IVA by EMCT

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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO


INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO LUSÍADA DE CABINDA

TRABALHO INVESTIGATIVO DE FISCALIDADE

I
V
A
CURSO: Contabilidade Superior de Gestão
ANO: III
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO LUSÍADA DE CABINDA

TRABALHO INVESTIGATIVO DE FISCALIDADE

CURSO: Contabilidade Superior de Gestão


ANO: III
DOCENTE - DR. Joaquim Wilson Eduardo
FICHA TÉCNICA
Estudantes Universitários do III -Ano –Curso: Contabilidade Superior de
Gestão
Orientador: Joaquim Wilson Eduardo
Período: Vespertino -Ano Lectivo:2024-2025

Nome Gevalda Tembo Tala


Nota:

Nome Francisco Mampumbo


Nota:

Nome Pascoalina Zau


Nota:
4
Índice

Introdução ................................................................................................................... 1
DESENVOLVIMENTO ................................................................................................. 2
1. IMPOSTO SOBRE VALOR ACRESCENTADO (IVA) ........................................... 2
1.1- DEFINIÇÃO .................................................................................................... 2
1.2- A GENESE DO IVA ........................................................................................ 2
1.3- Principais características do IVA: ................................................................... 5
1.4- ATORES DO IVA ............................................................................................ 6
1.5. Como funciona o IVA? .................................................................................... 8
2. Requisitos do IVA .............................................................................................. 8
2.2. DESVANTAGENS DO IVA ........................................................................... 10
3. Surgimento do IVA em Angola ......................................................................... 11
4. FASES DO IVA ................................................................................................ 12
5. Obrigação Tributário ........................................................................................ 13
6. Fato Gerador e Exigibilidade do IVA ................................................................ 13
7. Sujeitos Passivos do IVA ................................................................................. 15
8. Sujeito Ativo do IVA ......................................................................................... 16
9. Isenções do IVA ............................................................................................... 18
10. O IVA COMO SOLUÇÃO DO SISTEMA FISCAL ANGOLANO .................... 20
CONCLUSÃO............................................................................................................ 23
REFERENCIAS BIBLIOGRAFIAS............................................................................. 24
Introdução

Todos pagamos tributos e eles estão em toda parte. O dever de pagar tributos
especialmente os impostos, tem uma estreita relação com a própria noção de
cidadania sendo a principal forma pela qual o indivíduo é chamado a contribuir para o
financiamento das despesas coletivas. Mas, para que o Estado possa exigir essas
prestações compulsórias dos seus cidadãos, existem regras que precisam ser
observadas ao conjunto das normas destinadas a regular a instituição, a cobrança, a
arrecadação e a partilha de tributos que dá-se o nome de “Sistema Tributário
Nacional”, abrangendo disposições constitucionais, leis, decretos, instruções
normativas, etc.

Nem o que consta no nível constitucional nem o que está abaixo dele estão imunes à
mudança, dando assim lugar a reforma tributária que destaca-se com o progresso na
interação sobre as mais diversas situações jurídicas dos contribuintes, sendo
entendida como uma mudança nas regras do sistema tributário com o objectivo de
simplicar os processos, criar novos tributos ou extinguir tributos já existentes ou parte
deles. Tendo ainda o potencial de afetar tanto a arrecadação de impostos sobre
pessoas físicas quanto das empresas.

Mediante as alterações substanciais no sistema de cobrança de tributos, propondo-se


um novo modelo de tributação, o de consumo torna-se especial uma vez que e
definido como à cobrança de impostos e contribuições sobre o preço dos produtos e
serviços normalmente devidos pelas empresas, que repassam seu valor ao
contribuinte da etapa seguinte, mediante o fenômeno jurídico da repercussão podendo
ser de forma cumulativa ou não cumulativa, ganha lugar a necessidade de reformas
ainda no plano constitucional a nível da tributação do consumo com o IVA que é o
objecto de estudo deste trabalho.

Muito discutido na reforma tributária, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) é


um tributo amplamente utilizado em diversos países ao redor do mundo, sendo uma
peça fundamental nos sistemas tributários de muitas nações. Entender esse imposto
é crucial tanto para as empresas quanto para osconsumidores, já que ele impacta
diretamente no preço dos bens e serviços.

1
DESENVOLVIMENTO

1. IMPOSTO SOBRE VALOR ACRESCENTADO (IVA)

O IVA é o acrónimo de Imposto de Valor Acrescentado, sendo ele um imposto que


incide sobre o consumo que taxa os produtos, os serviços, as transações comerciais
e as importações ou seja, qualquer um de nós quando adquire um bem tem de pagar
não só valor relativo a esse bem, mas também o valor correspondente ao IVA, cuja
taxa varia entre os zero e os 23%.

A taxa de zero por cento aplica-se aos chamados serviços isentos de IVA, como é o
caso de serviços médicos, os serviços prestados por creches, associações sem fins
lucrativos, entre outros.

Sendo um imposto financiado pelo consumidor final, é designado por imposto indireto,
isto é, o fisco não o aufere diretamente do contribuinte.

1.1- DEFINIÇÃO

O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA): é definido como um tributo indireto que
incide sobre o consumo de bens e serviços, sendo aplicado em cada etapa da cadeia
de produção e distribuição, mas o seu custo é suportado pelo consumidor final.

A vista disso apresentaremos algumas definições com referências de autores:


Segundo Rocha (2013), o IVA é um imposto indireto que incide sobre o valor
acrescentado em cada fase da cadeia económica, garantindo neutralidade fiscal entre
as etapas de produção e distribuição, até ao consumidor final".

De acordo com James e Nobes (2010), "o IVA é um imposto amplamente adotado em
economias modernas, estruturado para tributar o consumo, mas com um sistema de
créditos fiscais que evita a dupla tributação".

Já ( Carvalho 2015) "O IVA é uma das principais fontes de receita do Estado e tem um
funcionamento baseado na tributação em cascata, com dedução do imposto já pago
em fases anteriores, até à sua liquidação final pelo consumidor.

1.2- A GENESE DO IVA

O estudo do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) exige uma análise de sua
evolução, sua história, com especial atenção à literatura jurídica tributária francesa,
eis que foi nesse país que o imposto nasceu e progressivamente se desenvolveu
adquirindo os traços que conhecemos atualmente.

2
Para conhecer o seu mecanismo precisamos pesquisar suas origens, para saber
como e por que atingiu o desenvolvimento que tem hoje, adotado não só na União
Européia mas em vários outros países europeus, sul-americanos e asiáticos, em
primeiro lugar é importante observar que o mecanismo de deduções, que constitui o
princípio de base do imposto, ainda que adotado pela legislação de 1948, não foi
invenção francesa.

