Farmacologia Integrada - Varios Autores

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Jeferson Falcão do Amaral

Mauro Vinicius Dutra Girão


Samylla Maira Costa Siqueira
Rossano Sartori Dal Molin
(Organizadores)

FARMACOLOGIA
farmacologia INTEGRADA
integrada
pesquisas emergentes em casos,
efeitos e usos clínicos

editora

científica digital
Jeferson Falcão do Amaral
Mauro Vinicius Dutra Girão
Samylla Maira Costa Siqueira
Rossano Sartori Dal Molin
(Organizadores)

FARMACOLOGIA
farmacologia INTEGRADA
integrada
pesquisas emergentes em casos,
efeitos e usos clínicos

1ª EDIÇÃO

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científica digital

2022 - GUARUJÁ - SP
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EDITORA CIENTÍFICA DIGITAL LTDA


Guarujá - São Paulo - Brasil
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Diagramação e arte 2022 by Editora Científica Digital


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F233 Farmacologia integrada: pesquisas emergentes em casos, efeitos e usos clínicos / Jeferson Falcão do Amaral (Organizador),
Mauro Vinicius Dutra Girão (Organizador), Samylla Maira Costa Siqueira (Organizadora), et al. – Guarujá-SP: Científica
Digital, 2022.
E-BOOK
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Outro organizador: Rossano Sartori Dal Molin


Formato: PDF
Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5360-110-9
DOI 10.37885/978-65-5360-110-9
1. Farmacologia. I. Amaral, Jeferson Falcão (Organizador). II. Girão, Mauro Vinicius Dutra (Organizador). III. Siqueira,
Samylla Maira Costa (Organizadora). IV. Título.

2022
CDD 615
Índice para catálogo sistemático: I. Farmacologia
Elaborado por Janaina Ramos – CRB-8/9166
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Prof. Me. Rayme Tiago Rodrigues Costa Profª. Esp. Nássarah Jabur Lot Rodrigues Prof. Dr. Joachin Melo Azevedo Neto
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Brasil Universidade Estadual Paulista, Brasil Universidade de Pernambuco, Brasil
APRESENTAÇÃO

A presente obra foi desenvolvida na perspectiva da construção coletiva do conhecimento, de forma inter/multidisciplinar,
para que os diversos saberes compartilhados aqui possam servir de fundamentação e suporte para novas produções sobre
o Tema Farmacologia Integrada, no âmbito clínico e emergente a respeito de discussões sobre saúde, medicamentos,
tratamento farmacológico de doenças e qualidade de vida. As diversas abordagens interdisciplinares contidas nesta obra
proporcionarão reflexões e novos insights não apenas para os profissionais de Enfermagem, mas para todos os profissionais
de saúde, professores, alunos de graduação/pós-graduação e pesquisadores que queiram se aprofundar nas diversas temáticas
relacionadas a Farmacologia e Medicamentos tais como: Segurança Medicamentosa do paciente, Uso Racional de Medicamentos,
Farmacocinética, Aprazamento de Medicamentos e adesão medicamentosa do paciente. Agradecemos aos autores pelo empenho,
disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que esta obra sirva de
instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos níveis de ensino em seus trabalhos e demais
interessados pela temática.

Prof. Dr. Jeferson Falcão do Amaral


Prof. Me. Mauro Vinicius Dutra Girão
Profª. Dra. Samylla Maira Costa Siqueira
Prof. Dr. Rossano Sartori Dal Molin
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01
ADSORÇÃO DO FÁRMACO DICLOFENACO EM SOLUÇÃO AQUOSA POR BIOCARVÃO COM USO DE PLANEJAMENTO
EXPERIMENTAL
Hellen Cristina Flor Lima-Schillo; Helder Lopes Vasconcelos; Márcia Regina Simões; Douglas Cardoso Dragunski

' 10.37885/220308339......................................................................................................................................................................... 10

CAPÍTULO 02
ANÁLISE COMPORTAMENTAL EM RATOS JOVENS TRATADOS COM NICOTINA: COMPORTAMENTO E NICOTINA
Carlos Alberto da Silva; Luciana Maria de Hollanda; Maria Carolina Basso Sacciloto; Carlos Eduardo Divino Pettermann; Bruno Damião

' 10.37885/220408546......................................................................................................................................................................... 30

CAPÍTULO 03
ATENÇÃO FARMACÊUTICA COMO FERRAMENTA DE DIMINUIÇÃO DE PRMS NA FARMACOTERAPIA DO DIABETES
MELLITUS TIPO 2

Hugo Antonio Queiroz Ramos; Liliane Bezerra de Lima; Priscyla Lima de Andrade

' 10.37885/220408753......................................................................................................................................................................... 42

CAPÍTULO 04
CONHECIMENTOS DOS FREQUENTADORES DE UMA PRAÇA EM SERRA-ES SOBRE O USO IRRACIONAL DE
ANTIBIÓTICOS E RESISTÊNCIA BACTERIANA

Cláudia Janaina Torres Müller; André Luiz Barbosa Dantas; Odilon Azevedo Calian

' 10.37885/220207825......................................................................................................................................................................... 57

CAPÍTULO 05
ESTUDO IN SILICO DA ESPÉCIE DYSPHANIA AMBROSIOIDES USADA PELA COMUNIDADE QUILOMBOLA TIMBÓ,
PERNAMBUCO, BRASIL

Danielly Larissa de Moraes Lima Silva; Giani Maria Cavalcante

' 10.37885/220308373......................................................................................................................................................................... 74

CAPÍTULO 06
PROCESSO DE ENSINO DE FARMACOLOGIA NO CONTEXTO REMOTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Taiane Rodrigues da Costa; Rauan de Alcântara Alexandre; Ana Alinne Gomes da Penha; Luis Rafael Leite Sampaio

' 10.37885/220408536......................................................................................................................................................................... 83
SUMÁRIO

CAPÍTULO 07
SÍNTESE DO FÁRMACO PIOGLITAZONA
Paula Almeida Meira; Renan Rodrigues de Oliveira Silva; Mauri Sergio Alves Palma

' 10.37885/220408524......................................................................................................................................................................... 91
CAPÍTULO 08
UMA ABORDAGEM A RESPEITO DA FARMÁCIA HOSPITALAR

Ediran Ericles Pontes dos Anjos; Elivelton Pontes dos Anjos; Joelma Maria dos Santos da Silva Apolinário; Gustavo Henrique Dantas
Paiva; Taisa Roberta Dias Paulino; Gineide Conceição dos Anjos

' 10.37885/220107262.......................................................................................................................................................................... 102

SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................................................................. 120

ÍNDICE REMISSIVO.............................................................................................................................................. 122


01
Adsorção do fármaco diclofenaco em
solução aquosa por biocarvão com uso de
planejamento experimental

Hellen Cristina Flor Lima-Schillo Márcia Regina Simões


Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

Helder Lopes Vasconcelos Douglas Cardoso Dragunski


Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE

'10.37885/220308339
RESUMO

Os resíduos de fármacos em águas destacam-se devido ao impacto causado no meio am-


biente por sua difícil remoção. A adsorção é um método alternativo, de baixo custo e eficiente
para remoção de espécies presentes em níveis baixos. O objetivo foi empregar o planeja-
mento experimental para obter as condições ótimas da adsorção do fármaco diclofenaco em
solução aquosa por meio do biocarvão de folhas de mandioca bem como avaliar cinética e
isoterma de adsorção. Para os ensaios de adsorção, foi empregado o delineamento composto
central, utilizando-se três fatores em dois níveis, com três repetições no ponto central: pH
(5,0; 7,0 e 9,0), massa de biocarvão (25; 50 e 75 mg) e concentração do fármaco (15; 27,5
e 40 mg/L). Após agitação, filtração e leitura em espectrofotômetro UV, foram calculadas a
concentração final e a quantidade adsorvida de diclofenaco. O comportamento cinético foi
avaliado através dos modelos lineares de pseudoprimeira ordem e pseudo-segunda ordem
e a isoterma pelos modelos de Langmuir e Freundlich. As melhores condições de adsorção
do fármaco em solução aquosa foram obtidas com menor massa de biocarvão e maior con-
centração do fármaco. A remoção do diclofenaco pelo biocarvão ocorreu de maneira muito
rápida, tendo atingido 99% em 20 minutos, tempo considerado em que o sistema atingiu o
equilíbrio químico de adsorção. Os modelos cinético e isotérmico que melhor se ajusturam
aos dados experimentais foram pseudo-segunda ordem e Freundlich, respectivamente. O bio-
carvão apresentou resultados promissores, sendo uma alternativa potencial para remoção
de diclofenaco em águas.

Palavras-chave: Biossorvente, Remoção, Solução Aquosa, Delineamento Composto Central.


INTRODUÇÃO

O fármaco diclofenaco sódico pertence à classe de anti-inflamatórios não esteroides


e possui um consumo bastante elevado pela população devido às suas propriedades anal-
gésicas e antipiréticas. Resíduos de fármacos chegam até as águas por diversas fontes de
contaminação, sendo as principais, a liberação através da excreção de humanos e animais,
o descarte de medicamentos e os efluentes industriais. Como os tratamentos de água e
esgoto não conseguem eliminar completamente estes fármacos, ocorre a necessidade do
desenvolvimento de novas tecnologias que sejam capazes de tal eliminação, já que as
existentes possuem alto custo; com isso, a adsorção surge como um método alternativo
de baixo custo e alta eficiência. E o uso de ferramentas estatísticas, como o planejamento
fatorial e a superfície de resposta, otimiza as condições experimentais com o mínimo de
experimentos possíveis e revela as contribuições das variáveis da técnica na resposta ana-
lítica de forma mútua.
Portanto, o estudo tem como objetivos avaliar o processo de adsorção do fármaco diclo-
fenaco de sódio em solução aquosa por meio do biocarvão de folhas de mandioca utilizando
planejamento fatorial 23, assim como avaliar o efeito dos fatores pH, massa do biocarvão e
concentração do fármaco, bem como suas interações, no processo de adsorção. Além de
investigar a cinética de adsorção e determinar o modelo de isoterma que melhor se ajusta
ao processo de adsorção de diclofenaco sódico em biocarvão de folha de mandioca ativado
com ácido fosfórico.
O biocarvão é um composto carbonáceo, de granulação fina e porosa, resultante da
queima incompleta de diversas biomassas; além da facilidade na produção, o biocarvão
surge como uma alternativa à destinação de resíduos o que vem tornando-o muito utilizado
como adsorvente.

REVISÃO DE LITERATURA

Nas últimas décadas, a crescente expansão dos centros urbanos, das indústrias, da
agricultura e da pecuária tem contribuído com o aumento na contaminação de rios, lagos
e reservatórios por diversos compostos orgânicos sintéticos, estranhos aos seres vivos,
conhecidos como compostos emergentes (BORGES et al., 2016). Dentre os contaminantes
emergentes, os fármacos representam uma classe que vem sendo destacada por pesqui-
sadores devido ao crescente consumo de medicamentos e as consequências que podem
causar no meio ambiente (PETRIELLO et al., 2014), por terem características físico-químicas
de difícil remoção do ambiente (LI, 2014).

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Entre os medicamentos mais consumidos no mundo, tem-se os agentes anti-inflama-
tórios não esteróides (AINES), como exemplo de fármaco desta classe está o diclofenaco,
o qual se torna difícil calcular o consumo global exato por várias razões, como o uso de
diferentes nomes comerciais, uso para fins humanos e veterinários não acompanhados
e a facilidade de acesso pela população, pois a droga é consumida sem receita médica
(LONAPPAN et al., 2016).
A crescente preocupação com o meio ambiente e a saúde da população, atualmente,
levam a investigações mais aprofundadas sobre a qualidade e o monitoramento das águas
no Brasil, principalmente em termos da presença de resíduos de compostos farmoquímicos
(BOGER et al., 2015). Principalmente pelo fato de que as estações de tratamento de esgoto,
não conseguem biodegradar ou eliminar completamente os produtos farmacêuticos durante
o tratamento (GHISELLI, 2006).
Com isso, surge a adsorção por ser uma alternativa adequada, por sua simplicidade,
confiabilidade e relação custo-eficácia na captura de contaminantes da água de forma eficien-
te (BHADRA e JHUNG, 2017). A adsorção possui algumas vantagens, quando comparado a
outros métodos, incluindo: aplicabilidade em concentrações muito baixas, sendo adequada
tanto para processos descontínuos e contínuos, facilidade de operação, possibilidade de rege-
neração e de reutilização do adsorvente e baixo custo de capital (NASUHOGLU et al., 2012).
O desenvolvimento de novos e/ou altamente eficientes adsorventes ainda é o fator mais
exigente para a remoção efetiva de compostos orgânicos da água através da adsorção (JUNG
et al., 2015). A aplicação de carvão em pó parece ser uma abordagem promissora para o
tratamento avançado de efluentes. Remove não só produtos farmacêuticos, mas também
algumas outras classes de micropoluentes e evita alguns pontos críticos sobre o sistema
de tratamento (KUMMERER, 2009). No entanto, o uso extensivo de carvão ativado para
remoção de contaminantes de efluentes industriais é caro, limitando sua grande aplicação
para o tratamento de águas residuais. Portanto, há um interesse crescente em encontrar
adsorventes alternativos de baixo custo para a remoção (ROYER et al., 2009).

METODOLOGIA

MATERIAIS

Todas as análises espectrofotométricas aqui descritas foram realizadas por espectro-


fotômetro Genesys 10S UV-Vis; e em todas as medidas utilizou-se uma cubeta de quartzo
de 1,0 cm de caminho óptico. Para ajuste de pH foi utilizado o pHmetro de bancada ION
PHB500. E os experimentos foram realizados em incubadora shaker com agitação orbital -
NL-343-01, New Lab.

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Foi adquirido o sal de diclofenaco sódico (DCF), grau USP (Sigma Aldrich®) e biocarvão
produzido a partir de folhas de mandioca ativado com ácido fosfórico (BFMA) no laboratório
de química da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Toledo.
Uma solução estoque de DCF na concentração de 500 mg/L foi preparada, e a partir
dessa solução estoque, foram preparadas soluções do fármaco em diferentes concentrações
para os ensaios de adsorção.

ESTUDO DE ADSORÇÃO

Para os ensaios de adsorção foram utilizados frascos erlenmeyers de 125 mL, contendo
25 mL de solução aquosa com diferentes valores de massa de BFMA, diferentes concen-
trações do fármaco DCF e diferentes pH. Os experimentos foram realizados em incubadora
tipo shaker com temperatura ambiente e agitação constante de 200 rpm durante 24 horas.
As análises das concentrações do DCF foram realizadas por espectrofotometria e a
quantidade de fármaco adsorvido no equilíbrio por unidade de massa de biosorvente (qe) foi
calculada a partir da diferença entre as concentrações inicial e final do fármaco no volume
da solução, de acordo com a Equação 1.

C" − C! V
q! = (Equação 1)
M

Onde:
qe = quantidade de analito adsorvido no equilíbrio (mg/g);
C0 = concentração inicial do fármaco em solução (mg/L);
Ce = concentração do fármaco em solução no equilíbrio (mg/L);
V = volume da solução (L);
M = massa do biossorvente (g).

PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Foi realizado um planejamento experimental fatorial 23, cujas variáveis analisadas foram
pH, massa do BFMA e concentração do fármaco.
A Tabela 1 mostra os valores reais e os codificados para as variáveis analisadas no
planejamento experimental.

Farmacologia Integrada: pesquisas emergentes em casos, efeitos e usos clínicos - ISBN 978-65-5360-110-9 - Editora Científica Digital - www.editoracientifica.org - Vol. 1 - Ano 2022
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Tabela 1. Valores reais e os codificados para as variáveis analisadas no planejamento experimental.

Níveis

Variáveis -1 0 +1
pH 5,0 7,0 9,0
Massa de biocarvão (mg) 25 50 75
Concentração do fármaco (mg/L) 15 27,5 40
Fonte: dados da pesquisa.

O planejamento fatorial 2 3 foi composto por 11 experimentos com triplicatas


no ponto central.
Para evitar erros sistemáticos, os experimentos foram efetuados de forma aleatória.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram calculados os efeitos principais e as interações das variáveis, os seus respec-


tivos coeficientes para o modelo matemático, bem como a análise de variância (ANOVA)
para determinar a validade do modelo.
A análise dos dados foi avaliada utilizando-se os softwares STATISTICA 8.0 e MINITAB
17. A variabilidade dos dados experimentais foi avaliada pela determinação do coeficiente
de R2. Os valores ótimos obtidos das variáveis selecionadas foram analisados pela meto-
dologia da superfície de resposta. Neste contexto, o teste F foi empregado como critério de
validação da significância estatística dos modelos obtidos ao nível de confiança de 95%.
Como reposta, foi avaliada a capacidade de adsorção do fármaco DCF pelo BFMA.

DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO

Para a determinação dos limites de detecção (LD) e quantificação (LQ), foi realizada
a construção de curva de calibração, em triplicata, cuja concentrações de DCF variaram de
0,1 a 3 mg/L, preparadas a partir da solução estoque de diclofenaco. As absorbâncias foram
lidas em espectrofotômetro no comprimento de onda de máxima absorção.
A partir das curvas de calibração, foram calculados os LD e LQ teóricos, conforme são
descritos na RDC nº 166, de 24 de julho de 2017, a qual na seção VII descreve sobre limite
de detecção, em que no artigo nº 53 descreve que para a determinação baseada em parâ-
metros da curva analítica, o limite de detecção pode ser calculado pela fórmula (Equação 2):

3,3. σ
LD =
IC (Equação 2)

Onde:
σ = é o desvio padrão do intercepto do eixo Y;

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IC = média da inclinação da curva de calibração.
Para análise do LQ, seguindo a mesma RDC, a qual na seção VIII descreve sobre
limite de quantificação, em que no artigo nº 58 descreve que para a determinação baseada
em parâmetros da curva analítica, o limite de quantificação pode ser calculado pela fór-
mula (Equação 3):

10. σ
LQ = (Equação 3)
IC

Onde:
σ = é o desvio padrão do intercepto do eixo Y;
IC = média da inclinação da curva de calibração.

CINÉTICA DE ADSORÇÃO

Após otimizar as condições do experimento através do planejamento experimental,


foram utilizadas as condições ótimas para avaliar o comportamento cinético da adsorção
de diclofenaco pelo biocarvão das folhas de mandioca.
Os ensaios foram realizados em frascos erlenmeyers de 125mL, contendo 25mL de
solução aquosa nas condições ótimas de concentração de DCF, massa do BFMA e pH.
Ficaram em agitação constante no shaker, o qual cada erlenmeyer foi retirado em cada tem-
po predefinidos, sendo eles, 0, 1, 3, 10, 15, 20, 25, 720 e 2880 minutos; depois de retirado
da agitação, foi coletado o sobrenadante com auxílio de seringas descartáveis, filtrados em
filtro de seringa 0,45µm e após, realizado leitura em espectrofotômetro para determinar as
concentrações de DCF.
Após, a cinética de adsorção foi avaliada empregando-se o modelo de pseudo-primeira
ordem, cuja validade foi interpretada pela linearidade dos gráficos log(qe-qt) × t, e depois,
para determinar os parâmetros cinéticos, utilizou-se a seguinte equação:

k#
log(q! −q" ) = log q! − . t (Equação 4)
2,303

Onde:
k1 = é a constante da velocidade da adsorção de pseudo-primeira ordem;
qt = é a quantidade adsorvida no tempo (t);
qe = é quantidade adsorvida no equilíbrio.
E o modelo de pseudo-segunda ordem, cuja validade foi interpretada pela linearida-
de dos gráficos (t/qt) × t, e depois, para determinar os parâmetros cinéticos, utilizou-se a
seguinte equação:

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t 1 1
= " + . t (Equação 5)
q! k " . q# q#

Onde:
k2 = é a constante da velocidade da adsorção de pseudo-segunda ordem;
qt = é a quantidade adsorvida no tempo (t);
qe = é quantidade adsorvida no equilíbrio.
Uma boa correlação dos dados cinéticos experimentais indica qual o modelo mais
adequado para avaliar a adsorção de um soluto pelo adsorvente estudado.

ISOTERMAS DE ADSORÇÃO

Para realizar os ensaios de isoterma de adsorção do DCF pelo BFMA, foram utilizadas
as condições ótimas experimentais obtidas através do planejamento experimental, variando
apenas a concentração do fármaco.
Os ensaios foram realizados em frascos erlenmeyers de 125mL contendo 25mL de solu-
ção aquosa com diferentes concentrações de DCF, fixando a massa do BFMA e o pH. O expe-
rimento foi realizado em temperatura ambiente, com agitação constante de 200 rpm, durante
o período de 1 hora; o mesmo foi realizado em duplicata com as seguintes concentrações de
DCF: 40; 50; 60; 70 e 80 mg/L. Depois de retirado da agitação, foi coletado o sobrenadante
com auxílio de seringas descartáveis, filtrados em filtro de seringa 0,45µm e após, realizado
leitura em espectrofotômetro para determinar as concentrações de diclofenaco.
A partir dos resultados dos ensaios de adsorção, determinou-se o modelo de isoterma
que melhor representa o processo de adsorção do fármaco DCF no BFMA, para tanto, foram
modeladas as isotermas de Langmuir e Freundlich.
Para avaliar o modelo de isoterma de Langmuir, utilizou-se a Equação 6.

c! 1 c!
= + (Equação 6)
q! k " . q# q#

Onde:
qe = representa a quantidade adsorvida na fase sólida (mg/g);
KL = representa a constante de adsorção de Langmuir;
qm = representa a máxima capacidade de cobertura da monocamada (mg/g);
Ce = é a concentração de equilíbrio na fase líquida (mg/L).
Para avaliar o modelo de isoterma de Freundlich, utilizou-se a Equação 7.

log q! = log k " + b" . log C! (Equação 7)

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Onde:
Ce = é a concentração de equilíbrio na fase líquida (mg/L);
KF = é a constante de Freundlich referente à capacidade de adsorção.
A validade dos modelos foi interpretada pela linearidade dos gráficos
respectivamente.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

CURVA ANALÍTICA

A curva analítica foi construída com 6 pontos utilizando concentrações de soluções de


DCF variando de 0,1 a 3 mg/L. As alíquotas foram transferidas para cubetas de quartzo e
realizada leitura em 275nm no espectrofotômetro. A equação de regressão linear obtida foi
y=0,0323x+0,0014 e foi utilizada para realizar os cálculos das concentrações de DCF sub-
metidos a experimentos de adsorção utilizando planejamento experimental. E o coeficiente
de correlação linear (r) foi igual a 0,9998; enquanto o coeficiente de determinação linear (R2)
foi igual a 0,9996 valor muito próximo de 1, sinal de que o modelo se ajustou bem aos dados.

PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Na Tabela 2, apresentam-se os valores reais e codificados das três variáveis estudadas:


pH, massa do BFMA e concentração do fármaco DCF, justamente com a ordem aleatória
dos ensaios, absorbância, concentração final do fármaco e quantidade de analito adsorvido
no equilíbrio (qe), que é a variável resposta.

Tabela 2. Valores codificados e reais do planejamento fatorial 23 e resultados experimentais.


Massa de Bio- Concentração do
Ordem alea- pH Concentração final do qe (mg/g)
Ensaios carvão (mg) fármaco (mg/L) Absorbância
tória X1 fármaco (mg/L) Y
X2 X3
1 8 -1 (5,0) -1 (25) -1 (15) 0,007 0,173 14,827
2 7 +1 (9,0) -1 (25) -1 (15) 0,007 0,173 14,827
3 3 -1 (5,0) +1 (75) -1 (15) 0,005 0,111 4,963
4 1 +1 (9,0) +1 (75) -1 (15) 0,003 0,050 4,983
5 6 -1 (5,0) -1 (25) +1 (40) 0,019 0,545 39,455
6 9 +1 (9,0) -1 (25) +1 (40) 0,021 0,607 39,393
7 10 -1 (5,0) +1 (75) +1 (40) 0,006 0,142 13,286
8 11 +1 (9,0) +1 (75) +1 (40) 0,014 0,390 13,203
9 5 0 (7,0) 0 (50) 0 (27,5) 0,005 0,111 13,695
10 4 0 (7,0) 0 (50) 0 (27,5) 0,007 0,173 13,664
11 2 0 (7,0) 0 (50) 0 (27,5) 0,004 0,080 13,710
Fonte: dados da pesquisa.

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Pode-se observar que o melhor resultado de qe, ou seja, a maior quantidade de analito
adsorvido no equilíbrio em mg/g é dado quando tem-se menor massa de BFMA e maior
concentração do fármaco DCF, dando resultado de 39,455 mg/g e 39,393 mg/g. Já os me-
nores valores de qe, são observados quando utilizou se maior massa de BFMA e menor
concentração do fármaco DCF, com resultados de 4,963 mg/g e 4,983 mg/g.
A equação do modelo matemático para predizer as variáveis respostas ao nível de 95%
de confiança, foi obtida através da equação geral do modelo linear (Equação 7).

(Equação 7)

Onde, Y representa a resposta prevista; X1, X2 e X3 são as variáveis; os β são os


parâmetros do modelo de regressão, β0 é a média geral das respostas, β1, β2, e β3 são os
coeficientes lineares, e β12, β13, e β23 são os coeficientes da interação.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Tabela de efeitos

A Tabela 3 mostra os efeitos das variáveis pH, massa de BFMA e concen-


tração do fármaco.

Tabela 3. Tabela de efeitos do planejamento fatorial 23 da quantidade de analito adsorvido no equilíbrio em função do
pH, massa de biocarvão e concentração do fármaco.

