Direito_penal1[1]

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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas


Curso de Direito

TEORIA SOBRE FINS DAS PENAS

Quelimane, Maio de 2023


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Índice
1.Introdução............................................................................................................................3

1.1.Objectivos.........................................................................................................................3

1.1.1.Gerais.............................................................................................................................3

1.1.2.Específicos.....................................................................................................................3

1.2.2.Metodologias.................................................................................................................3

2.Teoria sobre fins das penas..................................................................................................4

2.1.Origem histórica...............................................................................................................4

2.2.Conceito de pena..............................................................................................................4

2.2.1.Teorias Da Pena.............................................................................................................4

2.2.2.Teorias Absolutas..........................................................................................................4

2.3.Teorias Relativas..............................................................................................................5

2.3.1.Prevenção Geral.............................................................................................................7

2.3.2.Prevenção Especial........................................................................................................7

2.3.3.Teorias Ecléticas ou Unitárias.......................................................................................8

3.Conclusão............................................................................................................................9

4.Referências Bibliográficas.................................................................................................10
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1.Introdução
O presente trabalho aborda sobre as teorias sobre finas da pena, instrumento este
muito utilizado no Direito Penal para atender seus fins. Para a perfeita compreensão de cada
teoria, é imprescindível o estudo aprofundado da doutrina antiga e moderna, com respeito às
posições divergentes dos autores sobre o espírito que a pena deve conter. Percucientemente,
um grande propósito de nossa contemporaneidade, em se tratando de sistema penal, é dar
eficácia ao seu ensejo. Juridicamente falando, o que se deve buscar é um verdadeiro Direito
Penal funcional a que se crie vida em cima de seus objectivos. Portanto como demostra no
decorrer do trabalho Como demonstrado no decorrer do trabalho, a história da pena é um
Registro do longo desenvolvimento marcado pela continuidade da evolução a cada período,
com uma tendência em buscar sanções mais humanas e menos prejudiciais ao criminoso.

1.1.Objectivos

1.1.1.Gerais
 Compreender as teorias sobre os fins da pena

1.1.2.Específicos
 Dar o conceito pena
 Mencionar as teorias que apontam o fins da pena
 Caracterizar as teorias que tratam sobre os finas da pena

1.2.2.Metodologias
Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica.
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2.Teoria sobre fins das penas

2.1.Origem histórica
O termo “pena” originou-se do latim poena, que significava punição ou castigo, no
sentido de infligir dor ao transgressor de uma lei. Por seu turno, essa palavra derivou de uma
expressão grega poiné que, na Grécia antiga era utilizada “para nomear uma forma de
indemnização feita pelo matador em favor dos parentes da sua vítima” (Souza; Japiassú;
2018, p.288). A origem exacta das sanções penais é desconhecida, tendo em vista as
diferentes vertentes históricas que existem acerca de seu surgimento.Com a gradativa
evolução moral do direito penal e, consequentemente, das modalidades de penas, as sanções
cruéis foram deixando de ser aplicadas e passaram a ser substituídas por outras, tendo em
vista o princípio, ainda incipiente, da dignidade humana.

2.2.Conceito de pena
Conceito da pena Como ressalta Bitencourt (2017, p.129), a pena pode ser
conceituada como um mal que se impõe a um indivíduo devido a prática de um delito. Para o
autor, o conceito difere da função da pena. É o direito penal que dispõe de regras básicas de
comportamentos para conservar um convívio harmonioso de uma sociedade e, assim, a pena
surge como necessária para afastar atitudes inadequadas das pessoas que ali convivem.

De acordo com Soler (apudMirabette, 2007, p.246), “a pena é uma sanção aflitiva
imposta pelo Estado, através da acção penal, ao autor de uma infracção (penal), como
retribuição de seu ato ilícito, consistente na diminuição de um bem jurídico e cujo fim é
evitar novos delitos”.

2.2.1.Teorias Da Pena
Com o intuito de justificar os fins e fundamentos da sanção penal, Luís Régis Prado,
sinteticamente, apresenta três teorias: teorias absolutas; teorias relativas (prevenção geral e
especial); teorias unitárias ou ecléticas.