A este respeito devemos lembrar a contribuição da doutrina e certas legislações


estrangeiras ao desenvolvimento do princípio, e isso bem antes da aplicação do
mesmo na França.

A doutrina francesa, em geral, quando analisa as origens do IVA, situa o início das
imposições sobre o volume dos negócios na França em 1917, com a instituição da
“taxa sobre os pagamentos”, imposto geral sobre as despesas e do qual, após certo
número de reformas, o resultado foi o IVA, com sua técnica e seus mecanismos, o
princípio da dedução aparece então como uma conseqüência natural da evolução do
imposto.

O IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) foi pensado, por volta de 1918, por
Wilhelm Von Siemens, um empresário alemão, que propôs a substituição do imposto
sobre as Vendas/negócios, em vigor na altura na Alemanha, por um imposto com as
características do IVA. Para além deste alemão, também nos Estados Unidos, por
volta de 1921, Thomas S. Adams, entendia que o IVA era uma melhor versão do
imposto sobre o rendimento das empresas.

Pese embora as diversas tentativas para a implementação deste imposto,


principalmente na Alemanha, apenas em 1954, na Costa do Marfim (colónia francesa
na altura), as autoridades francesas, por intermédio de Maurice Lauré, Director
Adjunto da Direction Générale des Impôts, introduziram, a título experimental, o IVA.

Atendendo ao tremendo sucesso que foi a introdução do IVA nas colónias da Costa
do Marfim, e depois no Senegal, as autoridades francesas decidiram implementar o
IVA em território francês continental mas não de forma generalizada. O IVA para todos,
em França, só ocorreu em 1968 mas ntes disso, em 1967, a Dinamarca tornou-se no
1.º país a implementar o IVA para todos os sectores.

Alain Frankel, autor do estudo mais aprofundado sobre as origens do imposto na


França, mostra bem a influência que exerceu sobre o pai intelectual do IVA naquele
país, Maurice Lauré, a doutrina estrangeira notadamente as teorias do professor Carl
S. Shoup, dos Estados Unidos.

Frenkel, aliás, analisa as primeiras proposições de uma imposição sobre o valor


agregado em empresas dos Estados Unidos da América e da Alemanha, e a tentativa
de aplicação de um imposto incidente sobre o valor agregado no Japão , citando ainda

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alguns casos de uma aplicação dessas teorias no direito positivo da Grécia, da Turquia
e da Argentina. Descartando entretanto, a possibilidade de uma influência maior
dessas legislações na formulação do projeto francês.

Até por volta de 1965 o IVA não era um sucesso, uma vez que a maior parte dos
países da OCDE tinham o imposto sobre as vendas. Cerca de 20 anos depois, cerca
de ¼ dos países do mundo (principalmente localizados na Europa e na América do
Sul) tinham IVA, sendo que a propagação do IVA foi em grande parte impulsionada
pelo facto de o IVA ser uma condição sine qua non para adesão à União Europeia
(EU).

Como exemplos, temos o facto de em Portugal este imposto ter sido criado pelo
Decreto-Lei n.º 394-B/84, de 26 de Dezembro, e em Espanha ter sido implementado
em Agosto de 1985. Os dois países aderiram à EU em 1986. Relativamente a África,
os países com o IVA mais antigos são a Costa do Marfim que o tem desde o ano da
sua independência (1960), o Senegal (1980) e Marrocos (1982).Quanto aos países
com fortes ligações à Angola, nomeadamente aqueles que falam português, Cabo
Verde tem desde 2004, apesar de aprovado em 2003, pela Lei 21/VI/2003 e
Moçambique desde 1988, aprovado pela Lei n.º. 3/9, de 8 de Janeiro. São Tomé terá
a partir de 1 de Janeiro de 2019. Relativamente a América do Sul, o Chile tem o IVA
há mais tempo, uma vez que o implementou em 1973.

Não podendo ser citado sem falar da dedução, parte de Von Siemens que introduziu
em sua proposição, o princípio da dedução, o qual deveria ser feito “base sobre base”.
Trata-se, provavelmente, de um dos primeiros estudos nessa área, ao lado do
efetuado pelo economista norte-americano Thomas Adam.

Este publicou um artigo no qual defendeu a aplicação do princípio de deduções num


sistema de imposto sobre o volume dos negócios (IVN), dedução que deveria ser feita
“imposto sobre imposto”, ou seja, o mesmo mecanismo finalmente adotado pelo
legislador francês do IVA. Lembremos ainda que o princípio teve aplicações legais na
Turquia, Grécia e Argentina. A Turquia estabeleceu a dedução “imposto sobre
imposto”, enquanto que o legislador grego adotou a dedução “base sobre base”. No
projeto japonês, datado de 1949, estava prevista a aplicação de um sistema de
deduções “base sobre base”, o qual, ainda que aprovado pelo Parlamento, nunca foi
aplicado.

Importa citar ainda o caso do Estado de Michigan, nos Estados Unidos, que adotou
em 1953 o “Business Activities Tax”, no qual a dedução seria feita “base sobre base”.
No entanto, esses projetos, estudados pela doutrina, desenvolveram o princípio
baseado em um sistema de imposto atingindo a empresa, e não os produtos que ela
fabricasse.

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Em outras palavras, o imposto concebido pela doutrina americana e alemã, e adotado
por alguns países, possuía como base de cálculo a margem bruta ou valor agregado
da empresa, não atingindo seus produtos ou serviços.

O mecanismo de deduções, portanto, já existia, mesmo que pensado e aplicado de


forma diferente da consagrada na França. Os projetos franceses se desenvolveram
de maneira bem específica, obedecendo às exigências e premissas das reformas
conjunturais promovidas em um quadro econômico, político e social bem determinado.
Resta evidente, portanto, que o mecanismo de deduções, pilar do sistema do IVA, não
nasceu na França. Se o imposto é uma “invenção” francesa, devemos entender com
isso que é o resultado de uma conjugação de elementos como a hipótese de
incidência e a exigibilidade, a base de cálculo, o campo de aplicação, a definição do
contribuinte e a formulação de um mecanismo próprio de deduções.

Resta claro que foi na França que, como conseqüência das reformas realizadas
durante mais de 40 anos, apresentaram-se as condições para a instauração do
imposto sobre o valor agregado, com seus elementos e características tais como
conhecemos hoje.