Efeito Erro padrão t (4) p


Média 19,9096 0,9859 17,1510 0,0001 *
(1) pH -0,0313 2,3122 -0,0135 0,9899

(2) Massa de biocarvão -18,0168 2,3122 -7,7920 0,0015 *

(3) Concentração do fármaco 16,4343 2,3122 7,1076 0,0021 *

pH × massa de biocarvão -0,0002 2,3122 -0,0001 0,9999

pH × Concentração do fármaco -0,0413 2,3122 -0,0178 0,9866

Massa de biocarvão × Concentração do fármaco -8,1627 2,3122 -3,5303 0,0242 *

*Significativo a 5% de significância (p<0,005).


Fonte: dados da pesquisa.

A massa do BFMA e a concentração do fármaco DCF foram significativas (p<0,05),


mas se, e apenas se, o efeito da interação for não significativo poderemos interpretar isola-
damente cada efeito principal. E se o efeito da interação for significativo, deveremos cons-
truir e analisar hipóteses sobre os níveis de um dos fatores dentro de cada nível do outro
(RODRIGUES e IEMMA, 2005).
Pode-se observar que o pH, as interações pH × massa do biocarvão e pH × concen-
tração do fármaco não são significativos (p>0,05), ou seja, se alterar o pH, a resposta fica

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estatisticamente inalterada. A tabela mostra que apenas a interação entre massa de biocarvão
× concentração do fármaco é significativa (p<0,05), pois quando ocorre alteração em uma
dessas variáveis, consequentemente ocorre alteração também no resultado.
O gráfico de interação entre massa de biocarvão × concentração do fármaco, única
interação significativa, é apresentado na Figura 1 e foi gerado utilizando-se o software Minitab
17. Este gráfico ilustra a variação do qe frente à alteração dos níveis de concentração do
fármaco DCF e massa do BFMA.

Figura 1. Gráfico da interação entre massa de biocarvão × concentração de fármaco.

Fonte: dados da pesquisa.

Na Figura 1, observa-se que ocorre alteração dos valores de qe quando ocorre alteração
dos níveis (-1 e +1), portanto pode se afirmar que tal interação é significativa. O valor de qe
médio, quando a variável massa de biocarvão está no nível -1 (25mg) e a variável concentra-
ção do fármaco também está no nível -1 (15mg/L), é de 14,83 mg/g. Já o valor de qe médio,
quando a variável massa de biocarvão está no nível -1 (25mg) e a variável concentração do
fármaco está no nível 1 (40mg/L), é de 39,42 mg/g. E quando a variável massa de biocarvão
está no nível 1 (75mg) e a variável concentração do fármaco está no nível -1 (15mg/L), o
valor de qe médio é de 4,97 mg/g. Por fim, quando a variável massa de biocarvão está no
nível 1 (75mg) e a variável concentração do fármaco também está no nível 1 (40mg/L), o
valor de qe médio é de 13,24 mg/g. Com isso pode-se afirmar que quando se tem menor
massa de biocarvão, a resposta que é mais eficiente e se torna ainda mais eficiente quando
se tem menor massa de biocarvão e maior concentração do fármaco.

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Equação linear do modelo

A Equação 8 mostra o modelo desse planejamento fatorial 23.

(Equação 8)

Onde, Y é a quantidade de analito adsorvido no equilíbrio (mg/g); X2 é a massa de


biocarvão (mg) e X3 é a concentração do fármaco (mg/L).
Observa-se que somente os coeficientes significativos são apresentados no modelo,
pois os que não são significativos quase não interferem na resposta final.

Tabela ANOVA

A tabela 4 mostra a análise de variância (ANOVA) do planejamento experimental.

Tabela 4. Tabela ANOVA para o planejamento fatorial 23.

Fonte de variação Graus de liberdade Soma dos quadrados Quadrado médio F p


Regressão 3 1322,637 440,879
72,1476 0,000001
Resíduo 7 42,776 6,1108

Falta de ajuste 5 42,774 8,5549


15544,91 0,000064
Erro puro 2 0,001 0,0006

Total 10 1408,188

R =0,96867.
2

Fonte: dados da pesquisa.

Através da tabela 4 pode se observar que a regressão foi significativa (p<0,05), pois
o valor do F calculado (72,1476) é maior que o F tabelado (4,35). Para verificar a falta de
ajuste, o F tabelado (5,2) é menor que o F calculado (7,7) (15544,91), então, pode se dizer
que o modelo linear acusou falta de ajuste (p<0,05), mas essa falta de ajuste é devido ao
fato do erro puro ser muito pequeno, porque as medidas do ponto central são muito próxi-
mas entre si. Pode-se observar que o R2 (coeficiente de determinação) do modelo linear é
de 0,96867, mostrando que o modelo linear consegue explicar 96,87% da variabilidade dos
dados experimentais, mostrando não ter a necessidade de acrescentar pontos axiais para
formar o modelo quadrático.

Gráfico de superfície de resposta

A Figura 2, mostra o gráfico de superfície de resposta que pode simplificar a interpre-


tação dos resultados.

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Figura 2. Gráfico de superfície de resposta da interação entre massa de biocarvão × concentração do fármaco.

Fonte: dados da pesquisa.

Observa-se que nos intervalos estudados, os maiores valores da quantidade de analito


adsorvido no equilíbrio (qe), ocorrem para níveis altos de concentração do fármaco (40 mg/L)
e níveis baixos de massa do biocarvão (25 mg), pois é o pico vermelho, mais elevado, que
indica o ponto máximo da resposta qe.
Pode-se, então, concluir que o pH não interfere no resultado de que, e que os melhores
resultados são obtidos utilizando-se, menor massa de biocarvão e maior concentração do
fármaco. Já no estudo realizado por Lonappan et al. (2018), tanto o biocarvão derivado de
madeira de pinho branco, quanto o biocarvão preparado a partir de esterco de porco foram
afetados pelo pH, sendo que a eficiência de remoção do diclofenaco teve redução significativa
quando o pH passa de ácido para básico, ou seja, para ambos os biocarvões, a remoção
sempre foi favorecida pelo pH ácido.

DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE DETECÇÃO (LD) E QUANTIFICAÇÃO (LQ)

Foram construídas 3 curvas de calibração e os resultados encontrados apresen-


tam-se na tabela 5.

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Tabela 5. Resultados da curva de calibração para determinação do LD e LQ.

Concentração (mg/L) ABS

Curva 1 Curva 2 Curva 3


0,1 0,005 0,006 0,014
0,2 0,007 0,009 0,013
0,5 0,015 0,016 0,017
1 0,025 0,025 0,036
2 0,057 0,042 0,052
3 0,066 0,061 0,067
Fonte: dados da pesquisa.

Calculou-se o valor da média da inclinação da curva de calibração (IC) obtendo um


resultado de 0,021. E o valor encontrado do desvio padrão do intercepto com o eixo Y (σ)
foi de 0,00352. Com estes valores, substituiu-se nas equações de LD e LQ e encontrou-se
os valores de 0,553 mg/L e 1,68 mg/L, respectivamente.

CINÉTICA DE ADSORÇÃO

Após otimizada as condições do experimento através do planejamento experimental,


foram utilizadas as condições ótimas para avaliar o comportamento cinético da adsorção de
DCF pelo BFMA; sendo elas: pH 7,0; concentração de DCF 40 mg/L e massa do BFMA 25 mg.
Na tabela 6, apresenta-se o resultado da quantidade adsorvida no tempo (qt) em mi-
nutos, assim como a porcentagem de remoção encontrada de cada tempo.

Tabela 6. Resultados de qt e porcentagem de remoção da cinética da adsorção de DCF pelo BFMA, em condições
experimentais otimizadas.

Tempo (minutos) qt % remoção


0 0 0
1 21,229 53,07
3 33,419 83,55
10 38,943 97,36
15 39,562 98,90
20 39,705 99,26
25 39,705 99,26
720 39,740 99,35
2880 39,770 99,43
Fonte: dados da pesquisa.

Através da tabela 6, pode-se observar que a adsorção ocorre de maneira muito rápi-
da, e que em 10 minutos já se tem 97,36% de remoção do DCF, e que em 20 minutos já
se atinge 99,26% de remoção, em um curto período de tempo e a partir desse momento,
o aumento não é mais tão significativo. Zhang et al. (2020) em seu estudo, demonstraram
que a eficiência de adsorção de biocarvão de lodo / folha ativado pode atingir 89,51% em

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10 minutos, enquanto a eficiência de adsorção de carvão ativado comercial e biocarvão de
lodo / folha não ativado, somente podem atingir 12,24% e 70,07% em 10 minutos.
A avaliação do comportamento do processo de adsorção do fármaco DCF pelo
BFMA em função do tempo de contato, são demonstrados no gráfico de cinética apresen-
tado na Figura 3.

Figura 3. Cinética da adsorção de DCF pelo BFMA, em condições experimentais otimizadas, com a escala de tempo de
0 a 2880 minutos.

Fonte: dados da pesquisa.

Observou-se que houve uma adsorção rápida de DCF nos primeiros 10 minutos, e que
a partir de 20 minutos, o aumento não é mais tão significativo.
Para analisar o mecanismo cinético que controla o processo de adsorção, a partir da
análise dos dados experimentais, foram testados os modelos cinéticos de pseudo-primeira
ordem e pseudo - segunda ordem em suas formas lineares. A validade destes modelos
foi verificada pelos gráficos lineares obtidos através dos plotes de log (qe-qt) × t e (t/qt) × t,
representados nas Figuras 4 e 5, respectivamente.

Figura 4. Linearização do modelo cinético de pseudo-primeira ordem para adsorção de DCF pelo BFMA.

Fonte: dados da pesquisa.

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Figura 5. Linearização do modelo cinético de pseudo-segunda ordem para adsorção de DCF pelo BFMA.

Fonte: dados da pesquisa.

Os valores obtidos na cinética de pseudo-primeira ordem e pseudo-segunda ordem


foram aplicados em suas equações e extraídos os respectivos parâmetros cinéticos, os quais
são apresentados na tabela 7.

Tabela 7. Parâmetros para a cinética dos modelos de pseudo-primeira ordem e pseudo-segunda ordem para a adsorção
de DCF.

Fármaco Pseudo-primeira ordem Pseudo-segunda ordem

qe k1 R2 qe k2 R2
Diclofenaco sódico 19,56 0,265 0,9472 39,84 0,145 1
K1: representa a constante da velocidade da adsorção de pseudo-primeira ordem.
K2: representa a constante da velocidade da adsorção de pseudo-segunda ordem.
qe: representa quantidade calculada adsorvida no equilíbrio.
Fonte: dados da pesquisa.

Observou-se que o modelo cinético que melhor se ajustou aos dados experimentais
foi o de pseudo-segunda ordem, cujo valor do coeficiente de correlação linear (r) foi igual
a 1. O valor de qe obtido pelo modelo de pseudo-segunda ordem foi de 39,84 mg/L, sendo
praticamente coincidente com o valor obtido experimentalmente, que foi de 39,77 mg/g,
cujo o erro relativo é de 0,18%. Este modelo se baseia no pressuposto de que a etapa de-
terminante da velocidade envolve o mecanismo de interação do fármaco com o biocarvão,
ou seja, depende das interações físico-químicas entre o adsorvato e os grupos da superfí-
cie do adsorvente.
Como o resultado desta pesquisa, Correa-Navarro, Giraldo e Moreno-Piraján (2020)
também encontraram o modelo cinético de pseudo-segunda ordem como sendo o melhor
para adsorção de diclofenaco em biocarvão de bagaço de fique. Assim como, Shirani, Song
e Bhatnagar (2020), quando utilizaram biocarvão ativado com NaOH derivado de Anthriscus

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sylvestris; Tam et al. (2020), quando utilizaram biocarvão lignina-poroso contendo carbono
grafítico a partir de serragem de pinheiro bravo; Bagheri et al. (2020), quando utilizaram bio-
carvão de sementes de Moringa modificada com fosfato; Zhang et al. (2020), quando utiliza-
ram biocarvão de lodo e folha residual, todos investigaram a adsorção do fármaco diclofenaco.

ISOTERMAS DE ADSORÇÃO

A Figura 6, representa a relação entre a quantidade do fármaco DCF adsorvido no


equilíbrio (qe), sobre a superfície do BFMA; e a concentração do fármaco em solução no
equilíbrio (Ce).

Figura 6. Isoterma de adsorção de DCF pelo BFMA.

Fonte: dados da pesquisa.

Nota-se que a quantidade adsorvida (mg/L) do fármaco DCF no BFMA, é diretamente


proporcional ao aumento da concentração (mg/L).
Os dados experimentais de adsorção foram analisados segundo os modelos de isoterma
de Langmuir e Freundlich. Na Tabela 8, encontram-se as equações lineares, juntamente com
seus coeficientes de determinação (R²), obtidas com os modelos de Langmuir e Freundlich
a partir dos plotes de Ce/qe × Ce e log qe × log Ce, respectivamente.

Tabela 8. Equações lineares dos modelos de Langmuir e Freundlich testados na adsorção de DCF pelo BFMA

Fármaco Langmuir Freundlich

Equação linear R² Equação linear R²


Diclofenaco sódico y = -0,0115x + 0,0123 0,795 y = 1,671x + 2,3816 0,9674
Fonte: dados da pesquisa.

A análise dos valores dos coeficientes de determinação (R2), revelou que o modelo de
Freundlich forneceu o melhor ajuste dos dados experimentais de adsorção em relação ao
modelo de Langmuir. O modelo que apresentou o melhor ajuste, teve como resultado do
coeficiente de correlação (r) de 0,984.

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26
Por intermédio dos coeficientes linear e angular das equações mostradas na Tabela
9, os parâmetros de constante de Langmuir (KL), a capacidade de adsorção máxima (qm),
a constante de Freundlich (KF) e bF foram calculados e apresentados na Tabela 9.

Tabela 9. Parâmetros de Langmuir e Freundlich para a adsorção de DCF.

Fármaco Langmuir Freundlich

KL qm (mg/g) KF bF
Diclofenaco sódico -1,0695 81,30 46,88 2,3816
Fonte: dados da pesquisa.

Assim como o resultado desta pesquisa, Lonappan et al. (2018), quando utilizaram
biocarvão de esterco de porco para adsorção do fármaco diclofenaco, também encontraram
o modelo de Freundlich fornecendo o melhor ajuste aos dados experimentais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo demonstrou que o uso do planejamento experimental foi essencial para
determinar as condições de máxima remoção do fármaco diclofenaco em solução aquo-
sa. E que o uso dessa ferramenta, além de diminuir o número de experimentos, determinou
que apenas as variáveis massa de biossorvente e concentração do fármaco foram significa-
tivas e influenciaram a resposta de maneira negativa (diminuição da quantidade removida do
fármaco) e positiva (aumento da quantidade removida do fármaco), respectivamente; e que
somente a interação entre massa de biossorvente e concentração do fármaco foi significa-
tiva. Também determinou que as condições ótimas obtidas a partir da análise da superfície
de resposta para as medidas de quantidade removida do diclofenaco sódico foram com as
menores massa de biocarvão (25 mg) e maiores concentrações do fármaco (40 mg/L).
Além disso, a remoção do DCF pelo BFMA ocorreu de maneira muito rápida, tendo
atingido cerca de 97% em apenas 10 minutos, e alcançando 99% em 20 minutos. A partir
deste tempo foi considerado que o sistema atingiu o equilíbrio, pois o aumento não foi mais
significativo. O modelo cinético que melhor se ajustou aos dados experimentais foi o de
pseudo-segunda ordem e o modelo de isoterma que melhor se ajustou aos dados experi-
mentais foi o de Freundlich.
O biocarvão obtido da folha de mandioca ativado com ácido fosfórico apresentou exce-
lente potencial para adsorção do fármaco diclofenaco em solução aquosa e seus resultados
promissores são uma alternativa viável nos estudos de remoção deste e de outros fármacos
contaminantes em águas naturais.

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29
02
Análise comportamental em ratos jovens
tratados com nicotina: comportamento e
nicotina

Carlos Alberto da Silva Carlos Eduardo Divino Pettermann


UNIMETROCAMP UNIMEP

Luciana Maria de Hollanda Bruno Damião


UNIMETROCAMP UNIMETROCAMP

Maria Carolina Basso Sacciloto


UNIP - Campinas

'10.37885/220408546
RESUMO

Dentre os componentes presentes no tabaco, a nicotina é a principal substância causadora


de farmacodependencia. Neste sentido, tem sido comprovado que este alcalóide promove
alterações deletérias nos diferentes órgãos e sistemas do organismo, sendo responsável pelo
desenvolvimento de diversas doenças, em destaque o câncer de pulmão e doenças cardio-
vasculares, contribuindo de maneira geral para o aumento na taxa de mortalidade. No sistema
nervoso central a nicotina induz expressivas modificações neurofisiológicas e psicológicas,
alterando o comportamento, especialmente na população mais jovem. O objetivo do es-
tudo foi analisar, através de testes neurofisiológicos da psicofisiologia, o comportamento
de ratos jovens expostos precocemente a nicotina 50 mg/L disponível na água para beber
durante 7, 15 e 30 dias. Foram realizados 2 testes comportamentais denominados: teste
de Campo Aberto (Open Field), que consiste na análise da movimentação exploratória e
teste de Labirinto em cruz elevado, aplicado na análise de ansiedade e medo. Os dados
foram tabulados e descritos como média ± dp, p<0,05. Os resultados mostraram que exis-
tem duas fases distintas deflagradas na presença da nicotina, predominando inicialmente
uma fase excitatória e posteriormente uma fase ansiolítica, assim, dentro de um período de
maior tempo de exposição à nicotina, o alcaloide deflagra um comportamento menos ansio-
so e mais prazeroso, o que pode camuflar os efeitos deletérios da nicotina nos diferentes
órgãos e sistemas.

Palavras-chave: Nicotina, Tabagismo, Comportamento, Ratos.


INTRODUÇÃO

Os cigarros contêm mais de 7.000 compostos, sendo a nicotina considerada o principal


composto psicoativo capaz de causar dependência. O tabagismo é um dos vícios responsá-
veis pelo maior índice de morte no mundo, sendo estimado que mais de 400 indivíduos mor-
rem por dia em decorrência da exposição aos componentes presente no tabaco (RODGMAN
e PERFETTI, 2013; OMS 2019; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2020). A nicotina é um
alcalóide obtido das folhas das plantas do tabaco sendo encontrado na sociedade em dife-
rentes formas como, cigarro industrializado ou eletrônico, tabaco mastigável, fumo inalado
(rapé) e fumaça de narguilé (ELBAKIAN, 2014; MARTIN, 2022).
Fisiologicamente tem sido constatado que a nicotina é absorvida imediatamente após
a fumaça do tabaco chegar às pequenas vias aéreas ou alvéolos pulmonares, e em pouco
segundos é distribuída na corrente sanguínea e cérebro. Este alcalóide exerce expressão
em diferentes órgaõs e no sistema nervoso autônomo, alterando a frequência e contratilidade
cardíaca, gerando constrição das artérias coronárias, promovendo elevação na pressão arte-
rial, reduzindo a sensibilidade tecidual à insulina e gerando disfunção endotelial. (McGRATH
et al., 2020; ELBAKIAN, 2014).
Entidades governamentais têm descrito em seus relatórios, aumento expressivo no
número de tabagistas, evidenciando a relação com a inserção de cigarros eletrônicos no
mercado. Os indivíduos mais jovens são mais impulsionados ao vício através de campanhas
publicitárias (OVERBEEK et al., 2020; DAI e HAO, 2016).
O crecente índice de tabagistas tem alertado profissionais da saúde, pois a exposição
de jovens à nicotina pode representar a hipótese de “porta de entrada para drogas de abuso”,
preocupação constante e atual da sociedade.
Neste aspecto, considera-se a fase da adolescência o período de maior “fragilidade”
para os jovens, caracterizada pelo status de intenso desenvolvimento, estando muito sensível
à comportamentos de risco na busca de sensações, e até mesmo experimentação de drogas,
em consequência de estarem em uma fase de maturação cerebral. (YUAN et al., 2015; REN
e LOTFIPOUR, 2019; MARTIN e SAYETTE, 2018). Diferentes cientistas têm se dedicado
ao estudo com animais de experimentação, buscando entender padrões comportamentais
e identificação de eventos neurofisiológicos responsáveis por comportamentos decorrentes
da exposição a nicotina, quer seja durante o desenvolvimento intrauterino ou na fase adulta
(CEPEDA, 2020; PEIXOTO et al., 2021; NOSCHANG et al., 2021).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar através de testes neurofisiológi-
cos da psicofisiologia, o comportamento de ratos jovens expostos precocemente a nicotina.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados 10 ratos Wistar machos com 21 dias, os quais foram mantidos no
centro de bioterismo sob controle de luminosidade claro-escuro (12 h), com água e ração a
vontade até a 8ª semana, quando são considerados jovens e foram direcionados a atividade
experimental (FCF – USP).
Nesta fase, foi iniciada a avaliação comportamental na condição denominada jovem con-
trole e a seguir, foi iniciado o tratamento com nicotina sendo reavaliados após 7, 15 e 30 dias.
O tratamento foi realizado por meio da administração de nicotina dissolvida em água,
disponível para beber na dose de 50 mg/L, condição de modelo que mimetiza um tabagista
que consome 20 cigarros/dia.
Para a avaliação comportamental, os animais foram expostos ao teste do campo aber-
to “Open Field” no início da noite (18:00-19:00h), período de maior atividade da espécie e
seguindo o protocolo descrito por Royce (1977). Neste experimento foram respeitadas as
normas e cuidados em relação às condições do local para a realização do teste de campo
aberto, tais como a intensidade de luz, minimização de barulho, etc (WALSH e CUMMINS,
1976). A seguir, foi aplicado o teste do Labirinto em cruz elevado para avaliar o grau de
ansiedade do animal, segundo ANSEOLI e BRANDÃO (1997).
Todos os experimentos foram filmados e posteriormente analisados e tabulados, consi-
derando parâmetros como, o tempo e as principais manifestações comportamentais. A partir
da tabulação dos dados estes foram submetidos a análise estatística através de ANOVA e
teste de Tukey, p<0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Estudos direcionados para a avaliação do comportamento animal são importantes na


obtenção de dados referentes aos aspectos moleculares, neurofisiológicos e comportamentais
(SNOWDON, 1999). A principal finalidade da aplicação do teste de campo aberto é avaliar a
atividade locomotora e a exploração do campo, sendo sugerida forte correlação entre a ma-
nifestação comportamental e alterações no âmbito emocional, como o medo e/ou ansiedade.
Iniciou-se o estudo analisando o comportamento dos ratos do grupo jovem controle, sen-
do considerado como eixo norteador a avaliação do índice de deslocamento em campo aberto.
Ao serem expostos ao campo, a maioria dos animais do grupo jovem controle permane-
ceram parados em um dos cantos da caixa, no entanto, ao perceber que não havia qualquer
agente que pudesse indicar predação, os animais passaram a se movimentar explorando
toda a superfície do campo aberto sendo observado neste grupo intensa exploração de toda

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a área, buscando analisar o ambiente desconhecido, comportamento clássico da espécie
Wistar (FIGUEIREDO, 2009).
Nesta análise, um parâmetro importante se refere a posição tigmotáctica, que define
ida e possível permanência dos animais nos cantos ou perto da periferia do campo aberto.
Nesse sentido, o fato de os animais percorrerem as laterais do campo aberto indica um
menor componente de ansiedade, em contrapartida, quando o animal permanece parado
na lateral do campo, a indicação é de que possa existir um comportamento e de medo e
ansiedade (FIGUEIREDO, 2009).
Os animais do grupo controle permaneceram a maior parte do tempo explorando o
campo aberto ficando poucas vezes parados no canto e pouquíssimas vezes atravessam o
meio do campo, fato que mostra um dos comportamentos indicativos de adaptação ao meio
(vide tabela 1, número de passos).
Por se tratar de estudo com ratos, merece destacar que essa espécie apresenta como
característica comportamental instintiva a intensa necessidade de explorar o ambiente, se
locomovendo perto das paredes, local onde se sentem mais protegidos (CHOWDHURY et al.,
2021). Neste sentido, frente ao grande número de passos/deslocamento, é sugestivo que o
grupo controle apresentou baixa manifestação de fatores estressantes e baixa ansiedade.
(LISTER, 1990; SEIBENHENER e WOOTEN, 2015).
Além dos parâmetros já descritos, sabe-se que o campo aberto é uma metodologia que
possibilita avaliar o status emocional do animal. Tanto a deambulação quanto a bipedação
(comportamento de levantar-se sobre as patas traseiras) estão ligados a coordenação mo-
tora, o comportamento de limpeza (grooming) e a defecação estão associados à adaptação
do animal ao ambiente. Assim, o grupo controle apresentou manifestação comportamental
compatível com o descrito na literatura como não ansioso (PELLOW et al, 1985).
A seguir, foram analisados outros comportamentos como indicado na tabela 1, e de-
finidos pela literatura científica, a saber: Número de Passos, se refere ao deslocamento no
campo; Bipedação, se refere ao animal se posicionar somente nas patas posteriores olhando
sobre o campo; Deslocamento ao canto, se refere ao número de vezes que o animal voltou
ao primeiro canto do campo, quando foi colocado pela primeira vez; Groomming, se refere
ao comportamento de passar as patas repetidamente na cabeça, assim como o número de
vezes da defecação do animal.
Pesquisadores neurofisiologistas consideram a autolimpeza (grooming) como uma
representação de mudanças na intensidade da ansiedade dos animais, sendo um parâme-
tro delineador da resposta comportamental gerada por estímulos ansiogênicos. A tabela
1 mostra que o grupo controle manifestou a autolimpeza dentro dos padrões indicados na
literatura como normal para animais controle, desta forma acompanhamos diferentes autores

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que indicam que o grooming é um importante indicador de ansiedade (ESTANISLAU, 2012;
VELOSO et al., 2016).
Outro fator importante na observação da atividade exploratória foi a bipedação, ou seja,
levantar-se sobre as patas posteriores na busca de informações do ambiente desconhecido,
sendo assim caracterizado como um comportamento exploratório indicativo de medo de
predadores, e neste aspecto na condição controle os animais apresentaram manifestação
dentro do descrito na literatura, minimizando a hipótese de condição estressora. Outro ponto
de destaque foi o fato de que na condição controle, os animais atravessaram pouco o centro
do campo, podendo indicar uma estratégia evolutiva para evitar predadores aéreos, condição
manifestada poucas vezes neste grupo experimental na fase controle (MORATO, 2006).
Um dado significativo observado se relaciona a defecação. A literatura aponta que
não há correlação entre o comportamento de locomoção ou exploração com o número de
defecação, que representa emotividade, sendo considerado fatores comportamentais inde-
pendentes. Neste contexto, o grupo controle apresentou comportamento similar ao descrito
na literatura (BONUTI, 2014).
A seguir, foi avaliado o mesmo perfil comportamental após 7 dias da ingesta da nico-
tina, considerado período sub-crônico, sendo observado neste período de tratamento um
aumento de 23% na atividade exploratória acompanhado de intensa bipedação que atingiu
valores 50% maior, e ainda houve aumento de 100% na manifestação de grooming, fato
que pode sugerir grande ansiedade.
Os animais exploraram 100 vezes mais o canto do campo, demonstrando grande ex-
citabilidade, cabe ressaltar que foi observado aumento da defecação indicando uma intensa
atividade autonômica, como possível indicação de estresse (FIGUEIREDO, 2009).
Há tempo, tem sido descrito que a nicotina promove aumento na atividade espontânea e
hiperatividade, principalmente por atuar na via dopaminérgica da área tegmental ventral, esta
ação do alcalóide pode representar o aumento nos parâmetros indicados na tabela 1 refe-
rente a ingesta de nicotina no 15º e 30º dia (MEREU et al., 1987; VAGLENOVA et al., 2004).
Quanto a posição tigmotáctica, na fase de tratamento com nicotina (15 e 30 dias) houve
indicação de respostas ansiogênicas permanecendo o animal extremamente ansioso cor-
roborando com o estudo de FIGUEIREDO (2009). Cabe ressaltar que a nicotina em altas
concentrações favorece aumento na atividade do sistema nervoso autônomo parassimpáti-
co, além disso, pode estimular os neurônios localizados nos gânglios, e de forma similar a
acetilcolina, ativar a população de receptores colinérgicos tipo nicotínicos.
Ainda, a nicotina ao atuar nos gânglios tem a capacidade de excitar o sistema nervoso
autônomo na divisão simpático e parassimpático, simultaneamente e assim pode promover
vasoconstrição nos membros acompanhado de efeitos parassimpáticos paralelos, tais como

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aumento da atividade gastrointestinal modulando a defecação, tal como demonstrado no
estudo do 7º ao 30º dia (CAILLE et al., 2012; BAUZO e BRUIJNZEEL,2012).

