PEÇA 2 - GRUPO 1 - CONTESTAÇÃO

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

AO DOUTO JUÍZO DA 9º VARA DO TRABALHO DE SÃO LUÍS/MA

Processo n° 01234567-89.2020.5.16.0009

IMPÉRIO GALÁCTICO S.A, pessoa jurídica de direito privado, com sede em


XXXXX, nº XXX, na cidade XXX, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado adiante assinado (procuração anexa), com escritório profissional
no endereço Rua XXX, nº XXX, Jardim XXX, CEP XXX, no município XXX, no Estado
XXX,, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art. 847 da CLT c/c 769 da
CLT, OFERECER:

CONTESTAÇÃO

à reclamação trabalhista que lhe move LANDO CALRISSIAN, já qualificado


nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

1 – DO BREVE RESUMO DA EXORDIAL

Trata-se de Reclamação Trabalhista promovida por Lando Calrissian em desfavor


da Reclamada.

Informou ter colaborado com a Reclamada de 01 de agosto de 2013 a 10 de


agosto de 2021, na função de motorista, com jornada de trabalho de 40 (quarenta) horas
semanais e recebendo salário de R$ 4.350,00 (quatro mil trezentos e cinquenta reais).
Alegou nunca ter gozado de suas férias, trabalhando ininterruptamente desde sua
contratação e que, desde janeiro de 2019, deixou de ter intervalo intrajornada, trabalhando
das 08h às 18h sem intervalos, estando sempre à disposição do seu empregador.

Afirmou ter deixado a Reclamada em 10 de agosto de 2021, devido às condições


precárias de trabalho e ao inadimplemento de obrigações fundamentais por parte da
Reclamada.

Assegurou nunca foi procurado por nenhum preposto da Reclamada para receber
suas verbas rescisórias.

Seguindo sua extensa narrativa, requereu a concessão de tutela antecipada para


obter a liberação do FGTS depositado e as guias do Seguro-Desemprego.

No mérito, postulou o reconhecimento de suposto descumprimento do contrato de


trabalho por parte da Reclamada, para ensejar a rescisão indireta do contrato de trabalho com
base no artigo 483, alínea ‘d’, da CLT.

Pleiteou como data de saída do emprego o dia 04 de outubro de 2021, devido a


projeção do aviso prévio indenizado.

Suplicou, ainda, o pagamento de duas horas extras por dia trabalhado durante
todo o contrato de trabalho e respectivos reflexos, devido a não concessão de intervalo
intrajornada.

Por fim, rogou a condenação da Reclamada ao pagamento das seguintes verbas:

a) saldo de salário de 10 dias;

b) aviso-prévio indenizado de 54 dias;

c) férias em dobro dos períodos aquisitivos 2013/2014,


2014/2015, 2015/2016, 2016/2017, 2017/2018, 2018/2019, 2019/2020
e 2020/2021, além de férias proporcionais do período de 2021/2022,
na proporção de 2/12;

d) 13º salário proporcional de 2021 em 10/12;

e) multa de 40% do FGTS;

f) alternativamente à tutela antecipada pleiteada, requer a


conversão do seguro-desemprego em indenização;
g) honorários advocatícios de sucumbência de 20% (vinte por
cento)

No entanto, Excelência, tais argumentos não merecem prosperar.

2 – DA REALIDADE DOS FATOS

Excelência, em que pese os argumentos suscitados pelo Reclamante em sua peça


vestibular, alguns são totalmente incompatíveis com a verdade dos fatos. Vejamos.

De fato, a Reclamada contratou o Reclamante em 01 de agosto de 2013, para


laborar na função de Motorista de Entregas Internas da empresa, com mesma jornada de
trabalho e salário informados na inicial.

Como se percebe, a Reclamada sempre pagou salário acima do piso salarial, e


jamais deixou de pagar os salários, 13º salário e o FGTS regularmente, conforme
comprovantes. Vê-se, neste quesito, o compromisso da Reclamada em honrar com suas
obrigações trabalhistas e valorizar o serviço do Reclamante.