O grande mérito do legislador francês foi ter sabido conjugar todos os elementos que
resultaram da evolução do sistema de imposição do volume de negócios, construindo
os contornos próximos do sistema atualmente aplicado por todos os Estados membros
da União Européia. Após efetuarmos essa digressão sobre o nascimento e
desenvolvimento do princípio de deduções, ínsito ao IVA, cabe refletir sobre a história
do imposto, este sim pensado, aplicado e desenvolvido na França. Como vimos, o
trabalho mais completo sobre a gênese do IVA na França foi o de Alain Frenkel o autor
que estudou a evolução dos impostos sobre o volume dos negócios em seu país de
forma profunda, mostrando todos os caminhos e propostas feitas pelo legislador, as
vitórias e os fracassos das reformas efetuadas. Segundo ele, o resultado do processo,
o Imposto sobre o Valor Agregado, foi o resultado direto das experiências aos quais
se entregaram os franceses; ordenamento positivo algum teria conhecido tal desfilar
de sistemas nem realizado tantas pesquisas para atingir finalmente, como resultado o
IVA. Como visto, o IVA é o resultado de uma longa evolução.

1.3- Principais características do IVA:

O imposto sobre o valor acrescentado é um imposto geral sobre o consumo, aplicado


às atividades comerciais que implicam a produção, a distribuição de bens e a
prestação de serviços. O sistema comum do IVA aplica-se aos bens e serviços
comprados e vendidos para fins de consumo.

O imposto é cobrado de forma fracionada através de um sistema de pagamentos


parciais que permite aos sujeitos passivos do IVA (empresas registradas para efeitos
do IVA) deduzir da sua conta IVA, o montante do imposto que pagaram a outros

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sujeitos passivos sobre os bens adquiridos destinados à sua atividade comercial
quando da fase precedente.

O IVA é suportado em definitivo pelo consumidor final sob a forma de uma


percentagem aplicada sobre o preço final do bem ou do serviço. Esse preço final é a
soma dos valores acrescentados em cada fase de produção e de distribuição.

O fornecedor de bens ou o prestador de serviços (o sujeito passivo paga o IVA sobre


os bens ou os serviços à administração fiscal nacional, após dedução do IVA que
pagou aos seus próprios fornecedores, o que permite assegurar a neutralidade do
imposto, independentemente do número de operações).

Segundo Sérgio Vasques, o Imposto sobre o Valor Acrescentado apresenta as


seguintes características: Indireto; Plurifásico; Não cumulativo; Estadual; Geral;
Proporcionalmente variável, vejamos a seguir cada uma delas:

• Indireto – por ser um imposto sobre o consumo. Ou seja não é cobrado


directamente sobre a renda ou patrimonio do contribuinte mas sim sobre o
consumo de bens e serviços.

• Plurifásico – incide em todas as fases de comercialização dos bens até á sua


transmissão ao consumidor final.

• Não cumulativo – em cada fase de incidência, desde a produção até a venda


do consumidor final se tributa apenas o valor do bem acrescentado nessa fase.

• Estadual – porque a entidade credora do imposto é o Estado.

• Geral – porque abrange todo o território nacional, tendo uma aplicação geral
abragindo praticamnte todos os bens e serviços, salvo as exceções previstas
por lei.

• Proporcionalmente variável – por a alíquota nem sempre ser a mesma para a


matéria coletável, podendo elas ser normais, reduzidas ou zero.

Recuperação de crédito: As empresas podem recuperar o IVA pago em etapas


anteriores, evitando a tributação em cascata.

1.4- ATORES DO IVA

Dependendo do contexto, o IVA afeta diferentes atores na economia de formas


específicas. Assim apresentaremos algumas definições sobre o papel de diversos
atores no sistema do IVA:

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1. Consumidores finais

Os consumidores finais são os que na prática suportam o encargo do IVA, pois o valor
do imposto é incluído no preço final dos bens e serviços adquiridos. Eles não têm
direito a deduzir ou recuperar o IVA pago.

2. Empresas (contribuintes do IVA)

As empresas atuam como intermediárias no sistema de IVA, sendo responsáveis por:

- Cobrar o IVA sobre as vendas de bens ou serviços (IVA repercutido ou a cobrar).


- Deduzir o IVA pago nas aquisições de bens ou serviços para uso na sua atividade
(IVA dedutível).
- Entregar ao Estado a diferença entre o IVA cobrado aos clientes e o IVA pago aos
fornecedores.

Se o IVA dedutível for maior que o IVA cobrado, a empresa pode solicitar um
reembolso ao Estado.

3. Estado (autoridade fiscal)

O Estado ou a autoridade tributária é o órgão responsável por:


- Regulamentar e fiscalizar a aplicação do IVA.
- Recolher o imposto entregue pelas empresas.
- Garantir o funcionamento eficiente do sistema de IVA e a prevenção de fraudes.

4. Fornecedores

Os fornecedores de bens e serviços também são parte essencial no sistema, pois:

- Adicionam o IVA às suas vendas e o transferem para os compradores (que podem


ser empresas ou consumidores).
- Recolhem o IVA de clientes empresariais, que podem deduzi-lo, ou de consumidores
finais, que o suportam diretamente.

5. Intermediários e consultores fiscais

Empresas e profissionais que auxiliam outros atores na gestão e conformidade com


as regras do IVA. Eles desempenham um papel importante no:

- Planeamento tributário.
- Preparação e submissão de declarações de IVA.
- Garantia de conformidade legal e na otimização fiscal.

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O sistema do IVA cria uma cadeia onde o imposto é acumulado e transferido ao longo
da cadeia de valor, sendo finalmente suportado pelo consumidor.

1.5. Como funciona o IVA?

O funcionamento do IVA é baseado em um sistema de créditos e débitos. Cada


empresa na cadeia de produção e distribuição cobra o IVA sobre suas vendas (débito)
e paga o IVA sobre suas compras (crédito). A diferença entre o IVA cobrado e o IVA
pago é o valor que a empresa deve recolher ao governo. Ou seja as entidades
registadas para efeitos de IVA cobram e adicionam IVA ao valor de bens e serviços
que fornecem. Essas entidades podem proceder à dedução de IVA incluído nos bens
e serviços adquiridos no âmbito do objeto social salvo algumas restrições tais como a
compra de matérias primas e outros consumíveis não utilizados no âmbito da
atividade.

Nas importações, o IVA é liquidado no primeiro ponto de entrada em consumo, ou


seja, no mesmo momento em que se aplicam os direitos aduaneiros.

Exemplo de funcionamento:

Compra Venda
IVA á favor do Estado
Valor IVA Valor IVA
Produtor de Grão de Café - - 100 20 20
Industrial de Café 100 20 300 60 60
Supermercado 300 60 700 140 80
Consumidor Final 700 140 - - -
Total do IVA Entregue ao Estado 140

2. Requisitos do IVA

Um dos principais princípios em que se baseia o IVA é o da auto declaração o que


implica que cada entidade registada para efeitos de IVA deve registar, calcular e
comunicar as obrigações em IVA, de acordo com a Lei, para as autoridades fiscais.

