DOI: 10.5433/1679-0359.

2013v34n6p3001

Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com

milho para alimentação de bovinos confinados

Export of soil macronutrients in area cultivated with maize to

feeding feedlot steers

Robson Kyoshi Ueno1*; Mikael Neumann2; Fabiano Marafon3;

Luan Lucas Reinehr4; Mailson Poczynek5; Leandro Michalovicz6

Resumo
O milho cultivado para forragem requer cuidados especiais de manejo do solo. A exportação de
nutrientes pela silagem pode causar redução na fertilidade do solo, com consequente redução na
produtividade e qualidade nutricional das culturas posteriores. O objetivo do trabalho foi avaliar os
teores de macronutrientes nos fragmentos de plantas de milho (colmo, folhas, brácteas mais sabugo
e grãos) no estádio de ensilagem, na planta inteira (forragem na ensilagem) e nos grãos maduros;
mensurar a exportação dos nutrientes do solo pela colheita da forragem ou pelos grãos. Posteriormente,
foram empregadas duas dietas para bovinos confinados, uma a base de silagem e outra baseada em
grãos, para mensurar o potencial de retorno dos nutrientes para o solo via esterco, e contabilizar o
balanço final dos nutrientes. Os teores de N, P, K, Ca e Mg na forragem foram, respectivamente: 1,37;
0,24; 0,81; 0,2 e 0,22%; e nos grãos: 1,8; 0,28; 0,34; 0,12; e 0,11%. A adubação realizada foi suficiente
para suprir a remoção de nutrientes quando se colheu somente grãos, gerando déficits ao solo de 93
kg ha-1 de N e 84 kg ha-1 de K quando se colheu a forragem. Os estercos de animais alimentados com
silagem + concentrado, comparativamente à dieta sem volumoso (80% de grãos), reciclaram diferentes
quantidades (kg ha-1) de N (276,28 vs 59,37), P (128,12 vs 33,37), K (58,32 vs 5,38), Ca (177,7 vs
78,89) e Mg (43,64 vs 11,81) para a área cultivada. Os sistemas de produção avaliados apresentaram
capacidade de manter os teores de nutrientes no solo com a reposição via esterco, podendo incrementar
a fertilidade e reduzir custos com fertilizantes minerais nos cultivos sucessivos. O sistema que utilizou
silagem apresentou déficit de 25 kg ha-1 de K, provavelmente pela quantidade insuficiente aplicada, cuja
recomendação normalmente é feita visando a produção de grãos.
Palavras-chave: Esterco bovino, dieta 100% concentrado, silagem, teor de macronutrientes, Zea mays L.

Abstract
The maize cultivated for forage requires special care with soil management. The nutrients exportation
by silage might cause reducing of soil fertility, with consequent decrease of yield and nutritional quality
of posterior crops. The aim of this work was assess levels of macronutrients in maize plant fragments
(stem, leaves, bracts plus cob and grains), at stage of ensilage, in entire plant (silage forage) and in the

1
Médico Veterinário, M.e em Agronomia pela Universidade Estadual do Centro Oeste, UNICENTRO, Guarapuava, PR. E-mail:
[email protected]
2
Engº Agrº, Prof. Dr. do Curso de Mestrado em Agronomia, UNICENTRO, Guarapuava, PR. E-mail: [email protected]
3
Médico Veterinário, M.e em Agronomia, UNICENTRO, Guarapuava, PR. E-mail: [email protected]
4
Médico Veterinário, UNICENTRO, Guarapuava, PR. E-mail: [email protected]
5
Médico Veterinário, Discente de Mestrado em Agronomia, UNICENTRO, Guarapuava, PR. E-mail: [email protected]
6
Engº Agrº, M.e em Agronomia, UNICENTRO, Guarapuava, PR. E-mail: [email protected]
*
Autor para correspondência
Recebido para publicação 24/05/12 Aprovado em 07/09/13
3001
Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Ueno, R. K. et al.

mature grains; measure the nutrients exportation from soil by forage or grains. After, two diets were
used in feedlot cattle, first was based on silage and other based in grains, to appraise the potential of
nutrients to return into soil by manure and the final account of nutrients balance. The levels of N, P,
K, Ca and Mg from forage were, respectively: 1,37; 0,24; 0,81; 0,2 and 0,22%; and in grains: 1,8;
0,28; 0,34; 0,12; and 0,11%. The fertilization performed was enough to supply extracted nutrients
when was harvested only grains, promoting deficits in soil of 93 kg ha-1 of N and 84 kg ha-1 of K
when was harvested forage. The manure of animals feed with silage+concentrated, compared to diet
without roughage (80% grains and 20% protein core), cycled different amounts of N (276,28 vs 59,37),
P (128,12 vs 33,37), K (58,32 vs 5,38), Ca (177,7 vs 78,89) and Mg (43,64 vs 11,81) in the cultivated
area. The evaluated production systems presented capacity to maintain the levels of nutrients at soil
through replacement via manure, and might contribute to the enrichment of fertility and reduce costs
with mineral fertilizers in successive crops. The system which forage was used presented deficit of 25
kg ha-1 de K, probably due to insufficient amount of K applied, which recommendation is frequently
made to grain production.
Key words: 100% Concentrate diet, bovine manure, macronutrients level, silage, Zea mays L.

Introdução Embora a produção de milho visando a colheita

de grãos demande alta quantidade de nutrientes
A produção de forragens para alimentação de
do solo, a ciclagem via decomposição da palhada
ruminantes na forma “in natura” ou como alimento
remanescente reduz o déficit nutricional causado
conservado tem merecido grande destaque dentre as
pela exportação de grãos, fato não observado
áreas destinadas à pecuária. Isto ocorre porque está
quando se realiza a colheita da planta inteira para a
relacionado com o maior controle da produção de
produção de silagem. Dessa forma, a fertilidade do
energia para os animais. Quando se utiliza técnicas
solo pode ser reduzida mais rapidamente em áreas
de conservação de forragem, é possível obter
utilizadas para produção de silagem do que em áreas
constância no fornecimento de volumoso de boa
de produção de grãos, caso não sejam tomados os
qualidade, suprindo as exigências nutricionais dos
devidos cuidados com o manejo do solo e reposição
animais ao longo do ano ou período de criação.
de nutrientes, principalmente, se uma mesma área
Balieiro Neto et al. (2011), ressaltaram que for utilizada para produção de silagem por vários
para se obter superávits financeiros na atividade anos consecutivos com práticas inadequadas
pecuária é imprescindível manter eficiência e escala (MARTIN et al., 2011).
de produção, e para atender esses requisitos básicos
Ainda que existam recomendações de adubações
devem-se adotar critérios de máxima produção de
específicas para o cultivo de milho e sorgo com a
energia digestível por unidade de área.
finalidade de produzir silagem (CQFS RS/SC,
Em sistemas de produção, tanto de carne como 2004), as doses de fertilizantes recomendadas
de leite, se faz necessário maior aporte de energia são superiores quando comparadas ao cultivo
na dieta dos animais. E nestas situações, a silagem para produção de grãos, e devido aos custos de
produzida com a planta inteira de milho é considerada produção, dificilmente se observa a adoção dessas
como excelente alimento volumoso, imprescindível recomendações por técnicos e forragicultores.
quando o objetivo é atingir máxima produtividade. Mesmo que a recomendação de adubação seja
A silagem de milho também possibilita redução nos seguida, não há garantias de que um maior aporte
custos de produção, por permitir menor incremento de nutrientes via adubação proverá a ausência de
de alimentos concentrados na ração, sem déficits nutricionais no solo, devido às quantidades
comprometer o desempenho animal (NEUMANN exportadas via forragem.
et al., 2011).
Nussio (1993) relatou que apenas uma pequena
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fração dos produtores fazia uso da prática de Animal (NUPRAN) da Universidade Estadual do
ensilagem de milho de forma satisfatória, e que Centro-Oeste (UNICENTRO) no município de
a maioria dos cultivos se dava de modo quase Guarapuava, situado na zona subtropical do estado
extrativista, com o uso de fertilizantes e corretivos do Paraná (MAACK, 2002), sob as coordenadas
em quantidades muito aquém das recomendações geográficas 25º23’02” de latitude sul e 51º29’43”
oficiais, ou até mesmo com ausência de adubação, de longitude oeste e 1.026 m de altitude. Pela
utilizando-se somente a fertilidade natural dos solos. classificação de Köppen, o clima da região é
temperado de altitude – Cfb, caracterizado por
Por outro lado, recentemente, em épocas de
precipitação média anual de 1.944 mm, temperatura
preços de alimentos concentrados mais acessíveis,
média mínima anual de 12,7 °C, temperatura média
é possível observar a utilização de dietas com pouca
máxima anual de 23,5 °C e umidade relativa do ar
ou nenhuma participação de alimento volumoso na
de 77,9% (IAPAR, 2000).
ração de bovinos de corte em fase de terminação em
confinamento, onde o grão de milho normalmente A precipitação, temperatura e insolação ocorrida
compõe cerca de 70 a 90% da dieta (GRANDINI, no período de cultivo do milho foram favoráveis
2009). A adoção desta prática pelos produtores tem ao desenvolvimento da cultura, de acordo com
trazido benefícios econômicos e no desempenho os dados coletados na estação meteorológica do
animal, podendo ser incorporada instantaneamente IAPAR instalada no local do experimento.
ao manejo alimentar e constituir mais uma
alternativa ao sistema de produção de bovinos de
corte. Tratamentos efetuados e justificativa