Tabela 1. Perfil comportamental dos ratos no teste de campo aberto. Os resultados mostram O comportamento na fase
que antecedeu a injesta da nicotina que está denominada como controle e 7. 15 e 30 dias de tratamento com o alcalóide.
Valores representados pela média + dp, n=10. *p<0,05 comparado ao controle (1º dia), #p<0,05 comparado ao 7º dia de
tratamento com nicotina.

Controle 7 dias 15 dias 30 dias


Numero de Passos 26 ± 1 32 + 1 25 + 1 26 + 1
Bipedação 10 + 2 15 + 1 10 + 1 10 + 1
Deslocamento ao canto do campo 3+1 6+1 4+1 5+1
Defecação 3 6 4 4
Groomming 4 8 5 5
Cruzar o centro do campo 1 4 2 2

A comunidade científica considera que o teste realizado no labirinto em cruz elevado faz
parte dos melhores testes comportamentais para análise de ansiedade combinando ações
exploratórias com esquiva (CAROBREZ e BERTOGLIO, 2005). Assim, o teste do labirinto
em cruz elevado baseia-se na condição de confronto entre o animal e o ambiente e a tríade
comportamental: impulso em explorar – curiosidade – motivação.
A seguir foi analisado o comportamento dos animais no labirinto em cruz elevado
conforme demonstrado na tabela 2. Os dados demostram que os ratos na fase condição
controle, ou seja, antes do tratamento com nicotina se arriscaram no deslocamento até o
final do braço aberto, mas prevalecendo a intensa permanência no braço fechado, neste
sentido, tem sido descrito que diversos fatores podem influenciar na manifestação deste com-
portamento, tais como: a aversão aos braços abertos, a hora do dia em que o teste é feito,
tempo de permanência no biotério antes do teste, medo de altura ou ainda a impossibilidade
do animal realizar o comportamento de tigmotaxia e tendência do animal permanecer com
o corpo em contato com superfícies verticais (peritaxia) (ALMEIDA et al., 1996; MORATO,
2006; BAUMBACH e MCCORMICK, 2012).
A literatura apresenta estudos indicando que quanto mais novo o sujeito for exposto
a nicotina maior sua susceptibilidade, sendo um período altamente crítico para adquirir de-
pendência ao tabaco (ABREU-VILLAÇA, 2016). Os dados demostram que quando expostos
inicialmente a nicotina, os animais desenvolveram uma grande ansiedade ficando mais tempo
no braço fechado e consequentemente ficando menor tempo no braço aberto. A literatura tem
descrito fortes relações entre o uso de nicotina e o desenvolvimento de estresse fato combi-
nado que promove hiperexcitabilidade e aumento na atividade locomotora (WONNACOTT,
1997; ELLIOTT et al., 2014).
Este fato baseia-se na capacidade que a nicotina tem em ativar neurônios dopaminérgi-
co no mesencéfalo, estriado e núcleo acumbens e com isso promove modificação na atividade
locomotora, os dados mostram ainda que os animais apresentavam grande insegurança em

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expressar o caráter exploratório visto a pouco tempo de ida ao braço aberto, fato que reitera
a excitação neuronal promovida pela nicotina, possivelmente nos receptores nicotínicos no
circuito dopaminérgico nas vias nigroestriatal e mesolímbica (PICCIOTTO et al., 2002 a,b;
REICHERT et al., 2021).
Concomitante ao prolongamento do tempo de exposição à nicotina, ou seja, por 15
e 30 dias, como demonstrado na tabela 2, a exposição ao alcaloide aumentou o tempo de
permanência nos braços abertos, sugerindo que possa existir uma sensibilização devido
aos efeitos ansiolíticos da nicotina e seus reflexos na atividade da musculatura esquelética.
Neste aspecto este estudo corrobora e reitera com proposta que este efeito da nicotina em
animais jovens pode diferir se o estudo for realizado com animais com mais idade (JAFFE,
1990; KUPFERSCHMIDT et al., 2010).
Dentro do aspecto neuroendócrino sabe-se que a nicotina ao interagir com o sistema
nervoso promove a secreção do hormônio adrenocorticotrófico pela hipófise anterior além de
haver relatos da interação da nicotina com receptores GABAérgicos, interferindo também com
a enzima que regula a atividade do receptor presente na fenda sinaptica, ou seja, a GABA
transaminase e com isso modulando circuitos ansiolíticos. (MAARKOU, 2008; PICCIOTTO
et al., 2002 a,b; GONÇALVES, 2021).
Na transição do 15º para o 30º dia de tratamento observa-se que os animais explora-
ram por um tempo maior o braço aberto e ficaram mais expostos, fato que pode ter relação
com a exposição crônica a nicotina, uma vez que, a literatura indica que pode ocorrer “down
regulation” na população dos diferentes receptores sob influência do alcaloide gerando
assim dessensibilização progressiva, por exemplo, no sistema dopaminérgico. (BUISSON
e BERTRAND, 2002; CASARRUBEA et al., 2021; BAUMBACH e McCORMICK, 2021;
KNIGHT et al., 2021).
Por fim, os dados sugerem que a nicotina inicialmente manifestou atividade ansiogênica
e concomitante a exposição prolongada a ação mostrou-se ansiolítica, sugerindo indepen-
dência entre os mecanismos de sensibilização, no entanto, a literatura ainda não tem clareza
quanto aos mecanismos que facilitam a mudança no comportamento.

Tabela 2. Padrão comportamental dos ratos no Labirinto em cruz elevado. Os resultados mostram o comportamento na
fase que antecedeu a injesta da nicotina denominado de controle e 7, 15 e 30 dias de tratamento. Valores representados
pela média ‡ dp, n=6. *p<0,05 comparado ao controle.

Controle 7 dias 15 dias 30 dias


Braço aberto (min/s) 00:00:28 00:00:18 00:01:09 00:00:60*
N° entradas BA 2 1 2 2
Idas ao Final BA 2 0 1 1
Braço Fechado (min/s) 00:03:92 00:04:42* 00:03:51* 00:03:60*
Ida ao Cruzamento 00:00:14 00:00:14 00:00:14 00:00:14

BA= braço aberto; BF= braço fechado

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CONCLUSÃO

Animais jovens expostos à nicotina manifestaram na fase aguda da exposição ao al-


calóide grande excitação, representada tanto pela intensa exploração quanto pelas demais
manifestações comportamentais, por outro lado, a partir do prolongamento da exposição
à nicotina, observa-se uma ação dessensibilizadora/ansiolítica constatado nos dois testes
comportamentais referendados para a análise. Uma vez que a nicotina exerce ação em im-
portantes centros do sistema nervoso central, pode-se inferir que o contato que o tabagista
tem com o alcalóide pode deflagrar um comportamento menos ansioso e prazeiroso que
pode camuflar os efeitos deletérios da nicotina nos diferentes órgãos e sistemas.

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03
Atenção farmacêutica como ferramenta de
diminuição de PRMS na farmacoterapia do
diabetes mellitus tipo 2

Hugo Antonio Queiroz Ramos


Centro Universitário Fbv Wyden

Liliane Bezerra de Lima


Centro Universitário Fbv Wyden

Priscyla Lima de Andrade


Centro Universitário Fbv Wyden

'10.37885/220408753
RESUMO

O objetivo desse trabalho é analisar o impacto positivo da atenção farmacêutica na promoção


do uso seguro e eficaz dos medicamentos na Diabetes Mellitus tipo 2, visando a diminuição
de Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs).A metodologia baseia-se na revisão da
literatura por meio de artigos, livros e bases nos idiomas Inglês, Espanhol e Português, por
meio das bases de dados Scielo,Google Acadêmico,Periódicos da Capes,Lilacs e Pubmed,
entre 2016 e 2021, utilizando as seguintes palavras-chave: “Atenção Farmacêutica”, “Diabetes
Tipo 2”, “Tratamentos”. Conclui-se de acordo com pos artigos pesquisados que a atenção
farmacêutica é uma ferramenta fundamental no acompanhamento do tratamento da Diabetes
Mellitus, observando que através de suas técnicas foi possível promover um tratamento
seguro e eficaz com diminuição de Problemas Relacionados ao Medicamento e aumento
da adesão do tratamento farmawcológico.

Palavras-chave: Atenção Farmacêutica, Diabetes Tipo 2, Tratamentos.


INTRODUÇÃO

Segundo a IDF-International Diabetes Federation, a DM-Diabetes Mellitus (ou simples-


mente diabetes) é uma condição séria e de longo prazo (ou “crônica”) que ocorre quando
a glicemia está elevada por deficiência de insulina, por produção insuficiente ou a insulina
não é efetivamente utilizada (ATLAS DE LA DIABETES DE LA FID, 2019).
De acordo com Gomes (2015) a história do diabetes remonta de séculos. A primeira
referência que temos da doença foi por meio do Papiro de Erbers (cerca de 1 500 a.C.) que
consistia em um documento médico egípcio, descoberto pelo alemão Gerg Ebers em 1872.
Neste documento, descrevia-se uma doença que tinha como característica uma emissão
frequente e abundante de urina. Entretanto, foi na Grécia Antiga, já na Era Cristã, que
surgiu a denominação dada por Arateus. A palavra Diabetes Mellitus vem da palavra gre-
ga “diabetes”, que significa “sifão” – “passar” e da palavra latina “mellitus” significa “doce”
(SAPRA; BHANDARI, 2021)
Segundo um estudo, a taxa de incidência da doença cresceu 61,8% nos últimos dez
anos. O Rio de Janeiro aparece como a capital brasileira com maior prevalência de diag-
nóstico médico da doença, com 10.4 casos a cada 100 mil habitantes (PIMENTEL, 2018).
De acordo com Martins (2020), a atenção farmacêutica é um instrumento funda-
mental, utilizado para aumentar a adesão aos medicamentos e proporcionar benefícios
clínicos às pessoas com DM. A atenção farmacêutica é uma importante ferramenta para
a compreensão e entendimento dos sintomas, fatores de riscos e prevenção da doença
(POLATTI; SOARES, 2021)
Conforme as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes para o biênio 2019-2020, o
aumento da prevalência do DM está associado a diversos fatores, como rápida urbanização,
transição epidemiológica, transição nutricional, maior frequência de estilo de vida sedentá-
rio, maior frequência de excesso de peso, crescimento e envelhecimento populacional e,
também, à maior sobrevida dos indivíduos com DM. Por isso é de suma importância para
o profissional farmacêutico dominar o tratamento existente, buscando através da atenção
farmacêutica desenvolver as técnicas e estratégias terapêuticas, sempre buscando prevenir
e remediar os PRMs-Problemas Relacionado ao Medicamento (SBD, 2019).

Diabetes mellitus:

É um grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por defeitos na síntese e/ou ação


da insulina, o que gera um estado de hiperglicemia constante (ROSANVIS et.al, 2019).
Segundo Rodacki (2021) a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda a clas-
sificação baseada na etiopatogenia do diabetes, que compreende os tipos de Diabetes

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Mellitus Tipo 1, Tipo 2, gestacional entre outros. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
também preconiza além da classificação, a subclassificação da diabetes baseando-se no
histórico familiar, estilo de vida, fatores e sinais clínicos do paciente. O DM segundo estudos
destaca-se como a principal Doença Crônica Não Transmissível (DCNT) na atualidade.
Conforme Costa e colaboradores (2017) 50% dos portadores de DM desconhecem sua
existência, sendo o Brasil o 4º país mundial entre os países com mais casos, sendo aproxi-
madamente 13 milhões de habitantes. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem um gasto anual
com o atendimento ambulatorial aos portadores de DM em média U$2.100,00 por pessoa,
onde 63,3% são com gastos diretos e 36,7% com gastos indiretos.
Além das manifestações clínicas do DM, existem outras doenças ou comorbidades que
são desenvolvidas após o surgimento da diabetes a exemplo dos problemas vasculares que
levam a amputações parciais ou totais de membro inferiores, retinopatia diabética e cegueira,
insuficiência renal e principalmente os problemas cardiovasculares como insuficiência car-
díaca congestiva (ICC) e infarto agudo do miocárdio (IAM). Tais complicações podem trazer
prejuízos e/ou limitações funcionais, além da diminuição na qualidade de vida do paciente.

Tipos de diabetes mellitus:

Diabetes mellitus tipo 1:

DM1 é uma doença autoimune, poligênica, decorrente da destruição das células Beta-
Pancreáticas, gerando uma deficiência completa na produção de insulina, com isso há uma
diminuição na concentração do hormônio na corrente sanguínea, gerando uma hiperglicemia
acentuada. No Brasil estima-se que aproximadamente 88 mil habitantes tenham a DM1,
sendo diagnosticada principalmente em crianças abaixo dos 5 anos e adolescentes de 12 a
15 anos, e em alguns casos específicos nos adultos acima dos 25 anos (SBD,2019). A OMS
classifica a DM1 em dois subgrupos de classificação: a DM1A e a DM 1B.

Diabetes mellitus 1A:

É a forma mais comum da DM1, sendo diagnosticada pela presença de um ou mais au-
toanticorpos contra as células beta do pâncreas, gerando a inativação na produção de insulina.

Diabetes mellitus 1B:

É a forma idiopática da DM1, onde não é possível detectar os autoanticorpos, somente


os sinais e sintomas característicos da falta de insulina na corrente sanguínea dos indivíduos
portadores de DM1.

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Diabetes mellitus tipo 2 :

DM2 é uma doença de início insidioso, em que há um desequilíbrio metabólico ge-


rado pela baixa produção e/ou diminuição da sensibilidade à insulina produzida pelo pân-
creas, é uma doença que está relacionada ao estilo de vida e à hereditariedade. A DM2 é
responsável por 90% dos casos de diabetes no mundo. Os fatores que podem favorecer o
aparecimento da DM2 é alimentação rica em carboidratos e açúcares, pessoas com Índice
de Massa Corpórea (IMC) acima de 29 kg/m², o sedentarismo, tais fatores podem gerar no
organismo as alterações metabólicas.
Há também a possibilidade da DM2 ser desenvolvida por alteração na lipólise e na
excreção de glucagon no organismo, gerando uma desregulação no organismo. A resistên-
cia à insulina é multifatorial e está relacionada principalmente à obesidade e ao envelhe-
cimento. A DM2 é na maioria dos casos assintomática em seus primeiros anos, afetando
principalmente pessoas entre 40 e 69 anos de idade.

Outros tipos de diabetes mellitus:

De acordo com Merlini, Fernandes e Fernandes (2019) existem outros tipos de DM como
o Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA), no qual os sintomas são inicialmente seme-
lhantes aos da DM2 porém, durante o percurso da doença inicia-se um processo autoimune
de destruição das células B-pancreáticas. Ressalta-se também o Diabetes Gestacional que
surge por alterações hormonais ocasionadas pela gestação que resulta em resistência in-
sulínica sendo fator de risco tanto para a mãe quanto ao feto.

Sinais/sintomas e diagnóstico da diabetes mellitus:

Como aponta Brutsaert (2020) a DM apresenta entre os sinais mais comumente a


hiperglicemia. A hiperglicemia leve precoce é muitas vezes assintomática; portanto, o diag-
nóstico pode ser adiado por muitos anos.
A hiperglicemia causa glicosúria e, assim, diurese osmótica, levando a aumento da
frequência urinária, poliúria e polidipsia que pode evoluir para hipotensão ortostática e desi-
dratação. A desidratação grave causa fraqueza, fadiga e alteração do estado mental. Os sin-
tomas podem surgir e desaparecer com a flutuação dos níveis de glicose. A polifagia pode
acompanhar os sintomas de hiperglicemia, mas não costuma ser a principal preocupação
do paciente. A hiperglicemia também pode causar perda ponderal de peso, embaraço da
visão, além de, pela glicosúria, predispor as infecções urinárias por bactérias ou fungos
(BRUTSAERT, 2020).

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O diagnóstico de DM deve ser estabelecido pela identificação de hiperglicemia. Para
isto, podem ser usados a glicemia plasmática de jejum, o teste de tolerância oral à glicose
(TOTG) e a hemoglobina glicada (A1c). Em algumas situações, é recomendado rastreamento
em pacientes assintomáticos (SBD, 2019).

Tratamento da diabetes mellitus:

O tratamento para DM Tipo 1 e 2 consiste principalmente em reverter a ação dos


autoanticorpos na autoimunidade e na produção e sensibilização das células para a insulina,
respectivamente.

Tratamento diabetes mellitus tipo 1:

Como apontam Júnior, Gabbay e Lamounier (2022) nas Diretrizes da Sociedade


Brasileira de Diabetes o tratamento para DM1 consiste em uma dose diária de insulina. A es-
tratégia de reposição de insulina, para pessoas com DM1, deve mimetizar a secreção fi-
siológica de insulina. Deve-se usar insulinas basais para o componente basal, e insulinas
prandiais, de preferência análogos de ação rápida ou ultrarrápida. Sendo as necessidades
diárias de insulina no DM1 estimadas a partir do peso corporal, tipicamente variando entre
0,4 U/kg/dia a 1,0 U/kg/dia.

Tratamento diabetes mellitus tipo 2:

Já o tratamento para a DM2 baseia se no uso dos medicamentos hipoglicemiantes


orais de acordo com (Quadro 1), sendo eles divididos pelas classes:

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Quadro 1. Classes de Antidiabéticos Orais Disponíveis.

CLASSE DROGAS MECANISMO DE AÇÃO DESVANTAGENS


Estimula a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas,
Sulfonilureias Glibenclamida Ganho de peso e Hipoglicemia
por meio da ligação no receptor SUR-1
Aumenta sensibilidade insulínica no fígado, reduzindo a pro-
Desconforto abdominal e deficiên-
Biguanidas Metformina dução hepática de glicose e Aumenta a captação muscular de
cia de Vit.B12
glicose (ativação da AMPK)
Inibidores da Inibidor da alfa glicosidase (enzima presente na borda em es-
Acarbose Flatulência e Diarreia
Alga-glicosidase cova do TGI) levando ao retardo da absorção de carboidratos
Ligação ao receptor SUR na célula beta e provoca despolari-
Glinidas Nateglinida Ganho ponderal e Hipoglicemia
zação, levando à liberação de insulina
Aumento da sensibilidade à insulina em músculo, adipócito Retenção Hídrica, Fraturas e
Glitazonas Pioglitazona
e hepatócito ganho ponderal
Aumenta a secreção de insulina dependente de glicose
Agonista da Reduz secreção de glucagon
Liraglutida Náusea,Vômito e Diarreia
GLP-1 Retarda o esvaziamento gástrico.
Aumenta a saciedade
Aumento do nível do GLP-1, com aumento de síntese e secre-
Inibidor da DDP-4 Sitagliptina Angioedema e Urticária
ção de insulina, além de redução do glucagon
Inibe a absorção de glicose e sódio no túbulo proximal por
meio da inibição do receptor SGLT2, levando à glicosúria e
Inibidor da
Empagliflozina natriurese. Infec.Geniturinária e Poliúria
SGLT-2
Redução estimada da glicemia de jejum: 30 mg/dL e HbA1C:
0,5%-1,0%
Fonte: (SILVA FILHO et al., 2022).

Problemas relacionados aos medicamentos na diabetes mellitus:

Os Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRMs) são definidos como qualquer


evento indesejável apresentado pela pessoa, que pode estar ligado ou não ligados à far-
macoterapia. Os principais tipos de PRMs segundo a proposta do Segundo Consenso de
Granada subdividem-se em:

• PRM 1: É quando o paciente tem um problema de saúde por não utilizar a medica-
ção que necessita.
• PRM 2: É quando o paciente tem um problema de saúde por utilizar um medica-
mento que não necessita.
• PRM 3: É quando o paciente tem um problema de saúde por uma inefetividade não
quantitativa da medicação.
• PRM 4: É quando o paciente tem um problema de saúde por uma inefetividade
quantitativa da medicação.
• PRM 5: É quando o paciente tem um problema de saúde por uma insegurança não
quantitativa de um medicamento.
• PRM 6: É quando o paciente tem um problema de saúde por uma insegurança
quantitativa de um medicamento.(BISSON, 2016)

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No tratamento do DM, os principais PRM envolvem o uso indevido de medicamentos
para tratar a hiperglicemia, o tratamento com medicamentos mal prescritos e/ou em doses
diferentes das necessárias, utilizando doses baixas ou altas na terapia produz ineficácia e/
ou toxicidade, além de tratamento não supervisionado e/ou revisão de terapia de longo prazo

MÉTODOS

Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica baseada em artigos, livros, sites,
apostilas de cunho científico, nos idiomas Português, Inglês e Espanhol, selecionando pu-
blicações de 2016 a 2021, utilizando as seguintes palavras-chave: “Atenção Farmacêutica”,
“Diabetes Tipo 2”, “Tratamentos”. Foram excluídas as publicações fora do tema específico da
pesquisa. As pesquisas e coleta de dados e publicações foram feitas através das bases de
dados Google Acadêmico, Scielo, Pubmed, Periódicos Capes e Portais do Governo Brasileiro.

RESULTADOS

Por meio de minuciosa pesquisa e análise dos artigos produzidos sobre a atenção
farmacêutica na DM2, foram selecionados 10 artigos que foram publicados entre os anos
de 2017 e 2022, os artigos foram elaborados e publicados no Brasil e no exterior, sendo
descritos no fichamento Tabela 2.

Autor(es) Ano Título Objetivo(s) Conclusão


O farmacêutico na unidade básica de saú- Acompanhar pacientes diabéticos Revelou a quantidade de PRM’s e reforçou
de: atenção farmacêutica ao portador de atendidos na unidade médica de a necessidade do profissional de farmácia,
Silva e Souza 2017 DM em uma unidade de saúde pública, no um bairro de Santarém no Pará e em reconhecer as necessidades farmaco-
município de Santarém/PA demonstrar impacto dos PRM antes terapêuticas individuais
e após o acompanhamento
A prática da atenção farmacêutica no Apresentar o relato de caso de um O acompanhamento farmacoterapêutico
acompanhamento farmacoterapêutico paciente de 6 anos com DM que, em permitiu a promoção de educação em saú-
Campos
2020 de idosos diabéticos e hipertensos: re- um centro médico econômico da ci- de, resolução dos PRMs
et. al
lato de caso dade de João Pessoa-PB.

