha-1)4

0 6140,80 2.251,63 - 2.251,63 -

40 6584,12 2.414,18 120,97 2.293,21 41,58

80 7027,44 2.573,73 241,94 2.334,79 41,58

120 7470,76 2.739,28 356,56 2.382,72 47,93

160 7914,08 2.901,83 475,41 2.426,42 43,70 Eq diferente


da regressão
1
Preço da saca (60 kg) de milho, comercializada em Patos de Minas, MG, R$ 22,00. Levantamento realizado em 06/06/11.
2
Médias estimadas de produtividade, independente da fonte utilizada, de acordo com modelo {YPROD=11,083x+6.140,8}.
3
Médias dos preços, independente da fonte utilizada. 4Diferença nos valores do retorno financeiro, em função da dose de N.

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264 Queiroz et al.

TABELA 3. Relação de custo entre os fertilizantes nitrogenados, em função da dose de N aplicada, Fazenda
Mata dos Fernandes, Patos de Minas, MG.
Fonte utilizada1 Diferença média
Dose de N Ureia Nitrato
Ureia Ureia e demais fontes
polimerizada de amônio
kg.ha-1 R$ R$

40 96,00 136,59 130,32 37,45

80 192,00 273,17 260,65 74,91

120 288,00 409,76 390,97 112,36

160 384,00 546,34 521,29 149,82


1
Valores referentes ao custo do fertilizante aplicado no solo, de acordo com a dose de N. Levantamento realizado no dia
06/06/11, em Patos de Minas, MG.

A dose de 120 kg.ha-1 de N proporcionou o CANTARELLA, H. Calagem e adubação do milho. In:


melhor retorno econômico, independentemente da BÜLL, L.T.; CANTARELLA, H. (Ed.). Cultura
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