No entanto, ao contrário do que informou o Reclamante, a Reclamada alterou a


função do trabalhador para Motorista da direção, a partir de 01 de janeiro de 2019, mas com
total com autorização do Reclamante e que, de comum acordo, ele realmente ficava à
disposição da empresa durante o intervalo.

Ademais, o Reclamante não compareceu à empresa após o dia 10 de agosto de


2021, tendo sido dispensado por abandono de emprego em 15 de outubro de 2021.

Em que pese todos os esforços da Reclamada para homologar a rescisão, esta não
logrou êxito, pois não conseguiu contato com o Reclamante, situação em que depositou os
valores da rescisão na conta salário do empregado.

No que tange às demais alegações do Reclamante, é certo que a jornada cumprida


pelo Reclamante sempre esteve pactuada entre as partes por meio de contrato, razão pela qual
junta-se aos autos as folhas de controle de ponto, assinadas pelo Reclamante, devidamente
assinadas, que demonstram o cumprimento do horário combinado, com pequenas variações a
cada dia.
Como se perceberá, Excelência, nos referidos pontos, fica demonstrado que
durante o período aquisitivo 2013/2014, o Reclamante teve 33 (trinta e três) faltas; no
período de 2014/2015, acumulou 41 (quarenta e uma) faltas; no intervalo de 2015/2016,
somou 36 (trinta e seis) faltas; no decorrer de 2016/2017, obteve 42 (quarenta e duas)
faltas; em sua contumaz desídia, o Reclamante condensou 39 (trinta e nove) entre
2017/2018; em 2018/2019, teve 40 (quarenta) faltas; no período 2019/2020, foram mais 35
(trinta e cinco) faltas e, em 2020/2021, houveram 33 (trinta e três) faltas, TODAS
INJUSTIFICADAS, por isso nunca lhe foi permitido gozar de férias, em razão de
determinação legal. Frisa-se que no período relativo a 2021/2022, o Reclamante não obteve
nenhuma falta.

Pela análise dos documentos ora acostados, se afere que, ao contrário do que
alega o Reclamante, todas as obrigações da Reclamada foram adimplidas normalmente. O
que se percebe é que o Reclamante está agindo de completa má-fé, utilizando-se de
argumentações com o fito único de enriquecimento ilícito, não cabendo qualquer procedência
as alegações autorais.

Conforme se demonstrará ao longo da presente peça defensiva, a narrativa do


Reclamante não se coaduna com a verdade dos fatos, o que decerto implicará na
improcedência dos pedidos iniciais.

3 – DA TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, há que se apontar que a presente peça defensiva é tempestiva, uma


vez que oferecida anteriormente ao prazo do artigo 847 da CLT.

4 – PRELIMINAR DE MÉRITO

DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

O reclamante, na petição inicial, postula o pagamento de horas extras no que se


refere a intervalo intrajornada, sem, contudo, articular os fundamentos de fato e de direito que
amparam sua pretensão. Segundo estabelece o art. 330, § 1º, I, do CPC, a petição inicial é
inepta, dentre outras hipóteses, quando lhe faltar pedido ou causa de pedir. No caso em
comento, ocorre em razão do pedido de pagamento de horas extras, por supressão de
intervalo intrajornada não ensejar pagamento de horas extras, mas se tratar de indenização.
Foi o que aconteceu com o pedido de pagamento do intervalo intrajornada de hora extra, por
dia trabalhado, cuja causa de pedir não foi apresentada pelo reclamante.

Esclarece-se que, à luz do art. 337, IV, do CPC, a inépcia da inicial deve ser
analisada em preliminar de contestação. Diante do exposto, requer a extinção do processo
sem resolução do mérito, nos moldes dos arts. 485, I, e 330, I, do CPC (indeferimento da
petição inicial), em relação ao pedido de pagamento de horas extras, por se tratar de pedido
inepto.

5 – DO MÉRITO

DA IMPUGNAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA – ART.790 DA CLT

Com relação a gratuidade de justiça prevista no ordenamento jurídico,


vislumbra-se uma prerrogativa de um acesso mais democrático ao acesso a justiça. Contudo,
para que isso ocorra, é necessário preencher os requisitos específicos para o deferimento de
tal benefício.