Implementação de atenção farmacêutica Re a l i za r a co nf i g u ra çã o d o A atenção farmacêutica conseguiu verificar


como ferramenta para prevenção e acom- atendimento da farmácia PRMs, além de corrigir possíveis
panhamento do diabetes mellitus utilizando o método de moni- complicações de interações me-
Merlini et.al 2019
toramento de farmacoterapia dicamentosas, possibilitando que
Dader. interviessem ativamente na vida dos par-
ticipantes com DM
Assistência farmacêutica na atenção pri- Levantamento bibliográfico, Pacientes com diabetes necessitam de ma-
mária aos pacientes com diabetes das contribuições do profissional nejo multidisciplinar, onde as mudanças de
Garreto et.al 2022 de farmácia para o tratamento de hábitos são essenciaIs, além da prescrição
pacientes com DM de medicamentos, para melhorar a quali-
dade de vida do paciente diabético
A importância dos serviços de atenção Determinar o impacto das interven- Mostraram resultados melho-
farmacêutica na formação e recuperação ções implementadas por farmacêuti- res no acompanhamento farma-
Santos et.al 2021
de saúde de pacientes diabéticos: uma cos na atenção primária no controle coterapêutico no grupo com DM
revisão integrativa dos parâmetros clínicos do DM2

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Autor(es) Ano Título Objetivo(s) Conclusão
A importância do farmacêutico no trata- Relatar a atenção farmacêutica pres- Os farmacêuticos contribuem ativamen-
mento da Diabetes mellitus tipo 2 tada DM tipo 2. te para a construção de uma população
Coelho et . al 2021 consciente, orientada e informada sobre
seu estado de saúde e seus tratamentos
farmacológicos ou não farmacológicos.
A importância da atenção farmacêutica Realizar um estudo sobre manejo As intervenções farmacêuticas podem pro-
para portadores de diabetes mellitus farmacêutico de pacientes com DM2 mover o aumento da adesão do usuário ao
Brentegani 2017
tipo dois em drogarias: uma revisão bi- em drogarias tratamento do DM2
bliográfica
Consulta e diagnóstico farmacêutico da Ressalta a importância do farmacêu- Aplicação de assistência farmacêutica, uti-
Diabetes Mellitus tipo 2: uma revisão tico no acompanhamento do trata- lizando a assessoria farmacológica como
Grota et.al 2021
sistemática mento de pacientes com DM2. ferramenta para ajudar a identificar e su-
gerir soluções para PRM
Atenção farmacêutica ao paciente idoso Promover a atenção farmacêutica ao Mostrou benefícios da adesão e continua-
Baltar e diabético idoso diabético, analisar eventuais ção do tratamento, evitando complicações
2021
Abreu PRM crônicas da doença e melhorando o con-
trole glicêmico
Intervenções de atenção farmacêutica Conhecer o efeito das intervenções A atenção farmacêutica através de mé-
no controle glicêmico de pacientes com de atenção farmacêutica no controle todos educativos geram mudanças na
Villalta 2021
diabetes mellitus tipo 2 glicêmico ambulatorial com DM2 farmacoterapia e estilo de vida, gerando
resultados positivos na melhora do DM2
Fonte: Próprios autores (2022).

DISCUSSÃO

O profissional farmacêutico é responsável pela implementação de estratégias de pro-


moção do uso racional de medicamentos, tanto pelas consequências danosas do uso ina-
dequado, quanto pelas consequências financeiras que os medicamentos representam para
os serviços de saúde e para a comunidade.
Garreto e colaboradores (2022) afirmam que são atividades dos farmacêuticos a ela-
boração de diretrizes de integração do usuário, destinadas a acesso aos medicamentos
necessários, a educação em saúde para os usuários sobre suas drogas e seus problemas de
saúde, promoção de ferramentas que promovam a adesão dos usuários aos medicamentos,
através da orientação do tratamento, podendo assim reduzir a complexidade do tratamento
e fornecer recursos que dão suporte ao paciente durante o uso da droga. Além de realizar
periódicas avaliações da eficácia dos tratamentos farmacológicos quando é necessário. Além
disso, por meio da assistência farmacêutica, o especialista cria vínculo com o paciente, fator
que determina o sucesso da terapia.
Para Santos e colaboradores (2021) a atenção farmacêutica permeia toda a compreen-
são da dinâmica individual e familiar, com uma abordagem holística e personalizada que
compreende a família em seu espaço social, contexto socioeconômico e sua cultura. Os pro-
fissionais avaliam o contexto familiar, avaliando suas características individuais e coletivas.
A estrutura de um serviço de monitoramento farmacêutico no contexto dos cuidados de
saúde iniciais, visa aumentar a conformidade do tratamento, promovendo melhor eficiência

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da terapia. O monitoramento de pacientes com DM contribuem para reduzir dados adicionais
da patologia e propôs intervenções para melhorar os parâmetros clínicos.
Conforme aponta Coelho e colaboradores (2021) a atenção farmacêutica precisa ser
cientificamente fundamentada, para isso o farmacêutico deve sempre buscar se especializar
e se manter atualizado com os medicamentos existentes no tratamento do DM2, mas além
do conhecimento especializado, esse profissional deve atuar de forma humanizada, escu-
tando as reclamações dos pacientes, tirando suas dúvidas e entendendo o mesmo diante
da realidade da sua vida.
Segundo Bretogani (2017) os farmacêuticos são os profissionais que têm contato di-
reto com as pessoas e sobretudo, têm contato direto com doentes crónicos, que visitam as
unidades de saúde com mais frequência que as demais pessoas, sabendo que quando este
profissional está devidamente informado e apto a prestar assistência farmacêutica em uma
farmácia, tal serviço irá agregar muito no tratamento de pacientes com DM 2, proporcionando
uma terapia mais eficaz e ajudando a trazer resultados satisfatórios.
Para Villalta (2021) a atenção farmacêutica deve ser focada na educação, identificação
e resolução de PRMs, além de promover modificações de estratégias farmacológicas e/ou na
dosagem de indicação, sendo as intervenções divididas em dois tipos, as intervenções diri-
gidas à educação do paciente e as intervenções direcionadas para mudanças operacionais.
Dentro do sistema de saúde, os farmacêuticos são uma das últimas oportunidades
que os doentes de desfrutar de um tratamento eficaz e encontrar formas de identificar, cor-
rigir ou reduzir os possíveis riscos associados à terapêutica no âmbito do monitoramento
farmacoterapêutico. Visando sempre tratar e prevenir que os pacientes com diabetes tipo 2
tenham alguma piora em sua evolução clínica devido à descontinuação, abuso de drogas e
problemas relacionados a interações medicamentosas (GROTA et.al, 2021).
Como pontua Merlini e colaboradores (2019) no setor farmacêutico, a atenção far-
macêutica é uma ferramenta potencialmente poderosa para melhoria e monitoramento de
doenças. No entanto, essa prática ainda não é utilizada como foi idealizada, A literatura diz
que a deficiência em aplicar a AF está ligada tanto à graduação tecnicista como com à falta
de conhecimento por parte dos farmacêuticos para desenvolver o método. Outro problema
é que além da baixa procura pelos serviços farmacêuticos, o profissional farmacêutico está
ausente, o que acarreta falhas na farmacoterapia, podendo ser atribuída a má utilização
dos medicamentos por parte dos pacientes. Daí a necessidade de implantar os serviços de
atenção farmacêutica no nível ambulatorial e principalmente no serviço de atenção primária
á saúde, como aponta Silva e colaboradores (2017) em um estudo prospectivo realizado em
uma UBS da cidade de Santarém-PA onde foram atendidos 30 pacientes, sendo 23 pacientes
do sexo feminino (76,7%) e 7 pacientes do sexo masculino(23,33%), dos pacientes 86,7%

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são pessoas na faixa etária acima dos 60 anos, dentre os 30 pacientes 29 são portadores
da DM2 responsável por 96,7% dos casos, ressaltando a prevalência da DM2 entre os
portadores da doença, além de que 25 dos entrevistados possuem algum comorbidade a
exemplo da Hipertensão Arterial, Obesidade e Dislipidemia. Foram encontrados 77 PRMs
com uma média de 2,56 ±1,35 (média±DP) PRM por paciente, onde 100% dos pacientes
acompanhados estavam com polifarmácia, tais pacientes foram submetidos a sistema de
atenção farmacêutica Dáder que leva em conta não apenas a patologia mais todo o con-
texto biopsicossocial do paciente, onde AF, 100% dos PRMs foram resolvidos apenas com
orientação farmacológica e monitoramento, demonstrando que a Atenção Farmacêutica é
ferramenta útil no acompanhamento farmacoterapêutico.
Foi realizado por Merlini e colaboradores (2019) um estudo de coorte vinculado ao pro-
grama Qualimack da Universidade Mackenzie, onde foram atendidos e acompanhadas 25
pessoas trabalhadoras da instituição por 1 ano , com faixa etária de 34 á 76 anos, dentre os
entrevistados 12 pessoas se encontravam na condição de pré-diabético e pré-hipertensos,
além de haver uma prevalência de pessoas do sexo masculino como portadores da DM tipo
2 que é responsável por mais de 90% dos casos.
Dentro do estudo foram detectados PRMs do tipo 1,2 e 4, que estão ligados a não
uso de medicamentos específicos e também ao uso de um medicamento que está sendo
ineficiente na terapêutica, além dos PRMs também foram detectadas comorbidades ,além
de medicamentos oriundos de automedicação, de acordo com o estudo os pacientes que
foram submetidos a atenção farmacêutica, alterações puderam ser observadas no quadro
clínico de 36% voluntários; destes, verificou-se que 3.funcionários (33%) haviam saído da
pré-diabetes durante o período do projeto, 2 funcionários (22%) dos sujeitos do estudo
perderam massa corporal e consequente redução do IMC, 5 funcionários (55 %) tiveram
seu tratamento com medicamentos ajustado por seu médico durante o curso do projeto,
atestando que a atenção farmacêutica vem sendo uma ferramenta eficaz na correção de
possíveis complicações pelo uso inadequado do fármaco, das interações pela automedicação
e garantia da segurança e eficácia do tratamento farmacológico, além da melhoria do estilo
de vida das pessoas (MERLINI et al, 2019).
Sendo os idosos o principal grupo acometido pela DM2, sendo os idosos acima dos 60
anos responsáveis pela maior parcela de portadores da DM, por isso Baltar e Abreu (2021)
defendem que a atenção farmacêutica é essencial na vida do paciente idoso diabético, vis-
to que essa população necessita de cuidados especiais, já que devido algumas limitações
fisiológicas, o paciente acaba tendo problemas durante o seu tratamento. Diante disso, é
importante que o farmacêutico faça uma orientação dinâmica aos idosos portadores do dia-
betes, auxiliando e tirando as dúvidas referente a forma de utilização dos hipoglicemiantes

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orais, modo de armazenamento, preparação e aplicação das insulinas, mostrando os bene-
fícios da adesão e continuação do tratamento, evitando complicações crônicas da doença,
melhorando o controle glicêmico, proporcionando uma melhor qualidade de vida e um au-
mento na expectativa de vida dessa população.
Em um estudo descritivo com abordagem qualitativa do tipo relato de caso Campos e
colaboradores (2020) nos mostra que segundo tem demonstrado as evidências científicas,
o cuidado e atenção farmacêutica para com os idosos tem melhorado significativamente seu
quadro clínico. Em um relato de caso com uma paciente de 64 portadora da DM tipo 2, que
estava apresentando glicemia descompensada e Hipertensão Arterial. Por meio da AF foi pos-
sível constatar um PRM relacionado a insegurança do paciente em relação ao medicamento,
visto que a mesma apresentou efeitos adversos após administração do hipoglicemiante oral,
gerando assim elevação da glicemia e aumento do risco de complicações relacionadas a
DM, com isso foi elaborado um plano de cuidado com as intervenções farmacêuticas, onde
visava a adesão ao tratamento, a manutenção desse tratamento e evitar as complicações
relacionadas ao diabetes. Depois de aplicadas as intervenções e AF, foi observado uma
melhora do quadro clínico da paciente, com adequação dos valores de pressão e glicemia
dentro das metas terapêuticas.
Portanto, de acordo com as pesquisas bibliográficas aqui listadas, bem como os re-
sultados apresentados neste estudo é possível notar que após aplicação da AF, os PRMs
apresentados pelos entrevistados foram 100% solucionados apenas com aplicação de orien-
tação e acompanhamento da farmacoterapia

CONCLUSÃO

Com isso conclui-se através da análise desses estudo que a atenção farmacêutica é
uma ferramenta segura e eficaz no tratamento do Diabetes Melitus tipo 2, visto que a mesma
é feita com o paciente no centro do cuidado e não apenas a doença, sempre levando em
conta a situação biopsicossocial.
Foi possível atestar por meio das informações de cada estudo que quando a Atenção
Farmacêutica foi aplicada em pacientes portadores da diabetes, foi possível controlar seus
níveis glicêmicos, reduzir os riscos de comorbidades e complicações, além da resolução dos
Problemas Relacionados aos Medicamentos. Além de garantir o protagonismo do profissional
farmacêutico na equipe multidisciplinar e garantindo sua valorização e reconhecimento na
sociedade pela sua relevância no monitoramento e cuidado da terapêutica farmacológica,
sendo promotor e agente de uma terapia segura e satisfatória.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus pela sua graça e misericórdia sobre mim durante essa caminhada, aos
meus pais pelo incentivo e amor, aos meus familiares e amigos que sempre me motivaram.

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04
Conhecimentos dos frequentadores de uma
praça em Serra-ES sobre o uso irracional
de antibióticos e resistência bacteriana

Cláudia Janaina Torres Müller


Instituto de Ensino Superior e Formação Avançada de
Vitória - IESFAVI

André Luiz Barbosa Dantas


Instituto de Ensino Superior e Formação Avançada de
Vitória - IESFAVI

Odilon Azevedo Calian


Instituto de Ensino Superior e Formação Avançada de
Vitória - IESFAVI

'10.37885/220207825
RESUMO

Introdução: Antibióticos são importantes medicamentos no tratamento de infecções por bac-


térias e fungos, porém, o seu uso irracional é um dos fatores para a resistência bacteriana.
Sendo assim, projetos de sobre os perigos do uso irracional de antibióticos, principalmente
os relacionados a resistência bacteriana são de vital importância. Objetivo: Averiguar o
nível de conhecimento de frequentadores de uma praça de Serra-ES, sobre o uso irracional
de antibióticos e a resistência bacteriana. Metodologia: Aplicou-se um questionário à 48
participantes, com 18 perguntas divididas em dados sócio demográficos, uso de antibióticos
e conhecimentos sobre uso de antibióticos, utilizando todos os critérios éticos exigidos para
o seu desenvolvimento. Resultados e Discussão: O estudo observou que a maioria dos
entrevistados possui nível superior de escolaridade (45%) e fazem uso de antibióticos sem
prescrição médica (46%), sob o pretexto de terem dificuldade de acesso à consulta médica
(41%) ou não terem tempo livre para as mesmas (46%). O estudo observou ainda, que a
maioria dos entrevistados tem um conhecimento satisfatórios sobre resistência bacteriana,
já que 46% afirmaram que o uso inadequado de antibióticos é o principal fator para o de-
senvolvimento de cepas resistentes aos antibióticos. Conclusão: O estudo sugere, que o
uso irracional de antibióticos não está atrelado ao grau de instrução e sim a uma cultura de
automedicação. Portanto, ações educativas mais efetivas de sensibilização da população
se fazem necessárias na minimização dos problemas relacionados ao uso irracional de
antibióticos e a resistência bacteriana.

Palavras-chave: Antibacterianos, Farmacorresistência Bacteriana, Uso Medicamentos.


INTRODUÇÃO

Antibióticos são medicamentos feitos a partir de compostos de origem natural ou sin-


tética que possuem como finalidade causar a inibição do crescimento, ou a morte de bac-
térias, desta forma, podem ser classificados como bactericidas quando causam a morte da
bactéria, ou bacteriostáticos, quando provocam a inibição do seu crescimento (GUIMARAES;
MOMESSO; PUPO, 2010).
Os antibióticos encontram-se entre as medicações mais prescritas, sendo utilizados
para combater infecções bacterianas e de maneira profilática em determinadas interven-
ções cirúrgicas (LOPES; PEREIRA; CARVALHO, 2015). Porém, o uso irracional deste tipo
de medicamento vem emergindo como um fator de grande relevância para saúde pública.
O uso irracional de antibióticos pode assumir várias formas, incluindo o uso de muitos
medicamentos por paciente (polifarmácia); o uso inadequado por automedicação (geralmen-
te incluindo medicamentos antibióticos que são sujeitos a receita médica); a utilização de
antibióticos em infecções não bacterianas e a utilização fora dos protocolos clínicos, ou com
dosagem e via de administração inadequadas, com o uso excessivo de injeções, quando for-
mulações orais seriam mais apropriadas. Contudo, todos esses fatores expõem as bactérias
a níveis de antibióticos, que não são apenas terapeuticamente ineficazes, mas também que
facilitam o desenvolvimento de resistência bacteriana (MBOYA; SANGA; NGOCHO, 2018).
A resistência de microrganismos à antibióticos é inevitável, difícil de ser revertida, e
uma consequência natural da adaptação bacteriana a exposição aos antibióticos. Entretanto,
o uso intenso de antibióticos na medicina, na produção de alimentos para animais e na
agricultura, tem causado uma aceleração na velocidade da resistência dos microrganismos
a essas drogas em todo mundo. Sendo assim, a resistência bacteriana tornou-se um dos
principais problemas de saúde pública no planeta, afetando todos os países, desenvolvidos
ou não (SANTOS, 2004).
Segundo dados obtidos pela Organização das Nações Unidas, a resistência bacteriana
é responsável por 700 mil mortes anualmente, e as projeções para as próximas décadas
não se mostram positivas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, até 2050 este
problema será responsável por 10 milhões de mortes ao ano, levando a um índice superior
ao de mortes causadas por doenças como AIDS, gripe e tuberculose (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2019).
Diversas alternativas têm sido criadas para frear a resistência bacteriana e os efeitos
nocivos provocados por ela. Dentre estas medidas, estão o emprego de posologias modifi-
cadas na tentativa de otimizar o índice farmacodinâmico do regime terapêutico; adoção de
protocolos mais curtos de tratamento; e educação médica com o intuito de reduzir prescrições
desnecessárias, ou que não atendam às doenças tratadas (ZIMERMAN, 2012).

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Desta forma, diante do crescimento acelerado de utilização não racional de antibióticos
no Brasil e no mundo, é necessário que medidas sejam criadas para conter o avanço deste
problema em todos os níveis da sociedade, visto que este assunto é de enorme valor para
manutenção da saúde pública mundial. Nesse sentido, estudos que averiguem o nível de
conhecimento das pessoas acerca do uso racional de medicamentos e a resistência bacte-
riana, mostram-se relevantes para as tomadas de decisões em políticas públicas que visem
amenizar ou até mesmo solucionar este problema.
Portanto, o objetivo deste estudo foi fazer um levantamento sobre os dados sócio
demográficas dos participantes, informações sobre as infecções bacterianas e uso de an-
tibióticos, além de informações a respeito dos conhecimentos sobre o uso de antibióticos
de frequentadores de uma praça no município de Serra – ES, averiguando a relação dos
dados sócio demográficos dos entrevistados com os conhecimentos sobre uso irracional de
antibióticos e resistência bacteriana, bem como, com os fatores que levam ao uso incorreto
de antibióticos.

METODOLOGIA

A presente pesquisa é um estudo de campo descritivo quantitativo, onde foram entre-


vistados diferentes frequentadores de uma praça em Serra-ES sobre a utilização racional
de antibióticos e resistência bacteriana.
O período de coleta de dados para o estudo ocorreu entre os dias 01 de setembro
de 2020 e 30 de setembro de 2020, sempre aos domingos entre às 10h00m da manhã e
14h30m da tarde, em uma praça do município de Serra-ES.
Participaram do estudo homens e mulheres de várias faixas etárias, com idades acima
de 18 anos, que tivessem feito o uso de antibióticos em algum momento de suas vidas. Os en-
trevistados foram escolhidos de maneira aleatória e não obtiveram quaisquer ajuda para
responder o questionário visando o máximo de fidelidade possível aos resultados. Além
disso, o estudo seguiu todos os critérios éticos exigidos para o seu desenvolvimento
Como instrumento de coleta foi utilizado um questionário semiestruturado, contendo 17
perguntas, que abrangiam questões sobre os dados sócio demográficas dos participantes,
informações sobre as infecções bacterianas e uso de antibióticos, além de informações a
respeito dos conhecimentos sobre o uso de antibióticos.
Após a coleta dos dados, estes foram compilados em uma planilha no Microsoft Excel®,
onde foram transformados em dados estatísticos para elaboração dos resultados e discussão
referente ao tema abordado pela pesquisa. Para a análise estatística dos dados, utilizou-se
o teste de qui-quadrado e as diferenças foram consideradas significantes para p < 0,05.

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Todos os procedimentos da pesquisa seguiram as recomendações da resolução
510/2016 resguardando o anonimato dos participantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo entrevistou 48 frequentadores de uma praça em Serra - ES. Segundo dados


sócio demográficos (Tabela 1) do estudo, não houve diferença estatística no número de mu-
lheres e homens participantes, diferente dos resultados encontrados por Trindade, Cerdeira
e Santos (2017), que analisaram o perfil da utilização de antimicrobianos por paciente de
uma farmácia do sul de Minas Gerais; e dos resultados de Mascena Teixeira e Oliveira
(2020), que avaliaram as prescrições de medicamentos antimicrobianos dispensados por
uma farmácia básica de Cuité-PB. Em ambos os estudos, o número de mulheres foi maior
que 74% dos entrevistados.
A diferença dos resultados pode estar relacionada ao local de coleta de dados dos es-
tudos, onde o presente estudo ocorreu em uma praça municipal, frequentado por pessoas à
procura de espaços públicos, enquanto os estudos de Trindade, Cerdeira e Santos (2017) e
Mascena, Teixeira e Oliveira (2020) ocorreram em uma farmácia local, por frequentadores à
procura de cuidados medicamentosos, que em sua maioria são do gênero feminino (COSTA
JÚNIOR; COUTO; MAIA, 2016).

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Tabela 1. Perfil sócio demográfico da amostra dos usuários de antibióticos (* Significância p < 0,05).

DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS

VARIÁVEIS AMOSTRA PORCENTAGEM


Sexo
Masculino 22 47,20%
Feminino 26 52,80%
Faixa etária (em anos)
18 a 20 5 10,87%
21 a 25 8 17,39%
26 a 30 8 17,39%
31 a 40 10 21,74%
41 a 50 3 6,52%
51 a 60 8 17,39%
> 60 4 8,7%
Escolaridade
Fundamental incompleto 1 2,08%
Fundamental completo 3 6,25%
Ensino médio incompleto 3 6,25%
Ensino médio completo 13 27,08%
Superior incompleto 6 12,50%
Superior completo 22 45,83% *
Estado civil
Solteiro (a) 22 46,00% *
Casado (a) 21 44,00% *
Viúvo (a) 0 ---
Separado/Divorciado (a) 2 2,00%
União Consensual 2 4,00%
Outros 1 2,00%
Fonte: autores.

O presente estudo apresentou uma homogeneidade estatística nas faixas etárias,


mas uma frequência alta de indivíduos que se declararam casadas (44%) e solteiras (46%).
Estes resultados também não corroboram aos de Mascena, Teixeira e Oliveira (2020),
entretanto, estudos que fazem a análise etária e estado civil de seus entrevistados au-
xiliam no aperfeiçoamento dos dados farmacoepidemiológico do uso de antimicrobianos
(GONÇALVES et al., 2017).
Com a relação ao nível de escolaridade dos entrevistados, a maioria estatística pos-
suía ensino superior completo (45,83%), diferente de resultados dos estudos sobre perfil de
usuários de antibióticos de Trindade, Cerdeira e Santos (2017) e Mascena, Teixeira e Oliveira
(2020). Mas também diferente dos resultados de estudos sobre nível de conhecimentos no
uso de antibióticos, como o de Souza, Santos e Borges (2019), que analisaram o conhe-
cimento dos usuários de uma unidade básica de saúde de Curitiba-PR sobre o antibiótico
amoxicilina e de Lopes e Oliveira (2021), que analisaram nível de conhecimento e perfil de
utilização de antimicrobianos de pacientes de uma Farmácia Básica de Encanto-RN. Tanto

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no estudo Souza, Santos e Borges (2019, como o no de Lopes e Oliveira (2021), o nível de
escolaridade dos entrevistados era baixo.
No estudo, observou-se (Figura 1) ainda, que quase metade dos entrevistados (46%)
admitiram terem feito uso de antibióticos sem prescrição médica em algum momento da
vida e este resultado corrobora aos achados de Trindade, Cerdeira e Santos (2017), onde
metade de seus entrevistados (54%), também admitiram terem utilizado a medicação sem
a prescrição exigida. As semelhanças entre esses dados sugerem que pode não haver
relação entre o uso irracional de antibióticos e o grau de instrução de seus usuários, já que
no presente estudo a maioria afirmou ter nível superior e no estudo de Trindade, Cerdeira
e Santos (2017) o nível educacional era baixo. De fato, segundo Tiago Barros e Jimenez
(2009), a prática do uso de antibióticos sem prescrição médica está muito relacionada a
cultura da automedicação no Brasil, visto que a falta de informação por parte do prescritor
e o nível de escolaridade estiveram presentes em seu estudo, mas não foram fatores de-
terminantes para esta ação. Silva, Manzotti e Petroni (2011) sugerem ainda, que a prática
da automedicação faz parte de uma cultura mundial, uma vez que ao primeiro sinal de uma
possível doença, os usuários procuram soluções rápidas para resolver o problema, porém
nem sempre são terapeuticamente corretas.

