Temas e Problemas - Bruxaria (1)
Temas e Problemas - Bruxaria (1)
Temas e Problemas - Bruxaria (1)
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forma de resistência feminina - talvez não vista de maneira positiva nos dias atuais,
visto que a própria autora diz que a palavra fofoca sofreu diversas alterações ao decorrer
do tempo, obviamente não ao masculino, por ser uma palavra relacionada ao feminino e
seus costumes - e transformação da posição das mulheres no contexto social. Pela
mudança de conotação e associação negativa da palavra, percebe-se aqui, também, uma
outra maneira de opressão às mulheres, retratando-as como fofoqueiras e fúteis,
contribuindo, portanto, para a marginalização e difamação de mulheres,
descredibilizando e tirando a voz da experiência feminina e qualquer contexto social.
Ao trazer a análise de tal palavra no cenário sexista, fica claro que o poder forte do
Estado, igreja e a subversão do proletariado foram fatores essenciais para fincar ainda
mais a opressão de gênero, mudando percepções sociais e perdurando desigualdades.
É engraçado quando pensamos que esta palavra adquiriu significados que se alteraram
tanto ao longo do tempo se levarmos em consideração de que é através de conversas
consideradas ‘fúteis’ que muitas mulheres passaram - e ainda passam - conhecimento de
geração em geração. Ao analisar a tentativa de silenciamento e a forte violência inserida
neste cenário, conseguimos enxergar mulheres fortes e com consciência de classe, que
era justamente o que as esferas de poder dominante não queriam para a classe
considerada por eles inferior, alcançasse. Agora, com o patriarcado no comando
agressivo, vemos que mulheres não têm mais o direito de questionar seu lugar perante o
social. Ao invés disso, o silenciamento vinha através da linguagem, do segregamento de
tarefas atreladas ao feminino - consideradas tarefas inúteis, sem lugar de importância na
sociedade além de uma obrigação - e o pensamento de que o feminino era inferior. O
que nos leva a terminar este fichamento com o questionamento que para mim, talvez,
exija um bom tempo de reflexão para que eu possa me sentir apta a responder com
clareza.
“Você se lembra quem você era antes do mundo lhe dizer quem você deveria ser?”
(Charles Bukowski)
Não poderia me lembrar. Cresci em uma escola católica e boa parte da minha vida vivi
rente ao viés do cristianismo e, curiosamente, quando me “rebelei” e decidi seguir meu
próprio caminho religioso e moral, minha família não viu com bons olhos e não os vê
até hoje. Mas se tem uma coisa que conecta meu testemunho pessoal com o tema
trabalhado aqui, é o tempo. Esse sim, abre espaço para a criação de resistência e
consciência de classe que, por mais pequena que possa parecer, é o que dá alento -
talvez - nesses dias que ainda permeiam a luta pelo fim do patriarcado e do capitalismo.
Cada vez mais, através de movimentos sociais, vemos uma luta pelo fim da
hierarquização e reconstrução das manchas que o passado carrega, que está infelizmente
longe de ter um fim.
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Referências Bibliográficas
Federici, S. (2021). Caliban and the witch: Women, the body and primitive
accumulation. Penguin Books.