Outros requisitos no IVA incluem:

• Registo obrigatório das entidades


• Utilização de programas informáticos certificados
• Preenchimento da declaração periódica do IVA

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Pagamento de IVA Arquivo de documentos das transações económicas:

- Faturas
- Notas de crédito e de débito
- Documentos de Importação e exportação
- Registos de bens e serviços fornecidos de forma gratuita ou alocados para uso
particular
- Operações sujeitas a taxa zero ou isentas fornecimentos ou compras.

2.1. Vantagens do IVA

O IVA apresenta diversas vantagens em relação a outros tipos de impostos, tanto para
o governo quanto para as empresas e consumidores.

O IVA enquanto imposto indirecto, quando bem pensado e concretizado, revela-se o


imposto mais equitativo na tributação do consumo final e mais estruturante da
actividade económica, se fosse de outro modo, o IVA não teria sido adoptado na
generalidade dos países – em 180, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em África, apenas oito dos 54 países não aderiram ainda, sendo Angola 9º membro
da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) que o implementou.

Apresentando inúmeras vantagens, o IVA permite alargar a base tributária porque as


empresas da economia informal serão assim consideradas consumidores finais na
relação que estabelecem com a economia formal, sendo, por isso, menos
competitivas que as suas concorrentes que estejam integradas no sistema fiscal do
IVA.

É vista como vantagem por promover uma maior vigilância nas práticas de evasão
fiscal, face ao Imposto de Consumo, porque a subfacturação das empresas pode
proporcionar créditos fiscais de imposto que serão objecto de um rigor acrescido da
Administração Tributária.

O efeito cascata do Imposto de Consumo, penaliza a densificação da cadeia de valor


da economia nacional, dificultando a competitividade das empresas. Neste aspecto o
IVA é fundamental para viabilidade dos objectivos de diversificação das exportações
e da promoção da substituição das importações.

O IVA também é benéfico na promoção do investimento, porque na fase da sua


concretização as empresas, ao deduzirem integralmente o IVA suportado nas
aquisições de bens de capital, são normalmente credoras do Estado, com impacto
positivo na sua situação financeira.

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1. Transparência: O IVA é claramente discriminado nas notas fiscais, permitindo
que os consumidores vejam o valor do imposto pago.
2. Incentivo à formalização: O sistema de créditos e débitos incentiva as
empresas a se formalizarem e a manterem registros adequados para recuperar
os créditos de IVA.
3. Neutralidade Econômica: Como incide sobre o valor agregado, o IVA não
distorce as decisões de produção ou consumo e é menos propenso a causar
distorções econômicas.
4. Eficiente para Arrecadação: O IVA é uma fonte significativa de receita para
os governos devido à sua ampla base de incidência.
5. Redução de Evasão Fiscal: O sistema de créditos fiscais cria um incentivo
para que as empresas declarem corretamente suas transações, já que
precisam do registro para deduzir o imposto.
6. Facilidade de Exportação: Bens exportados geralmente são isentos de IVA,
o que torna os produtos de um país mais competitivos no mercado
internacional.

2.2. DESVANTAGENS DO IVA

Apesar de apresentar vantagens, o IVA também apresenta alguns desafios, tidos


como desvantagens que são :

1. Regressividade : O IVA pode ser considerado regressivo, pois impacta mais os


consumidores de baixa renda, que destinam uma maior proporção de sua renda ao
consumo.

2 Complexidade administrativa: A implementação e gestão do IVA requerem um


sistema administrativo robusto para garantir o cumprimento e a recuperação de
créditos.

3.Custos de Conformidade: Empresas precisam investir em sistemas e pessoal para


gerenciar o IVA, o que pode aumentar seus custos operacionais

4. Fraude Fiscal : Apesar do sistema de crédito ser eficaz, ainda pode haver
esquemas de fraude. Sem um controle rigoroso, pode haver tentativas de evasão
fiscal, como a subdeclaração de valores.

5. Impacto em Preços: Embora o IVA evite a tributação em cascata, ele ainda pode
impactar os preços dos produtos e serviços, afetando o consumidor final.

O IVA é amplamente adotado devido à sua eficiência na arrecadação, mas seu


impacto deve ser equilibrado com políticas públicas que reduzam seus efeitos
regressivos, como alíquotas reduzidas para itens essenciais ou compensações para
famílias de baixa renda.

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3. Surgimento do IVA em Angola

O Decreto Presidencial nº 155, de 16 de setembro de 2010, criou o Programa


Executivo de Reforma Tributária (PERT), órgão especial para implementação da tão
desejada reforma tributária no território nacional.

Houve, ainda, a criação da Unidade Técnica Executiva para reforma tributária, com o
Decreto nº 131/10. Assim, como o objetivo de melhorar significativamente o sistema
tributário nacional, o Executivo Angolano editou o Decreto Presidencial nº 50, de 11
de Março de 2011, traçando linhas gerais para a reforma tributária.

Convém observar que a estrutura jurídica fiscal Angolana, mesmo após a


independência em 11 de novembro de 1975, continuou tendo como inspiração o
modelo fiscal Português. Um sistema fiscal obsoleto, longe de atender as
expectativas, pois provinha do período colonial com inúmeros diplomas avulsos e
desconexos, contribuindo com a ineficácia fiscal.

À luz das informações trazidas por Clotilde Celorico Palma, os impostos de consumo
em angola na década de 80, incidiam sobre produtos variados com alíquotas bem
diferentes, as alíquotas dos produtos produzidos no país e dos produtos importados
constavam de uma tabela, que fixava percentagens variadas entre 5% a 80%.
Segundo a autora, os impostos de consumo dependiam bastante das técnicas
aduaneiras, e a Direção Nacional de Alfândegas assumia um papel de estrema
importância na sua cobrança.

Além disso, estes impostos representavam aos cobres públicos cerca de 8% a 9% da


arrecadação fiscal. Em 27 de maio de 1989, com a edição do Decreto nº 24, foi
alterado a nomenclatura do imposto de consumo interno para imposto de consumo de
mercadorias importadas e de produção nacional. Foi uma mudança apenas da
terminologia, pois a sua configuração continuo sendo a mesma.