2.2.2.Teorias Absolutas
Para essa teoria, a pena tem função meramente retributiva, como um castigo merecido
ao infractor penal pelo mal causado por sua conduta. A pena é mais vista como um “igual” ao
sofrimento produzido pelo criminoso.
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De acordo com essa teoria, está a posição de Cezar Roberto Bittencourt (1993, p.
102):n Através da imposição da pena absoluta, não é possível imaginar nenhum outro fim que
não seja único e exclusivamente o de realizar justiça. A pena é um fim em si mesmo. Com a
aplicação da pena, consegue-se a realização da justiça, que exige, frente a um mal causado,
um castigo que compense tal mal.

Ironicamente, aos olhos da sociedade a pena é enxergada mais como uma forma de
retribuição, uma espécie de vingança, um espelho maléfico idêntico ao do delito. Identifica-se
isso na forma em que, atingindo um bem jurídico da pessoa humana, é evidente que o desejo
dela é a máxima punição para o seu violador. Em poucas palavras, o que a comunidade quer é
que os criminosos sejam merecedores de castigos sem falar em prevenção.

Esta teoria é bem sedimentada por Claus Roxin (1997, p. 81-82):A teoria da
retribuição não encontra o sentido da pena na perspectiva de algum fim socialmente útil,
senão em que mediante a imposição de um mal merecidamente se retribui, equilibra e espia a
culpabilidade do autor pelo fato cometido. Se fala aqui uma teoria ‘absoluta’ porque para ela
o fim da pena é independente, ‘desvinculando’ de seu efeito social. A concepção da pena
como retribuição compensatória realmente já é reconhecida desde a antiguidade e permanece
viva na consciência dos profanos com uma certa naturalidade: a pena deve ser justa e isso
pressupõe que se corresponda em sua duração e intensidade com a gravidade do delito que o
compense.Para defensores dessa teoria, suas manifestações são contra o uso da pena como
razões utilitárias. Os absolutistas criticam que não há o que falar de “pena” como um meio de
prevenção de futuros delitos porque estaria sacrificando a dignidade da pessoa humana em
prol do da concretização dos fins sociais

2.3.Teorias Relativas
Para os seguidores dessa teoria, a pena se limita a uma função de prevenção como
garantia social na forma de antever que o delinquente retorne a praticar crimes no futuro. As
razões são puramente fundadas em uma utilidade social. A concepção aqui defendida não é a
punição propriamente dita para os rompedores da ordem da justiça, mas de evitar que este
venha a continuar no mundo criminoso, a prevenir que não haverá mais ataques ao manto da
paz pública.
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A teoria relativa se biparte em prevenção geral e prevenção especial.


Tradicionalmente, aquela é mais conhecida como prevenção geral negativa ou prevenção
geral por intimidação. A intimidação atua como um freio representado por um temor
infundido na consciência de pessoas possivelmente voltadas para o crime, de maneira que
essa pressão faça-as reflectirem antes de realizar qualquer ilícito penal. Assim, a prevenção
por intimidação é uma espécie de coacção psicológica a fim de que os criminosos pensem
sobre as consequências de um delito, afastandoos de praticar uma infracção penal ou até
mesmo poucos antes de perpetrá-las.

Para WinfriedHassemer (1993, pág. 34) Existe a esperança de que os concidadãos


com inclinações para a prática de crimes possam ser persuadidos, através de resposta
sancionatória à violação do Direito alheio, previamente anunciada, a comportarem-se em
conformidade com o Direito, esperança, enfim, de que o Direito Penal ofereça sua
contribuição para o aprimoramento da sociedade. A crítica a essa modalidade da teoria
relativa se dá pelo fato das não explicações da relevância dessa persuasão. Há claro, uma
solução, todavia, se desconhece os meios aptos e necessários para o convencimento desses
possíveis delinquentes. Sendo assim, para um Direito Penal funcional, e dentro da prevenção
geral, a doutrina mais atual prefere a denominada teoria geral positiva ou integradora. Para o
professor Luís Régis Prado, a prevenção geral positiva considera a pena como um forte
reforço na consciência jurídica da norma penal.

A pena traz vislumbres efeitos, consubstanciada como um processo de aprendizagem


destinado a reeducar o indivíduo às regras de harmonia social; o efeito de confiança que é a
segurança e força que o Direito tem e que o criminoso respeita e acredita ser ele o vencedor e,
por último, a pacificação social resolvida pelo poder estatal após a instauração de um crime.
Mas a prevenção geral nada traz de interessante aos fins da pena do Direito Penal. É ela
repetidamente uma forma de retribuição justa para o fundamento da pena. Se a pena se
restringe a essa função limitativa, estaria novamente ela para atender somente a sociedade.
Suas justificações seriam igualmente de carácter utilitarista, ou seja, apenas para que atinja os
propósitos sociais.

