As Raças de Dupla Aptidão de Ovinos e Caprinos

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Introdução

A criação de ovinos e caprinos tem se mostrado uma atividade econômica significativa,


oferecendo diversas possibilidades de produção, incluindo carne, leite e lã. Dentre as
várias raças existentes, algumas se destacam por sua versatilidade e adaptabilidade,
sendo classificadas como de dupla aptidão. Essas raças são especialmente valorizadas
por sua capacidade de atender às demandas do mercado, permitindo que os criadores
diversifiquem suas fontes de renda e maximizem a eficiência de suas operações
agropecuárias. As raças de dupla aptidão são caracterizadas por suas habilidades tanto
na produção de carne quanto na produção de leite, o que as torna uma escolha
estratégica para os produtores que buscam otimizar seus recursos e atender a diferentes
nichos de mercado. Além disso, a adaptabilidade dessas raças a diferentes condições
climáticas e sistemas de manejo é um fator crucial para o sucesso da atividade,
especialmente em regiões com desafios ambientais.

Neste trabalho, exploraremos as principais raças de ovinos e caprinos de dupla aptidão,


discutindo suas características morfológicas, produtivas e comportamentais. Também
serão abordados os desafios e oportunidades que surgem na criação dessas raças, bem
como estratégias para otimizar sua utilização em sistemas agropecuários. A escolha da
raça adequada, considerando fatores como clima, manejo e objetivos do produtor, é
fundamental para garantir a sustentabilidade e a eficiência da produção.
Objetivos

Objetivo Geral:

Analisar e compreender os princípios e características das raças de ovinos e caprinos de


dupla aptidão, considerando sua relevância para a produção sustentável e eficiente.

Objetivos Específicos:

 Investigar as características morfológicas e produtivas das raças de ovinos e


caprinos de dupla aptidão.
 Avaliar a adaptabilidade dessas raças a diferentes ambientes e sistemas de
manejo.
 Comparar os índices de produção de carne e leite entre as raças.
 Identificar os desafios e oportunidades relacionados à criação dessas raças.
 Propor estratégias para otimizar a utilização dessas raças em sistemas
agropecuários.
Raças de Dupla Aptidão de Ovinos e Caprinos

A criação de ovinos e caprinos é uma atividade que oferece diversas possibilidades, seja
para produção de carne, leite ou lã. Entre as raças existentes, algumas se destacam por
sua versatilidade, sendo classificadas como de dupla aptidão. Essas raças têm a
capacidade de serem utilizadas tanto na produção de carne quanto na produção de leite,
adaptando-se às necessidades do criador. Essa dualidade ocorre devido a fatores
fisiológicos que determinam a alocação de recursos para músculos ou para a produção
de leite.

Raças de Caprinos

Anglonubiana: É uma raça amplamente utilizada no Brasil, sendo considerada de dupla


aptidão. Ela pode ser criada tanto para corte como para leite.

A raça Anglo-Nubiana (também conhecida como Nubia ou Nubian) é uma cabra de uso
múltiplo, útil para a produção de carne, leite e pele. Possui longas orelhas pendulosas,
nariz romano e pelagem variando em cores do negro ao branco. Bem adaptada a climas
cálidos, a Anglo-Nubiana produz entre 600 a 700 kg de leite por lactação, com teor de
matéria graxa de 4%. Sua taxa de prenhez é de 100%, com índice de parição médio de 2
crias nascidas por fêmea encastada".

O sabor e a qualidade do leite das cabras Anglo-Nubianas são considerados imbatíveis.


Comparado com outras raças, o leite é mais rico em gordura (4,8%) e proteína (3,8%).
Cabras de elevada produção são capazes de produzir 1.000-1.200 kg/ano,
correspondendo a 4-5 kg/dia. O recorde oficial de produção de uma cabra Anglo-
Nubiana é 2.531 kg de leite em uma lactação anual, correspondendo a uma média de
8,25 kg/dia. (ANBS, 2016). A composição do leite associada à elevada produção são
características muito interessantes para a produção de derivados; em adição, mostram a
potencialidade das matrizes, como base alimentar, para assegurar o bom desempenho
das crias.

No que refere à aptidão para produção de carne, os cabritos criados em sistema semi-
intensivo alcançam peso vivo de 18,8 kg aos 90 dias, correspondendo a ganho de peso
diário de 167 g/dia. (OLIVEIRA, D. et al., 2009).

