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aberração

Nascido do mais profano dos atos humanos e das piores junções carnais de raças, e
dividido entre dois mundos e recusado pelos dois, assim é um nascimento e vida de um
meio-orc, porém este em questão não é apenas uma monstruosidade por ser um meio
humano, mas sim, por estar dividido entre três mundos diferentes: o humano, o orc e o
animal.

Nascido nas pobres terras do sul em um pequeno vilarejo, esta aberração foi fruto de
um ato brutal entre uma orc amazona e um humano, e destinado a feitos de hediondos,
nasceu Udyvor. Porém ele não tinha características para um grande guerreiro, pois ele
era fraco por ter sua metade humana, e assim sem ser considerado perfeito, foi
descartado para se tornar o banquete das criaturas da noite.

Mas nem mesmo sequer as criaturas da noite aceitaram o seu presente, Udyvor foi
salvo por uma inusitada coincidência do destino, um xamã que sentiu curiosidade em
saber o que era aquela pequena monstruosidade o tirou dos ermos da floresta e o trouxe
para sua pequena aldeia.

Udyvor sempre demonstrou familiaridade com as coisas imateriais. Ele sentia todas as
emoções das criaturas à sua volta, e antes mesmo de pronunciar suas primeiras
palavras, ele já entendia o significado dos uivos chorosos dos lobos que se escondiam
na escuridão. Se apegando aos sussurros dos animais e da natureza, ele cresceu e
desenvolveu longe da sociedade e daqueles que o sempre viram como um monstro.

Mesmo garoto, ele sempre foi mais forte e vigoroso que qualquer um ao seu redor, o
que o levou a ser treinado e orientado sobre seus talentos e sua conexão com o mundo
natural, e foi lá nos montes das terras de Lamnor que nasceu seu verdadeiro poder: A
metamorfose.

Suas características animalescas não eram somente por ser um meio humano, mas sim,
porque ele possuía o dom da natureza, aquela criatura tinha recebido o toque de
Allihanna, ao invés de Megalokk, para se tornar posteriormente o pesadelo daqueles
que um dia lhe chamaram de fraco.

Certa noite sua tribo foi vítima de uma emboscada da Aliança Negra. Impiedosos,
cruéis, e devotos de um guerreiro profano, eles massacraram famílias inteiras,
exterminando especialmente aqueles que demonstravam o dom da magia da natureza.
Não fosse pelo sacrifício heroico de seus mentores, aquela noite pavorosa teria sido o
fim de Udyvor.

Triste e atormentado pelos gritos desesperados de sua tribo, ele perdeu o controle.
Toda sua raiva foi liberada, causando uma explosão estrondosa de energia espiritual
que estremeceu o alto do monte. A neve acumulada desmoronou. E uma avalanche
atingiu o campo de batalha, forçando um recuo das tropas da Aliança.

Quando ressurgiu dos escombros, encontrou poucos sobreviventes. Temendo seu poder
destrutivo, os seus companheiros o abandonaram- todos exceto um. Uma complacente
de Allihanna conseguiu enxergar além de seu tormento e monstruosidade. Ela viu um
homem com virtudes e defeitos como qualquer outro, e os dois apreciavam o pouco
tempo que passavam juntos, em meio ao duro cotidiano de andarilhos.

Fora desta relação, no entanto, Udyvor acostumou-se a ficar sozinho. Sua mera
presença afastava a maioria das criaturas e pessoas. Até que ele encontrou um homem
misterioso que vivia nas profundezas da floresta mágica dos elfos, tal homem buscava
a sabedoria daqueles capazes de adentrar os espíritos das feras primitivas. Sempre
receoso diante de estranhos, Udyvor atacou incessantemente o homem, que perseverou
até o último golpe, uma luta se travou durante minutos, e quando ambos estavam
exaustos, o homem misterioso se apresentou como Trucalock, e pela primeira vez, o
jovem furioso o viu como alguém que compartilhava das mesmas dificuldades que ele.
E rapidamente se tornaram amigos, e Trucalock se ofereceu para levar Udyvor para um
local onde poderia aprender a habilidade de manter espíritos em paz.

E novamente o jovem se viu em uma tribo, mas que dessa vez o aceitaram como igual
e o ensinaram o verdadeiro valor de seu dom e manter a paz de seus espíritos
primitivos revoltos e cheios de ira.

Mesmo assim, ele não poderia ignorar o chamado de sua terra natal.

Ele ainda ouvia os gritos angustiados dos espíritos da Garra Sangrenta, levados pelos
ventos dos uivos chorosos de seus companheiros de batalha, e sentia que uma grande
ameaça ainda se aproximava. Dando adeus ao seu local de paz e a Trucalock, ele partiu
para reencontrar sua vingança e dar paz as vozes que tormentosas em sua mente...

Eu sei quem sou

E agora sei meu dever


Encontrarei paz para mim e para os uivos de meus amigos...

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