Assim, pode-se afirmar que a pena restrita à prevenção geral, positiva ou negativa,
estaria implicitamente ferindo o princípio da dignidade humana, pelo motivo de se valer do
agente criminoso como um instrumento para alcançar os fins da sociedade. Além disso, a
eficácia desses fins é incerta, de resultado duvidoso.
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2.3.1.Prevenção Geral
A teoria da prevenção geral possui uma vertente negativa e outra positiva. De acordo
com a prevenção geral negativa a pena dirige-se à colectividade com o intuito de causar
intimidação no corpo social, coibindo a actuação de possíveis outros membros infractores da
sociedade na prática do delito. Foi Feuerbach quem formulou a teoria da coacção psicológica,
segundo a qual buscava-se frear possíveis impulsos criminosos. De acordo com Bitencourt
(2017, p.147) essa teoria Sustenta que é por meio do direito penal que se pode dar solução ao
problema da criminalidade. Isso se consegue, de um lado, com a cominação penal, isto é, com
a ameaça de pena, avisando aos membros da sociedade quais as ações injustas contra as quais
se reagirá; por outro lado, com a aplicação da pena cominada, deixa-se patente a disposição
de cumprir a ameaça realizada.

2.3.2.Prevenção Especial
A teoria da prevenção especial difere da prevenção geral tendo em vista se referir ao
delinquente e não à colectividade. A pena possui como função afastar e diminuir as chances
de reincidência pelo autor do crime praticado.

Para MirPuig (2007, p.69), foi a teoria da prevenção especial Dessa forma, essa teoria
visa evitar a prática do crime focada no indivíduo, na sua personalidade, para que esse não
volte a delinquir. De acordo com Roxin (1976, p.15), isso ocorreria quando fosse possível
corrigir aqueles infractores corrigíveis, intimidar os que ainda sejam intimidáveis e
submetendo à prisão aqueles que não fossem corrigíveis nem intimidáveis. Também se
subdivide em negativa e positiva. A prevenção especial negativa tem por objectivo a
neutralização do indivíduo; já a prevenção especial positiva direcciona-se para a reintegração
social do agente. Uma das principais críticas à essas teorias é a de que, com elas, o indivíduo
fica como um instrumento do Estado, sem qualquer limitação de intervenção.

A prevenção especial, por sua vez, repousa sobre a pessoa do criminoso, evitando que
ele retorne a violar as normas penais, assegurando que ele não volte a delinquir futuramente.
A preocupação dessa prevenção é direccionada individualmente para o delinquente. Ao
contrário da prevenção geral que se dirige para a sociedade, intimidando o criminoso em prol
do interesse social, a especial investe sua atenção no delinquente em si, na forma de resgatar
seu ímpeto criminoso.
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A prevenção especial consiste na retirada da periculosidade individual do agente do


delito. É, portanto, revestida de um carácterressocializador, numa correcção para reinserção
social. A ideia é de que o delituoso abandone o mundo do crime e comece a agir de acordo
com o ordenamento. O objectivo da prevenção especial é alcançar a pena justa e necessária
para concretizar tal resultado.

Ocorre que dentro do contexto em que o Direito Penal é uma disciplina jurídica que
visa, principalmente, à protecção e à garantia de bens, a pena nessa modalidade de prevenção
traz alguns embaraços à doutrina.

2.3.3.Teorias Ecléticas ou Unitárias


Trata-se de uma teoria mista que acredita numa unificação da pena. Considera-se a
teoria eclética como uma fusão, junção, dos propósitos da prevenção geral e especial.
Analiticamente, a unificação da pena conjuga tanto a retribuição da pena embasada numa
necessidade de reprovação da conduta realizada pelo autor, como a prevenção contra novas
acções criminosas manutenindo o indivíduo para reintegrá-lo na ordem social.