Ocorre que, conforme os autos, não fora observado pelo representante do


Reclamante que, uma vez que o seu salário é de R$4.350,00 (quatro mil e trezentos e
cinquenta reais), ultrapassa o teto de 40% do Regime Geral da Previdência Social. Para tanto,
para pleitear a justiça gratuita, o Reclamante deveria receber salário inferior a R$2.834,88,
haja vista que o limite máximo é de R$7.087,22.

Nesse sentido, conforme a alteração trazida pela Reforma Trabalhista de 2017 no


art.790 da CLT, os §§3º e 4º, prevê que os juízes deverão de qualquer instância conceder o
benefício para aqueles que receberem salário igual ou inferior aos 40% do teto do Regime
Geral da Previdência Social. Desse modo, o Reclamante afirma ter recebido o salário de
R$4.350,00, sendo comprovado assim que o mesmo não se enquadra nos requisitos para
deferimento de tal benefício.

DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

O reclamante postulou em sua reclamação trabalhista, ajuizada em 09 de


fevereiro de 2022, parcelas que retroagem à data de sua admissão, que ocorreu em 01 de
agosto de 2013. Com base nos arts. 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT, o direito de ação quanto a
créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em 5 anos, contados da data do
ajuizamento da ação (Súmula 308, I, do TST). Diante do exposto, requer a extinção do
processo, com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC, quanto às parcelas
anteriores aos últimos 5 anos, contados do ajuizamento da ação, ou seja, anteriores a 09 de
fevereiro de 2017, que foram postuladas.

DO NÃO CABIMENTO DA RESCISÃO INDIRETA. ARTIGO 483, ALÍNEA ‘D’, DA


CLT. E A INVIABILIDADE DO RECEBIMENTO DO AVISO PRÉVIO
INDENIZADO

O Reclamante, Lando Calrissian, requer a rescisão do contrato de trabalho nos


termos do art.483, alínea ‘d’, da CLT, com a data de saída no dia 04 de outubro de 2021, em
razão da projeção do aviso prévio indenizado com o pagamento dessa verba no período de 54
dias.

Segundo a verificação dos autos, o Reclamante não compareceu mais à empresa


após o dia 10 de agosto de 2021, sem que qualquer justificativa fosse formalizada, para que
pudesse esclarecer a sua ausência.

Diante disso, observa-se que é notória a caracterização do abandono de emprego,


visto que o Reclamante não compareceu ao local de trabalho por um período superior a 30
dias, sem formalizar o seu desligamento junto à empresa ou que esclarecesse a sua ausência.
Assim exposto, o reclamante, quando entende por rescindir indiretamente o
contrato, deveria, tão logo se retirar do serviço e solicitar judicialmente a rescisão indireta, o
que não houve no caso em tela. senão vejamos o entendimento:

[...]RESCISÃO INDIRETA. Quando o trabalhador objetiva dar por


rescindido indiretamente o contrato de emprego, deve denunciá-lo em juízo tão
logo retire-se da empresa. Não é o que ocorre in casu, já que o empregado deixa o
serviço em 06.09.96, segundo consta na inicial, e ajuíza ação, na qual pleiteia a
desconstituição da relação de emprego, somente em 05/02/97. [...]. [...]A demora
no ajuizamento da ação faz crer que as faltas patronais foram perdoadas pelo
empregado. Apelo provido, sendo indevidas as rescisórias deferidas (aviso
prévio, férias proporcionais, natalina, multa de 40% do FGTS e liberação do
FGTS. (TRT-4 - RO: 96009519975040751 RS 0009600-95.1997.5.04.0751,
Relator: DENISE MARIA DE BARROS, Data de Julgamento: 03/08/1999, Vara do
Trabalho de Santa Rosa)

Corroborando com este sentido que colaciona-se trecho da decisão proferida pelo
TRT4 acerca da descaracterização da rescisão indireta, em decorrência do lapso temporal em
que o empregado deixou o serviço, sem propor a ação, caracterizando assim abandono de
emprego, se não vejamos:

RECURSO ORDINÁRIO DO CONSIGNADO/RECLAMANTE.


