Reino Das Plantas

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UNIDADE

Plantas

No ambiente terrestre, as plantas formam a base de uma


cadeia alimentar que sustenta a vida por meio da fotossíntese.
Você já imaginou como seria a vida sem, por exemplo,
arroz, feijão, pão, frutas, legumes, chocolate, tecidos de
algodão, linho e flores? A espécie humana depende das
plantas não apenas como alimento, mas também como
fonte de matéria-prima para a produção de madeira, teci-
dos, papel, medicamentos e uma infinidade de produtos.
Preservar florestas e outros ecossistemas naturais é
preservar a vida.

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Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo
Bromélias sobre
troncos na mata
Atlântica.

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6
CAPÍTULO

Briófitas e
pteridófitas

Entre 359 milhões e 245 milhões de anos atrás, no período geológico conhecido como Carbonífero, plantas
sem sementes dominavam a paisagem da Terra e formavam imensas florestas (figura 6.1), com plantas de mui-
tos metros de altura (algumas espécies atingiram mais de 30 metros).
Com o tempo, partes dessas plantas foram depositadas em pântanos e cobertas por sedimentos, originando
rochas sedimentares e, ao longo de milhões de anos, formando o carvão mineral, usado atualmente como com-
bustível e como fonte de solventes, colas e outros produtos químicos.
Ao estudar História e Geografia, aprendemos que o carvão mineral Você conhece exemplos de
briófitas e pteridófitas?
ainda é uma importante fonte de energia para diversos países. No entan-
to, o uso do carvão mineral como combustível libera muitos poluentes e Em que tipos de ambientes
é possível encontrar essas
colabora para o aquecimento global, uma questão importantíssima de
plantas? Como elas se
nosso tempo, discutida no terceiro volume desta coleção e também em reproduzem?
Física, Química e Geografia, entre outras disciplinas.

Figura 6.1 Reconstituição artística do período Carbonífero. (Ilustração feita com base em registros fósseis.)

Johann Brandstetter/Akg-Images/Latinstock

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gas. As plantas terrestres têm de retirar a água e os
1 Introdução ao estudo sais minerais do solo. Mas no interior deste não há luz
das plantas para a fotossíntese.
Não podemos esquecer também que as plantas
Há muitas semelhanças entre as plantas e as al-
terrestres correm o risco de sofrer desidratação; que o
gas verdes: parede celular de celulose, reserva de ami-
ar não fornece tanta sustentação para o corpo como a
do, clorofilas a e b, entre outras. Ao contrário das al-
água; e que as plantas terrestres têm de resistir à
gas, porém, o embrião das plantas está protegido por
chuva e ao vento. Por isso, ao longo da evolução das
uma camada de células na fase inicial de seu desen-
plantas terrestres, foi bastante importante o surgi-
volvimento. Costuma-se usar a expressão “plantas
mento de tecidos de sustentação e de proteção con-
terrestres” para designar o grupo das plantas sem in-
tra a desidratação.
cluir as algas. Neste livro usaremos o termo “plantas”
No estudo da reprodução das plantas vamos co-
apenas para as plantas terrestres. Essa designação é
nhecer ainda outras adaptações ao modo de vida ter-
usada mesmo para as plantas aquáticas, visto que es-
restre, como a produção de esporos com parede re-
tas descendem de plantas terrestres.
sistente à desidratação e o desenvolvimento inicial
As plantas são organismos eucariontes, pluricelu-
do embrião em estruturas protegidas, características
lares e autotróficos fotossintéticos. Suas células pos-
que permitiram a dispersão das plantas por todo o
suem uma parede celular rígida, com celulose, e clo-
planeta.
roplastos com clorofila a e b e outros pigmentos que
absorvem a energia luminosa.
Classificação
Adaptações à vida Algumas plantas, como as briófitas (bryon = mus-
go; phyton = planta), são pequenas e não apresentam
terrestre vasos que transportem água, sais minerais e substân-
O corpo das plantas está organizado de maneira cias orgânicas para as células; por isso essas plantas
muito diferente do dos animais. A maior parte dessas são chamadas avasculares (a = sem; vasculum = vaso).
diferenças constitui adaptações ao modo autotrófico Por causa de seu tamanho reduzido, o transporte nes-
de vida. sas plantas pode ser feito por difusão, de uma célula
Diferentemente do que ocorreu com os animais, para outra.
nas plantas o processo evolutivo não levou à forma- A maioria das plantas terrestres, no entanto,
ção de músculos (que permitem os movimentos), de apresenta vasos condutores e por isso são denomi-
sistema nervoso (que coordena os movimentos), de nadas vasculares ou traqueófitas (trakheîa = canal
órgãos dos sentidos (importantes para a localização áspero). Veja a figura 6.2. A presença de vasos con-
do alimento) e de corpo compacto (que facilita os mo- dutores possibilitou que essas plantas atingissem
vimentos), pois as plantas não dependem do movi- tamanhos maiores, já que por difusão os nutrientes
mento para absorver seus nutrientes (água, sais, gás se espalham muito lentamente pelas células, limi-
carbônico) e sua fonte de energia (luz). Além disso, é tando o crescimento.
vantajoso para as plantas ter um corpo com grande Os vasos que transportam água e sais minerais
superfície relativa (área grande em relação ao volume (seiva bruta ou mineral) da raiz para as folhas são
do corpo), que melhora a absorção desses nutrientes chamados vasos lenhosos, e o conjunto formado por
e de energia. esses vasos e outros tecidos associados a eles é cha-
Em geral, há mais luz no ambiente terrestre que mado lenho ou xilema (xilo = madeira). As substân-
na água (esta absorve parte da energia da luz). A con- cias orgânicas produzidas na folha (seiva elaborada)
centração de gás carbônico e de oxigênio – necessá- são levadas para toda a planta pelos vasos liberianos,
rios para a fotossíntese e para a respiração – é maior e o conjunto formado por esses vasos e outros tecidos
no ar que na água. Essas condições tornaram possível associados forma o líber ou floema.
a sobrevivência das primeiras plantas terrestres. No grupo das pteridófitas (pteris = feto; samam-
Por outro lado, na água, o gás carbônico e os sais baia, avenca, etc.) estão as primeiras plantas vascu-
minerais estão em contato com todo o corpo das al- lares, mas elas não possuem flor nem semente (fi-

Capítulo 6 • Briófitas e pteridófitas 67

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Casa de Tipos/Arquivo da editora
embriófitas

traqueófitas
(plantas vasculares)

espermatófitas ou fanerógamas
criptógamas (plantas com semente)

briófitas pteridófitas gimnospermas angiospermas


(ex.: musgos) (ex.: samambaias) (ex.: pinheiros) (ex.: laranjeira)

fruto
semente
vasos condutores de seiva
embrião pluricelular no interior de um gametângio
grupo ancestral

Figura 6.2 Árvore filogenética simplificada das plantas com indicação de algumas novidades evolutivas.
(Os elementos da ilustração não estão na mesma escala. Cores fantasia.)

gura 6.2). Dessas plantas surgiram os primeiros ve-


getais com sementes, as espermatófitas ou esper-
Ciclos reprodutivos
máfitas (sperma = semente). A semente facilitou a A reprodução das plantas também reflete, de cer-
conquista do meio terrestre por esse grupo, pois ta forma, sua falta de mobilidade.
protege o embrião contra a perda de água (perigo É frequente a reprodução assexuada, em que pe-
constante nesse ambiente) e ajuda na dispersão do daços de caule, galhos ou folhas originam uma nova
vegetal. planta. Quando ocorre reprodução sexuada, em geral
As espermatófitas dividem-se em dois grupos: se observa formação de esporos, células que ajudam
gimnospermas (gymnos = nu, ou seja, as sementes na dispersão da planta (compensando sua imobilida-
estão descobertas ou expostas), que não possuem de) e das quais se forma uma nova planta.
fruto e são representadas pelos pinheiros; e angios- Assim, enquanto nos animais um indivíduo diploi-
permas (aggeîon = recipiente, vaso, ou seja, as semen- de produz, por meiose, gametas haploides, que, por
tes desenvolvem-se nesse recipiente), com flores e fecundação, originam um ovo e um novo indivíduo
frutos, e representadas pela maioria das plantas. diploide, na maioria das plantas há alternância entre
São usados também os termos criptógamas (kryp- indivíduos haploides e diploides.
ton = escondido; gámos = casamento), para denomi- O indivíduo diploide – chamado esporófito – pro-
nar plantas com estrutura reprodutora pouco visível; duz, por meiose, esporos, que originam um indivíduo
e fanerógamas (phanerós = aparente) para aquelas haploide (às vezes, apenas um grupo de células), cha-
com estruturas reprodutoras bem visíveis. Nesse sen- mado gametófito. Este produz por mitoses gametas,
tido, as gimnospermas e as angiospermas são faneró- que, por fecundação, originam uma célula-ovo e um
gamas e as outras são criptógamas. novo indivíduo diploide. Portanto, além de originar
Outra característica das plantas terrestres é que o descendentes, o ciclo reprodutivo das plantas promo-
desenvolvimento inicial do embrião ocorre no corpo ve a conquista de novos ambientes por causa da pro-
da planta, que lhe dá maior proteção. Por isso as plan- dução de esporos ou de sementes. Compare na figura
tas terrestres são também chamadas embriófitas. 6.3 o que acabamos de descrever.

68 Unidade 3 • Plantas

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Andy Harmer/SPL/Latinstock

Animais Plantas

indivíduo diploide (2n) indivíduo diploide (2n)

mitoses meiose

2n zigoto
mitoses meiose esporos n
gametas
n fecundação
n gametas
zigoto n
2n mitoses
n mitoses
indivíduo haploide (n)
fecundação

Figura 6.3 Esquema simplificado do ciclo reprodutivo de animais e de plantas.

Observe que, nos animais, há apenas indivíduos di- das plantas vasculares. Ele possui gametângios, ór-
ploides, uma vez que a meiose origina diretamente ga- gãos produtores de gametas: o anterídio (antherón =
metas. Dizemos que o ciclo dos animais é diplonte, di- florido; idio = aparência) produz anterozoides (os ga-
plobionte ou de meiose gamética. O ciclo de vida da metas masculinos); o arquegônio (arkhe = primitivo;
maioria das plantas envolve alternância de gerações gónos = que gera) produz a oosfera (o gameta femini-
haploides e diploides e por isso é conhecido como ciclo no). Na maioria dos musgos, o sexo é separado: cada
haplonte-diplonte, haplodiplobiôntico ou de meiose gametófito possui apenas anterídios ou apenas ar-
espórica. quegônios.
O esporófito, menos desenvolvido e de curta dura-
ção, cresce sobre o gametófito e depende dele para a
2 Briófitas sua nutrição. No esporófito existem os esporângios,
células que, por meiose, produzem esporos.
As briófitas são representadas principalmente pe-
los musgos (“briófita” vem do grego bryon = musgo e
phyton = planta). Provavelmente, as briófitas descen- Reprodução
dem de algas verdes e formam o primeiro grupo de A forma mais característica de reprodução é a al-
plantas a colonizar o ambiente terrestre. ternância de gerações, através de um ciclo haplonte-
Essas plantas são de pequeno porte (a maioria -diplonte (figura 6.4). O transporte do gameta é feito
tem poucos centímetros de altura). Isso resulta da fal- por gotas de chuva que atingem o anterídio e respin-
ta de estruturas rígidas de sustentação e de um siste- gam de um gametófito para outro, fazendo com que
ma de condução de seiva. Sem esse sistema, o trans- alguns anterozoides caiam no arquegônio de uma
porte de substâncias é muito lento, uma vez que é planta feminina. Quando isso acontece, os anterozoi-
feito por simples difusão. des nadam até a oosfera, e ocorre a fecundação.
O corpo desses vegetais não está, em geral, comple- Depois, o zigoto sofre mitoses e origina um embrião,
tamente protegido contra a perda de água: a cutícula, que permanece protegido no arquegônio.
uma camada que protege contra a perda excessiva de O embrião desenvolve-se por mitoses e forma um
água, é muito fina e, em algumas espécies, está au- esporófito diploide, chamado esporogônio (sporo =
sente. Essa é uma das razões pelas quais essas plantas semente; gonos = gerar). Este se encontra preso ao
são mais comuns em locais úmidos e sombreados. gametófito pela base ou haustório (haustor = o que
A planta propriamente dita, isto é, o indivíduo suga, referindo-se ao fato de que o esporófito retira
maior, de vida independente e duradoura, é o game- alimento do gametófito), seguindo-se, então, um pe-
tófito, que apresenta rizoides, cauloides e filoides dúnculo, denominado haste ou seta. Tal haste possui
(phyllon = folha; oide = semelhante a), estruturas que uma dilatação na extremidade, a cápsula, coberta por
lembram, respectivamente, a raiz, o caule e as folhas uma “tampa”, o opérculo.

