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RESUMO
ABSTRACT
The present work aims to analyze the work of the writer Maria Firmina dos
Reis, the novel Ursula, highlighting the African characters, seeking to
demonstrate the myth of the "benevolence of the Lord" and the myth of
"Brazilian racial democracy." Dialoging with the classroom and racial ethnic
relations, where the stereotypes and distorted visions are very evident, fruit of
the gaps left in this period of the post-abolition process. After the Durban
conference, Brazil recognizes itself as a racist and adopts laws and decrees that
do not solve problems, but lead to debate issues such as racism, within some
spaces such as education, culture among many others. The example of these
laws is the law that "obliges" the Teaching of African and Afro-Brazilian
History and Culture, Law 10.639 / 2003, which although it has been
promulgated for more than a decade, is still claimed to be effective. There have
been few advances in school spaces in these 15 years since the law, and for
that we must insist on and persist in this struggle for the debate to make known
and deepen African and Afro-Brazilian history and cultures. In order to
subsidize this work, authors such as (REIS, 2004), (TELLES, 2012),
(MUNANGA), (IPEA, 2016) and others who helped in this dialogue, so
necessary and important for this debate, were used.
1 INTRODUÇÃO
Pensar a relação entre educação e identidade negra nos desafia a construir, juntos, uma
pedagogia da diversidade, além de nos aproximarmos do universo simbólico e
material que é a cultura, somos desafiados a encarar as questões políticas. Tornar-se
imprescindível afirmar que, durante anos, a sociedade brasileira e a escola distorceram
e ocultaram a real participação do negro na produção da história, economia e cultura
do Brasil, e, sobretudo, questionar os motivos de tal distorção e de tal ocultação
(GOMES, 2005. p. 15).
1
Sobre o racismo racismo estrutural “O silêncio da escola sobre a questão étnica tem permitido que seja ensinada
a todas as crianças uma falsa superioridade branca – em beleza, cultura, inteligência e poder. Para as crianças
negras, a escola tem-se mostrado omissa quanto ao dever de reconhecê-las positivamente no cotidiano escolar, o
que concorre, significativamente, para o seu afastamento do quadro educacional. Esse afastamento inviabiliza a
construção de uma escola democrática, que amplie as oportunidades educacionais, que reelabore uma visão crítica
acerca da sociedade, que possibilite a elevação cultural e científica das camadas populares.”
(REIS, 1871, p. 33-35).
Uma obra literária sempre está vinculada ao tempo por múltiplos fatores. Porquanto,
literatura2 e sociedade estão intimamente imbricadas, pois tanto a sociedade, que produz uma
obra influi sobre seu conteúdo e mecanismos de linguagem. Ademais também há essa relação
quando a obra de arte age sobre a sociedade que a produziu.3 Entendendo portanto, o texto e o
contexto numa relação dialética, procura-se elaborar atividades didáticas que possam promover
a competência leitora de forma crítica, capacitando os alunos na leitura diacrônica (a
importância na valorização de uma escritora negra no contexto de combate ao racismo e
machismo brasileiro) e sincrônica (compreender a resistência e protagonismo de Maria Firmina
dos Reis na luta sutil – pela literatura – para abolição e libertação dos escravizados).
Em síntese, o drama de uma mulher negra que geração após geração sofre as
consequências de séculos de escravidão no Brasil, que deixaram marcas na forma como o país
trata os descendentes dos africanos que habitavam nosso país na condição de escravos,
apresentava as situações de injustiças sociais e esperava a conscientização de um país
constituído por diferenças, que ainda sofre com a ferida social que é o preconceito racial. O
preconceito racial por causa da cor, raça, a discriminação por ser pobre e o determinismo com
que essas mulheres eram vistas: toda mulher pobre e de cor estava determinada a ser seduzida,
corrompida e abandonada.
3 FIRMINA E A LITERATURA
2
SOUZA, Antonio Candido de Mello. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
3
GELL, Alfred. Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon Press. 1998.