JUSTA CAUSA RESCISÓRIA ABANDONO DE EMPREGO. Em restando
comprovado nos autos que foi do Consignado/Reclamante a iniciativa de deixar o
posto de trabalho, a Consignante/Reclamada se desincumbiu, satisfatoriamente, do
seu ônus probatório acerca do motivo ensejador da ruptura contratual (art. 818 da
CLT c/c o art. 333, II, do CPC). Não se aplica à hipótese, portanto, a Súmula n.º 32
do C. TST, a qual dispõe ser de 30 dias a presunção de abandono de emprego.
Conforme citação jurisprudencial feita por Valentin Carrion, em sua obra
“Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho” (30ª edição), para se
caracterizar o abandono de emprego, “há necessidade de: a) ausência injustificada;
b) mais ou menos longa (a jurisprudência fixa em 30 dias), mas pode ser inferior,
se houver outras circunstâncias evidenciadoras (ex.: exercício de outro emprego); c)
intenção de abandono (em 30 dias), presume-se; é do empregado ônus da prova
em contrário; antes desse prazo a presunção é de que não houve abandono, e o ônus
da prova pertence ao empregador (TST, 3ª T., RR 4.037/70, AC. 84/71, LTr 35/532,
1971; também Russomano, ob. cit .).” Recurso Ordinário parcialmente provido.
(Processo: RO - 0000917-25.2011.5.06.0201 (01414-2007-144-06-00-0), Redator:
Eneida Melo Correia de Araújo, Data de julgamento: 11/04/2012, Segunda Turma,
Data de publicação: 20/04/2012) (TRT-6 - RO: 00009172520115060201, Data de
Julgamento: 11/04/2012, Segunda Turma, Data de Publicação: 20/04/2012)

Para tanto, o art.482, ‘i’, da CLT, discorre que o abandono de emprego


considera-se justa causa para fundamentar a rescisão do contrato de trabalho por parte do
empregador, sendo vislumbrado no caso em questão. Dessa maneira, conforme o artigo que
fora supracitado, é inviável o Reclamante perceber o benefício do aviso prévio indenizado.

Nesse sentido, a jurisprudência prevê que:

JUSTA CAUSA. COMPROVAÇÃO. REINTEGRAÇÃO NO EMPREGO E DANO


MORAL INDEVIDOS. (...) Por conseguinte, em existindo justa causa, não há
que se falar em aviso prévio indenizado (...). De igual sorte, não faz jus o
trabalhador à pretensão indenizatória. Sentença em que se reforma em parte.

(TRT – 1 – RO: 01003303520165010052 RJ, Relator: MARIA APARECIDA


COUTINHO MAGALHÃES, Data de Julgamento: 09/09/2009, 8ª TURMA, Data
de Publicação: 25/09/2009). (grifo nosso).

Portanto, com o que fora supracitado, torna-se inviável a fixação da data de saída
do Reclamado em 04 de outubro de 2021, além disso, a condenação da Reclamada ao
pagamento das verbas referente ao aviso prévio indenizatório de 54 dias, uma vez que houve
o abandono do local de trabalho e o empregado não compareceu à empresa após o dia 10 de
agosto de 2021.

DO DIREITO ÀS FÉRIAS
É mister que o direito às férias seja constitucionalmente previsto, sendo
assegurado ao trabalhador o gozo anual, remunerado com o adicional de um terço do salário
normal, conforme art. 7º, XVII. Assim é assegurado para resguardar a saúde do trabalhador,
visto que a constante labuta o traria mazelas.

