Resolução-Teste-18-12-2020

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Análise Matemática I/ Cálculo Diferencial e Integral I

T1 da Avaliação M1 - 18 de dezembro de 2020

Enunciado com resolução


Parte I

1. Seja f duas vezes diferenciável em R e tal que f 0 (−5) = 0 e f 00 (−5) = −7. Podemos afirmar que

a) −5 é um ponto de mı́nimo local de f .

b) −5 é um ponto de máximo local de f .

c) −5 não é um ponto de extremo local de f .

d) Não se pode concluir se −5 é ou não um ponto de extremo local de f .

Resposta. b)
Nas condições dadas o Teste da 2.a derivada permite concluir que o ponto crı́tico −5 (é um ponto
crı́tico pois f 0 (−5) = 0) é um ponto de máximo local, já que f 00 (−5) = −7 < 0.
Cotação: 1 valor; resposta errada desconta 0,25.

2. Indique o número exacto de soluções reais da equação x5 + 3x = cos x

Resposta. Uma
Consideremos a função diferenciável f (x) = x5 + 3x − cos x, com x ∈ R. f é soma de uma função
polinomial com a função cosseno, logo é diferenciável. Como

f 0 (x) = 5x4 + 3 + sin x ≥ 3 − 1 = 2 > 0, ∀x ∈ R,

f é estritamente crescente e consequentemente injectiva, pelo que no máximo tem um zero. Temos
também  π   π 5 π 
f (0) = −1 e f = +3 > 0,
2 2 2
logo, por um corolário do Teorema de Bolzano, existe pelo menos um c ∈ ]0, π2 [ tal que f (c) = 0. Como
já vimos que f no máximo tem um zero, concluimos que c é a única solução da equação x5 +3x = cos x.

Há outras argumentações para chegar ao resultado anterior.


Para garantir que f tem no máximo um zero podemos usar um dos corolários da Teorema de Rolle,
já que f 0 não se anula. (Se f tivesse dois zeros, digamos z1 e z2 , então f (z1 ) = 0 = f (z2 ), logo pelo
Teorema de Rolle existiria um zero de f 0 em ]z1 , z2 [, o que contrariria o facto de f 0 não se anular.)
A existência do zero de f é feita através do Teorema de Bolzano exibindo dois pontos onde f tenha
sinal contrário (como no argumento da primeira resolução) ou invocando o facto de f (+∞) = +∞ e
de f (−∞) = −∞.
Cotação: 1 valor.
X 1 (−b log 2)5
3. A série (−b log 2)n converge se, e só se, |b|< e nesse caso a soma da série é .
log 2 1 + b log 2
n≥5

n
P
Justificação da resposta. Dados r ∈ R, p ∈ N0 , a série n≥p r converge se, e só se, |r| < 1, e nesse
rp
caso a sua soma é .
1−r

1
X
Ora, para cada b ∈ R, (−b log 2)n é uma série geométrica, então converge se, e só se,
n≥5

1
| − b log 2| < 1 ⇔ |b| log 2 < 1 ⇔ |b| < ,
log 2
sendo, nesse caso, a sua soma dada por

(−b log 2)5 (−b log 2)5


= .
1 − (−b log 2) 1 + b log 2

Cotação: 1 valor (0,4+0,6).

4. Considere as afirmações
X 1
A) Se a série é convergente, então lim |an | = +∞ .
1 + a2n
X (n + 1)!
B) A série é convergente.
5n
n≥1

Então

a) As duas afirmações são falsas.

b) Apenas a afirmação A é verdadeira.

c) Apenas a afirmação B é verdadeira.

d) As duas afirmações são verdadeiras.

Resposta. b)
1X
Analisemos a afirmação A. Se a série é convergente, então, pela condição necessária de
1 + a2n
convergência, o seu termo geral converge para zero. Temos assim
1
lim = 0 ⇒ lim(1 + a2n ) = +∞ ⇒ lim a2n = +∞ ⇒ lim |an | = +∞
1 + a2n

(n + 1)!
A afirmação A é, portanto, verdadeira. Analisemos agora a afirmação B. Seja an = . Temos
5n
(n+2)!
an+1 5n+1 n+2
lim = lim (n+1)!
= lim = +∞,
an 5
5n

X (n + 1)!
então, pelo critério da razão, a série é divergente. Assim, a afirmação B é falsa.
5n
n≥1

Cotação: b) 2 valores; a) e d) 0,9 val.; resposta c) desconta 0,5 val.