4
Francisco Sotero dos Reis - Pseudônimo(s): Nicodemus
Nascimento: 1800 - São Luís, MA. Morte: 1871 - São Luís, MA
Descrição: Poeta, crítico literário, gramático, jornalista, professor, parlamentar, comendador da Ordem da Rosa e
da de Cristo, patrono de uma das cadeiras de sócios correspondentes da ABL e da de nº. 17 da Academia
Maranhense de Letras.
romance abolicionista e o primeiro escrito por uma mulher. Porém, Lima (2009) comenta que
embora Reis tivesse escrito sua narrativa antes de o “Poeta dos escravos”, Castro Alves,
escrever seu poema expressivo “Navio negreiro”, em 1869, somente no século XX é que a
autora recebe o reconhecimento devido, após sua morte.
A literatura afro-brasileira é uma ampla fonte de histórica, em que ocorre o resgate da
identidade de negros escravizados, os quais sofreram com tentativas de aculturação de uma
classe dominante. O livro Úrsula, de Maria Firmina dos Reis é um romance que trata do tema
escravidão, em que a oralidade dos personagens retoma os saberes africanos, de forma que esta
obra resgatou uma nova construção do sentido e perspectiva histórica, pois deu voz aos negros
para expressar seus pensamentos, sentimentos e contar a sua história.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maranhense Maria Firmina dos Reis, apesar das circunstâncias e da sua origem
conseguiu deixar um legado que contribui para resgatar a autoestima das populações mais
pobres num contexto bastante adverso, mas especificamente as populações negras. A autora
deixou uma rica literatura para o fortalecimento do papel feminino na sociedade brasileira, em
particular num campo dominado pelos homens, a literatura. Nesse aspecto, a sua publicação é
uma verdadeira obra política, quando expressa um discurso que estimula as mulheres para a
atuação política de forma brilhante na sua literatura sem nenhum apelo panfletário.
O livro URSULA é uma possibilidade de se colocar em debate a violência contra as
populações escravizadas, principalmente as mulheres negras, que para as pessoas daquela época
eram postas na condição de sujeito. O livro URSULA coloca os homens e mulheres
escravizados muitas vezes como numa situação de “passivos” do sistema escravocrata, mas, no
entanto, ela destaca estes sujeitos como pessoas de humanidades e que tinham na África a
saudade. Esta como motivadora lhes dava forças para continuarem lutando pelo sonho de voltar
à terra mãe, mas aquela “passividade” se transformava em rebeldia, rebeliões, revoltas e
guerras. Ademais, hoje deve-se valorizar cada vez o papel histórico da intelectualidade do
negro.
A obra se trata de um livro que deve ter o seu uso na sala de aula, valorizado para debater
questão do século XIX e que ainda estão em tona para serem discutidas e enfrentadas tais como:
preconceito, discriminação e racismo. A autora com sua literatura nos leva a uma época que
passou, mas que possui temas que ainda permanecem latentes, demandando serem discutidos.
Por fim, pode ser dito que Maria Fermina dos Reis foi uma mulher que no seu tempo
conseguiu tocar nas feriadas da sua sociedade e trazer à tona questões que pouco eram
discutidas, mas muitos gostariam que fossem superadas. Essas são questões que vão desde a
escravidão a uma sociedade patriarcal, marcada pelas desigualdades sociais e que afetavam
diretamente a condição feminina naquela sociedade do século XIX.
REFERÊNCIAS
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PEREIRA, Amilcar Araújo e MONTEIRO, Ana Maria (Org.). Ensino de História e culturas
afro-brasileiras e indígenas Rio de Janeiro: Pallas, 2013, p. 27-55.
GELL, Alfred. Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon Press.
1998.
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currículo, Conhecimento e cultura. In: BEAUCHAMP. Jeanete; PAGEL, Sandra Denise;
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currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. 48p.
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Duarte. Florianópolis: Ed. Mulheres. Belo Horizonte: PUC Minas, 2004.
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Palácio, 1871.
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SEMINÁRIO DE ESTUDOS CULTURAIS, IDENTIDADES E RELAÇÕES
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Acesso em: 10/01/2017.
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feita por mulheres no Maranhão. Leitura: Teoria e Prática, v. 29, n. 56, p. 11-19, 2011.
Disponível em: <http://ltp.emnuvens.com.br/ltp/article/view/52/51>. Acesso em: 10/01/2017.
SOUZA, Antonio Cândido de Mello. Literatura e sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre
Azul, 2006.
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O construtivismo em sala de aula. São Paulo: Cortez, 1998.