Capítulo 6 • Briófitas e pteridófitas 69

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anterozoide

Ingeborg Asbach/Arquivo da editora


mitoses mitoses esporângio
esporófito
adulto (2n)
esporófito mitoses
jovem (2n)

fecundação
gametófito (n)

oosfera
anterídio

arquegônio opérculo

Andy Harmer/SPL/Latinstock
meiose

mitoses

protonema esporângio
maduro
gametófitos (n) eliminando
esporo esporos
germinando
(mitoses)

Figura 6.4 Na ilustração, esquema do ciclo reprodutivo dos musgos. Na foto, musgos e cápsulas do esporófito.

Dentro do esporângio há as células-mães dos es- O contorno da planta (gametófito) assemelha-se a


poros, que, por meiose, originam os esporos, dando um fígado (hépatos vem do grego e significa ‘fígado’),
início à fase haploide. Esses esporos são liberados daí o nome.
quando a cápsula resseca e se abre. Em seguida, são Os antóceros podem ser exemplificados pelo gê-
levados pelo vento, germinando a distância. nero Anthoceros, e também crescem em locais úmi-
Depois da produção de esporos, o esporófito mor- dos e sombreados.
re, e o gametófito permanece. Por isso dizemos que
nas briófitas a fase dominante é a haploide.
Ao germinar, o esporo origina um filamento de cé- 3 Pteridófitas
lulas, o protonema (figura 6.4). Este emite algumas Diferentemente das briófitas, as pteridófitas são
ramificações que penetram no solo, formando os ga- traqueófitas. Seus vasos condutores são formados
metófitos e fechando o ciclo. por células modificadas que transportam a água das
raízes para as folhas e a matéria orgânica produzida
nas folhas para o resto do corpo.
Classificação A presença de vasos condutores de seiva aumenta
Tradicionalmente, as briófitas eram agrupadas no a eficiência do transporte de nutrientes e forma teci-
filo ou divisão Bryophyta e eram divididas nas classes dos resistentes, que servem de sustentação. Isso per-
Musci (musgos), Hepaticae (hepáticas) e Anthocerotae mite a essas plantas atingir maior altura que as brió-
(antóceros). Em classificações mais recentes, essas fitas e receber mais luminosidade.
plantas estão distribuídas em três filos principais: Usaremos como referência o grupo das samambaias
Bryophyta (musgos), Hepatophyta (hepáticas) e e avencas, que vivem em ambiente úmido, em solos, pe-
Anthocerophyta (antóceros). No entanto, o termo “brió- dras e areia, por exemplo. Algumas são epífitas, ou seja,
fitas” ainda é usado de modo informal para indicar as vivem sobre o tronco de árvores e arbustos; outras,
plantas desses três filos. como as salvínias (plantas do gênero Salvinia), são aquá-
As hepáticas apresentam forma achatada e são en- ticas e de pequeno porte (figura 6.5). Há ainda grandes
contradas sempre em locais úmidos e sombreados. pteridófitas arborescentes, como a samambaiaçu.

70 Unidade 3 • Plantas

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Fotos: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Salvínias (folhas com largura entre Avenca (folhas com 30 cm a 60 cm Samambaia (tamanho variado;
1 cm e 5 cm). de comprimento). a samambaia amazônica chega a 3 m
de comprimento).

Figura 6.5 Exemplos de pteridófitas.

A planta propriamente dita, a fase duradoura do assemelha a uma raiz, é chamado rizoma (rhiza =
ciclo, é o esporófito (2n). Em geral, suas folhas são di- raiz; oma = proliferação).
vididas em folíolos na forma de penas, uma adapta- O esporófito possui esporângios, que se agrupam
ção que permite captar a luz difusa na altura do chão em estruturas chamadas soros, distribuídas na face in-
em uma floresta (figura 6.5). As folhas jovens – cha- ferior ou na borda dos folíolos (figura 6.6). O gametófito
madas báculos – ficam enroladas, parecendo um feto (n), denominado prótalo (pró = anterior; thallós = ramo
encolhido (lembre-se que pteris significa “feto”). De verde), é bem menos desenvolvido que o esporófito,
modo geral, a folha é a única parte visível da planta, mas tem vida autônoma. Na época da reprodução, os
pois o caule é subterrâneo ou fica rente ao solo, com soros tornam-se pardos e, no interior dos esporângios,
crescimento horizontal. Esse tipo de caule, que se são produzidos esporos por meiose.
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

soros meiose
esporos (n)
esporófito

esporângio

folha

mitoses

oosfera (n)
báculo

caule (rizoma)
prótalo (n)
raízes (gametófito)
arquegônios
fecundação

esporófito (2n) anterídios


mitoses
anterozoide
nada até a
oosfera anterozoide

Figura 6.6 Esquema do ciclo reprodutivo da samambaia (esporos e gametas estão muito ampliados; os elementos da ilustração
não estão na mesma escala; prótalo: 3 mm a 10 mm de comprimento por 2 mm a 8 mm de largura; soros: cerca de 1 mm a 3 mm
de diâmetro; cores fantasia).

Capítulo 6 • Briófitas e pteridófitas 71

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Fotos: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo
Levados pelo vento, os esporos germinam ao en-
contrar um substrato suficientemente úmido, no
qual se fixam pelos rizoides, e formam o prótalo.
Este possui anterídios e arquegônios, nos quais se
formam os gametas. Reveja a figura 6.6. Por ser pe-
queno, fica facilmente coberto pela água da chuva
ou pelo orvalho, o que possibilita a fecundação (os
anterozoides multiflagelados devem nadar até a
oosfera). Essa redução no tamanho do gametófito
em comparação com o esporófito constitui uma
adaptação à vida terrestre. Como veremos, nas Cavalinhas -
plantas com sementes o gametófito é ainda mais Equisetum sp.
(atingem até 1 m
reduzido. de altura).
O zigoto formado origina um esporófito jovem (em-
brião), que, no início, recolhe alimento do gametófito.
Depois, torna-se independente e o gametófito regride.

Classificação
No filo Pteridophyta (ou Pterophyta), encontra-
mos as samambaias e avencas (filicíneas), já estuda-
das, as cavalinhas (gênero Equisetum; figura 6.7) e as
psilófitas (gênero Psilotum). Quanto às plantas dos
gêneros Selaginella e Lycopodium (figura 6.7), que já
foram consideradas integrantes desse filo, atualmen-
Licopódio
te integram um filo à parte, denominado Lycophyta. (de 15 cm a
No entanto, o termo “pteridófitas” ainda é usado, de 60 cm de
altura).
modo informal, para indicar todas as plantas dos dois
filos (Pteridophyta e Lycophyta). Figura 6.7 Plantas dos filos Pteridophyta e Lycophyta.

ATENÇÃO!
Atividades N‹o escreva no
seu livro!

Aplique seus conhecimentos II. As pteridófitas e as briófitas são plantas de pequeno


porte por não apresentarem tecidos de sustentação.
1. Um estudante afirmou que as briófitas não se liberta- III. Na face inferior das folhas da pteridófita, encontram-
ram completamente da água. Com base nos conheci- -se soros nos quais ficam armazenados os esporos.
mentos adquiridos neste capítulo, justifique a afirma-
Quais estão corretas?
ção do estudante.
a) Apenas I. d) Apenas II e III.
2. Por que se pode dizer que o ciclo de vida das pteridófitas b) Apenas II. e) I, II e III.
é “igual ao das briófitas só que invertido?”. c) Apenas I e III.

3. (UFRGS-RS) Percorrendo uma trilha em uma floresta úmi- 4. (Fuvest-SP) Um pesquisador que deseje estudar a divi-
da do Sul do Brasil, um estudante encontrou duas plantas são meiótica em samambaia deve utilizar em suas pre-
pequenas crescendo sobre uma rocha. Observando-as, parações microscópicas células de:
concluiu que se tratava de um musgo (Briophyta) e de a) embrião recém-formado.
uma samambaia (Pteridophyta). b) rizoma da samambaia.
Considere as afirmações a seguir sobre essas plantas. c) soros da samambaia.
I. As pteridófitas, ao contrário das briófitas, apresen- d) rizoides do prótalo.
tam vasos condutores de seiva. e) estruturas reprodutivas do prótalo.

72 Unidade 3 • Plantas
5. (Vunesp-SP) A uma pessoa que comprasse um vaso de 10. (UFV-MG) A figura adiante corresponde a duas plantas
samambaia em uma floricultura e pretendesse devolvê- com parte de suas estruturas morfológicas e reproduti-
-lo por ter verificado a presença de pequenas estruturas vas indicadas por I, II, III e IV.
escuras, dispostas regularmente na face inferior das fo-
lhas, você diria que:
II III
a) a planta, com certeza, estava sendo parasitada por
um fungo. I
b) a planta necessitava de adubação, por mostrar sinais
de deficiências nutricionais.
c) a planta tinha sido atacada por insetos.
d) as pequenas estruturas eram esporângios reunidos
em soros, os quais aparecem normalmente durante IV
o ciclo da planta.
e) a planta se encontrava com deficiências de umidade,
mostrando manchas necróticas nas folhas.

6. (Uerj) Algas e musgos possuem diversas características


em comum. Uma característica comum a todos os tipos Observe a representação e assinale a afirmativa correta.
de algas e musgos é a inexistência de: a) As duas plantas são vascularizadas e apresentam fo-
lhas clorofiladas.
a) nutrição autotrófica.
b) A estrutura indicada por I é diploide e corresponde ao
b) estruturas pluricelulares.
prótalo.
c) vasos condutores de seiva.
c) III corresponde a soros 2n que produzem os esporos
d) reprodução do tipo sexuada. nas pteridófitas.
7. (PUC-SP) A partir da germinação de um esporo de sa- d) II indica os anterozoides haploides produzidos pelo
esporângio.
mambaia:
e) As estruturas indicadas por IV são gametófitos ha-
a) origina-se a geração diploide de seu ciclo de vida.
ploides.
b) origina-se a geração duradoura de seu ciclo de vida.
c) ocorre uma divisão meiótica.
Trabalho em equipe
d) ocorre imediatamente a fecundação.
e) origina-se a geração haploide de seu ciclo de vida. Em grupo, façam uma pesquisa sobre o que é o
xaxim e que problema é acarretado pelo seu uso.
8. (Mack-SP) No seu ciclo de vida, os vegetais apresentam
alternância de gerações como padrão. Nesse tipo de ci-
clo, a fase gametofítica produz gametas, e a fase espo- Atividade prática
rofítica produz esporos. A respeito dos tipos de células
reprodutivas citados, é correto afirmar que: Realize esta atividade com a orientação de seu
professor. Antes de iniciar, certifique-se de que você
a) ambos são produzidos por meiose.
conhece os cuidados e procedimentos corretos para
b) os gametas são produzidos por meiose, e os esporos
o uso do microscópio.
por mitose.
Você vai precisar de:
c) os gametas são produzidos por mitose, e os esporos
por meiose. • gametófitos de musgos recém-coletados;
d) ambos são produzidos por mitose. • lâminas e lamínulas;
e) o esporo sofre meiose para originar os gametas. • microscópio.
Em grupo, coloquem sobre uma lâmina um filoi-
9. (Ufscar-SP) Considere as seguintes características: de de musgo. Pinguem uma gota de água sobre ele
I. presença de tecidos de condução; e cubram o material com a lamínula.
II. presença de raízes verdadeiras; Levem a preparação ao microscópio e observem-
III. dependência da água para a fecundação; -na inicialmente com o menor aumento. Depois,
troquem de objetiva e observem novamente o ma-
IV. fase esporofítica predominante.
terial.
Uma briófita e uma pteridófita apresentam em co-
mum apenas: a) Façam esquemas do que vocês observaram.
a) IV. b) O que são as estruturas verdes observadas no
b) III. interior das células?
c) I e II. c) Qual a importância dessas estruturas para o
d) II e III. vegetal?
e) I, II e IV.

Capítulo 6 • Briófitas e pteridófitas 73

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7
CAPÍTULO

Gimnospermas e
angiospermas

As plantas gimnospermas mais conhecidas são os pinheiros. Onde são mais comumente
.
Essas árvores produzem pinhões, que são as sementes dessas encontrados os pinheiros?
plantas. Os pinhões servem de alimento para o ser humano e Você conhece exemplos de plantas
para outros animais. angiospermas, além do tomateiro?
Na figura 7.1 você pode observar as sementes dentro de um Quais características você pode observar
fruto, o tomate. As plantas que produzem sementes dentro de para identificar uma angiosperma?
frutos fazem parte de um grupo de plantas chamadas de angios- Quais as diferenças entre a forma
permas. Os frutos das angiospermas se desenvolvem a partir das de reprodução das gimnospermas
flores dessas plantas, como você verá neste capítulo. e das angiospermas?
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Figura 7.1 A flor do tomateiro (cerca de 1 cm de comprimento) e seu fruto, o tomate (cerca de 6 cm de comprimento).