Em janeiro de 2011, entrou em vigor um novo Regulamento do Imposto de


Consumo (Decreto-Presidencial nº7/11). O imposto de consumo era:

1. indireto: incidia não sobre a riqueza ou seu rendimento, mas sim sobre a sua
utilização;

2. incidente sobre o consumo: era liquidado apenas com a introdução dos bens,
da importação, arrematação, ou ainda da utilização dos bens ou matérias-
primas fora do processo produtivo e que tivessem beneficiado da desoneração
do imposto;

3. monofásico: era liquidado apenas uma vez, quando o bem era introduzido no
consumo, não sendo liquidado em qualquer outra fase subsequente, embora,

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em alguns casos, o imposto pudesse ter efeito cascata, em que era liquidado
imposto de consumo sobre um bem ou serviço que composto por outros bens
ou serviço em relação aos quais também já tinha sido liquidado imposto de
consumo;

4. incidia sobre o sujeito passivo, mas era suportado pelo consumidor. Conforme
definido na lei, o sujeito passivo era tipicamente os produtos de bens ou
prestadores de serviços, mas o imposto era economicamente suportado pelo
consumidor dos bens ou serviços, assim se fazendo uma diferenciação entre a
pessoa que devia o imposto e que estava obrigada a cumprir as obrigações daí
decorrentes e a pessoa que, na prática, suporta o encargo econômico do
imposto.

Por conseguinte, o imposto de consumo incidia sobre a produção, considerando-se


como produtos produzidos no país, aqueles cujo processo de produção teve seu termo
em solo angolano, e importação das mercadorias, independentemente da sua origem,
a arrematação realizada pelos serviços aduaneiros ou quaisquer serviços públicos, a
utilização dos bens ou matérias-primas fora do processo e que se beneficiavam da
desoneração do imposto e alguns serviços.

A Lei nº 7, de 24 de abril de 2019, trouxe a reforma tributária no país, levando em


conta as experiências internacionais e o contexto socioeconômico. Dessa forma,
adotou-se a implementação do IVA, imposto sem efeito cascata, adequado as
condições locais e moderno para lidar com a economia globalizada.

4. FASES DO IVA

Desde logo, destaca-se a lição de Sérgio Vasques que nos apresenta as fases do
Imposto sobre o Valor Acrescentado, quais sejam: incidência, lançamento, liquidação
e cobrança.

• Na primeira fase, incidência, os impostos são legalmente definidos, ou seja, o


diploma legal, o Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, prevê os atos
ou situações sujeitas a aplicação do imposto e das pessoas sobre as quais
recai o dever de pagar.

Incidência Real - o que está sujeito a imposto.


Incidência Pessoal - Quem está sujeito a imposto.

• A segunda fase, lançamento do imposto, traduz-se num conjunto de


procedimentos que conduzem à identificação do sujeito passivo do imposto e
à determinação do valor sobre o qual irá incidir esse imposto, a matéria
coletável.

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• Já a terceira fase, liquidação do imposto, consiste na aplicação da alíquota do
imposto à matéria coletável para determinação da coleta.

• Por último, a cobrança é a fase que consiste na entrada do montante do


imposto nos cofres do Estado.

5. Obrigação Tributário

Em linhas gerais, obrigação tributária consiste em uma relação jurídica.

O artigo 24, do Código Tributário Angolano, preconiza que obrigação tributária se


constitui com a verificação dos fatos que definem a incidência do respectivo tributo.
Impõe-se analisar, o ponto para melhor evidenciar que sem a ocorrência do fato
tributário não há que se falar em relação jurídica entre a Administração Tributária e os
contribuintes, não existindo o dever de pagar imposto. Podendo, entretanto, a
obrigação acessória ou instrumentais que decorre da legislação tributária e tem por
objeto prestações positivas ou negativas, à guisa de exemplo, temos o dever de
declarar a não ocorrência de qualquer fato tributário.

Assim sendo, torna-se oportuno dizer os elementos da obrigação tributária, quais


sejam: sujeito ativo, sujeito passivo, objeto e causa, conforme prevê o Código de
Imposto sobre o Valor Acrescentado.

6. Fato Gerador e Exigibilidade do IVA

O fato gerador vem exatamente determinar a incidência, o momento correto para a


realização da hipótese de aplicação do imposto.

O art. 7º, 1º, do Código de Imposto sobre o Valor Acrescentado, prevê como regra a
exigibilidade do IVA, nas seguintes hipóteses:

a) Nas transmissões de bens, o IVA é devido e exigível no momento em que os bens


são colocados à disposição do adquirente.

b) Nas prestações de serviços, o IVA é devido e exigível no momento da sua


realização.

c) Nas importações, o IVA é devido e exigível no momento determinado pelas


disposições aduaneiras. Ademais, nos parágrafos seguintes do mesmo artigo
estabelece diversas outras hipóteses de incidência do Imposto sobre o Valor
Acrescentado, à guisa de exemplo podemos citar:

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Fornecimento de bens, seguido de instalação ou montagem – no momento em que a
instalação ou montagem estiver concluída.

Transmissões de bens e prestações de serviços de caráter continuado:

No termo do período a que se refere cada pagamento.

Nos casos em que não seja fixada periodicidade de pagamento ou esta seja superior
a 12 meses, o IVA e devido e torna-se exigível no final de cada período de 12 meses,
pelo montante correspondente.

Situações de autoconsumo (interno ou externo) – no momento em que a afetação dos


bens ou serviços tiver lugar.

Transmissões de bens entre comitente e comissário – no momento em que o


comissário os puser à disposição do seu adquirente. Bens postos à disposição de um
contratante antes de se terem produzido os efeitos translativos do contrato – no
momento em que esses efeitos translativos se produzirem (exceto contrato de locação
de venda e vendas com reserva de propriedade).

6.1. Base de Cálculo do IVA

De acordo com Clotilde Celorico Palma, o Imposto sobre o Valor Acrescentado terá
como base de cálculo: o preço total da prestação dos serviços e o valor das operações
nas entregas de mercadorias, compreende-se aqui por entrega de mercadorias a troca
de titularidade com a finalidade de obter lucro, ou seja, circulação de mercadorias.

Afirma, ainda, a autora que a base de cálculo nas prestações de serviços será
constituída pelo preço efetivo da transação, recebida ou a receber pelo prestador de
serviço, pela totalidade de contraprestação entregue ou a entregar pelo comprador ou
terceiro. Quanto à circulação de mercadoria, a base de cálculo será determinada pelo
preço da compra do bem, na sua falta, pelo preço do custo no momento em que foi
realizada a operação.

6.2. Alíquota do IVA

Nessa vereda, vale dizer que a alíquota/taxa é definida em percentagens.