Os animais da raça Anglo-Nubiana apresentam orelhas longas e pendentes; perfil


convexo, sendo marcadamente convexo nos machos adultos; as cabras medem 70 cm de
altura e os bodes 90 cm. A pelagem é bastante diversificada, variando desde preto,
castanho escuro, palha, podendo apresentar manchas distribuídas pelo corpo semelhante
ao casco da tartaruga; a coloração dos cascos é de acordo com a pelagem (Figura 1).

Boer e Savanna: São raças especializadas em carne, mas também podem ser usadas para
produção de leite.
Boer
Origem: A raça Boer é originária da África do Sul.
Características:
 Porte grande e força.
 Rápida taxa de crescimento.
 Fertilidade alta.
 Pelagem uniforme.
 Adaptabilidade a várias condições ambientais.
 Excelente aptidão para pele e carne.
 Machos podem chegar a 135 kg, e fêmeas pesam entre 90 e 100 kg.
Os animais da raça Boer apresentam orelhas largas e pendentes de médio comprimento;
perfil subconvexo e convexo. Corpo comprido e profundo com musculatura bem
distribuída. O peso adulto dos machos é de 90 a 130 kg e das fêmeas de 80 a 100 kg, nas
quais é permissível a presença de tetas suplementares, devendo ter somente duas tetas
funcionais, uma de cada lado. A pelagem preferencial é vermelha na cabeça e nas
orelhas, com faixa branca na face e o resto do corpo de cor branca. Considerando que
pequenas variações na pelagem podem ou não ser aceitas pelas associações de registro
genealógico, o criador de animais puros deve estar atendo a esses detalhes.
Savanna
Origem: Também originária da África do Sul.
Características
 Chamada de "Nelore das cabras".
 Notável rendimento e qualidade de carcaça.
 Rusticidade e resistência a parasitas.
 Capacidade reprodutiva marcante.
 Adaptada ao clima do Nordeste brasileiro.
 Excelente formação de carcaça.
 Produção de carne como principal aptidão, com aproveitamento de até 50% da
carcaça.
As raças Savana, Boer e Kalahari foram selecionadas e desenvolvidas a partir de
rebanhos similares de cabras nativas africanas, o que proporcionou a variedade de
pelagens, da branca à vermelha. Os critérios de seleção utilizados para criar estas raças
foram diferentes em vários aspectos, o que levou a formação de três raças distintas, cada
uma com seu padrão de pelagem e, possivelmente, com diferenças quanto a eficiência
reprodutiva, taxa de crescimento e porte. (PINKERTON; PAYNE, 2016). Os animais da
raça Savana não são estacionais, ou seja, podem reproduzir ao longo do ano; as cabras
apresentam elevada fertilidade, prolíficas com 1,7-2,0 crias/parto e excelente habilidade
materna, sendo capazes de defender suas crias em caso de ataque de cães e outros
predadores.
Os animais da raça Savana apresentam orelhas pendulares, grandes de forma oval e
móveis; perfil subconvexo a convexo; corpo comprido com boa conformação de carcaça
e pernil bastante desenvolvido. Os machos podem alcançar 130 kg e as fêmeas 70 kg,
nas quais é permissível a presença de tetas suplementares, devendo ter somente duas
tetas funcionais, uma de cada lado. A pelagem é branca com pelos curtos e lisos e a pele
é totalmente escura, incluindo as mucosas, também são escuros os chifres e os cascos.
Raças de Ovinos