74 Unidade 3 • Plantas

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1 Gimnospermas
cones masculinos
Como as pteridófitas, as gimnospermas são plantas

Ingeborg Asbach/Arquivo da editora


vasculares, com raiz, caule e folhas. Uma novidade evoluti-
va é a presença, no caule, de ramos com folhas especializa-
das na produção de esporos, e esses esporos germinam na
própria planta originando os gametófitos. Por causa da cones femininos
presença desses órgãos reprodutores bem diferenciados e
visíveis, elas são incluídas no grupo das fanerógamas folhas aciculadas
(phanerós = aparente; gamós = casamento), como vimos Ramo de um pinheiro do gênero Pinus.
no capítulo anterior. Outra novidade é a presença de se-

Luciano Candisani/Minden Pictures/Latinstock


mente, o que as caracteriza como espermatófitas.
Graças a essas duas novidades, as gimnospermas
obtiveram bastante sucesso evolutivo no meio terres-
tre, tendo seu ciclo reprodutivo independente da pre-
sença de água.

Ciclo reprodutivo
Usaremos as coniferófitas ou coníferas como refe-
rência para estudar o ciclo reprodutivo das gimnos-
permas. Elas formam grandes florestas no hemisfério
Estróbilo feminino do pinheiro-do-paraná (10 cm
norte (constituindo um terço das florestas do mun- a 22 cm de comprimento).
do). No sul do Brasil, há a mata de Araucárias, com o
pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia; figura
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

7.2) e o pinheiro-bravo (gênero Podocarpus).


Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Estróbilo masculino do pinheiro-do-paraná


(10 cm a 22 cm de comprimento).

Figura 7.2 Pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia; 10 m a


Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

35 m de altura, em média).

O pinheiro é muito explorado para extração de ma-


deira (para a produção de papel), de resinas (como a te-
rebintina, usada na produção de solventes) e de verniz.
Essas aplicações envolvem conhecimentos de Química,
Pinha (cerca de 15 cm Pinhão
mas é importante que a extração seja sempre acompa- de comprimento): (cerca de
nhada de estudos ambientais, para que ela possa ser cone feminino após 5 cm de
fecundação. comprimento).
feita de forma sustentável e que não ocorram desequilí-
brios ecológicos. A semente do pinheiro-do-paraná, o
Figura 7.3 Alguns aspectos das gimnospermas, plantas com
pinhão, é aproveitada como alimento por aves e por al- sementes, mas sem frutos. (Os elementos da figura não estão
guns mamíferos, incluindo o ser humano (figura 7.3). na mesma escala; cores fantasia.)

Capítulo 7 • Gimnospermas e angiospermas 75

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Além das folhas destinadas à fotossíntese, exis- chama grão de pólen, e o gametófito feminino ou
tem folhas relacionadas à reprodução, chamadas es- megagametófito, originado do megásporo.
porófilas (sporo = semente; phyllon = folha), que pos- No estróbilo (cone) masculino há folhas modifica-
suem esporângios. Em geral, elas estão reunidas em das em escamas, chamadas microsporófilas, conten-
estruturas chamadas estróbilos (stróbilos = cone) ou do cápsulas, os microsporângios. No interior dessas
cones (os estróbilos têm, geralmente, a forma cônica, cápsulas, células especiais (diploides) sofrem meiose
daí o nome coníferas). Na superfície dessas folhas se e formam micrósporos (haploides). Estes sofrem mi-
formam as sementes, após a fecundação dos game- toses e originam os grãos de pólen. Em algumas espé-
tas (figura 7.3). cies há em torno do grão de pólen uma parede prote-
tora, com duas expansões laterais em forma de asa
Formação do grão de (figura 7.4).
Uma vez liberados, os grãos de pólen são levados
pólen pelo vento; apenas alguns deles atingem o cone femi-
A planta propriamente dita é o esporófito (2n). As nino, polinizando-o. É a chamada polinização anemó-
folhas reprodutoras produzem dois tipos de espo- fila ou anemofilia (ánemos = vento; philein = amigo).
ros: micrósporos (mikros = pequeno) e megásporos Nesse caso, a grande quantidade de grãos de pólen
(méga = grande). Por isso, há dois tipos de gametófi- produzidos compensa a perda que ocorre no trans-
tos: o masculino, originado do micrósporo e que se porte pelo vento.
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

estróbilos femininos estróbilos masculinos


(cerca de 10 cm de (cerca de 3 cm de
comprimento) comprimento)

microsporângio
óvulo
escama
célula que
dá origem ao micrópila
megásporo
(2n)
meiose

megásporo (n) célula


(2n)
três
meiose
células (n)
degeneram
micrósporos (n)
mitoses
esporófito (2n)

mitose
oosfera

tubos polínicos

megagametófito
grão de pólen
arquegônio
Figura 7.4 A produção de esporos e gametófitos em um pinheiro do gênero Pinus (10 m a 40 m de altura). (Os elementos da
ilustração não estão na mesma escala; cores fantasia.)

76 Unidade 3 • Plantas

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Formação do gametófito Fecundação
feminino Os grãos de pólen que atingem um óvulo ficam
presos próximo à micrópila por um líquido viscoso.
Os estróbilos femininos, também chamados pi-
Quando o grão de pólen germina, forma-se o tubo po-
nhas, são formados por folhas modificadas em es-
línico, que cresce em direção à oosfera. No interior
camas (megasporófilas), que contêm megasporân-
desse tubo, há duas células espermáticas, que funcio-
gios. O megasporângio revestido por uma ou duas
nam como gametas masculinos (figura 7.5).
camadas de tecidos (tegumento) forma o óvulo,
que possui uma abertura, a micrópila (mikros = pe- O tubo polínico pode ser considerado um gametófi-
queno; pylen = orifício, entrada). Observe que, en- to masculino maduro (com gametas em seu interior).
quanto nos animais o óvulo corresponde ao game- O grão de pólen seria o gametófito jovem. O cresci-
ta feminino, nos vegetais o óvulo é uma cápsula mento do tubo polínico torna a fecundação indepen-
que contém o gameta feminino (oosfera), além de dente da água – o que não ocorre nas pteridófitas.
outras células. No óvulo há uma célula especial, Portanto, a presença desse tubo é um fator importante
que sofre meiose e origina quatro células haploi- na conquista do meio terrestre pelas gimnospermas.
des. Dessas, três células degeneram e uma, o me- A fecundação ocorre quando uma das células
gásporo, germina dentro do óvulo. espermáticas se une à oosfera e origina um zigo-
A transformação do megásporo em gametófito fe- to. Mesmo quando ocorre mais de uma fecunda-
minino começa com a multiplicação, por mitose, do ção (há mais de um arquegônio e de um tubo polínico),
núcleo, sem que o citoplasma se divida, formando apenas um embrião se desenvolve. Após a fecundação,
uma massa plurinucleada que corresponde ao game- o óvulo transforma-se em semente, que contém um
tófito feminino. Nessa massa começam a formar-se embrião, o tecido nutritivo e uma casca (figura 7.5).
membranas celulares e surgem dois ou mais arque- As sementes, em muitos casos, flutuam no ar e
gônios, os órgãos produtores de gametas femininos vão germinar a distância (promovendo a dispersão).
presentes nos gametófitos. Cada arquegônio contém Elas também ajudam na adaptação à vida terrestre
um gameta feminino, ou oosfera. ao protegerem o embrião contra a perda de água.

embrião (2n)
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

grão de pólen fecundação e mitoses tecido nutritivo


do zigoto

células
espermáticas (n)
(gametas tubo polínico
masculinos) germinação

semente casca
oosferas (n)

óvulo

esporófito
Fábio Colombini/Acervo do fotógrafo

crescimento

Figura 7.5 Esquema da fecundação e da formação do embrião nas gimnospermas. (Os elementos da ilustração não estão na
mesma escala; cores fantasia.) Na foto, pinhões inteiros e em corte, expondo o tecido nutritivo.

Capítulo 7 • Gimnospermas e angiospermas 77

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Classificação Das gincófitas, há apenas uma espécie viva: o
Ginkgo biloba, nativo da China e hoje cultivado em vá-
No grupo das gimnospermas estão os filos ou as rios países, é usado em jardins de algumas metrópo-
divisões Coniferophyta (coníferas), Cycadophyta (ci- les por causa da sua resistência à poluição do ar.
cadófitas ou cicadáceas), Gnetophyta (gnetófitas) e
Ginkgophyta (gincófitas).
Entre as coníferas, além dos pinheiros, estão os ci-
prestes e as sequoias (figura 7.6). 2 Angiospermas
Nas cicadáceas há, por exemplo, o gênero Cycas As angiospermas formam o filo Anthophyta (an-
(sagu-de-jardim ou palmeirinha), introduzido em vá- thos = flor; phyton = planta), que se diversificou pelo
rios países e muito usado em jardinagem (figura 7.6). planeta graças a seu eficiente sistema de vasos con-
dutores e à presença de flores e frutos (estruturas ex-
clusivas desses vegetais), que ajudam na dispersão
Karl-Heinz Haenel/Corbis/Latinstock

dessas plantas. Hoje, elas estão bem disseminadas


pelas regiões tropicais e temperadas, e constituem
mais de 70% do número total de espécies de plantas
conhecidas. Seu tamanho é bem variável, desde pe-
quenas ervas até grandes árvores.
Diferentemente das gimnospermas, cujos órgãos
reprodutores são representados por estróbilos, as
angiospermas possuem flores típicas, em cujo inte-
rior há folhas modificadas, os carpelos (diminutivo
de karpos = fruto), que se fecham formando uma es-
trutura que lembra um vaso, o pistilo (pistillu = pi-
lão), no qual se desenvolvem as sementes (daí o
nome angiosperma: aggeion = vaso; sperma = se-
mente). Após a fecundação, parte do pistilo transfor-
ma-se em fruto.
A planta propriamente dita é o esporófito. O ga-
Cipreste (atinge de 20 m a 30 m de altura). metófito, extremamente reduzido, desenvolve-se
dentro dos tecidos do esporófito.
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Flor
Uma flor completa (figura 7.7) é formada por: pe-
dúnculo ou pedicelo, haste de sustentação que pren-
de a flor ao caule; receptáculo, extremidade do pe-
dúnculo, geralmente dilatada, na qual se prendem
os verticilos florais, conjunto de folhas modificadas
ou esporófilas, em geral dispostas em círculo. Na
maioria das flores, da periferia para o centro, há qua-
Sagu-de-jardim (gênero Cycas; 1,5 m a 3 m de altura).
tro verticilos:
Figura 7.6 Alguns representantes das coníferas e das • cálice, conjunto de folhas protetoras, geralmente
cicadófitas. verdes, chamadas sépalas;
• corola, formada por esporófilas chamadas pétalas,
Entre as gnetófitas encontramos o gênero Ephedra. de colorido vivo, embora, às vezes, sejam pálidas ou
Deste, extrai-se a efedrina, alcaloide usado, sob orien- brancas, que servem indiretamente para a reprodu-
tação médica, para tratar alguns problemas do siste- ção por atraírem os animais polinizadores com suas
ma respiratório. cores, aromas ou secreções adocicadas;

78 Unidade 3 • Plantas

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Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo
estame
antera estigma
pétalas
pistilo

estilete
Flor de lírio (cerca de 7 cm a 10 cm
de diâmetro).

filete
ovário

sépalas
receptáculo
estame (porção dilatada pistilo
do pedúnculo) pedúnculo

Figura 7.7 Partes de uma flor. (Os elementos da ilustração não estão na mesma escala; cores fantasia.)