  
1
βx + 5 + (x − 1) sin x−1 , se x < 1
5. Dado β ∈ R, considere a função f : R → R dada por f (x) = β
x2 + x + , se x ≥ 1.
3
Se existir, determine β de modo a que f seja contı́nua em x = 1. Se não existir, escreva “não existe”.
9
β=−
2

2
Resolução. Como f (1) = f (1+ ), a função f será contı́nua em + −
 x = 1 se, e só se, f (1 ) = f (1 ). Ate-
1
dendo a que limx→1 (x − 1) = 0 e a que x 7→ sin x−1 é uma função limitada, então
 
1
limx→1 (x − 1) sin x−1 = 0. Assim
  
− 1
f (1 ) = lim βx + 5 + (x − 1) sin = β + 5.
x→1− x−1
 
+ 2 β β
Por outro lado f (1 ) = limx→1+ x + x + = 2 + . Ora
3 3
β β 2β 9
β+5=2+ ⇐⇒ β − = 2 − 5 ⇐⇒ = −3 ⇐⇒ β = − .
3 3 3 2
Cotação: 1 valor.
6. Seja f (x) = 4x − 5 + log(x − 2), com x ∈ ]2, +∞[. Então, sendo f −1 a função inversa de f ,

1
f −1 (7) é igual a 3 e (f −1 )0 (7) é igual a .
5
1
Resolução. Temos f 0 (x) = 4 + > 0, para todo o x ∈ ]2, +∞[, logo f é estritamente crescente
x−2
no seu domı́nio e portanto injectiva. Atendendo a que f está definida num intervalo e é contı́nua, a
sua inversa é contı́nua. Estão então reunidas todas as condições do Teorema da derivação da função
inversa, pelo que
1
(f −1 )0 (7) = 0 −1 .
f (f (7))
Para determinar f −1 (7) temos de identificar o valor de x tal que f (x) = 7. É fácil ver que a solução
da equação 4x − 5 + log(x − 2) = 7 é x = 3, logo f −1 (7) = 3. Assim
1 1 1 1
(f −1 )0 (7) = = = = .
f 0 (f −1 (7)) f 0 (3) 4+1 5
Cotação: 1 valor (0,4+0,6).
7. Usando primitivação por partes obteve-se a identidade
log5 (1 + x2 )
Z Z
5 2
dx = f (x) · log (1 + x ) − g(x) · log4 (1 + x2 ) dx,
1 + x2
então

10x
f (x) = arctan x g(x) = arctan x
1 + x2
Resolução. A fórmula da primitivação por partes diz-nos que:
Z Z
u (x)v(x) dx = u(x)v(x) − u(x)v 0 (x) dx.
0

1
Pondo u0 (x) = e v(x) = log5 (1 + x2 ), temos que u(x) = arctan x e usando a regra de de-
1 + x2
2 )0
rivação da função composta vem que v 0 (x) = 5 log4 (1 + x2 ) · (1+x
1+x2
= 5 log4 (1 + x2 ) · 1+x
2x
2 , pois
0
(h(x)n )0 = n(h(x))n−1 h0 (x) e (log z(x))0 = zz(x)
(x)
. Podemos então escrever

log5 (1 + x2 )
Z Z
2x
2
dx = arctan x · log (1 + x ) − arctan x · 5 log4 (1 + x2 ) ·
5 2
dx,
1+x 1 + x2
pelo que
10x
f (x) = arctan x e g(x) = arctan x.
1 + x2
Cotação: 1 valor (0,4+0,6).