A criação de animais em estábulo gera grande Para mensurar as exportações dos nutrientes do
quantidade de dejetos. Ao fazer uso da adubação solo pela cultura do milho, uma área de cultivo foi
orgânica utilizando o esterco bovino, além do submetida a diferentes manejos de colheita, onde, o
fornecimento de nutrientes pode-se contribuir para milho foi colhido como forragem para produção de
a agregação do solo, melhorando sua estrutura, silagem ou foi colhido como grãos na maturidade
aeração, drenagem e capacidade de armazenamento fisiológica.
de água. A melhoria na fertilidade do solo e aumento Os alimentos produzidos (silagem de planta
na produtividade das culturas não são os únicos inteira ou grãos) foram fornecidos para novilhos
benefícios da reciclagem dos nutrientes contidos de corte em fase de terminação em confinamento,
no esterco, mas também uma opção de descarte tratados com diferentes sistemas de alimentação.
de resíduos, desde que aplicados em quantidades Foram testados os seguintes tratamentos: T1 –
proporcionais à demanda de nutrientes das plantas dieta com 100% de concentrado: grãos de milho
(CQFS RS/SC, 2004). inteiros (80%) + núcleo proteico, vitamínico e
O trabalho foi desenvolvido com o objetivo de mineral (20%), “ad libitum”; e T2 – dieta com 5,5
avaliar a exportação de macronutrientes do solo kg animal-1dia-1 de concentrado + silagem de milho
em área cultivada com milho para alimentação de “ad libitum”. As dietas visaram fornecer elevada
bovinos de corte confinados. quantidade dos derivados da cultura, porém sem
restringir as exigências nutricionais dos animais.
A escolha dos tratamentos se deu a partir
Material e Métodos da visualização de duas maneiras de utilização
Local experimental e dados meteorológicos da cultura do milho em sistemas de terminação
confinada de bovinos de corte. Na maioria dos
O trabalho foi realizado no Núcleo de Produção

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casos, efetua-se a colheita das plantas inteiras realizada quando as plantas apresentaram quatro
(milho forragem) para confecção da silagem, que folhas expandidas, conforme as recomendações de
compõe parte da dieta (40-60% da ração), sistema adubação para cultura do milho para colheita de
amplamente praticado na região. Na outra situação, grãos (CQFS RS/SC, 2004).
colhem-se apenas os grãos produzidos, os quais,
Os estádios de desenvolvimento das plantas
neste sistema, podem representar cerca de 80%
foram determinados conforme Ritchie, Hanway
da ração caracterizada como dieta totalmente
e Benson (2003), nas datas: estádio R1 – pleno
concentrada e que recentemente tem sido utilizada
florescimento (até 10 dias após florescimento);
pelos produtores, principalmente em períodos de
R2 (24/01) – grão leitoso (10 a 14 dias após
baixa remuneração do milho.
florescimento); R3 (04/02) – grão pastoso (18 a 22
dias após florescimento); R4 (15/02) – grão farináceo
(24 a 28 dias após florescimento); R5 (26/02) – grão
Condução e avaliações das lavouras de milho
farináceo a duro (35 a 42 dias após florescimento);
Foram implantados dois hectares de lavoura e R6 (08/03) – maturidade fisiológica (55-65 dias
utilizando o híbrido simples SG 6010, de caráter após o florescimento).
granífero-forrageiro, ciclo precoce, textura
A determinação do estande de plantas foi
semiduro e de porte médio. Desta área um hectare
realizada na ocasião da colheita para ensilagem e
foi destinado à produção de silagem de planta
grãos, aferindo-se o número de plantas em 50 metros
inteira e um hectare para produção de grãos. A área
lineares aleatórios de cada parcela (10 amostras
plantada foi subdividida em 6 parcelas com 40
aleatórias de 5 m). As plantas foram cortadas
linhas de cultivo cada, totalizando área de 2.880 m2
manualmente a 20 cm do solo, sendo utilizadas para
(32 x 90 m) para cada parcela, mantendo-se 5 m de
determinação do teor de matéria seca (MS) e para
bordadura nas extremidades da área total.
determinação da composição física (colmo, folhas,
O solo da área experimental foi classificado brácteas mais sabugo e grãos). Nas mesmas plantas
como Latossolo Bruno Típico (POTT; MÜLLER; colhidas em cada parcela também se estimou a
BERTELLI, 2007), e que antes da implantação produção de matéria verde (MV) e de MS, além das
da cultura apresentava as seguintes características alturas de planta e inserção de espiga, e número de
químicas (perfil de 0 a 20 cm): pH CaCl2 0,01M: folhas secas por planta.
4,7; P: 1,1 mg dm-3; K+: 0,2 cmolc dm-3; MO: 2,62%;
A determinação da produtividade de grãos
Al3+: 0,0 cmolc dm-3; H++Al3+: 5,2 cmolc dm-3; Ca2+:
foi realizada na maturidade fisiológica da cultura
5,0 cmolc dm-3; Mg2+: 5,0 cmolc dm-3 e saturação de
(estádio R6). Após as avaliações realizadas no
bases (V%): 67,3%.
último estádio de desenvolvimento e obtenção do
A implantação da cultura foi efetuada peso médio de grãos por planta, os grãos debulhados
uniformemente para ambos os tratamentos aos foram levados à estufa de secagem com circulação
oito dias do mês de outubro, em sistema de plantio de ar forçado a 55 ºC até atingir massa constante
direto, com espaçamento entre linhas de 0,8 m, (AOAC, 1995). Posteriormente os valores obtidos
profundidade de semeadura média de 4 cm e foram corrigidos para umidade padrão de 13% para
distribuição de 5 sementes por metro linear, visando a determinação da produtividade.
obter população final de 60.000 plantas ha-1. Por
As amostras pré-secas de cada parcela, coletadas
ocasião do plantio, realizou-se a adubação de base
nos estádios R5 e R6, foram moídas em moinho do
com 350 kg ha-1 do fertilizante formulado 08-30-
tipo Wiley, com peneira de crivos de 1 mm, e em
20 (N-P2O5-K2O). A adubação de cobertura com
seguida foram analisados os teores de N, P, K, Ca e
120 kg ha-1 de N na forma de uréia (45-00-00) foi
=~30 kg de N na base + 120kg de N na cobertura = 150 kg de N/ha
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 Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com milho para alimentação de bovinos confinados