• androceu (andros = masculino), formado por esta-


mes, que correspondem a microsporófilos; os es-
Produção do gametófito
tames possuem um pedúnculo (filete) com uma masculino
dilatação na extremidade (antera); A produção de micrósporos ocorre nos estames,
• gineceu (gyné = feminino), formado pelos carpelos, nos quais há os sacos polínicos, que correspondem a
que se enrolam e se soldam formando os pistilos; a microsporângios. Em cada saco polínico, existem vá-
base dilatada do pistilo é o ovário, e na extremidade rias células-mães dos esporos, que sofrem meiose e
oposta há outra dilatação, o estigma, que se liga ao formam esporos haploides (figura 7.8). Dentro do
ovário pelo estilete. saco polínico, o esporo sofre mitose e forma o grão de
O conjunto formado pelo cálice e pela corola é pólen (gametófito masculino). Dessa mitose, origi-
chamado perianto (peri = ao redor; anthos = flor). nam-se duas células: a célula generativa ou geradora,
Às vezes, as pétalas têm a mesma cor que as sépa- e a célula vegetativa ou do tubo. O conjunto é revesti-
las, recebendo o nome de tépalas, e o conjunto de do por uma capa de duas paredes: uma interna e ou-
tépalas é chamado perigônio (gonos = gerar). tra externa, mais resistente.
Ilustrações: Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

saco polínico grão de pólen jovem

célula vegetativa

célula generativa

exina

antera em corte
intina

cada micrósporo
origina um grão
célula-mãe primeira divisão segunda divisão de pólen por
do micrósporo (2n) da meiose da meiose mitose
micrósporos (n)

Figura 7.8 Esquema de formação do micrósporo e do gametófito masculino. (Os elementos ilustrados não estão na mesma escala;
cores fantasia.)

Capítulo 7 • Gimnospermas e angiospermas 79

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_074a087_c07_u03.indd 79 4/5/13 10:59 AM


Formação de megásporos Polinização
e do gametófito feminino Embora muitas flores apresentem, simultanea-
mente, estames e pistilos, existem mecanismos que
A produção de megásporos ocorre no pistilo, mais
evitam a autofecundação; por exemplo, a incompati-
especificamente no ovário, onde pode-se encontrar
bilidade genética entre o grão de pólen e o pistilo da
um ou vários macrosporângios (óvulos) presos ao
mesma planta ou o amadurecimento do estame e do
ovário por um pedúnculo (figura 7.9). Cada óvulo pos-
pistilo em épocas diferentes. Tais mecanismos favore-
sui um tecido, a nucela, protegido por tegumentos. O
externo é a primina e o interno, a secundina. Esses cem a fecundação cruzada, mais vantajosa em ter-
tegumentos apresentam uma abertura, a micrópila. mos de variabilidade genética.
A célula-mãe do esporo sofre meiose e origina Uma das razões do sucesso evolutivo das angios-
quatro células haploides, das quais só uma sobrevive, permas é a diversidade de mecanismos de transporte
o megásporo. Este sofre três divisões nucleares suces- do grão de pólen de uma planta até o pistilo de outra
sivas e forma uma massa citoplasmática com oito nú- (polinização). Assim, além de a fecundação ser inde-
cleos haploides, dos quais três permanecem em um pendente da água, esses mecanismos permitem a
polo e três vão para o polo oposto, onde são envolvi- ampla distribuição desses vegetais pelos habitats ter-
dos por membranas plasmáticas e individualizam-se restres.
como células (figura 7.9). Os outros dois núcleos mi- A polinização pode ser feita pelo vento, chamada
gram para o centro, formando os núcleos polares de anemofilia; por insetos, entomofilia (entomon =
(que podem unir-se e formar a célula central ou nú- inseto); por aves, ornitofilia (ornis, ithos = ave); por
cleo secundário). Desse modo, surge o gametófito fe- morcegos, quiropterofilia (cheîr = mão; ptéron = asa).
minino, chamado saco embrionário e constituído por Há uma diferença importante entre as gimnos-
dois núcleos polares, três antípodas e uma oosfera permas e as angiospermas. Em geral, as gimnosper-
(gameta feminino), ladeada por duas sinérgides (sy- mas dependem do vento para a polinização, o que só
negós = auxiliar). é eficiente quando as plantas da mesma espécie es-
tão relativamente próximas umas das outras.
Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

estigma
óvulo

estilete
primina nucela
pistilo

óvulo
célula-mãe
secundina do megásporo (2n)
ovário
antípodas (n) meiose
micrópila
saco embrionário
(gametófito feminino)

oosfera (n) megásporo (n)


núcleos
polares (n)
megásporo sofre três mitoses
produzindo oito núcleos

sinérgides (n) três megásporos degeneram

Figura 7.9 Ilustração esquematizando a formação do megásporo e do gametófito feminino. (Os elementos ilustrados não estão
na mesma escala; cores fantasia.)

80 Unidade 3 • Plantas

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Na maioria das angiospermas, a polinização é fei- No caso das angiospermas polinizadas pelo vento,
ta por insetos e outros animais que se alimentam do como as gramíneas (capim, arroz, trigo, etc.), geralmen-
néctar da planta (figura 7.10). Com isso, há mais chan- te suas flores não apresentam os atrativos comuns às
ces de um grão de pólen ser levado para a planta da flores de outras espécies e a produção de pólen é maior;
mesma espécie. Esse sistema de “polinização dirigi- além disso, em geral, os indivíduos formam grupos nu-
da” não apenas permite economia na produção de merosos, ficando próximos uns dos outros.
grãos de pólen, mas também facilita a fecundação
cruzada entre duas plantas distantes. Fecundação
Quando entra em contato com o estigma, o grão
Claude Nurisdsany & Marie Pérennou/Pls/Latinstock

de pólen desenvolve um tubo de citoplasma, o tubo


polínico, formado a partir da célula do tubo e que
cresce para dentro do estilete, em direção ao ovário.
Dentro do tubo, o núcleo da célula geradora divide-se
e origina duas células espermáticas haploides, que
funcionam como gametas masculinos (figura 7.11).
Chegando ao ovário, o tubo penetra no óvulo, em ge-
ral pela micrópila, e promove uma dupla fecundação,
característica das angiospermas: uma célula esper-
mática funde-se com a oosfera e origina o zigoto, que,
por mitose, se desenvolverá em um embrião diploide;
a outra célula espermática funde-se com os dois nú-
cleos polares e origina a célula-mãe do albúmen (3n).
Posteriormente, essa célula triploide sofrerá mitoses
Figura 7.10 O peso da abelha (cerca de 2 cm de comprimento) e formará o albúmen ou endosperma (endon = inter-
faz descer o estame da flor, que então encosta no abdome do
inseto; os grãos de pólen aderidos ao abdome poderão passar no; sperma = semente), que representa uma reserva
para o carpelo de outra flor em que a abelha pousar. nutritiva para o embrião (figura 7.11).
Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

a fecundação forma a
grãos de célula-mãe do albúmen (3n) endosperma
pólen tubo polínico

mitoses embrião
células
espermáticas (n)
dupla
fecundação
célula do tubo
a fecundação forma
o zigoto (2n)

epicarpo
semente
ovário mesocarpo

cotilédones
endocarpo

endosperma
núcleos polares (n) crescimento
do ovário
oosfera (n)
semente
embrião

Figura 7.11 Na ilustração, esquema de fecundação e formação da semente e do fruto. (Os elementos da ilustração não estão na
mesma escala; cores fantasia.)

Capítulo 7 • Gimnospermas e angiospermas 81

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_074a087_c07_u03.indd 81 4/5/13 10:59 AM


deslocamento pelo ar, como o dente-de-leão. Alguns,
Formação do fruto como o coco-da-baía (fruto do coqueiro), são levados
e da semente pelo mar, alcançando praias distantes (figura 7.13).
Após a fecundação, o ovário transforma-se em A dispersão do fruto por animais é chamada zoo-
fruto, e os óvulos, no seu interior, em sementes. coria (zoon = animal; chorisis = espalhar); pelo vento,
O fruto apresenta uma parede, o pericarpo (peri = ao anemocoria (anemo = vento); pela água, hidrocoria
redor; karpós = fruto), formado por três regiões, deri- (hydor = água).
vadas dos dois tegumentos e do tecido mediano do

Fotos: Fábio Colombini/Acervo do fotógrafo


ovário: epicarpo (epi = sobre), mesocarpo (meson =
A
meio), que, em geral, é a parte comestível por causa
do acúmulo de reserva nutritiva, e endocarpo (reveja
a figura 7.11).
A semente é formada pelo tegumento, provenien-
te das paredes do óvulo, e pela amêndoa, constituída
de embrião e endosperma. Além do tegumento, o
embrião possui folhas especiais chamadas cotilédo-
nes (kotyledon = côncavo, por causa do aspecto de fo-
lha côncava), com função de armazenar nutrientes ou
transferi-los do endosperma para o embrião.
Uma das maneiras pelas quais o fruto colabora
para a dispersão da semente é através do acúmulo de
reservas nutritivas, que atraem animais consumido-
res dessas reservas (figura 7.12). Por causa de suas
membranas protetoras, muitas vezes a semente não
é digerida e sai com as fezes.
B C
Fábio Colombini/Acervo do fotógrafo

Figura 7.13 O fruto do carrapicho (A), cerca de 0,5 cm de


diâmetro; o do dente-de-leão (B), cerca de 2 cm de diâmetro;
e o coco-da-baía (C), em média 20 cm de comprimento.

Figura 7.12 Araçari-castanho (Pteroglossus castanotis;


comprimento entre 34 cm e 45 cm) comendo frutos de árvore
Desenvolvimento
do Pantanal. Em condições adequadas, a semente germina e
origina um novo esporófito. O embrião é formado por
Em alguns frutos, como o carrapicho, há pelos e es- radícula, caulículo, gêmula e cotilédone (folha com
pinhos que se prendem aos pelos dos animais facili- reserva nutritiva; figura 7.14). De início, a semente ab-
tando a dispersão. Outros frutos estão adaptados à sorve água do ambiente – processo chamado embe-
dispersão pelo vento: são grãos bem pequenos e leves, bição –, fazendo com que seu volume aumente e a
ou desenvolveram estruturas aladas que auxiliam no casca se rompa.

82 Unidade 3 • Plantas
folhas

Dr. Jeremy Burgerss/SPL/Latinstock


cotilédones

epicótilo
hipocótilo
Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

tegumento hipocótilo
cotilédone

radícula

Figura 7.14 Na ilustração, esquema da germinação de uma semente de feijão.


(Semente com cerca de 1,5 cm de comprimento; os elementos ilustrados não estão
na mesma escala; cores fantasia.)

À medida que o embrião se desenvolve, a reserva nerais do solo, bem como um tecido (originado da gê-
dos cotilédones ou do endosperma é consumida pela mula) com células clorofiladas, próprias para realizar
planta. Quando essas reservas se esgotam, já existe fotossíntese. O caulículo origina a parte inicial do
uma pequena raiz originada da radícula, com pelos caule (hipocótilo), a gêmula, a parte superior do caule
absorventes que servem para retirar água e sais mi- (epicótilo) e as primeiras folhas (figura 7.14).

Biologia
e cotidiano
Fruto verde e fruto maduro
Muitos frutos mudam de cor e passam, por exemplo,

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo


de verde a amarelo ou vermelho. Essa mudança é
acompanhada de uma alteração na consistência e na
composição química do fruto (figura 7.15).
De início, o fruto pode ser duro e de sabor desagra-
dável – e até conter substâncias tóxicas – para alguns
animais. Nessa etapa, a semente ainda não está pron-
ta para germinar. Depois, o fruto muda de cor, torna-se
mais visível no meio da folhagem verde (muitos ani-
mais que se alimentam de frutas têm a capacidade de
distinguir essas cores) e passa a ser mais macio e ado-
cicado, acumulando reservas nutritivas (açúcares, por
exemplo).
A cor do fruto maduro e suas substâncias nutri-
tivas atraem animais que podem comê-lo, lançando
fora as sementes, que podem já estar prontas para
germinar. Quando as sementes são engolidas, elas
geralmente não são digeridas e saem com as fezes.
Em ambos os casos, a dispersão da semente fica Figura 7.15 Mamoeiro (cerca de 20 cm de comprimento)
facilitada. com mamões verdes e alguns maduros.