Aquando da Lei n.º 7/19, de 24 de abril, o IVA em Angola contava com uma taxa única
de 14%, existindo também uma taxa de 0 % para as operações isentas que conferem
direito à dedução. Os contribuintes sujeitos ao Regime Transitório contam com uma
taxa de 7 % sobre a faturação recebida em cada trimestre. De acordo com as
condições desfavoráveis de afastamento geográfico de Cabinda em relação ao
restante território, o governo achou e bem, a concessão de um regime especial

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aduaneiro, portuário e de transmissão de bens para esta província, tendo esta uma
taxa de IVA de apenas 2 %.
Mais já com a promulgação da Lei n.º 14/23, de 28 de Dezembro´- A alteração ao
Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado veio assim reduzir a taxa dos bens
alimentares de amplo consumo de 7% para 5%, saindo dos 14% inicialmente fixados
em 2019. Reduz também para 1% o IVA na província de Cabinda, tendo em conta o
regime especial em vigor naquela região.

Clotilde Celorico Palma, atesta que na República de Angola existe, em regra, apenas
uma alíquota, denominada de ´´alíquota normal´´ aplicada em todo território nacional,
de forma igualitária, quer nas entregas de bens quer nas prestações de serviços.

7. Sujeitos Passivos do IVA

O artigo 2º do Código de Imposto sobre o Valor Acrescentado assevera que são


sujeitos passivos as pessoas singulares e coletivas que exercem com ou sem fim
lucrativo atividades de produção, comércio ou prestação de serviço, senão, vejamos
o que preconiza o dispositivo, in verbis:

Artigo 2.º São sujeitos passivos do imposto:

a) As pessoas singulares ou coletivas que, de um modo independente e com carácter


de habitualidade, exerçam com ou sem fim lucrativo, atividades de produção,
comércio ou prestação de serviços, incluindo as atividades exploração agrícola,
aquícola, apícola, avícola, pecuária, piscatória, silvícola;

b) As pessoas singulares ou coletivas que de modo independente e com carácter


isolado pratiquem qualquer operação tributável, desde que essa operação preencha
os pressupostos de incidência objetiva dos impostos sobre os rendimentos;

c) As pessoas singulares ou coletivas que realizem importações de bens segundo a


legislação aduaneira;
d) As pessoas singulares ou coletivas que mencionem indevidamente Imposto Sobre
o Valor Acrescentado em fatura ou documento equivalente;
e) As pessoas singulares ou coletivas que disponham de domicílio, sede ou
estabelecimento estável no território nacional e que pratiquem operações que
confiram o direito à dedução total ou parcial do imposto, quando sejam adquirentes
de serviços de construção civil, incluindo a remodelação, reparação, manutenção,
conservação e demolição de bens imóveis;

2. As pessoas singulares ou coletivas são também sujeitos passivos pela aquisição


de serviços constantes no número 7 do artigo 6.º do presente Código, nas condições
nele referidas.

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3. São ainda sujeitos passivos do Imposto Sobre o Valor Acrescentado, quando
exerçam as atividades económicas abrangidas pelo número 1 do artigo 1.º do
presente Código:

a) O Estado, os Institutos Públicos e as Autarquias;

b) as instituições públicas de previdência e segurança social;


c) os partidos políticos, sindicatos, associações públicas e instituições religiosas
legalmente constituídas.

Destaca-se no dispositivo acima mencionado que o tipo de sujeito passivo, aquele que
tem relação pessoal direta com o fato gerador, ou seja, o contribuinte da relação
jurídica tributária.

Destarte, tenha-se presente que a responsabilidade de pagar o imposto sobre o valor


acrescentado recai, em regra, ao fornecedor de bens ou ao prestado de serviço.

Segundo Clotilde Celorico Palma, por vezes a responsabilidade de pagar o tributo


recai sobre os destinatários dos bens fornecidos ou dos serviços prestados.

8. Sujeito Ativo do IVA

A República de Angola possui o modelo de Estado Unitário, um poder centrar com


entidades descentralizadas em âmbito local, conforme prevê o artigo 201 da CRA/10,
vejamos:

Art. 201

1. A Administração local do Estado é exercida por órgãos desconcentrados da


Administração central e visa assegurar, a nível local, a realização das
atribuições e dos interesses específicos da administração do Estado na
respectiva circunscrição administrativa, sem prejuízo da autonomia do poder
local.

2. O Governador Provincial é o representante da administração central na


respectiva Província, a quem incumbe, em geral, conduzir a governação da
província e assegurar o normal funcionamento da Administração local do
Estado.

3. O Governador Provincial é nomeado pelo Presidente da República, perante


quem responde política e institucionalmente. Assim, em 15 de dezembro de
2015, por meio do Decreto presidencial nº 235/14, foi criada a Administração
Geral Tributário – AGT, pessoa coletiva de direito público, dotado de autonomia
administrativa, patrimonial e financeira.

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Tendo como objetivo fundamental propor e executar a política tributária do Estado e
assegurar o seu integral cumprimento, administrar os impostos e demais tributos que
lhe sejam atribuídos, bem como estudar, promover, coordenar, executar e avaliar os
programas, medidas e ações de política tributárias relativas a organização, gestão e
aperfeiçoamento do sistema tributário.

O Estado e Pessoas Coletivas de Direito Público O estado e demais pessoas coletivas


de direito público não são, no entanto, sujeitos passivos do imposto quando realizem
operações no exercício dos seus poderes de autoridade, mesmo que por elas
recebam alíquotas ou quaisquer outras contraprestações, desde que a sua não
sujeição não origine distorções de concorrência.

O estado e as demais pessoas coletivas de direito público referidas no número anterior


são, em qualquer caso, sujeitos passivos do imposto quando exerçam algumas das
seguintes atividades e pelas operações tributáveis delas decorrentes, salvo quando
se verifique de forma não significativa:

a. Telecomunicações;
b. Distribuição de água, gás e eletricidade;
c. Transporte de bens;
d. Prestação de serviços portuários e aeroportuários;
e. Transporte de pessoas;
f. Transmissão de bens novos cuja produção se destina a venda;
g. Operações de organismos agrícolas;
h. Exploração de feiras e de exposições de carácter comercial;
i. Armazenagem;
j. Cantinas;
k. Radiodifusão e radiotelevisão.

Para efeitos dos nº 2 e 3 do presente artigo, o Ministro das Finanças define caso a
caso as atividades suscetíveis de originar distorções de concorrência ou aquelas que
são exercidas de forma não significativa.

Para efeitos das alíneas e) e g) do nº1, consideram-se sujeitos passivos do imposto


relativamente a todos os serviços que lhe sejam prestados no âmbito da sua atividade,
as pessoas singulares ou coletivas referidas na alínea a) do nº1 bem como quaisquer
outras pessoas coletivas que devem estar registadas para efeitos do artigo do Código
de Imposto sobre Valor Acrescendo.