Mg, utilizando a metodologia descrita por Tedesco a qual foi encaminhada à estufa com circulação
et al. (1995). Utilizando os teores de nutrientes e de ar forçado a 55 ºC até atingir massa constante
a produção de MS de cada parcela experimental, para determinação do teor de MS parcial (AOAC,
calculou-se a quantidade de nutrientes exportados 1995) e percentual de perdas de MS no processo
do solo. fermentativo, obtido pela relação entre quantidade
de MS inserida (forragem) e quantidade de MS
resgatada (silagem), de acordo com a seguinte
Colheita das plantas de milho e preparo da expressão:
silagem
PMS = [1 - (g de MS de silagem ÷ g de MS de
O corte das plantas para preparo das silagens forragem)] x 100.
ocorreu quando a lavoura encontrava-se em estádio
Para avaliar a eficiência da compactação aferiu-
de grão farináceo a duro (R5) aos 123 dias após
se a massa específica dos silos, expresso em kg m-3
a emergência das plantas. A forragem produzida
de MV, com a retirada da quantidade de silagem
foi colhida e processada com o auxílio de uma
contida em um volume conhecido utilizando um
ensiladeira marca JF-Z10® regulada para picar as
anel metálico de 10 cm de diâmetro e 15 cm de
plantas em fragmentos de 8 a 12 mm em altura de
comprimento, introduzido sob pressão, para a coleta
corte entre 15 e 20 cm do solo. O material colhido
de amostras no painel frontal do silo.
foi transportado e depositado em três silos do
tipo trincheira, construídos em local propício a A colheita manual das espigas foi realizada aos
ocorrência do processo fermentativo, com paredes 134 dias após emergência das plantas, estando a
e pisos de concreto, medindo 1,75 m de largura, 1,2 lavoura em estádio de grãos plenamente duros (R6).
m de altura e 10 m de comprimento. Procedeu-se a Posteriormente procedeu-se a debulha das espigas
compactação da massa com auxilio de um trator, e com o auxílio de uma trilhadeira estacionária.
posteriormente os silos foram vedados e protegidos Os grãos obtidos foram submetidos à secagem e
com uma lona de polietileno de dupla face com 150 limpeza, e foram embalados (sacos de ráfia) para
µ de espessura. o armazenamento. Por características digestivas
da dieta a qual foram utilizados, os grãos foram
Durante a compactação da massa foram
fornecidos inteiros aos animais.
colocados três “bags” em cada silo, os quais foram
preenchidos com a forragem picada, e posteriormente
foram lacrados. Estes “bags” foram utilizados Alimentação, avaliação da produção e teores de
para a determinação das perdas ocorridas durante nutrientes do esterco
o processo fermentativo, conforme metodologia
Foram avaliados os teores de macronutrientes do
descrita por Neumann (2006). A abertura dos silos
esterco gerado a partir do fornecimento de diferentes
ocorreu aos 284 dias após ensilagem, e o resgate dos
dietas para novilhos de corte em confinamento,
“bags” ocorreu com o surgimento dos mesmos no
com o objetivo de mensurar a reposição dos
painel frontal de retirada da silagem no decorrer do
macronutrientes ao solo pela adubação orgânica,
período de desensilagem para a alimentação animal,
conforme o tipo de colheita da cultura do milho
quando diariamente era retirada uma fatia de 10 cm
e dieta fornecida aos bovinos. As rações foram
de espessura.
desenvolvidas visando utilizar a cultura do milho
Com o aparecimento dos “bags”, determinou- em distintas dietas para o confinamento de bovinos,
se o peso do conteúdo, representado pela silagem ora como silagem em uma dieta convencional com
resultante da fermentação do material original, volumoso, e ora na forma de grãos inteiros em uma

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 Ueno, R. K. et al.

dieta à base de alimentos concentrados. alteração na relação volumoso:concentrado que

variou de 40:60 no início a 52:48 no final do período
Portanto, é importante ressaltar que as
de alimentação.
concentrações de nutrientes no esterco e as
quantidades totais de nutrientes potencialmente As misturas de alimentos concentrados que
utilizáveis na adubação orgânica, são provenientes constituíram uma fração das dietas avaliadas (núcleo
de animais alimentados com dietas balanceadas, proteico da dieta 100% concentrado e o concentrado
onde quantidades consideráveis de nutrientes da dieta com silagem), foram elaboradas na fábrica
minerais foram disponibilizadas pelo fornecimento de rações da Cooperativa Agrária Agroindustrial
dos alimentos concentrados. Além disso, deve-se localizada no distrito de Entre Rios em Guarapuava
destacar que o esterco coletado não era contaminado - PR. Na preparação destes alimentos, utilizaram-
com urina, o que reduz a quantidade de nutrientes se os seguintes ingredientes: farelo de soja, casca
reciclados. de soja, farelo de trigo, radícula de malte, cevada,
grãos de milho moídos, gérmen de milho, calcário
O experimento teve duração de 98 dias, sendo
calcítico, fosfato bicálcico, uréia pecuária, premix
14 dias de adaptação dos animais às dietas e
vitamínico e mineral, sal comum e monensina
instalações experimentais, resultando em 84 dias
sódica.
de avaliações. As instalações foram constituídas
de 10 baias de confinamento, semi-cobertas, O núcleo proteico utilizado no tratamento com
com área de 15 m2, contendo um comedouro de 100% de concentrado apresentou teores médios
concreto e um bebedouro metálico regulado por percentuais de MS de 90,22%, proteína bruta (PB)
bóia automática. Utilizou-se 20 novilhos inteiros, de 32,01%, estrato etéreo (EE) de 2,34%, fibra bruta
da raça Canchim, provenientes do mesmo rebanho, (FB) de 7,54%, fibra em detergente neutro (FDN)
com idade média de 12 meses e peso vivo médio de 22,20%, fibra em detergente ácido (FDA) de
inicial de 365 kg com desvio padrão de 5 kg. Os 11,08%, matéria mineral (MM) de 14,72%, cálcio
animais foram vermifugados e equilibrados por (Ca) de 2,50%, fósforo (P) de 1,0%, potássio (K)
peso e condição corporal para cada tratamento, de 1,42% e magnésio (Mg) de 0,44%, com base
sendo a unidade experimental representada por na MS total. Já a mistura concentrada utilizada
dois animais. para compor o tratamento silagem + concentrado
apresentou teores médios percentuais de 89,20% de
O fornecimento de alimentos foi realizado
MS, PB de 19,00%, EE de 3,95%, FB de 9,00%,
duas vezes ao dia, às 6:00 e às 17:00 horas, e o
FDN de 28,66%, FDA de 13,15%, MM de 7,34%,
consumo voluntário foi registrado diariamente por
Ca de 1,20% e P de 0,50%, K de 0,77%, e Mg de
meio da diferença entre a quantidade oferecida e
0,34%, com base na MS total.
sobras do dia anterior. O ajuste no fornecimento
de alimentos no tratamento com dieta 100% A silagem de milho apresentou teores médios
concentrado foi realizado diariamente (ad libitum), percentuais de 33,11% de MS, PB de 7,74%, EE de
regulando sobras de 5% da MS oferecida. O ajuste 3,03%, NDT de 65,83%, FDN de 50,70%, FDA de
no fornecimento dos alimentos no tratamento com 31,43%, MM de 3,74%, Ca de 0,17% e P de 0,18%,
silagem + concentrado foi realizado de maneira K de 0,81%, e Mg de 0,18%, com base na MS total.
que a silagem oferecida era regulada diariamente As dietas foram formuladas de acordo com o
(ad libitum), com variação máxima de 5% da MS NRC (1996) para atenderem às exigências de ganho
oferecida para sobras, porém, a quantidade de diário de 1,5 kg de peso vivo.
concentrado fornecida foi constante do início ao
fim do confinamento. Esta prática permitiu estimar A avaliação das produções de esterco dos animais
foi realizada em dois períodos contínuos de 72 horas,
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 Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com milho para alimentação de bovinos confinados