Capítulo 7 • Gimnospermas e angiospermas 83

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_074a087_c07_u03.indd 83 4/5/13 10:59 AM


Reprodução assexuada A bananeira (gênero Musa) também se reproduz de
forma assexuada, por brotos que surgem na base de seu
Os caules ou as folhas das angiospermas geral- “falso caule”, formado pela união de várias folhas (o ver-
mente são capazes de originar novos indivíduos de dadeiro caule é subterrâneo). As plantas ancestrais da
suas gemas ou botões vegetativos. Essa reprodução banana tinham semente. Ao longo do tempo, buscando
assexuada é chamada propagação vegetativa. Isso
melhorar a qualidade dos frutos para o consumo, o ser
acontece de forma natural em caules subterrâneos e
humano acabou selecionando frutos sem sementes,
rasteiros, que crescem rentes ao solo, chamados es-
formados sem fecundação (frutos partenocárpicos). Os
tolhos ou estolões, presentes, por exemplo, no mo-
pontos pretos que aparecem no interior da banana são
rangueiro e na grama. Esses caules formam raízes
o que restou dos óvulos não fecundados.
que originam novos pés de planta. Com o tempo, as
Além de ser mais rápida (para plantar cana-de-açú-
partes mais velhas do caule morrem e formam-se
car, por exemplo, basta enterrar seus gomos), a reprodu-
plantas independentes (figura 7.16). Do mesmo
modo, se cortarmos pedaços de cana-de-açúcar, de ção assexuada produz indivíduos geneticamente idênti-
mandioca ou de batata, cada parte pode originar cos ao original. Desse modo, preservam-se determinadas
uma nova planta, desde que contenha uma gema características, que poderiam perder-se com a reprodu-
(figura 7.16). ção sexuada, pois, ao se cruzarem plantas híbridas, por
O caule subterrâneo da batata, por exemplo, for- exemplo, apenas uma parte dos descendentes obterá
ma tubérculos providos de gemas. Depois que o caule todas as características desejáveis pela agricultura.
morre, as gemas originam uma nova planta. Na fortu- A reprodução assexuada tem também desvanta-
na e na begônia, existem gemas nos bordos das fo- gens. Como esse tipo de reprodução produz indivíduos
lhas, que originam novas plantas quando a folha se geneticamente iguais, todos podem ser igualmente sus-
desprende, caindo no solo. cetíveis ao ataque de determinado parasita ou praga.

reprodução vegetativa no morango

Edmund Neil/Eye Ubiquitous/Corbis/Latinstock


estolão
Ilustrações: Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

reprodução por tubérculos e raízes

batata-doce

broto
batata

tubérculos

Figura 7.16 Esquema de reprodução assexuada nas plantas. (Os elementos das ilustrações não estão na mesma escala; cores
fantasia.)

84 Unidade 3 • Plantas

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_074a087_c07_u03.indd 84 4/5/13 10:59 AM


Classificação milho, aveia, cevada, trigo e centeio –, que formam a
base da alimentação humana. Outros exemplos de
As angiospermas costumavam ser subdivididas em monocotiledôneas são o bambu, o capim, o abacaxi, a
duas classes: Monocotyledoneae (monocotiledôneas) cebola, o alho, as orquídeas, o aspargo, a íris, o gengi-
e Dicotyledoneae (dicotiledôneas), levando-se em con- bre e a cana-de-açúcar. Há poucas árvores no grupo;
ta o número de cotilédones na semente. Atualmente, alguns exemplos são as palmeiras, como o coqueiro-
essa classificação passa por modificações. -da-baía, os palmiteiros e a carnaubeira.
Tomando-se por base a história evolutiva do gru- Mais de 70% das espécies de angiospermas per-
po, as angiospermas podem ser divididas em mono- tencem ao grupo das eudicotiledôneas, que inclui a
cotiledôneas, eudicotiledôneas e mais alguns grupos maioria das árvores e dos arbustos e muitas ervas.
que, informalmente, podem ser reunidos sob o nome São exemplos de eudicotiledôneas: feijão, ervilha,
de angiospermas basais, também chamadas dicoti- soja, amendoim, lentilha, grão-de-bico, fumo, batata,
ledôneas basais. Nesse último grupo há plantas como tomate, pimentão, berinjela, algodão, couve, nabo,
a fruta-do-conde, a pimenta-do-reino, o abacate, a agrião, couve-flor, repolho, rosa, morango, maçã, pera,
graviola, o jaborandi, a vitória-régia, entre outras, café, cenoura, mandioca, girassol, margarida, jabuti-
que, apesar de apresentarem sementes com dois coti- caba, mamão, laranja, maracujá, goiaba, cacau, euca-
lédones, possuem várias características em comum lipto, cacto, seringueira.
com as monocotiledôneas, como o tipo de pólen. Na figura 7.17 são apresentadas as principais dife-
Entre as monocotiledôneas, a maioria é de plantas renças morfológicas entre as monocotiledôneas e as
herbáceas. Entre elas, encontramos os cereais – arroz, eudicotiledôneas.

Monocotiledônea Eudicotiledônea

Ilustrações: Hiroe Sasaki/Arquivo da editora


tegumento tegumento

um cotilédone dois
Sementes cotilédones
embrião
embrião
grão de milho em corte grão de feijão aberto

Folhas folhas com nervuras folhas com nervuras


paralelas (paralelinérveas) ramificadas (reticuladas)

Caules vasos irregularmente vasos na periferia do


espalhados pelo caule caule em arranjo regular

Raízes raiz fasciculada


(sem raiz principal) raiz axial (com raiz principal)

flor tetrâmera ou pentâmera


flor trímera (organização em
Flores (organização em quatro, cinco
três ou múltiplos de três)
ou múltiplos)

Figura 7.17 Diferenças entre monocotiledôneas e eudicotiledôneas. (Os elementos da ilustração não estão na mesma escala;
cores fantasia.)

Capítulo 7 • Gimnospermas e angiospermas 85

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ATENÇÃO!
Atividades Não escreva no
seu livro!

Aplique seus conhecimentos expansões semelhantes a asas). Nas matas brasileiras,


os animais da fauna silvestre têm uma importante con-
1. Muitas flores possuem pétalas coloridas e perfumadas tribuição na dispersão de sementes e, portanto, na ma-
e produzem néctar. Para as plantas, quais são as vanta- nutenção da diversidade da flora.
gens dessas características? CHIARADIA, A. Minimanual de pesquisa: Biologia. jun. 2004 (adaptado).

2. Na figura abaixo está representada a evolução das plan- Das características de frutos e sementes apresentadas,
tas terrestres a partir das algas verdes unicelulares, com quais estão diretamente associadas a um mecanismo
a indicação das novidades evolutivas de cada grupo. de atração de aves e mamíferos?
a) Ganchos que permitem a adesão aos pelos e penas.
1 2 3 4
b) Expansões semelhantes a asas que favorecem a flu-
flor e fruto tuação.
c) Estruturas fixadoras que se aderem às asas das aves.
d) Frutos com polpa suculenta que fornecem energia
semente aos dispersores.
e) Leveza e tamanho reduzido das sementes, que favo-
recem a flutuação.
vasos condutores de seiva 6. (Uneb-BA) Considere as estruturas: I. grãos de pólen;
II. óvulos; III. sementes; IV. frutos. As estruturas que
organismo pluricelular com tecidos estão presentes tanto no pinheiro quanto no coquei-
alga verde unicelular ro são:
a) apenas I, II e III.
a) Identifique os grupos representados pelos números b) apenas I, II e IV.
de 1 a 4. c) apenas I, III e IV.
b) Em quais desses grupos ocorre fecundação e forma- d) apenas II, III e IV.
ção de um zigoto? e) I, II, III e IV.
c) Em quais desses grupos pode ocorrer polinização
pelo vento? Justifique sua resposta. 7. (Mack-SP) Comparando-se os ciclos reprodutivos das
criptógamas (briófitas e pteridófitas) com os das fane-
3. Se considerarmos apenas o aspecto reprodutivo, pode- rógamas (gimnospermas e angiospermas), destacamos
mos afirmar que gimnospermas e angiospermas têm a seguinte diferença:
maior independência em relação à água do que briófi-
tas e pteridófitas. Explique essa afirmação. a) Ciclo de vida alternante.
b) Meiose gamética.
4. (Enem) Caso os cientistas descobrissem alguma subs- c) Independência da água para a reprodução.
tância que impedisse a reprodução de todos os insetos, d) Predominância da geração gametofítica sobre a es-
certamente nos livraríamos de várias doenças em que porofítica.
esses animais são vetores. Em compensação teríamos e) Geração esporofítica diploide.
grandes problemas, como a diminuição drástica de
8. (UFC-CE) O predomínio das angiospermas em relação
plantas que dependem dos insetos para polinização,
aos demais grupos vegetais relaciona-se:
que é o caso das:
a) à dupla fecundação, resultado da união de dois ante-
a) algas.
rozoides com a oosfera e o megaprotalo, gerando o
b) briófitas, como os musgos.
endosperma triploide, o que permite a longevidade
c) pteridófitas, como as samambaias.
das sementes.
d) gimnospermas, como os pinheiros.
b) à alternância de gerações, havendo predominância
e) angiospermas, como as árvores frutíferas.
do ciclo de vida esporofítico e redução da fase ga-
5. (Enem) Os frutos são exclusivos das angiospermas, e a metofítica, o que permite a ocupação de ambientes
dispersão das sementes dessas plantas é muito impor- áridos.
tante para garantir seu sucesso reprodutivo, pois permi- c) ao desenvolvimento de estróbilos, cuja oferta de pó-
te a conquista de novos territórios. A dispersão é favore- len e outros recursos florais favoreceu a interação
cida por certas características dos frutos (ex.: cores com uma grande diversidade de insetos e uma maior
fortes e vibrantes, gosto e odor agradáveis, polpa sucu- probabilidade de polinização.
lenta) e das sementes (ex.: presença de ganchos e ou- d) ao desenvolvimento do tubo polínico, permitindo a
tras estruturas fixadoras que se aderem às penas e pe- independência do meio aquático para a fecundação
los de animais, tamanho reduzido, leveza e presença de e uma maior estabilidade do sucesso reprodutivo.

86 Unidade 3 • Plantas

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e) ao espessamento da parede do ovário, o que favore- I. Raiz axial;
ceu a especialização em mecanismos de dispersão II. Possui um cotilédone na semente;
do embrião e a ocupação de ambientes distantes da
III. Folhas com nervuras paralelas;
planta-mãe.
IV. Flores terâmeras ou pentâmeras;
9. (Mack-SP) A respeito do ciclo reprodutivo das plantas
V. Vasos de condução ordenados regularmente.
fanerógamas (gimnospermas e angiospermas), consi-
dere as seguintes afirmações: Assinale a alternativa que indica características que es-
tão presentes apenas nas monocotiledôneas.
I. Formam tubo polínico para que o gameta masculino
possa alcançar o feminino no interior do ovário. a) I, II, III e IV.
II. Apresentam alternância de gerações, sendo que a b) II e III.
geração esporofítica é predominante sobre a game- c) II, III e IV.
tofítica. d) III, IV e V.
III. Após a fecundação, o óvulo origina a semente com e) IV e V.
endosperma 3n. 12. (UFU-MG) Numere a coluna da direita de acordo com a
IV. O grão de pólen é formado a partir do micrósporo ha- da esquerda.
ploide.
Estão corretas apenas: (1) Briófita ( ) Cipreste
a) I e II. (2) Pteridófita ( ) Musgo
b) I e III. (3) Gimnosperma ( ) Avenca
c) I e IV.
d) II e III. (4) Angiosperma ( ) Rosa
e) II e IV. ( ) Milho

10. (UFSC) Observe o esquema a seguir e assinale a(s) ( ) Samambaia


proposição(ões) CORRETA(S). ( ) Acerola
( ) Capim
algas
verdes Assinale a alternativa que apresenta a sequência corre-
Avasculares ta, de cima para baixo.
(sem vasos) E
(sem flores e a) 1, 2, 1, 3, 3, 1, 3, 4
A
sementes) b) 2, 1, 2, 4, 3, 2, 4, 3
c) 3, 1, 2, 4, 4, 2, 4, 4
REINO B d) 4, 1, 2, 3, 4, 1, 3, 3
VEGETAL

Atividade prática
Você vai precisar de algumas flores grandes –
Vasculares ou C como azaleia, hibisco (mimo-de-vênus) ou palma-
traqueófitas (sem frutos) F
(com vasos) -de-santarita (gladíolo) –, folhas brancas de papel,
(com flores e
D sementes) pinça, estilete ou agulha de costura (cuidado para
(com frutos) não se ferir com esses objetos), fita adesiva, lupa
(lente de aumento), luvas de látex, microscópio, lâ-
01. A corresponde às plantas denominadas pteridófitas. mina e lamínulas.
Observe uma flor e identifique suas partes. Conte
02. As samambaias são representantes de B.
o número de pétalas e sépalas e anote na folha.
04. C representa as gimnospermas. Nessa mesma folha, prenda a flor com a fita adesiva.
08. A roseira é um exemplo de D. Com o auxílio da pinça e do estilete ou da agulha
16. E e F correspondem, respectivamente, às criptóga- e orientado pelo professor, separe as partes de outra
mas e às fanerógamas. flor, começando pela parte mais externa. Prenda
32. Todos os representantes deste reino possuem, obri- com a fita adesiva o cálice e a corola em folhas de
gatoriamente, clorofila. papel, identificando as partes.
Sacuda o estame e veja se caem grãos de pólen.
11. (UPE-modificada) As angiospermas compreendem uma Observe ao microscópio. Cole o estame em uma fo-
ampla diversidade de plantas; os dois maiores grupos lha, identificando suas partes. Corte o gineceu e
que as constituem correspondem às monocotiledôneas com o auxílio da lupa identifique o que existe em
e às eudicotiledôneas, os quais são distintos por diver- seu interior e desenhe o que observar, identificando
sas características. Abaixo podemos ver, de forma alea- as partes. Prenda o gineceu em uma folha de papel
tória, características que são observadas frequente- e identifique suas partes.
mente em um ou outro grupo.