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Conforme nos ensina Sanches Saldanha e João Taborda da Gama, a existência de
pessoas coletivas de direito público é necessária tendo em conta os propósitos
econômicos e sociais que, em virtude do seu significado, grandeza ou duração, não
podem ser assumidos por uma pessoa singular ou meras sociedades civis,
associações sem personalidade jurídica ou comissões especiais. Pertinente essa
colocação, pois as pessoas coletivas desempenham um papel imprescindível no
sistema jurídico atual.

9. Isenções do IVA

Entende-se por isenção qualquer situação, condição excepcional em que se afasta


regras definidoras do tributo, ou melhor, exceção à hipótese legal de incidência
tributária.
As isenções do IVA têm uma lógica diferente das isenções concedidas no âmbito dos
impostos sobre o rendimento. Enquanto nos impostos sobre o rendimento a isenção
libera o beneficiário do pagamento do imposto, no IVA as situações de isenção
consubstanciam-se na não liquidação e consequente não entrega de imposto, por
parte dos sujeitos passivos, nas operações ativas que realizam (o beneficiário paga
imposto nas operações passivas, mas não liquida nas operações ativas). Isto é, nas
suas operações passivas (aquisições de bens e serviços) os sujeitos passivos de IVA
não se beneficiam de isenção .
Regra geral, as isenções acolhidas no Código de Imposto sobre Valor Acrescentado
funcionam de forma automática, isto é, não é necessário que o sujeito passivo solicite
a respectiva aplicação. Como qualquer benefício fiscal em sede deste imposto, as
isenções consubstanciam situações excepcionais, devendo ser objeto de
interpretação restritiva. No âmbito do IVA existem dois grandes tipos de isenções, com
características e efeitos substancialmente diferentes: isenções simples ou
incompletas e isenções completas36.É ao nível das operações realizadas a montante,
mais concretamente ao nível da dedutibilidade do IVA suportado, que estes dois tipos
de isenções se revelam substancialmente distintos. As isenções simples ou
incompletas traduzem-se na não liquidação de imposto nas operações ativas ou
realizadas, não havendo em contrapartida, possibilidade de dedução do imposto
suportado a montante. São deste tipo, as isenções nas operações internas (artigo nº9)
e as derivadas do regime especial de isenção a que se refere o artigo 53 e seguintes.
Já as isenções completas traduzem-se igualmente pela não liquidação do imposto nas
transmissões de bens e nas prestações de serviços realizadas pelos sujeitos
passivos, conferindolhes, no entanto, o exercício do direito à dedução do imposto
suportado a montante, o que faz com que a carga fiscal incidente nos estágios
anteriores seja totalmente anulada. Estas isenções aplicam-se as exportações e a
determinadas operações assimiladas a exportações (artigo 14 do Código de Imposto
sobre Valor Acrescentado), a algumas operações ligadas a regimes aduaneiros
suspensivos (artigo 15 do Código de Imposto sobre Valor Acrescentado) e ainda as

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transmissões intracomunitárias de bens (artigo 14 do Código de Imposto sobre Valor
Acrescentado).
Há, ainda, as isenções nas operações internas trazidas pelo artigo 9º do Código de
Imposto sobre Valor Acrescentado, vejamos algumas isenções que o dispositivo acima
prevê, a saber:
as prestações de serviços efetuadas no exercício das profissões de médico,
odontologista, parteiro, enfermeiro e outras profissões paramédicas;
as prestações de serviços médicos e sanitários e as operações com elas
estreitamente conexas efetuadas por estabelecimentos hospitalares, clínicas,
dispensários e similares;
as prestações de serviços efetuadas no exercício da sua atividade por protésicos
dentários;
as transmissões de órgãos, sangue e leite humano;
o transporte de doentes ou feridos em ambulâncias ou outros veículo apropriado
efetuado por organismos devidamente autorizados;
as transmissões de bens e as prestações de serviços ligadas a segurança e
assistência sociais e as transmissões de bens com elas conexas, efetuadas pelo
sistema de segurança social, incluindo as instituições particulares de solidariedade
social.
Da mesma isenção beneficiam as pessoas físicas ou jurídicas que efetuem prestações
de segurança ou assistência social por conta do respetivo sistema nacional, desde
que não recebam em troca das mesmas, qualquer contraprestação dos adquirentes
dos bens ou destinatários dos serviços; Destarte, o artigo 12 do Código de Imposto
sobre Valor Acrescentado, preconiza o instituto da renúncia a isenção, vejamos
algumas:

Podem renunciar a isenção, optando pela aplicação do imposto as suas operações:


a) Os sujeitos passivos que efetuem as prestações de serviços referidas nos n.º 10) e
36) do artigo 9º;
b) Os estabelecimentos hospitalares, clínicas, dispensários e similares, não
pertencentes a pessoas coletivas de direito público ou a instituições privadas
integradas no sistema nacional de saúde, que efetuem prestações de serviços
médicos e sanitários e operações com elas estreitamente conexas;
c) Os sujeitos passivos que efetuem prestações de serviços referidas na alínea 34) do
artigo 9º

2- O direito de opção é exercido mediante a entrega, em qualquer serviço de finanças


ou noutro local legalmente autorizado, da declaração de início ou de alterações,
consoante os casos, produzindo efeitos a partir da data da sua apresentação.
3- Tendo exercido o direito de opção nos termos dos números anteriores, o sujeito
passivo é obrigado a permanecer no regime por que optou durante um período de
pelo menos, cinco anos, devendo, findo tal prazo, no caso de desejar voltar ao regime
de isenção:

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Apresentar, durante o mês de Janeiro de um dos anos seguintes àquele em que se
tiver completado o prazo do regime de opção, a declaração a que se refere o artigo
32, a qual produz efeitos a partir de 1 de Janeiro do ano da sua apresentação;
Sujeitar a tributação as existências remanescentes e proceder, nos termos do nº5 do
artigo 24º, à regularização da dedução quanto a bens do ativo imobilizado.

10. O IVA COMO SOLUÇÃO DO SISTEMA FISCAL ANGOLANO

Como vimos ao nos parágrafos acima, o IVA é um imposto de obrigação única, não
periódico, sobre fatos tributários de caráter instantâneo, reportando-se a cada um dos
atos praticados, não relevando o fato de o sujeito passivo exercer com habitualidade
ou ocasionalmente determinada atividade, resistente ao teste da neutralidade, bem
mais rentável em relação aos demais impostos, pois incide sobre todas as fases do
processo produtivo, por meio de técnica de liquidação e dedução do imposto em cada
uma das fases do circuito econômico.

O Imposto sobre Valor Acrescentado é identificado como um imposto indireto


plurifásico de matriz comunitária que atinge todos os atos de consumo e serviço
através do método subtrativo indireto. O imposto é exigível, em cada transação, o
montante sobre o valor acrescentado que tenha incidido diretamente sobre o custo
dos elementos constitutivos do preço, sendo este sistema aplicado até ao estágio do
comercio .