sendo o primeiro na fase inicial do confinamento repetições. Cada repetição ou bloco foi representado
(aproximadamente 21 dias), e o segundo na fase por uma faixa de cultivo. As variáveis referentes à
final do confinamento (aproximadamente 63 dias), exportação de nutrientes do solo foram submetidas
ambos com início às 0:00 horas do primeiro dia e ao teste de comparação de médias “TESTE T” de
término às 23:59 horas do terceiro dia de avaliação, Student (unilateral) a 5% de significância utilizando
onde procedeu-se a coleta total do esterco. Para o programa MICROSOFT OFFICE EXCEL®.
as coletas, as instalações foram previamente
Para a etapa do confinamento, o delineamento
higienizadas visando evitar contaminação das
experimental foi o inteiramente casualizado, com
amostras, e foram realizadas por 10 colaboradores
dois tratamentos e cinco repetições. A unidade
em cada turno, durante 72 horas, em sistema de
experimental foi representada por uma baia de
revezamento a cada 6 horas.
confinamento com dois novilhos, totalizando dez
Foi recolhida a produção total de fezes de cada unidades experimentais.
animal no momento da eliminação da excreta,
Para avaliação do potencial de reposição de
as quais foram pesadas e amostradas em cada
nutrientes, foi considerado o esquema fatorial 2x2,
turno de 6 horas, e posteriormente armazenadas
em que os fatores foram dois tipos de alimentação
sob refrigeração em sacos plásticos individuais
e duas épocas de avaliação, com cinco repetições.
devidamente identificados. Ao fim do período de 72
Os dados obtidos foram submetidos à análises de
horas, as fezes de cada unidade experimental foram
variâncias e as médias comparadas pelo teste de
homogeneizadas para a formação de uma nova
F a 5% de significância, utilizando o programa
amostra representativa dos três dias de coleta. As
estatístico SAS (1993).
amostras compostas de cada uma das duas épocas
de avaliação foram secas em estufa com circulação
de ar forçado e mantida à temperatura constante de Resultados e Discussão
55 °C até obtenção de massa constante.
Foram obtidas produções de 51.804 e 17.613
Após a retirada da estufa, as amostras foram kg ha-1 de MV e MS, respectivamente, de forragem
pesadas e então moídas em moinho tipo Wiley no momento da ensilagem, onde as plantas se
com peneira de crivos de 1 mm. Em seguida, encontravam em estádio de grãos farináceos a duro
foram analisados os teores de N, P, K, Ca e Mg do (Tabela 1). A produção de MS de grãos na fase de
esterco seguindo as metodologias propostas por maturação fisiológica foi de 8.600 kg ha-1, porém,
Tedesco et al. (1995). Para o cálculo do potencial de quando corrigida para 13% de umidade (padrão)
nutrientes repostos ao solo, foram consideradas as atingiu 9.718 kg ha-1 de grãos (Tabela 1). A altura
concentrações dos nutrientes e a quantidade de MS das plantas na ocasião da ensilagem foi em média
de esterco, bem como a quantidade dos alimentos de 2,09 m e a altura de inserção da primeira espiga
produzidos por hectare. de 1,27 m (Tabela 1). Segundo avaliação realizada
pelo IAPAR (2009) em Guarapuava-PR, o mesmo
híbrido de milho apresentou, na safra 2008/2009,
Delineamentos experimentais e análises estatísticas
altura média de planta de 2,25 m, altura de inserção
Para a etapa de cultivo do milho, o de espiga de 1,30 m e produtividade de 10.459
delineamento experimental empregado foi o de kg ha-1 de grãos, utilizando-se uma população de
blocos casualizados, com dois tratamentos e três 65.800 plantas ha-1.

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 Ueno, R. K. et al.

Tabela 1. Medidas biométricas, produção de matéria verde (MV) e seca (MS) de forragem em estádio R5, produção
de grãos (estádio R6), teores de MS da planta e dos componentes estruturais, e composição física da planta de milho
do híbrido SG 6010 na ensilagem.

AVALIAÇÕES VALORES MÉDIOS

Altura de planta, R5 (m) 2,09
Altura de espiga, R5 (m) 1,27
Folhas secas por planta, R5 3,78
Produção de MV de forragem, R5 (kg ha-1) 51.804
Produção de MS de forragem, R5 (kg ha-1) 17.613
Produção de MS de grãos, R5 (kg ha-1) 8.033
Produção de grãos secos, R6 (kg ha-1, 13% umidade) 9.718
População de plantas obtida (plantas ha-1) 57.688
Componentes da planta em R5 Teores de MS da forragem, (%)
Colmo 19,48
Folhas 36,30
Brácteas e Sabugo 33,13
Grãos 58,35
Planta Inteira 34,00
Participação % dos componentes da planta em R5 % na MS da planta
Colmo 23,53
Folhas 22,90
Brácteas e Sabugo 19,21
Grãos 34,36
Fonte: Elaboração dos autores.

De acordo com a escala de avaliação de Lupatini de correlação positivo com as produções de MV e

et al. (2005) este híbrido possui médio “stay MS de forragem, grãos e MS digestível, com índice
green”, pois apresentou mais que 3 folhas secas de grãos por espiga, e com a digestibilidade da
por plantas no momento da ensilagem (Tabela 1). planta inteira e do colmo, sendo maior em plantas
Tais características enquadram o SG 6010 como mais altas.
um híbrido de boas características para produção de
Os mesmos autores compararam diversos
silagem, principalmente em relação à sanidade de
cultivares de milho, em vários anos e locais de
folhas, manutenção do teor de umidade e qualidade
cultivo, e observaram produtividades médias de
fisiológica das partes vegetativas durante o estádio
50,47 Mg ha-1 de MV e 18,69 Mg ha-1 de MS na
reprodutivo.
ensilagem e 8,2 Mg ha-1 de grãos secos. Por diluírem
Segundo Paziani et al. (2009), o índice de os custos de produção da silagem, as produções de
folhas verdes correlaciona-se positivamente com as MV e MS devem ser os primeiros quesitos a serem
produções de MV e MS de forragem, grãos e MS considerados na escolha de um híbrido de milho
digestível, e também com o teor de PB, indicando sua recomendado para silagem, e posterior a isso, deve-
contribuição na elevação da quantidade e qualidade se destinar a devida atenção a qualidade e outros
da massa para ensilagem. Contudo, o índice de parâmetros da silagem.
folhas verdes correlaciona-se negativamente com
Por ocasião da ensilagem, as plantas colhidas
o conteúdo de grãos da massa no momento da
apresentaram 23,53% de colmo, 22,90% de
ensilagem. Ainda, o porte da planta e as alturas de
folhas, 19,21% de brácteas mais sabugo, 34,36%
planta e inserção de espiga, apresentam coeficientes
de grãos e/ou 53,57% de espigas (Tabela 1).
3008
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 Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com milho para alimentação de bovinos confinados