O descanso anual tem o objetivo de eliminar as toxinas originadas pela fadiga e que
não foram liberadas nos repousos semanais, descansos entre e intrajornadas. O
trabalho contínuo, dia após dia, gera grande desgaste físico e intelectual,
acumulando preocupações, obrigações e outros fenômenos psicológicos e
biológicos adquiridos em virtude dos problemas funcionais do cotidiano. Um
período maior de descanso permite uma melhor reposição de energia e restaura o
equilíbrio orgânico. As férias se constituem em forma de higiene social e mental.
(Resumo de direito do trabalho / Vólia Bomfim Cassar. – 6. ed., rev., atual. e ampl.
– Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018)

Entretanto, ressalta-se que assim como os demais direitos, este não é absoluto.
Caso o trabalhador dê causa, poderá sofrer restrições e limitações ao seu direito anual de
gozar das férias.
Essas limitações não são discricionárias e não pode o empregador impor ao seu
belprazer. deve, de maneira diversa, se atentar ao que o legislador expressa nas normas
trabalhistas, em especial nos ditames do art. 130, da CLT, que dita o seguinte:

Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de


trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção:
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco)
vezes;
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze)
faltas;
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três)
faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e
duas) faltas.
§ 1º - É vedado descontar, do período de férias, as faltas do empregado ao serviço.
§ 2º - O período das férias será computado, para todos os efeitos, como tempo de
serviço.

Conforme se observa, as faltas durante o período aquisitivo dirão a extensão do


direito às férias do trabalhador. Ressalta-se que essas faltas que trata o referido artigo são
aquelas que não foram justificadas pelo funcionário.
Ao faltar injustificadamente, gradualmente seu período de gozo se reduz,
limitando-se o legislador às 32 faltas. Contudo é pacífico na doutrina e jurisprudência que,
acima disso, o funcionário perde o seu direito ao gozo anual.

A lei não é explícita, mas, se com até 32 faltas injustificadas o empregado tem
direito ao mínimo de férias (12 dias), com mais de 32 faltas ele perderá o direito às
férias. Isso é absolutamente pacífico na doutrina e na jurisprudência. (Direito do
trabalho / Ricardo Resende. – 8. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO 2020)

Dessa maneira também estão aliados os Tribunais Regionais do Trabalho, como


pode ser observado através de seus julgados:

FÉRIAS RELATIVAS AO PERÍODO AQUISITIVO DE 2019/2020. MULTA


DO ARTIGO 477 DA CLT: A reclamada assevera que restou demonstrado nos
autos que "as férias vencidas (2019/2020) foram quitadas por faltas (fls. 73), visto
que o empregado faltou por 61 dias nesse período aquisitivo (vide cartões de ponto
fls. 92/105). Sendo assim, a sentença de mérito deferiu o pagamento das férias
vencidas, sem, contudo, observar que em razão das 61 faltas injustificadas e
comprovadas nos cartões de ponto, o Reclamante não fazia jus ao pagamento das
mesmas conforme previsão legal (art. 130, CLT). Motivos pelos quais, pugna pela
reforma do julgado para excluir a condenação ao pagamento das férias do período
2019/2020, e via de consequência, não havendo verbas rescisórias pendentes de
pagamento, seja excluída a aplicação da multa do art. 477, da CLT." Examino. A
condenação ao pagamento das férias vencidas, relativas ao período de 2019/2020 e
da multa do artigo 477 da CLT tiveram o seguinte embasamento (fl. 177): "Não
obstante, o TRCT anexado à defesa (ID6de0495) revela que o reclamante não
recebeu as férias vencidas, relativas ao período 2019/2020. Portanto, à míngua da
prova cabal de quitação, defiro ao obreiro o seu pagamento, acrescido do terço
constitucional, bem como a multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT." Contudo, a
empresa afirmou em defesa que "no que concerne ao pedido de reflexo nas férias
vencidas, este é improcedente visto que as férias relativas ao período aquisitivo de
11/11/2019 à 10/11/2020 foram 'quitadas' por faltas (61 faltas no período), nos
termos do art. 130, da CLT" (fl. 73). A relação entre faltas injustificadas e férias é
regulada pelo citado artigo 130 da CLT, do qual se extrai que, se o empregado tiver
mais de 32 faltas injustificadas ao trabalho, perde o direito às férias. Os cartões de
ponto a partir da fl. 97 dão conta das inúmeras faltas injustificadas ao trabalho, que
ultrapassaram o limite legal de 32. Assim sendo, o reclamante não faz jus ao
pagamento das férias do período aquisitivo 2019/2020. Destarte, dou provimento
para absolver a reclamada da condenação ao pagamento de "férias vencidas,
relativas ao período 2019 /2020, acrescidas do terço constitucional" da multa do
§8º do art.477 da CLT (TRT-3-MG: 0010643-14.2021.5.03.0053 RORSum, Relator:
RODRIGO RIBEIRO BUENO, Data de Julgamento: 23/02/2022)

DIREITO DO TRABALHO. FÉRIAS. FALTAS INJUSTIFICADAS. INDEVIDAS.