Capítulo 7 • Gimnospermas e angiospermas 87

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8
CAPÍTULO

Morfologia das
angiospermas

. á uma brincadeira em que um grupo de pessoas se reúne e cada uma, em se-


H
quência, tem de dizer o nome de uma fruta com a letra a. Cada um que deixa de Suponha que você
precise descrever e
responder é eliminado. A brincadeira continua com a letra b, depois com a letra c, e
diferenciar as várias
assim por diante. partes de uma planta
Com essa brincadeira, podemos perceber que o Brasil possui uma imensa varie- para um amigo.
dade de frutas comestíveis. Veja algumas delas na foto abaixo. Como você faria isso?
Neste capítulo estudaremos os tecidos e a morfologia das plantas, com ênfase Quais características
nas angiospermas, as plantas dominantes na maioria dos ambientes terrestres. das plantas você
indicaria?
Lembrando, porém, que o estudo das flores e de sua importância para o grupo das
angiospermas foi realizado no capítulo anterior.

Figura 8.1 Variedade de frutas comestíveis disponíveis no Brasil.

Valentyn Volkov/Shutterstock/Glow Images

88

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Tanto no caule quanto na raiz, o meristema apical
1 Tecidos vegetais se diferencia em meristemas primários (figura 8.2):
Os tecidos vegetais podem ser divididos em tecidos • protoderme (protos = primitivo; derma = pele) – origi-
de formação (tecidos meristemáticos ou meristemas) na a epiderme, tecido protetor que reveste o vegetal;
e tecidos adultos (permanentes ou diferenciados). • procâmbio – diferencia-se nos tecidos condutores
de seiva, localizados no interior da raiz e do caule;
Meristemas • meristema fundamental – produz os demais tecidos
da planta, responsáveis pela sustentação, pela fotos-
À medida que se especializam, as células do embrião
síntese, pelo armazenamento de substâncias, etc.
da planta perdem gradativamente a capacidade de se
Os tecidos formados pela multiplicação e diferencia-
dividir. Mas, em algumas partes da planta, persistem
ção dos meristemas primários constituem a estrutura
grupos de células não diferenciadas, que conservam as
primária da planta e resultam no crescimento em com-
características embrionárias (células pequenas, com pa-
primento, chamado crescimento primário (figura 8.3).
rede celular fina, etc.). Essas células formam os meriste-
mas (merizo = dividir) e possuem grande capacidade de

Ingeborg Asbach/Arquivo da editora


meristema apical
se dividir e de se diferenciar, originando outros tecidos e
colaborando para o crescimento da planta.
Nas extremidades do caule e da raiz encontramos crescimento
primário
o meristema apical. No caule ele forma pequenos Figura 8.3 Esquema
brotos – como as gemas apicais (na ponta do caule) e representando
meristema o crescimento
as gemas axilares (nas axilas das folhas); veja figura apical primário
8.2 –, dos quais surgem novos ramos, folhas e flores. (os elementos
Já o meristema da ponta da raiz é protegido pela coifa da ilustração não
estão na mesma
ou caliptra (kalyptra = dedal), um tipo de “capacete” escala; cores
segundo ano
feito de células. Reveja a figura 8.2. primeiro ano fantasia).

ner/SPL/Lati
meiss nsto
sch ck
eG
ev
St
meristema apical

primórdios
de folhas
Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

Gema apical do caule


vista ao microscópio de
luz (cerca de 0,2 mm
de largura na base;
com uso de corantes).

d /Co
rbis/L
a tinstock
procâmbio
ite
im
nl
s
U
protoderme
al
su
ditora

Vi

meristema fundamental
da e
uivo

meristema apical
h/Arq

coifa
sbac
rg A
gebo

O esquema acima mostra a


In

posição da gema terminal e Imagem ao microscópio de


das gemas axilares em um luz de corte da ponta da raiz
ramo (cores fantasia). (aumento de cerca de 25
vezes; com uso de corantes).

Figura 8.2 Esquemas e fotos de meristema apical de caule e de raiz de planta em crescimento (os elementos da ilustração não
estão na mesma escala; cores fantasia).

Capítulo 8 • Morfologia das angiospermas 89

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Responsável pelo crescimento em espessura (cha-
mado crescimento secundário), o meristema secun-
Tecidos de revestimento
dário está localizado no interior do caule e da raiz das e proteção
gimnospermas, da maioria das eudicotiledôneas (al- Revestindo os vegetais, há tecidos que fornecem
godão, mamão, maçã, laranja, etc.) e de algumas mo- proteção e, no caso das plantas terrestres, evitam a
nocotiledôneas com formação arbórea (figura 8.4). perda excessiva de água. Esses tecidos são a epider-
Ele divide-se em: me e o súber (suber = sobreiro, árvore da qual se extrai
• felogênio (phellós = cortiça; genos = origem) – localiza- a cortiça).
do na parte mais externa do caule e da raiz, forma célu- Originada da protoderme, a epiderme reveste as
las de preenchimento e de reserva (feloderma) e células folhas e as partes jovens do caule e da raiz das plan-
de proteção (súber), que substituem a epiderme; tas lenhosas e todo o corpo das herbáceas. É formada
• câmbio – localizado mais internamente no caule e por uma camada de células vivas, sem clorofila, que
na raiz, produz um tecido com vasos condutores de apresentam na face externa uma cobertura chama-
seiva bruta (água e sais minerais), chamado lenho da cutícula, constituída por um lipídio impermeável,
ou xilema, e um tecido com vasos condutores de a cutina, que impede a evaporação da água. A cutícu-
seiva elaborada (transporta substâncias orgânicas), la da carnaubeira, uma palmeira brasileira, produz
chamado líber ou floema. uma cera (cera de carnaúba) que é usada industrial-
Os tecidos derivados da multiplicação e diferen- mente na produção de protetores de móveis e na
ciação desse meristema formam a estrutura secun- pintura de carros.
dária do vegetal.

Ingeborg Asbach/Arquivo da editora


corte de caule

súber
felogênio

feloderma

periderme
grãos de amido
vasos condutores
vasos condutores de seiva e outros
de seiva e outros tecidos
tecidos câmbio

estrutura secundária
do caule de planta adulta
esquema representando a estrutura
de um caule jovem em corte

xilema vasos condutores antigos


câmbio

xilema crescimento vasos condutores recentes


em }
câmbio espessura } câmbio

floema
}
vasos condutores recentes

floema
vasos condutores antigos

Figura 8.4 Meristema secundário. (Os elementos da ilustração não estão na mesma escala; as células são microscópicas;
cores fantasia.)

90 Unidade 3 • Plantas

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Na raiz, a epiderme não apresenta cutina e suas do felogênio. Ele aparece nas partes mais antigas do
células formam prolongamentos, os pelos absorven- vegetal, substituindo regiões antes protegidas pela
tes ou radiculares, que aumentam a superfície de ab- epiderme, sendo formado por várias camadas de cé-
sorção de água e sais minerais (figura 8.5). lulas mortas e ocas, reduzidas apenas a uma parede
Em alguns vegetais, as células da epiderme emi- bem reforçada por um lipídio impermeável, chamado
tem projeções, os pelos ou tricomas (thrix, chos = pelo), suberina.
que podem ter funções variadas (figura 8.5). Em plan- A cortiça é obtida do súber extraído de plantas em
tas de clima seco, formam, na superfície da folha, que ele aparece muito desenvolvido, como o sobreiro,
um emaranhado que ajuda a reter umidade e dificul- espécie de árvore natural das regiões próximas ao
ta a perda de água por transpiração (saída de água na mar Mediterrâneo.
forma de vapor). Em plantas como o algodão, funcio-
nam de modo similar a um paraquedas e facilitam o
transporte da semente pelo vento. No caso da urtiga,
Arejamento da planta
contêm um líquido urticante que defende a planta Embora reduza a perda de água pela transpira-
contra os animais. ção, a cutina também dificulta a passagem de gás
A epiderme também pode formar, como no caso carbônico e oxigênio pela folha. Assim, a entrada e a
da roseira (figura 8.5), saliências pontiagudas – os saída desses gases são garantidas pelos estômatos
acúleos (aculeu = ponta aguçada). Embora se asseme- (stoma = boca) (figura 8.6), estruturas existentes na
lhem a espinhos, os acúleos são formações da super- epiderme formadas por um par de células estomáti-
fície da planta, facilmente destacados, enquanto os cas ou células-guarda, clorofiladas, que delimitam
espinhos são ramos atrofiados do caule (como no li- uma abertura chamada ostíolo (ostiolum = pequena
moeiro) ou folhas modificadas (caso do cacto). entrada), pela qual passa o ar. Em volta dessas célu-
No caule e na raiz das plantas lenhosas há outro las aparecem as células anexas, que não possuem
tipo de tecido protetor, o súber, resultado da atividade clorofila.
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo


pelo
cutícula

epiderme
(10 µm a 40 µm)

acúleos
(cerca de 7 mm
de comprimento)

solo

pelo radicular
(80 µm a 150 µm
de comprimento)
epiderme

Figura 8.5 Epiderme, pelos e acúleos. (Os elementos das ilustrações não estão na mesma escala; cores fantasia.)

Capítulo 8 • Morfologia das angiospermas 91

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Ilustrações: Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

corte transversal setor do caule


células estomáticas

lenticelas

súber
célula anexa
felogênio
lenticela

ostíolo
vacúolo casca
cloroplasto

vista de cima

Figura 8.7 Lenticelas (as células são microscópicas; lenticela:


até cerca de 1 cm de diâmetro; cores fantasia).

ostíolo
Tecidos de assimilação
e de reserva
Os sistemas responsáveis pela fotossíntese (assi-
estômato aberto milação) e pelo armazenamento de substâncias (re-
(célula estomática túrgida)
serva) são formados por parênquimas (parencheo =
encher ao lado): conjuntos de células vivas, com pou-
co citoplasma e grandes vacúolos. O parênquima é
um tecido de preenchimento encontrado em todos os
órgãos vegetais.
Por causa de sua capacidade de divisão, eles são
importantes nos processos de regeneração e cicatri-
zação de feridas.
Há dois tipos básicos de parênquima: o de assimi-
lação e o de reserva.
estômato fechado
(célula estomática flácida) Também chamado parênquima clorofiliano, o de
assimilação é responsável pela fabricação da matéria
Figura 8.6 Ilustrações de estômatos (em média, de 20 µm a orgânica do vegetal. Suas células, ricas em cloroplas-
60 µm de diâmetro; cores fantasia). tos, realizam fotossíntese e são encontradas nas par-
tes aéreas dos vegetais, principalmente na folha (figu-
Além de permitir as trocas gasosas entre a planta ra 8.8). Em uma das faces da folha, as células do parên-
e o ambiente, facilitando a fotossíntese e a respira- quima estão arrumadas perpendicularmente à super-
ção, os estômatos podem se fechar sempre que a per- fície – parênquima paliçádico; na face oposta, sua dis-
da de água por transpiração ameaçar a sobrevivência posição é irregular, com grandes espaços intercelulares
da planta (figura 8.6). – parênquima lacunoso – pelos quais circulam os ga-
Do mesmo modo que a epiderme, o súber é im- ses utilizados ou produzidos pela fotossíntese. Tais es-
permeável e apresenta estruturas de arejamento. No paços se comunicam com o exterior pelos estômatos.
caso do súber, as trocas gasosas ocorrem por meio O conjunto formado por esses dois parênquimas cons-
das lenticelas (lenticulla = pequena lente), que são titui o mesofilo (mesos = meio; phyllein = folha).
formadas por grupos de células arredondadas, com O parênquima de reserva armazena substâncias
espaços intercelulares pelos quais o oxigênio passa (amido, óleos, etc.) que podem depois ser usadas pela
para os tecidos internos da planta (figura 8.7). planta ou pelo embrião.

92 Unidade 3 • Plantas

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Ingeborg Asbach/Arquivo da editora
epiderme cutícula
rennou/SPL
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parênquima ny
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sto
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clorofiliano rid
sa

u
N
de
u
Cla
vasos condutores
de seiva

estômato

Figura 8.8 Ilustração mostrando o interior de uma folha (as células são microscópicas; cores fantasia). Na foto, parênquima
clorofiliano da folha de elódea (microscópio de luz; aumento de cerca de 300 vezes; com uso de corantes).