Vimos, ainda, que a maioria dos países hoje predomina o Imposto sobre o Valor
Acrescentado.

Para Richard Krever, o mundo tem adotado o IVA moderno, diferente do IVA tradicional
europeu.

Já que o IVA tradicional europeu tem várias alíquotas, diversas isenções, ao passo
que o IVA moderno possui alíquota única e menos isenções. Diferenças cruciais,
segundo o professor, para distinguir o Imposto sobre Valor acrescentado introduzido
na Europa e no resto do mundo. A República Democrática Angola, passou a aplicar
efetivamente o IVA em outubro de 2019, sendo inicialmente obrigatório para:

Sujeitos passivos cadastrados na repartição dos grandes contribuintes;

As importações de bens. O artigo 62, do Código de Imposto sobre Valor Acrescentado,


prevê que os sujeitos passivos que não estejam regularmente cadastrado em outras
repartições fiscais poderão aderir o regime geral, se preenchidos todos os requisitos,
quais sejam:

• Possuir contabilidade organizada e cadastro no regime geral do contribuinte;

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• Não possuir dívida fiscal aduaneira;

• Possuir meios necessários para a emissão de faturas através de sistemas de


processamento de dados;

• Possuir meios adequados para a submissão, por transmissão eletrônica de


dados, das declarações a que está sujeito, assim como os elementos da sua
faturação e contabilidade.

Os grandes e pequenos contribuintes integram de forma obrigatória ao regime geral


no princípio de 2021. Em seu regime geral o IVA detém as seguintes características:
plurifásico – os pagamentos ao estado em todas as fases do circuito econômico,
proporcional ao preço da venda a retalho, com uma alíquota de 14%;

• Não cumulativo – permite a dedução total do imposto suportado; exigível no


momento da fatura, reembolsável e; obriga submissão da declaração periódica.

• IVA é um valor adicional em cada etapa do processo de venda, que segundo o


artigo 2º, do Código de Imposto sobre o Valor Acrescentado, incide sobre as
mercadorias, serviços e importações.

Conforme os ensinamentos de professor Pedro Montez, o IVA visa combater a evasão


fiscal, impede a dupla tributação, traz mais transparência e neutralidade e maior
receita. Um dos objetivos da implementação do IVA em Angola é o combate à evasão
e fraude fiscal. Com base nisto, o contributo do IVA para este objetivo virá da emissão
de documentos por parte dos operadores económicos.

Partindo do princípio que as vendas de alguns serão as compras de outros, a AGT


terá ferramentas para aferir das entidades que estão a exercer uma qualquer atividade
comercial, industrial ou até de prestação de serviços e não está a cumprir com as suas
obrigações fiscais, nomeadamente, em sede de IVA.

Outro patamar que ajudará no combate à evasão fiscal será a necessidade que as
entidades cumpridoras terão de suportar as suas compras em documentos de compra
emitidos de acordo com o regime das faturas e documentos equivalentes por parte
dos seus fornecedores, o que vai obrigar, com certeza, ao cumprimento das regras
fiscais no processo de faturação para os fornecedores, ou seja, um contribuinte irá
controlar o outro contribuinte.

O IVA é um imposto formal baseado na obrigação que o vendedor ou prestador de


serviços tem de colocar o valor do IVA no documento de venda ou no recibo e isso
aumenta a transparência.

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Em Angola também é obrigatória a comunicação de documentos de venda à
Administração Geral Tributária (AGT). Estas obrigações formais ajudam a AGT a
rastrear quanto IVA foi pago e se alguma empresa está a evitar o imposto. Ao mesmo
tempo, o IVA obriga ao registo contabilístico que permita o claro e inequívoco
apuramento do imposto. São esperadas alterações ao Plano Geral de Contabilidade
Angolano (PGCA) de forma a suportar esta realidade.

Com estas alterações, o IVA contribui para a muito melhor prevenção do uso de
práticas contabilísticas complexas utilizadas para evitar o pagamento de impostos.

O IVA é incompatível com a dupla tributação, sua alíquota é aplicada ao valor


acrescentado em cada fase do processo.

Vejamos o Caso I (resolução na apresentação):

João dono do restaurante Y vai ao supermercado X e comprou 1.000Kz (mil kwanzas)


em mercadorias para o restaurante. O supermercado pagará de imposto 140kz (cento
e quarenta kwanzas) ao Estado angolano, pois alíquota do IVA é de 14%.

O restaurante de João que vende as refeições no valor de 5.000kz (cinco mil kwanzas)
irá pagar ao Estado 560kz (quinhentos e sessenta kwanzas), uma vez que o
supermercado já pagou 140kz (cento e quarenta kwanzas).

Por meio de normas gerais são devidamente uniformizadas a base de cálculo e


elementos fundamentais do IVA, assim há incidência do Imposto sobre Valor
Acrescentado sempre que houver fornecimento de bens ou de serviços.

Caso II (resolução na apresentação):

Durante um determinado mês a empresa Ngolo Ziaku compra mercadorias por 2.000
mais IVA e vende mercadorias por 3.000 mais IVA. Admitindo uma taxa de 1% (por se
tratar da provincia de Cabinda), pede-se a determinação do valor do mesmo imposto.

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CONCLUSÃO

Conforme demonstrado ao longo do presente estudo após a necessaria reforma


tributaria em varios sistemas fiscais, a própria prática tributária e as experiências
vivenciadas revelaram que a implementação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA)
foi extremamente fundamental e necessário não só para os Sistemas Fiscais mas
também para a economia no geral.

Sendo um tributo essencial em muitos sistemas tributários, incidindo sobre o valor


adicionado em cada etapa da produção e distribuição de bens e serviços, Sua não
cumulatividade, transparência e eficiência de arrecadação são características que o
tornam uma ferramenta eficaz para a geração de receitas governamentais, ainda
permutando outros impostos que contiam o efeito cascata, o que gerava grandes
distorções à economia, dessa maneira não conseguindo alcançar, de forma alguma,
a neutralidade exigida aos impostos. No entanto, a complexidade administrativa e os
desafios de implementação devem ser cuidadosamente geridos para maximizar seus
benefícios.

Assim, após analisarmos o Imposto sobre o Valor Acrescentado no contexto geral e


também angolano entendemos com grande acessibilidade a sua importância e ainda
tendo de forma significativa movido a renovação das administrações fiscais.

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFIAS

Legislação Fiscal

www. Tributos e Desigualade.com

ucm.minfin.gov.ao

lex.ao

Guia de Sistema Tributário Angolano

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