Nos termos do artigo 130 da CLT, tem o trabalhador direito às férias na seguinte
proporção: após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de
trabalho, 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5
(cinco) vezes; 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14
(quatorze) faltas;18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23
(vinte e três) faltas; 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e
quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. Havendo faltas injustificadas acima destes limites,
não faz jus o empregado às férias. Recurso ordinário a que se nega provimento.
(TRT da 2ª Região; Processo: 1001077-24.2019.5.02.0020; Data: 17-09-2020;
Órgão Julgador: 17ª Turma - Cadeira 3 - 17ª Turma; Relator(a): CARLOS
ROBERTO HUSEK)

Isto posto, faz-se inviável conceder o pedido de férias do reclamante, tendo em


vista que nos períodos aquisitivos de 2013/2014, o reclamante teve 33 faltas; em 2014/2015,
41 faltas; no período 2015/2016, teve 36 faltas; em 2016/2017, teve 42 faltas; em 2017/2018,
foram 39 faltas; em 2018/2019, teve 40 faltas; no período 2019/2020, foram mais 35 faltas e,
em 2020/2021, houveram 33 faltas, conforme comprova a folha de ponto com a frequência do
funcionário (DOC XX). Em nenhum desses o reclamante fazia jus ao direito de férias por
conta das faltas exacerbadas que possuía, o único período que enseja o direito de receber
férias proporcionais seria o vigente período aquisitivo 2021/2022, o qual já fora retribuído
através das verbas rescisórias (DOC XX).

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA
A antecipação da tutela não merece prosperar, pelo não atendimento dos pressupostos
de concessão dos benefícios pleiteados, vez que o reclamante não comprovou fazer jus ao
saque do FGTS ou à concessão do seguro-desemprego.

Acontece que, quando demitido por justa causa, o trabalhador não tem direito ao
saque do FGTS, muito menos à multa de 40% sobre o saldo total do FGTS presente na conta.

O saque integral desse benefício é liberado somente em caso de demissão sem justa
causa, aposentadoria, doença ou aquisição da residência própria.

No caso em questão, resta confesso na exordial que foi do Reclamante a iniciativa de


deixar o posto de trabalho, assim a Reclamada se desincumbiu, satisfatoriamente, do seu ônus
probatório acerca do motivo ensejador da ruptura contratual.

Ademais, além da confissão do reclamante, resta-se presumido o abandono, pois


decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, a presunção é de que houve abandono, e o ônus da prova
pertence ao empregado, por força da Súmula nº 32 do TST , in verbis:

“Presume-se o abandono de emprego se o trabalhador não retornar ao serviço no


prazo de 30 (trinta) dias após a cessação do benefício previdenciário nem justificar o motivo
de não o fazer.”

No que tange ao seguro desemprego, o critério único da assinatura na Carteira de


Trabalho e Previdência Social (CTPS) não é o suficiente para dar direito a acessar o
benefício. É essencial que o reclamante tenha sido dispensado sem justa causa, o que não
ocorreu.

Desta forma, a concessão de tutela antecipada para obter a liberação do FGTS e


depósito das guias do Seguro-Desemprego não merece prosperar, visto que o reclamado não
comprovou fazer jus aos direitos pleiteados.

DA JORNADA DE TRABALHO
V. Exa., é de entendimento universal a veracidade do controle de frequência
através de assinatura do empregado em pasta ou folha de ponto.