O parênquima de reserva de amido (parênquima O esclerênquima é formado por células mortas


amilífero) é encontrado nas raízes, como a batata- com paredes espessas, constituídas de celulose e de
-doce, a beterraba, a cenoura e o aipim; nos caules, uma substância rígida e impermeável, a lignina ou li-
como a batata-inglesa (batatinha) e a cana-de-açú- nhina (lignum = madeira) (figura 8.10), que ajuda na
car; nas folhas; nas sementes; nos frutos. Nas plantas sustentação de toda a planta. Essas células podem ser
de clima seco, como o cacto, o parênquima ajuda a de dois tipos: fibras e esclereides (ou células pétreas).
armazenar água (parênquima aquífero). Em certas As fibras são abundantes na parte mais interior do
plantas aquáticas, como a vitória-régia, as células caule e ajudam na sustentação da planta, com os te-
desse tecido se arrumam de modo a formar grandes cidos condutores de seiva. Elas se associam em feixes
lacunas onde o ar se acumula, facilitando a flutuação no interior do caule e da raiz, em locais onde seu pro-
da planta (parênquima aerífero). cesso de alongamento já terminou.
As esclereides são células muito duras, que aju-
dam na sustentação e proteção dos embriões de al-
Tecidos de sustentação gumas sementes, como ocorre no caroço da ameixa e
Formados por células de parede espessa, que dão do pêssego. Aparecem também na casca da noz e
resistência e sustentação às diferentes partes da plan- conferem à pera sua textura áspera.
ta, esses tecidos podem ser colênquima (colla = cola) e

Casa de Tipos/Arquivo da editora


esclerênquima (skleros = duro).
Localizado na periferia do caule e da folha, logo abai- parede de celulose
xo da epiderme, o colênquima é formado por um agru- com lignina
pamento compacto de células vivas e alongadas (figura
8.9). Embora resistente, pois possui um espessamento espaço
de celulose nos ângulos das células, é dotado de grande vazio
flexibilidade, o que permite o crescimento da planta.
Podemos encontrá-lo em partes jovens da planta e em
vegetais herbáceos, que possuem estrutura delicada.

núcleo
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

esclereide (diâmetro
vacúolo
de cerca de 80 µm)
fibras de esclerênquima
citoplasma Figura 8.9 Colênquima: (diâmetro de cerca de 15 µm)
tecido de sustentação
(diâmetro das células
espessamento
de cerca de 50 µm; Figura 8.10 Ilustração de elementos do esclerênquima (as
de celulose
cores fantasia). células são microscópicas; cores fantasia).

Capítulo 8 • Morfologia das angiospermas 93

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_088a107_c08_u03.indd 93 4/5/13 10:57 AM


Tecidos condutores de seiva plantas jovens, a lignina se deposita na parede celuló-
sica formando anéis ou espirais, o que lhes dá maior
Nas algas e nos musgos, as substâncias absorvi- elasticidade para acompanhar o intenso crescimento
das do ambiente (água e sais minerais) são distribuí- da planta. No vegetal adulto, os vasos costumam ter
das de célula para célula por difusão e osmose. mais lignina (figura 8.11).
As plantas chamadas vasculares ou traqueófitas, Há dois tipos de vasos lenhosos: as traqueídes e
maiores e mais complexas, com grande número de os elementos de vasos. Nas traqueídes, a lignina de-
células, utilizam um sistema de transporte mais es- saparece em alguns pontos, mas a celulose persiste,
pecializado, constituído por vasos condutores de sei- ficando apenas mais fina, e a seiva bruta tem de
va. Esses vasos são compostos por células cilíndricas passar por essa parede. Assim, elas recebem o nome
ligadas entre si, formando tubos ao longo do vegetal. de vasos fechados, e as regiões sem lignina, de pon-
A presença desses vasos facilita a sobrevivência tuações. Já nos elementos de vaso, a parede celular
em ambiente terrestre, pois ajuda o vegetal a repor desaparece por completo em alguns pontos e ficam
rapidamente a água perdida pela transpiração. Além perfurações que permitem a passagem da água com
disso, permite o desenvolvimento de plantas de gran- facilidade; por isso esses vasos são chamados aber-
de porte, já que torna mais eficiente o transporte de tos, e a comunicação entre as células é chamada pla-
substâncias no organismo, comparando com a difu- ca perfurada.
são célula a célula. O espaço entre os vasos lenhosos é preenchido por
Existem dois tipos de vasos condutores de seiva: um parênquima de reserva e por fibras de esclerênqui-
os lenhosos (lignum = lenha, madeira) e os liberianos. ma, que acumulam reservas nutritivas e contribuem
Os vasos lenhosos transportam principalmente a para a sustentação da planta. O conjunto de vasos le-
seiva bruta (ou seiva mineral) da raiz para as folhas. nhosos e do parênquima e esclerênquima a eles asso-
São formados por células que, quando adultas e espe- ciados forma o xilema (xylon = madeira) ou lenho.
cializadas, morrem, permanecendo delas apenas a Nas samambaias e no pinheiro só há traqueídes;
parede celular com reforço de celulose e lignina. Em nas angiospermas, há os dois tipos de vasos.

Ingeborg Asbach/Arquivo da editora


feixes de tubos formados por
corte do caule traqueídes elementos de vasos

vaso lenhoso vaso liberiano

pontuações

fluxo da
seiva

fluxo da seiva

tipos de espessamento dos vasos

placa perfurada
vasos de regiões jovens lignina vasos de regiões mais
(em crescimento) antigas (sem crescimento)

Figura 8.11 Tipos de vasos lenhosos e de espessamentos (os elementos ilustrados não estão na mesma escala; diâmetro das células
entre 20 µm e 60 µm; cores fantasia).

94 Unidade 3 • Plantas

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A água e os sais minerais levados pelo xilema che-
gam às folhas. A água e o gás carbônico são usados na
Tecidos secretores
fotossíntese para produzir glicídios e, com estes e a par- Diversos produtos finais do metabolismo das
ticipação dos sais minerais, são produzidos os outros plantas ficam armazenados em células ou em agru-
compostos orgânicos do vegetal. Esse material orgânico pamentos de células espalhados pelo vegetal. Em-
forma a seiva elaborada, que será distribuída para todo bora não atuem mais diretamente no metabolismo,
o corpo da planta através dos vasos liberianos. esses produtos ainda podem ser úteis à planta. Um
As células que compõem esses vasos são vivas, exemplo é o néctar, substância doce e perfumada,
alongadas e ligadas umas nas extremidades das ou- produzida nas flores por um agrupamento especial
tras. Na união entre duas células, a parede, sem espes- de células secretoras, o nectário. A função do néc-
samento de lignina, possui uma série de orifícios ou tar é atrair os insetos e as aves responsáveis pela
crivos por onde os dois citoplasmas se comunicam. A polinização.
presença dessa parede ou placa crivada justifica o Algumas plantas produzem essências e resinas,
nome de tubos crivados para esses vasos (figura 8.12). que são acumuladas em bolsas secretoras ou em va-
Apesar de vivas, as células não possuem núcleo sos localizados nas folhas, nos frutos e nos caules.
nem boa parte das organelas celulares, e sua sobre- Algumas dessas secreções provavelmente ajudam a
vivência depende da troca de substâncias com célu- afugentar insetos que se alimentam das plantas.
las parenquimatosas adjacentes, chamadas células- Outro exemplo de secreção é o látex, substância
-companheiras. leitosa que circula pelos vasos laticíferos de muitas
Além dos tubos crivados e das células-compa- plantas (figura 8.13). No látex já foram identificadas
nheiras, há fibras de esclerênquima e células do pa- substâncias tóxicas para insetos e sua capacidade de
rênquima, com função de sustentação e de armaze- coagular pode ajudar a imobilizar larvas e defender a
namento de substâncias. O conjunto desses elemen- planta. Com o látex da seringueira é feita a borracha
tos forma o floema (phloiós = casca). natural, adicionando-se a ele diversos produtos quí-
micos para que a borracha fique dura e elástica.
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

Nas plantas de clima úmido, em que a saída de va-


crivos
por de água pelos estômatos é difícil, a água na forma
líquida pode ser eliminada através de pequenas aber-
turas nas bordas das folhas. Esse fenômeno, chama-
vasos liberianos
do gutação (figura 8.13), pode ser considerado excre-
ção, uma vez que o excesso de água não desempenha
nenhuma função na planta.

Fotos: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

célula-companheira

célula-companheira

placa crivada

fluxo da seiva
nos vasos liberianos
gutação da folha são feitos cortes no caule da
Figura 8.12 Vasos liberianos com células-companheiras. planta para drenar o látex
(O citoplasma das células dos vasos liberianos não foi
representado e os elementos ilustrados não estão na mesma Figura 8.13 Gutação e extração de látex da seringueira (Hevea
escala; diâmetro das células entre 20 µm e 60 µm; cores fantasia.) brasiliensis; cerca de 30 m de altura).

Capítulo 8 • Morfologia das angiospermas 95

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_088a107_c08_u03.indd 95 4/5/13 10:57 AM


2 Raiz Tipos de raiz
Em geral, a raiz é um órgão subterrâneo, sem clo- Quando a planta possui uma raiz principal mais
rofila e especializado na fixação da planta e na absor- desenvolvida que as ramificações, a raiz é classificada
ção de água e sais minerais. como axial ou pivotante (figura 8.15). É típica das eudi-
cotiledôneas, dá grande sustentação à planta e pode
Morfologia externa absorver água e sais minerais das camadas mais pro-
fundas do solo.
Vimos que na ponta da raiz há a coifa, que protege Quando não existe uma raiz principal, as ramifica-
os meristemas primários situados mais internamen- ções são aproximadamente do mesmo tamanho e
te. Acima dela está a região lisa, na qual as células se nascem de um ponto comum. Nesse caso, a raiz é fas-
alongam e provocam o crescimento da raiz; por isso é ciculada ou em cabeleira (figura 8.15). Ela é típica das
chamada também região de crescimento ou de alon- monocotiledôneas, como a grama e o arroz, e desen-
gamento. A região pilífera absorve água e sais mine- volve-se na camada mais superficial do solo; por isso
rais do solo (os pelos absorventes aumentam a área é útil para combater a erosão.
de absorção dessa região). Na região suberosa, for-

Fotos: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo


mada por células cobertas de suberina, localizam-se A B
as ramificações da raiz (figura 8.14).
Luis Moura/Arquivo da editora

raiz principal
região
suberosa

raiz secundária

região
pilífera

região de
alongamento
Figura 8.15 Tipos de raiz: A, axial; B, fasciculada.
região do
meristema
coifa Muitas plantas desenvolvem raízes a partir do
meio do caule (como o milho) ou até da folha (como a
corte longitudinal begônia). Essas raízes são chamadas adventícias.

cilindro central córtex


epiderme procâmbio

zona de
alongamento

protoderme
meristema
fundamental
meristema
(zona de divisão
celular)
coifa
coifa

Figura 8.14 Morfologia externa da raiz e meristemas primários (os elementos ilustrados não estão na mesma escala; as células são
microscópicas; cores fantasia).

96 Unidade 3 • Plantas

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_088a107_c08_u03.indd 96 4/5/13 10:57 AM


As raízes podem desempenhar outras funções, ha- ção (raízes respiratórias ou pneumatóforos), absor-
vendo uma série de adaptações a situações específi- ção da umidade do ar (raízes aéreas) e absorção da
cas, como sustentação (raízes-suporte e raízes tabu- seiva de outras plantas (raízes sugadoras ou haustó-
lares), reserva de alimento (raízes tuberosas), respira- rios), além das raízes aquáticas. Veja a figura 8.16.
E. R. Degginger/Photo Researchers/Latinstock

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Lars Klove/The New York Times/Latinstock


Beterrabas
(6 cm a 8 cm de
diâmetro) são
exemplos de
raízes tuberosas,
que armazenam
reservas de
alimento.
Raízes-suporte: contribuem para a Raízes tabulares: ajudam na sustentação de Outros exemplos:
sustentação de plantas como o milho árvores de grande porte, como a figueira (até cenoura, aipim e
(cerca de 2 m de altura) em terrenos não cerca de 20 m de altura). batata-doce.
muito firmes.

velame (cerca de 200 µm medula


Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

de espessura)

córtex

Hiroe Sasaki/Arquivo da editora


Aguapé, uma planta com raiz aquática Orquídea (na foto, cerca de 7 cm) vasos condutores endoderme
(parte fora da água: cerca de 10 cm; com raiz aérea; nesta há o véu ou
raiz: cresce até 1 m). velame, tecido que absorve umidade
do ar.
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Edu Lyra/Pulsar Imagens

As raízes sugadoras são encontradas em plantas parasitas, Planta de manguezal: as raízes respiratórias (cerca de 10 cm de
como o cipó-chumbo (até 4 mm de diâmetro), que sugam a comprimento) emergem do solo pobre em oxigênio e facilitam
seiva da planta hospedeira. a respiração das partes submersas da planta.