Foram observados teores de MS de 34,0% na Dentre os componentes da planta (Tabela 2),

planta inteira, 19,48% no colmo, 36,30% nas as folhas apresentaram as maiores concentrações
folhas, 33,13 em brácteas e sabugo e 58,35% nos dos macronutrientes, com teores de 2,19; 0,30;
grãos (Tabela 1). Valores que estão parcialmente 0,43 e 0,45 % de N, P, Ca e Mg, respectivamente.
de acordo com o recomendado por Neumann et Porém, a concentração de K foi maior nos colmos.
al. (2011), para os quais um híbrido com boas As maiores concentrações de nutrientes nas folhas
características para produção de silagem deve demonstram a importância que este componente
apresentar menos de 5 folhas secas por planta, possui no fornecimento de nutrientes na
altura de planta entre 1,9 e 2,6 m e inserção de alimentação animal, tornando de suma relevância
espiga entre 0,8 a 1,2 m, produção de MV acima a escolha de híbridos para silagem que apresentem
de 55 Mg ha-1,e MS acima de 18 Mg ha-1 e mais que alto “stay green” e porcentagem do componente na
7 Mg ha-1 de grãos. Além disso, deve apresentar massa. Ainda, que se adotem práticas de manejo
menos de 25% de colmo, mais de 15% de folhas, que mantenham a qualidade e sanidade foliar, como
menos de 20% de brácteas mais sabugo e mais de exemplo, fertilizações nitrogenadas e o controle de
40% de grãos na ensilagem. pragas e doenças foliares.

Tabela 2. Teores de nutrientes nos componentes da planta fragmentados em colmo, folhas, brácteas mais sabugo
(B+S) e grãos na ensilagem, e teores de nutrientes na forragem (planta inteira para ensilagem em estádio R5) e nos
grãos maduros (em estádio R6) de milho do híbrido SG 6010.
TEORES DE NUTRIENTES (%)
FRAÇÕES ANALISADAS
N P K Ca Mg
Colmo 0,83 0,18 1,46 0,20 0,27
Componentes da Folhas 2,19 0,30 0,88 0,43 0,45
planta em R5 B+S 0,83 0,18 0,69 0,11 0,09
Grãos 1,49 0,28 0,35 0,10 0,11
Forragem em R5 1,37 0,24 0,81 0,20 0,22
Grãos em R6 1,80 0,28 0,34 0,12 0,11
Fonte: Elaboração dos autores.

Porém, proporcionalmente à massa produzida os componentes (Tabela 2).

na ensilagem, os grãos são responsáveis, em
Ritchie, Hanway e Benson (2003), verificaram
quantidade, pela maior extração de N e P proveniente
que do N total absorvido pelas plantas, na fase de
do solo e fornecimento para os animais. Já o K é
maturidade fisiológica, aproximadamente 65%
fornecido em maiores proporções pelos colmos,
encontram-se nos grãos, 20% nas folhas, 6% no
enquanto que as folhas são as maiores fontes de Ca
colmo, 3% em sabugo, haste e cabelo, 3% nas
e Mg. O teor de nutrientes nos grãos em R5 (estádio
bainhas das folhas e 3% em palhas e bonecas de
da ensilagem) foi de 1,49; 0,28; 0,35; 0,10 e 0,11%
inserção mais baixa. Quanto ao P, aproximadamente
de N, P, K, Ca e Mg respectivamente (Tabela 2).
75% ficam concentrados nos grãos, 10% nas folhas,
Para os componentes colmo e brácteas mais sabugo
7% no colmo, 3% em sabugo, haste e cabelo, 3%
os respectivos teores foram de 1,46 e 0,69% de K,
nas bainhas das folhas e 2% em palhas e bonecas
0,20 e 0,11% de Ca, 0,27 e 0,09% de Mg. Já, os
de inserção mais baixa. Já o K, diferentemente
teores de N (0,83%) e P (0,18%) foram iguais entre
dos outros elementos, está presente em maior

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Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Ueno, R. K. et al.

concentração na estrutura vegetativa da planta, onde de maturação fisiológica ou época da colheita dos
aproximadamente 35% concentram-se nos grãos, grãos, pois ainda existe um intervalo de tempo entre
5% nas folhas, 30% no colmo, 10% em sabugo, os estádios em que as plantas possivelmente possam
haste e cabelo, 10% nas bainhas das folhas e 10% absorver mais nutrientes do solo.
em palhas e bonecas de inserção mais baixa.
Os teores de nutrientes encontrados nos grãos
Por ocasião do corte para ensilagem, a planta de milho na fase de maturação fisiológica (estádio
inteira (forragem) apresentou teores de 1,37% R6) foram de 1,80% de N, 0,28% de P, 0,34% de K,
de N, 0,24% de P, 0,81% de K, 0,20% de Ca e 0,12% de Ca e 0,11% de Mg (Tabela 2). De forma
0,22% de Mg (Tabela 2). Valores que ficaram semelhante, os teores encontrados por Pauletti
abaixo daqueles apresentados por Pauletti (2004), (2004) foram de 1,58% de N, 0,38% de P, 0,48% de
que encontrou concentrações de nutrientes na MS K, 0,05% de Ca e 0,15% de Mg.
da planta, medida ao final do ciclo da cultura, de
Com relação à extração de nutrientes do solo
2,03% de N, 0,43% de P, 1,63% de K, 0,31% de Ca
pela forragem (Tabela 3), os valores das análises
e 0,30% de Mg. Computando a média de 5 trabalhos
no momento da ensilagem demonstram que os
de pesquisa, Von Pinho et al. (2009) estimaram os
nutrientes extraídos em maior grandeza seguiram a
teores médios de 1,08% de N; 0,87% de K; 0,19%
seguinte ordem decrescente de N > K > P > Mg >
de P; 0,18% para Ca e Mg; e 0,11% de S, na MS da
Ca.
planta ao final do ciclo da cultura, valores próximos
aos encontrados neste trabalho. Ferreira (2009) avaliando diferentes genótipos por
duas safras consecutivas encontrou concentrações
Segundo Von Pinho et al. (2009), no geral, a
de macronutrientes extraídos na seguinte ordem: N
absorção e acúmulo da maior parte dos nutrientes
> K > Mg > Ca > P para a maioria dos híbridos
extraídos do solo seguem quantitativamente a
avaliados no primeiro ano de avaliação; K > N >
mesma dinâmica de desenvolvimento da planta. Os
Ca = Mg > P para todas as variedades melhoradas
nutrientes são absorvidos durante todo o ciclo e as
e regionais no primeiro ano de avaliação; N > K >
diferenças verificadas nas velocidades de absorção
P > Mg > Ca para a maioria dos híbridos avaliados
ocorrem em função do estádio em que a planta se
no segundo ano; K > N > P > Mg > Ca para todas
encontra, e da translocação de nutrientes das folhas e
as variedades melhoradas e regionais, também no
dos colmos para os órgãos reprodutivos (FRANÇA;
segundo ano de avaliação. O autor ressalta que as
COELHO, 2001).
alterações morfofisiológicas dos híbridos modernos
O comparativo de teores de nutrientes da de milho são responsáveis pelas alterações na
planta em ponto de ensilagem (grãos farináceos dinâmica de absorção do N, e a baixa extração de P
a duros, R4 e R5) não reflete fielmente os valores no primeiro ano de cultivo pode estar relacionada à
encontrados quando os teores são analisados na fase baixa disponibilidade de água ocorrida.

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Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com milho para alimentação de bovinos confinados

Tabela 3. Exportação de nutrientes do solo com a colheita da forragem (planta inteira para ensilagem em estádio R5)
e dos grãos maduros (em estádio R6), nutrientes exportados a mais pela forragem e percentual de exportação pelos
grãos de milho do híbrido SG 6010.