Figura 1. Levantamento do uso de antibióticos com, ou sem prescrição médica de uma amostra da população do estado
do Espirito Santo.

Fonte: autores.

Dentre os motivos para o uso de antibióticos sem receita médica, o estudo averiguou
que (Figura 2), falta de tempo e a dificuldade de acesso a uma consulta médica somam 86%
das motivações para a automedicação por antibióticos, fator este que contribui diretamente
para o uso irracional de antibióticos. Vitor et al. (2008), sugerem em seu estudo do padrão
de consumo de medicamentos sem prescrição médica em uma cidade da região Sul do
Brasil que os usuários de farmácias comerciais enxergam estes estabelecimentos como
meros locais comerciais para a venda de medicamentos e não como estabelecimentos de
saúde. Entretanto, esta afirmação destoa da definição de farmácia do Conselho Federal de

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Farmácia, onde a farmácia é descrita como uma unidade de prestação de serviços destina-
da a prestar assistência farmacêutica, assistência a saúde e orientação sanitária individual
e coletiva (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2001). Diante deste contexto, Oliveira
et al. (2004) ressaltam a importância do farmacêutico no ato da dispensação de antibióticos,
pois cabe a ele a orientação, a fim de minimizar o uso irracional da medicação e a seleção
de bactérias resistentes.

Figura 2. Levantamento das principais motivações para a automedicação por antibióticos de uma amostra da população
do estado do Espírito Santo usaria de antibióticos

Fonte: autores.

O estudo observou entre os entrevistados que admitiram já terem feito uso de antibió-
ticos sem receita, que 36% conseguiu comprar o antibiótico na farmácia sem a cobrança do
receituário obrigatório por lei. Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro
(2015), a venda de antibióticos sem receita médica é uma prática frequente em certas
farmácias do Brasil. Além disso, 41% desses mesmos entrevistados, afirmou que obtêm
os antibióticos das sobras de medicação comprada em outra oportunidade. As sobras de
medicamentos de um tratamento podem estar relacionadas a não adesão do paciente à tra-
tamentos medicamentosos, ou ao quantitativo vendido superior que o tratamento receitado.
Quanto a não adesão ao tratamento, estudos mostram que alguns pacientes param o
tratamento medicamentoso com antibióticos quando os sintomas de infecção cessam. De fato,
Muccilo-Baisch et al. (2009), em um estudo sobre o nível de adesão ao tratamento com an-
timicrobianos em duas farmácias de Rio Grande – RS; e Motta (2012) em um estudo sobre
conhecimentos de pais e alunos de uma escola de Ceilândia-DF sobre como evitar os sur-
gimentos de bactérias multirresistentes, observaram que 20% a 50% de seus entrevistados

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param o tratamento com antibióticos assim que observam a remissão dos primeiros sintomas,
por acreditarem estarem curados.

Figura 3. Levantamento das principais formas de obtenção de antibióticos para automedicação de uma amostra da
população do estado do Espírito Santo usaria de antibióticos.

Fonte: autores.

Quanto a sobras devido a prescrição médica ser menor que a quantidade na apresen-
tação disponível, para a redução destas sobras, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(BRASIL, 2020) sugere o fracionamento dos medicamentos, pois este tem um papel impor-
tante na promoção do uso racional de medicamentos, já que permite a aquisição da exata
quantidade prescrita. Entretanto, o fracionamento é responsabilidade do farmacêutico e deve
ser realizado de acordo com as normas de Boas Práticas para Fracionamento. Além disso,
nem todos os tipos de medicamentos podem ser fracionados e este fracionamento deve ser
realizado por farmácias e drogarias a partir de embalagens especificamente desenvolvidas
para esse fim (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA, 2001).
Na última etapa do estudo, analisou-se os conhecimentos dos entrevistados sobre o uso
de antibióticos e resistência bacteriana. Desta forma, inicialmente indagou os participantes
do estudo sobre o que é resistência bacteriana e observou-se (Figura 4) que a maioria (71%)
afirma que resistência bacteriana pode ser definida por bactérias que possuem resistência a
diversos antibióticos. Este resultado corrobora ao de Mendonça et al. (2020), onde a maio-
ria dos seus entrevistados afirmavam que resistência bacteriana se trata da formação de
microrganismos mais resistentes a diversos antibióticos a ação dos antibióticos utilizados
para tratar infecções causadas por elas.

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Figura 4. Levantamento sobre a percepção dos entrevistados a respeito da definição de resistência bacteriana segundo
seus conhecimentos de uma amostra do estado do Espírito Santo. * Significância p < 0,05.

80%
70%
*
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Doenças Bactérias que Antibióticos Bactérias que Bactérias Outros
bacteri anas sem não conseguem capazes de possuem causadoras de
cura. ser combatidas destruir resistência a doenças que
com certos bactéri as. diversos fazem a proteção
antibióticos. antibióticos. de certos órgãos.

Fonte: autores.

Ainda com o intuito de avaliar os conhecimentos dos participantes do estudo sobre


resistência bacteriana, perguntou-se o que eles achavam que leva ao desenvolvimento da
resistência bacteriana (Figura 5) e a maioria acredita que esteja relacionado ao uso ina-
dequado de antibióticos (uso abusivo de um mesmo antibiótico por diversas vezes para o
tratamento de infecções bacterianas-75%; uso de antibióticos sem a análise das infecções
por antibiograma - 27%; uso de antibióticos por um período menor que o necessário - 27%).
Estes resultados se assemelham aos apresentados por Mendonça et al. (2020), em um
estudo a respeito do conhecimento de uma população do sul do Brasil sobre resistência
bacteriana, e onde os entrevistados acreditam que o uso inadequado de antibióticos e o
uso excessivo destes medicamentos sem prescrição médica são os principais causadores
da resistência bacteriana. De fato, para Wannmacher (2004), o uso seguro e eficaz da anti-
bioticoterapia deve idealmente ser feito após a realização prévia de um antibiograma, para
que o tratamento seja o mais seletivo possível, evitando a seleção de bactérias resistentes,
a toxicidade do paciente e a possibilidade de mascarar um falso resultado.

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Figura 5. Levantamento sobre a opinião dos entrevistados sobre os fatores que levam a resistência bacteriana.

Fonte: autores.

O estudo também analisou os conhecimentos dos entrevistados sobre os principais


problemas causados pela resistência bacteriana (Figura 6) e a maioria respondeu seria a
produção de uma deficiência na eficácia de determinados antibióticos frente a infecções
causadas por bactérias (58%) e o desenvolvimento de bactérias multirresistentes a antibió-
ticos (50%). De fato, Santos (2004), afirma que algumas infecções, como a causada pelo
Mycobacterium tuberculosis, estão se tornando praticamente incuráveis ou intratáveis em
ambientes hospitalares devido à resistência que esse microrganismo desenvolveu aos an-
timicrobianos disponíveis para o tratamento.
Apesar do número elevado de usuários de antibióticos sem prescrição médica no pre-
sente estudo, a dispensação de antibióticos é regulamentada pela Resolução RDC nº 44
de outubro de 2010 (BRASIL, 2010). Sendo assim, o estudo analisou o conhecimento dos
entrevistados sobre esta lei, bem como sua opinião sobre ela e observou-se que (Figura 7),
a maioria dos entrevistados (73%) afirmam conhecer a lei e acreditam que ela é necessária.
Este resultado corrobora aos obtidos por Silva; Galato; Alano (2012), em um estudo sobre
opinião da população a respeito da lei que regulamenta à venda de antibióticos no Brasil,
onde a maioria dos seus entrevistados relatou concordar com a lei, pois promove como maior
benefício, a diminuição do uso irracional e a minimização de casos de resistência bacteriana.

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Figura 6. Levantamento dos conhecimentos dos entrevistados sobre os problemas causados pela resistência bacteriana.

Fonte: autores.

A resolução, que proíbe a venda de antibióticos sem receita médica (BRASIL, 1999;
BRASIL, 2018; BRASIL, 2021) foi aprovada com a intenção de reduzir o uso indiscriminado
de antimicrobianos pelos usuários. Embora legislações e regulamentações sobre o uso e a
prescrição de antimicrobianos estejam em vigor desde 2010, o cumprimento e aceitação des-
tas normas ainda tem enfrentado alguns problemas. Dentre estes problemas, estão a baixa
ampliação do acesso da população a profissionais de saúde para evitar a automedicação e
promover o uso correto de antibióticos, barreiras na adesão aos esforços para a educação
sanitária de profissionais e a população e por fim limitações da fiscalização sanitária devem
ser efetivamente implementados (SAMPAIO; SANCHO; LAGO, 2018). A superação destes
problemas não só ajudará no uso racional de antibióticos, como também auxiliará no com-
bate à resistência aos antimicrobianos.

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Figura 7. Opinião dos entrevistados sobre a lei que proíbe a venda de antibióticos sem prescrição médica. * Significância
p < 0,05.

80%
*
70%

60%

50%

40%

30%

2 0%

10%

0%
Acham necessário. Acham desnecessário. Não possuem uma Não sabi am que existia
opi nião formada. uma lei que proibisse.
Fonte: autores.

CONCLUSÃO

O estudo observou que a maioria dos entrevistados possui nível superior de escolarida-
de, um alto grau de instrução, mas mesmo assim fazem uso de antibióticos sem prescrição
médica, principalmente sob o pretexto de terem dificuldade de acesso à consulta médica,
ou de não terem tempo livre para ir as mesmas. Isto sugere que o uso incorreto de antibió-
tico não está diretamente relacionado ao grau de instrução, mas a devido a dificuldades no
acesso a consultas médicas.
O estudo observou ainda, que a maioria dos entrevistados tem um conhecimento sa-
tisfatórios de que a resistência bactéria está relacionado ao uso inadequado de antibióticos,
sendo o principal fator para o desenvolvimento de cepas resistentes aos antibióticos.
O estudo sugere que uma solução aos problemas encontrados sejam ações educati-
vas mais efetivas de sensibilização da população. O estudo sugere ainda a necessidade de
uma ação mais efetiva dos farmacêuticos da região no fornecimento de uma dispensação
mais eficaz, a fim de informar o paciente a maneira ideal de utilizar a medicação, bem como
possíveis efeitos colaterais, reações adversas mais comuns e possíveis males que o uso
inadequado pode causar. Esta ação fará com que o farmacêutico assuma seu papel como
profissional de saúde e que se faça ser visto como tal, atuando de maneira direta e coerente
com o intuito de promover o uso racional de antibióticos.

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05
Estudo in silico da espécie Dysphania
ambrosioides usada pela Comunidade
Quilombola Timbó, Pernambuco, Brasil

Danielly Larissa de Moraes Lima Silva


Faculdade Medicina do Sertão - FMS

Giani Maria Cavalcante


Faculdade Medicina do Sertão - FMS

'10.37885/220308373
RESUMO

Objetivo: prever a atividade biológica de moléculas e os parâmetros farmacológicos e toxico-


lógico da espécie D. ambrosioides usada pela comunidade quilombola Timbó, Pernambuco,
Brasil. Métodos: A predição de atividades biológicas e dos parâmetros farmacológicos foi
realizada através das plataformas de estudo in silico Molinspiration cheminformatics, Pass
online, admetSAR. Resultados: O estudo in silico demonstrou que os flavonoides -(-) epi-
catequina, apigenina, naringenina, quercetina, cianidina e daidzeina apresentaram potencial
para várias atividades biológicas, incluindo as atividades antimutagênica, antioxidante e
anti-inflamatória, inibidora de enzimas, dentre outras. Estas moléculas também apresenta-
ram boas propriedades farmacológicas e bons parâmetros farmacocinéticos e toxicológicos.
Conclusão: Os resultados obtidos são indicativos para a aplicação das -(-) epicatequina,
apigenina, naringenina, quercetina, cianidina e daidzeina em estudos pré-clínicos, o que
torna a espécie Dysphania ambrosioides fonte de moléculas potencialmente bioativas a
serem utilizadas em estudos de atividades biológicas.

Palavras-chave: Atividades Biológicas, Simulação Computacional, Flavonoides.


INTRODUÇÃO

A utilização de plantas medicinais por comunidades tradicionais, está voltada para uma
série de conhecimentos adquiridos a partir da relação direta dos seus membros com o meio
ambiente e a disseminação de informações do uso empírico destes recursos como fonte de
tratamento e cura. (Valeriano et al., 2020; Lopes et al., 2021).
Sabe-se que a variedade e a complexidade de princípios ativos que constituem os
metabolitos secundários de plantas, não tem correspondido a um aumento proporcional
pela descoberta de novas drogas, a qual asseguraria a descoberta de numerosas moléculas
ativas capazes de representarem, efetivamente, novos candidatos a fármacos inovadores
(FERREIRA et al., 2011; GIURIATI et al., 2019). Além disso, a busca por novos fármacos, é
dispendiosa demais, visto o pequeno número de novos compostos que conseguem vencer
as etapas pré-clínicas e clínicas (OLIVEIRA, 2020).
Neste contexto, investir em novos métodos de pesquisas, dentre os quais estão os
estudos farmacológicos e toxicológicos in silico, que permitem predizer as propriedades
farmacocinéticas (absorção, distribuição, metabolização, excreção e toxicidade – ADMET);
além da predição teórica do perfil da biodisponibilidade oral, determinação da área superficial
polar, e previsão do espectro de potencial biológico sobre o organismo humano, tornou-se
viável e amplamente aplicável nas pesquisas pré-clínicas (LIMA, 2007; CHENG et al., 2012).
Apesar do amplo conhecimento das atividades biológicas de plantas, muito ainda têm-se
a estudar e explicar sobre a farmacologia e toxicológica de plantas medicinais ocorrentes
em comunidades tradicionais, sendo escasso o material literário abordando principalmente
o potencial dessas plantas como fonte de princípios ativos para a produção e o desenvolvi-
mento de medicamentos, o que justifica esta proposta de pesquisa pré-clínica usando modelo
de predição de atividades biológicas, farmacológicas e toxicológico in sílico, cujo objetivo é
prever a atividade biológica de moléculas e os parâmetros farmacológicos e toxicológico da
espécie D. ambrosioides usada pela comunidade quilombola Timbó, Pernambuco, Brasil.

MÉTODOS

A partir do levantamento etnobotânico na comunidade Quilombola – PE, realizado


por Lopes (2020), a espécie Dysphania ambrosioides foi selecionado para o estudo in si-
lico. As moléculas químicas presentes nesses vegetais tiveram suas estruturas químicas
levantadas na base de dados do Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de
Produtos Naturais (NuBBE/UNESP, disponível em https://nubbe.iq.unesp.br.

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Após a seleção das moléculas, as estruturas químicas foram desenhadas utilizando o
software Molinspiration, com o objetivo de estabelecer as informações químicas e transmi-
ti-las para as plataformas de simuladores.
A partir das moléculas selecionadas e suas características químicas, foram iniciados
os estudos in silico utilizando o software PassOnline, disponível na web no endereço http://
www.pharmaexpert.ru. Através deste simulador foi realizada a previsão acerca do espectro
de potenciais atividades biológicas destas moléculas.
Após a predição das atividades biológicas, foi feita a análise dos parâmetros farma-
cocinéticos (biodisponibilidade oral teórica) e toxicidade aguda. Para tanto, foram utilizados
o software Molinspiration cheminformatics (http://www.molinspiration.com/cgi-bin/proper-
ties) e o software admetSAR disponível em http://Immd.ecust.edu.cn:8000/. Os parâmetros
farmacocinéticos foram interpretados de acordo com a regra de Lipinski (LIPINSKI et al.,
1993), enquanto os parâmetros toxicológicos toxicidade aguda, foi interpretado com base
no teste de AMES e valor de DL50, respectivamente, conforme proposto nos trabalhos de
Oliveira et al. (2018).

RESULTADOS

Segundo Merma (2021), a espécie D. ambrosioides apresenta na sua composição quí-


mica os flavonoides Epicatequina, Apigenina, Naringenina, Quercetina, Cianidina e Daidzeína,
cujas estruturas químicas estão apresentadas na figura 1.

Figura 1. Estruturas químicas de flavonoides ocorrentes em D. ambrosioides obtidas no NuBBE.

Fonte: https://www.molinspiration.com/cgi-bin/properties.

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Os flavonoides são amplamente distribuídos pelo reino vegetal e notáveis por suas
diversificadas ações biológicas, o que lhes confere um enorme potencial farmacológico
(COUTINHO et al., 2009). Segundo Privato et al. (2020), os estudos de predição in silico
são realizados visando a produção e o desenvolvimento de medicamentos a partir de subs-
tâncias isoladas de vegetais para otimizar a pesquisa básica e a aplicação clínica destas
substâncias sob a forma de medicamentos.
Inicialmente, foi realizada a predição in silico das atividades biológicas dos flavonoides
dispostos na tabela 1, utilizando o software PassOnline. Os seis flavonoides, apresentaram
probabilidade de várias atividades biológicas, sendo selecionadas as cinco atividades com
maior Probabilidade de ser ativo (Pa) e menor Probalidade de ser inativo (Pi)

Tabela 1. Predição in silico das atividades biológicas dos flavonoides ocorrentes em D. ambrosioides.

Flavonoide Atividade Biológica Pa Pi


Agonista da integridade de membrana 0,983 0,001
Protetor mucomebranoso 0,917 0,004
EPICATEQUINA Inibidor do lipídio peroxidase 0,888 0,003
Eliminador de radicais livres 0,842 0,002
Antioxidante 0,810 0,003
Agonista da integridade de membrana 0,956 0,003
Inibidor de quinase 0,922 0,002
APIGENINA Antimutagênico 0,919 0,002
Inibidor de peroxidase 0,919 0,002
Antiseborreíco 0,875 0,006
Agonista da integridade de membrana 0,953 0,003
Inibidor do aldeído oxidase 0,864 0,005
NARINGENINA Inibidor da kinase histidina 0,852 0,003
Inibidor da permeabilidade de membrana 0,843 0,005
Antimutagênico 0,815 0,004
Antineoplásica 0,911 0,005
Antioxidante 0,872 0,003
QUERCETINA Antifúngica 0,659 0,013
Anti-inflamatória 0,483 0,062
Leishmanicida 0,433 0,037
Inibidor de hidrolase acilcarnitina 0,949 0,002
Inibidor de Dextranase 0,845 0,004
CIANIDINA Antiseborreíco 0,743 0,030
Inibidor de lisase 0,701 0,023
Antiviral 0,659 0,009
Antiseborreíco 0,942 0,005
Inibidor do aldeído oxidase 0,917 0,004
DAIDZEÍNA Inibidor da permeabilidade de membrana 0,897 0,004
Vasoprotetor 0,871 0,003
Inibidor de peroxidase 0,766 0,006
Fonte: Dados da pesquisa.

Nos estudos de simulações de predição das atividades biológicas in silico, o Pa de uma


molécula indica a maior probabilidade do composto ser ativo, matematicamente, quanto mais
próximo de 1 for esse valor, maior é capacidade da molécula em gerar atividade biológica,
ao contrário, quanto mais próximo de 0 for o Pi, menor é a probabilidade da molécula não
realizar a atividade biológica (OLIVEIRA et al., 2018).

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Após a realização da predição in silico das atividades biológicas, foi realizada a pre-
visão teórica das propriedades farmacológicas com base na Regra de Cinco de Lipinski
(LIPINSKI, 1993).
Para tanto, foi utilizado o software Molinspiration, e os resultado obtidos estão apre-
sentados na tabela 2.

Tabela 2. Previsão teórica das propriedades farmacológicas dos flavonoides ocorrentes em D. ambrosioides.

Flavonoide miLogP MW nOHNH nON nviolations TPSA Nrotb


EPICATEQUINA 1.37 290.27 5 6 0 110.37 1
APIGENINA 2.27 270.24 3 5 0 90.90 1
NARINGENINA 2.12 272.26 3 5 0 86.99 1
QUERCETINA 1.42 302.24 5 6 0 131.36 1
CIANIDINA -0.75 287.25 5 6 0 114.29 1
DAIDZEINA 2.87 254.24 2 3 0 70.67 1
Fonte: Dados da pesquisa.

Legenda: miLop (coeficiente de partição octanol/água); MW (peso molecular); nOHNH


(número de grupos doadores de hidrogênio); nON (número de grupos aceptores de hidro-
gênio); nviolations (número de violações); TPSA (área total de superficie polar molecular);
nrotb (número de rotações).
Segundo a Regra de Cinco de Lipinski, são propriedades moleculares relevantes: o
log P, o número de doadores de ligações de hidrogênio, o número de aceptores de ligações
de hidrogênio, o peso molecular, bem como, os pontos de interação para os principais alvos
de fármacos, como os ligantes de receptores acoplados à proteína G, inibidores de cinases,
moduladores de canais iônicos e receptores nucleares (LIPINSKI, 1993). Ao apresentar
pelo menos 4 desses parâmetros dentro dos valores preconizado pela regra, um composto
é considerado relevante para ser usado em ensaios in vitro em pesquisas pré-clínicas para
a descoberta de novos fármacos (LIPINSKI et al., 2001). Por não violarem (nviolations) a
regra dos 5 de Lipinski, todos as moléculas selecionadas, foram submetidas ao estudo in
silico de parâmetros farmacocinéticos e toxicológicos ADMEt (absorção, distribuição, me-
tabolismo, excreção e toxicidade) usando o simulador admetSAR e os resultados estão
apresentados na Tabela 3.

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Tabela 3. Previsão de parâmetros farmacológico e toxicológicos dos flavonoides dos flavonoides ocorrentes em D.
ambrosioides.
Solubilidade Ligação com proteí- Toxicidade oral aguda
Flavonoide Predição de toxicidade
(logS) nas do sangue (%) (DL50)
EPICATEQUINA -2.22 99.9 10.000 mg/kg Não tóxico
APIGENINA -3.94 99.9 2.5000 mg/kg Toxicidade baixa
NARINGENINA -3.49 99.9 2.000 mg/kg Toxicidade moderada
QUERCETINA -3.16 99.9 159 mg/kg Toxicidade alta
CIANIDINA -2.75 99.9 5.000 mg/kg Toxicidade baixa
DIADZEÍNA -3.60 99.9 2.430 mg/kg Toxicidade moderada
Fonte: Dados da pesquisa.

Segundo Caldeira et al. (2017), a previsão de parâmetros farmacocinéticos e toxicoló-


gicos é fundamental para a seleção de moléculas cujas atividades biológicas previstas são
sugestivas para o uso destas em ensaios pré-clínicos para descoberta de novos fármacos.
Quando uma molécula apresenta valores log (S) negativos, nos estudos de predição, isto
indica uma alta solubilidade e consequentemente uma alta absorção e biodisponibilidade;
na qual essa biodisponibilidade é confirmada pelo alto percentual de ligação da molécula
com as proteínas plasmáticas, quanto mais perto de 100% maior a probabilidade de ligação,
conforme afirma Dhanalsksmi et al. (2018).
A toxicidade oral aguda, determinada pela dose letal mediana (DL50) e que corresponde
à morte de 50% da população após exposição a molécula, é prevista seguindo o sistema
globalmente harmonizado de classificação de rotulagem de produtos químicos (GHS) em
valores de mg/kg (BANERJEE et al., 2018). Neste estudo, as moléculas apresentaram pre-
dição de toxicidade variando de não tóxico à toxicidade alta.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos no estudo in silico da espécie Dysphania ambrosioides usada


pela comunidade quilombola timbó-PE, mostrou que os flavonoides epicatequina, apigenina,
naringenina, quercetina, cianidina e daidzeína, apresentam alta probabilidade de atividades
biológicas e valores significativos para os parâmetros farmacocinético indicativos de uma
boa absorção e distribuição destas moléculas em circuitos biológicos; além de valores de
toxicidade suportáveis por células humanas.

Agradecimentos

À Faculdade Medicina do Sertão (FMS/SLMandic) pelo fomento à pesquisa através do


Programa de Iniciação Científica – PIC.

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dicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/biodiversidade/article/view/11963. Acesso em 20
de maio de 2021.

10. MERMA, A. A. F. Capacidad antioxidante y compuestos bioactivos: ácidos grasos,


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(L.) Mosyakin & Clemants]”. Orientador: Beatriz Sakoda. 91p. Trabalho de Conclusão
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repositorio.lamolina.edu.pe/handle/20.500.12996/4622?show=full. Acesso em 10 de
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11. OLIVEIRA, A. Como criar um fármaco. Revista de Ciência Elementar, v.8, n.2, p.1-6,
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13. PRIVATO, M. B.; MARTINEZ, L L.; SCHIMIDT, C. Biofármacos no Brasil: uma revisão
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14. VALERIANO, F. R.; SAVABNI, F. R.; SILVA, I. P. S. B.; SANTOS, M. S. C.; BRAGA,
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doi: 10.34117/bjdv6n12-529. Disponível em https://www.brazilianjournals.com/21975.
Acesso em 22 de maio de 2021.