Figura 8.16 Adaptações das raízes a situações especiais.

Capítulo 8 • Morfologia das angiospermas 97

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_088a107_c08_u03.indd 97 4/5/13 10:57 AM


Fazendo um corte transversal na região pilífera, Nas eudicotiledôneas lenhosas (árvores e arbus-
observa-se a estrutura primária da raiz, formada por tos) ocorre um crescimento em espessura, produzido
três regiões (figura 8.17): pelo meristema secundário (câmbio e felogênio). As
• epiderme (epi = sobre; derma = pele) – composta de células formadas pelo câmbio que se dirigem para o
uma camada de células vivas, com pelos absorventes; interior se diferenciam em xilema; as que se dirigem
• córtex – situada no interior da epiderme e consti- para o exterior se diferenciam em floema. Dessa for-
tuída de várias camadas de células, que originam o ma, o cilindro central aumenta de espessura. No cór-
parênquima cortical. A camada mais interna é a en- tex o felogênio produz, para o interior, células que
doderme (endon = dentro); vão formar o feloderma e, para o exterior, células
• cilindro central – situado na parte interna da raiz, que vão formar o súber.
com uma camada de células que constituem o peri-
ciclo (peri = ao redor; kyklos = circular), responsável
pela formação das ramificações da raiz. Para dentro 3 Caule
do periciclo estão o xilema e o floema e, entre eles, o O caule sustenta as folhas, colocando-as em con-
câmbio. Nas monocotiledôneas, o xilema e o floema dições de melhor iluminação e facilitando a realiza-
se alternam na periferia do cilindro central e delimi- ção da fotossíntese. Por ele passam os vasos que le-
tam um conjunto de células parenquimáticas, que vam a seiva inorgânica das raízes para as folhas e a
formam a medula. Nas eudicotiledôneas, o xilema é seiva orgânica das folhas para o resto da planta.
central, com projeções em direção ao periciclo; o floe-
ma se localiza entre essas projeções do xilema. Veja a
figura 8.17. Morfologia externa
O caule também apresenta crescimento apical,
Ilustrações: Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

corte de raiz de monocotiledônea produzido pela gema terminal, na qual aparecem os


epiderme córtex primórdios foliares, que são diversas protuberâncias
laterais que originam as folhas (reveja a figura 8.2).
endoderme Nas axilas das folhas estão as gemas laterais ou axilares,
primórdios dos ramos laterais do caule. A região das ge-
periciclo mas laterais caracteriza o nó do caule; a região entre
dois nós é o entrenó (figura 8.18).
floema

xilema gema
cilindro terminal
central
medula
gema lateral

corte de raiz de eudicotiledônea nó


gema
epiderme córtex terminal
entrenó

endoderme

periciclo
gema lateral

floema

xilema cilindro
central gema lateral


Figura 8.17 Estrutura primária da raiz (os elementos ilustrados
não estão na mesma escala; as células são microscópicas; Figura 8.18 Visão externa do caule (os elementos ilustrados
cores fantasia). não estão na mesma escala; cores fantasia).

98 Unidade 3 • Plantas

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_088a107_c08_u03.indd 98 4/5/13 10:57 AM


Tipos de caule • subterrâneos – podem acumular reservas nutriti-
vas, utilizadas no inverno e, nas outras estações,
Os caules podem ser: empregadas na produção de folhas; neste caso, a
• aéreos – dos quais há vários tipos; veja alguns deles posição subterrânea dificulta a ingestão do caule
na figura 8.19; por animais herbívoros; veja a figura 8.20;
• aquáticos – que se desenvolvem em meio líquido,

Natasha Iwanicki/kino.com.br
Dr. Jeremy Burgerss/SPL/Latinstock

como o da vitória-régia.

Gerson Gerloff/Pulsar Imagens


Bananeira
(altura da planta
entre 2 m e 4 m):
Feijão (altura da planta adulta Cana-de-açúcar (altura entre caule do tipo
entre 70 cm e 90 cm): caule do 3 m e 6 m): caule do tipo rizoma; cresce
tipo haste, flexível (comum em colmo, com nós (em forma horizontalmente
ervas e pequenos arbustos). de discos) e entrenós bem sob o solo,
marcados. produzindo
ramos aéreos ou
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

folhas (na foto, a


parte visível,
apesar de
parecer um
caule, é formada
pela bainha das
folhas).
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Melancia (cerca de 30 cm de Paineira (até 30 m de altura):


diâmetro): caule rastejante; tronco lenhoso, ramificado e Cebola (entre 15 cm e
pouco resistente, cresce resistente (comum em 35 cm de diâmetro):
apoiado no solo. árvores e arbustos). caule do tipo bulbo,
pequeno, rodeado de
folhas modificadas
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

(catafilos), que, em
geral, acumulam
reservas nutritivas.
Caule volúvel:
cresce
Carl Johan Ronn/Getty Images

enrolando-se
em um suporte,
que pode ser
outro caule.
Exemplos: uva,
chuchu,
maracujá.
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Coqueiral:
caules do tipo
estipe, longos,
cilíndricos, sem
ramificações e
com folhas nas
pontas (até 10 m Batata (entre 3 cm e 5 cm de diâmetro): caule do tipo tubérculo,
de altura). que contém grande quantidade de reserva de alimento.

Figura 8.19 Alguns tipos de caules aéreos. Figura 8.20 Tipos de caules subterrâneos.

Capítulo 8 • Morfologia das angiospermas 99

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_088a107_c08_u03.indd 99 4/5/13 10:58 AM


Dependendo da espécie, o caule pode apresentar
modificações, como espinhos, acúleos, gavinhas e cla-
Morfologia interna
dódios (klados = ramo; eidos = semelhante) (figura 8.21). Fazendo um corte transversal em uma região jovem
do caule, é possível ver a sua estrutura primária. Nas mo-
nocotiledôneas e em eudicotiledôneas herbáceas não há
Fotos: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

distinção entre córtex e cilindro central. Os feixes condu-


tores de seiva são mistos (liberolenhosos) e estão espa-
lhados pelo parênquima fundamental. O líber está volta-
do para o exterior, e o lenho, para o interior (figura 8.22).

epiderme

feixes liberolenhosos
espalhados pelo caule
xilema

floema
Espinhos de limoeiro (cerca Acúleos de roseira (cerca de parênquima
de 2 cm de comprimento): 7 mm de comprimento):
ramos pontiagudos com projeções rígidas e
função protetora. pontudas, formadas na
epiderme do caule. Figura 8.22 Esquema de corte de caule de monocotiledôneas
(baseado em imagem ao microscópio; aumento de cerca de
30 vezes; cores fantasia).

Na maioria das eudicotiledôneas, os feixes também


são liberolenhosos, mas estão dispostos na forma de
anel, em volta de uma medula de parênquima, e há dis-
tinção entre córtex e medula (figura 8.23). Há ainda um
câmbio entre o floema e o xilema, o câmbio fascicular.

estrutura primária
Maspi/Arquivo da editora

Cladódio: córtex
caule achatado, floema
suculento,
sem folhas
(mandacaru; câmbio fascicular
até 5 m de altura)
típico de locais medula
secos. xilema

estrutura secundária
súber
córtex
felogênio
Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

floema
primário xilema
secundário
floema
secundário xilema medula
primário
Gavinha de uva (folha com 5 cm a 10 cm de largura):
ramos que se enrolam em volta de um suporte. Figura 8.23 Esquemas mostrando as estruturas primária e
secundária do caule de eudicotiledôneas (os elementos
Figura 8.21 Modificações do caule. ilustrados não estão na mesma escala; cores fantasia).

100 Unidade 3 • Plantas

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A estrutura secundária é característica das eudi- apresenta atividade e, na primavera seguinte, reini-
cotiledôneas e se forma à custa das atividades do cia-se o ciclo de crescimento. (As estações do ano
câmbio e do felogênio. O câmbio gera novos feixes de dependem das diferenças na incidência da luz do Sol
floema, para fora, e de xilema, para dentro. O felogê- sobre a Terra ao longo de sua órbita, devido a uma
nio origina o súber, para fora, e a feloderme, para den- inclinação do eixo da Terra – um tópico estudado em
tro, formando uma parte da casca, a periderme. Geografia.)
Em troncos cortados, é possível ver uma zona ex- O lenho primaveril é mais eficiente no transpor-
terna, o alburno (albus = branco; urnae = urna, envol- te de seiva. O estival confere boa sustentação. Como
tório), de tonalidade clara, que corresponde ao xile- no inverno não há crescimento, os dois formam o
ma em atividade, e outra interna (cerne), mais escura, anel anual.
que corresponde ao xilema velho, não funcional, bas-
tante comprimido, o que dá maior resistência à ma-
deira (figura 8.24).
Biologia
e tecnologia
Em regiões onde as estações do ano são bem dis-
tintas, é possível observar no tronco uma série de Dendrocronologia
anéis de crescimento (figura 8.24). Cada um corres- O estudo dos anéis de crescimento de árvores,
ponde a um ano de vida da planta (pelo número de chamado dendrocronologia (dendron=árvore; chrô-
anéis podemos saber a idade da árvore). Na prima- non = tempo; logos = estudo), principalmente as
vera, quando as condições são favoráveis e existe de clima temperado, permite descobrir a idade da
bom suprimento de água, o câmbio produz o lenho árvore, de obras de arte e de construções antigas
de madeira. Além disso, esse estudo permite ana-
primaveril, com vasos de paredes finas e grandes ca-
lisar as variações climáticas de épocas passadas.
vidades internas. Em verões secos e no outono, Portanto, tem aplicações em várias disciplinas, co-
quando o suprimento de água e outros fatores am- mo Climatologia, História, etc., além de servir
bientais estão abaixo do ideal, o câmbio produz o como apoio para tomada de decisões em políticas
lenho estival, com vasos de paredes grossas e cavi- ambientais.
dades internas estreitas. No inverno, o câmbio não

camadas do caule em detalhe

floema câmbio vascular


alburno
periderme
cerne

visão ampliada mostrando três anéis de crescimento

anel anual câmbio


Ingeborg Asbach/Arquivo da editora

floema periderme

Figura 8.24 Esquemas de caule mostrando o cerne, o alburno e os anéis de crescimento (os elementos não estão na mesma
escala; cores fantasia).

Capítulo 8 • Morfologia das angiospermas 101

BiologiaHoje_Biologia_v2_PNLD15_088a107_c08_u03.indd 101 4/5/13 10:58 AM


Em relação ao aspecto das nervuras (ramificações
4 Folha dos feixes condutores), há dois tipos principais: fo-
A folha é um órgão laminar, clorofilado, especiali- lhas paralelinérveas (nervus = nervura), com nervuras
zado na realização da fotossíntese. A superfície lami- paralelas, características das monocotiledôneas; e fo-
nar contribui muito para a fotossíntese, pois, além de lhas peninérveas (pena = pena), com uma nervura
facilitar a absorção de gás carbônico, permite que mediana da qual saem ramificações, características
grande número de cloroplastos fique exposto à luz. das eudicotiledôneas. Quanto à forma, existe grande
variedade (figura 8.26).
Morfologia externa e
tipos de folha

Reprodução/Arquivo da editora
folha paralelinérvea
folha peninérvea
A folha apresenta apenas estrutura primária, deri-
vada do primórdio foliar. Uma folha completa apre-
senta limbo, pecíolo e bainha; podem também apare-
cer estípulas (stipula = palha), pequenas formações
dos lados da bainha que protegem o meristema nas
folhas jovens (figura 8.25).
O limbo é a região laminar. O pecíolo e a bainha
são as partes que se prendem ao caule. O pecíolo di-
minui a sombra que as folhas de cima lançam sobre
as de baixo e facilita o movimento delas pelo vento,
ajudando no arejamento. Em folhas pequenas ou lon- algumas formas de folhas
gas, mas estreitas, o pecíolo pode estar ausente.
Folhas sem pecíolo são chamadas invaginantes, co-
muns nas monocotiledôneas (figura 8.25).

folha completa
Hiroe Sasaki/Arquivo da editora

nervura secundária

nervura principal

estípulas Figura 8.26 Tipos de folhas quanto à nervura e à forma do limbo.


(Os elementos da figura não estão na mesma escala; cores
fantasia.)
limbo

As folhas podem ainda ser classificadas em sim-


ples (limbo não dividido) e compostas (limbo dividido
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

pecíolo em folíolos). Veja a figura 8.27.

bainha
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Milho: folha
invaginante (80 cm
de comprimento,
em média).

Figura 8.25 Folhas com e sem pecíolo (os elementos da figura


não estão na mesma escala; cores fantasia). Figura 8.27 Exemplo de folha composta.

102 Unidade 3 • Plantas

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