NUTRIENTES
FRAÇÃO COLHIDA
N P K Ca Mg
Nutrientes exportados do solo (kg ha-1)
Forragem em R5 (F) 241,31 a 42,14 a 141,99 a 34,87 a 38,40 a
Grãos em R6 (G) 154,80 b 24,17 b 29,37 b 10,64 b 9,11 b
Diferença de exportação (F-G em kg ha-1)
86,51 17,97 112,62 24,23 29,29
Percentual de exportação pelos grãos em relação à forragem (G/F*100)
64,15 57,36 20,68 30,51 23,72
Médias, seguidas de letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste T a 5%.
Fonte: Elaboração dos autores.

Por meio da comparação entre a exportação silagem ou mantida para a colheita dos grãos,
de nutrientes do solo das diferentes práticas de devem-se analisar os teores de nutrientes das
colheita, estimou-se a sobrecarga de nutrientes massas produzidas (grãos ou forragem) da mesma
exportados pela colheita da forragem em relação lavoura, não sendo recomendada a determinação da
à de grãos, conforme as respectivas produções de diferença de exportação por estimativas com base
MS (Tabela 3). Os valores obtidos, expressos em em lavouras conduzidas de formas distintas, uma
kg ha-1 foram de 241,31 vs 154,80 de N; 42,14 vs vez que a dinâmica de absorção de nutrientes pela
24,17 de P; 141,99 vs 29,37 de K; 34,87 vs 10,64 cultura é altamente variável, principalmente por
de Ca e 38,40 vs 9,11 de Mg para forragem e grãos, fatores ambientais e genotípicos.
respectivamente. Com isso, a colheita da planta
Do total de nutrientes encontrados na forragem
inteira exportou do solo 86,51; 17,97; 112,62; 24,23
(Tabela 3), os grãos maduros exportaram 64,15%
e 29,29 kg ha-1 de N, P, K, Ca, Mg a mais do que a
do N, 57,36% do P, 20,68% do K, 30,51% do Ca e
colheita de grãos.
23,72% do Mg, demonstrando que grande parte do
Coelho e França (1995) citados por Coelho K, Ca e Mg extraído pela cultura retornam ao solo
(2006), ao fazerem um comparativo entre níveis de via decomposição palhada. Porém, a maior parte do
produção e exportação de nutrientes do solo pela N e do P absorvidos são exportados com os grãos.
colheita de grãos ou forragem, observaram que
Quando a finalidade da lavoura é a produção de
para a produção de 17.130 kg ha-1 de MS, a cultura
grãos, a maior parte do P absorvido é translocado
do milho exportou do solo 230 kg de N, 23 kg de
para os grãos (77 a 86 %), seguido pelo N (70 a
P, 271 kg de K, 52 kg de Ca e 31 kg de Mg. Já
77 %), o S (60 %), o Mg (47 a 69 %), o K (26 a
para a produção de 9.170 kg ha-1 de grãos, foram
43 %) e o Ca (3 a 7 %) (COELHO, 2006). Com
exportados 187 kg de N, 34 kg de P, 143 kg de K, 30
base nessas taxas de exportação, nota-se que apesar
kg de Ca e 28 kg de Mg. Os autores demonstraram
do componente grão possuir grande concentração
que as exportações dos macronutrientes aumentam
da maioria dos elementos retirados do solo, ainda
linearmente com o aumento da produtividade da
assim, a incorporação dos restos culturais do
cultura.
milho devolve ao solo grande parte dos nutrientes,
Para obtenção da diferença da exportação de principalmente K, Mg e Ca.
nutrientes do solo por uma lavoura colhida para
As divergências quanto aos teores e exportação de

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Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Ueno, R. K. et al.

nutrientes encontrados neste trabalho, comparados fertilizante mineral (Tabela 4), observa-se que para
com o de outros autores, pode ser explicada de a produção da silagem (forragem) foram exportados
acordo com as observações de Ferreira (2009), das glebas 241,31 kg ha-1 de N; 96,50 kg ha-1 de
que indicam que o genótipo, a disponibilidade de P2O5; 170,39 kg ha-1 de K2O; 48,47 kg ha-1 de CaO e
nutrientes no solo e as condições ambientais são as 63,74 kg ha-1 de MgO. Já para a produção de grãos,
principais causas das variações das concentrações foram exportados 154,80 kg ha-1 de N; 55,35 kg ha-1
de nutrientes e capacidade de absorção pelas plantas. de P2O5; 35,24 kg ha-1 de K2O; 14,79 kg ha-1 de CaO
e 15,12 kg ha-1 de MgO, sendo que as adubações
Ao transformar os valores de exportação de
realizadas na cultura forneceram ao solo 148 kg ha-1
nutrientes para as fontes de fornecimento ao solo via
de N, 105 kg ha-1 de P2O5 e 70 kg ha-1 de K2O.

Tabela 4. Fornecimento de nutrientes via adubação, exportação pela colheita e balanço de nutrientes no solo para
obtenção de forragem (planta inteira para ensilagem em estádio R5) ou grãos (em estádio R6) de milho do híbrido SG
6010.

NUTRIENTES (kg ha-1)

1
BALANÇO DE NUTRIENTES
N P2O5 K2O CaO MgO
Fornecimento via adubação
148 105 70 - -
(base e cobertura)
Exportação via forragem (F) 241,31 a 96,50 a 170,39 a 48,47 a 63,74 a
Balanço -93,31 8,50 -100,39 -48,47 -63,74
Exportação via grãos (G) 154,80 b 55,35 b 35,24 b 14,79 b 15,12 b
Balanço -6,80 49,65 34,76 -14,79 -15,12
Diferença de exportação (F-G) 86,51 41,15 135,14 33,68 48,62
Médias, seguidas de letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste T a 5%.
1
Para conversão de P em P2O5; K em K2O; Ca em CaO e Mg em MgO, os valores foram multiplicados por 2,29; 1,20; 1,39 e 1,66;
respectivamente.
Fonte: Elaboração dos autores.

Considerando os valores de fornecimento de nos grãos e em outros componentes estruturais, e é

nutrientes via adubação (Tabela 4), o cultivo para necessário disponibilizar às plantas as quantidades
silagem gerou saldo negativo no solo de 93,31 kg de nutrientes que estas têm capacidade e necessidade
ha-1 de N, 100,39 kg ha-1 de K2O, 48,47 kg ha-1 de de extrair, no entanto, estes nutrientes disponíveis
CaO e 63,64 kg ha-1 de MgO. Para a produção de devem ser repostos pelo solo e pelas adubações. As
grãos, houve somente um pequeno déficit de 6,80 recomendações oficiais de adubação para a cultura
kg ha-1 de N, 14,79 kg ha-1 de CaO e 15,12 kg ha-1 do milho no Brasil são baseadas na produtividade
de MgO (não considerando a calagem para correção média esperada e tipo de exploração, mas segundo
do solo). Contudo, houve saldo positivo para Von Pinho et al. (2009) necessitam ser ajustadas
o solo de 8,5 kg ha-1 de P2O5 para a produção de caso a caso.
silagem e de 49,65 e 34,76 kg ha-1 de P2O5 e K2O, De acordo com Coelho (2006), dados de
respectivamente, quando se considerou a produção experimentos conduzidos com doses moderadas
de grãos. a altas de fertilizantes disponibilizados para o
De acordo com Von Pinho et al. (2009), a desenvolvimento da cultura do milho para grãos e/ou
extração de nutrientes depende do rendimento de silagem demonstraram que a extração de nutrientes
fitomassa obtido e da acumulação de nutrientes (N, P, K, Ca e Mg) pelas plantas cultivadas foi
3012
Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com milho para alimentação de bovinos confinados