O escopo dessa teoria é aplicar uma pena justa e necessária para o agente que comete
um delito. Note que “pena” há de se encaixar no sentindo de atingir os fins da prevenção
geral e especial. De certo modo, a sanção deve sim retribuir ao crime uma reposta repressiva
estatal, porém, observando o conteúdo de proporcionalidade, porque ela deve visar,
conjugalmente, à prevenção do sujeito de praticar novos crimes e a sua readaptação às boas
maneiras sociais. Portanto, uma pena justa seria aquela proporcional à gravidade do delito
cometido conciliada à culpabilidade do autor. Pena necessária condiz como suficiente para
atender a sociedade, sem agravar a situação do acusado de forma que esteja apto para retornar
a um convívio normal em grupo. (Roxin:2001)

A teoria unitária da pena por conjuminar prevenção e retribuição e por melhor se


adequar aos preceitos emanados pelo sistema jurídico penal deve ser utilizada pelo legislador
ao formular penas aplicáveis aos delitos e pelo julgador ao aplicar as sanções dos delitos
descritos na ordem penal. Quer dizer, pelo motivo da pena existir só porque o delito existe em
um injusto culpável perpetrado, ao lado da teoria eclética da pena, pode-se, em determinados
casos, deixar de se aplicar ou aplicar reduzidamente determinada pena frente ao injusto
culpável, nas hipóteses em que a pena tão somente preventiva, melhor se adequar ao caso
concreto.Assim, se o legislador ou o Juiz se apoiar só na prevenção ou só na retribuição
defrontaremos com algumas injustiças para a sociedade e para o condenado, violando muitas
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vezes princípios como o da proporcionalidade, da dignidade humana e não condizendo com


as finalidades do Direito Penal. (Roxin:1997)

3.Conclusão
Em gesto de conclusão apontamos a pena, como representante da protecção de bens
jurídicos, independentemente de seu fundamento estar numa retribuição ou prevenção, ou em
ambos, é discutido se é necessário investir nela como mecanismo de segurança à comunidade
da validade da norma penal. Acrescente-se, por oportuno, é que há poucos meios ou talvez
não há outros meios que assegure essa confiança aos cidadãos de que o sistema que respeitam
é capacitado de equilíbrio. Teoricamente, a pena é um guia prestigioso para os cidadãos.
Ainda que os estudiosos do Direito levantem críticas sobre em alguns casos seu carácter não
ter funcionalidade e nem eficácia para os fins do Direito Penal, a sociedade ainda assim a
considera como justa. Entrementes, a pena deve ser utilizada para garantir os interesses
sociais. Dessa forma, ela não pode filiar-se comente a uma retribuição e muito menos ser
aspecto de vingança pelas pessoas. Há de compreender que ela é apenas um meio para que o
Direito Penal desempenhe seu papel funcional de protecção de bens jurídicos. Desta
premissa, a pena pode muito bem deixar de ser aplicada e reduzida quando for preciso para
alcançar essa funcionalidade. O intento, fixando, não é apenas condenar o ser humano por
seus erros, mas de consertá-lo e integrá-lo novamente para o mundo. O projecto
ressocializador não pode ser abandonado, pois seus ideais são de eliminar posteriores ações
criminosas que poderiam advir do criminoso no futuro, é evitar um conluio de reincidência.
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4.Referências Bibliográficas
Bittencourt,(1993) Cezar Roberto. Falência da pena de prisão. Causas e Alternativas. São
Paulo: Revista dos Tribunais.

Bittencourt.(2002) Norma e Bem Jurídico no Direito Penal - Série As Ciências Criminais no


Século XXI – Volume 5. São Paulo: Revista dos Tribunais.

Bittencourt. (2002) Os processos de descriminalização. São Paulo: Revista dos Tribunais.

Hassemer, Winfried. (1993) Três temas de Direito Penal. Porto Alegre: Fundação Escola
Superior do Ministério Público.

Prado.(2004) Teoria dos Fins da Pena. Revista Brasileira de Ciências Criminais. Ano 1. Vol.

Roxin, Claus. (1997) Derecho Penal – parte general: fundamentos de la estrutura de lateoria
del delito – volume 1 – Tradução Diego Manoel Luzón Pena, Miguel Dias,GarciaConlledo e
Javier de Vicente Remesal. Madrid: Editorial Civistas.

Roxin, Claus, (2001) Problemas fundamentais do Direito Penal. Lisboa.

Souza, Artur de Brito Gueiros; (2018)JAPIASSÚ, Carlos Eduardo Adriano. Direito penal:
volume único. São Paulo: Atlas.

MirPuig, Santiago. (2007) Direito penal: fundamentos e teoria do delito. Tradução de Cláudia
Viana Garcia e José Carlos Nobre Porciúncula Neto. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais.

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