Santa Inês
Origem: A raça Santa Inês é uma criação do Nordeste do Brasil, embora sua origem
ainda seja incerta. Provavelmente resultou de combinações entre quatro fontes
genéticas:
 Animais lanados tipo Crioulos, trazidos pelos colonizadores portugueses e
espanhóis, que perderam a lã sob as condições tropicais.
 Ovinos deslanados do continente africano, que deram origem a muitas raças
deslanadas no Brasil e América Central.
 Cruzamento com a raça Bergamácia, de origem italiana, seguido por seleção
para ausência de lã.
 Adição das raças Somalis Brasileira e Suffolk posteriormente.
Características
 Deslanada e de grande porte.
 Valor adaptativo e reprodutivo destacados.
 Bom desenvolvimento ponderal.
 Boa resistência a parasitas gastrointestinais.
 Excelente qualidade de pele.
 Baixa prolificidade e algumas limitações em características de carcaça.
Os ovinos da raça Santa Inês criados em confinamento apresentam peso ao nascer de
3,5-4,6 kg (GERASEEV et al., 2006), peso ao desmame com 45-60 dias de idade de 13-
16 kg, com ganhos de peso de 200-220 g/dia nos períodos de pré e pós desmama.
(BUENO et al., 2006). Ao abate, com 138 dias de idade, apresentam rendimento de
carcaça quente de 49,6% e de carcaça fria de 48,8%. (RODRIGUES, et al., 2008).
Cordeiros criados em sistema semi-intensivo também apresentam desempenho
satisfatório (Tabela 10). As fêmeas alcançam a puberdade com 188 dias de idade
pesando 36,6 kg (SILVA, 2009); apresentam atividade reprodutiva ao longo do ano com
intervalo de partos de 234 dias (FRAGA et al., 2003), fertilidade ao parto de 85%,
prolificidade de 1,26 crias/parto e taxa de sobrevivência das crias até a desmama de
86,8%. (SOUSA et al., 2000).
A potencialidade da raça Santa Inês para produção de carne é expressiva, sendo
especialmente adequada para programas de cruzamento industrial como raça materna.
(SOUSA; LÔBO; MORAIS, 2003). O cruzamento com raças especializadas como
Suffolk (FERNANDES, et al., 2007), Dorper (BARROS, et al., 2005) e Texel
(GARCIA et al., 2003), possibilita a obtenção de cordeiros com ganho de peso em torno
250 g/dia. Cordeiros tricross frutos de cruzamento alternado (Texel x Santa Inês x
Dorper) apresentam ganho de peso de 250-300 g/dia, podendo ser abatidos aos 120 dias
de idade com peso vivo em torno de 35 kg.

Morada Nova
Origem: Originária do Nordeste do Brasil, especialmente da região chamada Morada
Nova, no Ceará. Os animais da raça Morada Nova são de porte pequeno, deslanados
com pelos curtos, cabeça larga, alongada, com perfil subconvexo e orelhas pequenas
terminando em forma de lança (Figura 16). Nos animais de pelagem vermelha, a pele, a
mucosa e os cascos são escuros. Nos animais de pelagem branca são admissíveis
mucosas e cascos claros, mas a pele deve ser escura.
Características
 Totalmente deslanada e rústica.
 Casco preto, olhos amendoados e couro de qualidade.
 Altamente prolífica.
 Desprovida de chifres (mocha).
 Peso médio de até 40 kg para machos e 30 kg para fêmeas.
 Adaptada a regiões quentes e com poucos recursos alimentares.
 Explorada para produção de carne e pele.
Os animais dessa raça são muito rústicos e bem adaptados ao bioma da caatinga; as
fêmeas apresentam boa eficiência reprodutiva uma vez que são sexualmente precoces e
apresentam atividade reprodutiva ao longo do ano. Por motivo da existência de
correlação negativa entre o peso corporal e a prolificidade (SELAIVE-VILLARROEL;
FERNANDES), a seleção com o objetivo de aumentar o peso corporal das ovelhas
Morada Nova poderá resultar em diminuição da eficiência reprodutiva, portanto não é
recomendável. (FIGUEIREDO, 1986).
Conclusão
A criação de ovinos e caprinos de dupla aptidão representa uma estratégia eficiente e
sustentável para a produção agropecuária, permitindo que os criadores maximizem a
utilização dos recursos disponíveis. As raças, como a Santa Inês e a Anglo-Nubiana,
destacam-se não apenas pela qualidade da carne e do leite, mas também pela
adaptabilidade a diferentes sistemas de manejo e condições climáticas. A versatilidade
dessas raças oferece oportunidades significativas para os produtores, que podem
diversificar suas atividades e atender a demandas variadas do mercado. Entretanto, é
fundamental que os criadores estejam cientes dos desafios associados à criação dessas
raças, como a necessidade de manejo adequado e a resistência a doenças. A escolha da
raça ideal deve ser baseada em uma análise cuidadosa das características morfológicas e
produtivas, bem como das condições específicas de cada propriedade. Em suma, a
adoção de raças de dupla aptidão pode contribuir para a sustentabilidade e a eficiência
da produção agropecuária, desde que acompanhada de boas práticas de manejo e uma
compreensão aprofundada das necessidades e potencialidades de cada raça. A pesquisa
contínua e a troca de experiências entre os produtores são essenciais para o
aprimoramento das técnicas de criação e para o sucesso dessa atividade.
Referências bibliográficas
PINKERTON, F. R.; PAYNE, W. J. A. (2016). Título do Livro ou Artigo. Editora,
Local de Publicação.
.GERASEEV et al., 2006
BUENO et al., 2006
RODRIGUES et al., 2008
SILVA, 2009
FRAGA et al., 2003
SOUSA et al., 2000
SOUSA; LÔBO; MORAIS, 2003
FERNANDES et al., 2007
BARROS et al., 2005
GARCIA et al., 2003

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