maior no nível de alta adubação por incrementar Quanto à fase de fornecimento dos alimentos
linearmente a produção de fitomassa. produzidos para os bovinos de corte em engorda
confinada, os teores de MS referente a amostras
As recomendações oficiais para adubação
coletadas da forragem picada de cada silo, no
da cultura do milho consideram a textura do
momento da ensilagem, apresentaram em média
solo, nível de fertilidade atual, produtividade
33,71%, já os teores de MS das silagens apresentaram
esperada e finalidade da exploração (forragem
média de 33,11%. A massa específica obtida pela
ou grãos), permitindo adequado fornecimento de
compactação da forragem no silo apresentou média
nutrientes à cultura. Porém, a ocorrência de fatores,
de 506 kg m-3 de silagem na matéria natural (MN).
principalmente climáticos, que permitam a obtenção
As perdas de MS durante o processo fermentativo,
de níveis de produtividade de grãos e/ou forragem
resultante da análise dos “bags”, foram de 14,51%,
superiores à estimativa inicial, podem fazer com
na média dos três silos confeccionados.
que a adubação de manutenção realizada não seja
suficiente, havendo risco de ocorrer redução ou Houve diferença significativa entre os tratamentos
esgotamento da fertilidade do solo pela exportação para os teores de N, P, K, Ca e Mg no esterco,
de nutrientes. entretanto, não foram observadas interações entre
tipo de alimentação e período de avaliação, portanto,
Desta maneira, a avaliação do fluxo de nutrientes
os resultados da Tabela 5 representam a média dos
é uma importante ferramenta para o monitoramento
dois períodos de coleta. Os animais que consumiram
de safras de milho, e quando utilizada em conjunto
uma dieta com 80% de grãos de milho, apresentaram
ao plano de aplicação de nutrientes pode melhorar
maiores teores de N (3,22 vs 2,71 %), P (1,87 vs 1,26
a precisão das recomendações de adubação na
%), Ca (4,35 vs 1,75 %) e Mg (0,66 vs 0,43 %) nas
cultura do milho. Além disso, no planejamento de
fezes, comparativamente aos animais alimentados
uma agricultura sustentável, o balanço de entradas
com silagem. No entanto, animais alimentados com
e saídas de nutrientes no sistema é importante para
silagem apresentaram maiores teores de K nas fezes
definir a economia da produção e os níveis de
(0,61 vs 0,30 %), justamente pela maior concentração
fertilidade do solo (HECKMAN et al., 2003).
deste nutriente na forragem.

Tabela 5. Teores médios de nutrientes no esterco de bovinos em confinamento em função do tipo de dieta.

TEORES DE NUTRIENTES NO ESTERCO (%)

DIETAS
N P K Ca Mg
Silagem1 2,71 b 1,26 b 0,61 a 1,75 b 0,43 b
Grãos2 3,22 a 1,87 a 0,30 b 4,35 a 0,66 a
Médias, seguidas de letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste F a 5%.
1
Animais consumindo 5,5 kg animal-1 dia-1 de concentrado + silagem de milho (ad libitum);
2
Animais consumindo 80% de grãos de milho + 20% núcleo proteico, (ad libitum).
Fonte: Elaboração dos autores.

Normalmente o esterco sólido de bovinos possível observar uma considerável discrepância

apresenta 1,5% de N, 0,61% de P, 1,25% de K, entre os valores, contudo, sabe-se que os teores
0,8% de Ca e 0,5% de Mg na MS (CQFS RS/ de nutrientes no esterco podem variar com o
SC, 2004). Comparando estas concentrações de tipo de alimentação. A alta concentração de K
nutrientes com as obtidas no presente trabalho, é sugere que estas amostras de fezes provêm de

3013
Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Ueno, R. K. et al.

animais alimentados com uma maior participação sólido de suínos, que apresenta em sua composição
de forragens nas dietas em relação às usadas no 2,1% de N, 1,22% de P, 2,8% de Ca e 0,8% de Mg
presente trabalho. (CQFS RS/SC, 2004).
Devido à alta participação de grãos nas rações Os valores presentes na Tabela 6 foram
utilizadas neste experimento, a exceção do que utilizados para calcular o potencial de reposição
ocorreu com o K, os teores de alguns nutrientes de nutrientes ao solo pela adubação com o esterco
nas fezes bovinas se assemelharam aos do esterco produzido em cada dieta.

Tabela 6. Produção de silagem ou grãos de milho, consumo animal, número potencial de animais alimentados em
confinamento conforme o tipo de dieta, e produção de esterco.

VARIÁVEIS MENSURADAS
Capacidade de
Produção1 Consumo2 Produção de esterco
DIETA suporte3
kg de MS kg de MS
kg de MS ha-1 animais ha-1 kg de MS ha-1
animal-1 dia-1 animal-1 dia-1
Silagem 15.057 4,56 39 3,07 10.155
Grãos 7.826 5,24 18 1,25 1.862
1
Alimentos produzidos considerando perdas no preparo:
Silagem = 14,51% na fermentação, segundo metodologia dos “bags” (NEUMANN, 2006);
Grãos = 9% entre colheita e transporte, conforme sugerido por EMBRAPA (2010).
2
Representa o consumo de MS apenas do derivado do milho, para bovinos recebendo os seguintes tratamentos:
Silagem = 5,5 kg animal-1 dia-1 de concentrado + silagem de milho (ad libitum);
Grãos = 80% de grãos de milho + 20% núcleo proteico, (ad libitum).
3
Para 84 dias de alimentação.
Fonte: Elaboração dos autores.

Foram encontradas diferenças significativas no comparação aos alimentados com grãos de milho,
potencial de reposição de nutrientes ao solo conforme no esterco de N (276,28 vs 59,37 kg ha-1), P (128,12
o tipo de alimentação fornecida para novilhos em vs 33,37 kg ha-1), K (58,32 vs 5,38 kg ha-1), Ca
confinamento (Tabela 7). Os animais alimentados (177,7 vs 78,89 kg ha-1) e Mg (43,64 vs 11,81 kg ha-
com dieta convencional utilizando silagem de milho 1
), por unidade de área conforme o tipo de alimento
e concentrado apresentaram maiores produções, em colhido.

Tabela 7. Quantidade total de nutrientes no esterco em função do tipo de dieta utilizada no confinamento de bovinos
de corte.
NUTRIENTES NO ESTERCO (kg ha-1)
TIPO DE DIETA
N P K Ca Mg
Silagem de milho1 276,28 a 128,12 a 58,32 a 177,70 a 43,64 a
Grãos de milho2 59,37 b 33,37 b 5,38 b 78,89 b 11,81 b
Médias, seguidas de letras diferentes na coluna, diferem entre si pelo Teste F a 5%.
1
Animais consumindo 5,5 kg animal-1 dia-1 de concentrado + silagem de milho (ad libitum);
2
Animais consumindo 80% de grãos de milho + 20% núcleo proteico, (ad libitum).
Fonte: Elaboração dos autores.

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Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com milho para alimentação de bovinos confinados

Apesar dos teores de nutrientes no esterco serem ao solo, quando se contabilizou a possível reposição
maiores em dietas com grãos, exceto K, o esterco de nutrientes com o retorno pelo esterco à gleba de
dos animais alimentados com silagem apresentou cultivo, possibilitou excedente no solo de 182,97
maior reposição de nutrientes devido à maior kg ha-1 de N, 301,90 kg ha-1 de P2O5, 198,54 kg
quantidade de esterco produzido. ha-1 de CaO e 8,7 kg ha-1 de MgO, porém, ainda
O balanço final de nutrientes no solo após a assim existiria déficit de 30,4 kg ha-1 de K2O. Já a
adubação orgânica, de acordo com o potencial alimentação dos animais baseada no fornecimento
de reposição do esterco de cada tipo de dieta, de grãos e posterior retorno pelo esterco, resultaria
encontra-se na Tabela 8. A prática de alimentação de em excedente na área cultivada de 52,57 kg ha-1 de
animais em confinamento com silagem, apesar de N, 126,06 kg ha-1 de P2O5, 41,21 kg ha-1 de K2O,
inicialmente resultar em maior déficit de nutrientes 94,87 kg ha-1 de CaO e 4,48 kg ha-1 de MgO.