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06
Processo de ensino de farmacologia no
contexto remoto: um relato de experiência

Taiane Rodrigues da Costa Ana Alinne Gomes da Penha


Universidade Regional do Cariri - URCA Universidade Regional do Cariri - URCA

Rauan de Alcântara Alexandre Luis Rafael Leite Sampaio


Universidade Regional do Cariri - URCA Universidade Regional do Cariri - URCA

'10.37885/220408536
RESUMO

O processo de ensino e aprendizagem na pandemia tornou-se um desafio para discente e


docente, pois tiveram que incorporar tecnologias disponíveis que viabilizassem o acesso
ao sistema de ensino remoto para contornar adversidades, como a paralisação das ativida-
des presenciais de ensino em sala da aula. O presente estudo busca relatar a experiência
de discentes, acadêmicos de Enfermagem, como monitores da disciplina de Farmacologia
da Universidade Regional do Cariri, no auge da pandemia da Covid-19. Trata-se de um
relato de experiência vivenciado por acadêmicos de Enfermagem vinculados às atividades
de monitoria, segundo o edital n° 01/2020, sob orientação dos docentes da disciplina de
Farmacologia. As ações foram realizadas no período de 14 de abril a 15 de junho de 2021
em ambiente remoto utilizando as plataformas Google Meet e Google Classroom. As ativi-
dades síncronas e assíncronas foram utilizadas com os 23 discentes que cursam a disci-
plina, revisão com aulas expositivas dialogadas, metodologias ativas, resolução de casos
clínicos como forma de inovação em estratégias de ensinagem que atraíssem a atenção e
o engajamento da turma. Constatou-se que a adequação da didática se faz necessária em
um contexto onde o ensino encontra-se em processo de adaptação, para que assim seja
possível obter um ensino de qualidade, visando à diminuição de prejuízos devido à implan-
tação do modelo de ensino remoto.

Palavras-chave: Aprendizagem, Ensino, Farmacologia, COVID-19, SARS-CoV-2, Enfermagem.


INTRODUÇÃO

A introdução de tecnologias de informação e comunicação no cenário de ensino ocor-


reu em larga escala após o advento da pandemia do SARS-CoV-2 no início do ano de
2020. Assim, tornou-se necessária a adequação do processo de ensino-aprendizagem,
um desafio tanto para os discentes como para os docentes, que ao adotarem o sistema de
ensino remoto, investiram no uso destas tecnologias a fim de facilitar o acesso e contornar
adversidades, como a paralisação do ensino presencial, especialmente nas áreas da saúde
(BASTOS et al., 2020).
Entretanto, houve reveses encontrados no decorrer desta jornada. Segundo Lopes e
Palazzo (2021), o ensino remoto estabeleceu limitações não antes apresentadas no ensino
presencial, destacando entre o público mais atingido destacam-se os alunos com idade
avançada, os que habitam em áreas rurais, os que possuem responsabilidades profissionais
e familiares e os que possuem recursos eletrônicos com rede de internet limitados.
Coutinho, Kubrusly e Martins (2021), alegam que do ponto de vista neurofisiológico
aspectos emocionais, cognitivos e interpessoais devem ser considerados. Podendo citar
a mudança de ambiente que leva a uma alteração em aspectos inerentes ao processo
de aprendizagem, como estímulos auditivos e visuais, e os fatores emocionais como es-
tresse e ansiedade.
No contexto do ensino da Farmacologia, observou-se uma carência no domínio de co-
nhecimentos propostos pela disciplina, antes viabilizados por atividades práticas e o contato
com o meio acadêmico presencial. Nesta perspectiva, as monitorias acadêmicas surgem
como um recurso de intermediar e facilitar este processo. Assim, possibilitando que os moni-
tores adquiram aptidões intrínsecas relacionadas ao exercício da docência. De acordo com
Silva et al. (2021), a monitoria acadêmica, é regida pela Lei Federal 5540/68 e se constitui
como metodologia de caráter ativo com grande contribuição pedagógica, e através dela
é possível aprofundar conteúdos específicos, oferecendo recursos necessários para uma
prática profissional efetiva e segura.
Dessa forma, o presente estudo busca relatar a experiência de acadêmicos de
Enfermagem como monitores da disciplina de Farmacologia da Universidade Regional do
Cariri, em período de pandemia da Covid-19, evidenciando os desafios enfrentados pela
imposição do sistema remoto de ensino e os métodos de contornar as dificuldades utilizando
como meio as tecnologias de informação e comunicação com estratégias de ensinagem.

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METODOLOGIA

Processo seletivo, professores, monitores e alunos

A monitoria foi constituída por dois acadêmicos de Enfermagem vinculados às ativi-


dades de monitoria segundo o edital n° 01/2020, ofertado pela pró-reitoria de graduação
(PROGRAD) com incentivo financeiro da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (FUNCAP). A orientação é realizada pelos professores da disciplina
de Farmacologia do curso de graduação em Enfermagem pela Universidade Regional do
Cariri, que se encontra no município de Crato, Ceará, Brasil.
Os monitores foram selecionados por uma chamada pública. Onde, segundo o edital,
o aluno concorrente à vaga teria que dispor de carga horária mínima de 12 horas e máximo
de 20 horas semanais a serrem dedicadas a realização de atividades próprias da monitoria,
ter cursado integralmente a disciplina de Farmacologia, não conter reprovações no histórico
acadêmico e possuir coeficiente de rendimento igual ou superior à nota sete. O processo
seletivo ocorreu por análise documental por uma banca constituída por três membros do
departamento de Enfermagem. O aluno deveria obter maior rendimento global na disciplina
de Farmacologia para configurar sua aprovação.
O primeiro contato entre os professores e os alunos ocorreu por meio do aplicativo
mensagens, WhatsApp. O professor deu às boas vindas e solicitou a presença dos monitores
na aula online que ocorreu no dia 16 de abril de 2021 com intuito de apresenta-los à turma
com a qual iriam trabalhar durante o semestre. A turma de farmacologia era composta por
23 discentes que cursaram a disciplina no semestre especial de 2020.1. No encontro remoto,
foi informado o nome de cada monitor e o semestre a qual pertencia, e foi aberto um espaço
de fala para que ambos pudessem se manifestar. Foram realizadas outras reuniões subse-
quentes, uma no dia 20 de abril de 2021 para alinhamento dos monitores juntamente com os
docentes, onde foram salientadas as responsabilidades e aquisições dos então monitores,
porém com autonomia para que utilizassem a metodologia que mais condissesse com as
particularidades da turma. Neste mesmo dia, os monitores continuaram em reunião para
determinar um cronograma de atividades a ser desenvolvido e quais meios seriam utilizados
com a intenção de atingir o objetivo da monitoria.
As aulas em ambiente virtual iniciaram no período de 22 de abril de 2021 e foram con-
cluídas no dia 15 de junho de 2021 ao final do semestre acadêmico da referida instituição
de ensino superior.

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Plataformas, atividades e atribuições dos monitores

Os veículos de comunicação disponíveis utilizados foram as plataformas digitais (Google


Meet, Google Classroom) e o aplicativo WhatsApp. As atividades foram pensadas para
serem realizadas de forma síncrona e assíncrona, na qual seriam voltadas para momentos
de revisão com aulas expositivas dialogadas, utilizando ferramentas como slide e Portable
Document Format (PDF) através do recurso de compartilhamento de tela do Google Meet
e incentivo para participação com exemplos e perguntas pelos discentes. Com o decorrer
das monitorias, sentiu-se a necessidade de aprimorar mais as estratégias ensinagem (con-
forme tabela 1.1). Foram disponibilizados casos clínicos no Google Classroom, com prazo
de envio pré-estabelecido, após este período era realizado o envio do espelho de correção
para nortear os estudos e aperfeiçoar o ensino e a aprendizagem.
Aos monitores foram atribuídos pelos docentes a função de orientar, estimular, corrigir e
pontuar os alunos pela assiduidade nas atividades da monitoria, assim como dos exercícios
aplicados pelos professores, sendo estes mapas mentais e atividades de revisão. A pontua-
ção contabilizava 1 ponto na média final dos alunos e era repassado ao final do semestre
após a finalização de todas as atividades. Foram utilizados três critérios principais para a
concessão da pontuação, sendo estes: “presença nas monitorias síncronas”, “devolução das
atividades” e “participação por meio de interações verbais” durante aula síncrona. O aluno
precisava dispor de pelo menos dois desses pontos citados anteriormente para obter a
pontuação, estando cientes disso desde a primeira monitoria.

Tabela 1.1. Assuntos ministrados e metodologias utilizadas, Crato, Ceará, Brasil.

CONTEÚDO MINISTRADO* METODOLOGIA


Monitoria expositiva dialogada – Síncrona
Farmacocinética e Farmacodinâmica Leitura suplementar de artigo através da plataforma Google Meet – As-
síncrona
Fármacos Adrenérgicos Desenvolvimento de Resumo com caso clínico – Assíncrona
Anticoncepcionais Atividade com caso clínico – Assíncrono
Fármacos usados no TGI e na Êmese Monitoria expositiva dialogada de caso clínico – Síncrono
Realização de perguntas e respostas com os acadêmicos e discussão –
Fármacos Antipsicóticos
Síncrono
*Assuntos ministrados ao longo da disciplina, utilizaram das mesmas estratégias citadas acima.

RESULTADOS (RELATO DA EXPERIÊNCIA)

Desde o primeiro contato com a turma, os monitores notaram a expectativa dos alunos
em relação ao projeto de monitoria. Foi relatado durante apresentação que a turma estava
com dificuldade de aprendizagem em relação à disciplina e que contavam com o auxílio da
monitoria para superá-la, um dos fatores predominantes para o baixo desempenho foi ensino
remoto vigente. No entanto, as monitorias não foram diferentes, houve a princípio um entreve

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na adesão dos alunos, evidenciado pela ausência dos mesmos nos momentos síncronos e
pouca interação com os monitores durante as aulas expositivas dialogadas. O sentimento de
frustração foi inevitável, a monitora exigia bastante estudo e preparação teórico, didático e
emocional dos monitores e o retorno positivo esperado mediante esta dedicação não surgia.
Sendo assim, tornou-se necessário desenvolver, novas estratégias de ensinagem que
atraíssem a atenção e o engajamento da classe. Nesse contexto, foram implementados
momentos com metodologia ativa, como discussões acerca do conteúdo anteriormente
ministrado pelos docentes da disciplina (também em espaço virtual) e resolução de casos
clínicos de forma oral no momento dos encontros síncronos. Os casos clínicos, disponibili-
zados no Google Classroom, tinham como intuito instigar os alunos a buscar conhecimentos
aplicando a farmacologia em situações cotidianas, levando a enxergá-la como algo pertinente
e de grande utilidade no seu dia a dia no cenário pessoal e profissional.
O uso dessas novas estratégias de ensinagem resultou em uma troca de saberes entre
os discentes e os monitores. Estabeleceu-se de forma mais dinâmica, assim como, maior
assiduidade da turma, expressada pelo aumento das contribuições durante as discussões e
na devolutiva das atividades assíncronas, de modo que foi possível concretizar uma apren-
dizagem focada no princípio da horizontalidade, onde tanto os alunos conseguiam sanar
suas dúvidas, quanto os monitores conseguiram aprofundar ainda mais seus conhecimentos
e desenvolver habilidades importantes como a qualificação para a docência.
Foi referido um feedback positivo em relação a mudança da didática por parte dos
alunos, que relataram sentir-se mais seguros para se expressarem nos momentos de dis-
cussão e que isto contribuiu positivamente para a aprendizagem do conteúdo, pois houve
um estímulo a exercitarem o pensamento crítico, próprio da Enfermagem, especialmente
na área da Farmacologia.
Com essa experiência, os monitores vivenciaram o outro lado da formação acadêmi-
ca. O ato de ensinar requer preparação, dedicação, paciência, motivação e acima de tudo
superação. Estar do lado oposto possibilitou experienciar um pouco de como os docentes
exercem suas atribuições e aumentou o sentimento de empatia e gratidão pelos mestres
que conduzem a graduação de forma ímpar.

DISCUSSÃO

Segundo Bastos et al. (2020), as adaptações no ensino ocorreram não só para as


instituições de ensino superior e docentes, mas também para os alunos que tiveram de
moldar o ambiente familiar e doméstico, a fim de conciliar novas demandas que este am-
biente impôs, como afazeres domésticos e convivência familiar que são apontados com
distratores significativos.

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O uso das tecnologias de informação e comunicação abriu espaço para novas pers-
pectivas de ensino, mas também o exigiu de seus organizadores eficiência, dedicação,
criatividade e superação para capturar a atenção dos alunos (MOREIRA, HENRIQUES e
BARROS, 2020). Tornou-se evidente, de modo que o uso de novas estratégias de ensina-
gem com recursos de materiais didáticos complementares, leitura em grupo e discussões
orais aumentaram a adesão dos alunos e seu empenho para se preparar para os momentos
participativos em sala de aula virtual através do Google Meet.
Conforme Bastos et al. (2020), a utilização de casos clínicos, rompe com o ensino
tradicional, viabilizando uma prática pedagógica instigante e motivadora, que permite ao
educando ampliar sua gama de conhecimentos de maneira ativa e dinâmica, propiciando
melhora na aprendizagem.
Segundo Froes e Cardoso (2011), somente o uso de equipamentos tecnológicos não
fornece garantias de uma educação de qualidade. Nesse sentido, a busca por novas es-
tratégias de ensinagem pelos monitores foi necessária e mostrou resultados satisfatórios
tanto para os mesmos em se tratando de melhorar sua performance como para os alunos
que participaram da experiência ganhando conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desse modo, constatou-se que a adequação da didática se faz necessária em um


contexto onde o ensino encontra-se em processo de adaptação. O uso de tecnologias é
válido e uma ferramenta importante para oferecer um ensino de qualidade e preparado para
eventos desafiantes como o vivenciado na pandemia da COVID-19. Visando à diminuição
de prejuízos devido à implantação do modelo de ensino remoto as estratégias de ensinagem
como atividades que estimulam o aluno a explorar suas capacidades (cognitivas, atitudinais,
afetivas, procedimentais) são de grande relevância e o uso das monitorias acadêmicas dispõe
de amplo potencial e contribui positivamente no processo de ensino remoto.

REFERÊNCIAS
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emergencial para uma educação digital em rede, em tempos de pandemia. Di al ogi a,
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8. SILVA, AKA et al. Contribuições da monitoria acadêmica para a formação em enfer-


magem: revisão integrativa. Rev Enferm Atual In Derme v. 95, n. 33, 2021 e-021038.
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07
Síntese do fármaco pioglitazona

Paula Almeida Meira


Universidade de São Paulo - USP

Renan Rodrigues de Oliveira Silva


Universidade de São Paulo - USP

Mauri Sergio Alves Palma


Universidade de São Paulo - USP

'10.37885/220408524
RESUMO

Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo a realização de todas as etapas da síntese
do fármaco Pioglitazona em batelada e a transposição de uma das etapas para fluxo con-
tínuo em microrreatores. Métodos: A síntese foi feita em batelada e ao final de cada etapa
foram coletadas amostras que posteriormente foram analisadas em HPLC-MS. A síntese
do intermediário 2P foi realizada em fluxo contínuo com o uso de microrreator capilar, as
amostras foram analisadas em HPLC-UV. Resultados: As análises comprovaram a iden-
tidade dos produtos com m/z 229,95 (M+) para o intermediário 2P, m/z 256,00 (M+) para o
intermediário 3P, m/z 357,03 (M+) para a intermediário 4P e m/z 357,12 (M+) para o produto
Pioglitazona. Conclusão: Verificou-se que a síntese do fármaco em batelada é possível
para a metodologia testada e o uso de microrreatores se mostrou vantojoso ao processo
em batelada na síntese do intermediário 2P.

Palavras-chave: Pioglitazona, Síntese de Fármacos, HPLC-MS, Microrreatores.


INTRODUÇÃO

Microrreatores de fluxo contínuo são dispositivos tubulares que possibilitam a reação


química, bem como os reatores convencionais, mas com dimensões menores. Apresentam
dimensões micrométricas, ou seja, volumes de microlitros e diâmetros de micrometros. Suas
pequenas dimensões internas possibilitam um grande controle das condições reacionais, as
quais são difíceis de obter em reatores batelada, devido à segurança do processo como, den-
tre outras, condições extremas de temperatura e pressão. Podem ser fabricados de diversos
materiais que tenham características de resistência química e mecânica adequadas, como,
por exemplo, vidro, cerâmica, polímeros, metais, etc. Os microrreatores são utilizados na
intensificação de processos e vêm sendo aplicados em laboratórios de pesquisa em todo o
mundo devido às melhorias que proporcionam às transformações químicas. Estes dispositivos
podem operar de forma contínua e têm potencial para elevar a produtividade nas indústrias
químico-farmacêuticas. O aumento de escala ou “scale-up” não afeta significativamente
a mistura do fluido e, consequentemente, o rendimento das reações. Suas vantagens em
relação aos reatores batelada são: excelente controle de troca térmica devido à alta relação
superfície/volume; homogeneização mais eficiente em razão das pequenas distâncias para
difusão dos reagentes, aumento da velocidade da reação química, conversão, rendimento,
seletividade, segurança, redução da geração de resíduos e aumento da pureza do produto
(BAXENDALE et al., 2017; HAMIDOVIC et al., 2020; SILVA JR. et al., 2022; TONHAUSER
et al. 2012; WIRTH, 2013; PORTA et al., 2016).
As glitazonas, particularmente a Pioglitazona, é usada no tratamento de diabetes mel-
litus tipo 2. A diabetes mellitus tipo 2, que é um distúrbio metabólico crônico caracterizado
pelo excesso de glicose no sangue devido à falta de secreção de insulina, hormônio que
atua como transportador da glicose do sangue para a célula (MISHRA et al. 2015; ROY
et al. 2013). As complicações a longo prazo da diabetes mellitus tipo 2 incluem retinopatia,
nefropatia e neuropatia. Além disso, ela está associada ao aumento do risco de doenças
cardiovasculares (RICHTER et al. 2007).
A Pioglitazona, cuja estrutura molecular está esquematizada na Figura 1, atua como
agente antihiperglicêmico de uso oral que combate a diabetes mellitus tipo 2. Sua função
é reduzir os níveis de glicose no sangue, a partir da interação com o Receptor Ativado por
Proliferadores de Peroxissoma gama (PPARγ), receptor presente dentro do núcleo da cé-
lula que atua na resistência da insulina (PABLOS-VELASCO, 2010; LI, et al. 2017). Este
fármaco foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) na década de 1990 e hoje
é comercializado com o nome de ACTOS® (MALIK; PRASAD, 2012).

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Figura 1. Estrutura molecular da Pioglitazona (ACTOS®).

H3C NH
S
N O O
Fonte: Khanduri et al (2007).

Neste trabalho, foram estudadas todas as etapas da síntese da Pioglitazona em ba-


telada e uma etapa em microrreator capilar. O trabalho visa a futura transposição de todas
as etapas do processo em batelada para o processo em fluxo contínuo com o uso de mi-
crorreatores capilares.
A rota de síntese proposta para obtenção do fármaco foi adaptada de Silva et al.
(2019); Madivada et al. (2009); Gowda e Gowda, (2000). A Figura 2 mostra a rota de síntese
da Pioglitazona.

Figura 2. Rota de síntese da Pioglitazona.

Fonte: Adaptado de Silva et al. (2019); Madivada et al. (2009); Gowda e Gowda, (2000).

MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Tecnologia de Microrreatores (MRT-


Lab), localizado no Departamento de Tecnologia BioquímicoFarmacêutica da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FBT/FCF/USP). As reações em pro-
cesso batelada e posteriores purificações foram realizadas com o uso de equipamentos tais
como manta aquecedora, rotoevaporador, banho termostatizado, bomba de vácuo, etc. Além
de vidrarias comuns de laboratório como balões de fundo redondo, funis de separação, etc.

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As amostras coletadas foram analisadas por HPLC-MS (HPLC UFLC Prominence
20AD, Shimadzu, Tokio, JP; MS Bruker Amazon Speed, fonte eletrospray, analisador ion
trap, Massachussets, EUA) para identificar os produtos intermediários.
Para as sínteses do intermediário 2P, em batelada e em fluxo contínuo, foram realizadas
análises em HPLC-UV. Foram coletadas amostras ao longo do tempo reacional e diluídas
em uma solução inibidora da reação para a determinação da conversão do reagente 1P e
rendimento do produto 2P.
Os procedimentos descritos a seguir foram adaptados de Silva et al. (2019) e
Madivada et al. (2009).

Síntese em batelada dos intermediários 2P, 3P, 4P e do produto Pioglitazona.

Síntese do intermediário 2P: 2-(5-etilpiridina-2-il)etanol (1P) (1 mmol) foi agitado com


trietilamina (1,25 mmol) em tolueno (1,8 mL) à temperatura ambiente. Em seguida adicionou-
-se cloreto de metanosulfonil (1,12 mmol). O tempo de reação foi de 3h. Para a purificação
do produto, foi realizada uma filtração a vácuo para retirar o sólido formado, seguida por
lavagem com tolueno e solução de 4% de bicarbonato de sódio. A solução bifásica formada
foi separada, sendo a fase aquosa lavada com tolueno e água. A fase orgânica contendo o
intermediário 2P foi reservada.
Síntese do intermediário 3P: Na fase orgânica contendo 1 mmol do intermediário 2P
foi adicionado p-hidroxibenzaldeído (1,06 mmol) e carbonato de potássio (1,74 mmol), em
2 ml de tolueno. Em seguida, a temperatura do meio reacional foi levada a 90°C e mantida
sob agitação por 24h. Após o término da reação, a mistura reacional foi levada a 50°C e
adicionou-se 20 mL de água destilada sob agitação. A solução bifásica formada foi separada,
sendo a fase aquosa extraída com tolueno e a fase orgânica lavada com uma solução de
hidróxido de sódio 5%. A fase orgânica contendo o intermediário 3P foi reservada.
Síntese do intermediário 4P: Adicionou-se tiazolidina-2,4-diona (1,50 mmol) a mistura
do intermediário 3P em 20 mL de tolueno. A mistura reacional foi aquecida a 100°C e em
seguida, foi adicionado pirrolidina (0,83 mmol) que atua como base promotora da reação.
Foi mantida agitação por 4 h. Ao final da reação, o meio reacional foi levado ao freezer para
a formação de sólido e, em seguida, foi filtrado a vácuo obtendo o produto bruto.
Síntese do produto Pioglitazona: Adicionou-se a um reator batelada: 4P (1,00 eq., 1,36
mmol, 483,3 mg), paládio sobre carbono (Pd/C) (0,20 eq., 0,272 mmol, 578 mg, 5% em
massa) e 25 mL de ácido fórmico. O meio reacional foi purgado com hidrogênio, mantido
sob temperatura ambiente, agitação constante por 24 h sob atmosfera de hidrogênio (apro-
ximadamente 5 atm). Ao final da reação o meio reacional foi filtrado a vácuo para retirada

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do Pd/C e o líquido contendo o produto de interesse foi rotaevaporado para obtenção do
produto Pioglitazona.

Estudo de solventes da síntese do intermediário 2P em batelada.

A síntese do intermediário 2P foi feita conforme descrito no item anterior. Além do


solvente descrito, foram testados os solventes metanol, etanol, THF e acetonitrila.

Síntese do intermediário 2P em acetonitrila.

Conforme esquema mostrado na Figura 3, 2-(5-etilpiridina-2-il)etanol (1P) (75,6 mg,


0,5 mmol, 1,00 eq.,) foi agitado com trietilamina (41,3 µL, 0,56 mmol, 1,12 mmol) em 5 mL
de acetonitrila (99,32%) à temperatura ambiente. Foi retirado 30 µL do meio reacional e
diluído 1 mL de solução inibidora da reação para preparação do padrão para a curva de ca-
libração. Em seguida adicionou-se cloreto de metanosulfonila (MsCl) (87,1 µL, 0,625 mmol,
1,25 eq.) e manteve-se a reação por 1 h sob atmosfera de N2. Após o término da reação,
foi realizada uma lavagem com 10 mL de solução de 4% de bicarbonato de sódio, extraído
com acetato de etila (2 x 15 mL), lavado com solução aquosa de 50% de NaCl (2 x 20 mL)
e seca com Na2SO4. A fase orgânica foi rotaevaporada e o produto bruto foi purificado em
coluna cromatográfica (acetato de etila/hexano 2:1; Rf = 0,47).

Figura 3. Esquema de síntese do produto intermediário 2P em acetonitrila no processo batelada.

O H3C OMs + HCl


H3C OH O Trietilamina
+ S
Cl CH3 Acetonitrila N
N
1P 2 2P
Fonte: Adaptado de Madivada et al. (2009).

Síntese do intermediário 2P em fluxo contínuo no microrreator capilar.

A Figura 4 mostra o esquema de síntese do intermediário 2P em fluxo contínuo em


microrreator capilar. Para a síntese do intermediário 2P, foram preparadas duas soluções:
(A) 2-(5-etilpiridina-2-il)etanol (1P) (302,4 mg, 2,00 mmol, 1,00 eq.,) e trietilamina (165,2
µL, 2,24 mmol, 1,12 eq.) em 10 mL de acetonitrila; (B) cloreto de metanosulfonila (MsCl)
(350,8 µL, 2,5 mmol, 1,25 eq.) em 10 mL de acetonitrila. As duas soluções foram alimen-
tadas separadamente ao microrreator, em temperatura ambiente. A concentração total do
meio reacional dentro do microrreator foi de 0,1 M. Foram estudados os tempos médios de
residência 1, 2, 4, 8, 12, 16 e 20 min. À saída do microrreator foram coletadas amostras e
diluídas na solução inibidora da reação para posterior análise em HPLC-UV para determi-
nação da conversão do reagente 1P e rendimento do produto intermediário 2P.

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Figura 4. Esquema de síntese do produto intermediário 2P no processo em fluxo contínuo no microrreator capilar.
H3C OH
Et3N +
N
1P
H3C OMs + HCl
N
2P
O O
S
Cl CH
3
2
Fonte: Adaptado de Madivada et al. (2009).