3
Parte II

1. Calcule o limite lim [f (x)]g(x) , onde


x→−3

1
f (x) = 1 − 7 sin6 (x + 3) e g(x) =
cos[(x + 3)3 ] − 1

Resolução. Não podemos calcular o limite pedido usando as regras operatórias pois estamos na presença de
uma indeterminação do tipo 1∞ , já que

lim f (x) = lim (1 − 7 sin6 (x + 3)) = 1 (1)


x→−3 x→−3

e
1 1
lim f (x) = lim 3
= − = −∞. (2)
x→−3 x→−3 cos[(x + 3) ] − 1 0
Atendendo a (1) f é positiva numa vizinhança de x = −3, logo nessa vizinhança temos
[f (x)]g(x) = eg(x) log f (x) . Pela continuidade da função exponencial, se existir o limite lim g(x) log f (x),
x→−3
também existe o limite pedido e

lim [f (x)]g(x) = elimx→−3 [g(x) log f (x)] .


x→−3

log(1 − 7 sin6 (x + 3))


Vamos então calcular o limite lim [g(x) log f (x)] = lim , onde temos uma indeter-
x→−3 x→−3 cos[(x + 3)3 ] − 1
minação do tipo 00 .
Ora log(1 − 7 sin6 (x + 3)) ∼ −7 sin6 (x + 3) ∼ −7(x + 3)6 , (x → −3), pois limx→−3 (−7 sin6 (x + 3)) = 0 e
limx→−3 (x + 3) = 0, logo

log(1 − 7 sin6 (x + 3)) −7 sin6 (x + 3) −7(x + 3)6


lim = lim = lim . (3)
x→−3 cos[(x + 3)3 ] − 1 x→−3 cos[(x + 3)3 ] − 1 x→−3 cos[(x + 3)3 ] − 1

No último limite temos uma indeterminação do tipo 00 . Usando a regra de Cauchy vem

(−7(x + 3)6 )0 −42(x + 3)5 −42(x + 3)5 42


lim = lim = lim = = 14.
x→−3 (cos[(x + 3)3 ] − 1)0 x→−3 −3(x + 3)2 sin[(x + 3)3 ] x→−3 −3(x + 3)2 (x + 3)3 3

No segundo passo usámos a relação sin5 (x + 3) ∼ (x + 3)5 , (x → −3), já que limx→−3 (x + 3) = 0. A
existência e o valor do limite calculado garante que o limite em (3) tem o mesmo valor, donde

lim [f (x)]g(x) = e14 .


x→−3

Resolução alternativa ao uso da regra de Cauchy. Retomando o limite em (3) podemos escrever

7(x + 3)6 (cos[(x + 3)3 ] + 1) 7(x + 3)6 · 2


lim − = lim −
x→−3 (cos[(x + 3)3 ] − 1)(cos[(x + 3)3 ] + 1) x→−3 cos2 [(x + 3)3 ] − 1

7(x + 3)6 · 2 7(x + 3)6 · 2


= lim − = lim − = 14,
x→−3 − sin2 [(x + 3)3 ] x→−3 −[(x + 3)3 ]2
onde usámos as relações cos[(x + 3)3 ] + 1 ∼ 2 e sin2 [(x + 3)3 ] ∼ (x + 3)6 , quando (x → −3), já que
limx→−3 (x + 3) = 0 e limx→−3 cos[(x + 3)3 ] = 1.
Cotação: 2 valores.

4
2. Considere a sucessão de termo geral
   
3n + 6 3
n cos 2
sin
n +8 n5
un = , n ∈ N.
n +1 √ 7
 2 
log 4n + 2
n2

Determine β e k números reais tais que


β
un ∼ ,
nk
e justifique.

Resolução. Como a função cosseno é contı́nua temos que


     
3n + 6 3n + 6 3n + 6
lim cos = cos lim 2 = cos 0 = 1 e, portanto, cos ∼ 1.
n2 + 8 n +8 n2 + 8

Temos também  
3 3 3
lim 5 = 0, logo sin 5
∼ 5;
n n n
 2   
n +1 1 1 1
log = log 1 + 2 ∼ 2 , pois lim 2 = 0,
n2 n n n

e ainda é válida a relação 4n7 + 2 ∼ 2n7/2 . Podemos então escrever
3
n·1·
un ∼ n5 = 3 1
=
3 1
=
3 1
.
1 2 n4 · n12 · n7/2 2 n2+7/2 2 n11/2
n2
· 2n7/2
3 11
Assim β = 2 ek= 2 .

Cotação: 2 valores.

Ana Rute Domingos

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