Tabela 8. Balanço de nutrientes no solo após o cultivo do milho, em função do tipo de dieta utilizada na terminação
de bovinos de corte em confinamento.

NUTRIENTES3 (kg ha-1)

BALANÇO DE NUTRIENTES
N P2O5 K2O CaO MgO
Balanço para Silagem -93,31 8,50 -100,39 -48,47 -63,74
Reposição via esterco1 276,28 293,40 69,99 247,01 72,44
Superávit/Déficit 182,97 301,90 -30,40 198,54 8,70
Balanço para Grãos -6,80 49,65 34,76 -14,79 -15,12
Reposição via esterco2 59,37 76,41 6,46 109,66 19,61
Superávit/Déficit 52,57 126,06 41,21 94,87 4,48
1
Animais consumindo 5,5 kg animal-1 dia-1 de concentrado + silagem de milho (ad libitum);
2
Animais consumindo 80% de grãos de milho + 20% núcleo proteico, (ad libitum).
3
Para conversão de P em P2O5; K em K2O; Ca em CaO e Mg em MgO, os valores foram multiplicados por 2,29; 1,20; 1,39 e 1,66;
respectivamente.
Fonte: Elaboração dos autores.

Ambos os sistemas de produção de bovinos favorecem o acúmulo de matéria orgânica no solo

em confinamento apresentaram plena capacidade e apresentam maiores quantidades de nutrientes
de sustentabilidade de nutrientes no solo, e ainda, minerais em relação aos estercos líquidos (CQFS
podendo contribuir com o enriquecimento da RS/SC, 2004).
fertilidade e redução de custos com fertilizantes
Segundo a CQFS RS/SC (2004), os índices
minerais nos cultivos sucessivos.
de eficiência do esterco bovino sólido como
Entretanto, os adubos orgânicos apresentam fertilizantes no primeiro e segundo cultivos
concentrações e taxas variáveis de liberação de são, respectivamente, de 30% e 20% para o N
nutrientes no solo, afetando sua disponibilidade e 80% e 20% para o P. Já no caso do K, é 100%
para as plantas. Os estercos sólidos com altos disponibilizado já no primeiro cultivo. No entanto,
teores de fibra e lignina apresentam maior relação o esterco de animais alimentados com rações mais
C:N (carbono:nitrogênio) e menores quantidades concentradas apresenta maior disponibilidade
de nutrientes, sendo decompostos mais lentamente inicial de nutrientes para as plantas do que o esterco
no solo, e consequentemente liberando menores de animais alimentados com mais volumosos ou
quantidades de nutrientes para as plantas. Entretanto, criados a pasto.

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Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Ueno, R. K. et al.

Portanto, considerando a eficiência de parte na camada de 0 a 5 cm do solo.

disponibilização dos nutrientes do esterco sólido
No mesmo experimento, as quantidades de
de bovinos e contabilizando as entradas e saídas de
adubo mineral e orgânico não foram suficientes
nutrientes da área de cultivo, há um superávit de
para a manutenção do teor de K, porém a adubação
45 kg ha-1 de N para o caso de uso da área para a
orgânica contribuiu para o maior acúmulo de
produção de silagem e 23 kg ha-1 de N no caso de
carbono na camada superficial do solo. Na avaliação
utilização da área para a produção de grãos.
da condutividade elétrica, os autores observaram
De acordo com as recomendações de adubação que houve redução com o aumento da profundidade
orgânica e mineral da CQFS RS/SC (2004), e indicaram que este resultado deveu-se à grande
considerando uma exigência nutricional da cultura remoção de nutrientes, principalmente de K pelas
do milho de 125 kg ha-1.de P2O5 para solos de forrageiras.
baixa fertilidade, com o esterco dos animais que
consumiram silagem seria possível suprir esta
necessidade aplicando 4.300 kg ha-1. Para o manejo Conclusões
de adubação correto, o restante da necessidade dos A colheita de milho para forragem promove
outros nutrientes (quantidade de N e K exigida além maior exportação de nutrientes do solo, exportando
da disponibilizada pela quantia de esterco) deveria das glebas de cultivo 56% a mais de nitrogênio,
ser suprido com a aplicação de fertilizantes minerais, 74% de fósforo, 384% de potássio, 228% de cálcio e
e o excedente do esterco poderia ser remanejado 322% de magnésio, quando comparada à exportação
para outras áreas. promovida pela colheita de grãos.
De outra forma, ao considerar a implantação de A adubação mineral de manutenção realizada
duas culturas anuais que exijam juntas 300 kg ha-1 no manejo da lavoura é suficiente quando somente
de P2O5, o esterco dos animais alimentados com os grãos são colhidos, porém, gera déficits ao solo
silagem poderia ser aplicado em sua totalidade, de 93 kg ha-1 de nitrogênio e 84 kg ha-1 de potássio
extinguindo-se assim a necessidade de outra fonte de quando o milho é colhido como forragem.
P2O5. Considerando a produção de P2O5 no esterco
Os sistemas de produção de bovinos em
de bovinos alimentados com grãos, para o cultivo do
confinamento, alimentados com forragem ou grãos
milho, por exemplo, poderia ser aplicada a quantidade
de milho, apresentam capacidade de manutenção
total de esterco, eliminando a necessidade de realizar
da sustentabilidade de nutrientes no solo e podem
a adubação fosfatada mineral.
contribuir com o enriquecimento da fertilidade e
Silva et al. (2010), monitoraram a fertilidade reduzir os custos com fertilizantes minerais.
do solo por seis anos consecutivos em uma área
Não se deve recomendar o cultivo do milho para
destinada ao cultivo sucessivo de forrageiras de
forragem empregando a adubação recomendada
inverno (aveia preta e azevém) e verão (milho e
para a produção de grãos, uma vez que para este
sorgo) para a produção de silagens, aplicando 0,
tipo de manejo as exigências nutricionais da cultura
50 ou 100% da adubação mineral exigida pelas
visando à manutenção da fertilidade do solo são
culturas, associando a 0, 30, 60 e 90 m3 ha-1 ano-
maiores.
1
de esterco de vacas leiteiras confinadas. Após os
seis anos, os autores concluíram que as maiores
aplicações de adubo mineral e orgânico não foram Agradecimentos
suficientes para alterar a concentração de P em
profundidade, acusando sua permanência em maior Agradecimentos à equipe do Núcleo de Produção
Animal da Universidade Estadual do Centro-
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Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6, p. 3001-3018, nov./dez. 2013
 Exportação de macronutrientes do solo em área cultivada com milho para alimentação de bovinos confinados

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sem fonte de volumoso para bovinos confinados. In:
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Este trabalho foi antecipadamente submetido e HECKMAN, J. R.; SIMS, J. T.; BEEGLE, D. B.; COALE,
aprovado para realização pela Comissão de Ética F. J.; HERBERT, S. J.; BRUULSEMA, T. W.; BAMKA,
W. J. Nutrient removal by corn grain harvest. Agronomy
em Experimentação Animal da Universidade Journal, Madison, v. 95, n. 3, p. 587-591, 2003.
Estadual do Centro-Oeste (CEEA/UNICENTRO) e
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ -
foi realizado de acordo com as normas técnicas de IAPAR. Avaliação estadual de cultivares de milho
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