RESULTADOS

Síntese em batelada dos intermediários 2P, 3P e 4P e do produto Pioglitazona.

A identidade dos intermediários 2P, 3P , 4P e do produto Pioglitazona foi confirmada


via HPLC-MS. A Tabela 1 mostra a relação massa/carga (m/z) para cada intermediário
e para o produto.

Tabela 1.Identidade dos produtos intermediários 2P, 3P, 4P e do produto Pioglitazona.

Produto m/z
2P 229,95 (M+)
3P 256,00 (M+)
4P 357,03 (M+)
Pioglitazona 357,12 (M+)

Fonte: Própria (2019).

Estudo de solventes do intermediário 2P.

Foram testados os solventes metanol, etanol, THF e acetonitrila. Todos os solventes


promoveram a reação, entretanto, apenas a acetonitrila solubilizou o meio reacional. A Figura
5 apresenta a comparação do rendimento do produto intermediário 2P nos solventes tolueno
e acetonitrila no processo batelada.

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Figura 5. Comparação do rendimento do produto intermediário 2P nos solventes tolueno e acetonitrila no processo
batelada (C = 0,1 M). C = concentração total do meio reacional.

Síntese do intermediário 2P em fluxo contínuo com microrreator capilar.

Após definidas as condições no processo batelada que permitiriam a transposição


da reação para o processo em fluxo contínuo em microrreator capilar, foram realizados
ensaios em duplicata variando o tempo médio de residência (τ) em temperatura ambiente
(22°C). A Figura 6 mostra a comparação do rendimento do produto intermediário 2P nos
processos batelada e em fluxo contínuo em microrreator capilar.

Figura ­6. Comparação dos resultados da síntese do produto intermediário 2P em batelada e fluxo contínuo.

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DISCUSSÃO

Foi possível confirmar a identidade dos intermediários 2P, 3P e 4P e do produto


Pioglitazona a partir dos cromatogramas segundo as relações m/z. Sendo assim, para as
condições testadas, a síntese do fármaco Pioglitazona em batelada se mostrou possível.
Com objetivo de transpor a síntese para o processo contínuo em microrreator capilar,
foi realizado um estudo de solventes para a síntese do intermediário 2P. A síntese do produto
intermediário 2P é descrita na literatura (Madivada, et al., 2009) utilizando o tolueno como
solvente reacional, entretanto foi verificada a presença de sólidos no meio reacional, o que
impediria a transposição da síntese em batelada para o processo em fluxo contínuo, em
microrreator capilar, pois haveria obstrução dos microcanais. Por esse motivo, buscou-se
por um solvente que solubilizasse o meio reacional completamente e, principalmente, que
promovesse a reação de formação do produto de interesse. Foram testados os solventes:
metanol, etanol, THF e acetonitrila. Todos os solventes promoveram a reação, entretanto,
apenas a acetonitrila solubilizou o meio reacional.
Conforme mostra a Figura 5, os rendimentos finais aos 6 min de reação são próximos,
a vantagem da substituição do solvente tolueno, por acetonitrila está na maior velocidade
inicial da reação. Em 20 min de reação o rendimento do produto intermediário 2P no solvente
tolueno foi de 60%, enquanto em acetonitrila foi de 61%.
O rendimento no processo em fluxo contínuo é maior que em batelada, possivelmente
por esta reação ser uma reação rápida (com tempo de meia vida 1s < t½ < 10min) (ROBERGE
et al., 2005). O uso do microrreator capilar favorece o contato entre as moléculas, elevando o
rendimento do produto. O rendimento do intermediário 2P em batelada foi de 61%, enquanto
no microrreator capilar o rendimento foi de 66%.

CONCLUSÃO

Foram realizadas todas etapas da síntese em batelada do fármaco Pioglitazona. A ca-


racterização do produto foi feita a partir da análise com HPLC-MS, onde foi comprovada a
identidade dos intermediários.
Além disso, foi realizado um estudo de solventes para a síntese do intermediário 2P,
visando a transposição da síntese para fluxo contínuo com uso de microrreatores. O melhor
solvente para as condições testadas, foi acetonitrila. o rendimento do produto intermediário
2P no solvente acetonitrila foi de 61%.
Definidas tais condições, a síntese do intermediário 2P, foi transposta para fluxo con-
tínuo em microrreator capilar. O rendimento da síntese do intermediário 2P em fluxo con-
tínuo foi de 66%.

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Sendo assim, verificou-se que a síntese do fármaco é possível para a metodologia tes-
tada. A utilização do solvente acetonitrila, como alternativa ao tolueno, indicado na literatura,
se mostrou vantajosa nas condicoes testadas, e a síntese de um intermediário do fármaco
Pioglitazona, 2P, foi transposta para fluxo contínuo, apresentando rendimento superior ao
processo em batelada.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio financeiro da FAPESP, auxílio 2017/12830-
9 e bolsas FAPESP.

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08
Uma abordagem a respeito da farmácia
hospitalar

Ediran Ericles Pontes dos Anjos Gustavo Henrique Dantas Paiva


Universidade Potiguar - UP Universidade Potiguar - UP

Elivelton Pontes dos Anjos Taisa Roberta Dias Paulino


Universidade Potiguar - UP Universidade Potiguar - UP

Joelma Maria dos Santos da Silva Gineide Conceição dos Anjos


Apolinário Universidade Potiguar - UP
Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU

'10.37885/220107262
RESUMO

Dentre os vários ambientes de um hospital, a farmácia hospitalar é o que mais se destaca


em decorrência de sua capacidade de produção e atendimento, assegurando qualidade na
assistência farmacêutica prestada ao paciente por meio do uso seguro e racional de me-
dicamentos. As unidades de farmácia hospitalar devem contar com um farmacêutico e por
um número de auxiliares suficientes para garantir que as atividades relacionadas ao ciclo da
assistência farmacêutica sejam desempenhadas de forma eficaz, assegurando qualidade,
segurança e o uso adequado de medicamentos. Diante deste contexto, o presente estudo
tem como principal objetivo descrever como ocorre a assistência farmacêutica no ambiente
hospitalar bem como descrever a sua importância no que concerne ao uso racional de me-
dicamentos. Trata-se, portanto, de uma revisão bibliográfica realizada através de artigos e
revistas publicados nas principais plataformas didáticas como SciELO, PubMed e Google
Acadêmico. Para construção do presente estudo foram utilizados artigos datados de 2011
a 2021 publicados em português e inglês. Os estudos demonstram que quando realizados
corretamente o ciclo da assistência farmacêutica dentro dos ambientes hospitalares pode
contribuir positivamente para o uso racional de medicamentos pelo paciente.

Palavras-chave: Serviços Farmacêuticos, Farmácia, Clinica, Hospital.


INTRODUÇÃO

Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a Farmácia Hospitalar é definida


como “unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por farmacêutico, ligada hierar-
quicamente à direção do hospital ou serviço de saúde e integrada, funcionalmente com as
demais unidades administrativas e de assistência ao paciente”. Desempenhar atividades
clínicas relacionadas à gestão, sendo um setor do hospital que requer valores orçamentários
elevados e, em decorrência disso, o farmacêutico hospitalar deve desempenhar atividades
gerenciais que contribuam com a eficiência administrativa e, consequentemente, com a
redução dos custos (NEUFELD, 2013).
As atividades desenvolvidas por farmácias hospitalares podem ser influenciadas por
diversos fatores externos e internos relacionados ao serviço, podendo comprometer assim
positiva ou negativamente na qualidade dos serviços prestados. Dentre essas questões
destaca-se: a capacitação profissional, a sustentabilidade das ações desenvolvidas, as
influências administrativas e gerenciais, a dificuldade de aplicação das normatizações das
políticas vigentes, a precariedade estrutural das áreas destinadas ao serviço e a sua mar-
ginalidade dentro do debate da saúde pública brasileira (DE LIMA, 2017).
O aumento da demanda por serviços de saúdes mais efetivos, bem como a raciona-
lidade do uso de medicamentos, minimização de custos, redução de problemas inerentes
a medicamentos bem como o aumento da segurança da farmacoterapia, fundamentam a
importância de um desempenho constante do processo de avaliação e monitoramento da
Assistência Farmacêutica Hospitalar (CAVALINI, 2010).
As farmácias hospitalares necessitam da implementação de políticas públicas que in-
centivem e priorizem medidas que promovam a qualificação dos serviços e da assistência
farmacêutica hospitalar, ao que requer muito empenho e comprometimento dos gestores
(DE AZEVEDO, 2018).
Assim sendo, é imprescindível a realização de estudos que visem trazer compreensão
das interferências das atividades desenvolvidas por este setor sobre a qualidade do cuidado
prestado pelos estabelecimentos de saúde e entender como as políticas públicas influenciam
sobre a gestão desses serviços.
Desta forma, o presente estudo tem como objetivo avaliar os resultados das farmácias
nos hospitais com o intuito de entender como e por que diferentes desempenhos acontecem
e de ampliar o debate na agenda pública sobre a importância da implementação de parâ-
metros norteadores específicos para estes serviços.

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METODOLOGIA

Para a construção do presente estudo a metodologia utilizada foi baseada em uma


revisão bibliográfica, na qual foram utilizados artigos científicos indexados nas principais
bases de dados voltadas para área da saúde, SciELO, PubMED e Google Acadêmico, que
tenham sido publicados nos últimos 10 anos. A pesquisa caracteriza-se por ser do tipo ex-
ploratória descritiva, com abordagem qualitativa. A coleta dos dados foi realizada de julho
de 2021 a dezembro de 2021.
A abordagem qualitativa nos permite compreender o dinamismo tanto individual quanto
coletivo junto à riqueza de significados envolvendo a temática em estudo. Diante disso, a
abordagem qualitativa é responsável por nos permitir melhores possibilidades de análise,
compreensão e reflexão acerca de um determinando assunto ou fenômeno. Esta abordagem
é responsável ainda por demonstrar opiniões, crenças, questionamentos e a realidade nas
quais os sujeitos estão inseridos (MEDEIROS, 2017).
Pode-se dizer ainda que a abordagem qualitativa tem se afirmado como promissora de
investigação em pesquisas realizadas na área de saúde. Uma pesquisa com esta abordagem
caracteriza-se pelo enfoque interpretativo que a mesma permite (SILVA, 2012).
A metodologia exploratória descritiva foi escolhida, visto que é a melhor modalidade
para avaliar uma determinada situação em saúde, explicando um determinado fenômeno
ou ocorrência, investigando um determinado período ou local onde o fenômeno específico
vem ocorrendo (ZANGIROLAMI-RAIMUNDO, 2018).
Utilizou-se artigos que estivesse disponível na integra e com versão gratuita disponível.
Para a busca dos artigos foram usadas as seguintes palavras chave: Serviços farmacêuti-
cos. Farmácia. Clinica . Hospital que foram utilizados de forma isolada ou associados pelos
operadores booleanos AND. Além disso buscou-se preferencialmente por artigos que dis-
corressem sobre unidades hospitalares localizadas no estado do Rio de Janeiro. Utilizou-se
ainda sites e resoluções normativas acerca da presente temática.
Exclui-se do estudo os artigos que estivessem em duplicatas, que voltassem as unida-
des hospitalares para alguma patologia especifica ou que discorressem de forma superficial
sobre a função dos farmacêuticos em ambiente hospitalar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e rápida leitura dos resumos,
foram selecionados 30 artigos, dois quais, após análise minuciosa, houve uma nova exclu-
são, restando 17, que foram usados para a construção do presente estudo. Abaixo, serão
apresentados os principais resultados encontrados, separados por subtópico.

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Farmácia Hospitalar

A farmácia hospitalar é um setor localizado no interior das instituições hospitala-


res. Em sua gênese, os hospitais eram definidos como os locais responsáveis por aco-
modar os enfermos e então facilitar a assistência que se pretendia prestar a eles, sendo
assim os principais responsáveis por prestar a assistência às principais necessidades destes
(NEUFELD, 2013).
O hospital é considerado uma das instituições mais antigas da história da humani-
dade. Há registros indianos e egípcios datados do século VI a.C, que demonstraram os
primeiros ambientes onde pessoas doentes eram acomodadas e isoladas do restante da
população (CAVALINI, 2010).
A evolução histórica da Farmácia Hospitalar no Brasil está diretamente ligada à estrutu-
ração do complexo médico industrial. No início do século XX, o farmacêutico era o profissio-
nal de referência para a sociedade que que concerne à assuntos ligados ao medicamento,
atuando e exercendo influência sobre todas as etapas do ciclo do medicamento. Nesta fase
artesanal, além da guarda e dispensação de medicamentos, o farmacêutico hospitalar era o
profissional encarregado pela manipulação de quase todo o arsenal terapêutico disponível
na época. A expansão da indústria farmacêutica, o abandono da prática de formulação pela
classe médica e a diversificação do campo de atuação do profissional farmacêutico, leva-
ram-no a se distanciar da área de medicamentos descaracterizado a farmácia. No período
compreendido entre 1920 e 1950 intensificou-se essa descaracterização das funções do
farmacêutico e as farmácias hospitalares converteram-se num canal de distribuição de medi-
camentos produzidos pela indústria. Desde 1950 evidenciou-se uma fase de desenvolvimento
da farmácia hospitalar, com grande enfoque na questão da fabricação de medicamentos
(DE AZEVEDO, 2018).
Em 1980 a farmácia hospitalar passou a ser a responsável pelo gerenciamento das
atividades buscando trazer redução de custos, racionalização do trabalho e garantia de uso
correto do medicamento. Os cursos de especialização surgiram em 1985, após incentivo
do Ministério da Saúde para a reestruturação da farmácia hospitalar devido à preocupação
com infecções hospitalares (DE AZEVEDO, 2018).
Em 1995, foi criada a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) objeti-
vando preparar os profissionais para o mercado , que se encontrava cada dia mais crescente
e assim a assistência farmacêutica e os cuidados integrais do farmacêutico passaram a ser
considerados indispensáveis (DE LOMA, 2017).
Logo, podemos dizer que a farmácia hospitalar é uma unidade clínica, administrativa e
econômica, dirigida por farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital e inte-
grada funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente,

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tendo como principal objetivo a contribuição no processo de cuidado à saúde, visando me-
lhorar a qualidade da assistência prestada ao paciente, promovendo o uso racional e seguro
de medicamentos bem como de produtos para a saúde (DE AZEVEDO, 2018).
A farmácia clínica é a área que tem como o para o cuidado do paciente que visa à
promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de seus agravos, devido ao uso
inadequado de medicamentos. As condutas do farmacêutico clínico buscam otimizar a far-
macoterapia, promover o uso racional de medicamentos e, sempre que possível, melhorar
a qualidade de vida do paciente (DE LIMA, 2018).
Através da análise da terapia farmacológica do paciente, a atuação interprofissional e
uso de ferramentas de pesquisa, o farmacêutico deve ofertar o melhor cuidado ao pacien-
te e a melhor informação disponível à equipe assistencial, com o objetivo de diminuir ou
impedir que eventos adversos relacionados aos medicamentos ocorra e assim aumente a
segurança do paciente.
Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF), Farmácia Hospitalar e outros ser-
viços de saúde definem-se como “unidade clínica, administrativa e econômica, dirigida por
farmacêutico, ligada hierarquicamente à direção do hospital ou serviço de saúde e integra-
da funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente
(CAVALLINI, 2010).
Desta forma, a Farmácia Hospitalar deve desempenhar atividades clinicas relacionadas
à gestão. Para o desempenho das atividades da farmácia hospitalar são necessários eleva-
dos custos orçamentários e desta forma o profissional farmacêutico, também denominado
como Responsável Técnico (RT) deve desempenhar atividades gerenciais que contribuam
para a eficiência administrativa e consequentemente reduza os custos de sua manutenção
(DE LIMA, 2017).
Outro objetivo que cabe a farmácia hospitalar é contribuir com o processo de cuidado
de saúde, através da prestação de assistência ao paciente realizado com qualidade visando
o uso seguro e racional de medicamentos conforme preconizado pela Política Nacional de
Medicamentos, regulamentada pela Portaria nº 3.916/1998, do Ministério da Saúde.
As atividades desempenhadas pela farmácia hospitalar podem ser observadas sob a
ótica da organização sistêmica da Assistência Farmacêutica. De acordo com a Resolução
nº 338/2004, do Conselho Nacional de Saúde, Assistência Farmacêutica é considerado
o conjunto de atividades voltados a promoção , proteção e recuperação da saúde indivi-
dual e coletiva, tendo como principais insumos os medicamentos, visando o seu uso racio-
nal (SOARES, 2020).

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No contexto hospitalar, a assistência farmacêutica engloba atividades inerentes a logís-
tica, manipulação e controle de qualidade, atenção farmacêutica, farmácia clínica, além disso,
existem atividades intersetoriais, que requerem interação com outros setores do hospital.
Objetivando estabelecer parâmetros para o desempenho das atividades hospitalares, a
Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH) publicou os Padrões Mínimos para
a Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde.
Um dos parâmetros abordados são os recursos humanos na farmácia hospitalar.
Segundo este documento, para proporcionar o desenvolvimento de processos seguros e sem
sobrecarga ocupacional, a unidade de farmácia hospitalar deve contar com farmacêuticos e
colaboradores em número adequado para a realização das suas atividades. O número mínimo
de farmacêuticos recomendado dependerá das atividades desenvolvidas, da complexidade
do cuidado e do grau de informatização e mecanização da unidade (DE LIMA, 2017).

Atribuições do Farmacêutico na Farmácia Hospitalar

Os farmacêuticos hospitalares devem proporcionar melhorias nas condições técni-


cas e de trabalho de forma continua , objetivando alcançar, os parâmetros considerados
como “padrões mínimos”, processos mais refinados e um ambiente mais seguro para o
paciente (NORA, 2019).
Em 2017, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 2, que estabeleceu diretrizes e
relacionadas estratégias, objetivando organizar, fortalecer e aprimorar as ações da assistên-
cia farmacêutica em hospitais, tendo como eixos estruturantes, a segurança e a promoção
do uso racional de medicamentos e de outras tecnologias em saúde.
A farmácia hospitalar deve contar ainda com farmacêuticos e colaboradores, necessá-
rios ao pleno desenvolvimento de suas atividades, considerando a complexidade do hospital,
os serviços ofertados, o grau de informatização e mecanização, buscando estratégias eficien-
tes para segurança de seus pacientes/clientes e colaboradores, e horário de funcionamento
atendendo a Lei Federal nº 13.021/2014 (NORA, 2019).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 1997 publicou um documento
denominado The role of the pharmacist in the health care system (“O papel do farmacêutico
no sistema de atenção à saúde”) em que se destacaram sete qualidades que o farmacêutico
deve apresentar:

• Prestador de serviços farmacêuticos em uma equipe de saúde;


• Capaz de tomar decisões;
• Comunicador;
• Líder;

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• Gerente;
• Atualizado permanentemente e
• Educador.

Os profissionais farmacêuticos que desejam atuar em instituições hospitalares e de saú-


de devem possuir conhecimentos básicos de administração, habilidades para coordenação
e liderança, bem como para utilização das ferramentas da qualidade. Estes pré-requisitos
podem se estender a outras instituições de serviços de saúde, como atendimento pré-hospi-
talar, postos de saúde, ambulatórios, centros de diagnóstico e/ou medicina nuclear, equipes
de visita domiciliar (home care) e congêneres (SANTANA, 2017).
O farmacêutico hospitalar é o profissional responsável pela orientação de pacientes
internados e ambulatoriais, objetivando sempre à eficácia terapêutica, racionalização dos
custos e uso racional dos medicamentos, promovendo o ensino e a pesquisa, além de propi-
ciar um vasto campo de aprimoramento profissional. Também atua na gestão dos estoques
e logística farmacêutica, tendo o medicamento como insumo mais importante. Representa
a Farmácia nas mais variadas comissões hospitalares, sendo uma referência em tudo o que
cerca o medicamento (DE SOUZA, 2018).
A Resolução CFF nº 568/2012 determina as responsabilidades do profissional far-
macêutico no Brasil e regulamenta o exercício profissional nos serviços de atendimento
pré-hospitalar, na farmácia clínica e em outros serviços de saúde seja de natureza pública
ou privada (CFF, 2012).
As principais atribuições do farmacêutico foram agrupadas em cinco grandes
áreas (Figura 1):

• Atividades logísticas;
• Atividades de manipulação/produção;
• Atividades focadas no paciente;
• Garantia de qualidade;
• Atividades intersetoriais.

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Figura 01. Atividades do Farmacêutico Hospitalar.

Fonte: Conselho Federal de Farmácia (2012).

Desta forma, podemos dizer que o farmacêutico é responsável legal por todo o pro-
cesso inerente a unidade hospitalar (medicamentos e produtos para a saúde). A logística
farmacêutica é parte integrante, trabalhando com ferramentas da qualidade, visando metas
de cada Instituição, está relacionando diretamente com o ciclo da assistência farmacêutica.
No ambiente hospitalar é cada vez mais perceptível a necessidade do uso racional
de medicamentos. Cabe salientar que a racionalização proporciona diversos benefícios,
não somente para o paciente mas também para os custos de manutenção e aquisição de
medicamentos. No ambiente hospitalar, a Comissão de Farmácia Terapêutica (CFT) é a
principal responsável pela implementação da política para o uso racional de medicamentos,
sendo imprescindível a elaboração de uma seleção destes produtos e consequentemente
padronização dos medicamentos (DE LIMA, 2017).
A escolha dos medicamentos, conforme descrito no Quadro 01, pode ser considerado
como o ponto inicial do ciclo da assistência farmacêutica e pode ser considerado como um
processo contínuo e dinâmico, multidisciplinar e participativo. É um processo de escolha
que tem como objetivo elaborar uma listagem de medicamentos considerados essenciais,
considerando a necessidade, a eficácia, o benefício/risco e o benefício/custo.

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Quadro 01. Descrição das etapas, critérios e vantagens de seleção de medicamentos na farmácia de acordo com a
prática farmacêutica no hospital.

ETAPAS PARA SELEÇÃO CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO VANTAGENS


✓ Escolha da comissão de seleção de medica- ✓ Evitar multiplicidade de princípios ativos ✓ Aumentar a qualidade de farmacoterapia
mentos ✓ Padronizar medicamentos de fornecedores ✓ Facilitar a vigilância farmacológica
✓ Nomeação da CFT que já tenham passado pela avaliação técnica ✓ Garantir a segurança na prescrição e na ad-
✓ Levantamento do perfil farmacológico do ✓ Evitar associações de medicamentos ministração de medicamentos
hospital ✓ Evitar padronização de forma farmacêutica ✓ Reduzir a incidência de rações adversas
✓ Analise do nível assistencial e da infraestru- de liberação prolongada ✓ Disciplinar a prescrição medica e uniformizar
tura do hospital ✓ Padronizar medicamentos de menor custo a terapêutica
✓ Analise do padrão de medicamentos de aquisição ✓ Reduzir custo
✓ Seleção dos medicamentos, com desenvol- ✓ Padronizar formas farmacêuticas consideran- ✓ Reduzir número de dosagens e formas far-
vimento de formulários e métodos a serem do: comodidade de administração, faixa etá- macêuticas
empregados ria, facilidade para cálculo de dose, facilidade ✓ Reduzir estoque qualitativos e quantitativos
✓ Divulgação de formulário farmacêutico de fracionamento ou multiplicação de doses ✓ Facilitar comunicação entre
✓ farmácia, equipe medica e equipe de enfer-
magem

Fonte: Ferracini (2010).