Prova disso, é o entendimento pacificado nos tribunais brasileiros quando se


deparam com tal prova inquestionável:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA


RECLAMADA. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.467/2017. HORAS EXTRAS - CONTROLE DE PONTO - VARIAÇÕES
ÍNFIMAS - HORÁRIO BRITÂNICO - AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA.
O processamento do recurso de revista na vigência da Lei nº 13.467/2017
exige que a causa apresente transcendência com relação aos aspectos de
natureza econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT).
Sucede que, pelo prisma da transcendência, o recurso de revista não atende
a nenhum dos requisitos referidos. Este Tribunal consolidou o
entendimento de que, diante da ausência de juntada de cartões de ponto, ou
da apresentação de controle de jornada com horários uniformes, há
presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho alegada na inicial, a
qual somente pode ser elidida por prova contrária. No caso, conforme
consignado pelo acórdão regional, restou comprovado nos autos
que a jornada anotada nos cartões de ponto era a efetivamente
cumprida pelo reclamante, apesar das variações apresentadas
serem ínfimas. Ou seja, ainda que invertido o ônus da prova, a
reclamada se desonerou de seu encargo, não havendo de se falar em
contrariedade à Súmula 338, III, do TST. Agravo de instrumento a que se
nega provimento. INTERVALO INTRAJORNADA - TRABALHADOR
EXTERNO - ÔNUS DA PROVA - AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA. O
processamento do recurso de revista na vigência da Lei nº 13.467/2017 exige
que a causa apresente transcendência com relação aos aspectos de natureza
econômica, política, social ou jurídica (artigo 896-A da CLT). Sucede que,
pelo prisma da transcendência, o recurso de revista não atende a nenhum
dos requisitos referidos. O acórdão regional decidiu em consonância com a
jurisprudência do Tribunal Superior, no sentido de que cabe ao empregado
que exerce atividade externa comprovar a não fruição do intervalo
intrajornada, ainda que seja possível o controle do início e do fim da jornada
de trabalho do empregado que labora externamente. Agravo de instrumento
a que se nega provimento.

(TST - AIRR: 102836020175180002, Relator: Renato De Lacerda Paiva,


Data de Julgamento: 23/02/2022, 7ª Turma, Data de Publicação:
04/03/2022)
A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO POR REDE CONECTA SERVIÇOS DE REDE S.A.
NULIDADE DO JULGADO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. No caso concreto, verifica-se que a postura adotada pelo
Tribunal de origem não se confunde com a negativa de entrega da jurisdição,
pois o posicionamento desfavorável à tese daquele que recorre não importa
em lacuna na prestação jurisdicional. Agravo de instrumento conhecido e
desprovido . B) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO POR ELIALDO SANTOS ALVES. 1. NULIDADE DO
JULGADO POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. No caso
concreto, verifica-se que a postura adotada pelo Tribunal de origem não se
confunde com a negativa de entrega da jurisdição, pois o posicionamento
desfavorável à tese daquele que recorre não importa em lacuna na prestação
jurisdicional. 2. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO ELETRÔNICOS.
VALIDADE . O Tribunal Regional entendeu que deveria limitar a
condenação de horas extras aos períodos do contrato em que não
foram apresentados controles de ponto, excluindo o pagamento
de sobre jornada nos meses em que a reclamada apresentou os
registros de jornada. Assim se posicionou, em razão do cotejo
realizado entre os controles de frequência, reputados válidos,
com os contracheques coligidos ao processo. Ressaltou que o
julgador tão somente não se convenceu, em face da prova documental
produzida, de que, durante todo o período contratual, o controle se realizou
por meio de registros manuais. Ressalte-se, que a jurisprudência deste
Tribunal Superior se firmou no sentido de que a ausência de assinatura do
empregado nos cartões de ponto não afasta a sua validade como meio de
prova e tampouco é capaz de transferir o ônus probatório da jornada ao
empregador. Acrescente-se que o artigo 74, § 2º, da CLT apenas permite a
assinalação prévia do intervalo para descanso e alimentação, de forma que
os cartões de ponto juntados pela reclamada, mesmo ausente a assinatura
do reclamante e sem a emissão do comprovante desse interregno, são
válidos, e, portanto, não há falar em inversão do ônus da prova, que
continua a ser do empregado. Não se divisa, portanto, violação do art. 74, §
2º, da CLT e sequer contrariedade à Súmula nº 338, I, do TST. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido .

(TST - AIRR: 5830820145200003, Relator: Dora Maria Da Costa, Data de


Julgamento: 14/10/2020, 8ª Turma, Data de Publicação: 16/10/2020)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA -
DESCABIMENTO. 1 . HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO. VALIDADE.
O Tribunal Regional, ao analisar o conjunto probatório dos autos, concluiu
pela validade dos controles de ponto, ressaltando que o autor não se
desincumbiu do ônus de demonstrar a jornada exorbitante descrita na
inicial. Nesse contexto, eventual acolhimento das arguições da parte
implicaria, inevitavelmente, o revolvimento dos fatos e prova dos autos,
procedimento incompatível com a fase extraordinária em que se encontra o
processo, nos termos da Súmula nº 126 do TST. 2. INTERVALO
INTRAJORNADA. A Corte de origem, ao analisar o conjunto
probatório dos autos, registrou que o intervalo intrajornada se
encontra pré-assinalado, em conformidade ao § 2º do art. 74 da
CLT, e que "a prova oral não é apta a desconstituir a prova
documental." O recurso de revista se concentra na avaliação do direito
posto em discussão. Em tal via, já não são revolvidos fatos e provas, campo
em que remanesce soberana a instância regional. Diante de tal
peculiaridade, o deslinde do apelo considerará, apenas, a realidade que o
acórdão atacado revelar (Súmula 126 do TST). Agravo de instrumento
conhecido e desprovido.

(TST - AIRR: 204928520155040281, Relator: Alberto Luiz Bresciani De


Fontan Pereira, Data de Julgamento: 09/09/2020, 3ª Turma, Data de
Publicação: 11/09/2020)

(grifo nosso)

Conforme a folha de pontos em anexo aos autos e entendimento


jurisprudencial pacificado, não há mais o que se falar em jornada excedida ou hora
extra; Visto que o Reclamante mesmo realizou todas as assinaturas do real
cumprimento da carga horária.

Assim sendo, é totalmente improcedente as alegações da parte autora referente


aos valores devidos em decorrência de jornada extraordinária.

Diante disso, o pedido de horas extras deve ser julgado totalmente improcedente.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
No âmbito da Justiça do Trabalho, os honorários sucumbenciais dotam de
tratativa específica da CLT. É sabido que com o advento do CPC/15, o legislador assegurou
que o advogado da parte vencedora recebesse da parte vencida honorários fixados “entre o
mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa”,
observados os parâmetros descritos no art. 85 do CPC/15.
Contudo, a CLT dispõe de maneira diversa no art. 791-A, onde, mesmo atuando
em causa própria, o advogado vencedor faz jus ao montante de 5% a 15%, sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, observados os parâmetros do referido artigo.
Deste modo, é descabido o pedido do reclamante em ver os honorários fixados
em valor maior do que permite a CLT, sendo o correto a fixação nos parâmetros da legislação
regente das ações trabalhistas.

PEDIDOS

Diante das considerações expostas, requer que V. Exa. defira:

a) Seja acolhida a preliminar de inépcia da inicial, uma vez que não deve se sustentar o
pedido ao pagamento de horas extras, por supressão do intervalo intrajornada.
b) Se conceda a procedência das preliminares, da prescrição quinquenal, com seus
respectivos efeitos supracitados.
c) No tocante ao mérito, sejam julgados os pedidos improcedentes, em conformidade com a
legislação vigor, de acordo com a fundamentação desta peça contestatória.
d) Condenação do reclamante ao pagamento de honorários de sucumbência nos termos do art.
791-A da CLT.
e) Feita a improcedência total da referida reclamação trabalhista.
f) Que seja reconhecido o abandono de emprego ao referido reclamante, sendo
observada com os respectivos reflexos nas verbas rescisórias.
g) A produção de todas as provas admitidas em direito.

Nesses termos,
Pede deferimento.
Local, Data
Advogados (a)

GRUPO 01
Carolyn Nemete
Gustavo Boucinhas
Italo Araripe
Larissa Boskos
Laura Lima
Matheus Borges
Roberto Pacheco
Vanessa Chaves

Você também pode gostar