Mediante a diversidade de apresentações de produtos farmacêuticos que são cons-


tantemente lançados no mercado bem como a escassez de recursos financeiros, torna-se
preciso que prioridades sejam estabelecidas como a seleção de medicamentos eficazes e
seguros que atendam as reais demandas da população, resultando assim em benefícios
tanto terapêuticos como econômicos. Para que isso ocorra são necessárias diversas etapas
a começar pela seleção dos medicamentos até a dispensação.
A seleção de medicamentos consiste em um processo contínuo, participativo e multi-
disciplinar e deve ser continuo, objetivando assegurar aos hospitais produtos considerados
indispensáveis por meio da adoção de critérios de segurança, qualidade bem como na efi-
cácia no que consiste ao uso racional de medicamentos (DE LIMA, 2017).
Após a fase de seleção, é preciso que haja uma correta programação para que haja
a aquisição racional de medicamentos. Está fase é denominada como programação e con-
siste em um processo em que a quantidade de medicamentos e insumos a serem ad-
quiridos pela farmácia é estimada, visando atender uma determinada demanda para um
determinado período.
A programação influencia diretamente no estoque e acesso aos fármacos e insumos.
Desta forma, está fase deve estar diretamente associada ao planejamento para evitar aqui-
sição e desperdícios desnecessários (BERMUDEZ, 2018).
Após a programação, ou seja, a análise das necessidades ocorre a aquisição, que con-
siste no processo onde ocorre efetivamente a compra de medicamentos e insumos conforme
as necessidades expostas durante a fase de programação. Alguns fatores devem ser consi-
derados durante este processo para que alguns pré requisitos sejam efetivamente atendidos
, tais como: funcionários qualificados e com conhecimento específico na área de atuação,
programação e seleção de medicamentos; cadastro de fornecedores, sistema de informa-
ções e gestão dos estoques eficiente que permita informar em tempo hábil a movimentação

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dos estoques; definição do cronograma de compras bem como a avaliação dos processos
de aquisição levando em conta a área física e as condições técnicas adequadas para o
armazenamento dos medicamentos a serem adquiridos e dispensado ( DE LIMA, 2017).
Outra etapa importante do ciclo da assistência farmacêutica consiste no armazenamen-
to. Consiste na fase em que deve ser assegurado a qualidade do medicamento e de outros
insumos por intermédio de condições adequadas do estoque. Esta atividade deve ser reali-
zada com proposito de identificar a localização adequada dos pontos de estoque, capacidade
de armazenagem do local bem como as instalações, equipamentos e o layout (NORA, 2019).
O armazenamento de todos os insumos deve ser guardado obedecendo técnicas ideais
de temperatura, luz e umidade, devem ser dispostos de modo a garantir a inviolabilidade
das características físico-químicas, observação do prazo de validade bem como preconizar
a manutenção da qualidade dos produtos. Um armazenamento eficaz é um fator. Um ex-
celente armazenamento é um fator indispensável durante todo processo da assistência far-
macêutica hospitalar, suscitando redução de custo, manutenção do tratamento do paciente
e organização nas diversas atividades da farmácia (DE LIMA, 2017).
A distribuição é uma atividade que consiste no suprimento de medicamentos às uni-
dades de saúde, em quantidade, qualidade e tempo oportuno, para que os mesmos sejam
corretamente dispensados à população usuária. Assim, a farmácia hospitalar tem como mis-
são assegurar o uso racional e adequado dos medicamentos e dos insumos para a saúde,
e desta forma, o profissional farmacêutico é o principal responsável por está fase do ciclo
da assistência farmacêutica.
A distribuição tem como objetivo atender de modo seguro e eficiente todos os itens
necessários para o desempenho do serviço hospitalar e deve ser realizado segundo uma
programação previa, acertada com os serviços de saúde, considerando fatores técnicos,
administrativos, logísticos e de qualidade dos serviços prestados ao utente (NORA, 2019).
A última etapa da assistência farmacêutica é a dispensação. Nesta etapa o farmacêu-
tico cede um ou mais medicamentos ao paciente mediante a apresentação de uma recei-
ta, previamente preenchida por um farmacêutico ou profissional autorizado. Durante este
processo o farmacêutico deve informar e orientar o paciente quanto ao uso adequado dos
medicamentos (NORA, 2019).
A resolução Nº 300, do Conselho Federal de Farmácia do dia 30 de janeiro de 1997,
regulamenta o exercício profissional em farmácia de unidade hospitalar. Essa resolução
define a farmácia hospitalar como a unidade clínica de assistência técnica e administrativa,
dirigida por farmacêuticos, integrada funcional e hierarquicamente às atividades hospitalares.
Sua principal função é garantir a qualidade de assistência prestada ao paciente por meio
do uso seguro e racional de medicamentos e correlatos, adequando sua aplicação à saúde

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individual e coletiva, nos planos assistencial, preventivo, docente e investigativo, devendo,
para tanto contar com farmacêuticos em números suficientes para o bom desempenho da
assistência (ANDRADE, 2018).
No dia 31 de dezembro de 2010, o Ministério da Saúde, colocou em vigor a primeira
legislação específica destinada a Farmácia Hospitalar, a Portaria Nº 4.283. Dessa forma,
foram aprovados diretrizes e estratégias para organização, fortalecimento e aprimoramento
das ações e serviços da farmácia na área hospitalar.
Essas diretrizes atendem as farmácias dos hospitais que fazem parte do serviço públi-
co, das instituições privadas com ou sem fins lucrativos, inclusive as filantrópicas. A portaria
4283/10 anula a portaria 316/77, que retirava dos hospitais com menos de 200 leitos, a
necessidade da contratação de farmacêuticos (BRANDÃO, 2011).
Para a criação desta portaria, foi estabelecido o grupo de trabalho que determinou
as diretrizes da portaria. O grupo de trabalho contava com membros da Anvisa, Conselho
Federal de Farmácia (CFF), SBRAFH entre outras organizações (Brasil. Ministério da Saúde,
Portaria Nº 2.616 de 2010).
Dentre as normativas específicas apresentadas na portaria, a gestão é a primeira dire-
triz abordada. O farmacêutico deve ter como principais objetivos: garantir o abastecimento,
dispensação, acesso, controle e rastreabilidade e uso racional de medicamentos e outras
tecnologias em saúde; promover práticas clínico-assistenciais que permitem monitorar a
utilização de medicamentos e outros; otimizar a relação entre custo, benefício e risco das
tecnologias e processos assistenciais; desenvolver ações de assistência farmacêutica, ar-
ticuladas e sincronizadas com as diretrizes institucionais e participar do aperfeiçoamento
contínuo das práticas da equipe de saúde (FLORES, 2017).
Essa diretriz sugere ainda que os hospitais provenham estrutura organizacional e
infraestrutura física que facilite suas ações, com qualidade, através de modelo de gestão
sistêmico, objetivando resultados positivos para o usuário, estabelecimentos e sistemas de
saúde, devidamente aferidos por indicadores; utilizar a Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais (RENAME), Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do MS como referên-
cias para seleção de medicamentos; promover programa de educação para farmacêuticos
e auxiliares e a inclusão do farmacêutico nas comissões (REIS, 2013).
Outra diretriz trata do desenvolvimento de ações inseridas na atenção integral a saú-
de. O farmacêutico deve desenvolver ações assistenciais e técnico-científicas contribuindo
para a qualidade e racionalidade do processo de utilização dos medicamentos, bem como,
de outros produtos para a saúde e a humanização da atenção ao usuário, assim essa ativi-
dade tem a finalidade de contribuir para trabalho multidisciplinar. As atividades que podem

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ser inseridas: gerenciamento de tecnologias, distribuição e dispensação, manipulação e
cuidados aos pacientes (SOARES, 2020).
No gerenciamento de tecnologias a farmácia hospitalar deve fazer a qualificação dos
fornecedores, armazenamento, distribuição, dispensação e controle dos medicamentos
e outros produtos para a saúde. É recomendada na diretriz que o sistema de distribuição
seja do tipo individual ou unitário de dispensação e que as prescrições sejam analisadas,
principalmente aquelas que contenham antimicrobianos e medicamentos potencialmente
perigosos (FLORES, 2017).
Quanto ao cuidado ao paciente, a equipe farmacêutica deve promover o uso seguro e
racional do medicamento através de: informações do paciente e/ou seus familiares; informa-
ções do prontuário sobre o paciente; resultados de exames; e demais informações, incluindo
o diálogo com a equipe que assiste o paciente. Ao receber essas informações o farmacêu-
tico deve tomar decisões para que aconteça o manejo correto da farmacoterapia e todas
as decisões tomadas deveram ser informadas a equipe multiprofissional (SOARES, 2020).
Na diretriz sobre recursos humanos, determina que a farmácias hospitalares devem
contar com farmacêuticos e auxiliares em quantidade necessária para o pleno desenvolvi-
mento de suas atividades, sendo considerado a complexidade do hospital, serviços ofertados,
grau de informatização e o horário de funcionamento.
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde 3.916/1998 - Política Nacional de
Medicamentos, o profissional farmacêutico é o profissional responsável por realizar a gestão
da Farmácia Hospitalar, devendo se preocupar com a qualidade da assistência farmacêutica
prestada ao paciente. Além disso, o profissional farmacêutico deve estar atento á todo o ciclo
da assistência farmacêutica, desde a seleção até a última etapa, ou seja, a dispensação e
utilização de forma racional pelo paciente (OLIVEIRA, 2017).
Desta forma podemos dizer que a atuação do farmacêutico clinico hospitalar é bastan-
te ampla e com isso, por intermédio de conhecimentos especializados, possui habilidades
para realizar diversas habilidades como por exemplo: a administração pública quanto na
fabricação e no abastecimento de medicamentos; atuar na assistência farmacêutica de um
modo geral; controle de qualidade de produtos farmacêuticos ; na inspeção e avaliação das
instalações para fabricação de medicamentos; na garantia da qualidade dos produtos ao
longo da cadeia de distribuição; nas agências de aquisição de medicamentos; e nos comitês
nacionais e institucionais de seleção de medicamentos (NORA, 2019).
Desta forma, é de suma importância que o profissional farmacêutico esteja incluso nas
equipes multiprofissionais de cuidados com à saúde. Isso foi claramente evidenciado no
enfoque de equipe utilizado na atenção clínica nos hospitais e centros de saúde.

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Logo, a farmácia clínica propõe-se a prestar serviços farmacêuticos diretamente volta-
dos ao paciente, realizando a intervenção farmacoterapêutica e consequentemente trazendo
melhora a saúde e qualidade de vida do mesmo. Ela é responsável também pelo estabeleci-
mento da relação entre o farmacêutico e o paciente, preconizando um trabalho que tem como
objetivo prevenir, identificar e resolver os problemas que podem surgir durante o tratamento
farmacológico (FERRACINE, 2010).
Diversos ambientes hospitalares tem facilitado o desempenho das equipes multidisci-
plinares promovendo um cuidado ao paciente mais apropriado, e como já dito anteriormente
o profissional farmacêutico deve estar presente nesta equipe.
A farmácia clínica abrange um rol de atividades voltadas para maximizar os efeitos da
terapêutica, reduzindo os riscos e os custos do tratamento do paciente. O Farmacêutico clí-
nico trabalha para obter resultados positivos, otimizando a qualidade de vida dos pacientes,
considerando ainda as questões econômicas da terapia (JUNIOR, 2017).
A elaboração da atenção farmacêutica ocorre a partir da farmácia clínica, aonde o
farmacêutica assume responsabilidades inerentes aos pacientes em conjunto com outros
profissionais, implementando e monitorando as condutas terapêuticas previamente estabe-
lecidas devendo ocorrer de modo a passar confiança, comunicação e cooperação para que
a decisão tomada em conjunto permaneça mantida (NORA, 2019).
Sabe-se que a farmácia hospitalar, assim como qualquer outro serviço no âmbito hos-
pitalar, deve utilizar métodos de segurança, bem como avaliação dos mesmos, visando à
melhoria da qualidade na prestação de serviços. Neste ensejo, segundo Reis et al., (2013)
o farmacêutico consegue atuar junto ao corpo clínico e outros profissionais melhorando
consideravelmente a assistência prestada, formando, assim, uma equipe multidisciplinar.
Conforme defendido por Correr, Otuki e Soler (2011) “a farmácia clínica o grupo das
atividades executadas pelo farmacêutico direcionadas ao utente ou a equipe multidisciplinar
de saúde, visando assegurar a efetividade e a eficiência do uso de medicamentos”. Dessa
forma, essas atividades são utilizadas em serviços farmacêuticos dentro do ambiente hos-
pitalar (farmácia hospitalar), podendo ser executados em qualquer situação em que haja
usuários expostos ao risco do uso de medicamentos.
Neste mesmo contexto, Freitas et al., (2016) enfatizam que “o farmacêutico desempe-
nha papel vital no manejo da terapia medicamentosa, o que de maneira global, melhora a
condição de saúde do paciente”. Dessa maneira, devido o farmacêutico participar da equipe
multidisciplinar hospitalar, o mesmo contribui precisamente na terapia farmacológica e da
dispensação medicamentosa correta na farmácia.
Diante deste contexto, a intervenção farmacêutica pode contribuir positivamente para
redução dos problemas relacionados a medicamentos (PRMs), trazendo benefício para o

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cuidado do paciente. As intervenções relacionadas à dose representam 35% do total das
intervenções realizadas, medicamento prescrito sem dose, dose acima ou abaixo do usual,
apresentação de dose errada ou indisponível no mercado, demonstrando grande impacto na
prevenção de erros de medicação. Neste sentido, verifica-se que a presença e participação
do farmacêutico é de extrema importância na garantia da recuperação da saúde dentro do
ambiente hospitalar, uma vez que, o mesmo pode interceptar os erros de administração e
dispensação decorrentes da elegibilidade da prescrição médica (MIRANDA et al., 2012).
No estudo de Galvão et al., (2012) ainda foi possível identificar que os farmacêuticos
evitaram a administração de medicamentos contra indicados para os pacientes, erros devido
à similaridade dos nomes dos fármacos, transtornos ao paciente devido à retirada de algum
tipo de medicamento em que seria necessário o desmame, dentre outros.
Para Ferracini et al., (2011) o aumento na segurança aos pacientes em hospitais está
associado a aumento do número de farmacêuticos clínicos e ao serviço de farmácia clínica
oferecido a esses pacientes. Uma das formas mais efetivas de redução de erros de medi-
cação em hospitais é ter mais farmacêuticos clínicos e expandir esse trabalho.
Neste sentido Pelentir (2015) destaca-se que o farmacêutico é de extrema importância
junto à farmácia hospitalar, pois desenvolve atividades fundamentais no que tange ao uso
correto e racional de medicamentos.
No estudo de Freitas et al., (2016) apontou várias dificuldades relacionadas à mudança
de foco da profissão farmacêutica no país, uma vez que, a educação farmacêutica ainda
se apresenta como a principal barreira na atualidade, pois, a educação do país tem um
enfoque quantitativo e mercantilista, onde formam-se profissionais cada vez mais desqua-
lificados, além disso, estes profissionais não se reconhecem como profissionais de saúde
e com baixo nível de conhecimentos, habilidades e atitudes para o desempenho dos servi-
ços farmacêuticos.
Uma limitação que se deve considerar é a de que o farmacêutico clínico não está
presente na unidade crítica do hospital em período integral. Os dados demonstram a impor-
tância da presença do profissional para garantir a segurança do paciente em sua totalidade
e a atuação futura do farmacêutico clínico no Departamento de Emergência com pacientes
críticos também (MIRANDA et al., 2012).
De acordo com Fideles et al., (2015) as principais limitações no campo de atuação
verificado em seu estudo, são as Receitas Farmacêuticas (RF) que são realizadas durante
as atividades do farmacêutico, que muitas vezes é o residente em treinamento e sem co-
bertura integral dos serviços do hospital, além disso, o mesmo não aceita algumas RF, mas
registra o motivo da não aceitação.

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No estudo realizado por Pinto, Castro e Reis (2013) onde deu ênfase ao cuidado ao
idoso, verificou-se que a terapia medicamentosa com a utilização de Medicamento Isento
de Prescrição Médica (MIP) é uma das dificuldades encontradas, devido ao fato, destes
medicamentos terem um maior risco de desenvolver eventos adversos a medicamentos, e
os idosos são mais vulneráveis a desenvolver tais eventos. Estes resultados evidenciam
então, que o farmacêutico, deve atuar para a redução da prescrição de MIP, contribui para
evitar eventos adversos.
No estudo de Galvão et al., (2012) evidenciou que uma das dificuldades do estudo,
está relacionada ao erros por medicamento trocado, que correspondem ao envio de um
medicamento não prescrito em lugar de um prescrito, e representou um percentual de 7,3%
e 16,66%, nos dados levantados. Além disso, os resultados não apontaram o risco de cada
medicamento errado causaram ao paciente, bem como, e não apontou qual medicamento
apresentou maior frequência de erros na farmácia.
Os resultados do estudo de Silva et al., (2012) evidenciaram quem os erros de pres-
crição são ocorrências comuns na UTI no hospital que sediou este estudo, trazendo risco
potencial aos pacientes, onde os antibióticos sistêmicos foram o grupo de medicação mais
relacionado aos erros e a aceitação da intervenção farmacêutica foi alta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos últimos anos, o farmacêutico desviou sua formação normalmente para o medica-
mento, abandonando seu objetivo primordial que é a atenção farmacêutica e o cuidado ao
paciente. No entanto, no novo modelo de assistência farmacêutica, tornou-se essencial a
modificação no perfil do farmacêutico, assumindo uma função indispensável no desenvol-
vimento da assistência e atenção farmacêutica.
Este profissional é essencial para garantir o uso racional de fármacos, gerenciar a far-
mácia hospitalar, elaborar medidas para custo e benefício em compras de medicamentos e
materiais, executar a rastreabilidade dos fármacos no hospital, assim como informar sobre
os erros de medicação e preveni-lós, realizar a assistência farmacêutica e colaborar na se-
gurança dos pacientes, além de, participar de uma equipe multiprofissional.
Além disso, é fundamental conscientizar o hospital sobre as vantagens da intervenção
farmacêutica para que seja divulgada diante dos profissionais de saúde e pacientes, colabo-
rando então, para o sucesso da melhoria da qualidade de vida do usuário e da terapêutica
medicamentosa. Dessa maneira, ocorrerá a valorização dos conhecimentos do farmacêutico,
o que proporcionará bem-estar ao próprio paciente e várias vantagens à equipe envolvida.
Assim sendo, torna-se necessário que o farmacêutico desempenhe mecanismos capa-
zes de garantir ao paciente acesso a assistência farmacêutica integral, buscando resultados

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definitivos e melhora na qualidade de vida do paciente, auxiliando-o no processo de melhoria
e manutenção da saúde. Desta forma este é o profissional responsável por todo ciclo da
assistência farmacêutica e medicamentosa dentro das unidades de saúde bem como por
orientar os pacientes auxiliando na eficácia do tratamento.
O farmacêutico deve desenvolver mecanismos capazes de garantir que o paciente
tenha acesso a assistência farmacêutica integral, objetivando que resultados definitivos se-
jam alcançados buscando melhora na qualidade de vida do paciente. Sendo o profissional
responsável por todo o fluxo do medicamento dentro das unidades de saúde e ainda por
orientar pacientes internos e ambulatoriais, visando, redução dos custos, voltando-se tam-
bém para o ensino e a pesquisa, funcionando como campo de aprimoramento profissional.
Neste ensejo, torna-se importante frisar no que em âmbito hospitalar, o farmacêutico
pode atuar desde a gerência pela responsabilidade creditada pelos informantes, pela aquisi-
ção, controle e distribuição de medicamentos e material médico-hospitalar, além de auxiliar
no diagnóstico clínico. Além disso, o farmacêutico auxilia no cuidado do paciente crítico, em
termos de melhorar a segurança e os resultados clínicos.

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13. REIS, W. C. T.; SCOPEL, C. T.; CORRER, C. J.; ANDRZEJEVSKI, V. M. S. Análise


das intervenções de farmacêuticos clínicos em um hospital de ensino terciário
do Brasil. Einstein, Curitiba, v.11, n.2, p.190-196, 2013.

14. SANTANA, Kamila Dos Santos. O papel do profissional farmacêutico na promoção


da saúde e do uso racional de medicamentos. 2017.

15. SOARES, Lorena A. et al. Arcabouço legal para implantação e execução dos serviços
farmacêuticos relacionados à farmácia clínica. Brazilian Journal of Health and Phar-
macy, v. 2, n. 4, p. 26-37, 2020.

16. SOUZA, Francisco Eugenio Alves de et al. Atuação dos hospitais de pequeno porte
de pequenos municípios nas redes de atenção à saúde. Saúde e Sociedade, v. 28,
p. 143-156, 2019.

17. ZANGIROLAMI-RAIMUNDO, Juliana; ECHEIMBERG, J. de O.; LEONE, Claudio. Tó-


picos de metodologia de pesquisa: Estudos de corte transversal. J Hum Growth Dev,
v. 28, n. 3, p. 356-60, 2018.

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SOBRE OS ORGANIZADORES
Jeferson Falcão do Amaral
Professor Adjunto Classe C3 da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-
Brasileira (UNILAB). Possui graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará
(2000), Mestrado em Farmacologia pela Universidade Federal do Ceará (2004) e Doutorado em
Farmacologia pela mesma Universidade (2010). Especialista em Gestão Estratégica de Instituições
de Ensino Superior-IES (FAMETRO). Especialista em Atenção Farmacêutica e Farmácia Clínica
(IPOG). Especialização em Saúde Mental em andamento (FAVENI). Especialização em Fitoterapia
e Prescrição de Fitoterápicos em andamento (Faculdade Metropolitana). Professor dos Cursos
de Farmácia e Enfermagem (Farmacologia Geral/Aplicada, Introdução à Farmácia e Estágio).
Professor da disciplina de Uso Racional de Medicamentos do Curso de Especialização em
Saúde da Família (IEAD-UNILAB). Professor Permanente do Mestrado em Sociobiodiversidade
e Tecnologias Sustentáveis (MASTS/UNILAB). Professor Orientador TCCs da Residência Uni/
Multiprofissional da ESP-CE (TEMA: Saúde Mental/Coletiva). Coordenador do Grupo de Pesquisa
e Extensão em Utilização de Medicamentos (GPUMed - UNILAB). Vice-Coordenador do Curso
de Farmácia da UNILAB. Coordenador do Polo EAD de Redenção-CE (IEAD/UNILAB). Membro
da Comissão Técnica Assessora de Farmácia Comunitária e Serviços Farmacêuticos (CRF-CE).
Membro da Comissão Técnica Assessora de Assistência Farmacêutica (CRF-CE). Tem experiência
na área de Gestão Acadêmica e Gestão da EAD. Tem experiência na área da Saúde (Assistência
Farmacêutica e Ensino). Atua como Pesquisador e Extensionista nas seguintes linhas de estudo:
Farmácia Clínica; Saúde Mental e Neuropsicofarmacologia; Uso Racional de Medicamentos/
Plantas Medicinais/Fitoterápicos, Educação/Promoção da Saúde e Assistência Farmacêutica.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0654690159235740

Mauro Vinicius Dutra Girão


Graduado em Licenciatura em Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - Sobral
(2004), onde estudou sobre as competências necessárias para exercer a profissão de professor.
Especialista em Gestão de Saúde Pública e Meio Ambiente onde estudou sobre as condições
ecológicas do comércio do caranguejo-uçá. Mestre em em Engenharia de Pesca na área de
concentração Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca na Universidade Federal do Ceará
- UFC, onde desenvolveu estudos sobre Ecologia, Manejo e Biologia Molecular do Pirarucu
(Arapaima gigas). Realiza consultorias ambientais. Foi professor substituto da Universidade
Estadual Vale do Acaraú-UVA. Atualmente é professor do Curso de Odontologia do Centro de
Ciências da Saúde do Centro Universitário INTA - UNINTA, onde leciona disciplinas nas áreas
de Ciências Morfológicas, Fisiologia e Metodologia do Trabalho Científico, além de coordenar
grupos de pesquisa e extensão. Exerce a função de Coordenador dos Laboratórios da Faculdade
Alencarina de Sobral - FAL.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7216235007953327

Samylla Maira Costa Siqueira


Enfermeira (2011), Doutora em Enfermagem e Saúde (2020) e Mestra em Enfermagem e Saúde
(2014) pelo Programa de Pós-graduação da Escola de Enfermagem da Universidade Federal
da Bahia (PPGENF/UFBA), na linha de pesquisa “O Cuidar em Enfermagem no Processo de
Desenvolvimento Humano”, com área de concentração em Saúde da Criança e do Adolescente.

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SOBRE OS ORGANIZADORES
Titulada Especialista em Enfermagem Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras
(SOBEP). Membro do Grupo de Estudos Sobre Saúde da Criança e do Adolescente (CRESCER)
da EEUFBA e do corpo editorial da Revista Brasileira de Saúde Funcional (REBRASF). Atualmente,
exerce atividades profissionais como enfermeira assistencial da Secretaria Municipal de Saúde
de Salvador-BA e como auditora da Secretaria Estadual de Saúde do Estado da Bahia (SESAB).
Tem experiência na área de enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: urgência
e emergência, saúde da criança e do adolescente, saúde da população negra e comunidades
vulneráveis.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3092396911756689

Rossano Sartori Dal Molin


Possui Graduação em Enfermagem pela Universidade de Caxias do Sul, Especialização em
Enfermagem Obstétrica, Especialização em Gestão do Trabalho Pedagógico, Especialização em
Anatomia Funcional e MBA em Gestão de Instituições de Ensino Superior, sendo esse último com
estágio na University of Turku na Finlândia, onde desenvolveu estudos acerca da pedagogia da
inovação e o uso de indicadores na gestão universitária. Mestre em Enfermagem pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, na linha de pesquisa intitulada Estudos e Práticas da
Saúde da Mulher, Criança e Adolescente. Doutor em Pediatria e Saúde da Criança pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS, onde desenvolveu pesquisas na temática
da asma infantil. Têm experiência em enfermagem, especialmente na área da saúde da mulher,
recém-nascido, criança, fundamentos de enfermagem, saúde coletiva e gestão. Ainda, experiência
em gestão pedagógica, assim como processos educacionais, construção de currículos e projetos
de cursos, nos diferentes níveis de formação profissional. Atualmente é professor da FSG Centro
Universitário, na área da Saúde da Mulher e da Criança, Membro do Comitê de Ética em Pesquisa
com Seres Humanos - CEP/HP, Coordenador de Ensino e Pesquisa do Hospital Pompéia de
Caxias do Sul e Diretor da Escola de Saúde do Hospital Pompéia - ESHP.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2340234461009114

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ÍNDICE REMISSIVO
A Serviços Farmacêuticos: 103, 105

Antibacterianos: 58 Simulação Computacional: 75

Aprendizagem: 84 T
Atenção Farmacêutica: 42, 50, 71 Tabagismo: 31

Atividades Biológicas: 75 Tratamentos: 43, 49

C
Clinica: 103, 105

Comportamento: 31

E
Enfermagem: 84, 85, 86, 88

Ensino: 57, 62, 84, 89, 90, 119

F
Farmácia: 54, 55, 62, 64, 103, 104, 105, 106, 107,
108, 109, 110, 112, 113, 114, 118

Farmacologia: 84, 85, 86, 88

Flavonoides: 75

H
Hospital: 55, 103, 105

M
Microrreatores: 93, 94

N
Nicotina: 31

P
Pioglitazona: 48, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 99, 100

R
Ratos: 31

S
SARS-CoV-2: 84, 85

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